Supplemeto Á Collecção Dos Tratados C
Supplemeto Á Collecção Dos Tratados C
Supplemeto Á Collecção Dos Tratados C
UNIVERSITY OF VIRGINIA
CHARLOTTESVILLE. VIRGINIA
COLLECÇÃO
DE
E ACTOS PÚBLICOS
ENTRE
A COROA DE PORTUGAL
AS MAIS POTENCIAS
TOMO IV.
A
OU
COLLECÇiO DE TRATADOS.
DOS
I wii iriiiiiVJJUi
E ACTOS PÚBLICOS
CELEBRADOS
ENTRE
A COROA DE PORTUGAL
E
AS MAIS POTENCIAS
DESDE 1610 ATÉ AO PRESENTE
RESENTE /
COMPILADOS, COORDENADOSi E ANNOTADOS
POR
JOSÉ HIKEIBA BORGES DE CASTRO,
SECRETARIO DA LEGAÇÃO DE SUA MAGESTADE NA CORTE DE MADRID, ASSOCIADO
PROVINCIAL DA ACADEMIA REAL DAS SCIENCIAS DE LISBOA.
LISBOA
IMPRENSA NACIONAL
1857.
3"X
ADVERTÊNCIA.
PARTE II.
GOVERNO DO PRÍNCIPE DO BRAZIL
ART. II.
Desde logo, e em observancia dos ditos Tratados de al
liança e amizade, está prompta Sua Magestade Fidelissima
a concorrer para a defeza dos dominios garantidos á Hespa
nha, como já o offereceu assim que a França lhe declarou a
guerra, e promette como Potencia auxiliar e alliada os soc-
corros que forem compativeis com a sua propria situação e
segurança, os quaes soccorros obrarão inteiramente i\ dispo
sição de Sua Magestade Catholica, assim como obrarão á
disposição de Sua Magestade Fidelissima os que houver de
dar-lhe Sua Magestade Catholica, achando-se em iguaes cir-
cumstancias: e no caso em que França venha a commetter
hostilidades contra Portugal ou a declarar-lhe guerra, se
obrigam Suas Magestades a fazer causa commum na dita
guerra. As duas Altas Partes Contratantes concertarão mu
tuamente tudo quanto possa ser relativo aos soccorros que
deverão dar-se uma á outra, como tambem o uso e emprego
das suas forças para a segurança e defeza reciproca, e para
bem da causa commum.
ART. III.
Em consequencia do estipulado no Artigo antecedente,
e para que as embarcações portuguezas e hespanholas se
jam mutuamente protegidas e auxiliadas durante a presente
guerra, tanto na sua navegação como nos portos das duas
Altas Partes Contratantes, têem estabelecido e convem Suas
Magestades Fidelissima e Catholica em que as Suas esqua
GOVERNO DO PRINCIPE DO BRAZIL O SENHOR D. JOÃO. 13
ART. I.
Renovando, como renuevan, Sus Majestades Católica y
Fidelísima los Tratados de alianza y amistad que hasta aquí
han subsistido y continuarán entre ambas, y hallando por
oportuno añadir algunos puntos para los casos que puedan
ocurrir en la presente guerra declarada por la Francia á la
España contra todos los principios de razon v de justicia;
han determinado emplear su mayor atencion y todos los
medios que estuvieren en su poder, para restablecer la tran
quilidad pública, y para sostener sus intereses comunes, y
prometen y se obligan a obrar y proceder perfectamente de
acuerdo y con la mas íntima confianza para el complemento
de aquellos saludables fines.
ART. II.
Desde luego, y en observancia de dichos Tratados de
alianza y amistad, está pronta Su Majestad Fidelísima á con
currir para la defensa de los dominios garantidos á la Es
paña, como ya lo ofreció así que la Francia la declaró la
guerra; y promete como Potencia auxiliar y aliada los so
corros que fueren compatibles con su propia situacion y se
guridad, los cuales socorros obrarán enteramente à dispo
sicion de Su Majestad Católica, así como obrarán á dispo
sicion de Su Majestad Fidelísima los que hubiere de darla
Su Majestad Católica hallándose en iguales circunstancias;
y en el caso de que la Francia venga á cometer hostilidades
contra Portugal ó á declararle la guerra, se obligan Sus Ma
jestades á hacer causa comun en la dicha guerra. Las dos
Altas Partes Contratantes concertarán mutuamente todo
cuanto pueda ser relativo á los socorros que deberán darse
la una á la otra, como tambien el uso y empleo de sus
fuerzas para la seguridad y defensa recíproca, y para bien
de la causa comun.
ART. III.
En consecuencia de lo estipulado en el Artículo antece
dente, y para que las embarcaciones españolas y portugue
sas sean mutuamente protegidas y auxiliadas durante la pre
sente guerra, tanto en su navegacion como en los puertos de
las dos Altas Partes Contratantes, han establecido y convie
nen Sus Majestades Católica y Fidelísima en que sus escua
14 REINADO SA SENHORA D. MARIA 1.
dras e mais vasos de guerra dêem comboios indistinctamente
ás embarcações mercantes das duas Nações alliadas, da mesma
fórma que se acha estabelecido para as da sua propria Na
ção, tanto quanto as circumstancias o permittirem; e outro-
sim que tanto as embarcações de guerra como as mercantes
serão admittidas e protegidas nos seus portos respectivos, e
serão fornecidas com todos os soccorros de que necessitarem
aos preços correntes do paiz.
ART. IV.
Suas Magestades Fidelissima e Catholica se obrigam re
ciprocamente, no sobredito caso de uma guerra commum,
a fechar todos os seus portos aos navios francezes ; e no caso
actual de simples defeza, Sua Magestade Fidelissima pro-
mette pela sua parte de fechar todos os seus portos aos na
vios de guerra, armadores e corsarios francezes, e de não
permittir que em caso algum se extrahiam d'elles para os de
França munições de guerra nem navaes, nem trigo, nem ou
tros grãos, carnes salgadas nem outras provisões de bôca, e
de tomar a esse respeito as medidas mais severas e exactas
a fim de manter a sobredita prohibição em todo o seu vigor.
ART. V.
Suas Magestades Fidelissima e Catholica se promettem
reciprocamente de não depôr as armas (menos que seja de
commum accordo) sem haverem primeiramente obtido a res
tituição de todos os estados, ilhas, territorios, cidades, pra
ças, castellos ou logares que tivessem pertencido a uma ou
a outra Potencia antes do principio da guerra, e de que se
houvesse apoderado o inimigo durante o curso das hostili
dades.
ART. VI.
Se uma ou outra das duas Altas Partes Contratantes
chegasse a ser atacada, molestada ou inquietada em algum
dos seus estados, direitos, possessões ou interesses em qual
quer tempo ou de qualquer maneira que ser possa, assim
por mar como por terra, em consequencia e em odio dos Ar
tigos e das estipulações transcriptas no presente Tratado, ou
das medidas que se tomassem pelas sobreditas Altas Partes
Contratantes em virtude d'elle; a outra Parte Contratante se
GOVERNO DO PRINCIPE DO BRAZIL O SENHOR D. JOÃO. 15
dras y demas buques de guerra den convoyes indistinta
mente a las embarcaciones mercantes de las dos Naciones
aliadas, de la misma manera que se halla establecido para las
de su propia Nacion en todo cuanto permitieren las circun
stancias; como tambien en que así las embarcaciones de
guerra como las mercantes serán admitidas y protegidas en
sus puertos respectivos, y serán provistas de todos los so
corros que necesitaren á los precios corrientes del pais.
ART. IV.
Sus dichas Majestades Católica y Fidelísima se obligan
recíprocamente en el sobredicho caso de una guerra comun
á cerrar todos sus puertos á los navios franceses; y en el
caso actual de simple defensa, Su Majestad Fidelísima pro
mete por su parte cerrar todos sus puertos á los navios de
guerra, armadores y corsarios franceses, y no permitir que
en caso alguno se estraigan de ellos para los de Francia mu
niciones de guerra ni navales, ni trigo, ni otros granos, car
nes saladas, ni otras provisiones de boca, y tomar las medi
das mas severas y exactas para mantener la sobredicha pro
hibicion en todo su vigor.
ART. V.
Sus Majestades Católica y Fidelísima se prometen recí
procamente no dejar las armas (á menos que sea de comun
acuerdo) sin haber obtenido primero la restitucion de todos
los estados, territorios, islas, ciudades, plazas, castillos ó lu
gares que hubiesen pertenecido á la una ó á la otra Poten
cia antes del principio de la guerra, y de que se hubiese
apoderado el enemigo durante el curso de las hostilidades.
ART. VI.
Si la una ó la otra de las dos Altas Partes Contratantes
llegase á ser atacada, molestada ó inquietada en alguno de
sus estados, derechos, posesiones ó intereses en cualquier
tiempo ó de cualquiera manera que pueda ser, así por mar
como por tierra, en consecuencia y en odio de los Artícu
los y de las estipulaciones contenidas en el presente Tra
tado, ó de las medidas que se tomasen por las sobredichas
Altas Partes Contratantes en su virtud, la otra Parte Con
16 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
obriga a soccorre-Ia, c a fazer causa commum com ella da
maneira que está estipulado pelos Artigos antecedentes.
ART. VII.
A presente Convenção será ratificada pelas duas Altas
Partes Contratantes, e as ratificações em boa e devida fórma
se trocarão dentro de trinta dias, ou antes se for possivel.
Toa.n. 2
TKATADO ENTRE A BAINHA A SENHORA D. MARIA I E JORGE III
PROTECÇÃO DO COMMERCIO DE AMBAS AS NAÇÕES CONTRA
E RATIFICADO POR PARTE DE PORTUGAL EM 26 DE OUTU-
ANNO.
ART. II.
Havendo as pessoas que em França têem exercido os
poderes do Governo, declarado a Sua Magestade Britannica
uma injusta e não provocada guerra, Sua Magestade Fide
lissima confirma a obrigação que Portugal tem contrahido
pelos Tratados anteriores, de concorrer para a defeza reci
proca, e se obriga a fornecer como Potencia auxiliar e al
liada de Sua Magestade Britannica todos os soccorros que
forem compativeis com a sua propria situação e segurança,
a fim de que obrem estes à inteira disposição de Sua Ma
gestade Britannica.
ART. UL
Em consequencia do que fica estipulado pelo Artigo pre
cedente, e para que os vassallos portuguezes e britannicos
sejam mutuamente protegidos durante a presente guerra,
assim em sua navegação, como nos portos das duas Altas
Partes Contratantes, Suas Magestades Fidelissima e Britan
nica têem estabelecido e convindo entre Si, que as Suas es
quadras e navios de guerra darão comboio indistinctamente
aos navios mercantes de ambas as nações alliadas, do mesmo
modo que se acha determinado para com os navios das suas
proprias nações, quanto o houverem de permittir as circum-
stancias; e que outrosim tanto as embarcações de guerra
como os navios mercantes serão admittidos e protegidos nos
seus respectivos portos, e providos pelo preço corrente do
paiz de todos aquelles soccorros de que elles houverem
mister.
ART. IV.
Sua Magestade Fidelissima promette fechar todos os Seus
portos aos navios de guerra, armadores e corsarios francezes,
durante todo o tempo em que a França estiver em guerra com
Sua Magestade Britannica. Sua Magestade Fidelissima pro-
hibirá aos Seus vassallos exportar dos Seus portos para os
de França, ou levar aos de França de qualquer outro porto
que seja, munição alguma de guerra ou naval, ou ainda
mesmo grãos, carnes salgadas ou outra alguma provisão de
bôca. Sua dita Magestade Fidelissima se obriga outrosim a
GOVERNO DO PRINCIPE DO BRAZIL O SE.NHOR D. JOÃO. 21
and in the most intimate confidence, for the accomplishment
of these salutary ends.
ART. II.
The persons who have exercised the powers of Govern
ment in France, having declared against His Britannic Ma
jesty an unjust and unprovoked war, Her Most Faithful
Majesty confirms the obligation which Portugal has con
tracted by former Treaties, for concurring in mutual de
fence, and engages to furnish as an auxiliary Power and an
Ally of His Britannic Majesty, all the succours which shall
be compatible with Her own situation and security, in order
that they may act at the absolute disposal of His Britannic
Majesty.
ART. III.
In consequence of what is stipulated in the proceeding
Article, and in order that the portuguese and british ves
sels (i) may be mutually protected during the present war,
as well in their navigation as in the ports of the two High
Contracting Parties, Their Most Faithful and Britannic Ma
jesties have stipulated and agreed with each other that Their
esquadrons and ships of war shall convoy without distin
ction the trading vessels of the Two Nations, in the same
manner as is established for those of their own Nations,
as far as circumstances may permit; and that both Their
ships of war and trading vessels shall be admitted and pro
tected in Their respective ports, and shall be furnished with
all the succours of which they may stand in need, at the
current prices of the country.
ART. IV.
Her Most Faithful Majesty promises to shut all Her
ports against the french ships of war and privateers, dur
ing all the time that France shall be at war with His Bri
tannic Majesty. Her Most Faithful Majesty will prohibit
Her subjects, from exporting from Her said ports for those
of France, or from carrying to the ports of France from
any other port whatsoever, any military or naval stores, or
ART. V.
Se uma ou outra das duas Altas Partes Contratantes
vier a ser atacada, molestada ou inquietada em alguns dos
Seus Estados, direitos, posses ou interesses, em qualquer
tempo, ou de qualquer modo que ser possa, quer por mar
quer por terra, em consequencia ou em odio dos Artigos
ou das estipulações contidas no presente Tratado, ou das
medidas que se houverem de tomar pelas duas Altas Partes
Contratantes em virtude d'este Tratado, a outra Parte Con
tratante se obriga a soccorre-la e a lazer com ella causa
commum, pelo modo que fica estipulado pelos sobreditos
Artigos.
ART. VI.
Em consequencia das estipulações dos Tratados já sub
sistentes entre Suas Magestades, assim como das que n'este
se contêem, se obrigam Elias reciprocamente a que, no caso
de que durante a presente guerra a França, ou pela rasão
acima mencionada, ou por qualquer outra causa, viesse a
atacar os Estados de Sua Magestade Fidelissima ou as Suas
embarcações, assim de guerra como mercantes, ou a com-
metter quaesquer outras hostilidades, não só fariam ambas
Suas Magestades causa commum entre Si na dita guerra,
e dariam mutuamente uma á outra lodos os soccorros pos
siveis, em conformidade dos mesmos Tratados, mas tambem
na dita guerra fecharão Elias os Seus portos a todos os na
vios francezes, quaesquer que estes fossem, e não deporiam
as armas (a não ser por commum accordo), sem haverem
primeiro obtido a satisfação competente, e a restituição de
todos os Estados, territorios e possessões que a uma ou a
outra Potencia tivessem pertencido antes do principio da
guerra, e de que se houvesse apoderado o inimigo no de
curso das hostilidades,
i
GOVERNO DO PRINCIPE DO BRAZIL O SENHOR D. JOÃO. 23
even corn, salted meat, or any other provisions. Her said
Majesty also engages not to give, nor permit to Her subjects
to give any protection whatsoever, either directly or indi
rectly, to the trade or property of the French on the sea
or in the ports of France, and will take, in consequence of
what is declared in this Article, the most severe measures
in order to maintain the above-mentioned prohibition in its
full force.
ART. V.
If either of the High Contracting Parties should be at
tacked, molested or disturbed in any of their Dominions,
rights, possessions or interests, at any time, or in any man
ner whatsoever, by sea or land, in consequence or in hatred
of the Articles or stipulations contained in the present Treaty,
or of the measures to be taken by the said Contracting Par
ties in virtue of this Treaty, the other Contracting Party
engages to assist and to make common cause in the manner
stipulated by the aforesaid Articles.
ART. VI.
Their Majesties, in consequence of the stipulations of
the Treaties now subsisting between them, as of those con
tained in this Treaty, mutually engage that in case, during
the present war, either for the reason above-mentioned, or
for any other cause, France should attack the Dominions
of Her Most Faithful Majesty, or Her ships of war or trad
ing vessels, or should commit any hostilities whatever, They
will not only make common cause in the said war, and
afford to each other all possible succours, conformably to
the said Treaties, but also that during the said war They
will shut Their ports to all french ships whatsoever; and
that They will not lay down their arms (unless by common
consent), without having obtained a due satisfaction, as well
as restitution of all the Dominions, territories, islands or pos
sessions, which shall have belonged to either Power before
the commencement of the war, and of which the enemy
may have taken possession during the course of hostilities.
ART. Vn.
Suas Magestades Fidelissima e Britannica se obrigam a
ratificar o presente Tratado, cujas ratificações serão trocadas
dentro do espaço de seis semanas, que principiarão a con-
tar-se desde o dia da assignatura, ou mais cedo se possivel for.
Em fé do que, Nós abaixo assignados, Ministros Pleni
potenciarios de Suas Magestades Fidelissima e Britannica,
assignámos o presente Tratado, e o sellàmos com o sêllo
das nossas Armas.
Feito em Londres, aos 26 de Setembro de 1793.
Grenville.
(L. S.)
CONVENÇÃO ENTRE A RAINHA A SENHORA DONA MARIA I E OS
SOBRE RECIPROCA RESTITUIÇÃO DOS DESERTORES DE SDAS
MAIO DE 1794, E RATIFICADA POR PARTE DE PORTUGAL EM
DO DITO ANNO.
ART. I.
Sua Magestade Fidelissima e Suas Altas Potencias pro-
mettem entregar de parte a parte, á primeira reclamação
convenientemente feita, os seus respectivos vassallos que se
ESTADOS GERAES DAS PROVINCIAS UNIDAS DOS PAIZES BAIXOS,
RESPECTIVAS EMBARCAÇÕES, ASSIGNADA EM LISBOA A 8 DE
4 DE JUNHO, E PEI.A DOS ESTADOS GERAES EM 16 DE AGOSTO
ART. I.
Sa Majesté Très-Fidèle et Leurs Hautes Puissances pro
mettent de se rendre de part et d'autre, à la première ré
clamation convenablement faite, leurs sujets respectifs qui
28 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
acharem a bordo das embarcações de guerra, ou navios mer
cantes da outra Potencia, quer seja nos portos dos seus
proprios dominios, quer nos portos neutraes; a qual en
trega far-se-ha sem difficuldade alguma, apenas houver a
simples declaração dos commandantes ou de outra pessoa
auctorisada, que devidamente declarem que os individuos
assim reclamados são verdadeiramente subditos e emprega
dos no serviço de mar dos seus Soberanos.
art. n.
Não querendo as duas Altas Partes Contratantes que
esta restituição dos seus mareantes transfugas se limite só
ao caso de se acharem a bordo das suas embarcações de
guerra ou mercantes, convem outrosim em entrega-los mu
tuamente sem a menor difficuldade ou reserva, quando se
acharem em terra, em qualquer logar que for, dentro da
extensão dos seus dominios. Bem entendido porém que
este Artigo (como é de direito em todo o ajuste reciproco)
não será obrigatorio para uma das Partes, senão em quanto
elle pela outra pontualmente e sem restricção alguma se ob
servar e cumprir.
ART. III.
Sua Magestade Fidelissima e Suas Altas Potencias con
vem e consentem em que todo aquelle que fizer a reclama
ção seja obrigado a pagar as dividas válidas e bem prova
das que houverem sido contrnhidas pelo mareante reclamado
durante o tempo da sua ausencia, quer seja em terra, quer
a bordo de alguma outra embarcação.
ART. IV.
Para impedir, quanto for possivel, a deserção de mari
nheiros ou outros mareantes, quaesquer que elles sejam,
as duas Potencias Contratantes promettem e se obrigam a
dar todas as ordens de precaução necessarias e convenien
tes a este fim, tanto nas embarcações que navegam debaixo
da sua bandeira, como nas cidades e portos de seus domi
nios, e a fazer n'elles vigiar, com a maior efficacia que po
derem, contra toda e qualquer casta de alliciadores de levas.
GOVERNO DO PRINCIPE DO BRAZIL 0 SENHOR D. JOÃO. 29
se trouveront à bord des bâtimens de guerre ou navires
marchands de l'autre Puissance, soit dans les ports de leur
propre domination, soit dans les ports neutres; laquelle res
titution se fera sans aucune difficulté sur la simple déclara
tion des commandans ou de tels autres, qui feront de bon
droit la réclamation, que les individus ainsi réclamés sont
véritablement sujets et engagés au service de mer de leurs
Souverains.
ART. II.
Les deux Hautes Parties Contractantes ne voulant pas
que cette restitution de leurs marins transfuges se borne
au cas seul qu'ils se trouvassent à bord de leurs bâtimens
de guerre ou marchands, conviennent en outre de se les re
mettre pareillement sans la moindre difficulté ou réserve,
lorsqu'ils se seront réfugiés à terre dans quelque endroit
que ce soit sous leur domination. Bien entendu que cet Ar
ticle (comme il est de droit en tout engagement réciproque)
ne sera obligatoire pour l'une des Parties, qu'autant qu'il
s'observera et pourra s'exécuter ponctuellement et sans au
cune restriction par l'autre,
ART. III.
Sa Majesté Très-Fidèle, et Leurs Hautes Puissances s'ac
cordent et consentent que celui qui fait la réclamation sera
obligé de payer les dettes valides et bien prouvées, qui au
ront été contractées par le marin réclamé pendant le temps
de son absence, soit à terre soit à bord de quelqu' autre
vaisseau.
ART. IV.
Pour mettre obstacle, autant que possible, à la déser
tion de matelots ou autres marins quelconques, les deux Puis
sances Contractantes promettent et s'engagent à donner tous
les ordres de précaution nécessaires et convenables à cet
égard, tant sur les vaisseaux navigant sous leur pavillon,
que dans les villes et ports de leur domination, et à y faire
veiller le plus efficacement qu'il sera en leur pouvoir con
tre les embaucheurs.
30 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
ART. V.
Sua Magestade Fidelissima e Suas Altas Potencias, para
prevenirem tudo quanto poder alterar, por menos que ser
possa, a boa intelligencia que entre Elias subsiste; assim
como para evitarem todas as demoras ou obstaculos na exa
cta observancia dos Artigos acima estipulados, farão n3o só
expedir a presente Convenção a todos os seus tribunaes e
magistrados, a fim de que estes com ella se conformem, e
de que por considerações mal entendidas se não dê logar á
fuga ou occultação dos mareantes evadidos; mas darão ou-
trosim ordens as mais precisas, para que os seus officiaes
ou ministros respectivos observem as attenções, que as duas
Potencias amigas reciprocamente desejam testemunhar uma
á outra.
ART. VI.
Será esta Convenção ratificada por Sua Magestade Fi
delissima e Suas Altas Potencias, e serão as ratificações tro
cadas ou aqui n'esta Cidade de Lisboa ou na de Haya, den
tro do espaço de tres mezes, ou antes se for possivel.
Em fé do que, Nós os Ministros Plenipotenciarios de
Sua Magestade Fidelissima e de Suas Altas Potencias, au-
ctorisados dos nossos plenos-poderes, assignámos dois ori-
ginaes d'esta Convenção, e os sellãmos com o sêllo das nos
sas armas, guardando cada um de Nós o seu.
Feita em Lisboa, a 8 do mez de Maio de 1794.
ART. VI.
Cette Convention sera ratifiée par Sa Majesté Très-Fi
dèle et Leurs Hautes Puissances, et ces ratifications seront
échangées, soit ici à Lisbonne, soit à la Haye dans l'espace
de trois mois, ou plutôt si faire se peut.
En foi de quoi, Nous Ministres Plénipotentiaires de Sa
Majesté Très-Fidèle et de Leurs Hautes Puissances, autori
sés par nos pleins pouvoirs, avons signé deux originaux de
cette Convention, et leur avons apposé le sceau de nos Ar
mes, et chacune des Parties a gardé le sien.
Fait à Lisbonne, ce 8 Mai 1794.
(tRADUCÇÂO PARTICULAR.)
ART. IV.
Sa Majesté Très-Fidèle s'engage à observer la plus exa
cte neutralité entre la République et les autres Puissances
belligérantes; pareille neutralité sera observée par la Répu
blique Française en cas de rupture entre le Portugal et d'au
tres Puissances de l'Europe. En conséquence, aucune des
Puissances Contractantes, pendant le cours de la présente
guerre, ne pourra fournir aux ennemis de l'autre, en vertu
d'aucun Traité ou stipulation quelconque, (patente ou se
crète) aucun secours en troupes, vaisseaux, armes, muni
tions de guerre, vivres ou argent à quelque titre que ce soit,
ou sous quelque dénomination que ce puisse être.
ART. V.
Sa Majesté Très-Fidèle ne pourra admettre ensemble
dans ses grands ports plus de six bâtimens armés en guerre,
appartenais à chacune des Puissances belligérantes, et plus
de trois dans les petits. Les prises faites par leurs vaisseaux
de guerre ou corsaires respectifs ne pourront, non plus que
les corsaires eux-mêmes, être reçus, hors de cas de tem
pête et péril imminent, dans les ports de Sa Majesté Très-
Fidèle. Ils en sortiront aussitôt le péril passé. Toute vente
de marchandises ou vaisseaux capturés sera sévèrement pro
hibée. La République Française en usera de même à l'égard
des vaisseaux de guerre, corsaires ou prises appartenans aux
Puissances européennes avec lesquelles Sa Majesté Très-Fi
dèle pourrait entrer en guerre.
ART. VI.
Sa Majesté Très-Fidèle reconnaît par le présent Traité,
que toutes les terres situées au Nord des limites ci-après dé
signés entre les possessions des deux Puissances Contra
GOVERNO DO PRINCIPE DO BRAZIL O SENHOR D JOÀO. 35
ART. III.
Os portos, cidades, praças ou qualquer outra possessão
territorial de uma das duas Potencias em qualquer parte
do mundo que seja, que se acharem occupados ou conquis
tados pelas armas da outra, serão reciprocamente restitui
dos, sem que se possa exigir compensação ou indemnisação
alguma, e isto dentro dos prasos fixados pelo Artigo prece
dente.
ART. IV.
Sua Magestade Fidelissima obriga-se a observar a mais
exacta neutralidade entre a Republica e as outras Potencias
belligerantes ; igual neutralidade será observada pela Repu
blica Franceza em caso de rompimento entre Portugal e ou
tras Potencias da Europa. Por consequencia, nenhuma das
Potencias Contratantes, no decurso da presente guerra, po
derá fornecer aos inimigos da outra, em virtude de qual
quer Tratado ou estipulação (ostensiva ou secreta) soccorro
algum de tropas, navios, armas, munições de guerra, man
timentos ou dinheiro por qualquer titulo que seja, ou de
baixo de qualquer denominação que ser possa.
ART. V.
Sua Magestade Fidelissima não poderá admittir nos seus
portos maiores mais de seis navios armados em guerra per
tencentes a cada uma das Potencias belligerantes, nem mais
de tres nos portos menores. As presas feitas pelos seus na
vios de guerra ou corsarios respectivos não poderão ser re
cebidos, nem os mesmos corsarios, senão no caso de tem
pestade ou de perigo imminente, nos portos de Sua Mages
tade Fidelissima. Sairão dos mesmos logo depois de passado
o perigo. Qualquer venda de mercadorias ou de navios ca
pturados será severamente prohibida. A Republica Fran
ceza praticará o mesmo com os navios de guerra, corsarios
ou presas pertencentes ás Potencias europeas com as quaes
Sua Magestade Fidelissima possa entrar em guerra.
ART. VI.
Sua Magestade Fidelissima reconhece pelo presente Tra
tado que todas as terras situadas ao Norte dos limites abaixo
designados entre as possessões das duas Potencias Contra
36 REIKADO DA SEMIORA D. MARIA I.
1797 etantes appartiennent en toute propriété et souveraineté
^f0 à la République Française, renonçant en tant que besoin
serait, tant pour Elle que pour ses Successeurs et ayant
cause, à tous les droits qu'elle pourrait prétendre sur les
dites terres à quelque titre que ce soit, et nommément en
vertu de l'Article vm du Traité conclu à Utrecht le 11
Avril 1713: réciproquement la République Française re
connaît que toutes les terres situées au Sud de la dite li
gne appartiennent à Sa Majesté Très-Fidèle, en conformité
du même Traité d'Utrecht.
ART. VII.
Les limites entre les deux Guyanes Française et Portu
gaise seront déterminées par la rivière appellée par les Por
tugais Calcuenne, et par les Français de Vincent Pinson, qui
se jette dans l'Océan au-dessus du Cap Nord, environ à
deux degrés et demi de latitude septentrionale. Elles sui-
veront la dite rivière jusqu'à sa source, ensuite une ligne
droite tirée depuis la dite source vers l'Ouest jusqu' au Rio
Branco.
ART. VIII.
Les embouchures ainsi que le cours , entier de la dite
rivière Calcuenne ou de Vincent Pinson appartiendront en
toute propriété et souveraineté à la République Française,
sans toutefois que les sujets de Sa Majesté Très-Fidèle éta
blis dans les environs, au midi de la dite rivière, puissent
GOVERNO DO PRINCIPE DO RR AZIL O SENHOR D. JOÀO. 37
tantes pertencem em plena propriedade e soberania á Re- 1797
publica Franeeza, renunciando tanto quanto for necessario A^'0
assim pela sua parte como pela dos seus successores e re
presentantes a todos os direitos que possa pretender sobre
as ditas terras, debaixo de qualquer titulo que seja, e no
meadamente em virtude do Artigo vui do Tratado concluido
em Utrecht a tl de Abril de 1713: e reciprocamente a
Republica Franeeza reconhece que todas as terras situadas
ao Sul da dita linha pertencem a Sua Magestade Fidelis
sima, na conformidade do mesmo Tratado de Utrecht.
ART. VII.
