Eletricidade Automotiva Demo
Eletricidade Automotiva Demo
Eletricidade Automotiva Demo
Revisão Ilustração
Erick Guilhon Daniel Motta
Mariana Carvalho Marcelo Moraes
Editoração Eletrônica
NT Editora
ISBN - 978-85-8416-122-5
1 Eletrostática 1 – carga e força elétrica. 2 Eletrostática 2 – cam
po elétrico e potencial eletrostático. 3 Eletrodinâmica 1 – corrente
elétrica e resistência elétrica. 4 Eletrodinâmica 2 – associações e
circuitos elétricos. 5 Eletrodinâmica 3 – geradores e capacitores. 6
Eletromagnetismo.
ÍCONES
Prezado(a) aluno(a),
Ao longo dos seus estudos, você encontrará alguns ícones na coluna lateral do mate-
rial didático. A presença desses ícones o(a) ajudará a compreender melhor o conteúdo
abordado e também como fazer os exercícios propostos. Conheça os ícones logo abaixo:
Saiba mais
Esse ícone apontará para informações complementares sobre o assunto que
você está estudando. Serão curiosidades, temas afins ou exemplos do cotidi-
ano que o ajudarão a fixar o conteúdo estudado.
Importante
O conteúdo indicado com esse ícone tem bastante importância para seus es-
tudos. Leia com atenção e, tendo dúvida, pergunte ao seu tutor.
Dicas
Esse ícone apresenta dicas de estudo.
Exercícios
Toda vez que você vir o ícone de exercícios, responda às questões propostas.
Exercícios
Ao final das lições, você deverá responder aos exercícios no seu livro.
Bons estudos!
Sumário
4 NT Editora
6 ELETROMAGNETISMO��������������������������������������������������������������������������������� 129
6.1 Magnetismo: uma breve história�����������������������������������������������������������������������������������129
6.2 Ímãs e campo magnético da Terra��������������������������������������������������������������������������������130
6.3 Força magnética em carga elétrica�������������������������������������������������������������������������������134
6.4 Força magnética em corrente elétrica�������������������������������������������������������������������������137
6.5 Indução eletromagnética: lei de Faraday�������������������������������������������������������������������140
6.6 Indução eletromagnética: lei de Lenz��������������������������������������������������������������������������145
6.7 Geradores elétricos e transformadores�����������������������������������������������������������������������147
BIBLIOGRAFIA������������������������������������������������������������������������������������������������� 157
GLOSSÁRIO������������������������������������������������������������������������������������������������������ 158
Eletricidade Automotiva 5
6 NT Editora
APRESENTAÇÃO
Um veículo moderno tem grande dependência com relação às partes elétricas e eletrônicas,
como: freios ABS, sistema antifurto, funcionamento preciso dos airbags, condicionador de ar, injeção
eletrônica, sistemas de tração e de estabilização, além dos já conhecidos sistemas de travamento de
portas, iluminações externa e interna, entre tantos outros. Podemos dizer que, hoje, a eletrônica é
parte tão essencial do veículo como a mecânica.
Aproveite ao máximo esta disciplina, pois ela, com certeza, ajudará muito na parte técnica do
seu curso.
Bons estudos!
Eletricidade Automotiva 7
8
NT Editora
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1 ELETROSTÁTICA 1 – CARGA E FORÇA ELÉTRICA
Objetivos
Ao final desta lição, você deverá ser capaz de:
• caracterizar os tipos de carga elétrica existentes na natureza;
• entender as interações entre as cargas elétricas;
• compreender a concepção moderna da matéria;
• diferenciar os materiais condutores de isolantes;
• descrever os processos de eletrização.
Você se lembra da situação em que, ao abrir a porta de um carro, você leva um pequeno choque
(figura 1)? Pois bem, nesta lição, você compreenderá por que isso acontece e conseguirá explicar de
forma científica para alguém como isso acontece.
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Data de 600 antes de Cristo a época em que os primeiros fenômenos elétricos foram ob
servados. Os gregos verificaram que uma pedra de âmbar adquiria a capacidade de atrair pequenos
objetos quando ela era esfregada com lã. O ato de esfregar faz com que alguma coisa seja transferida
de um corpo para o outro, ou seja, um corpo perde, e outro ganha. É justamente essa diferença que
faz com que a pedra de âmbar adquira a capacidade de atrair objetos. Essa “alguma coisa” é chamada,
na ciência, genericamente, de carga elétrica. A carga elétrica é algo intrínseco da matéria, ou seja,
pertence a ela por natureza.