Os limites entre as duas Guyanas Franeeza e Portu-
gueza serão determinados pelo rio chamado pelos Portugue-
zes Calsoene C1), e pelos Francezes de Vicente Pinson, que
se lança no Oceano acima do Cabo Norte, cerca de dois
graus e meio de latitude seplentrional. Seguirão o dito rio
até á sua nascente, e depois uma linha recta tirada desde
a dita nascente para Oeste até ao Rio Branco.
ART. VIII.
As embocaduras, bem como todo o curso do dito rio
Calsoene ou de Vicente Pinson pertencerão em plena pro
priedade e soberania á Republica Franeeza, sem que os sub
ditos de Sua Magestade Fidelissima estabelecidos nos ar
redores, ao Sul do dito rio, possam comtudo ser impedidos
ART. X.
Il sera négocié et conclu le plutôt possible entre les deux
Puissances un Traité de Commerce fondé sur des bases équi
tables et réciproquement avantageuses. En attendant il est
convenu: 1.° Que les relations commerciales seront rétablies
aussitôt après l'échange des ratifications, et que les citoyens
ou sujets de l'une des deux Puissances jouiront dans les
États de l'autre de tous les droits, immunités et prérogati
ves dont y jouissent ceux des Nations les plus favorisées.
2.° Que les denrées et marchandises provenant de leur sol
ou de leurs manufactures seront respectivement admises, si
les denrées et marchandises analogues des autres Nations le
sont ou viennent à l'être par la suite, et que les dites den
rées et marchandises ne pourront être assujetties à aucune
prohibition, qui ne frapperait pas également sur les denrées
et marchandises analogues importées par d'autres Nations.
3. ° Que néanmoins la République Française ne pouvant of
frir au Portugal qu'un débouché pour ses vins infiniment
médiocre, et qui ne peut pas compenser l'introduction des
draps français dans ce Royaume, les choses resteront réci
proquement, pour ces deux articles, dans leur état actuel.
4.° Que les droits de douane et autres sur les denrées et
marchandises du sol et des manufactures des deux Puissan
ces seront réciproquement réglés et perçus sur le pied au-
GOVERNO DO PRINCIPE DO BRAZIL O SENHOR D. JOÃO. 39
de usar livremente, e sem estarem sujeitos a direito algum,
da sua embocadura, do seu curso e de suas aguas.
ART. IX.
Os subditos de Sua Magestade Fidelissima que se acha
rem estabelecidos ao Norte da linha de fronteira acima de
signada poderão livremente ahi residir sujeitando-se ás leis
da Republica, ou retirar-se transportando os seus bens mo
veis e alienando os terrenos que justificarem pertencer-lhes.
A faculdade de se retirarem dispondo de seus bens moveis
e immoveis é reciprocamente reservada aos Francezes, que
se acharem estabelecidos ao Sul da dita linha de fronteira.
O exercicio da dita faculdade é concedido a uns e outros
por dois annos, a contar da troca das ratificações do pre
sente Tratado.
ART. X.
Será negociado e concluido com a brevidade possivel
entre as duas Potencias um Tratado de Commercio, fun
dado sobre bases equitativas e reciprocamente vantajosas.
No entretanto conveiu-se: 1.° Que as relações commerciaes
serão restabelecidas logo depois da troca das ratificações; e
que os cidadãos ou subditos de uma das duas Potencias go-
sarão nos Estados da outra de todos os direitos, immuni-
dades e prerogativas que n'elles gosarem os das Nações mais
favorecidas. 2.° Que os generos e mercadorias provenientes
do seu solo ou de suas manufacturas serão respectivamente
admittidas, se os generos e mercadorias analogos das outras
.Nações o forem ou vierem a ser de futuro, e que os ditos
generos e mercadorias não poderão ser sujeitos a prohibi-
ção alguma, que não pese igualmente sobre os generos e
mercadorias analogos importados por outras Nações. 3.° Que
visto a Republica Franceza não poder offerecer a Portugal
senão um mercado infinitamente mediocre para os seus vi
nhos, que não pôde compensar a introducção dos pannos
francezes n'este Reino, as cousas ficarão reciprocamente,
quanto a estes dois Artigos, no seu estado actual. 4.° Que
os direitos de alfandega e outros sobre os generos e merca
dorias do solo e das manufacturas das duas Potencias serão
reciprocamente regulados e cobrados no pé a que se acham
sujeitas as Nações mais favorecidas. S.° Que nos direitos as
iO REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1797 quel sont assujetties les Nations les plus favorisées. 5.° Que
8lJt0 sur les droits ainsi réglés il sera accordé de part et d'autre
une diminution en faveur des marchandises provenantes des
manufactures ou du sol des États de chacune des deux Puis
sances, pourvu qu'elles soient importées sur des vaisseaux
nationaux, chargées pour le compte de négocions qui leur
appartiennent, et envoyées en droiture des ports en Eu
rope de l'une d'elles vers les ports en Europe de l'autre.
La quotité de cette diminution, ainsi que les espèces de
marchandises auxquelles elle sera appliquée, seront réglées
par le Traité de Commerce à conclure entre les deux Puis
sances. 6.° Qu'au surplus toutes les stipulations relatives au
commerce, insérées dans les précédens Traités conclus en
tre les deux Puissances, seront provisoirement exécutées en
ce qui n'est pas contraire au présent Traité.
ART. XI.
Sa Majesté Très-Fidèle admettra dans ses ports les vais
seaux de guerre et de commerce français aux mêmes con
ditions, que les bâtimens des Nations les plus favorisées y
sont admis. Les bâtimens portugais jouiront en France de
la plus exacte réciprocité.
ART. XII.
Les Consuls et Vice-Consuls français jouiront des pri
vilèges, préséances, immunités, prérogatives et juridictions
dont ils jouissaient avant la guerre ou dont jouissent ceux
des Nations les plus favorisées.
ART. XIII.
L'Ambassadeur ou Ministre de la République Française
près la Cour de Portugal jouira des mêmes immunités, pré
rogatives et préséances dont jouissaient les Ambassadeurs
français avant la guerre actuelle.
ART. XIV.
Tous citoyens français, ainsi que tous les individus com
posant la maison de l'Ambassadeur ou Ministre, des Con
suls et autres Agents accrédités et reconnus de la Républi
que Française, jouiront dans les États de Sa Majesté Très
GOVERNO DO PRINCIPE DO BRAZIL O SENHOR D.JOÃO. 41
sim regulados se concederá de uma e outra parte uma di- 1797
minuição a favor das mercadorias provenientes das manu- Ag^t(
facturas ou do solo dos Estados de cada uma das duas Po
tencias, comtanto que sejam importadas em navios nacio-
naes, carregadas por conta de negociantes que lhes perten
çam, e remettidas em direitura dos portos na Europa de
uma d'ellas para os portos na Europa da outra. A impor
tancia d'esta diminuição, assim como as especies de mer
cadorias a que for applicada, serão reguladas pelo Tratado
de Commercio que se concluir entre as duas Potencias.
6.° Que finalmente todas as estipulações relativas ao com
mercio, insertas nos precedentes Tratados concluidos entre
as duas Potencias, serão provisoriamente executadas no que
não for contrario ao presente Tratado.
ART. XI.
Sua Magestade Fidelissima admittirá nos seus portos os
navios de guerra e mercantes francezes com as mesmas con
dições que n'elles são admittidas as embarcações das Nações
mais favorecidas. As embarcações portuguezas gosarão em
França da mais exacta reciprocidade.
ART. XII.
Os Consules e Vice-Consules francezes gosarão dos pri
vilegios, precedencias, immunidades, prerogativas e jurisdic-
ções de que gosavam antes da guerra ou de que gosem os
das Nações mais favorecidas.
ART. XIII.
O Embaixador ou Ministro da Republica Franceza junto
da Côrte de Portugal gosará das mesmas immunidades, pre
rogativas e precedencias de que gosavam os Embaixadores
francezes antes da guerra actual.
ART. XIV.
Todos os cidadãos francezes, bem como todos os indi
viduos que compozerem a casa do Embaixador ou Minis
tro, dos Consules e outros Agentes acreditados e reconheci
dos da Republica Franceza, gosarão nos Estados de Sua Ma-
42 REINADO DA SENHORA D. MARIA I,
Fidèle de Ia même liberté de culte dont y jouissent les Na
tions les plus favorisées à cet égard.
Le présent Article et les deux précédens seront obser
vés réciproquement par la République Française à l'égard
des Ambassadeurs, Ministres, Consuls et autres Agents de
Sa Majesté Très-Fidèle.
ART. XV.
Tous les prisonniers faits de part et d'autre, y compris
les marins et matelots, seront rendus dans un mois à com
pter de l'échange des ratifications du présent Traité, en
payant les dettes qu' ils auraient contractées pendant leur
captivité. Les malades et blessés continueront d'être soi
gnés dans les hôpitaux respectifs; ils seront rendus aussitôt
après leur guérison.
ART. XVI.
La paix et bonne amitié rétablies par le présent Traité,
entre Sa Majesté Très-Fidèle et la République Française,
sont déclarées communes à la République Batave.
ART. XVII.
Le présent Traité sera ratifié, et les ratifications échan
gées dans deux mois à compter de ce jour.
Fait, arrêté, conclu, signé et revêtu, savoir: par moi,
Charles Delacroix, du sceau des Relations Extérieures, et
par moi, Chevalier d'Ara ujo, du cachet de mes armes, à
Paris le 23 Thermidor an cinq de la République Française
une et indivisible. (10 Aôut 1797.)
ART. XVI.
A paz e a boa amizade restabelecidas pelo presente Tra
tado, entre Sua Magestade Fidelissima e a Republica Fran
ceza, são declaradas communs á Republica Batava.
ART. XVII.
O presente Tratado será ratificado, e as ratificações tro
cadas dentro de dois mezes a contar d'este dia.
Feito, ajustado, concluido, assignado e sellado, a saber:
por mim, Carlos Delacroix, com o sêllo das Relações Ex
teriores, e por mim, Cavalheiro de Araujo, com o sinete das
minhas armas, em Paris a 23 Thermidor anno quinto da Re
publica Franceza uma e indivisivel. (10 de Agosto de 1797.)
ARTICLES SECRETS.
S ART. I.
a Majesté Très-Fidèle s'oblige de payer à la Républi-
A20tO îue Française dans le délai d'une année, à compter de ce
jour, la somme de dix millions de francs, remise à la tré
sorerie nationale, à Paris, comme il suit:
Sa Majesté Très-Fidèle fera remettre à Paris douze cents
cinquante mille francs, de trois mois en trois mois, à com
pter de ce jour, le premier terme échéant au quatre-vingt
dixième jour après le présent, de manière que cinq millions
auront été ainsi fournis dans le courant d'une année.
ART. II.
Sa Majesté Très-Fidèle fera remettre dans le délai de
quatre mois à compter de ce jour, soit à Amsterdam, soit
dans les ports du Havre, de Nantes, de Bordeaux et d'An
vers, la valeur de deux millions cinq cents mille francs en
diamants bruts ou bois de Brésil, indépendamment de celle
nécessaire pour les frais de leur garde, dépôt et commission.
Une pareille valeur en diamants bruts, ou bois de Bré
sil, sera remise dans le délai de quatre mois à compter du
dernier jour du quatrième mois après la date du présent
accord.
ART. III.
Les diamants seront déposés à Amsterdam dans la mai
son de Jean Guillemester, fils de Jean, Consul et Agent de
('TRADUCf.ÃO PARTICULAR.;
ARTIGOS SECRETOS.
SART. I.
ua Magestade Fidelissima obriga-se a pagar á Repu- 1797
blica Franceza no praso de um anno, a contar d'este dia, A820q'°
a somma de dez milhões de francos, entregue na Thesou-
raria nacional em Paris, do modo seguinte:
Sua Magestade Fidelissima mandará entregar em Paris
ura milhão duzentos e cincoenta mil francos, de tres em tres
mezes, a contar d'este dia, expirando o primeiro praso a
noventa dias depois do presente, de modo que cinco mi
lhões terão sido satisfeitos no decurso de um anno.
ART. II.
Sua Magestade Fidelissima mandará entregar no praso
de quatro mezes a contar d'este dia, em Amsterdam, ou nos
portos do Havre, Nantes, Bordéus ou Antuerpia, o valor
de dois milhões e quinhentos mil francos em diamantes bru
tos ou pau brazil, independentemente do necessario para os
gastos da sua guarda, deposito e commissão.
Um igual valor em diamantes brutos, ou pau brazil, será
entregue no praso de quatro mezes a contar do ultimo dia
do quarto mez depois da data do presente accordo.
ART. III.
Os diamantes serão depositados em Amsterdam na casa
de João Guillemester, filho de João, Consul e Agente de
Sua Magestade Fidelissima na Republica Batava. O pau bra
zil será entregue a negociantes cuja escolha se convencionar;
46 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1797 Sa Majesté Très-Fidèle près la République Batave. Le bois
A^t0 de Brésil sera remis à des négociants dont le choix sera con
venu ; mais de préférence aux correspondants de la ferme de
Lisbonne. Ceux-ci, comme Jean Guillemester, fils de Jean,
demeureront dépositaires des objets à eux remis, pour en
verser la valeur à la trésorerie nationale au fur et mesure
des rentes, jusqu'à concurrence de cinq millions de francs,
ou les livrer sur la demande du Gouvernement français,
notifiée par le Ministre des Finances et qui en fera délivrer
alors quittance à la Cour de Portugal, d'après le montant
de l'estimation, qui sera considéré en ce cas comme argent
effectif.
ART. IV.
Les diamants et les bois de Brésil seront estimés par ex
perts convenus, au moment de leur livraison, d'après le prix
courant des endroits où ils seront mis en dépôt; la vente
en sera faite, en tout ou en partie, toutes les fois que le
prix trouvé ou offert égalera le montant de l'estimation. S'il
ne se présente point d'acquéreur à un prix égal au montant
de l'estimation, ou si le Gouvernement français ne s'en charge
pas à celte condition, soit en tout, soit en partie, la vente
de ce dont il ne sera pas disposé pourra être retardée jus
qu'au quinzième mois qui suivra la date du présent; mais
alors, Sa Majesté Très-Fidèle fera remettre dans le délai
d'un mois après le quinzième ce qui sera dû à la trésorerie
nationale, pour compléter la somme de cinq millions paya
ble en diamants ou bois de Brésil.
ART. V.
Le consentement à la vente, au prix qui en sera trouvé
dans le quinzième mois, sera censé donné par le surlaps du
temps.
Sa Majesté Très-Fidèle s'étant obligée de remplir le dé
ficit si la vente est effectuée, ou de fournir une somme égale
en numéraire pour le prévenir, Elle aura la surveillance et
l'administration des diamants et bois de Brésil déposés; mais
les négocians chargés de la vente aviseront de leurs opéra
tions le Ministre des Finances, recevront préablement sa ré
ponse, et compteront directement à la trésorerie nationale.
GOVERNO DO PRINCIPE DO BRAZIL O SENHOR D. JOÃO. 47
mas de preferencia aos correspondentes dos contratadores 1797
em Lisboa. Estes, e João Guillemester, filho de João, fica- Ag^tó
rão depositarios dos objectos que lhes forem entregues, para
satisfazerem o valor dos mesmos na Thesouraria nacional
à medida dos seus reditos, até á concorrencia de cinco mi
lhões de francos, ou enlrega-los em virtude de requisição do
Governo francez, notificada pelo Ministro da Fazenda, o
qual fará então dar quitação dos mesmos á Corte de Portu
gal, segundo o importe da avaliação, que n'este caso será
considerado como dinheiro effectivo.
ART. IV.
Os diamantes e o pau brazil serão avaliados por peri
tos convencionados, no momento da sua entrega, segundo
o preço corrente dos logares onde forem postos em depo
sito ; far-se-ha a venda d'elles, no todo ou em parte, sem
pre que o preço procurado ou offerecido igualar o importe
da avaliação. Uma vez que se não apresente comprador por
um preço igual ao importe da avaliação, ou que o Governo
francez os não queira com essa condição, no todo ou em
parte, a venda d'aquelles de que se não tiver disposto po
derá ser demorada até ao decimo quinto mez que seguir á
data do presente ; mas então Sua Magestade Fidelissima
mandará entregar dentro do praso de um mez depois do
decimo quinto o que se dever á Thesouraria nacional, para
completar a somma de cinco milhões que se pagar em dia
mantes ou pau brazil.
ART. V.
0 consentimento para a venda, pelo preço que se achar
no decimo quinto mez, será considerado como dado pelo
lapso de tempo.
Tendo-se Sua Magestade Fidelissima obrigado a preen
cher o deficit se a venda se effectuar, ou a satisfazer uma
somma igual em dinheiro para o prevenir, terá a inspecção
e administração dos diamantes e pau brazil depositados ; po
rém os negociantes encarregados da venda avisarão das suas
operações o Ministro da Fazenda, receberão primeiro a sua
resposta, e entrarão directamente com o dinheiro na The
souraria nacional.
48 REINADO DA SENHORA D. MARIA 1.
1797 Le présent accord annulle l'Article secret convenu sur
A$j«to le même objet le 23 Thermidor d" (le 10 Août 1797 v. s.)
lequel, au moyen de celui-ci, demeurera comme non avenu.
(TIUDITÇÃO)
*
TRATADO DE AMISADE, NAVEGAÇÃO E COMMERCIO RENOVADO EN
M
DA RUSSIA, ASSIGNADO EM S. PETERSBURGO A —
27
DE PORTUGAL EM 19 DE ABRIL, E PELA
(tradccção official.)
ART. I.
Il subsistera entre Leurs Majestés, la Reine de Portugal
et l'Empereur de Toutes les Russies, Leurs Héritiers et Suc
cesseurs de part et d'autre, ainsi que entre Leurs sujets,
une paix perpétuelle, bonne intelligence et parfaite amitié;
à quel effet les deux Puissances Contractantes s'engagent
tant pour Elles, que pour tous Leurs sujets sans exception,
de se traiter réciproquement en bons amis dans toutes les
occasions, tant par mer que par terre et sur les eaux dou
ces, et d'éviter non seulement tout ce qui pourrait tourner
au préjudice des uns ou des autres, mais de s'entr'aider
mutuellement par toutes sortes de bons offices, surtout en
ce qui concerne la navigation■ et le commerce.
ART. II.
Les sujets Portugais jouiront en Russie d'une parfaite
liberté de conscience, conformément aux principes d'une en
tière tolérance qu'on y accorde à toutes les Religions; ils
pourront librement s'acquitter des devoirs et vaquer au culte
de leur Religion, tant dans leurs propres maisons, que dans
les églises publiques, qui y sont établis, sans éprouver ja
mais la moindre difficulté à cet égard.
GOVERNO DO PRINCIPE DO BRAZIL O SENHOR D. JOÀO. 55
André, de Santo Alexandre Newsky, de Santa Anna, e Grão
Cruz das de São João de Jerusalem e de São Vladimir da
primeira classe; ao Senhor Victor de Kotschoubey, Vice-
Chanceller, Conselheiro privado actual, Camarista actual, Ca-
valleiro da Ordem de São Alexandre Newsky, e Grão Cruz
da de São Vladimir da segunda classe; ao Senhor Theodoro
de Rostopsin, Conselheiro privado actual, Membro do Col-
legio dos Negocios Estrangeiros, Cavalleiro da Ordem de
São Alexandre Newsky e da de Santa Anna da primeira
classe; e ao Senhor Pedro de Soimonoff, Conselheiro pri
vado actual, Senador, Presidente do Collegio de Commer-
cio, Cavalleiro das Ordens de São Alexandre Newsky e
de Santa Anna da primeira classe, e Grão Cruz da de São
Vladimir da segunda classe; os quaes Plenipotenciarios, de
pois de se haverem respectivamente communicado os seus
plenos poderes, entraram em conferencia, e tendo madura
mente deliberado sobre a materia, concluiram e ajustaram
os Artigos seguintes:
ART. I.
Haverá entre Suas Magestades a Rainha de Portugal e
o Imperador de Todas as Russias, Seus Herdeiros e Succes-
sores, de uma e outra parte, assim como entre Seus vassal-
los, uma paz perpetua, boa intelligencia e perfeita amisade,
para o que as duas Partes Contratantes se obrigam tanto
por si, como por todos os seus vassallos sem excepção, a
tratar-se reciprocamente como bons amigos em todas as oc-
casiòes, tanto por mar como por terra e aguas doces, e não
só a evitar tudo o que possa redundar em prejuizo de uns
e de outros, mas a ajudar-se mutuamente por todas as sortes
de bons officios, sobretudo no que toca á navegação e ao
commercio.
ART. II.
Os vassallos Portuguezes gosarão na Russia de uma per
feita liberdade de consciencia, segundo os principios da abso
luta tolerancia que ali se concede a todas as Religiões; po
dendo livremente satisfazer aos deveres e dar-se ao culto da
sua Religião, tanto em suas proprias casas como nas igrejas
publicas que ali se acham estabelecidas, sem experimentar
jamais a este respeito a menor diíficuldade.
56 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1798 Les sujets Russes ne seront de même jamais troublés nï
DexMnbro inquiétés en Portugal par rapport à leur Religion, et l'on
observera envers eux, à cet égard, ce qui se pratique avec
les sujets des autres Nations d'une communion différente,
particulièrement avec ceux de la Grande Bretagne.
ART. III.
Leurs dites Majestés s'engagent mutuellement de pro
curer aux sujets respectifs de l'une et de l'autre toutes les
facilités, assistance et protection nécessaires aux progrès de
leur commerce réciproque, et surtout de la navigation di
recte entre les deux États dans tous les lieux de leur domi
nation, où la navigation et le commerce sont actuellment ou
seront à l'avenir permis à d'autres Nations Européennes.
Mais dans tous les cas, où le présent Traité n'aura pas sti
pulé quelques exemptions ou prérogatives en faveur des su
jets respectifs, ils devront se soumettre pour leur commerce,
tant par mer que par terre et sur les eaux douces, aux ta
rifs des douanes, ainsi qu'aux loix, coutumes et réglemens
de l'endroit où ils se trouveront.
ART. IV.
Dans tous les ports des États respectifs dont l'entrée et
le commerce sont ouverts aux Nations Européennes, les Hau
tes Parties Contractante» auront réciproquement le droit d'é
tablir des Consuls Généraux, Consuls et Vice-Consuls pour
l'avantage de leurs sujets commerçans; les dits Consuls Gé
néraux, Consuls et Vice-Consuls y jouiront de toute la pro
tection des loix; et quoiqu'ils n'y pourront exercer aucune
sorte de juridiction, ils pourront néanmoins être choisis,
du gré des parties, pour arbitres de leurs différends ; mais il
sera toujours libre aux mêmes parties de s'adresser par pré
férence au tribunal destiné pour le commerce, ou à d'autres
tribunaux, auxquels les mêmes Consuls Généraux, Consuls
et Vice-Consuls, en tout ce qui concerne leurs propres af
faires, seront également subordonnés, et ils ne pourront ja
mais être choisis parmi les sujets nés de la Puissance chez
laquelle ils doivent résider, à moins qu'ils n'aient obtenu une
permission expresse de la dite Puissance de pouvoir être ac
crédités auprès d'Elle en cette qualité.
GOVERNO DO PRINCIPE DO BRAZIL O SENHOR D. JOÃO. 57
Os vassallos Russianos não serão do mesmo modo ja
mais perturbados nem inquietados em Portugal pelo que
toca á sua Religião ; e observar-se-ha para com estes a este
respeito o que se pratica com os vassallos das outras nações
de uma communhão differente, sobretudo com os subditos
da Gran-Bretanha.
ART. III.
Suas ditas Magestades se obrigam mutuamente a pro
curar aos vassallos respectivos de uma e de outra todas as
facilidades, assistencia e protecção necessarias para o pro
gresso do seu commercio reciproco, e sobretudo da nave
gação directa entre os dois Estados, em todos os logares dos
seus dominios em que a navegação e o commercio são actual
mente ou forem para o futuro permittidos a outras Nações
Europeas. Mas em todos os casos em que no presente Tra-
trado se não houverem estipulado algumas isenções ou pre-
rogativas a favor dos vassallos respectivos, dever-se-hão estes
sujeitar, pelo que toca ao seu commercio, tanto por mar
como por terra e aguas doces, ás pautas das alfandegas e ás
leis, costumes e regulamentos do logar em que se acharem.
ART. IV.
Em todos os portos dos Estados respectivos, cuja en
trada e commercio são livres ás Nações Europeas, as Altas
Potencias Contratantes terão reciprocamente direito de es
tabelecer Consules Geraes, Consules e Vice-Consules para o
bem dos Seus vassallos commerciantes ; os ditos Consules Ge
raes, Consules e Vice-Consules ali gosarão de toda a protecção
das leis ; e postoque ali não possam exercer sorte alguma de ju-
risdicção, poderão comtudo ser eleitos a contento das partes
por arbitros das suas contestações ; mas será sempre livre
ás mesmas partes o recorrer com preferencia ao tribunal
destinado para o commercio ou a outros tribunaes, a que
os mesmos Consules Geraes, Consules e Vice-Consules, em
tudo o que pertence ás suas proprias causas, serão igual
mente subordinados; e nunca poderão ser eleitos d'entre os
vassallos, por nascimento, da Potencia junto á que houverem
de residir, excepto se tiverem obtido licença expressa da
dita Potencia para poderem ser acreditados como taes nos
seus dominios.
58 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
ART. V.
i"98 Les sujets des deux Puissances Contractantes pourront
aembro jans leg respectifs s'assembler avec leur Consul en
corps de Factorie, et faire entre eux, pour l'intérêt commun
de la Factorie, les arrangcmens qui leur conviendront, et
tant qu'ils n'auront rien de contraire aux loix et réglemens
du pays ou de l'endroit où ils seront établis.
ART. VI.
Les sujets commerçans des deux Hautes Parties Con
tractantes payeront pour leurs marchandises, dans les Etats
respectifs, les douanes et autres droits fixés par les tarifs et
ordonnances actuellement en force, ou qui existeront à l'a
venir; et quant à la forme du payement des droits d'entrée
en Russie, les sujets Portugais se conformeront à ce qui se
pratique, ou se pratiquera dans la suite, vis-à-vis des sujets
Russes eux-mêmes. Mais afin que le commerce des deux Na
tions soit de plus en plus encouragé, on est convenu de part
et d'autre de leur accorder les avantages suivans:
Io De la part de la Russie: Tous les vins du cru du
Portugal, des Iles de Madère et des Açores, importés en
Russie sur des bâtimens Portugais ou Russes, et pour com
pte de sujets Portugais ou Russes, ne payeront de droit
d'entrée que quatre Roubles et cinquante Copecks par bar
rique ou oxhoft de six ancres ou deux-cent et quarante
bouteilles ; mais les uns et les autres ne pourront jouir de
cet avantage qu'en produisant des certificats du Consul de
Russie, et à son défaut, de la douane, ou du Magistrat de
l'endroit d'où les dits vins auront été expédiés, qui consta
teront, qu'ils sont véritablement du cru des endroits sus
mentionnés, et pour compte des sujets Portugais ou Russes.
ART. VII.
En réciprocité des susdites concessions, Sa Majesté Très-
Fidèle accorde aux sujets de la Russie les avantages suivans:
Io Les négocians Russes établis, ou qui s'établiront à
l'avenir en Portugal, auront la prérogative d'avoir des Ju
ges Conservateurs sur le même pied que cela est accordé et
se pratique pour la Nation Anglaise ; mais si Sa Majesté Très-
Fidèle jugeait à propos de faire un nouveau règlement sur
ce sujet pour tous les commerçans étrangers établis dans Ses
états, sans aucune exception, les sujets Russes devront aussi
s'y soumettre.
ART. VII.
Em reciprocidade das sobreditas concessões, Sua Mages-
tade Fidelissima concede aos vassallos da Russia as vanta
gens seguintes:
1 .° Os negociantes Russianos, estabelecidos ou que para
o futuro se estabelecerem em Portugal, gosarão da prero-
gativa de ter Juizes Conservadores sobre o mesmo pé que
isto se concede e se pratica com a Nação Ingleza; mas se
Sua Magestade Fidelissima julgar conveniente fazer novo re
gulamento sobre esta materia para todos os commerciantes
estrangeiros estabelecidos nos Seus estados, sem excepção
alguma, a elle dever-se-hão tambem sujeitar os vassallos
Russianos.
2.° Terão elles tambem o direito de recorrer á Junta
do Commercio nas suas causas mercantis; ser-lhes-ha ali
feita prompta e exacta justiça, segundo a verificação dos
factos, sem as mais formalidades do processo ordinario, con
forme as leis e usos que se observam entre os negociantes,
para o que concederá Sua Magestade Fidelissima, na occor-
rencia de similhantes casos, a jurisdicção necessaria á so
bredita Junta do Commercio.
3.° Os negociantes Portuguezes e Russianos não paga
rão mais do que ametade dos direitos de entrada da alfan
dega, e os mais (debaixo de qualquer denominação que ser
possam) taes quaes se acharem estabelecidos pelas pautas e
ART. VIII.
Outre les avantages réciproques stipulés par les Arti
cles précédens, les Hautes Parties Contractantes ont encore
jugé à propos, afin d'encourager d'autant mieux la naviga
tion directe et le commerce entre les Nations Portugaise et
Russe, d'accorder aux sujets respectifs les prérogatives sui
vantes : Sa Majesté Très-Fidèle accorde la diminution de la
moitié des droits de douane et autres fixés par les tarifs et
ordonnances qui existent, ou qui existeront à l'avenir dans
Ses états, sur les marchandises de Russie ci-après spécifiées,
lorsqu'elles seront importées directement de Russie en Por
tugal, savoir: Les toiles à voiles, celles nommées Vlaams ou
Flaemisch, Ravendoucs et Calamandres de lin; à condition
de prouver par des certificats en due forme, que les susdites
GOVERNO DO PRINCIPE DO BRAZIL O SENHOR D. JOÃO. 63
regulamentos que actualmente existem, ou que para o fu- 1798
turo existirem em Portugal sobre as producções da Russia D^™1
abaixo especificadas, quando ellas forem transportadas dire-
rectamente em navios Portuguezes ou Russianos, e por conta
dos vassallos Portuguezes ou Russianos; a saber: o canha
mo, a linhaça e o oleo de canhamo e de linho; o ferro de
toda a sorte de dimensões, em que se comprehende o ferro
delgado, entrando tambem os arcos de ferro, as ancoras, as
peças de artilheria, as balas e as bombas; mas os vassallos
respectivos não gosarão d'esta diminuição de direitos, sem
mostrar por certidões passadas em devida fórma pelo Con
sul Portuguez, e em sua falta pela alfandega ou pelo Ma
gistrado do logar d' onde as sobreditas mercadorias houve
rem sido expedidas, que ellas são verdadeiramente da pro-
ducção ou das manufacturas da Russia, e que são exporta
das por conta dos vassallos Portuguezes ou Russianos. Estas
vantagens não serão concedidas a navios de outras Nações
que transportarem a Portugal as sobreditas mercadorias da
Russia; mas observar-se-ha com estas o que as pautas ge-
raes prescrevem a este respeito.
4.° Se dentro do tempo da duração d'este Tratado Sua
Magestade Fidelissima vier a conceder aos navios de qual
quer outra Nação um abatimento nos direitos de saída dos
vinhos, gosarão tambem os navios Russianos d'esta vanta
gem nos vinhos que exportarem para os portos da Russia.
ART. VIII.
Além das vantagens reciprocas estipuladas pelos artigos
precedentes, as Altas Potencias Contratantes julgaram ainda
conveniente, a fim de animar muito mais a navegação directa
e o commercio entre as Nações Portugueza e Russiana,
conceder aos vassallos respectivos as prerogativas seguintes:
Sua Magestade Fidelissima concede a diminuição da ame-
tade dos direitos d'alfandega e os mais determinados pelas
pautas e regulamentos que existem, ou que para o futuro
existirem nos Seus estados, sobre as mercadorias da Russia
abaixo especificadas, sendo ellas transportadas directamente
da Russia para Portugal; a saber: os brins, lonas e mais fa
zendas de linho proprias para o velame dos navios; as cha
madas Vlaams ou Flaemisch, Ravendoucs e Calamandres de
64 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
marchandises sont véritablement des manufactures de la
Russie, qu'elles en ont été importées directement sur des
navires Portugais ou Russes, et pour le compte de sujets
Portugais ou Russes.
ART. IX.
Comme il y a d'autres effets et marchandises, aussi
bien de la production et des manufactures de Portugal et
de ses Colonies, que de la production et des manufactures
de la Russie, et de ses différens domaines et conquêtes,
lesquelles pourront augmenter la navigation et le commerce
des deux Nations, et contribuer à leur avantage réciproque,
Sa Majesté-Très Fidèle, et Sa Majesté Impériale, prenant
cet objet dans Leur haute considération, ont ordonné à
Leurs Ministres respectifs d'examiner et conférer sur tous
et chacun des susdits effets et marchandises; et de tout ce
qui sera ajusté et convenu de part et d'autre à cet égard,
l'on fera de nouveaux Articles, lesquels étant approuvés et
ratifiés par les deux Puissances Contractantes, feront partie
de ce Traité, comme s'ils y étaient inclus et transcrits mot
pour mot.
ART. X.
Le but des deux Hautes Parties Contractantes, en accor
dant les avantages stipulées dans les Articles vi, vu et vm,
étant uniquement de faciliter le commerce et la navigation
directe des sujets Portugais en Russie, et des sujets Russes
GOVERNO DO PRINCIPE DO BRAZIL O SENHOR D. JOÃO. 65
linho, com condição de se provar, por certidões authenticas, 1798
que as sobreditas mercadorias suo verdadeiramente das ma- Dez|™br0
nufacturas da Russia, que d'ali foram transportadas directa
mente em navios Portuguezes ou Russianos, e por conta dos
vassallos Portuguezes ou Russianos.
Em reciprocidade d'e$tas vantagens, Sua Magestade o
Imperador de Todas as Russias concede a diminuição da
ametade dos direitos da alfandega e os mais que existem, ou
que para o futuro existirem nos seus Estados, sobre as mer
cadorias de Portugal abaixo especificadas, saindo ellas di
rectamente de Portugal para a Russia; a saber: o azeite de
oliveiras, o anil do Brazil, o tabaco do Brazil em pó, rolo
ou folha, com a condição de se provar similhantemente por
certidões authenticas, que as sobreditas mercadorias são ver
dadeiramente da producção de Portugal e das suas Colonias,
que d'ali foram exportadas directamente dos seus portos na
Europa em navios Portuguezes ou Russianos, e por conta
dos vassallos Portuguezes ou Russianos.
ART. IX.
Havendo outros generos e effeitos, assim da producção
e manufacturas de Portugal e das suas Colonias, como da
producção e manufacturas da Russia e dos seus differentes
dominios e conquistas, os quaes poderão augmentar a na
vegação e o commercio das duas Nações, e contribuir para
o seu reciproco interesse, Sua Magestade Fidelissima e Sua
Magestade Imperial, tomando este objecto em Sua alta con
sideração, têem ordenado aos Seus Ministros respectivos que
examinem e confiram sobre todos e cada um dos sobreditos
generos e effeitos; e de tudo quanto a este respeito se ajustar
e convier de uma e outra parte, far-se-hão novos Artigos,
os quaes, sendo approvados e ratificados pelas duas Potencias
Contratantes, ficarão fazendo parte d'este Tratado, como se
n'elle fossem inclusos e transcriptos palavra por palavra.
ART. X.
Sendo o fim das duas Altas Potencias Contratantes na
concessão das vantagens estipuladas nos Artigos vi, vn e vm
unicamente facilitar o commercio e a navegação directa dos
vassallos Portuguezes na Russia, e dos vassallos Russianos
66 REINADO DA SENHORA D. MARIA 1.
1798 en Portugal, Elles défendent réciproquement à Leurs sujets
wembro d'abuser ces avantages, en se donnant pour propriétaires
des navires ou des marchandises qui ne leur appartiendront
pas, sous peine à celui ou ceux qui auraient ainsi fraudé
les droits, en prêtant leur nom à quelqu'autre négociant
étranger, d'être traités selon la teneur des loix et réglemens
émanés à cet égard, savoir: que tout ce qui sera prouvé être
ainsi faussement déclaré en Portugal sous un nom emprunté
Portugais ou Russe, sera confisqué au profit des établisse
ments publics en faveur des pauvres.
ART. XI.
On ne reconnaîtra pour navires Portugais ou ííusses
que ceux qui seront exactement dans les cas des ordon
nances et réglemens actuellement en force dans leurs Pays
respectifs, savoir: pour les navires Portugais, ils devront être
munis du nombre de su jets Portugais, fixé par les réglemens
de Sa Majesté Très-Fidèle, savoir: que le maître, contre
maître, et les deux tiers de l'équipage devront être sujets
Portugais.
La propriété Portugaise d'un tel navire devra être at
testée par un passeport expédié par la Secrétairerie d'État
du Département de la Marine.
Pour les navires Russes, ils devront avoir dans leur équi
page au moins la moitié du nombre de matelots sujets de
l'Empire de Russie.
De plus la propriété Russe d'un tel navire et de sa car
gaison doit être attestée par des documents en due forme;
et si le navire a fait voile de Saint Petersbourg, il devra
être muni d'un passeport de l'Amirauté; mais s'il est parti
d'un autre port de Russie, où il n'y ait pas d'Amirauté, le
GOVERNO RO PRINCIPE DO BRAZIL O SENHOR D. JOÃO. 67
em Portugal, prohibem Elias reciprocamente aos Seus vas- 1198
sallos o abusar d'estas vantagens, dando-se por donos de Dez^i
navios ou de mercadorias que lhes não pertençam, sob pena
(Jeque aquelle ou aquelles, que houverem assim defraudado
os direitos, emprestando o seu nome a qualquer outro ne
gociante estrangeiro, serão tratados conforme a disposição
das leis e regulamentos a este respeito estabelecidos; a sa
ber: que tudo o que se provar ser assim falsamente de
clarado em Portugal debaixo de um supposto nome Por-
tuguez ou Russiano, será confiscado e vendido a beneficio
da Casa dos Expostos. Da mesma sorte na Russia tudo
quanto se provar ser assim falsamente declarado debaixo
de um supposto nome Portuguez ou Russiano, será confis
cado a beneficio dos estabelecimentos publicos em favor dos
pobres.
Mas no caso que haja denunciante da dita fraude, aba-
ter-se-ha a seu favor ametade da importancia da venda dos
generos confiscados, que receberá em paga da denuncia,
quer seja em Portugal, quer. na Russia.
ART. XI.
Não serão reconhecidos por navios Portuguezes ou Rus-
sianos senão aquelles que estiverem exactamente no caso das
ordenações e regulamentos actualmente em vigor nos seus
respectivos Paizes; a saber: pelo que toca aos navios Portu
guezes, deverão estes conter o numero de vassallos da mesma
Nação determinado pelos regulamentos de Sua Magestade
Fidelissima, isto é, que o mestre, contramestre e duas terças
partes da tripulação sejam vassallos Portuguezes.
A propriedade Portugueza de um tal navio deverá ser
attestada por um passaporte expedido pela Secretaria d'Es-
tado da Repartição da Marinha.
Pelo que toca aos navios Russianos, deverá ao menos
ametade do numero de marinheiros da sua tripulação con
star de vassallos do Imperio da Russia.
Alem d' isto deverá a propriedade Russiana de um tal
navio e da sua carga ser authenticada por documentos pas
sados em devida fórma; e se o navio der á véla de S. Pe-
tersburgo, deverá ser munido de um passaporte do Almi-
rantado : mas se partir de qualquer outro Porto da Russia,
68 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
passeport, soit de la douane de cet endroit, soit du Magistrat
ou de tel autre préposé à cet effet, sera valable.
ART. XII.
Pour constater la propriété Portugaise ou Russe des
marchandises exportées de Portugal en Russie, on devra
produire des certificats des Consuls Généraux, Consuls ou
Vice-Consuls de Russie résidans en Portugal, ou si le na
vire a fait voile d'un port où il n'y ait pas de Consuls Gé
néraux, Consuls ou Vice-Consuls de_ Russie, on se conten
tera des certificats en due forme de la douane, ou du Ma
gistrat du lieu, ou de telle autre personne préposée à cet
effet; et les dits Consuls Généraux, Consuls ou Vice-Consuls
de Russie em Portugal ne pourront rien exiger au-delà de
trois Crousades pour l'expédition d'un tel certificat, sous
quelque prétexte que ce soit.
De même pour constater la propriété Portugaise ou Russe
des marchandises exportées de la Russie en Portugal, on
devra produire des certificats des Consuls Généraux, Consuls
ou Vice-Consuls de Portugal résidans en Russie; ou si le
navire a fait voile d'un port où il n'y ait pas de Consuls
Généraux, Consuls ou Vice-Consuls Portugais, on se con
tentera des certificats en due forme de la douane, ou du
Magistrat du lieu, d'où le dit navire aura fait voile, ou de
telle autre personne préposée à cet effet; et les dits Consuls
Généraux, Consuls ou Vice-Consuls Portugais ne pourront
de même rien exiger au-delà de trois roubles pour l'expé
dition des dits certificats, sous quelque prétexte que ce soit.
ART. XIII.
Pour prévenir les fraudes des droits de douane dans les
États respectifs, soit par contrebande, ou de quelqu'autre
manière, les deux Hautes Parties Contractantes conviendront
GOVERNO DO PRINCIPE DO BRAZIL O SENHOR D. JOÃO. 69
em que não haja Almirantado, o passaporte, ou seja expe
dido pela alfandega d'aquelle logar ou pelo Magistrado ou
por qualquer outra pessoa d'isso encarregada, será valioso.
As duas Altas Partes Contratantes remetter-sé-hão re
ciprocamente alguns exemplares authenticos da formalidade
dos ditos documentos e passaportes, para se guardarem nos
difTerentes portos dos Estados respectivos, a fim de se co
tejarem com aquelles de que lorem munidos os nav ios, e de
se verificar assim a sua validade.
ART. XII.
Para se verificar a propriedade Portugueza ou Russiana
das mercadorias exportadas de Portugal para a Russia, de-
ver-se-hão apresentar certidões dos Consules Geraes, Con
sules ou Vice-Consulcs da Russia residentes em Portugal;
ou se o navio sair de um porto em que não haja Consul
Geral, Consul ou Vice-Consul da Russia, bastarão certidões
passadas em devida fórma pela alfandega ou pelo Magistrado
do logar, ou por qualquer outra pessoa d'isso encarregada;
e os ditos Consules Geraes, Consules ou Vice-Consules não
poderão exigir mais do que mil e duzentos réis por passar
uma tal certidão, debaixo de qualquer pretexto que seja.
ART. XIII.
Para prevenir as fraudes dos direitos da alfandega nos
Estados respectivos, ou seja por contrabando ou por qual
quer outro modo, as duas Altas Potencias Contratantes con
70 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1.79& également que, pour tout ce qui regarde la visite des na
Setembro vires marchands, les déclarations des. marchandises, le temps
SET
de les présenter, la manière de les vérifier, et en général
pour tout ce qui concerne les précautions à prendre contre
la contrebande et les peines à infliger aux contrebandiers,
l'on observera dans chaque Pays les loix, réglemens et cou
tumes qui y sont établies, ou qu'on y établira à l'avenir.
ART. XV.
Les vaisseaux de guerre des deux Puissances Alliées
trouveront également dans les États respectifs les rades, ri
vières, ports et havres libres et ouverts pour entrer ou sor
tir, et demeurer à l'ancre tant qu'il leur sera nécessaire, sans
subir aucune visite, en se conformant de même aux loix gé
nérales de police, et à celles des bureaux de santé établies
dans les États respectifs.
Dans les grands ports il ne pourra pas entrer plus de
six vaisseaux de guerre à la fois, et dans les petits, trois,
à moins qu'on n'en ait demandé et obtenu la permission
GOVERNO DO PRINCIPE DO BUAZIL O SENHOR D. JOÃO. 71
-vieram igualmente em que, por tudo o que respeita á visita 179S
dos navios mercantes, às declarações das mercadorias, ao Dez|™br
tempo de as apresentar, á maneira de as verificar, e em geral
por tudo o que toca ás precauções que se houverem de tomar
contra o contrabando e ás penas que se têem de impôr aos
contrabandistas, se observem em cada Paiz as leis, regula
mentos e costumes n'elle estabelecidos, ou que para o futuro
se estabelecerem.
Em todos os casos acima mencionados, as duas Potencias
Contratantes se obrigam reciprocamente a não tratar os vas-
sallos respectivos com mais vigor do que os Seus proprios,
quando commetterem similhantes contravenções.
ART. XIV.
Todas as vezes que os navios Portuguezcs ou ííussianos
forem obrigados, ou seja por tempestades ou perseguidos
por aigum pirata ou por qualquer outro accidente, a refu-
giar-se nos portos dos Estados respectivos, n'elles poderão
fazer os concertos de que precisarem, abastecer-se de todas
as cousas que houverem mister, e tornar a sair livremente
sem pagar direito algum d'alfandega ou qualquer outro, á
excepção somente dos direitos de pharol e de portagem;
comtanto que, durante a sua estada nos ditos portos, se
não tire mercadoria alguma dos referidos navios, e muito
menos se exponha á venda o quer que seja ; mas se o com-
mandante de algum dos mesmos navios julgar conveniente
pôr em venda alguma mercadoria, será obrigado a confor-
mar-se com as leis, ordenações e pautas da terra em que
se achar.
ART. XV.
As embarcações de guerra das duas Potencias Alhadas
acharão igualmente nos Estados respectivos as enseadas,
rios, barras e portos livres e abertos para entrar ou sair,
e ficar ancoradas o tempo que lhes for preciso, sem sujeição
a visita alguma, conformando-se igualmente com as leis ge-
raes da policia, e com as dos tribunaes de saude estabele
cidas nos Estados respectivos.
Nos portos grandes não poderão entrar por cada vez
mais do que seis embarcações de guerra, e nos pequenos
roais do que tres, a não se haver pedido e alcançado licença
72 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1798 pour un plus grand nombre. Et pour tout ce qui regarde
izcmbro je ravitaillement, radoubement, vivres et rafraîchissement,
on pourra les acheter au prix courant, sans aucun embarras
ni empêchement quelconque; et on pratiquera avec les dits
vaisseaux de guerre ce qui se pratique avec ceux de toutes
les autres Nations.
ART. XVI.
Quant au cérémonial du salut des navires, les deux Hau
tes Parties Contractantes sont convenues de le régler selon
les principes d'une parfaite égalité entre les deux Couron
nes. Lors donc que les vaisseaux des deux Puissances Con
tractantes se rencontreront en mer, ils se régleront de part
et d'autre, pour le salut, d'après le grade des Officiers Com-
mandans ces vaisseaux, de manière que ceux d'un rang
égal ne seront pas obligés de se saluer, tandis que les vais
seaux commandés par des Officiers d'un rang supérieur re
cevront à chaque fois le salut des inférieurs, en le rendant
coup pour coup.
A l'entrée d'un port où il y aura garnison, les vaisseaux
des Hautes Parties Contractantes seront également tenus au
salut d'usage, et il y sera répondu de même, coup pour coup.
ART. XVII.
Les vaisseaux de guerre d'une des Puissances Contra
ctantes dans les ports de l'autre, et les personnes de. leurs
équipages ne pourront pas être détenues ni empêchées de
sortir des dits ports, lorsque les Commandans de tels vais
seaux voudront mettre a la voile. Les mêmes Commandans
cependant doivent s'abstenir scrupuleusement de donner au
cun asyle sur leur bord à des déserteurs ou d'autres fugi
tifs tels qu'ils soient, contrebandiers ou malfaiteurs; moins
encore tolérer qu'on y reçoive des effets ou marchandises,
qui puissent leur appartenir, ou qu'ils auraient enlevées, ni
celles déclarées de contrebande. Et ils ne devront pas faire
aucune difficulté de livrer au Gouvernement aussi bien les
dits criminels que les biens ci-dessus marqués, lorsqu'ils
les trouveront à leur bord.
Et pour ce qui regarde les dettes et les délits person
nels de ceux qui appartiendront aux équipages des dits vais
GOVERNO DO PRINCIPE DO BRAZIL O SENHOR D. JOÃO. 73
para maior numero. E por tudo o que respeita à provisão 1798
de mantimentos, concertos, viveres e refrescos, poder-se-hão Dezembro
27
estes haver pelo preço corrente, sem embaraço ou impedimento
algum, qualquer que seja; e praticar-se-ha com as ditas em
barcações de guerra o mesmo que se pratica com as de todas
as mais Nações.
ART. XVI.
Qnanto ao ceremonial das salvas dos navios, as duas
Altas Partes Contratantes convieram em regula-lo, segundo
os principios de uma perfeita igualdade entre as duas Co
rdas. Quando pois as embarcações das duas Potencias Con
tratantes se encontrarem no mar, regular-se-hão de uma e
outra parte, pelo que toca ás salvas, pelas patentes dos Of-
ficiaes que commandarem estas embarcações, de modo que
os de igual graduação não serão obrigados a salvar uns aos
outros, entretanto que as embarcações commandadas por
Officiaes de uma patente superior, receberão de cada vez a
salva dos inferiores, respondendo-lhes tiro por tiro.
Na entrada de qualquer porto em que houver guarni
ção, as embarcações das Altas Partes Contratantes serão
igualmente obrigadas a dar a salva do costume, e respon-
der-se-lhes-ha da mesma sorte tiro por tiro.
ARI. XVII.
As embarcações de guerra de uma das Potencias Con
tratantes nos portos da outra, e as pessoas das suas tripu
lações, não poderão ser detidas nem embaraçadas de sair
dos ditos portos, quando os Commandantes de taes embar
cações quizerem dar a véla. Os mesmos Commandantes com-
tudo devem abster-se escrupulosamente de dar asylo algum
a seu bordo a desertores ou outros fugitivos, quaesquer que
sejam, contrabandistas ou malfeitores; e muito menos de
vem tolerar que ali se recebam effeitos ou mercadorias que
lhes possam pertencer ou que hajam roubado, nem tão pouco
as declaradas de contrabando. E não deverão ter dificuldade
alguma em entregar ao Governo, assim os ditos criminosos
como as mercadorias e effeitos acima mencionados, quando
elles os achem a seu bordo.
E pelo que pertence ás dividas e aos delictos pessoaes
dos individuos de que se compozerem as tripulações das di-
74 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1798 seaux, chacun sera assujetti aux peines établies par les loix
Dezembro du Pays où il se trouvera.
27
ART; XV11I.
Les vaisseaux marchands appartenans aux sujets d'une
des Puissances Contractantes, ni personne de leurs équipa
ges ne pourront pas non plus être arrêtées, ni leurs mar
chandises saisies dans les ports de l'autre, excepté dans le
cas d'arrêt ou de saisie de justice, soit pour dettes person
nelles contractées dans le Pays même par les propriétaires
du navire ou de la cargaison, soit pour avoir reçu à bord
des marchandises déclarées de contrebande par les tarifs
des douanes, soit pour y avoir recélé des effets qui y au
raient été cachés par des banqueroutiers ou d'autres débi
teurs, au préjudice de leurs créanciers légitimes, soit pour
avoir voulu favoriser la fuiie ou l'évasion de quelque déser
teur des troupes de terre ou de mer, de contrebandiers, ou
de quelqu'autre individu que ce soit, qui ne serait pas muni
d'un passeport légal; de tels fugitifs devront être remis au
Gouvernement, aussi bien que les criminels qui auraient
pu se réfugier sur un tel navire. Bien entendu que le Gou
vernement veillera soigneusement dans les États respectifs
à ce que les dits navires ne soient pas retenus plus long
temps, qu'il ne sera absolument nécessaire.
Dans tous les cas susmentionnés, ainsi qu'à l'égard des
délits personnels, on observera ce qui a été estipulé dans
l'Article précédent.
ART. XIX.
Si un matelot déserte de son vaisseau il sera livré à la
réquisition du chef de l'équipage auquel il appartiendra, et
en cas de rebellion, le propriétaire du navire ou le chef de
l'équipage pourra réquérir main forte pour ranger les ré
voltés à leur devoir, ce que le Gouvernement dans les Etats
respectifs devra s'empresser de lui accorder, ainsi que tous
les secours dont il pourra avoir besoin pour continuer son
voyage sans risque et sans retard.
ART. XX.
Les navires Portugais ou Russes ne seront jamais forcés
GOVERNO DO PRINCIPE DO BRAZIL O SENHOR D. JOÃO. 7S
tas embarcações, será cada qual sujeito ás penas determina- 1798'
das pelas leis do Paiz em que se achar. Dewmta
ART. XVIII.
Nem os navios mercantes pertencentes aos vassallos de
uma das Potencias Contratantes, nem as pessoas das suas
tripulações poderão tão pouco ser arrestadas, nem as suas
mercadorias apprehcndidas nos portos da outra, excepto nos
casos de arresto ou apprehensão por justiça, ou seja por di
vidas pessoaes, contrahidas no mesmo Paiz pelos donos do
navio ou da carga, ou por terem recebido a bordo fazendas
declaradas de contrabando pelas pautas das alfandegas, ou
por ali terem occultado effeitos de fallidos ou de outros de
vedores, em prejuizo de seus legitimos crédores, ou por te
rem querido favorecer a fuga ou evasão de algum desertor
das tropas de terra ou de mar, ou de contrabandistas, ou
de qualquer outro individuo que não fosse munido de um
passaporte legal. E deverão taes fugitivos ser entregues ao
Governo, da mesma soite que os criminosos, que se houve
rem refugiado a bordo de um tal navio. Bem entendido que
vigiará cuidadosamente o Governo nos Estados respectivos,
para que os ditos navios não sejam retidos por mais tempo
do que o que for absolutamente preciso.
ART. XIX.
Se algum marinheiro desertar do seu navio será entre
gue ao chefe da tripulação a que pertencer, e que o reque
rer; e em caso de rebellião poderá o dono do navio ou o
chefe da tripulação requerer auxilio para submetter os re
voltados, o qual auxilio deverá o Governo nos Estados res
pectivos promptamente prestar-lhe, assim como todos os
soccorros, que possa haver mister para proseguir sua via
gem sem risco e sem demora.
ART. XX.
Os navios Portuguezes ou Russianos não poderão jamais
76 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
de servir en guerre dans les États respectifs, ni à aucun
transport contre leur gré.
ART. XXI.
Les vaisseaux Portugais ou Russes ainsi que leurs équi
pages, tant matelots que passagers, soit nationaux, soit même
sujets d'une Puissance étrangère, recevront dans les États
respectifs toute l'assistance et protection qu'on doit attendre
d'une Puissance amie et alliée; et aucun individu appartenant
à l'équipage des dits navires, non plus que les passagers,
ne pourra être forcé d'entrer malgré lui au service de l'au
tre Puissance, excepté seulement ses propres sujets, qu'Elle
sera en droit de réclamer.
ART. XXII.
Il sera permis aux sujets des deux Hautes Parties Contra
ctantes d'aller, venir et commercer librement dans les États
avec lesquels l'une ou l'autre de ces Parties se trouvera
presentement ou à l'avenir en guerre; bien entendu qu'ils
ne portent point de munitions à l'ennemi; on en excepte
néanmoins les places actuellement bloquées ou assiégées tant
par mer que par terre; mais en tout autre temps et à l'ex
ception de munitions de guerre, les susdits sujets pourront
transporter dans ces places toute autre sorte de marchandi
ses, ainsi que des passagers, sans le moindre empêchement.
Quant à la visite des vaisseaux marchands, les vaisseaux de
guerre et les armateurs se comporteront aussi favorablement
que la raison de guerre, pour lors existente, pourra jamais
le permettre vis-à-vis des Puissances les plus amies qui res
teront neutres, en observant le plus qu'il sera possible les
principes et les règles du Droit des gens généralement re
connus. Mais en cas que ces navires marchands fussent es
cortés par un ou par plusieurs vaisseaux de guerre, la simple
déclaration de l'Officier commandant l'escorte, que les dits
" navires n'ont à bord aucune contrebande de guerre, devra
suffire pour qu'aucune visite n'ait lieu.
ART. XXIII.
Tous les canons, mortiers, armes à feu, pistolets, bom
bes, grenades, boulets, balles, fusils, pierre à feu, mèches,
GOVERNO DO PRINCIPE DO BRAZIL O SENHOR D. JOÃO. 77
ser constrangidos a servir em guerra nos respectivos Esta
dos, nem ainda de transportes contra sua vontade.
ART. XXI.
Os navios Porluguezes ou Russianos e as suas tripula
ções, tanto marinheiros como passageiros, ou sejam nacio-
naes ou ainda mesmo vassallos de uma Potencia estrangeira,
receberão nos Estados respectivos toda a assistencia e pro
tecção que se devem esperar de uma Potencia amiga e al-
liada; e nenhum individuo pertencente á tripulação dos di
tos navios, nem ainda os passageiros, poderão ser constran
gidos a entrar contra vontade no serviço da outra Potencia,
excepto só os seus proprios vassallos, que Ella terá direito
de reclamar.
ART. XXII.
Será permittido aos vassallos das duas Altas Partes Con
tratantes ir, vir e commerciar livremente nos Estados, com
que uma ou outra d estas Potencias se achar presentemente
ou para o futuro em guerra, comtanto que não levem mu
nições ao inimigo; exceptuam-se todavia as praças que a
esse tempo estiverem bloqueadas ou sitiadas, tanto por mar
como por terra : mas em qualquer outro tempo e á excepção
de munições de guerra, poderão os sobreditos vassallos tran
sportar a estas praças toda e qualquer outra sorte de mer
cadorias assim como passageiros, sem o menor impedimento.
Quanto á visita dos navios mercantes, as embarcações de
guerra e os corsarios comportar-se-hão tão favoravelmente,
quanto a rasão de guerra então existente podér jamais per-
mitti-lo, para com as Potencias as mais amigas que ficarem
neutraes, observando o mais que for possivel as regras e
princípios do Direito das gentes geralmente reconhecidos.
Mas no caso que estes navios mercantes sejam comboiados
por uma ou mais embarcações de guerra, a simples decla
ração do Official commandante do comboi, de que os ditos
navios não téem a bordo contrabando algum de guerra, de
verá bastar para que de nenhum modo sejam visitadas.
ART. XXIII.
Todas as peças de artilheria, morteiros, armas de fogo,
pistolas, bombas, granadas, balas de artilheria, balas de
78 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1798 poudre, salpêtre, souffre, cuirasses, piques, épées, ceintu-
Kembro rons, poches à cartouches, selles et brides au-delà de la
quantité qui peut être nécessaire pour l'usage du vaisseau,
ou au-delà de celle que doit avoir chaque homme, servant
sur le vaisseau et passager, seront réputés provisions ou
munitions de guerre; et s'il s'en trouve, ils seront confis
qués selon les loix, comme contrebande ou effets prohibés ;
mais ni les vaisseaux ni les passagers ni les autres marchan
dises qui s'y trouveront eu même temps ne seront point
détenus ni empêchés de continuer leur voyage.
ART. XXIV.