Eletricidade Automotiva 9
Saiba mais
Vamos relembrar um pouco das aulas de Química. Lá, você aprendeu que os objetos são for-
mados por átomos e que os átomos são formados por partículas denominadas elétrons, prótons e
nêutrons. Pois bem, a carga elétrica é uma quantidade associada às partículas de elétrons e prótons;
já a partícula de nêutron recebe esse nome porque não tem quantidade de carga elétrica, ou seja, a
carga elétrica com nêutron é nula. Veja uma síntese desse conceito no quadro abaixo.
Em um átomo, temos cargas elétricas, denominadas elétrons e prótons. Aos elétrons, atri-
buiu-se a carga negativa, e aos prótons atribuiu-se a carga positiva (ver figura 2). Isso é ne-
cessário porque essas duas partículas apresentam efeitos elétricos opostos. Já a carga elétrica
do nêutron é nula.
10 NT Editora
Figura 3 – Esferas eletricamente carregadas. (A) neutra, (B) positivamente eletrizada e (C) negativamente eletrizada
Observe, na figura 3, que o corpo A tem o número de elétrons igual ao número de prótons; nes-
se caso, o corpo A está neutro. O corpo B tem o número de prótons maior que o número de elétrons,
então o corpo B está eletrizado positivamente. Por fim, o corpo C tem o número de elétrons maior
que o número de prótons e, sendo assim, está eletrizado negativamente. Essa compreensão é muito
importante para o próximo passo, que tem por objetivo calcular a carga total de um corpo.
A carga elétrica total de um corpo é dada pelo produto do número de cargas elétricas em exces-
so com a carga elementar. Vamos aprender a calcular essa carga com a equação a seguir?
Q=±n∙e
Dica
Saiba mais
Eletricidade Automotiva 11
Importante
Algo muito importante nessa equação é que o número n é sempre um número inteiro, pois não
é possível existir em um corpo, por exemplo, metade de um próton ou metade de um elétron.
Sendo assim:
n = 1,2,3,4,…
Vamos voltar à questão da unidade de carga elétrica. Como foi dito, no Sistema Internacional
de Unidades, a carga elétrica é dada em coulomb, mas uma unidade de carga elétrica, ou seja, 1 C,
é uma quantidade de carga muito grande. Podemos ver isso facilmente quando comparamos esse
valor com o valor da carga elementar, e = -1,6 ∙ 10 -19 C. Geralmente, fazemos o uso das subunida-
des de carga, como: pC (picocoulomb), nC (nanocoulomb), μC (microcoulomb), mC (milicoulomb).
A mais utilizada é o microcoulomb μC. De tal forma que:
1 μC = 10 -6 C
Assim, para transformar uma carga em μC para C, basta multiplicar o valor em μC por 10-6 e,
então, teremos o valor em C.
-6
μC x 10 C
A tabela 1 a seguir informa a relação entre todas as subunidades mais importantes.
Saiba mais
12 NT Editora
Vejamos, a seguir, um exemplo disso.
Determinada bateria de um automóvel está fornecendo, para cada lâmpada do veículo, uma
carga de 5C por segundo. Vamos, então, calcular o número de elétrons que cada lâmpada recebe da
bateria a cada segundo de funcionamento. Acompanhe a resolução.
Veja que cada lâmpada consome 5C de carga a cada segundo, ou seja, a carga total por
segundo é de:
Q = 5C
Como sabemos, a carga elementar é:
e = 1,6 ∙ 10 -19 C
Devemos, então, calcular a quantidade de carga elétrica que chegará à lâmpada e, para isso,
usamos a equação abaixo.
Q=n∙e
5 = n. 1,6 ∙ 10 -19
5
=n
1,6 ∙ 10 -19
Importante
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Observe que esse número é uma quantidade muito grande, mas é isso mesmo. Na eletricidade,
você verá que geralmente os valores são muito grandes ou muito pequenos.