Les effets et marchandises appartenantes aux sujets d'une
Puissance en guerre, seront libres sur les vaisseaux des su
jets de celles des deux Hautes Puissances Contractantes qui
restera neutre, à l'exception des marchandises de contre
bande spécifiées dans l'Article précédent. Les marchandi
ses appartenantes aux sujets de la même Puissance neutre,
chargées sur des vaisseaux ennemis, sont de bonne prise;
cependant on doit excepter les chargements faits avant la
déclaration de guerre, et même ceux qui ont été faits après
la rupture, mais avant que les négociants aient eu le temps
nécessaire pour être informés de la susdite déclaration de
guerre. C'est pourquoi les deux Hautes Parties Contractan
tes sont convenues de fixer le terme où de telles marchan
dises chargées sur des vaisseaux ennemis pourront être ré
clamées par ses propriétaires, à deux mois de la déclaration
de guerre, en-deça de la Ligne, et à six mois au-delà de la
Ligue et en tous les autres endroits du monde.
ART. XXV.
En cas que l'une des deux Hautes Parties Contractantes
fût en guerre avec quelqu'autre État, les sujets de ses en
nemis qui seront au service de la Puissance Contractante
qui sera restée neutre dans cette guerre, ou ceux d'entre
eux qui seront naturalisés ou auront acquis le droit de
bourgeoisie dans ses Etats, même pendant la guerre, seront
envisagés par l'autre Partie belligérante, et traités sur le
même pied que les sujets nés de son alliée, sans la moindre
différence entre les uns et les autres.
GOVERNO DO PRINCIPE DO BRAZIL O SENHOR D. JOÃO. 79
raosqueteria, espingardas, pederneiras, méchas, polvora, sa
litre, enxofre, couraças, piques, espadas, cintos, cartuxei-
ras, sellas e bridas, alem da quantidade que pôde ser ne
cessaria para o uso da embarcação, ou alem da que deve
terçada homem que a bordo d'ella sirva, ou passageiro, re-
putar-se-hão provisões ou munições de guerra ; e es que se
acharem, confiscar-se-huo segundo as leis, como contrabando
ou generos prohibidos; mas nem as embarcações nem os
passageiros, nem os mais generos que ao mesmo tempo ali
se acharem, serão detidos nem embaraçados de proseguir a
sua viagem.
ART. XXIV.
Os effeitos e mercadorias pertencentes aos vassallos de
uma Potencia que esteja em guerra, serão livres, estando a
bordo das embarcações dos vassallos d'aquella das duas Al
tas Potencias Contratantes que ficar neutral, á excepção dos
generos de contrabando especificados no Artigo antecedente.
As mercadorias pertencentes aos vassallos da mesma Poten
cia neutral, carregadas em embarcações inimigas, serão de
boa presa; dever-se-hão comtudo exceptuar as carregações
feitas antes da declaração de guerra, e ainda mesmo as que
forem feitas depois do rompimento, mas antes que os nego
ciantes tenham tido o tempo necessario para ser scientes da
»obredita declaração de guerra. Portanto convieram as duas
Altas Partes Contratantes em assignalar o termo, em que
taes mercadorias carregadas em embarcações inimigas po
derão ser por seus donos reclamadas, que vem a ser o es
paço de dois mezes depois da declaração de guerra áquem
da linha, e o de seis mezes alem da linha e em todos os mais
logares do mundo.
ART. XXV.
No caso que uma das duas Altas Partes Contratantes
esteja em guerra com qualquer outro Estado, os vassallos
dos seus inimigos, que se acharem no serviço da Potencia
Contratante que houver ficado neutral na dita guerra, ou
os d'entre elles que forem naturalisados ou tiverem adqui
rido o direito de cidadão nos seus Estados, ainda mesmo
durante a guerra, serão vistos e tratados pela outra parte
belligerante como proprios vassallos da sua alhada, sem a
menor differença entre uns e outros.
80 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
ART. XXVI.
Si les navires des sujets des deux Hautes Parties Con
tractantes échouaient ou faisaient naufrage sur les côtes des
États respectifs, on s'empressera de leur donner tous les
secours et assistances possibles, tant à l'égard des navires
et effets, qu'envers les personnes qui en composent l'équi
page, et l'on y procédera en tous points de la même ma
nière usitée à l'égard des sujets mêmes du Pays, en n'exi
geant rien au-delà des mêmes fraix et droits auxquels ceux-
ci sont assujettis en pareil cas sur leurs propres côtes, et on
prendra de part et d'autre le plus grand soin pour que cha
que effet sauvé d'un tel navire naufragé ou échoué soit fidè
lement rendu au légitime propriétaire.
ART. XXVII.
Tous les procès et autres affaires civiles, concernant les
négociants Portugais établis en Russie, et les négociants
Russes établis en Portugal, seront jugés par les tribunaux
du Pays desquels les affaires du commerce ressortissent ; et
il sera rendu de part et d'autre la plus prompte et exacte
justice aux sujets respectifs, conformément aux lois et formes
judiciaires établies dans chaque Pays.
ART. XXX.
On prendra réciproquement toutes les précautions né
cessaires pour que le brac soit confié à des gens connus par
leur intelligence et probité, afin de mettre les sujets res
pectifs à l'abri du mauvais choix des marchandises et des
emballages frauduleux. Et chaque fois qu'il y aura des preu
GOVERNO DO PRINCIPE DO DRAZIL O SENHOR D. JOÃO. 83
auctorisadas com ordens ou procurações bastantes, não se
dará fé nem credito a sua palavra; e postoque as alfandegas
devam n'isso cuidar attentamente, não serão os contratantes
menos obrigados a cuidar por si mesmos em que os ajustes
ou contratos que entre si fizerem, não excedam os limites
das procurações ou ordens dadas pelos donos das fazendas,
os quaes não serão responsaveis, senão pelo valor e objecto
declarados em suas procurações.
Mas ainda que em Portugal não seja costume fazer re
gistar nas alfandegas os contratos ou ajustes que os com-
merciantes fazem entre si, será comtudo livre aos commer-
ciantes Russianos recorrer á Administração geral das alfan
degas ou á Junta do Commercio, as quaes serão obrigadas
a fazer o dito registo, debaixo das mesmas condições acima
expressadas no presente Artigo, pelo que toca ás alfandegas
da Russia. E poderão igualmente recorrer ao mesmo Admi
nistrador geral das alfandegas ou á Junta do Commercio
para obter a inteira e plena execução de quaesquer contra
tos que tiverem celebrado de compra ou venda ; entenden-
do-se isto sempre nos termos de reciprocidade e perfeita
igualdade entre as duas Nações, que são a base do presente
Tratado.
ART. XXIX.
As duas Altas Partes Contratantes se obrigam recipro
camente a dar todo o possivel auxilio aos vassallos respe
ctivos contra aquelles dos mesmos vassallos que não houve
rem cumprido com as obrigações de um contrato feito e
registado segundo as leis e fórmas prescriptas. E o Governo
de uma e outra parte empregará em caso de precisão a au-
ctoridade necessaria para obrigar as partes a comparecer
em juizo nos logares em que os ditos contratos houverem
sido celebrados e registados, e para conseguir a exacta e
inteira execução de tudo o que n'elles se tiver estipulado.
ART. XXX.
Tomar-se-hão reciprocamente todas as precauções ne
cessarias para que o officio de corretor de fazendas (deno
minado brac) se confie a pessoas conhecidas pela sua intel
igencia e probidade, a fim de que os vassallos respectivos
não fiquem expostos à má escolha das fazendas e a enfar
84 REINADO DA SENHORA D. MARIA 1.
ves suffisantes de mauvaise foi, contravention ou négligence
de la part des Bracqueurs ou gens préposés à cet effet, ils
en répondront en leurs personnes et leurs biens, et seront
obligés de bonifier les pertes qu'ils auront causées.
ART. XXXI.
Les marchands Portugais établis en Russie peuvent ac-
-quitter les marchandises qu'ils y achetent en la même mon
naie courante de Russie qu'ils reçoivent pour leurs marchan
dises vendues, à moins que dans leurs contracts ou accords
faits entre le vendeur et l'acheteur il n'ait été stipulé le con
traire. Ceci doit s'entendre réciproquement de même pour
les marchands Russes établis en Portugal.
ART. XXXII.
Les sujets respectifs auront pleine liberté de tenir dans
les endroits où ils seront établis leurs livres de commerce
en telle langue qu'ils voudront, sans que l'on puisse rien
leur prescrire à cet égard; et l'on ne pourra jamais exiger
d'eux de produire leurs livres de compte ou de commerce,
excepté pour leur justification en cas de banqueroute ou
de procès; mais dans ce dernier cas ils ne seront obligés
de présenter que les Articles nécessaires à l'éclaircissement
de l'affaire dont il sera question. Et pour ce qui regarde
les banqueroutes, on observera de part et d'autre les loix
et réglemens qui se trouvent établis, ou qui s'établiront à
l'avenir dans chaque Pays à ce sujet.
ART. XXXIII.
Il sera permis aux marchands Portugais établis en Rus
sie de bâtir, acheter, vendre et louer des maisons dans tou
tes les Villes de cet Empire, qui n'ont pas des privilèges
municipaux ou droits de bourgeoisie contraires à ces acqui
sitions. Toutes les maisons qui seront possédées et habitées
par des marchands Portugais à Saint Petersbourg, Moscou
et Archangel, seront exemptes de tout logement aussi long
temps qu'elles leur appartiendront, et qu'ils y logeront eux
GOVERNQ D0 PRINCIPE DO BRAZIL O SENHOR I). JOÃO. 85
damentos fraudulentos. E toda a vez que houver provas l
suíficientes de má fé, contravenção ou negligencia da parte
dos corretores denominados Braqueurs, ou das pessoas
encarregadas do seu officio, serão d'isso responsaveis em
suas pessoas e bens, e ficarão obrigadas a indemnisar as-
perdas que houverem causado.
ART. XXXI.
Os commerciantes Portuguezes estabelecidos na Russia
poderão pagar as mercadorias que ali comprarem, na mesma
moeda corrente da Russia que receberem pelas suas mer
cadorias que ali venderem, a não haver o contrario sido
estipulado nos contratos ou ajustes feitos entre o vendedor
e o comprador. O mesmo se deverá entender reciproca
mente a respeito dos commerciantes Russianos estabelecidos
em Portugal.
ART. XXXII.
Os vassallos respectivos gosarão da plena liberdade de
ter nos logares em que se acharem estabelecidos os seus
livros de commercio escripturados no idioma que quizerem,
sem que a este respeito se lhes possa prescrever cousa al
guma; e d'elles não se poderá jamais exigir que apresentem
os seus livros de contas ou de commercio, senão para sua
propria defeza, em caso de quebra ou de litigio: n'este ul
timo caso porém não serão obrigados a apresentar senão os
Artigos necessarios para intelligencia do negocio de que se
tratar. E pelo que respeita ás quebras, observar-sc-hão de
uma e oulra parte as leis e regulamentos que se acharem
estabelecidos, ou que para o futuro se estabelecerem em
cada Paiz sobre este assumpto.
ART. XXXIII.
Será permittido aos negociantes Portuguezes estabele
cidos na Russia edificar, comprar, vender e alugar casas
em todas as Cidades d este Imperio que não tiverem privi
legios municipaes ou foraes particulares que se opponham
«estas acquisições. Todas as casas que forem possuidas e ha
bitadas por commerciantes Portuguezes em S. Petersburgo,
Moscou e Archangel serão isentas de todo e qualquer aquar-
telamento, em quanto lhes pertencerem ou elles mesmos as
REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1798 mêmes. Mais quant à celles qu'ils donneront ou prendront
Dezembro ^ iouage, elles seront assujetties aux charges et logemens
prescrits pour cet endroit-là. Les marchands Portugais pour
ront aussi s'établir dans les autres Villes de l'Empire de Rus
sie, mais les maisons qu'ils y bâtiront ou acheteront ne joui
ront pas des exemptions accordées seulement dans les trois
Villes ci-dessus spécifiées. Cependant si l'on jugeait à propos
par la suite de faire une ordonnance générale pour acquitter
en argent la fourniture des quartiers, les marchands Portu
gais y seront assujettis comme les autres.
ART. XXXIV.
Les sujets de l'une et de l'autre Puissance Contractante
pourront librement se retirer quand bon leur semblera des
États respectifs, sans éprouver le moindre obstacle de la part
du Gouvernement, qui leur accordera avec les précautions
prescriptes dans chaque endroit les passeports en usage,
pour pouvoir quitter le Pays et emporter librement les biens
qu'ils y auront apportés ou acquis, après s'être assuré qu'ils
ont satisfait à toutes leurs dettes, ainsi qu'aux droits fixés
par les lois, statuts et ordonnances du Pays qu'ils voudront
quitter.
art. xxxv.
Quoique le droit d'Aubaine n'existe pas dans les États
des deux Hautes Parties Contractantes, cependant Leurs Ma
jestés voulant prévenir tout doute quelconque à cet égard,
conviennent réciproquement entre Elles, que les biens meu
bles et immeubles délaissés par la mort d'un des sujets res
pectifs dans les États de l'autre Puissance Contractante se
ront livrement dévolus, sans le moindre obstacle, à ses hé
GOVERNO DO PRINCIPE DO BKAZ1L O SENHOR D. JOÃO. 87
habitarem. Aquellas porém que elles derem ou tomarem de
aluguel ficarão sujeitas aos encargos e alojamentos prescrip-
tos áquelle logar. Os commerciantes Portuguezes poderão
tambem estabelecer-se nas outras Cidades do Imperio da
Russia; as casas porém que n'ellas edificarem ou compra
rem não gosarão das isenções concedidas sómente ás tres
Cidades acima especificadas. Comtudo, se pelo tempo adiante
se julgar conveniente determinar por uma ordem geral que
se pague a dinheiro a subministração dos quarteis, serão os
commerciantes Portuguezes, como todos os mais, a ella
obrigados.
Sua Magestade Fidelissima se obriga reciprocamente a
conceder aos commerciantes Russianos estabelecidos ou que
se estabelecerem em Portugal as mesmas isenções e privi
legios que se acham estipulados pelo presente Artigo a favor
dos commerciantes Portuguezes na Russia, com as mesmas
condições acima expressadas, designando as Cidades de Lis
boa e Porto e a Villa de Setubal, para n'ellas gosarem os
commerciantes Russianos das mesmas prerogativas concedi
das aos Portuguezes nas cidades de S. Petersburgo, Moscou
e Archangel.
ART. XXXIV.
Os vassallos de uma e outra Potencia Contratante pode
rão livremente retirar-se dos Estados respectivos quando
bem lhes parecer, sem experimentar o menor obstaculo da
parte do Governo, que conceder-lhes-ha com as cautelas
prescriptas em cada logar os passaportes do costume, para
poderem sair do paiz e levar livremente os bens que ali
houverem trazido ou adquirido, depois de constar que sa
tisfizeram todas as suas dividas, assim como os direitos es
tabelecidos pelas leis, estatutos e ordenações do Paiz d'onde
quizerem sair.
ART. XXXV. »
Ainda que o direito de Aubaine não exista nos Estados
das duas Altas Partes Contratantes, comtudo Suas Magesta-
des querendo prevenir toda e qualquer duvida a este res
peito, convem reciprocamente entre Si em que os bens mo
veis e immoveis, deixados por morte de qualquer dos vas
sallos respectivos nos Estados da outra Potencia Contratan
te, passem livremente e sem o menor obstaculo aos seus le
88 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
ritiers légitimes par testament, ou ab intestat, qui, après
avoir légalement satisfait aux formalités prescrites dans le
Pays, pourront se mettre tout' de suite eu possession de
l'héritage, soit par eux-mêmes, soit par procuration, ainsi
■que les exécuteurs testamentaires, si le défunt en avait
nommé; et les dits héritiers disposeront selon leur bon
plaisir et convenance de l'héritage qui leur sera échu, après
avoir acquitté les droits établis par les lois du Pays, où la
dite succession aura été délaissée.
Mais si les héritiers étaient absens ou mineurs, ou qu'ils
n'eussent pas pourvu à faire valoir leurs droits, dans ce cas
l'inventaire de toute la succession devra être fait par un no
taire public en présence des juges ou tribunaux du lieu
compétant pour cela, en conformité des lois et usages du
Pays, et en présence do Consul de la Nation du décédé, s'il
y en a un dans le même endroit, et de deux autres person^
nes dignes de foi.
Après quoi la dite succession sera déposée dans quel
que établissement public, ou entre les mains des deux ou
trois marchands qui seront nommés à cet effet par le dit
Consul, ou à son défaut entre les mains des personnes choi
sies pour cela par l'autorité publique, afin que les dits biens
soient gardés et conservés par eux pour les légitimes héri
tiers et véritables propriétaires.
Mais s'il s'élevait des contestations sur un tel héritage
entre plusieurs prétendants, les tribunaux du lieu, où les
biens du défunt se trouveront, devront juger et décider
les procès selon les lois du Pays.
ART. XXXVI.
Si la paix était rompue entre les deux Hautes Parties
Contractantes (ce qu'à Dieu ne plaise) on ne confisquera
point les navires ni les biens des sujets commerçants respe
ctifs, ni on n'arrêtera pas leurs personnes, mais on leur
accordera au moins l'espace d'une année pour vendre, dé
biter ou transporter leurs effets, et pour se rendre dans
cette vue partout, où ils jugeront à propos, après avoir ce
pendant acquitté leurs dettes. Ceci s'entendra pareillement
de ceux des sujets respectifs qui seront au service de l'une
ou de l'autre des Puissances ennemies; il sera permis aux
GOVERNO DO PRINCIPE DO BRAZIL O SENHOR D. JOÀO. 89
gitknos herdeiros por testamento ou ab intestato; os quaes,
depois de haver legalmente satisfeito ás formalidades pre-
scriptas no Paiz, poderão logo .tomar posse da herança, ou
por si mesmos ou por procuração, assim como o poderão
fazer os executores testamentarios, se o defunto os houver
nomeado; e disporão os ditos herdeiros como bem lhes pa
recer e convier da herança que lhes for devoluta, depois de
ter pago os direitos estabelecidos pelas leis do Paiz, em que
a dita herança houver sido deixada.
Se porém os herdeiros estiverem ausentes ou forem me
nores, ou não tiverem cuidado em justificar os seus direi
tos, em tal caso deverá o inventario da herança fazer-se por
um Tabellião publico perante os juizes ou tribunaes compe
tentes do logar, na conformidade das leis e costumes do Paiz,
e na presença do Consul da Nação do fallecido, se no mes
mo logar o houver, e de mais duas pessoas fidedignas.
ART. XXXVI.
No caso que venha a paz a romper-se entre as duas Al
tas Partes Contratantes (o que Deus não permitta) não se
confiscarão os navios nem os bens dos respectivos vassallos
commerciantes, nem se apprehenderão as suas pessoas, mas
antes conceder-se-Ihes-ha ao menos o espaço de um anno
para vender, alhear ou transportar os seus effeitos, e para
com este fim passar a toda a parte que lhes parecer conve/-
niente, depois de ter comtudo pago as suas dividas: o que
se entenderá similhantemente dos vassallos respectivos que
estiverem ao serviço de uma ou de outra das Potencias ini
90 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
uns et aux autres, avant leur départ, de disposer selon leur
bon plaisir et convenance de ceux de leurs effets, dont ils
n'auront pu se défaire, ainsi que des dettes qu'ils auront à
prétendre; et leurs débiteurs seront obligés de s'acquitter
envers eux comme s'il n'y avait pas eu de rupture.
ART. XXXVII.
Quoique les deux Hautes Parties Contractantes aient
réciproquement à cœur d'établir à perpétuité les liaisons
d'amitié et de commerce qu'Elles viennent de renouveler
tant entre Elles qu'entre leurs sujets respectifs, cependant
comme il est d'usage de limiter de tels engagements, Elles
conviennent entre Elles que le présent Traité de commerce
durera l'espace de douze années, à compter du terme de
l'expiration du précédent Traité du ~^ Décembre 1787, et
toutes les stipulations en seront religieusement observées de
part et d'autre durant cet espace de temps.
ART. XXXVIII.
Sa Majesté la Reine de Portugal et Sa Majesté l'Empe-
peur de Toutes les Russies s'engagent à ratifier le présent
Traité d'Amitié, de Navigation et de Commerce, et les ra
tifications en bonne et due forme en seront échangées dans
l'espace de cinq mois à compter du jour de la date de sa
signature, ou plutôt si faire se peut.
En foi de quoi, Nous soussignés, en vertu de nos pleins
pouvoirs, avons signé le dit Traité, et y avons apposé le
cachet de nos Armes. Fait à Saint Petersbourg, le ^ du mois
de Décembre 1798.
ART. XXXVIII.
Sua Magestade a Rainha de Portugal e Sua Magestade
o Imperador de Todas as Russias se obrigam a ratificar o
presente Tratado de Amisade, de Navegação e de Commer
cio, e as ratificações feitas em boa e devida fórma serão tro
cadas no espaço de cinco mezes, que principiarão a contar-
se desde o dia da sua assignatura, ou antes se possivel for.
Em fé do que, Nós abaixo assignados, em virtude dos
nossos plenos poderes, assignámos o presente Tratado, e o
sellámos com o sêllo das nossas Armas. Feito em S. Pe-
tersburgo, a — do mez de Dezembro de 1798.
PARTE HL
REGÊNCIA DO PRÍNCIPE REGENTE
1799
Haio O Bachà de Tripoli, seus Herdeiros e Successores se
li
obrigam a concluir um firme, sincero e inviolavel Tratado
de paz e amizade com o Reino de Portugal, expressamente
nos termos da Paz presentemente em pé, e que existe entre
Tripoli e a Gran-Bretanha; e até estes termos serem ratifi
cados, é mutuamente ajustado que as hostilidades cessem
de uma parte e de outra desde o dia de hoje por diante; e
que os subditos de uma e outra Nação gosem de todos os
privilegios especificados no Tratado de paz acima declarado
entre Tripoli e a Gran-Bretanha. Datado na presença de Deus
Nosso Senhor Todo Poderoso, a bordo da Nau de Sua Ma-
gestade Fidelissima, Affonso de Albuquerque, na frente de
ART. I.
Em primeiro logar se estipula e ajusta que d'aqui em
diante haverá para sempre uma paz verdadeira e inviolavel
entre o Serenissimo Senhor Principe do Brazil, Regente de
Portugal, e os Illustrissimos Senhores Governadores da Ci
dade e Reino de Tripoli, e entre todos os Dominios e sub
ditos de cada uma das Partes; e se acontecer que os navios
e súbditos de cada uma das Partes se encontrem no mar,
ou em qualquer outro sitio, não se molestarão uns aos ou
tros, antes tratar-se-hão reciprocamente com todo o respeito
e amizade possivel.
ART. II.
Que todos os navios mercantes pertencentes aos Domí
nios de Portugal, e que traficam para a Cidade ou qualquer
parte do Reino de Tripoli, não pagarão mais do que tres
por cento de direito de alfandega por toda a casta de mer
cadorias que hajam de vender; e as que não houverem de
vender, ser-lhes-ha permittido embarca-las outra vez a bor
do, sem pagar nenhuma sorte de direito qualquer que este
seja, e partirão sem embaraço algum ou vexação.
ART. III.
Que todos os navios e mais embarcações, assim as que
pertencem ao Serenissimo Senhor Principe Regente de Por
tugal, ou a algum dos subditos do mesmo Senhor, como as
pertencentes ao Reino e Povo de Tripoli, passarão livremente
o mar, e traficarão onde bem lhes parecer, sem revista, em
baraço ou vexação umas das outras ; e que todas as pessoas
ou passageiros de qualquer paiz que seja, e todos os dinhei
ros, mercadorias e moveis pertencentes a qualquer Povo ou
Nação, que se achem a bordo de algum dos ditos navios ou
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 101
embarcações, serão inteiramente livres, e não serão retidos,
tomados ou pilhados, nem receberão de cada uma das Par
tes prejuizo ou damno algum qualquer que este seja.
ART. IV.
Que os navios de guerra Tripolinos, ou quaesquer ou
tras embarcações pertencentes a Tripoli, encontrando-se com
alguns navios mercantes ou outras embarcações dos subdi
tos do Serenissimo Senhor Principe Regente de Portugal
(não sendo em algum dos mares pertencentes a algum dos
Dominios de Sua Alteza Real) poderão mandar a bordo um
só bote com dois homens, alem da companha ordinaria de
remeiros, e não mais: os dois homens porém não entrarão
em qualquer dos ditos navios mercantes ou das outras em
barcações, sem expressa licença do Commandante de qual
quer dos ditos navios ou embarcações ; e então apresentan-
do-lhe um passaporte assignado pelo Ministro, Conselheiro
e Secretario d'Estado dos Negocios da Marinha e Dominios
Ultramarinos de Portugal, e sellado com o sêllo das Armas
Reaes, partirá immediatamente o dito bote; e o navio ou
navios mercantes, embarcação ou embarcações proseguirão
livremente sua viagem ou viagens; e postoque o Comman
dante ou Commandantes do dito navio ou navios mercan
tes, embarcação ou embarcações não apresentem passaporte
algum do sobredito Ministro, Conselheiro e Secretario d'Es-
tado, comtudo, se a maior parte da tripulação do navio ou
embarcação for composta de subditos do Serenissimo Senhor
Príncipe Regente de Portugal, partirá immediatamente o dito
bote; e o navio ou navios mercantes, embarcação ou em
barcações proseguirão livremente sua viagem ou viagens. E
encontrando-se qualquer dos ditos navios de guerra, ou ou
tras embarcações do sobredito Serenissimo Senhor Principe
Regente com algum navio ou navios, embarcação ou embar
cações pertencentes a Tripoli, se o Commandante ou Com
mandantes de qualquer navio ou navios d'estes, embarcação
ou embarcações d'estas apresentar um passaporte assignado
pelos principaes Governadores de Tripoli, e uma certidão do
Consul de Portugal ali residente, ou que houver ali de re
sidir, ou se tal passaporte não tiverem, mas se as suas tri
pulações forem compostas de Turcos, Mouros ou escravos
102 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
pertencentes a Tripoli, então proseguirão livremente os ditos
navio ou navios, embarcação ou embarcações Tripolinas.
ART. V.
Que nenhum Commandante ou outra pessoa de algum
navio ou embarcação de Tripoli, tirará de qualquer navio
ou embarcação dos subditos do Serenissimo Senhor Principe
de Portugal pessoa alguma ou pessoas, quaesquer que estas
sejam, para conduzi-las a qualquer parte que seja, a fim de
serem examinadas, ou debaixo de outro algum pretexto;
nem usará de força ou violencia contra pessoa alguma de
qualquer Nação ou qualidade que seja, que se ache a bordo
de algum navio ou embarcação dos subditos de Sua Alteza
Real, sob qualquer pretexto que ser possa.
ART. VI.
Que nenhum navio ou embarcação naufragada perten
cente ao dito Serenissimo Senhor Principe Regente, ou a
qualquer dos subditos de Sua Alteza Real, sobre qualquer
parte das costas pertencentes a Tripoli, será feita presa, e
que nem os seus bens serão apprehendidos, nem a gente
feita escrava; mas que todos os subditos de Tripoli farão
todos quantos esforços podérem para salvar a dita gente e
seus bens.
ART. VII.
Que nenhuns navios ou outras embarcações de Tripoli
terão licença e liberdade para irem a qualquer outro logar
que se ache em inimizade com o Serenissimo Senhor Prin
cipe Regente de Portugal, a fim de serem empregados no
mar como corsarios contra os subditos de Sua Alteza Real.
ART. VIII.
Que se algum navio ou embarcação de Tunis, Argel,
Tetuão, Salé, ou qualquer outro logar que se ache em guerra
com o dito Serenissimo Senhor Principe Regente, trouxer
alguns navios ou embarcações, gente, ou bens pertencentes
aos subditos do mesmo Senhor a Tripoli, ou a algum outro
porto ou logar d'aquelle Reino, o Governador d' ali não per-
mittirá que sejam vendidos dentro do territorio de Tripoli,
bem como se acha estipulado em Argel.
REGÊNCIA DO PRÍNCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 1 0$
ART. IX.
Que se acontecer que algum subdito do Serenissimo Se- 17»
nhor Principe Regente de Portugal morra em Tripoli ou seu* M1a^°
territorio, os seus bens ou dinheiro não serão apprehendi-
dos pelos Governadores ou Ministros alguns de Tripoli, mas
ficarão todos elles em poder do Consul de Portugal ou seu
Agente.
ART. X.
Que nem o Consul de Portugal, nem outro algum sub
dito do dito Serenissimo Senhor Principe Regente será obri
gado a pagar as dividas de outro algum dos subditos de
Soa Alteza Real, a não ser no caso que por um acto pu
blico se tenha constituido fiador das mesmas dividas.
ART. XI.
Que os subditos do Serenissimo Senhor Principe Re
gente de Portugal, que se acharem em Tripoli ou seu ter
ritorio, não serão em materia de contestação sujeitos a al
guma outra jurisdicção, senão á do Dey ou Divan, exce
pto succedendo que elles estejam em litigio entre si mes
mos, no qual caso não serão elles sujeitos a outra alguma
decisão senão só à do Consul.
ART. XII.
Que no caso que succeda que algum subdito do Sere
nissimo Senhor Principe Regente de Portugal, que se ache
em qualquer parte do Reino de Tripoli, espanque, mate ou
fira um Turco ou Mouro, se elle for apanhado, deverá ser
punido do mesmo modo, e não com maior severidade do
que o deve ser um Turco, sendo culpado do mesmo crime:
se succeder porém que elle fuja, então nem o Consul de
Portugal, nem nenhum outro dos subditos de Sua Alteza
Real será de sorte alguma inquerido ou incommodado por
aquelle motivo, nem se fará processo algum, nem proferirá
sentença sem que seja perante o Consul.
ART. XIII.