Qual tipo de carga elétrica saiu da bateria? São os elétrons ou os prótons? Para responder a essa
questão, precisamos rever alguns conhecimentos de Química. Lembre-se de que, na estrutura atômi-
ca (figura 2), os prótons estão confinados no núcleo e “presos” por forças muito grandes. Já os elétrons
estão se movendo na eletrosfera e, por sua vez, têm maior “liberdade”; então, é fácil aceitar que são os
elétrons que se movem, pois os prótons estão bem “amarrados” ao núcleo atômico. Assim, podemos
completar a resposta com a seguinte conclusão:
Eletricidade Automotiva 13
Eletrizando o conhecimento
Você sabe o que são as descargas elétricas, popularmente chamadas de raios? O nome
descarga elétrica está associado ao nosso tema atual, carga elétrica? Pesquise sobre
descargas elétricas e associe-as à questão do choque que levamos algumas vezes
quando saímos do carro. Procure as semelhanças entre os dois fatos.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Comentários: descargas elétricas, ou raios, são movimentos intensos de cargas elétricas en-
tre uma nuvem e a Terra ou vice-versa. Sendo assim, uma descarga elétrica está totalmente
associada ao tema deste tópico, pois são os elétrons que se movem em um raio. Os choques
que levamos, ao sair do carro, e as descargas atmosféricas obedecem ao mesmo mecanismo
elétrico, porém o que muda, nesse caso, é somente a quantidade de carga em movimento.
No primeiro caso, uma quantidade de carga muito grande se move da nuvem para a terra
ou vice-versa, por uma distância relativamente grande; e, no segundo caso, uma quantidade
bem menor de carga elétrica se move do carro para o corpo da pessoa e por uma distância
muito menor.
Cargas elétricas de mesmo sinal se repelem, e cargas elétricas de sinais opostos se atraem.
Observe a figura 4, pois ela representa bem o que acontece com a força entre cargas elétricas
quando consideramos os seus sinais.
Você pode observar, nas figuras 4A e 4B, que existe uma força de repulsão entre as cargas, por-
que, nesses dois casos, as cargas elétricas têm o mesmo sinal. Já na figura 4C, a força entre as cargas é
de atração – observe que, nesse caso, as cargas têm sinais opostos. Você se lembra da frase “Os opos-
tos se atraem”? Pois é. Algo muito similar a isso pode acontecer com os ímãs.
14 NT Editora
Explorando um pouco mais suas lembranças daquela brincadeira com os ímãs, você consegue
lembrar que, quando os ímãs estavam próximos, a força de atração ou repulsão entre eles era mais
intensa e que, quando eles estavam mais afastados, essa força era mais fraca? Pois bem, com as cargas
elétricas, ocorre o mesmo fenômeno. À medida que duas cargas se aproximam, a força entre elas au-
menta, e quando essas cargas são afastadas, a força diminui. A figura 5 representa essa situação.
Em 1783, o físico francês Charles Coulomb publicou, pela primeira vez, os resultados de uma
intensa pesquisa que ele fez sobre as forças entre corpos eletricamente carregados. Coulomb então
publicou um modelo matemático que descrevia qualitativamente a intensidade da força elétrica entre
cargas elétricas em função do valor dessas cargas e da distância que separa seus centros. A esse enun-
ciado foi dado o nome de lei de Coulomb, explicada no quadro a seguir.
Entre duas cargas elétricas quaisquer, existe uma força mútua de atração ou repulsão que é di-
retamente proporcional ao produto das duas cargas e inversamente proporcional ao quadrado
da distância que as separa.
d2
Os valores das cargas devem ser em coulomb (C), o valor da distância deve ser dado em metro
(m), e o valor da força deve ser dado em newton (N).
Eletricidade Automotiva 15
Observe a figura 6 e veja que o valor da força entre as cargas não depende de seus sinais, mas
apenas dos seus valores absolutos. Se a força é de repulsão ou atração, isso é algo previsto pelo primeiro
princípio da eletrostática. Outro ponto importante é o comportamento da força em relação à distância
entre as cargas. Veja, na equação, que a força é inversamente proporcional ao quadrado da distância.
Então, se aumentarmos a distância duas vezes, a força diminuirá quatro vezes, por exemplo. Observe
também que os valores das forças FAB e FBA são iguais. Esse fato é explicado pela terceira lei de Newton.
Observe, na figura 7, como a força varia com a distância entre duas cargas elétricas. Observe
Terceira lei de que, à medida que a distância aumenta, a força diminui de intensidade. Esse tipo de curva é caracte-
Newton: a lei da
rístico de uma função que varia com o inverso do quadrado de uma variável, nesse caso, a distância.
ação e reação
estabelece que
as forças de
ação e reação
são iguais em
módulo (valor)
e direção, mas
essas forças
têm sentidos
opostos.
Figura 7 – Variação da força com a distância – a curva é uma função quadrática inversa
A constante eletrostática, simbolizada pela letra K, é uma constante associada à natureza elétri-
ca do meio.
16 NT Editora
Por exemplo, se medirmos a força elétrica entre duas cargas no ar e, depois, colocarmos essas
mesmas cargas na água, teremos outro valor de força, pois o meio onde elas estavam foi alterado.
Caso o meio em questão seja o vácuo, a constante eletrostática é representada por K0 e tem um
valor igual a:
K0 = 9 ∙ 10 9 Nm 2 / C 2
Vejamos, a seguir, um exemplo de como isso funciona.
Vamos entender o valor dessa constante por meio de um exemplo bem simples. Você vai imagi-
nar duas cargas elétricas de mesmos valores, mas de sinais opostos, qA = 1 C e qB = -1 C. Essas cargas
estão fixas e separadas por uma distância, d = 1 m, e se encontram no vácuo. Assim, podemos usar
K0=9 ∙ 109 Nm2 / C2. A figura 8 retrata essa situação. O que vamos fazer é calcular a força – que, nesse
caso, é de atração – utilizando a lei de Coulomb.
Figura 8 – Força de atração entre duas cargas unitárias a uma distância unitária
Utilizaremos a equação, mas observe que não é necessário colocar o valor negativo da carga qB,
pois esse valor serviu apenas para determinarmos se as forças seriam de atração ou repulsão.
qA ∙ qB
FAB = K ∙
d2
Lembre-se de que:
• qA = 1 C;
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• qB = -1 C;
• d = 1 m;
• K0 = 9 ∙ 10 9 Nm 2 / C 2.
Substituindo, teremos:
1∙ 1
FAB = 9 ∙ 10 9
12
FAB = 9 ∙ 10 9 N
Eletricidade Automotiva 17
Observe que você não fez apenas uma operação matemática, mas tem agora condições de
entender o real significado da constante K. O valor dessa constante é fisicamente a força entre duas
cargas unitárias separadas por uma distância unitária, ou seja, o valor que K exerce é a força entre duas
cargas de 1 coulomb separados por uma distância de 1 metro.
Para refletir
Vamos voltar ao exemplo da lâmpada do carro discutido anteriormente. Lembre-se de que, na-
quele caso, nós calculamos a quantidade de elétrons que chegava a cada farol por segundo.
O valor encontrado foi de 3,12 ∙ 1019 elétrons por segundo. Esses elétrons estavam na bateria
do carro e, então, foram “empurrados” para os faróis, ou seja, uma força atuou nessas partículas,
levando os elétrons da bateria para os faróis.
Pois bem, mas que força é essa? Será que essa força é a mesma de que tratamos neste tópico?
A resposta é sim. A força que empurra os elétrons da bateria até os faróis é a força elétrica, ou
seja, os elétrons movimentam-se entre a bateria e os faróis devido à força existente dentro do
fio que, constantemente, empurra essas partículas até lá. Sem essa força, não seria possível o
funcionamento dos faróis (figura 9).
18 NT Editora
Eletrizando o conhecimento
(UFRS) Uma partícula, com carga elétrica q, encontra-se a uma distância d de outra partícu
la, com carga -3q. Chamando de F1 o módulo da força elétrica que a segunda carga exerce
sobre a primeira e de F2 o módulo da força elétrica que a primeira carga exerce sobre a
segunda, podemos afirmar que:
a) F1 = 3F2 e as forças são atrativas. d) F1 = F2 e as forças são repulsivas.
b) F1 = 3F2 e as forças são repulsivas. e) F1 = F2/3 e as forças são atrativas.
c) F1 = F2 e as forças são atrativas.
Comentários: observe, no enunciado da questão, que as duas cargas têm sinais opostos e,
portanto, a força entre essas duas cargas deve ser de atração. com esse dado, nós podemos
eliminar os itens (b) e (d). Agora veja que o enunciado também pergunta sobre a compa-
ração do valor entre as forças. Sabemos que ação e reação são iguais em módulo (valor)
e direção, mas têm sentidos contrários, de acordo com a terceira lei de Newton. Então,
F1=F2. Dessa forma, a resposta correta é a letra "c".
Aprendemos que os prótons não podem se mover, mas os elétrons podem. Nos conceitos fun-
damentais de atomística estudados em Química, tente recordar que existem átomos com muitos elé-
trons, como, por exemplo, os metais. Os elétrons das camadas atômicas mais distantes do núcleo
estão, por sua vez, ligados a ele através de forças fracas.
Lembre-se de que a força elétrica depende da distância entre as duas cargas (para distâncias
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maiores, a força será menor). Os elétrons mais distantes do núcleo estão fracamente ligados, pois a
distância deles ao núcleo é grande quando comparada aos elétrons mais próximos.