Que o Consul de Portugal, que em qualquer tempo
para o futuro residir em Tripoli, gosará ali sempre de in
teira liberdade e segurança de sua pessoa e estado; e ser
104 REINADO DA SENHORA D. MARIA L
lhe-ha licito escolher o seu proprio Druggermano (Inter
prete) e Corretor, e ir livremente a bordo de qualquer na
vio que se ache na bahia, tantas vezes e quando bem lhe
parecer, e ter a liberdade de sair ao campo; que ser-lhe-ha
concedido um logar para o Culto Divino; e que ninguem o
injuriará de palavra ou de obra; e que em todas as occa-
siões terá a liberdade de arvorar a bandeira do Serenissimo
Senhor Principe Regente de Portugal no topo de sua casa,
e no seu bote quando for embarcado.
ART. XIV.
Que não só durante a continuação d' esta paz e amiza
de, mas igualmente se acontecer haver para o futuro algum
rompimento ou guerra entre o dito Serenissimo Senhor
Principe Regente e a Cidade e Reino de Tripoli, o dito Con
sul e todos os mais subditos de Sua Alteza Real, que ha
bitem o Reino de Tripoli, terão sempre e em todo o tem
po, assim de paz como de guerra, plena e absoluta liber
dade para se ausentarem e partirem para o seu proprio paiz
ou qualquer outro, em qualquer navio ou embarcação da
Nação que já mais lhes parecer, e para levarem comsigo
todo o seu estado, bens, familia e creados, e isso sem in
terrupção alguma ou embaraço.
ART. XV.
Que nenhum subdito do Serenissimo Senhor Principe
Regente de Portugal, vindo ou indo de passageiro a algum
porto, será por modo algum vexado, nem com elle se intro-
metterão, quer com sua pessoa, quer com seus bens, posto-
que a bordo de algum navio ou embarcação que esteja em
inimizade com Tripoli ; e o mesmo se observará a favor dos
subditos de Tripoli.
ART. XVI.
Que quando algum dos navios de guerra do Serenissi
mo Senhor Principe Regente de Portugal apparecer diante
de Tripoli, logo que o Consul de Portugal, ou o Comman-
dante do dito navio o fizer sciente aos principaes Governa
dores de Tripoli, far-se-ha immediatamente uma Proclama
ção publica para segurar os captivos Christãos; e se depois
d'isso alguns Christãos, quaesquer que estes sejam, fugirem
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÀO. 105
para bordo de algum dos ditos navios de guerra, não serão 1799
elles requeridos, para que voltem outra vez para terra; nem Maio
14
o dito Consul ou Commandante ou outro algum dos sub
ditos do Serenissimo Senhor Principe Regente, será obri
gado a pagar cousa alguma pelos ditos Christãos.
ART. XVII.
Que todos os navios mercantes que vierem á Cidade e
Reino de Tripoli, postoque não pertençam a Portugal, terão
plena liberdade de se pôr debaixo da protecção do Consul
de Portugal, pelo que toca á venda e disposição de suas fa
zendas e mercadorias, se assim lhes parecer, sem que nisso
sejam de modo algum embaraçados ou vexados.
ART. XVIII.
Que todas as vezes que algum navio de guerra do Se
renissimo Senhor Principe Regente de Portugal, e com ban
deira do mesmo Senhor, apparecer diante da dita Cidade
de Tripoli, e vier ancorar na bahia, immediatamente depois
que o Consul de Sua Alteza Real, ou o Official do navio der
d'isto aviso ao Dey e Governo de Tripoli, salvarão elles em
honra de Sua dita Alteza Real com vinte e sete tiros de peça,
que serão disparados do Castello e Fortes da Cidade, e res
ponderá o dito navio, disparando o mesmo numero de tiros.
ART. XIX.
Que a nenhum subdito do Serenissimo Senhor Principe
Regente de Portugal será permittido fazer-se Turco ou Mouro
na Cidade de Tripoli (sendo a isso induzido por alguma
surpreza qualquer que esta seja), excepto no caso que elle
voluntariamente compareça perante o Dey ou Governador
com o Consul de Portugal e Druggermano tres vezes den
tro de tres dias, e em cada um dos dias declare a sua re
solução de se fazer Turco ou Mouro.
ART. XX.
Que pois é costume dos Consules europeus fazer os seus
cumprimentos ao Bachá nas festas do Ramadão e Bairão,
(Quaresma e Paschoa) por este Artigo se declara, que o Con
sul do Serenissimo Senhor Principe Regente de Portugal
106 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1799 entrará no numero dos primeiros Consules admittidos á
^l0 audiencia.
ART. XXI.
Que se alguns dos navios de guerra do Serenissimo Se
nhor Principe Regente de Portugal vierem com alguma presa
a Tripoli, ou a algum outro porto ou logar d'aquelle Rei
no, poderão livremente vende-la ou dispor por outro modo
d'ella ao seu proprio arbitrio, sem ser por alguem vexados,
e que os ditos navios de guerra de Sua dita Alteza Real
não serão obrigados a pagar direitos de alfandega de sorte
alguma; e que se elles houverem mister provisões, viveres
ou quaesquer outras cousas, poderão livremente compra-las
pelos preços que forem correntes.
ART. XXII.
Que todas as vezes que para o futuro acontecer que pelos
navios ou subditos de cada uma das Partes se faça ou com-
metta alguma cousa contraria a estes Artigos, pedindo-se
por isso satisfação, dar-se-ha esta, e inteira, e sem sorte al
guma de demora; e não será licito quebrantar esta Paz,
excepto se for negada a satisfação pedida ; e seja quem quer
que for a causa do quebrantamento da Paz, será segura
mente punido com pena competente.
ART. XXIII.
Que os subditos do Serenissimo Senhor Principe Re
gente de Portugal (alem das estipulações contidas n'este)
gosarão de todos os privilegios e vantagens que ora são, ou
que para o futuro forem concedidos aos subditos da Nação
mais favorecida.
1 ART. XXIV.
Que no caso que alguns dos subditos do Serenissimo
Senhor Principe Regente de Portugal hajam de importar ao
dito Reino de Tripoli ou a algum dos seus portos e domi
nios quaesquer munições de guerra, como peças de artilhe-
ria, espingardas, balas, barras de ferro, e todas as castas
de madeira propria para construcção de navios, pez, alca
trão, resina, enxarcia, amarras, mastros, bigotas, ancoras,
vélas e todos os mais aprestes de guerra, tanto por mar
como por terra, assim como provisões de bôca; a saber:
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 107
trigo, cevada, legumes, aveia ou cousas similhantes, não pa- 1799
garão tributo algum ou direito de alfandega, qualquer que M*J°
seja.
ART. XXV.
Que serão expedidos e dados promptamente e sem a
menor difficuldade passaportes por parte da Regencia de
Tripoli a todos os subditos commerciantes, ou outros do
Serenissimo Senhor Principe Regente de Portugal, como
tambem aos seus navios e embarcações de guerra e de com-
mercio, quando as circumstancias assim o exijam, e estes
se lhe solicitem, sejam quaes forem os fins que para isso
concorram ou se alleguem.
ART. XXVI.
Que nenhum navio mercante pertencente a Portugal ou
a alguma outra Nação que esteja debaixo da protecção do
Consul de Portugal, e que se ache no porto de Tripoli, será
demorado mais que oito dias de sair e proseguir sua via
gem, com o motivo de acabar de armar os navios de guerra
do Governo, ou debaixo de outro algum pretexto qualquer
que este seja.
ART. XXVII.
Que todos os paquetes, correios maritimos ou outras
quaesquer embarcações de aviso, em commissão do Serenis
simo Senhor Principe Regente de Portugal, serão tratados
com o mesmo respeito que os navios de guerra do mesmo
Senhor; e toda a devida attenção se haverá para com a com
missão de Sua Alteza Real: e tanto ao encontro, como á se
paração, serão tratados os ditos paquetes, correios mariti
mos ou outras quaesquer embarcações de aviso, como ami
gos. E se algum dos corsarios de Tripoli commetter a me
nor falta ou violencia contra elles, o Capitão ou Arraes que
a commetter, será mui severamente castigado, sem que se
lhes admittam suas desculpas.
ART. XXVIII.
Que todos e cada um dos Artigos d'este Tratado serão
inviolavelmente guardados e observados entre o Serenissi
mo Senhor Principe Regente de Portugal, e os Illustrissi-
mos Bachá, Senhores e Governadores da Cidade e Reino de
I
art. xxrx.
Esta paz estabelecida n'este Tratado entre o Serenissi
mo Senhor Principe Regente de Portugal, seus Reinos e vas-
sallos, e o Illustrissimo Senhor Jusef Bax Carmanaly, Re
gente e Governador de Tripoli de Barbaria, seus Herdeiros
e Successores, deve ser remettida e ratificada no tempo de
seis mezes, para depois d'isto se dar principio á sua obser
vancia. Dado na presença de Deus Nosso Senhor Todo Po
deroso, a bordo da Nau de Sua Magestade Fidelissima Af-
fonso de Albuquerque, na frente de Tripoli, no dia 14 de
Maio de 1799 da computação Christa, e da Hegira Turco
1213, e 10 dias da Lua de Delhejia.
TBATADO DE TRÉGUA ENTRE O PRINCIPE REGENTE O SENHOR
DOM JOÃO E HAMUDA RACHÁ, BEY SUPREMO, COMMANDANTE
DOS ESTADOS DE TUNIS, ASSIGNADO NA CIDADE DE TUNIS
A 29 DE JUNHO DE 1799, E RATIFICADO POR PARTE DE
PORTUGAL EM 19 DE SETEMBRO DO DITO ANNO. (1)
ART. II.
Nenhuma embarcação Tunisina poderá passar o Estreito
de Gibraltar para entrar nos mares do Oceano ; e entrando
a elles será licito apresa-la, e se haverá por boa presa. E se
ART. III.
Poderão todas as embarcações de Sua Magestade Fide
lissima entrar sem embaraço algum nos portos do dominio
Tunisino, e receberão todas as provisões de que carecerem,
assim de animaes vivos e mortos, como de tudo mais, pa
gando as mencionadas provisões pelos preços correntes nos
mercados; sendo consideradas, pelo que respeita aos direi
tos, como o são as embarcações de Sua Magestade Britannica
no Tratado de 1751.
ART. IV.
Se algum escravo se for refugiar a bordo de qualquer
embarcação de Sua Magestade Fidelissima, ficará sendo li
vre, devendo-se observar sobre este Artigo quanto se acha
pactuado entre Sua Magestade Britannica e a Regencia deTu-
nis, no Tratado de 1751: não poderão comtudo os vassal-
los de Sua Magestade Fidelissima prestar ajuda ou auxilio
algum em terra á fuga e refugio dos escravos.
ART. V.
Se alguma embarcação Portugueza naufragar ou enca
lhar em algum porto, costa ou enseada do dominio Tunisir
no, será a fazenda e a gente respeitada, e deverá sua Excel-
lencia o Bey fazer prestar a este fim o preciso auxilio: st
paga porém competente aos homens, que nisso hajam tra
balhado, correrá por conta da embarcação.
ART. VI.
Se entre as embarcações de Sua Magestade Fidelissima
e as da Regencia de Tunis acontecer algum insulto ou ata
que injusto, deverá aquelle que o houver occasionado ser
punido pela Potencia de que for vassallo, em conformidade
das leis do paiz.
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 111
ART. VII.
Todas as causas pertencentes a Sua Magestade Fidelis- 1799
sima e aos Portuguezes, que forem tratadas pelo Encarre- Ju^°
gado dos Negocios d'esta Nação, não poderão ser ventiladas
senão perante sua Excellencia o Bey, e por elle só julgadas.
ART. VIII.
Andarão todos os corsarios Tunisinos munidos de pas
saporte do Encarregado dos Negocios da Nação Portugueza,
do qual passaporte ficará uma cópia em poder do mesmo
Encarregado.
ART. IX.
A presente Tregua e todos os Artigos do presente Tra
tado se observarão inviolavelmente desde o dia da sua as-
signatura. Sendo porém do agrado de Sua Magestade Fide-
lissima não approva-los, nem ratifica-los, deverá Sua Excel
lencia o Bey ser d' isso avisado, e ter o termo de um mez,
que deverá principiar a contar-se do dia em que lhe chegar
o dito aviso, para tomar as devidas precauções.
Em observancia de quanto acima fica ajustado, será o
presente Tratado assignado e Sellado por ambas as partes,
tendo d'elle cada uma a sua cópia, de que se sirva para
manter a mesma Tregua.
Feito no Bardo de Tunis, a Cidade a bem guardada, a
habitação da fidelidade, a 26 da Lua Maharzem do anno da
Hégira 1214, e 29 de Junho de 1799.
(Traducção particular.)
ART. I.
Il y aura une amitié sincère et constante entre Sa Ma
jesté la Reine de Portugal et Sa Majesté l'Empereur de
Toutes les Russies, Leurs Héritiers et Successeurs, et en
conséquence de cette union intime les Hautes Parties Con
tratantes n'auront rien plus fortement à cœur que d'avan
cer par tous les moyens possibles Leurs intérêts mutuels;
de détourner l'un de l'autre tout ce qui pourrait Lui causer
quelque tort, dommage ou préjudice; et de se maintenir réci
proquement dans la tranquille possession de Leurs États,
droits, commerce et prérogatives quelconques, en se garan
tissant pour cet effet réciproquement tous Leurs Pays, États
et Possessions tels qu'Elles les possèdent actuellement, ainsi
que ceux qu'Elles pourraient acquérir par des Traités.
ART. II.
Si malgré les efforts qu'Elles employeront d'un commun
accord pour atteindre ce but, il arrivait cependant que l'une
d'entre Elles fut attaquée par terre ou par mer, l'autre Lui
prêtera d'abord, et dès que la réquisition Lui en aura été
faite, les secours stipulés par les Articles subséquens de ce
Traité.
. ART. III.
Sa Majesté Très-Fidèle et Sa Majesté Impériale de Toutes
les Russies déclarent toutefois, qu'en contractant la pré
sente alliance Elles n'entendent nullement offenser par là,
ni faire du tort à qui que ce soit; mais que Leur seule et
unique intention est de pourvoir par ces engagemens à Leur
avantage et sûreté réciproque, ainsi qu'au rétablissement de
la paix et au maintien de la tranquillité générale de l'Eu
rope.
ART. IV.
Puisque les deux Hautes Parties Contractantes professent
le même vœu de se rendre Leurs secours mutuels aussi avan
tageux que possible, on est convenu que si Sa Majesté Très-
Fidèle était attaquée ou troublée par quelqu'autre Puissance
et en quelque manière que ce soit dans la possession de Ses
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 115
quaes, depois de se haverem communicado os seus plenos- 1799
poderes achados em boa e devida fórma, convieram nos Ar- Sete1™1)
tigos seguintes:
ART. I.
Haverá uma amizade sincera e constante entre Sua Ma
gestade a Rainha de Portugal e Sua Magestade o Imperador
de Todas as Russias, Seus Herdeiros e Successores, e em
consequencia d'esta intima união as Altas Partes Contra
tantes nada terão tão fortemente a peito como de promo
verem por todos os meios possiveis Seus mutuos interesses,
de desviarem um do outro tudo o que podér causar-Lhe
algum damno ou prejuizo, e de se manterem reciprocamente
na posse tranquilla de Seus Estados, direitos, commercio e
prerogativas quaesquer, garantindo-se para este effeito re
ciprocamente todos os seus Paizes, Estados e Possessões,
quaes os possuem actualmente, bem como os que podérem
adquirir por Tratados.
ART. II.
Se apesar dos esforços que de um commum accordo
empregarem para conseguir aquelle fim, succedesse que um
d'Elles fosse atacado por terra ou por mar, prestar-lhe-ha
logo o outro, e desde que para isso Lhe for feita a requi
sição, os soccorros estipulados pelos Artigos subsequentes
deste Tratado.
ART. III.
Sua -Magestade Fidelissima e Sua Magestade Imperial
de Todas as Russias declaram comtudo que, ao contratarem
a presente alliança, não entendem de maneira alguma com
isso offender nem fazer damno a quem quer que seja; mas
que a Sua unica intenção é só de prover por estes empenhos
á Sua conveniencia e segurança reciproca, bem como ao res
tabelecimento da paz e conservação da tranquillidade geral
da Europa.
ART. IV.
Como as duas Altas Partes Contratantes têem igual de
sejo em se prestarem os seus mutuos soccorros tão vantajo
samente quanto possivel, conveiu-se que se Sua Magestade
Fidelissima for atacada ou perturbada por qualquer outra
Potencia, e de qualquer modo que seja, na posse de Seus
116 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1799 États et Provinces, de sorte qu'Elle jugeât nécessaire de re
Setembro quérir l'assistance de Son Allié, Sa Majesté Impériale de
11
Toutes les Russies Lui enverra d'abord six mille hommes
d'infanterie. Si de l'autre côté Sa Majesté Impériale de Tou
tes les Russies se trouvait attaquée ou troublée par quel-
qu'autre Puissance, et en quelque sorte que ce soit, dans la
possession de Ses États et Provinces, de sorte qu'Elle jugeât
nécessaire de requérir l'assistance de Son Alliée, Sa Majesté
Très-Fidèle Lui enverra d'abord une escadre de six bâti-
mens de guerre, savoir; cinq vaisseaux de soixante-quatre
à soixante-quatorze canons et une frégate de trente-deux à
quarante canons. Cette escadre sera dûment équipée et ar
mée en guerre, ayant à bord le nombre d'Officiers, de ma
telots, soldats et canonniers fixés par les réglemens de Sa
Majesté Très-Fidèle; lesquels secours seront respectivement
envoyés aux endroits qui seront désignés par la partie re
quérante, et demeureront à la libre disposition de Celle-ci
pendant tout le temps que les hostilités dureront.
ART. V.
Mais si la nature de l'attaque était telle que la partie
attaquée ne trouvât pas de son intérêt de demander les se
cours effectifs, tels qu'ils ont été stipulés dans l'Article pré
cédent, alors les deux Hautes Parties Contratantes ont ré
solu de convertir le dit secours dans un subside en argent;
c'est à dire: Si Sa Majesté Très-Fidèle venait à être atta
quée et préférait des secours en argent, Sa Majesté Impé
riale de Toutes les Russies, après la réquisition préalablement
faite, Lui payera la somme de deux-cents cinquante mille
roubles par an, pendant tout le temps des hostilités, pour
L'aider à supporter les frais de la guerre; et si Sa Majesté
Impériale de Toutes les Russies venait à être attaquée et
préférait des secours en argent, Sa Majesté Très-Fidèle Lui
fournira la même somme par an, aussi long-temps que les
hostilités dureront.
ART. VI.
Si la partie requise, après avoir prêté le secours stipulé
par le îv Article de ce Traité, était attaquée elle-même,
de sorte qu'elle fut mise par là dans la nécessité de rap
peler ses troupes pour sa propre sûreté, il lui sera libre
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 1 17
Estados e Provincias, de sorte que julgasse necessario re
querer a assistencia de Seu Alliado, Sua Magestade Imperial
de Todas as Russias Lhe enviará logo seis mil homens de
infanteria. Se por outro lado Sua Magestade Imperial de
Todas as Russias se achasse atacada ou perturbada por qual
quer outra Potencia, e de qualquer modo que seja, na posse
de Seus Estados e Provincias, de sorte que julgasse neces
sario requerer a assistencia da Sua Alliada, Sua Magestade
Fidelissima Lhe enviará logo uma esquadra de seis vasos
de guerra, a saber: cinco naus de sessenta e quatro a se
tenta e quatro peças, e uma fragata de trinta e duas a qua
renta peças. Esta esquadra será devidamente provida e ar
mada em guerra, tendo a bordo o numero de Officiaes, ma
rinheiros, soldados e artilheiros fixados pelos regulamentos
de Sua Magestade Fidelissima; os quaes soccorros serão res
pectivamente enviados aos logares que forem designados pela
parte requerente, e ficarão á livre disposição d' esta por todo
o tempo que durarem as hostilidades.
ART. V.
Mas se a natureza do ataque for tal que a parte atacada
não julgue do seu interesse pedir os soccorros effectivos,
taes como se acham estipulados no Artigo precedente, então
as duas Altas Partes Contratantes resolveram converter o
dito soccorro em um subsidio pecuniario; isto é: Se Sua
Magestade Fidelissima vier a ser atacada e preferir soccor
ros em dinheiro, Sua Magestade Imperial de Todas as Rus
sias, depois de previamente feita a requisição, Lhe pagará
a somma de duzentos e cincoenta mil rublos por anno, du
rante todo o tempo das hostilidades, para A ajudar a sup-
portar as despezas da guerra; e se Sua Magestade Imperial
de Todas as Russias vier a ser atacada e preferir soccorros
era dinheiro, Sua Magestade Fidelissima Lhe fornecerá a
mesma somma annualmente, por tanto tempo quanto du
rarem as hostilidades.
ART. VI.
Se a parte requerida, depois de haver prestado o soc
corro estipulado pelo Artigo iv d'este Tratado, fosse ella
mesma atacada, dc sorte que se visse assim obrigada a cha
gar as suas tropas para a sua propria defeza, ser-lhe-ha
118 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1799 de le faire, après en avoir averti deux mois auparavant la
Setjmbro partie requérante. Pareillement si la partie requise était
elle-même en guerre dans le temps de la réquisition, de
sorte qu'elle fut obligée de retenir auprès d'elle pour sa
propre sûreté et défense les forces qu'elle devait fournir à
son allié en vertu de ce Traité, en ce cas la partie requise
sera dispensée de fournir les dits secours pendant tout le
temps que cette nécessité durera.
ART. VII.
Les troupes auxiliaires de la Russie seront pourvues d'ar
tillerie de campagne, de munitions de guerre et de tout ce
dont elles ont besoin à proportion de leur nombre. Elles se
ront payées et recrutées annuellement par la Cour requise.
Quant aux rations et aux portions ordinaires en vivres et
en fourrages, ainsi qu'aux quartiers, ils leur seront don
nés par la Cour requérante, et tout cela sur le pied qu'elle
entretient ou entretiendra ses propres troupes en campa
gne et dans les quartiers.
ART. VIII.
En cas que les dites troupes auxiliaires Russes dussent
se rendre au secours de Sa Majesté Très-Fidèle, la Cour de
Lisbonne prendra sur elle de procurer les bâtimens de tran
sport, ou bien de fournir les frais de ce transport, ce qui
doit s'entendre aussi des recrues que Sa Majesté Impériale
sera obligée d'envoyer à ces troupes, aussi bien que du re
tour de celles-ci en Russie, lorsqu'elles seront ou renvoyées
par Sa Majesté Très-Fidèle, ou rappellées par Sa Majesté
Impériale de Toutes les Russies pour Sa propre défense, se
lon l'Article vi de ce Traité. Il est stipulé de plus, que dans
le cas ou de rappel ou de renvoi des dites troupes, les deux
Hautes Parties Contractantes s'entendront avec Leur ami et
allié le Roi de la Grande Bretagne, afin que les troupes
aient aussi de sa part un convoi suffisant de vaisseaux de
guerre pour leur sûreté.
ART. IX.
L'Officier Commandant, soit de l'escadre que Sa Majesté
Très-Fidèle doit fournir à la Russie, soit des troupes auxi
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 119
livre de o fazer dando d'isso aviso dois mezes antes à parte
requerente. Do mesmo modo se a parte requerida se achasse
ella mesma em guerra ao tempo da requisição, de sorte que
fosse obrigada a reter junto de si, para a sua propria segu
rança e defeza, as forças que ella devesse fornecer á sua
alliada em virtude d' este Tratado, n'este caso a parte re
querida será dispensada de fornecer os ditos soccorros du
rante todo o tempo que durar aquella necessidade.
ART. VII.
As tropas auxiliares da Russia serão providas de arti-
lheria de campanha, munições de guerra e de tudo o que
ellas precisarem na proporção do seu numero. Serão pagas
e recrutadas annualmente pela Côrte requerida. Quanto ás
rações e porções ordinarias de viveres e forragens, bem como
a qliarteis, ser-lhes-hão os mesmos dados pela Côrte reque
rida, e isso sobre o pé em que esta sustenta ou sustentar as
suas proprias tropas em campanha e nos quarteis.
ART. VIII.
No caso que as ditas tropas auxiliares Russas devessem
ir em auxilio de Sua Magestade Fidelissima, a Côrte de
Lisboa tomará sobre si o procurar embarcações de transpor
te, ou então prover aos gastos d'este transporte, o que tam
bem se deve entender com as recrutas que Sua Magestade
Imperial será obrigado a mandar áquellas tropas, como igual
mente com a volta d'estas para a Russia, logo que forem ou
despedidas por Sua Magestade Fidelissima ou chamadas por
Sua Magestade Imperial de Todas as Russias para a sua pro
pria defeza, segundo o Artigo vi d'este Tratado. Estipula-
se mais, que no caso ou de chamamento ou de despedida
das ditas tropas, as duas Altas Partes Contratantes se en
tenderão com Seu amigo e alliado El-Rei da Gran-Bretanha,
a fim de que as tropas tenham tambem da sua parte um
comboi sufficiente de navios de guerra para a sua segurança.
ART. IX.
O Official Commandante, quer da esquadra que Sua Ma
gestade Fidelissima deve fornecer á Russia, quer das tropas
REINADO DA SENHORA D. MARIA 1.
«99 liaires de Sa Majesté Impériale de Toutes les Russies, gar-
Setembro ^ergi le commandement qui lui a été confié; mais le com
mandement général appartiendra à celui que la partie re
quérante aura nommé pour cela; sous la restriction pourtant
qu'on n'entreprendra rien d'important qui ne soit aupara
vant réglé et déterminé dans un Conseil de guerre, en pré
sence du Général et des Officiers Commandans de la partie
requise.
ART. X.
Et pour prévenir toute contestation sur le rang, la par
tie requérante fera connaître à temps le Chef auquel elle
donnera le commandement général soit de la ilotte soit des
troupes de terre, afin que la partie requise puisse régler
en conséquence le rang de celui qui aura à commander les
bâtimens de guerre ou les troupes auxiliaires. •
ART. XI.
De plus, ces forces auxiliaires auront leurs propres au
môniers et l'exercice entièrement libre de leur religion ; et
ne seront jugés dans tout ce qui a rapport au service mili
taire, que selon les loix et les articles de guerre de leurs
propres Souverains. Il sera permis de même au Général,
ainsi qu'au reste des forces auxiliaires, d'entretenir une cor
respondance libre avec leur patrie, soit par lettres soit par
des exprès.
ART. XII.
Les forces auxiliaires de part et d'autre devront demeu
rer ensemble autant que possible, et pour éviter qu'elles ne
soient assujetties à plus de fatigues que les autres, et afin
qu'il y ait dans toutes les expéditions et opérations une éga
lité parfaite, le Général en Chef sera tenu d'observer dans
toutes les occasions une juste proportion selon la force de
toute la flotte ou armée.
ART. XIII.
L'escadre que Sa Majesté Très-Fidèle doit fournir en
vertu de cette alliance, sera reçue dans tous les ports de Sa
Majesté Impériale de Toutes les Russies, où elle éprouvera
le traitement le plus amical, et sera pourvue de tout ce dont
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D.JOÃO. 121
auxiliares de Sua Magestade Imperial de Todas as Rus- 1799
sias, conservará o commando que lhe for confiado; mas Sete™1)1
o commando geral pertencerá áquelle que a parte reque
rente houver para isso nomeado; com a restricção porém
de não se emprehender cousa alguma importante, que não
seja primeiramente regulada e determinada em um Conselho
de guerra, na presença do General e dos Officiaes Com-
mandantes da parte requerida.
ART. X.
E para prevenir toda a contestação sobre graduação, a
parte requerente fará conhecer a tempo o Chefe a quem dará
o commando geral, quer da esquadra, quer das tropas de
terra, a fim de que a parte requerida possa em consequen
cia regular a graduação d aquelle que tiver de commandar
as embarcações de guerra ou as tropas auxiliares.
ART. XI.
Alem d'isso, as forças auxiliares terão os seus proprios
capellães e o exercicio inteiramente livre da sua religião, e
só serão julgados, em tudo que disser respeito ao serviço
militar, segundo as leis e os artigos de guerra de seus pro
prios Soberanos. Tambem será permittido ao General e bem
assim ao resto das forças auxiliares ter uma livre correspon
dencia com a sua patria, seja por cartas, seja por expressos.
ART. XII.
As forças auxiliares de uma e outra parte deverão per
manecer juntas o mais possivel, e para evitar que não sejam
sujeitas a maiores fadigas que as outras, e a fim de que
haja em todas as expedições e operações uma perfeita igual
dade, o General em Chefe será obrigado a observar em
todas as occasiões uma justa proporção, segundo a força de
toda a esquadra ou exercito.
ART. XIII.
A esquadra que Sua Magestade Fidelissima deve for
necer, em virtude d'esta alliança, será recebida em todos
os portos de Sua Magestade Imperial de Todas as Russias,
terá nelles o mais amigavel tratamento, e será provida de
122 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1799 elle pourra avoir besoin, en payant tout au même prix que
iiembro les vaisseaux ae ga Majesté Impériale de Toutes les Russies ;
et il sera permis à la dite escadre de retourner chaque an
née dans les ports de Portugal, aussitôt que la saison ne per
mettra plus de tenir la mer ; mais il est formellement et dès
à présent stipulé, que cette escadre reviendra chaque année
à sa destination vers le commencement du mois de Mai,
pour ne la quitter de rechef qu'au mois d'Octobre, et cela
autant de fois que le cas du Traité l'exigera. L'escadre au
xiliaire de Portugal sera toujours employée conjointement
avec les escadres de Sa Majesté Impériale de Toutes les Rus
sies ou avec celles de Leur ami et allié le Roi de la Grande
Bretagne.
ART. XIV.
La partie requérante en demandant le secours stipulé
par ce Traité, indiquera en même temps à la partie requise
le lieu où elle désirera qu'il se rende d'abord, et il sera
libre à la dite partie requérante de se servir du secours
mentionné pendant tout le temps qu'il lui sera continué, de
la manière et aux endroits qu'elle jugera les plus convena
bles pour son service contre l'agresseur.