Isso é um fato que ocorre, por exemplo, com os metais. Esses elétrons distantes podem sair do
átomo com facilidade, e, quando isso acontece, eles ficam livres para se movimentar pelo material.
Assim, se uma força atuar nesses elétrons, agora livres, eles se movimentarão de um lado para o
outro, mas ainda dentro do material. É o que acontece, por exemplo, com aqueles fios que ligam os
faróis do carro até a bateria.
Entretanto isso não ocorre com qualquer material. Plástico, madeira, tecidos e vários outros não Elétrons livres:
são elétrons
permitem a ocorrência desse fenômeno. Esses materiais são classificados como isolantes elétricos. fracamente
Os materiais que permitem o surgimento de elétrons livres são classificados como condutores elétricos. ligados ao
núcleo atômico.
São exemplos de condutores elétricos o cobre, o alumínio, o ferro, além de outros metais. esses elétrons
Aquele fio que liga os faróis do carro até a bateria é feito de cobre na parte interna e tem uma capa de podem sair com
borracha justamente para isolar o material condutor, que é o cobre. Veja, nesse caso, um bom exem- facilidade de
plo da aplicação de material condutor, o cobre, e de material isolante, a borracha. Na figura 10, temos seus átomos
alguns exemplos de materiais isolantes e condutores frequentemente utilizados na manutenção da e tornarem-se
elétrons livres.
parte elétrica de automóveis.
Eletricidade Automotiva 19
Fita isolante é um bom
exemplo de material
isolante. É essencial
para a manuntenção de Chicote é um conjunto de cabos muito bem organizados que liga diversas partes Cabo de duas vias,
equipamentos eletricos. elétricas do veículo. Você sabia que um veículo moderno tem em torno de 1.000 geralmente utilizado
metros de cabos elétricos e que cada um tem uma função muito específica? para ligar os alto-
falantes do carro ao
sistema de som.
Figura 10 – Materiais condutores e isolantes, com algumas aplicações práticas na eletricidade automotiva
Observe que, até agora, falamos somente de materiais condutores sólidos. Entretanto não
somente os sólidos são condutores elétricos, pois os líquidos e os gases também podem conduzir.
O que determina se um material é condutor ou isolante é a existência dos elétrons livres, pois são eles
Então, qualquer material que apresenta elétrons livres pode ser um condutor:
• líquido: nos líquidos, mais especificamente nas soluções iônicas, como água e sal ou soluções
ácidas, os portadores de cargas elétricas são os íons, ou seja, os cátions e os ânions. Estes po-
dem se movimentar ordenadamente pela solução e conduzir eletricidade;
• gasoso: os gases ionizados também podem conduzir eletricidade. Um gás ionizado é aquele
em que seus átomos perderam um ou mais elétrons e, por sua vez, tanto os elétrons quanto
os átomos ionizados podem transportar eletricidade. Um bom exemplo de gás ionizado é o
da lâmpada branca, também chamada de lâmpada econômica, pois, dentro dela, há um gás
que fica ionizado quando ligamos a lâmpada. Um dos efeitos disso é o brilho da lâmpada.
20 NT Editora
Eletrizando o conhecimento
Com sua experiência cotidiana, assinale com um X, na tabela 2, os materiais que são
condutores ou isolantes.
Atenção! Não tente fazer qualquer experiência! Apenas pense e marque.
Tabela 2
E aí, como foi para você resolver essa questão? Foi fácil? Veja se você encontrou estas res-
postas na sequência da tabela 2:
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Encontrou? Parabéns! Caso não tenha encontrado, não desanime! Você está aqui para
aprender!
Eletricidade Automotiva 21
Antes de prosseguirmos, vamos esclarecer algumas coisas. Falamos das descargas elétricas
e dos raios anteriormente. Descargas elétricas são movimentos de cargas elétricas de uma nuvem
para o solo ou do solo para a nuvem, e isso acontece através do ar. Se o ar é um meio isolante, então
como isso é possível?
A resposta não é tão fácil, mas uma explicação satisfatória e simples é de que o ar e os outros
materiais isolantes podem, sim, conduzir eletricidade em determinadas circunstâncias. Quando a
Bobina: dispo- voltagem elétrica entre dois pontos separados por um isolante é muito grande, a corrente elétrica
sitivo capaz de
pode passar pelo isolante, mas isso ocorre quando há muita energia elétrica envolvida, como acon-
multiplicar a
tensão da ba- tece entre a Terra e as nuvens.
teria do veículo
para milhares de Em todo carro, existe um dispositivo chamado bobina, cuja função é gerar uma grande volta-
volts. gem para que a vela faísque e possa queimar o combustível dentro da câmara de combustão.
Figura 11 – Arco elétrico saltando pelo, ar devido à alta tensão gerada pela bobina
Nesse caso, a faísca é uma corrente elétrica passando pelo ar, assim como um raio de uma des-
carga atmosférica. Muitos eletricistas de automóveis fazem o teste da faísca para saber se a bobina
está funcionando. Esse teste é feito ao retirar o cabo da vela e aproximá-lo a uma parte metálica do
carro, mas sem encostar de fato, como mostra a figura 11.
Quando a bobina está funcionando corretamente, uma faísca salta do cabo para o metal, o que
é possível ver e, portanto, diagnosticar. A figura 12 mostra como o mecanismo de faiscamento da vela
ocorre na câmara de combustão.
22 NT Editora
A seguir, na figura 13-A, temos o funcionamento do sistema de ignição de um veículo. Os carros
modernos não têm a bobina exposta como na figura, no entanto o mecanismo de funcionamento é o
mesmo. Veja as etapas e observe que tudo o que foi estudado até agora explica o funcionamento des-
se dispositivo. Note, na figura, que os fios de alta tensão da bobina são mais grossos, isso é necessário,
pois a grande tensão elétrica pode fazer com que faíscas saltem pelo ar se os fios não forem muito
bem isolados.
Figura 13-A – Chave de ignição, bobina e distribuidor. Sistema de alta voltagem básico de um veículo
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Muitas cargas elétricas passam pelo dispositivo através dos fios condutores, encapados com
materiais isolantes, e são empurradas de um ponto ao outro pela força elétrica.
Saiba mais
Um bom exemplo de condutor de eletricidade no estado líquido é a solução que existe den-
tro de uma bateria. Uma bateria é constituída basicamente por um eletrodo de chumbo e um
eletrodo de dióxido de chumbo, ambos imersos em uma solução composta por água e ácido
sulfúrico, como mostra a figura 13-B.
Esse par de eletrodos gera uma tensão de aproximadamente 2V. Dentro da bateria, esse par de
eletrodos é associado a outros pares, de forma a alcançar a tensão desejada. Sendo assim, em
Eletricidade Automotiva 23
uma bateria de12V, existem, na verdade, seis pares de eletrodos associados em série. A bateria
armazena e fornece energia por meio de reação química entre o chumbo presente nos eletrodos
e o ácido sulfúrico presente na solução.
Importante
Então, se um corpo neutro foi eletrizado positivamente, isso significa que ele perdeu elétrons.
Por outro lado, se o corpo era neutro e foi eletrizado negativamente, isso significa que este ganhou
elétrons e, portanto, ficou com o número de elétrons maior que o número de prótons. Observe que
o corpo sempre perde ou ganha elétrons, mas o número de prótons é sempre o mesmo. Com auxílio
da figura 14, vamos explorar essa questão, pois ela é fundamental para sua compreensão acerca dos
processos de eletrização que estão por vir.
24 NT Editora
Figura 14 – Processo de eletrização por contato
Vamos percorrer os passos (1) a (3) da figura 14? Em (1), a esfera A está carregada negativamente,
e a esfera B está neutra. Na sequência (2), as duas são colocadas em contato, e alguns elétrons da
esfera A começam a passar para a esfera B. Depois de certo tempo, as duas esferas são separadas e,
na sequência (3), a esfera B ficou eletrizada negativamente. Observe que a quantidade total de carga
da esfera A diminui, porque ela perdeu parte de seus elétrons para a esfera B e, agora, as duas esferas
estão eletrizadas negativamente.
Importante
É muito importante você entender que o fato de a esfera B inicialmente ser neutra não
significa que ela não tinha elétrons e prótons. Nesse caso, o que ocorre é que o número de
elétrons e prótons são iguais. Quando ela encosta na esfera A, recebe mais elétrons e fica
negativamente eletrizada.
Eletrizar significa carregar eletricamente um corpo que inicialmente é neutro. A eletrização pode
ser feita por várias formas distintas, mas o resultado final é sempre o mesmo. Um corpo perde elétrons,
e o outro ganha. Como dito por Lavoisier, “Na natureza nada se cria, nada se perde; tudo se transforma”.
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Saiba mais
Na eletrização, esse conceito também é observado. A quantidade de carga elétrica antes e de-
pois de um processo de eletrização será sempre conservada, ou seja, a somatória das cargas dos cor-
pos antes do processo é igual à somatória das cargas depois do processo. Podemos denominar essa
questão de princípio da conservação da carga elétrica. Vejamos agora três processos de eletrização:
atrito, contato e indução.