ART. XV.
Le cas de ce Traité d'Alliance ne sera point applicable
aux guerres qui pourront survenir entre Sa Majesté Impé
riale de Toutes les Russies et les Puissances et peuples d'Asie,
pour lesquels Sa Majesté Très-Fidèle sera dispensée de prê
ter les secours stipulés par le présent Traité, excepté le cas
d'une attaque faite par une Puissance européenne quelcon
que contre les droits et possessions de Sa Majesté Impé
riale; comme ainsi de l'autre côté, Sa Majesté Impériale de
Toutes les Russies ne sera point tenue de fournir les se
cours stipulés par ce même Traité dans quelque cas que ce
soit, excepté celui d'une attaque faite par une Puissance eu
ropéenne quelconque contre les droits et possessions de Sa
Majesté Très-Fidèle.
ART. XVI.
' Il a été également convenu qu'en égard à la grande dis
tance des lieux, les six mille hommes d'infanterie que Sa
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 1 23
quanto possa necessitar, pagando tudo pelo mesmo preço
que os navios de Sua Magestade Imperial de Todas as Rus-
sias; e será permittido á mesma esquadra voltar cada anno
para os portos de Portugal, logo que a estação não permitta
conservar-se mais tempo no mar; mas fica formalmente e
desde agora estipulado que esta esquadra voltará cada anno
para o seu destino, em principios do mez de Maio, para só
dali se retirar no mez de Outubro, e isto tantas vezes quanto
o exigir o caso do Tratado. A esquadra auxiliar de Portu
gal será sempre empregada conjuntamente com as esquadras
de Sua Magestade Imperial de Todas as Russias ou com as
de Seu amigo e alliado El-Rei da Gran-Bretanha.
ART. XIV.
A parte requerente, quando pedir o soccorro estipulado
por este Tratado, indicará ao mesmo tempo á parte reque
rida o logar para onde desejar que seja logo enviado, e será
livre á dita parte requerente o servir-se do soccorro men
cionado durante todo o tempo que lhe for continuado, do
modo e nos logares que ella julgar mais convenientes para
o seu serviço contra o aggressor.
ART. XV.
O caso d'este Tratado de Alliança não será applicavel
ás guerras que podérem sobrevir entre Sua Magestade Im
perial de Todas as Russias e as Potencias e povos da Asia,
para as quaes Sua Magestade Fidelissima será dispensada
de prestar os soccorros estipulados pelo presente Tratado,
excepto o caso de um ataque feito por uma Potencia euro-
pea qualquer, contra os direitos e possessões de Sua Mages
tade Imperial de Todas as Russias; como igualmente por
outro lado, Sua Magestade Imperial de Todas as Russias
não será obrigada a fornecer os soccorros estipulados por
este mesmo Tratado em qualquer caso que seja, excepto o
de um ataque feito por uma Potencia europea qualquer,
contra os direitos e possessões de Sua Magestade Fidelis
sima.
ART. XVI.
Conveiu-se igualmente que, attenta a grande distancia
dos logares, os seis mil homens de infanteria que Sua Ma
124 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
Majesté Imperiale de Toutes les Russies aura à fournir, en
vertu de cette alliance, pour la défense de Sa Majesté Très-
Fidèle, ne seront pas envoyés hors de l'Europe.
ART. XVlt.
Si les secours, stipulés dans l'Article iv de ce Traité, ne
suffisaient pas, alors les Parties Contractantes se réservent de
convenir encore entre elles des secours ultérieurs qu'elles
devront se donner.
ART. XVIII.
La partie requérante ne fera ni paix ni trêve avec l'en
nemi commun sans y comprendre la partie requise, afin que
celle-ci ne puisse souffrir aucun dommage en haine des se
cours qu'elle aura prêtés à son allié.
ART. XIX,
La présente Alliance défensive ne dérogera en rien aux
Traités et Alliances que les Hautes Parties Contractantes
pourront avoir avec d'autres Puissances, en tant que les
dits Traités ne seront point contraires à celui-ci, ni à l'a
mitié et à la bonne intelligence qu'elles seront résolues de
conserver entre elles.
ART. XX.
Si quelqu'autre Puissance voulait accéder à la présente
Alliance, Leur dites Majestés sont convenues de se concer
ter entre elles sur l'admission de cette Puissance.
ART. XXI.
Les circonstances pouvant amener la nécessité de faire
quelques changemens dans les stipulations du présent Traité,
les Hautes Parties Contractantes ont trouvé bon d'en fixer
le terme de huit ans, à compter du jour de l'échange des
ratifications; mais avant l'expiration de la huitième année
il sera renouvellé selon les circonstances.
ART. XXII.
Le présent Traité d'Alliance défensive sera ratifié, et les
ratifications échangées à S' Petersbourg dans l'espace de
cinq mois, à compter du jour de la date de sa signature, ou
plutôt si faire se peut.
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 125
gestade Imperial de Todas as Russias terá de fornecer, em 17»
virtude d'esta alliança, para a defeza de Sua Magestade Fi- S*'»6"^'»
delissima, não serão enviados fóra da Europa.
ART. XVII.
Se os soccorros, estipulados no Artigo iv d'este Trata
do, não bastassem, então as Partes Contratantes se reser
vam o ajustarem entre si os soccorros ulteriores que se de
verão dar.
ART. XVIII.
A parte requerente não fará nem paz nem tregoa com
o inimigo commum sem n'ella comprehender a parte reque
rida, a fim de que esta não soffra damno algum em odio
dos soccorros que tiver prestado á sua alliada.
ART. XIX.
A presente Alliança defensiva em nada derogará os Tra
tados e Allianças que as Altas Partes Contratantes possam
ter com outras Potencias, emquanto os ditos Tratados não
sejam contrarios a este, nem á amizade e boa intelligencia
que estão resolvidas a conservar entre si.
ART. XX.
Se alguma outra Potencia quizer acceder á presente Al
liança, comem Suas ditas Magestades em concordarem en
tre si sobre a admissão d' essa Potencia.
ART. XXI.
Podendo as circumstancias tornar necessario fazer algu
mas mudanças nas estipulações do presente Tratado, as Al
tas Partes Contratantes assentaram em fixar o praso d'este
por oito annos, a contar do dia da troca das ratificações;
porém antes da expiração do oitavo anno será o mesmo re
novado segundo as circumstancias.
ART. XXII.
O presente Tratado de Alliança defensiva será ratificado,
e as ratificações trocadas em S. Petersburgo dentro do es
paço de cinco mezes, a contar do dia da data da assigna-
twa, ou antes se podér ser.
TRATADO DE PAZ E AM1SADE ENTRE O PRINCIPE REGENTE O
SENHOR DOM JOÃO E DOM CARLOS IV REI DE HESPANHA,
ASSIGNADO EM BADAJOZ A 6 DE JUNHO DE 1801, E RATIFI
CADO POR PARTE DE PORTUGAL EM 14, E PELA DE HESPANHA
EM 11 DO DITO MEZ E ANNO. (1)
ART. I.
Haverá paz, amizade e boa correspondencia entre Sua
Alteza Real o Principe Regente de Portugal e dos Algarves,
e Sua Magestade Catholica El-Rei de Hespanha, assim por
mar como por terra, em toda a extensão dos Seus Reinos e
Dominios; e todas as presas que se fizerem no mar, depois
da ratificação do presente Tratado, serão restituidas de boa
fé, com todas as mercadorias e effeitos, ou o seu valor res
pectivo.
ART. II.
Sua Alteza Real fechará os portos de todos os Seus Do
minios aos navios em geral da Gran-Bretanha.
ART. III.
Sua Magestade Catholica restituirá a Sua Alteza Real ■
as Praças e Povoações de Jerumenha, Arronches, Portale-
. gre, Castello de Vide, Barbacena, Campo-Maior e Ouguella,
com todos os seus territorios até agora conquistados pelas
suas armas, ou que se possam vir a conquistar; e toda a
artilheria, espingardas e quaesquer outras munições de guer
ra que se achassem nas sobreditas Praças, Cidades, Villas e
TOM. 1T. 9
REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1801 Logares, serão igualmente restituidas, segundo o estado em
,Ugho que estavam no tempo em que foram rendidas; e Sua dita
Magestade conservará em qualidade de conquista para a unir
perpetuamente aos seus dominios e vassallos, a Praça de Oli
vença, seu territorio e povos desde o Guadiana; de sorte
que este rio seja o limite dos respectivos Reinos, n'aquella
parte que unicamente toca ao sobredito territorio de Oli
vença.
ART. IV.
Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal e dos
Algarves não consentirá que haja nas fronteiras dos seus
Reinos depositos de effeitos prohibidos e de contrabando,
que possam prejudicar ao commercio e interesses da Coroa
de Hespanha, mais do que aquelles que pertencerem exclu
sivamente ás Rendas Reaes da Corôa Portugueza, e que fo
rem necessarios para o consummo do territorio respectivo,
onde se acharem depositados; e se n'este ou outro Artigo
houver infracção, se dará por nullo o Tratado que agora se
estabelece entre as tres Potencias, comprehendida a mutua
garantia, segundo se expressa nos Artigos do presente.
ART. V.
Sua Alteza Real satisfará sem dilação e reintegrará aos
vassallos de Sua Magestade Catholica todos os damnos e
prejuizos, que justamente reclamarem, e que tenham sido
causados pelas embarcações da Gran-Bretanha, ou dos súb
ditos da Corôa de Portugal, durante a guerra com aquella
ou esta Potencia : e do mesmo modo se darão as justas sa
tisfações por parte de Sua Magestade Catholica a Sua Al
teza Real, sobre todas as presas feitas illegalmente pelos
Hespanhoes antes da guerra actual, com infracção do ter
ritorio ou debaixo do tiro de canhão das fortalezas dos do
minios Portuguezes.
ART. VI.
Sem que passe o termo de tres mezes, depois da rati
ficação do presente Tratado, reintegrará Sua Alteza Real ao
Erario de Sua Magestade Catholica os gastos que as suas
tropas deixaram de satisfazer ao tempo de se retirarem da
guerra da França, e que foram causados n'ella, segundo as
contas apresentadas pelo Embaixador de Sua dita Mages
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 131
lade, ou que se apresentarem agora de novo, salvos porém
todos os erros que se possam encontrar nas sobreditas contas.
ART. VII.
Logo que se firmar o presente Tratado cessarão reci
procamente as hostilidades no preciso espaço de vinte ho
ras, sem que depois d'este termo se possam exigir contri
buições dos povos conquistados, nem alguns outros encar
gos, mais do que aquelles que se costumam conceder ás tro
pas amigas em tempo de paz; e tanto que o mesmo Tratado
for ratificado, as tropas Hespanholas evacuarão o territorio
Portuguez no preciso espaço de seis dias, principiando a pôr-
se em marcha vinte e quatro horas depois da notificação que
lhes for feita, sem que commettam ao seu transito violen
cia ou oppressão alguma aos povos, pagando tudo aquillo
que necessitarem pelos preços correntes do paiz.
ART. VIII.
Todos os prisioneiros que se houverem feito, assim no
mar como na terra, serão logo postos em liberdade e mu
tuamente restituidos dentro do espaço de quinze dias depois
da ratificação do presente Tratado, pagando comtudo as di
vidas que houverem contrahido durante o tempo da sua
detenção.
Os doentes e feridos continuarão a ser tratados nos hos-
pitaest respectivos, e serão igualmente restituidos logo que
se acharem em estado de poderem fazer a sua marcha.
ART. IX.
Sua Magestade Catholica se obriga a garantir a Sua Al
teza Real o Principe Regente de Portugal a inteira conser
vação dos Seus Estados e Dominios sem a menor excepção
ou reserva.
ART. X.
As duas Altas Potencias Contratantes se obrigam a re
novar desde logo os Tratados de Alliança defensiva que
existiam entre as duas Monarchias, com aquellas clausulas
e modi6cações porém que exigem os vinculos que actual
mente unem a Monarchia Hespanhola á Republica Franceza ;
e no mesmo Tratado se regularão os soccorros que mutua
132 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1801 mente deverão prestar-se, logo que a urgencia das circum-
Junho stancias assim o requeira.
6
ART. XI.
O presente Tratado será ratificado no preciso termo de
dez dias depois de firmado, ou antes se for possivel. Em fé
do que nós-outros os infrascriptos Ministros Plenipotencia
rios firmámos com o nosso punho, em nome dos nossos Au
gustos Amos, e em virtude dos plenos-poderes, com que para
isso nos auctorisaram, o presente Tratado, e o fizemos sel-
lar com o sêllo das nossas armas.
Feito na Cidade de Badajoz, em 6 de Junho de 1801.
-
TRATADO DE PAZ, FL1TO POR MEDIAÇÃO DE SUA MAGES
DOM JOÃO E A REPUBLICA FRANCEZA, ASSIGNA
ART. I.
Il y aura paix, amitié et bonne intelligence entre la Mo
narchie Portugaise et le Peuple Français: toutes les hosti
lités cesseront aussitôt après l'échange des ratifications du
présent Traité : toutes les prises qui auront été faites après
cette époque dans quelle partie du monde que ce soit, se-
(traducção particular.)
ART. I.
Haverá paz, amisade e boa intelligencia entre a Monar-
chia Portugueza e o Povo Francez; todas as hostilidades
cessarão logo depois da troca das ratificações do presente
Tratado; todas as presas que houverem sido feitas depois
d'aquella epocha, em qualquer parte do mundo que seja,
ART. II.
Tous les ports et rades du Portugal, tant en Europe,
que dans les autres parties du monde, seront fermés de-
suite, et le demeureront jusqu'à la paix entre la France et
l'Angleterre, à tous les vaisseaux anglais de guerre et de
commerce, et ils seront ouverts à tous les vaisseaux de
guerre et de commerce de la République et de ses alliés.
ART. III.
Le Peuple Français garantit pleinement la conservation
à la paix général de toutes les Possessions Portugaises sans
aucune exception.
ART. IV.
Les limites entre les deux Guyanes seront déterminées
à l'avenir par le Rio Arawari, qui se jette dans l'Océan au
dessous du Cap Nord, près de l'Ile Neuve et de l'Ile de la
Pénitence environ à un degré et un tiers de latitude septen
trionale. Ces limites suivront le Rio Arawari depuis son
embouchure la plus éloignée du Cap Nord, jusqu'à sa source,
et ensuite une ligne droite tirée de cette source jusqu'au Rio
Branco vers l'ouest.
ART. V.
En conséquence la rive septentrionale du Rio Arawari
depuis sa dernière embouchure jusqu'à sa source, et les ter
res qui se trouvent au nord de la ligne des limites fixée ci-
dessus, appartiendront en toute souveraineté au Peuple Fran
çais. La rive méridionale de la dite rivière à partir de la
même embouchure, et toutes les terres au sud de la dite li
gne des limites, appartiendront à Son Altesse Royale. La
navigation de la rivière dans tout son cours sera commune
aux deux Nations.
ART. VI.
Il sera incessamment procédé à un Traité d'Alliance dé
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 137
serão reciprocamente restituidas sem a menor diminuição ; 1801
os prisioneiros de guerra serão entregues de uma e outra Junho
6
parte, salvo o pagamento das dividas por elles contrahidas ;
e as relações politicas entre as duas Potencias serão resta
belecidas no mesmo pé que antes da guerra.
ART. II.
Todos os portos e enseadas de Portugal, tanto na Eu
ropa como nas outras partes do mundo, serão immediata-
mente fechados, e assim permanecerão até á paz entre a
França e a Inglaterra, a todos os navios de guerra e mer
cantes inglezes, e serão abertos a todos os navios de guerra
e mercantes da Republica e de seus alliados.
ART. III.
O Povo Francez garante plenamente a conservação, na
paz geral, de todas as Possessões Portuguezas sem a menor
excepção.
ART. IV.
Os limites entre as duas Guyanas serão determinados no
futuro pelo Rio Arawari, que se lança no Oceano abaixo
do Cabo do Norte, proximo da Ilha Nova e da Ilha da Pe
nitencia a um grau e um terço pouco mais ou menos de la
titude septentrional. Estes limites seguirão o Rio Arawari
desde a sua embocadura a mais distante do Cabo do Norte
até á sua nascente, e depois uma linha recta tirada d esta
nascente até ao Rio Branco para oeste.
ART. V.
Em consequencia a margem septentrional do Rio Ara
wari desde a sua ultima embocadura até á sua nascente, e
as terras que se acham ao norte da linha dos limites acima
fixada, pertencerão em toda a soberania ao Povo Francez.
A margem meridional do dito rio, partindo da mesma em
bocadura, e todas as terras ao sul da dita linha dos limites,
pertencerão a Sua Alteza Real. A navegação do rio em todo
o seu curso será commum ás duas Nações.
ART. VI.
Proceder-se-ha incessantemente a um Tratado de Al-
138 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
fensive entre les deux Puissances, dans lequel seront réglés
les secours à fournir réciproquement.
ART. VII.
Les relations commerciales entre la France et le Por
tugal seront fixées par un Traité de commerce ; en atten
dant il est convenu:
Io Que les relations commerciales seront rétablies en
tre la France et le Portugal de suite, et que les citoyens ou
sujets de l'une et de l'autre Puissance jouiront respective
ment de tous les droits, immunités et prérogatives dont
jouissent ceux des Nations les plus favorisées.
2° Que les denrées et marchandises provenant de leur
sol ou manufactures seront admises réciproquement, sans
pouvoir être assujetties à une prohibition quelconque, ni à
aucuns droits, qui ne frapperaient pas également sur les
denrées et marchandises analogues importées par d'autres
Nations.
3° Que les draps Français pourront être introduits en
Portugal de suite, et sur le pied des marchandises les plus
favorisées.
4° Qu'au surplus toutes les stipulations relatives au
commerce, insérées dans les précédens Traités, et non con
traires à l'actuel, seront exécutées provisoirement jusqu'à
la conclusion d'un Traité de commerce définitif.
ART. VIII.
Le Peuple Français garantit pleinement l'exécution du
Traité de Paix conclu en ce jour entre Son Altesse Royale
et Sa Majesté Catholique, par l'intermédiaire de Son Ex
cellence Monsieur Louis Pinto de Sousa Coutinho, Con
seiller d'État, etc., et Son Excellence le Prince de la Paix,
Généralissime des armées combinées; toute infraction à ce
Traité sera regardée par le Premier Consul comme une in
fraction au Traité actuel.
ART. IX.
Les ratifications du present Traité de Paix seront échan
gées à Badajoz ou à Madrid dans le terme de vingt cinq
jours au plus tard.
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 1 39
liança defensiva entre as duas Potencias, no qual se regu
larão os soccorros que houverem de fornecer-se reciproca
mente.
ART. VII.
As relações commerciaes entre a França e Portugal se
rão fixadas por um Tratado de commercio ; no entretanto
convem-se :
1 .° Que as relações commerciaes serão immediatamente
restabelecidas entre a França e Portugal, e que os cidadãos
ou subditos de uma e outra Potencia gosarão respectiva
mente de todos os direitos, immunidades e prerogativas de
que gosam os das Nações mais favorecidas.
2.° Que os generos e mercadorias provenientes do seu
solo e manufacturas serão reciprocamente admittidos, sem
que possam ser sujeitos a qualquer prohibição, nem a ou
tros direitos que não pesem ao mesmo tempo sobre os ge
neros e mercadorias analogas, importadas por outras Nações.
ART. VIII.
O Povo Francez garante plenamente a execução do Tra
tado de Paz concluido n'este dia entre Sua Alteza Real e
Sua Magestade Catholica, por intermedio de Sua Excellen-
cia o Senhor Luiz Pinto de Sousa Coutinho, Conselheiro de
Estado, etc. , e Sua Excellencia o Principe da Paz, Genera
lissimo dos exercitos combinados ; toda a infracção d'aquelle
Tratado será considerada pelo Primeiro Consul como uma
infracção do Tratado actual.
ART. IX.
As ratificações do presente Tratado de Paz serão troca
das em Badajoz ou em Madrid dentro do termo de vinte e
cinco dias o mais tardar.
140 REINADO DA SENHORA D. MARIA I,
1801 Fait et signé à Badajoz entre nous Ministres Plénipo-
lnf10 tentiaires de Portugal et de France, le 17 Prairial de l'an
IX de la République (le 6 Juin 1801).
ART. I.
Son Altesse Royale le Prince Régent du Royaume du
Portugal et des Algarves s'oblige à payer à la République
Française la somme de quinze millions de Livres Tournois,
dont la moitié en argent monnoyé, et l'autre moitié en pier
reries.
ART. II.
Ces payemens seront faits à Madrid dans l'espace de
quinze mois, après l'échange des ratifications du présent
Traité, et à raison d'un million par mois.
ART. III.
Dans le cas où Monsieur d'Araujo eut conclu à Pa
ris un Traité, ou seulement qu'il eut été reçu, et que l'on
eut admis sa négociation, les Traités de Paix de ce jour
avec la France et l'Espagne, et les conditions secrètes ci-
dessus sont déclarées de nul effet et non avenues.
ART. IV.
Dans le cas où malgré les Traités de Paix de ce jour,
le Portugal évite une rupture avec l'Angleterre, le service
des paquebots de correspondance entre ces deux États pourra
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 141
Feito e assignado em Badajoz entre nós Ministros Ple
nipotenciarios de Portugal e de França, a 17 Prairial do
anno ix da Republica (6 de Junho de 1801).
ART. I.
Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal e dos
Algarves obriga-se a pagar á Republica Franceza a somma
de quinze milhões de libras tornesas, metade em dinheiro
e metade em joias.
ART. II.
Estes pagamentos serão feitos em Madrid no espaço de
quinze mezes depois da troca das ratiflcações do presente
Tratado, e na rasão de um milhão por mez.
ART. III.
No caso de que o Sr. Araujo tenha concluido em Paris
um Tratado, ou que haja sido sómente recebido, e que a sua
negociação fosse admittida, os Tratados de paz d'este dia
com França e com Hespanha, e as condições secretas sobre
ditas são declaradas nullas e de nenhum eífeito.
ART., IV.
No caso de que, apesar dos Tratados de Paz d'este dia,
Portugal evite um rompimento com a Inglaterra, poderá
o serviço dos paquetes da correspondencia entre estes dois
142 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1801 continuer sur le pied actuel, sans qu'on puisse cependant
Junho l'augmenter d'aucune manière, ni l'employer à d'autre chose
que la correspondance.
ART. V.
Dans le cas au contraire d'une guerre entre le Portu
gal et l'Angleterre, le Portugal sera traité pour l'extraction
des grains de France, comme la Nation la plus favorisée.
Fait et signé à Badajoz entre nous Ministres Plénipo
tentiaires de Portugal et de France, le 6 Juin 1801 (le 17
Prairial de l'an ix de la République).
ART. V.
Pelo contrario, no caso de uma guerra entre Portugal
e a Inglaterra, Portugal será tratado, na extracção dos ce-
reaes de França, como a Nação mais favorecida.
Feito e assignado em Badajoz entre nós Ministros Ple
nipotenciarios de Portugal e França, a 6 de Junho de 1801
(17 Prairial do anno ix da Republica).
ART. I.
Il y aura à l'avenir et pour toujours paix, amitié et
bonne intelligence entre la République Française et le Royau
me de Portugal.
Toutes les hostilités cesseront, tant sur terre que sur
(1) Declarado nullo pelo Manifesto dado pelo Principe Regente o
addicional n.° 3 ao Tratado de 30 de Maio de 1814.
CATHOLICA, ENTRE O PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO
MADRID A 29 DE SETEMBRO DE 1801. (1)
(Traducção particular.)
ART. I.
Haverá no futuro e para sempre paz, amisade e boa
intelligencia entre a Republica Franceza e o Reino de Por
tugal.
Todas as hostilidades cessarão, tanto em terra como no
Seahor D. João, no Rio de Janeiro no 1." de Maio de 1808, e pelo Artigo
TOM. iv. 10
146 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
mer, à compter de l'échange des ratifications du présent
Traité, savoir: dans quinze jours pour l'Europe et les mers
qui baignent ses côtes et celles d'Afrique en-deçà de l'Equa
teur; quarante jours après le dit échange pour les pays et
mers d'Amérique et d'Afrique au-delà de l'Equateur; et
trois mois après pour les pays et mers situés à l'Ouest du
Cap-Horn et à l'Est du Cap-de-Bonne-Espérance. Toutes
les prises faites après chacune de ces époques dans les pa
rages auxquels elle s'applique, seront respectivement resti
tuées. Les prisonniers de guerre seront rendus de part et
d'autre, et les rapports politiques entre les deux Puissances
seront rétablis sur le même pied qu'avant la guerre.
ART. II.
Tous les ports et rades du Portugal en Europe seront
fermés de suite, et le demeureront jusqu'à la paix entre la
France et l'Angleterre, à tous les vaisseaux Anglais de guerre
et de commerce; et ces mêmes ports et rades seront ouverts
à tous les vaisseaux de guerre et de commerce de la Répu
blique Française et de ses alliés.
Quant aux ports et rades du Portugal dans les autres
parties du monde, le présent Article y sera obligatoire dans
les termes fixés ci-dessus par la cessation des hostilités.
ART. III.
Le Portugal s'engage à ne fournir pendant le cours de
la présente guerre, aux ennemis de la République Fran
çaise et de ses alliés, aucun secours en troupes, vaisseaux,
armes, munitions de guerre, vivres ou argent, à quelque ti
tre que ce soit, et sous quelque dénomination que ce puisse
être. Tout acte, engagement ou convention antérieure, qui
seraient contraires au présent Article, sont révoqués et se
ront regardés comme nuls et non avenus.
ART. IV.
Les limites entre les deux Guyanes Portugaise et Fran
çaise seront déterminées à l'avenir par la Rivière Carapa-
natuba, qui se jette dans l'Amazone à environ un tiers de
degré de l'Equateur, latitude septentrionale, au-dessus du
Fort Maçapa. Ces limites suivront le cours de la rivière
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 147
mar, a contar da troca das ratificações do presente Tratado,
a saber: dentro de quinze dias para a Europa e os mares
que banham as suas costas e as da Africa áquem do Equa
dor; de quarenta dias depois da dita troca para os paizes
e mares da America e Africa alem do Equador ; e de tres
mezes depois para os paizes e mares situados a oeste do
Cabo Horn e a leste do Cabo da Boa Esperança. Todas as
presas feitas depois de cada uma d'estas epochas, nas pa
ragens a que é applicavel, serão respectivamente restituidas.
Os prisioneiros de guerra serão entregues de uma e outra
parte, e as relações politicas entre as duas Potencias serão
restabelecidas no mesmo pé que antes da guerra.
ART. II.
Todos os portos e enseadas de Portugal na Europa serão
fechados immediatamente, e assim permanecerão até á paz
entre França e Inglaterra, a todos os navios Inglezes de
guerra e mercantes ; e estes mesmos portos e enseadas serão
abertos a todos os navios de guerra e mercantes da Repu
blica Franceza e de seus alliados.
Quanto aos portos e enseadas de Portugal nas outras
partes do mundo, o presente Artigo será ali obrigatorio nos
termos acima fixados para a cessação das hostilidades.
ART. III.
Portugal obriga-se a não fornecer, no decurso da pre
sente guerra, aos inimigos da Republica Franceza e dos seus
alliados, soccorro algum em tropas, navios, armas, munições
de guerra, viveres ou dinheiro, debaixo de qualquer titulo
que seja, e sob qualquer denominação que possa ser. Todo
o acto, obrigação ou convenção anterior, que forem con
trarios ao presente Artigo, são revogados e serão conside
rados como nullos.
ART. IV.
Os limites entre as duas Guyanas Portugueza e Fran
ceza serão determinados no futuro pelo Rio Carapanatuba,
que se lança no Amazonas a um terço de grau pouco mais
ou menos do Equador, latitude septentrional, acima do Forte
Maçapá. Estes limites seguirão o curso do rio até á sua nas
148 REINADO DA SEMIORA D. MAMA I.
1801 jusqu'à sa source, d'où elles se porteront vers la grande
itembro cnajne ,le m0ntagnes qui fait le partage des eaux : elles sui
vront les inflexions de cette chaîne jusqu'au point où elle
se rapproche le plus de Rio-Branco vers le deuxième degré
et un tiers nord de l'Equateur.
Les Indiens des deux Guyanes, qui dans le cours de la
guerre auraient été enlevés de leurs habitations, seront res
pectivement rendus.
Les citoyens ou sujets des deux Puissances, qui se trou
veront compris dans la nouvelle détermination de limites,
pourront réciproquement se retirer dans les possessions de
leurs États respectifs; ils auront aussi la faculté de disposer
de leurs biens meubles et immeubles, et ce pendant l'espace
de deux années à compter de l'échange des ratifications du
présent Traité.
v ART. V.
Il sera négocié entre les deux Puissances un Traité de
commerce et de navigation qui fixera définitivement les re
lations commerciales entre la France et le Portugal; en at
tendant, il est convenu:
Io Que les communications seront rétablies immédia
tement après l'échange des ratifications, et que les Agences
et Commissariats de Commerce seront de part et d'autre
remis en possession des droits, immunités et prérogatives
dont ils jouissaient avant la guerre.
2° Que les citoyens et sujets des deux Puissances joui
ront également et respectivement, dans les États l'une de
l'autre, de tous les droits dont y jouissent ceux des Nations
les plus favorisées.
3° Que les denrées et marchandises provenant du sol ou
des manufactures de chacun des deux États, seront admises
réciproquement sans restriction et sans pouvoir être assu
jetties à aucun droit, qui ne frapperait pas également sur les
denrées et marchandises analogues importées par d'autres
Nations.
4° Que les draps français pourront de suite être in
troduits en Portugal sur le pied des marchandises les plus
favorisées.
5° Qu'au surplus toutes les stipulations relatives au
commerce, insérées dans les précédens Traités et non cod
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR I). JOÃO. 149
cente, d'onde se dirigirão para a grande cordilheira de mon- tWL
tes que reparte as aguas; seguirão as sinuosidades d'esta
cordilheira até ao ponto em que mais se approxima do Rio
Branco, no segundo grau e um terço norte do Equador.
ART. VI.
Les ratifications du présent Traité de Paix seront échan
gées à Madrid dans le terme de vingt jours au plus tard.
Fait double à Madrid, le 7 Vendémiaire an x de la
République Française (le 29 Septembre 1801.)
ART. VI.
As ratificações do presente Tratado de Paz serão tro
cadas em Madrid no termo de vinte dias o mais tardar.
Feito em duplicado em Madrid, a 7 Vendémiaire, anno x
da Republica Franccza (29 de Setembro de 1801).
(TRADUCÇÃO PARTICULAS.)
nhor Dom João, no Rio de Janeiro no 1." de Maio de 1808, e pelo Artigo
154 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
ART. II.
Le subside que Son Altesse Royale le Prince Régent de
Portugal s'engage à fournir, sera acquitté de mois en mois,
à dater du 9 Frimaire an xn (le 1er Décembre 1803). Son
Altesse Royale le Prince Régent de Portugal fera acquitter
en espèces, un mois après l'échange des ratifications, au
Trésor Public de France, la portion qui sera alors échue du
subside convenu; et pour le reste du subside à fournir, il
fera délivrer immédiatement après l'échange des ratifications,
par Son Ministre Plénipotentiaire à Paris, au Trésorier du
Gouvernement, des obligations d'un million de francs, suc
cessivement payables de mois en mois, jusqu'à parfait paye
ment.
ART. III.
Son Altesse Royale le Prince Régent de Portugal per
met la libre introduction dans Ses États des soieries, den
telles, toiles, batistes, bijouteries, moyennant des droits qui
seront réglés le plus promptement possible, d'après un Tarif
nouveau équitable, modéré, conforme à ceux des Nations
les plus favorisées, et qui sera joint à la présente Con
vention.
On comprendra dans le même Tarif les objets dont l'in
troduction est déjà permise.
Il est convenu que la clause exprimée dans le présent
Article, n'aura son exécution qu'à la fin de la guerre actuelle
entre la République Française et l'Angleterre.
ART. IV.
Son Altesse Royale le Prince Régent de Portugal s'en
gage à consentir un mode général et prompt de terminer
toutes les réclamations particulières, qui ont eu lieu de la
part de citoyens Français, à raison des événements de la
dernière guerre entre la République Française et le Por
tugal.
ART. V.
Les privilèges accordés par Son Altesse Royale le Prince
Régent de Portugal à la Nation Française dans Ses États,
sont déclarés communs aux citoyens des Républiques Ita
lienne, Helvétique et Batave.
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 155
ART. II.
0 subsidio que Sua Alteza Real o Principe Regente de 1804
Portugal se obriga a fornecer, será pago de mez em mez, a M|gp°
contar de 9 Frimaire annoxn (1.° de Dezembro de 1803).
Sua Alteza Real 0 Principe Regente de Portugal mandará
pagar em especies, um mez depois da troca das ratificações,
no Thesouro Publico de França, a parte que então se tiver
vencido do subsidio ajustado; e quanto ao resto do subsidio
por pagar, mandará entregar immediatamente, depois da
troca das ratificações, pelo Seu Ministro Plenipotenciario
em Paris, ao Thesoureiro do Governo, obrigações de um
milhão de francos, que se satisfarão successivamente de mez
em mez até total pagamento.
ART. III.
Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal per-
mitte a livre introducção nos Seus Estados das sedas, ren
das, linhos, batistas e bijoutarias, mediante os direitos que
serão regulados o mais promptamente possivel, segundo uma
Pauta nova, equitativa e moderada, conforme ás das Nações
mais favorecidas, e que será annexa á presente Convenção.
ART. IV.
Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal obri-
ga-se a consentir em um modo geral e prompto de termi
nar todas as reclamações particulares que têem tido logar
da parte dos cidadãos Francezes, por causa dos aconteci
mentos da ultima guerra entre a Republica Franceza e Por
tugal.
ART. V.
Os privilegios concedidos por Sua Alteza Real o Prin
cipe Regente de Portugal á Nação Franceza, nos Seus Es
tados, são declarados communs aos cidadãos das Republi
cas Italiana, Helvetica e Batava.
156 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
ART. VI.
mH Le Premier Consul de la République Française consent
à reconnaître la neutralité du Portugal pendant la présente
guerre, et il promet de ne s'opposer à aucune des mesures
qui pourront être prises à l'égard des Nations belligérantes,
en conséquence des principes et des lois générales de la
neutralité.
ART. VII.
Les ratifications de la présente Convention seront échan
gées à Lisbonne trente jours après la signature.
Fait double à Lisbonne, le 28 Ventôse an xn de la Ré
publique Française (le 19 Mars 1804).
PORTUGAL. FRANCE.
La Tonne 9 Hectolitres.
La Pipe 44 Décalitres.
L'Almude 16 Litres.
L'Alquicre 8 Litres.
La Canade 14 Décalitres.
Le Quintal 6 Miryagrammes.
L'Arrobe 14 Kilogrammes.
La Livre. 5 Hectogrammes.
La Varre 11 Décimètres.
La Cove 67 Centimètres.
La Palme 22 Centimètres.
A
Acier brut de quelque pays et qualité qu'il
soit Je quintal 800
Dit manufacturé en ouvrages étrangers outre
ceux mentionnés au dit Tarif » 2$400
Aiguilles pour couturières le mille 60
Dites pour coudre les voiles » 1$200
Boussoles en caisses de bois l'une 240
Dites garnies de laiton en caisses de laiton . . » 1$920
Étuis assortis de cuir, de bois et carton la douzaine 50
Dits de composition ou émaillé de toute gran
deur un 160
Goudron Talmude 120
Câpres de toute espèce l'arrobe 960
Sabres ou épées non à l'usage des troupes se
ront tarifées au bureau, suivant leur qua
lité.
■
PORTUGAL. FRANÇA.
Tonel 9 Hectolitros.
Pipa 44 Decalitros.
Almude 16 Litros.
Alqueire 8 Litros.
Canada 14 Decalitros.
Quintal 6 Miryagrammas.
Arroba 14 Kilogrammas.
Arratel 5 Hectogrammas.
Vara 11 Decimetros.
Covado 67 Centimetros.
Palmo 22 Centímetros.
DIREITOS A PAGAR
DESIGNAÇÃO DOS ARTIGOS EM RÉIS
A
Aço em bruto de qualquer parte c qualidade quintal 800
Dito manufacturado em obras de fóra do Rei
no, excepto as declaradas n'esta Pauta. . . . » 2$400
Agulhas para costureiras milheiro 60
Ditas para coser vélas » 1$200
Ditas de marear, em caixas de pau uma 240
Ditas, guarnecidas de latão em caixas do dito
Agulheiros de ponta de boi, pau e papellão
sortidos '. . duzia 50
Ditos de louça, como esmaltados de qualquer
tamanho um 160
Alcatrão almude 120
Alcaparras de qualquer sorte arroba 960
Alfanges ou terçados, não sendo para as tro
pas, se regularão na Mesa, segundo as suas
qualidades.
160 REINADO DA D. MARIA I.
Il
B
Bainhas de papel para facas duzia 3
Balanças de Inglaterra, com conchas de co
bre, e braços de ferro polido, com alguns
pesos de latão , uma 1&920
Ditas pequenas de Hollanda para ourives, com
sua caixa e pesos » 200
Ditas muito pequenas inferiores sem caixas
nem pesos duzia 240
Ditas inglezas para pesar oiro e diamantes, com
pesos uma 640
Balestilhas para tomar o sol » 400
Barba de baleia quintal 600
Dita em bocadinhos, chamada de refugo » 180
Barrilha » 600
Batatas ou trufas arroba 80
YOL. IV. 11
162 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1801
19 DÉSIGNATION DES ARTICLES DROITS À PAVER
EN RÉIS
c
Cheveux dorés des Iles, ou bourre l'arrobe
Dits pour perruques de toute qualité , la livre
Dits queue de vache, ou crins pour matelas . . l'arrobe
Dits en brut du Brésil m
Cadenas de fer assorti de tout pays et qualité la douzaine!
Grands cadenas dits à anneaux
Chaînes pour horlogers seront fixés au bureau
selon leurs qualités.
Creusets de toute espèce et qualité
Canifs de toute qualité.
Cannetille d'argent faux à paillette et à lentil
les de toute couleur la livre
Peignes à carder de toute espèce la paire
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 1 63
DIREITOS A PAGAR
DESIGNAÇÃO DOS ARTIG06 EM RÉIS
I)
Dés de toute qualité le mille
Dits à coudre les voiles , la douzaine) 50
Serpentines de laiton travaillées et à deux
branches chaque 200
Dites à une branche 150
Dites unies à deux branches 120
Dites à une branche » 60
E
Tourne-broches » 1$920
Outil pour tailler les plumes » 80
Cordages pour navires goudronnés, ou non . . le quintal 1$200
Dits de vieux fil » 600
Brosses de toute espèce por les habits la douzaine! 360
Dites rondes pour les chevaux 240
Dites à mairches d'os pour les orfèvres, et pour
les dents 75
Dites à manches de bois pour souliers et voi
tures 100
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O D.JOÃO. 167
DIREITOS A PAGAR
DESIGNAÇÃO DOS ARTIGOS EM RÉIS
D
Dedaes de qualquer qualidade milheiro
Ditos para marinheiros coserem velas duzia 50
Dirandellas ou serpentinas de latão, lavradas
e perfumadas, de dois lumes uma 200
Ditas de um lume » 150
Ditas lizas de dois lumes » 120
Ditas de um lume » 60
E
Engenhos de ferro para assar carne um 1&920
Ditos de ferro para aparar pennas » 80
Enxarcia de qualquer sorte, e ainda sendo da
chamada enxarcia branca ou merlim quintal 1$200
Dita de flo velho » 600
Escovas para vestidos de qualquer sorte duzia 360
Ditas redondas para limpar cavallos » 240
Ditas de cabos de osso para oirives, ou para
limpar dentes » 75
Ditas de pau para limpar sapatos ou seges. . . a 100
168 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1804
Marco DROITS À PAYER
19 DÉSIGNATION DES ARTICLES EN RÉIS
F
Couteaux à manches d'os ou de bois pour les
cordonniers la douzaine 80
Dits à manches garnies en argent pour table
et dessert 960
Dits à manches d'ivoire 400
Dits à manches d'os ou de bois de toute qua
lité 240
Petits couteaux à manches d'étain 60
Fer coulé de toute fabrique le quintal 840
Fer en verges, en feuilles ou en cercles a 600
Dit ancres de vaisseaux 760
Dit fabriqué en ouvrages étrangers non men
tionnés au Tarif
Dit en barres de toute qualité ■ 320
Êtaux pour les forgerons et les serruriers . . . l'arrobe 240
Fers à papillotes lia douzaine! 160
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 1 69
1804
Marco
DIREITOS A PAGAR 19*
DESIGNAÇÃO DOS ARTIGOS EM RÉIS
F
Facas de cabo de osso ou dc pau para çapa-
teiros duzia 80
Ditas de cabos de casquinha de prata para
mesa e sobremesa 960
Ditas com cabos de marfim 400
Ditas de cabo de osso ou de pau, de qualquer
qualidade 240
Faquinhas muito pequenas, cabos de estanho 60
Ferro coado em qualquer obra quintal 840
Dito em verguinha ou em varões redondos,
folha ou arcos 600
Dito lavrado em ancoras 760
Dito manufacturado em obras de fóra do Rei
no, excepto as declaradas n'esta Pauta » 1&920
Dito em barra de qualquer sorte » 320
Dito lavrado em tornos para ferreiros e serra
lheiros arroba 240
Ferros para levantar cabcllo duzia 160
170 REINADO SA SENHORA D. MARIA I.
1804
Marco DBOITS À PAYES
19" DÉSIGNATION DES ARTICLES EN RÉIS
G
Épingles à crochet pour les cheveux le cent
Bouteilles de verre noir de demie canade et au
dessous ila do
Dites jusqu'à deux canades
Dites de deux et demie canades jusqu'à trois »
Dites de trois et demie jusqu'à cinq
Dames Jeannes de six à sept canades »
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 171
1804
DIREITOS A PAGAR Março
DESIGNAÇÃO DOS AR' ta
EU RÉIS
G
Ganchos de ferro para segurar cabello cento 20
Garrafas de vidro preto de meia canada, e d'ahi
para baixo , duzia 78
Ditas de uma até duas canadas > 230
Ditas de duas canadas e meia até tres canadas » 360
Ditas de tres e meia até cinco canadas 640
Garrafões de seis até sete canadas 80
i
172 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1804
Marco DBOITS À PAYER
19' DÉSIGNATION DES ARTICLES EN RÉIS
I
Amadous de cuir l'arrobe 960
Dit de chardon * 360
Tableaux pour les autels avec bordures de verre
argentées ou dorées les trois 320
L
Écouvillons à manches de bois chaque «0
Alambics de cuivre à tuyaux d'étain ou de
métal et tout l'attirail en grand 52$000
Laiton brut en feuilles le quintal 2$40O
Dit fabriqué en ouvrages de l'étranger non
mentionnés au Tarif 9#60O
Dit vieux 1&200
Éventails seront tarifés au bureau selon leur
qualité.
Carreaux de pierre de huit pouces carrés. . . . chaque 13
Dits de marbre blanc ■ 36
Limes assorties la douzaine! 150
Livres pour compte se tariferont au bureau
selon leur grandeur et leur qualité.
Gants de daim ou de chamois la paire 90
Dits fourrés ou de peau de castor la douzaine! 460
m
Grandes cartes géographiques en papier chaque . 32
Dites ordinaires 24
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 1 73
1804
DIREITOS A PAGAR Marco
DESIGNAÇÃO DOS ARTIGOS 19-
EM RÉIS
I
Isca de coiro para accender lume arroba 960
Dita de cardo ■ 360
Jogos de sacras com molduras de vidro pra
teadas ou doiradas tres 320
L
Lambazes de lã com cabos de pau um 40
Lambiques de cobre com canudos de estanho
ou metal enroscados e seus pertences grandes » 52$000
Latão em bruto ou pasta quintal 2&400
Dito manufacturado em obras de fóra do Rei
no, excepto as declaradas n'esta Pauta .... 9$600
Dito velho 1&200
Leques se regularão na Mesa segundo suas
qualidades.
Lages de palmo em quadro um 12
Ditas de pedra jaspe » 36
Limas sortidas duzia 150
Livros para memorias se regularão na Mesa
segundo o seu tamanho e qualidades.
Lavas de bezerro acamurçado ou de couro de
veado par 90
Ditas de pellica ou pelle de castor duzia 460
M
Mappas em papel grandes um 32
Ditos ordinarios 24
174 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
DROITS À PATER
DÉSIGNATION DES ARTICLES EN RÉIS
N
Couteaux de France fermans assortis à
ches de bois la douzaine'
Dits avec ressorts de fer, manches d'os. . . .
airs à manches de corne ou de baleine. »
O
Lunettes avec étuis de chagrin et ressorts à
branches, ou sans étni chaque
Dites ordinaires sans ressorts la douzaine)
Dites longue-vue garnies en cuivre chaque
Dites plus ordinaires
Dites petites
Dites à quatre tuyaux de carton couverts de
chagrin ■
Dites ordinaires à trois tuyaux »
Dites petites à deux tuyaux »
Dites de poche pour le théatre garnies en os,
etc »
Dites longue-vues à tuyaux de cuivre »
Dites à longue-vue tuyaux de cuivre ordinai
res a
Dites petites »
Dites à longue-vue anglaises avec caisse, pied
de cuivre et attirail
Lorsque les lunettes seront d'une qualité
supérieure, on les tarifera au bureau.
Serinettes
REGÊNCIA ] i d. joÃo. 175
1804
DIREITOS A PAGAR Marco
DESIGNAÇÃO DOS ARTIGOS 18
EM RÉIS
N
Navalhas de França sortidas, de cabo de pau duzia 12
Ditas com mola de ferro, de cabo de osso . . . 14S
Ditas de barbear, de cabos de ponta de boi
ou barba de baleia » 280
O
Óculos de nariz com sua caixí de lixa e mola
de segurar na cabeça, ou sem caixa um 192
Ditos sem molla ordinarios para nariz duzia 80
Ditos de longa vista com remates de latão . . . um 1&280
Ditos mais ordinarios » 640
Ditos pequenos » 240
Ditos de quatro canudos de papelão forrados
de lixa . » 192
Ditos ordinarios de tres canudos
Ditos pequenos de dois canudos ' »» 160
100
Ditos a que chamam de punho para thealro,
com seus remates de osso, etc » 40
Ditos de longa vista, canudos de latão gran
des » 2&880
Ditos de longa vista, canudos de latão ordi 1
narios » 1$600
Ditos pequenos. » 960
Ditos de longa vista, inglezes, em caixas de
latão com pés de dito, e seus pertences . . . » 2&560
Sendo os oculos de qualidade superior se
rão taxados na Mesa.
Órgãos para ensinar passaros » 800
176 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1804
Marco DROITS À PAYER
19' DÉSIGNATION DES ARTICLES EN RÉIS
P
Paliteiros de qualquer qualidade duzia 95
Pannos de cerdas para peneiros arroba 3&200
Papel de qualquer qualidade resma 180
Dito pardo para empapelar » 60
Dito imperial de Genova » 480
Dito real de Genova 1&200
Dito bastardo, ou papel marca grande » 340
Dito de Hollanda 520
Dito imperial de Hollanda » 1&080
Dito real » 1&240
Dito bastardo • 640
Dito lombardo para encartuxar de qualquer
parte • 200
Dito pintado, imprensado ou pautado. »ou
Dito com lavores de oiro ou prata » lp80
Dito em rolos para pinturas de qualquer sorte covado 20
Papelões sortidos um 3
Pás de pau chapeadas de ferro uma 40
Passas de Alicante arroba 195
Ditas de Corinto D 260
Pederneiras para espingardas » 160
Pedras mós de qualquer tamanho uma 230
Ditas rebolos » 40
Ditas para amolar navalhas de barba duzia 480
Pelles de cabra em cabello » 100
Ditas de almister soltas ou sem forros » 240
Ditas ou pellicas, carneiras e de cordeiro, cor-
timento de camurça ou em branco e de co
res • 500
Ditas de coelho ou gato » 720
Ditas de cordeiro branco ou preto, soltas ou
em forros, da Russia . .\ » 1&920
Ditas de tourão ou gato » 1&440
Ditas de cisnes uma 160
Ditas de lixa duzia . 240
Ditas de rapoza : uma 240
Ditas de lontra » 40
Ditas de toupeira duzia 96
Ditas de rato ou petegriz » 480
Ditas de arminho » 960
Ditas de tigre sortidas uma 240
Ditas de urso
VOL. IV.
178 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1804
Marco DROITS À PAYER
19 DÉSIGNATION DES ARTICLES EN RÉIS
R
Violons de bois vernis avec ou sans archet. . chaque
Petits violons de sapin pour les enfans »
Raquettes pour volans ou balles la paire
Oignons de fleurs la douzaine!
Souricières de bois ou de fer avec ressort. . .
Horloges à sonnerie en caisse de bois pour bu
reaux chaque
Dites sans sonnerie »
Dites contre murailles en caisses de bois . . . »
Dites sans caisse
Montres d'or de poche »
Dites d'argent. a
Dites de si m il or ou cuivre »
Dites à sablier d'une heure et moins D
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 1 79
1804
DIREITOS A PAGIR Marco
jg*
DESIGNAÇÃO DOS ARTIGOS EM RÉIS
R
Rabecas de pau envernizadas, com seu arco
ou sem clle uma 640
Rabequinhas de pinho pintadas para meninos » 20
Raquetas para jogos de volantes ou pella. . . . par 120
Raizes de flores, ou cebolas duzia 48
Ratoeiras de pau ou ferro com sua molla. . . . 480
Relogios de repetição em caixas de pau para
cima de bofete um
Ditos sem repetição
Ditos para parede cm caixas de pau 8&000
Ditos sem caixa
Ditos de oiro para algibeira
Ditos de prata 2&000
Ditos de tambaque ou latão 1&600
Ditos ou ampulhetas de areia de uma hora e
d aqui para baixo 8
180 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
S
Tire-bouchons de fer la douzainel
Seringues d'ivoire assorties ».
Cachets et breloques pour montres de toute
qualité chaque
T
Tabatières de composition de toute qualité . . la grosse
Touilliers garnis en verrerie chaque
Ciseaux pour couturières assortis la douzainel
Dits pour barbiers, tapissiers et cordonniers »
Petits étaux en fer m
Dits petits à la main chaque
Mouchettes de fer la douzainel
Boyaux séchés en rouleaux de vingt à vingt
six vares le rouleau
V
Médailles de cuivre assorties la grosse
Vilbrequins assorties et vrilles [la douzainel
Verres de cristal de toute qualité l'arrobe
Dits pour vitres blancs et verts
Dits façon de cristal pour liqueurs et café . . .
Dits à lunettes J dedouzaine
paires
Dits de montre la douzainel
Dits en teint pour miroirs d'une palme chaque
Dits d'une palme et demie. ... :
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 181
18M
DESIGNAÇÃO DOS ARTIGOS DIREITOS A PAGAR "iS^
EM RÉIS
s
Sa ca rolhas de ferro duzia 160
Seringas de marfim, sortidas ■ 280
Sinetes e brincos para relogios de qualquer
qualidade um 60
T
Tabaqueiros de gesso ou barro, de qualquer
qualidade groza 60
Talheres de pau com suas galhetas de vidro. . um 240
Tesouras para costureiras, sortidas duzia 110
Ditas para barbeiros, alfaiates ou sapateiros 300
Tomilhos de ferro 360
Tornos de mão pequenos um 120
Tesouras de ferro para espevitar duzia 240
Tripas seccas em massarocas de vinte até vinte
e seis varas massaroca 120
V
Veronicas de latão sortidas groza 200
Verrumas sortidas duzia 60
Vidros crystallinos de toda a qualidade arroba 2&800
Ditos para vidraça, brancos e verdes 1$600
Ditos verdes á imitação dos crystallinos, para
licores e boticas »
duzia 60
Ditos para oculos de nariz j de pares
Ditos para relogios de algibeira duzia 160
Ditos com lume para espelhos de um palmo. . um 36
Ditos de um e meio palmo 170
182 . REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
DROITS À PAYER
DÉSIGNATION DES ARTICLES EN RÉIS
A
Tapis de laine et bourre de soie de dix
de large et six de long chaque 12&000
Dits de sept côves carrés a ÎO&OOO
Dits de cinq côves de large et quatre de long ■ 7$000
Dits sans bourre de soie et plus la vare 480
Sempiternelle le côve 56
B
Baïettes de toute qualité 68
Baîetton 160
Quand ces étoffes sont de demie largeur,
elles payent la moitié de la taxe ci-dessus.
Molleton de toute qualité 56
Barracan 64
Bonnets de laine foulés, simples ou faits à l'ai
guille [la douzaine! 260
Dits doubles » 520
Droguet de laine qui se dépêchait comme étoffe
de deux palmes de large le côve 33
c
Camelot d'Irlande qui se dépêchait pourbar-
barisque de laine étroit 25
Dit de meilleure qualité de France et d'An
gleterre qui se dépêchait pour barbarisques
étroits et ordinaires jusqu'à deux palmes de
large 50
Dit poil jusqu'à trois palmes de large 220
Dit demi poil 80
Casimir jusqu'à trois palmes de large 160
Couvertures dites de lit de toute qualité chaque 260
Tricots de laine faits à l'aiguille pour culottes 160
Dits en couleur et imprimés 200
REGÊNCIA DO PRINCIPE 1 i d. joio. 185
A
Alcatifas de lã e borra de seda de dez cora
dos de comprido e seis de largo 12&000
Ditas de sete covados de comprido e sete de
largo 10&000
Ditas de cinco covados de comprido e quatro
de largo 7&000
Ditas sem terem borras de seda, que são mais
ordinarias vara 480
Amens, ou sempre dura covado 56
B
Baeta de qualquer qualidade 68
Baetão. 160
£ sendo de meia largura ametade.
Baetilha de qualquer qualidade » 56
Barregana » 64
Barretes de lã apizoados, singelos ou ponto
de agulha duzia 260
Ditos dobrados » 520
Brilhante de lã, que costumava despachar-se
por estofo de dois palmos de largo covado 32
c
Camelão de Irlanda, que costumava despa
char-se por barberisco de lã estreito 25
Dito de melhor qualidade, que vem de França
e Inglaterra, e se despachava por barbe-
riscos estreitos e ordinarios, até dois pal
mos de largo 50
Carro de oiro até tres palmos de largo 220
Dito chamado meio carro 80
Cazimira até tres palmos de largo 160
Cobertores chamados de papa, de qualquer
qualidade um 260
Cortes de lã de ponto de agulha para calções » 160
Ditos tecidos de cores e pintados » 200
186 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1804
Marco DROITS À PAYE»
19* DÉSIGNATION DES ARTICLES EN RÉIS
n
Damas de laine. 56
Droguette royale unie et brochée de deux pal
mes 30
Dite castor de France 60
Dite très-ordinaire anglaise de deux à deux et
demi palmes de largeur 48
Duchesse de laine 60
Durance de laine de trois palmes de toute qua
lité 36
Dite plus forte 68
E
Étamine de laine de toute qualité 40
Étoffe de crin de cheval 80
F
Tissu de laine de barbarie pour pavillons jus
qu'à deux palmes de large de toute couleur 12
Rubans, passements et lacets de laine de toute
qualité l'arrobe 2&400
Dits de laine et Gl » 4#800
G
Étamine de laine le côve 72
Gorgoran de laine et soie 200
Bure de laine pour les marins la vare 12
Dite de poil de chèvre de cinq palmes de large
en pièces, venant de France 40
L
Laine préparée pour matelas l'arrobe 800
Dite brute a 480
Dite anglaise fine en pelotes ou en échevaux
dépêchée pour laine de chameau la livre 720
BEGENCIA DO PRFNCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 1 87
1804
DIREITOS A PAGAS Marco
ff
DMI6NAÇA0 DOS ARTIGOS EM RÉIS
D
Damasco de lã 56
Droguete rei liso e lavrado, de dois palmos . . 30
Dito castor de França 60
Dito pano muito ordinario Inglez, de largura
de dois até dois e meio palmos 48
Duqueza de lã «O
Durante de lã de tres palmos de qualquer qua
lidade 36
Duraque de lã 68
E
Estamanha de lã dc qualquer qualidade .... 40
Estofo de seda de cavallo 80
F
Filele para bandeiras até dois palmos de largo,
de qualquer còr 12
Fitas de lã de qualquer qualidade, passama-
nes e trancelins arroba 2#40O
Ditas de lã e linbo 4&800
G
Gala de lã covado 72
Gorgorão de lã e seda -» 200
Grassaria de lã felpuda para marinheiros . . . vara 12
Dita de lã de cabra com cinco palmos de lar
go, que vem de França em peças 40
L
Lã lavada para colxões arroba 800
Dita suja 480
Dita ingleza fina em torçal ou fio, que se cos
tumava despachar por lã de camello. ...... arratel 720
REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
M
Manteaux de bure chaque
Bas de laine pour homme de toute qualité. . . la douzaine|
Dits pour femme
Dits pour enfant
Dits de laine drapés pour homme de toutes
grandeurs et qualités »
Dits de poil de castor mêlé de soie la paire
Dits pour femme
Dits pour enfant
Dits de filoselle pour homme
Dits pour femme
Dits pour enfant
Dits de nouvelle fabrique pour homme, quel
que soit la fabrique
Moire de laine le côve
P
Draps Ans
Dits qui jusqu'à présent se dépêchaient sous
la désignation des différentes qualités de
demi-fins, ordinaires et gros, se livreront
maintenant sous une seule
Tapisserie fine et ordinaire
Dite fine ou ordinaire coupée pour chaises et | chaque
meubles \ coupon
Dites fines ou ordinaires pour canapés ou dor
meuses
Point de Hongrie qui se dépêchait jusqu'à pré
sent sous le nom de gros drap de laine, se
délivrera par côves la palme
R
Ratine de six palmes le large le côve
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 1 89
DIREITOS A PAGAR
DESIGNAÇÃO DOS ARTIGOS EM RÉIS
■
Mantas de grossaria ama
Meias de lã para homem, de qualquer qua
lidade duzia
Ditas para mulher »
Ditas para menino s
Ditas de lã apizoadas para homem, de qual
quer tamanho e qualidade »
Ditas de lã de castor com mistura de seda . . . par
Ditas para mulher
Ditas para menino
Ditas de fiadilho ou cadarço para homem. . . . ■
Ditas para mulher a
Ditas para menino ■
Ditas, fabrica nova para homem de qualquer
parle »
Melania de lã covado
1»
Pannos finos
Ditos que até agora se costumavam despachar
com os nomes das differentes qualidades de
entre-finos, ordinarios e grossos, se despa
charão debaixo de uma só qualidade a
Ditos de raz finos e ordinarios »
Ditos em córtes para assentos e costas de ca
deiras nm
Ditos para canapés ou preguiceiras »
Papagaio, que até agora se despachava com o
nome de lambei, se despachará por covados palmo
R
Retina de seis palmos de largo covado
190 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1804
Marco DROITS À PAYER
19 DÉSIGNATION DES ARTICLES EN RÉIS
S
Croisé de laine le côve 40
Serges de toute qualité » 100
Demi-serge de laine qui jusqu'à présent se
dépêchait pour droguette de laine de cor
don, nouvelle fabrique de deux et deux et
demie palmes le côve 96
Silésie qui se dépêchait pour droguette drap
fin jusqu'à trois palmes de large » 170
Ceintures de quatre côves de long la douzaine! 640
Pour les ceintures on se réglera selon leur
grandeur en plus ou en moins, en fixant
la douzaine à raison de 800 réis par côve.