Eletricidade Automotiva 25
• Eletrização por atrito
Quando dois corpos são atritados, os elétrons podem passar de um corpo para outro. O corpo
que perde elétrons fica eletrizado positivamente, e o corpo que ganha elétrons fica eletrizado nega-
tivamente, ou seja, no processo de eletrização por atrito, os corpos ficam eletrizados com cargas de
sinais opostos.
Note que a figura 15 representa muito bem essa situação. Um bastão de vidro é atritado com
um tecido, nesse caso, a lã. O bastão perde elétrons para a lã e, então, ele fica eletrizado positivamen-
te, e a lã que ganhou elétrons fica eletrizada negativamente. Esse é um dos processos mais fáceis de
eletrização. Você pode fazer isso com uma régua e um pedaço de papel.
Tente fazer a experiência em sua casa e obter o resultado mostrado na figura 16. Esfregue um
papel em uma régua e, depois, aproxime a régua de um filete de água que vaza pela torneira. Deve ser
um filete, não pode ser um jato de água. Aproxime a régua, mas sem encostá-la na água. Observe se o
filete de água sofreu algum desvio, como mostra a figura 16.
Quando colocamos dois corpos condutores em contato, sendo um desses corpos já inicialmen-
te eletrizado, ocorrerão trocas de cargas entre eles. Esse fenômeno fará com que os dois corpos fiquem
eletrizados. As possibilidades, neste caso, são: um dos corpos já eletrizado e o outro não, ou os dois
26 NT Editora
corpos já eletrizados com cargas de valores diferentes. Independentemente de que forma ocorreu
inicialmente o processo, teremos, ao final da eletrização, os dois corpos com o mesmo sinal de carga.
Caso os dois corpos sejam idênticos, ao final do processo de eletrização, eles terão o mesmo valor de
carga elétrica. Veja a seguir, na figura 17, dois casos de corpos eletrizados por contato. Observe que,
ao final, os corpos ficaram com o mesmo sinal de carga.
Também é possível calcular a carga final de dois ou mais corpos eletrizados por contato.
Entretanto a relação matemática a seguir somente é válida para o caso em que os corpos são idênticos.
Q1 + Q2 + Q3 + Q4... + Qn
Qfinal =
nº de Corpos em Contato
Três corpos idênticos – (1) com carga de 10 µC, (2) com carga nula e (3) com carga de -4µC – são
colocados em contato simultaneamente. Vamos calcular a carga que cada corpo terá ao final.
Q1 = 10µC
Q2 = 0
Q3 = 4µC
Q1 + Q2 + Q3 + Q4... + Qn
Qfinal =
nº de Corpos em Contato
Eletricidade Automotiva 27
10 + 0 + (-4) 6
Qfinal = =
3 3
Qfinal = 2µC
Indução significa produzir eletrização sem o ato do contato. Observe que os processos de ele-
trização por atrito ou por contato exigem o contato de fato entre os corpos, mas, no processo de
indução, isso não é necessário. A eletrização de um condutor neutro pode ocorrer simplesmente pela
aproximação de um corpo eletrizado, sem que exista contato entre eles. Observe melhor essa explica-
ção ao observar a figura 18.
O corpo A está eletrizado negativamente, e o corpo B está neutro. Quando se aproxima o corpo
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Figura 19 – Sequência experimental do um processo de eletrização por indução com auxílio do fio terra
Assim, o processo de eletrização por indução consegue eletrizar corpos permanentemente so-
mente com o auxílio do fio terra.
Saiba mais
O fio terra não tem apenas a função de auxiliar no processo de eletrização. É uma forma simples
e eficaz para proteger dispositivos eletrônicos, usados em para-raios, e para provocar descargas
elétricas no geral. Veja, na figura 20, o aterramento de um padrão doméstico de energia.
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O acúmulo de carga elétrica em um caminhão-tanque pode ser algo catastrófico. Pode ocorrer
uma grande explosão ou um incêndio quando o veículo for descarregar combustível nos postos de
gasolina. Nesse caso, antes de começar a despejar o combustível, o caminhão deve ser “aterrado” (liga-
do à terra) por meio de um fio condutor, ou seja, um fio terra. Qualquer faísca gerada nesse momento
pode provocar um grave acidente. Observe o fio terra na ilustração da figura 21.
No caso de um automóvel, o polo negativo da bateria fica ligado na carroceria, como mostrado
na figura 22. Assim, é sempre bom ter cuidado para que qualquer fio positivo não encoste nas partes
metálicas do veículo, pois ali, com certeza, está o polo negativo da bateria.
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Eletrizando o conhecimento
1) Eduardo, um recém-formado eletricista automotivo, está trabalhando na parte elétrica
do sistema de alerta do veículo. Eduardo sente, então, um odor de combustível dentro do
veículo. O que ele deve fazer diante desse cenário?
a) Ele não precisa se preocupar, pois nada acontecerá: a voltagem da bateria é baixa.
b) Ele deve trabalhar apenas com os fios negativos para evitar qualquer faísca.
c) Ele deve se preocupar, pois, durante a manutenção, pode haver alguma faísca. Isso
pode levar a um incêndio ou até mesmo a uma explosão.
d) Ele deve abrir os vidros do carro para não acumular gases de combustível dentro do
carro e, após isso, continuar o trabalho.
Comentários: mesmo trabalhando apenas com os fios negativos, pode ocorrer algum tipo
de faiscamento. Logo, se você respondeu as letras "a" ou "b", está errado, porque qualquer
odor de combustível significa um risco iminente. Se você respondeu a letra "d", está errado,
porque os gases de combustível podem se acumular nas partes baixas do veículo e não
sair pelas janelas, o que pode provocar incêndio ou explosão. Se você respondeu a letra "c",
está correto, pois qualquer odor de combustível deve ser visto como um potencial risco,
principalmente, devido às faíscas que, normalmente, ocorrem nas manutenções elétricas
de veículos e, também, no funcionamento dos relés. Parabéns se você acertou!
Resumindo
Estudamos, até agora, os fundamentos básicos da eletrostática. Por meio deste estudo, você
teve a oportunidade de ver algumas aplicações de cada tópico no seu ramo de estudos, que é a eletri-
cidade automotiva. Você viu que a carga elétrica é uma grandeza dada na unidade do Sistema Interna-
cional, que é o coulomb (C) e que existem na natureza dois tipos de cargas, as positivas e as negativas.
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Viu que a menor quantidade de carga na natureza é a carga elementar, cujo valor é e = +1,6 ∙ 10 -19 C,
e que a carga total de um corpo é sempre um múltiplo inteiro da carga elementar, ou seja, Q = ± n ∙ e.
Foi apresentada, também, uma das leis mais fundamentais da eletricidade: a lei de Coulomb, repre-
sentada pela fórmula, FAB = K ∙ Q A2∙ Q B e cuja força explica as interações entre as cargas elétricas.
d
Os conceitos de carga elétrica são extremamente importantes, pois a carga elétrica é o objeto
de estudo de toda a eletricidade.
Na próxima lição, você aprenderá o que é campo elétrico e potencial eletrostático. Animado?
Vejo você lá!
Exercícios
Parabéns,
você fina-
lizou esta Questão 1 – Uma bateria automotiva nada mais é que um acumulador de carga elétrica.
lição! Ela guarda a carga para ser usada durante a necessidade do veículo. A capacidade da car-
a) 30. c) 3.1020.
b) 18.1021. d) 3.10-18.
Questão 2 – Ainda com relação ao texto da primeira questão, a quantidade total de carga
elétrica que essa bateria acumulou foi de:
a) 2.880 C. c) 76,8.
b) 17.280 C. d) 28.800 C.
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Questão 3 – Um aparelho de som instalado em um veículo funciona em sua potência má-
xima consumindo uma corrente elétrica de 9,6 C por segundo. Sendo assim, assinale a
questão que indica a quantidade e o tipo corretos das cargas elétricas que entrarão neste
aparelho a cada um segundo.
Questão 4 – A lei de Coulomb afirma que a força de intensidade elétrica de partículas car-
regadas depende:
Questão 5 – Uma partícula está eletrizada positivamente com uma carga elétrica de
4,0 x 10-15 C. Como o módulo da carga do elétron é 1,6 x 10-19 C, essa partícula:
a) 5 segundos. c) 10 horas.
b) 5 horas. d) 6 minutos.
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Questão 7 – Um bastão isolante é atritado com tecido e ambos ficam eletrizados. É correto
afirmar que o bastão pode ter:
Questão 9 – No vácuo (K0 = 9.109 Nm2/C2), são colocadas duas cargas elétricas puntiformes e
distantes 50 cm uma da outra. A força de repulsão entre essas duas cargas tem intensidade:
a) 63.10-3 N. c) 45.10-2 N.
b) 126.10-3 N. d) 36.10-2 N.
a) d)
b)
c)
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