L'augmentation ou la diminution s'en
tendront sans différence de côve ou de
demi côve.
Séraphines qui se dépêchaient pour perpetuel
les de toute qualité le côve 40
Satin de laine unie et brochée de toute qualité
qui jusqu'à présent se dépêchait pour dro-
guettes de cordon de laine ordinaire de deux
palmes 4a
T
Panne de laine et fil unie et brochée pour siè
ges 60
Dite de laine avec glands unie et rayée S*
Dite de laine mêlée de poil de chameau et à
chenilles 110
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 191
1804
DIREITOS A PAGAR Marco
DESIGNAÇÃO DOS ARTIGOS 19'
EM RÉIS
s
Saeta covado 40
Sarjas de qualquer qualidade 100
Sargelim de lã, que até agora se despachava
por droguete de lã de cordão, fabrica nova,
de dois palmos e dois c meio 96
Selezia, que se despachava por droguete, panno
fino, até tres palmos de largo 170
Sintas de quatro covados dc comprido duzia 640
E a este respeito, segundo o seu compri
mento, se fará a conta, ou seja para mais
ou para menos, regulando-se na duzia
oitocentos réis por covado; e este acres
cimo ou diminuição se entenderá, sendo
a differença de covado e meio covado.
Sera finas, que se costumam despachar por per-
petuanas, de qualquer qualidade covado 40
Selim de lã liso c lavrado de qualquer quali
dade, que até agora se despachava por dro
guete de lã de cordão ordinario, de dois
palmos 42
T
Tripe dc lã e linho liso e lavrado, para cadei
ras 60
Dito de lã com froco de dita liso e de riscas. . 56
Dito dc lã com pello de camello e froco de
dita 110
192 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
A
Toile à couronne ou d'Osnabruck la vare 24
Lacets de fil la grosse 120
B
Bretagne de France large la vare 86
Dite étroite • 66
Dite large d'Hambourg de toute qualité • 48
Dite étroite B 40
Toile de Brabant écrue large de trois à cinq
palmes * » 30
Dite étroite de trois palmes ■ 14
F
Fil de lin cru l'arrobe
Dit blanchi
Dit à coudre les voiles
Dit de chanvre pour les chandeliers .
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGESTE O SENHOR D. JOÃO. 193
A
Aniagem vara 24
Atacadores de linho grosa 120
B
Bretanha dc França larga vara 86
Dita estreita 66
Dita larga de Hamburgo de qualquer quali
dade 48
Dita estreita ... 40
Brim largo, que é de tres palmos para cima
até cinco 30
Dito estreito até tres palmos 14
c
Chita de linho de quatro palmos dc largo . . . covado 90
Cortes para vestes de chita de qualquer qua
lidade, com costas 168
Ditos, com quartos dianteiros somente 153
Cotim de linho de qualquer qualidade, curado vara 40
Dito cru > 32
Calhamacinho estreito n 18
Calhamaço de festo n 28
Cambraia de qualquer qualidade 170
Cavalim ■ 72
Cré de qualquer qualidade 14
E
Esguião de qualquer qualidade 100
Estopinha de cambraia ou cambraeta 80
F
Fiado de linho cru arroba n
Dito curado 1&536
Fio para coser vélas 880
Dito de estopa curado para cericiros 384
TOL. IV. 13
194 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1804
Março DROITS X PAYES
19 DÉSIGNATION DES ARTICLES EN RÉIS
G
toile d'emballage dite grossière Ia vare 16
Serviettes damassées fines » 160
Dites napes de toute qualité » 80
L
Mouchoirs de fil imprimés la douzaine] 560
Dits de couleur très-ordinaires » 240
Fil de lin blanc ou de couleur ' la livre 96
Lin en paquets brut le quintal 600
Chanvre brut • •.«. . » 360
Fil de lin scrancé » 2$400
Chanvre peigné » 700
Toile à voiles la vare 20
M
Mousquetières de fil de trois palmes. ....... 40
O
Toile d'Hollande de toute qualité s 220
Dite contrefaçon » 120
Hollande écrue platille le côve 18
Sangalette D 18
Toiles cirées la palme 24
P
Petites toiles la vare 28
Toile de lin, nommée ordinairement créa de
France
Dite de lin peinte à l'huile pour ameublement j le côve
carré 80
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 195
1804
DIREITOS A PAGAR Marco
DESIGNAÇÃO DOS ARTIGOS 19"
EM RÉIS
M
Mosqueteiro de linho de tres palmos
O
Hollanda dc qualquer qualidade. 220
Dita contrafeita » 120
Dita crua covado 18
Hollandilhas D 18
Oleados palmo
Panicos vara 28
Panno de linho chamado vulgarmente cré de
França », 28
Dito de linho pintado a oleo para armação t covado
de casas j em quadro 80
196 REI.NADO DA SENHORA D. MARIA I.
R
Rayures de Franccjusqu'à trois et demie palmes le côve 60
Kouancs de France de deux vares de large. . . Ia varc 170
» 20
S
Toiles peintes en couleur fausse, dites sufful-
le côve 22
T
la vare 320
» 160
Coutil étroit de cinq palmes et au-dessous. . . » 32
» 54
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 197
DIREITOS A PAGAR
DESIGNAÇÃO DOS ARTIGOS EM RÉIS
R
Riscados ou riscadilhos de França até trcs pal
mos e meio covado
Ruão curado de França de duas varas de largo vara
Dito lavrado »
s
Sufulié ou folie imprensado de lavores de
qualquer sorte, em panico ralo c grosso. . . covado
T
Toalhas finas adamascadas vara
Ditas ordinarias muito inferiores »
Tré estreito, de cinco palmos para baixo
Dito largo, de cinco palmos para cima
198 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
A
Cordons ou lacets de soie en pièce de toute qua
lité même de flloselle Ia vare
Dits avec les aiguillettes de flloselle la douzaine!
B
Baïette de bourre de soie le côve
c
Filoselle en fil tordu ou non la livre
Moiré de soie de tout pays et de toute qualité le côvo
Étoffe de soie gros grain dite caneton
Coupons de soie pour culotte de tout pays et
qualité chaque
D
Damas de tout pays et de toute qualité le côve
Déchets de soie teints '. la livre
E
Crêpe de soie de toute qualité le côve
F
Crêpe noir de soie de tout pays ou de toute
qualité en pièces de quarante trois à qua
rante quatre côves . , la pièce
Dit gros étroit et gommé en pièces de vingt-
neuf à trente côves :
Rubans unis d'Italie en rouleaux du n° 10 et
portant vingt pièces de vingt-cinq vares dans
chaque carton le carton
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 1 99
A
Atacadores de seda cm peças de qualquer qua
lidade, c ainda sendo de cadarso ou fiadio vara 5
Dilos de dita com suas atacas de cadarço ou
fiadio duzia 60
B
Baetilha dc borra de seda covado 80
e
Cadarço fiado ou em fio arratel 360
Chamalote de qualquer parte e qualidade que
for covado 70
Canotão de qualquer parte c qualidade que
for »
Cortes de seda para calção de qualquer parte
e qualidade que forem um
D
Damasco de qualquer parte e qualidade que
for covado 150
Desperdícios de seda tintos arratel 280
E
Esoomilha de seda de qualquer qualidade . . . covado 30
F
Fumo de seda de qualquer parte e qualidade
que for, em peças de quarenta e tres a qua
renta e quatro covados peça 1&140
Dito grosso c estreito engommado, em peças
de vinte e nove a trinta covados ». 270
Fitas lizas de Italia em maços de n.° 10 e vinte
peças a vinte e cinco varas cada uma maco 1&440
200 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1804
Marco
19* DROITS À PAYER
DÉSIGNATION DES ARTICLES EN RÉIS
DIREITOS A PAGAR
DESIGNAÇÃO DOS ARTIG EM RÉIS
M
Mitaines de soie de tout pays et de toute qualité la paire
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 20 5
1804
Marco
DIRE1TOS A PAGAR 19"
DESIGNAÇÃO DOS ARTIGOS El» RÉIS
G
Gorgorão de qualquer parte e qualidade . . . . covado 130
L
Luvas de seda de qualquer parte c qualidade par 112
M
Manguitos de seda de toda a parte e qualidade 90
206 REINADO DA SENHORA D. MARIA 1.
DROITS À PAYER
DÉSIGNATION DES ARTICLES EN RÉIS
il
T
Taffettas de toute qualité
Dit de lustrine étroit de trois et demie palmes
de large
Dit de lustrine de deux et demie palmes, n'ar
rivant pas à trois palmes
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 207
N
Nobreza de tres até tres e meio palmos de qual
quer qualidade
Dita estreita de qualquer qualidade
P
Pannos de seda para peneiros de peneirar fa
rinha de qualquer qualidade
R
Ketroz de qualquer qualidade arratel
Dito cru ■
s
Sarja de seda de qualquer qualidade covado
Seda frouxa arratel
Setim covado
Dito (meio setim) s
T
Tafetá de qualquer qualidade
Dito lustrim estreito de tres até tres e meio
palmos de largo
Dito de dois e meio, não chegando a tres pal
mos
208 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
V
le côve 300
» 360
» 150
(Pour duplicata.)
V
covado 300
Dito lavrado de uma só cor » 360
» 150
(Por duplicado.)
li
210 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
A
Acacic la livre 80
Agaric » 48
Agnus castus » 16
Eau de lavande distilléc la canade 192
Dite de mélissc en bouteilles chaque 16
Dite de la Reine de Hongrie Ia canade 100
Dite d'Angleterre » 400
Dite dc Spa » 60
Dite forte » 200
Dite tériacale » 96
Dite valérianc ■ 40
Dite de cerises noires » 20
Dite de mente » 20
Dite de lucet 40
Dite d'antimoine » 96
Dite mcdccinale » 160
Albâtrc en morceaux 1'arrobc 40
Dit cn poudre la livre 2
Camphrc de toute qualité » 200
Lavande 1'arrobe 200
Gommc adracanthe épurce la livre 96
Dite inféricurc » 28
Réglisse cn jus » 20
Civette de S' Thomas 1'once 1$280
Carrougcs 1'arrobe 20
Sénégré la livre 8
Semence dc perles baroque pour apothicairc » 480
Ambrc pour dit » 60
Dit prepare » 160
Almagre (rubrier fabrilis) 1'arrobe 50
Graine de 1'antriquc (mastice) » 80
Vésicaire (halicacabus) » 40
Blanc de céruse en bâton » 240
Dit en poudre, inférieur ■ 160
Dit préparé la livre 16
Ambrc gris l'once 240
Dit noir o 160
Amandes douces et ameres de 1'étranger 1'arrobe 340
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 211
A
Acacia arratel 80
Agárico » 48
Agnos casto » 16
Agua de alfazema, distillada canada 192
Dita de melissa em vidrinhos . um 16
Dita da rainha de Hungria canada 100
Dita de Inglaterra ... ■ 400
Dita de Spa » 60
Dita forte » 200
Dita triarcal » 96
Dita valcriana )> 40
Dita de serejas pretas » 20
Dita de ortelã b 20
Dita lucis » 40
Dita de antimonio » 96
Dita medicinal ■ 160
Alabastro em pedaços arroba 40
Dito miudo arratel 2
Alcanfor dc qualquer sorte » 200
Alfazema arroba 200
Alcatira, sendo boa e limpa arratel 96
Dita inferior ■ 28
Alcaçuz cm sumo » 20
Algaiia de S. Thomé onça 1&280
Alfarrobas arroba 20
Alforvas arratel 8
Alj0far barroco para botica » 480
Alambre para botica » 60
Dito preparado » 160
Almagre arroba 50
Almécega de qualquer parte em grão arratel 80
Alquerquenjes » 40
Alvaiade em pão arroba 240
Dito somenos em pó » 160
Dito preparado arratel 16
Ambargriz onça 240
Dito negro a 160
Amêndoa doce e amargosa, de fóra do Reino arroba 340
212 REINADO DA SENHORA D. MARIA T.
1804
Marco DROITS Ã PAYER
19" DÉSIGNATIQN DES ARTICLES EN RÉIS
B
Graine de gcnièvre > 120
Dite de laurier » 40
Dite d'avignon » 20
Dite de mirthe 1'arrobe 128
Dite de càpres »■ 160
Dite de vésicaire la livre 16
Dite de kermès » 80
Vanille ■ 160
Baume de Sachetz chaque 16
Dit de soufre la livre 96
Dit de cuiaba » 56
Dit apoplectiqtie 1'oncc 120
Dit catholique la livre 180
Dit péruvien • ■ 240
Dit solide u 160
Dit de S' Thomas »■ 80
Dit verd » 60
Dit térébcntiné 96
Pommade à la erème » 20
Adelium gomme » 48
Benjoin • ■ 80
Bezoar (lapis bezoar) D 240
Bitume judaíque a 48
Dit jovial préparé » 320
REGÊNCIA J l D. JOÃO. 213
1804
DIREITOS A PAGAR Marco
DESIGNAÇÃO DOS AE 19
EM RÉIS
B
Baga de zimbro » 120
Dita de louro » 40
Dita de avinhão » 20
Dita de murtinhos arroba 128
Dita de alcaparras » 160
Dita de alquerquenjes. arratel 16
Dita de alquermoz » 80
Baunilha » 160
Balsamo em coquinhes um 1«
Dito sulfuris arratel 96
Dito de cuiabá » 56
Dito apoplectico onça 120
Dito catholico arratel 180
Dito peruviano » 240
Dito solido » 160
Dito de S. Thomc » 80
Dito verde » 60
Dito terebenthinado— » 96
Banha de flor » 20
Bedélio (gomma) » 48
Beijoim » 80
Betume judaico » 240
Bezuartico mineral. . . . » 48
Dito juvial preparado . » 320
214 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
DROITS À PA VER
DÉSIGNATION DES ART1CLES EN RÉ1S
c
Cachou •.• la livre 480
Calamus aromatique, radix » 200
Calomcl » 400
Casse du Levant » 24
Canelli; » 280
Cantarides » 240
Vitriol vcrd le quintal 280
Dit blanc ou Romain 1'arrobe 520
Yeux d'écrevisse d'Aynan, picrrc brute la livre 80
Dits en poudre ou prepares » 320
Malaguetta grande et pctite » 160
Ambre » 60
Caroline, racine » 8
Carmin pour la peinture 1'once 560
Momie la livre 40
Écorce de Gayac » 2
Dite de caprier » 10
Dite de glouter ou personaca » 16
Dite de grenade aigre » 8
Cite de coq blanc » 16
Dite de senteur » 32
Cascarille ■ 240
Cassialinia n 200
Castorée (castorium) » 320
Graisse de mouton épurée a 24
Dite d'ours en pots l'once 96
Cristal minéral l'arrobe 640
Dit de roche en brut » 80
Cinabre d'antimoine la livre 320
Dit natif » 560
Sinope pour peintres » 64
Couleuvres » 160
Graine de coco » 24
Coriandre séche » 20
Coloquintes » 60
Cumin le quintal 1&920
Dits sauvages sans préparation la livre 12
:
c
Caxundé • arratel 480
Cálamo aromatico (raiz) • 200
Calomelanos » 400
Canafistula do Levante » 24
C ancila » 280
Cantaridas » 240
Caparosa verde quintal 280
Dita branca ou Romana arroba 520
Caranguejos de Aynão (pedra bruta) arratel 80
Ditos em pó ou preparados » 320
Cardamomo maior e menor » 160
Carabc ou alambre » 60
Carlina (raiz) » 8
Carmim para pintura onça 560
Carne mumia arratel 40
Casca de pau santo » 2
Dita de alcaparras » 10
Dita de bardana » 16
Dita de romãs azedas » 8
Dita de côsto branco » 16
Dita cheirosa » 32
Cascarrilha » 240
Cassiallnia » 200
Castóreo » 320
Cebo de carneiro depurado » 24
Dito de urso em vidrinhos onça 96
Crystal mineral arroba 640
Dito de roca ou montano tosco ;.... ■ 80
Cinabrio de antimonio arratel 320
Dito nativo » 560
Cinópela para pintores a 64
Cobras de agua seccas » 160
Cóca em grão » ' 24
Coentro secco » 20
Coloquintidas » 60
Cominhos quintal U920
Ditos rusticos da terra sem beneficio algum arratel 12
REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
D
Dents de cheval marin
Dits d'éléphant
Dits de brochet
Dits d'engala
Dits de sanglier »
Diascordium frascatrium »
Diagrède sulfurée en poudre »
Catolicon »
Ditame de Crète »
Dit royal ou blanc a
Pavots de toute espèce ,.... B
E
Allebore blanc et noir
Electuaire ou thériague composé
Elixir proprietatis
Dit de vitriol , la canadc
Dit stomachique en bouteilles chaque
Emplàtres magnétiques et autres la livre
REGÊNCIA DO PBINCIPB KEGENTE O SENHOR D. JOÃO. 217
DIREITOS A PAGAR 19
DESIGNAÇÃO DOS ARTIGOS EM RÉIS
í)
Dentes dc cavallo marinho » 160
Ditos de elefante » 160
Oitos de peixe lucio ou mandíbula lucis » 320
Ditos de engala » 160
Ditos de porco montez » 160
De ascordio frascatorio » 120
De agridio sulfurado (pós) » 800
Deacatolicão (massa composta) » 120
Ditamo de Creta » 36
Dito real ou branco. » 48
Dormideiras de qualquer sorte ». 24
E
Eléboro branco e preto » 24
Electuario de esmeraldas ou triaga composto » 320
Elixir propiatates » 320
Dito de vitríolo canada 160
Dito de estomaticão em vidrinhos um 16
Emplastos magneticos e outros arratel 100
218 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1804
Março DBOITS À PAYER
19 DÉSIGNATION DES ARTICLES RÉIS
F
Litbarge 1'arrobe 200
Fleurs chimiques de toute cspèce la livre 2$560
Foie d'antinwine (épar sulfuris) 160
Fleur de violettes - 40
Dite de noix 320
Dite de souffre 10
Dite de bourrache » 20
Dite de lavande 1'arrobe 200
Dite d'anlimoine la livre 80
Dite de safran » 30
"Dite de rose de terre » 8
Dite de rose de Tolède ou en boutons 20
Dite dc buis 24
Dite de pivoine » 28
Dite de tilleul 32
Dite de jalde en poudre » 48
Feuilles de séné » 64
G
Galanga 40
Galbanum, gomme 96
Noix de galle lc quintal 2$560
Genciano, racine la livre ' 24
Césame 1'arrobe 170
Plâtre en pierre le quintal 80
Dit en poudre j» 120
Racine de gingembre , la livre 18
Dite en poudre » 40
Crayon rouge 1'arrobe 80
Dit blanc o 24
Gomme arabique » 760
REGÊNCIA 1 £ D. JOÃO. 221
1801
DIREITOS A PAGAR Marco
DESIGNAÇÃO DOS ARI 19"
FM RÉIS
F
Fezes de oiro arroba 200
Flores chimicas de qualquer casta arratel 2$560
Figado de antimonio » 160
Flor de violas D 48
Dita de nós moscada )> 320
Dita de enxofre 10
Dita de borragens » 20
Dita de alfazema arroba 200
Dita de antimonio arratel 80
Dita de açafrão » 30
Dita de rosa da terra » H • 8
Dita de rosa de Toledo cm botões . . » 20
Dita de buxo » 24
Dita de pionia » 28
Dita de tilia » 32
Dita de jalde em pó » 48
Folha de sene » 64
G
Galanga » 40
Galbano ( ) » 96
Galha . . . quintal 2$560
Genciana ( arratel 24
Gergelim 170
Gesso em pedra quintal 80
Dito em pó o 120
Gengibre em raiz. . . . arratel 18
Dita cm pó » 40
Gis vermelho ou lapis arroba 80
Dito branco ........ » 24
Gomma arabica 760
222 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1801
1Marco
19' DROITS À PAYER
DÉSIGNATION DE8 ARTICLES EN RÉIS
I
Hyacintes brutes en pierre
Dits prepares
Jalap
Jaune de toute espece
Dit brulé
Petit jaune
Encens
Judaique, pierre brutc
Dit en poudre
Jujubc
Grains de genièvre
Hysopc (plante)
Dite humide ^
L
Cire à cacheter ou laque
Dite en gouttes pour les peintres
Dite fourmi (gommc) 1'arrobe
Crayons de toutes couleurs la livre
Dits mine de plomb 1'arrobe
Lazulis, lapis la livre
Dit en poudre
Or faux en couleur pour peintres
Laudanum
Dit en liqueur
Dit en opiat
Dit (tistus ledon en feuilles)
Lait de souffre
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 223
1804
DIREITOS A PAGAR Marco
DESIGNAÇÃO DOS ARTIGOS 19"
EM RÉIS
L
Lacre » 120
Dito de pingo para pintores » 320
Dito formiga (gomma) arroba 1&200
Lapis de qualquer côr arratel 6
Dito chumbo arroba 360
Dito lazuly cm pedra arratel 160
Dito cm pó » 480
Lata de cores moida ou miuda para pintores o 60
Laudano » 240
Dito liquido » 320
Dito opiado » 560
Dito dc esteva a 60
Leite dc enxofre a 80
224 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1804
Marco DROITS À PAYER
19' DÉSIGNATION DES ARTICLES EN RÉIS
Nitro de antimonio 48
Dito 160
TOM. IV. IS
226 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1804
Marco DROITS À PATER
19' DESIGN ATION DES ARTICLES RÉIS
O
Ocre Tarrobe
Huile de jasmin en bouteilles la canade
Dit de lin Talmude
Dit de navets »
Dit d'amendes douces la canade
Dit d'ambre rouge la .livre
Dit d'anis
Dit de noix Talmude
Dit d'aspic la canade
Dit d'ambre Mane »
Dit de laurier
Dit de pétrole »
Dit de térébentine r »
Dit de copahiba »
Dit d'éléphant »
Dit de canelle la livre
Dit de cire »
Dit de cidrc »
Dit de girofle
Dit de menthe
Dit de muscade
Dit de roomarin
Dit de genièvre
Dit de buis
Dit de cumin
Yeux d'écrevisse
Opium
Opoponax
Orcancte
Os de coeur de cerf
Or piment ou jaune
P
Bois de sassafras
Panacée mercurielle
Dite de nitre
Bois fustet le quintal
Dit d'aigle la livre
I
O
Ocre arroba 96
Oleo de jasmins em vidrinhos. canada 240
Dito de linhaça almude 360
Dito de nabos » 160
Dito de amendoas doces canada 120
Dito de alambre vermelho. . . . arratel 96
Dito de herva doce » 320
Dito de nozes almude 960
Dito de espique canada 120
Dito de alambre branco arratel 120
Dito de louro canada 40
Dito de petroleo ■ 40
Dito de tormentina » 48
Dito de copahiba » 96
Dito de elefante » 160
Dito de canella arratel 12$800
Dito de cera » 320
Dito de cidra » 360
Dito de cravo D 960
Dito de ortelã » 360
Dito de nós moscada » 320
Dito de alecrim 11 480
Dito de junipero » 60
Dito de buxo » 240
Dito de cominhos » 160
Olhos de caranguejos » 48
Opio » 240
Opapónoco » 640
Orcanète » 40
Ossos de coração de veado. . . . 280
Oiropimento ou jalde » 24
Pau de salçafrás. . . . » 2
Panaceia mercurial 640
Dita de nitro » 240
Pau fustete quintal 480
Dito de aguila arratel 96
228 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1804
Marco DROITS À PATER
19 DÉSIGKATION DES ARTICLES
EN RÉIS
R
Racine de caprier la livre 8
Dite de jenciane %
Dite d'ipécacuana » 80
Dite d angélique '. » 32
Dite de valcriane » 20
Dite de serpentaire deVirginie 480
Dite de brionia (vitrualba ou negro) 8
Dite de bistorta 8
Dite de cassie 160
Dite d'Enula campana 24
Raclures d'ivoire 10
Recoupe de peau pour colle 14
Résidus d'cau forte 96
Résine étrangère 1'arrobe 160
Dite de jalap la livre 720
Dite de pomme de terre » 60
Dite d'agaric. . . » 360
Dite de scammonéc » 1$280
Arsénic blanc ou jaune le quintal 800
Rubarbe de toute qualité la livre 200
Centaurée » 20
Garance en poudre le quintal 960
Dite en racine 560
s
Sei d'Angleterre la livre 12
Dit polycreste. 48
Dit de saturne 40
Dit d'ambre 320
Dit ammoniac 48
Dit d'absinthe 96
Dit de tartare 72
Dit gème 12
Dit cVétain 64
Dit fébrifuge 80
Dit de corne de cerf 160
Dit de vipère 480
Dit de Mars 160
Dit de lait 320
Dit d'armoise 80
Dit de chardon béni 80
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 23 1
1804
Marco
DIREITOS A PAG IR fjf
DESIGNAÇÃO DOS ARTIGOS EM RÉIS
R
Raiz de alcaparra arratel 8
Dita de genciana ■ 8
Dita de cipó u 80
Dita de angelica u 32
Dita de valeriana » 20
Dita de serpentina de Virginia . . » 480
Dita de briónia » 8
Dita de bistorta » 8
Dita de cassia » 160
Dita de énula campana » 24
Raspas de pau marfim D 10
Retalho de pellica para colla » 14
Resíduos de agua forte » 96
Resina de fóra do Reino arroba 160
Dita de jalapa arratel 720
Dita de batata » 60
Dita de agarico • 360
Dita de escamoneia » 1$280
Rosalgar branco ou amarello . . . quintal 800
Ruibarbo de qualquer qualidade arratel 200
Ruipontico » 20
Ruiva em pó quintal 960
Dita em raiz a 560
S
Sal de Inglaterra arratel 12
Dito pluresto » 48
Dito saturno 40
Dito de alambre 320
Dito de ammoniaco 48
Dito de losna 96
Dito de tartaro 72
Dito de gemma 12
Dito de estanho 64
Dito de febrífuga 80
Dito de ponta de veado 160
Dito de vibora 480
Dito de martens de ribeiro 160
Dito de leite 320
Dito de artemisa 80
Dito de cardo santo
«
232 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1804
Marco DROITS À PATER
19" DÉSIGNATION DES ARTICLES EN REIS
T
Tacamáca (gomma) arratel 320
Talco em folha » 8
Tamaras de Barbaria arroba 760
Tamarindos » 640
Tormentilla (raiz) arratel 8
Tamarindos cm polpa ■ 34
Tartaro vitriolado » 40
Dito emetico » 160
Dito soluvel marcial » 360
Terra roxa arroba 80
Dita sigilata branca ou amarella em bolinhos arratel 24
DiU foliada dc tartaro » 200
Tinta para imprensa, aliás preto de Franck-
fort ou de Italia arroba 480
Dita da China arratel 240
Torrão de amendoa arroba 400
Tripoli arratel 12
Tutia cm pedra » 24
Trosiscos dc contra herva 320
Ditos de ruibarbo D 280
Tromentina de Veneza. ...» almudé 800
Dita de França arroba 400
Dita cozida arratel 200
Trincai bruto » 80
Dito refinado 120
234 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
DROITS a PATER
DÉSIGNATION DES ARTICLES EN RÉIS
V
la livre 80
Dit distillé M 160
» 24
l'arrobe 14920
la livre 60
l'arrobe 520
la livre 320
» 8
» 36
» 60
chaque 60
la livre 28
l'once 48
la livre 32
X
la livre 40
la canade 96
» 96
z
la livre 48
(Pour duplicata.)
V
Verde bexiga arratel 80
Dito distillado 160
Dito montanha 24
Verdete arroba 1&920
Vermelhão arratel 60
Vitríolo branco (capa rosa branca) arroba 520
Víboras seccas arratel 320
Violas seccas » 8
Unguento de condeça D 36
Dito de altenita » 60
Unha de grã besta uma 60
Unto de cavallo arratel 28
Dito de homem . . . . ; onça 48
Ursilha (tinta) arratel 32
X
Xarope de alquerme arratel 40
Dito de violas canada 96
Dito de pecego 96
z
Zedoaria (raiz) arratel 48
(Por duplicado.)
(tbaoicção particular.)
se lhe segue.
dicionaes a esta Convenção.
238 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1807 être La porter à user de représailles, soit par l'occupation
Outubro militaire de l'Ile de Madère ou de toute autre Colonie de
la Couronne de Portugal, ou bien en forçant l'entrée du
port de Lisbonne, et en employant les moyens d'hostilité
les plus efficaces contre la marine militaire et commerçante
de Portugal; considérant également que même la seule ap
préhension bien fondée de la clôture des ports de Portugal
pourrait amener l'occupation provisoire des Colonies Portu
gaises par les armes de Sa Majesté Britannique, et qu'une
démarche ou déclaration hostile de la part de la France
contre le Portugal ne pouvait manquer de produire ce même
effet; et Sa Majesté Britannique de Son côté rendant jus
tice aux sentimens d'amitié et de bonne foi qui ont cara
ctérisé les dernières communications de Son Altesse Royale
le Prince Régent, et s'étant déterminée à aider par tous les
moyens qui sont à Sa disposition la noble résolution que
Son Altesse Royale le Prince Régent vient d'annoncer, de
transférer le siège de la Monarchie Portugaise au Brésil,
plutôt que de souscrire aux demandes de la France dans
toute leur étendue; et désirant en même temps et dans le
cas même où Son Altesse Royale consentit à fermer Ses
ports contre la Grande Bretagne (démarche que Sa Majesté
Britannique verrait avec peine, et à laquelle Elle ne pour
rait jamais être censée avoir donné Son consentement) de
ménager autant que possible les sentimens et les intérêts
d'un ancien et fidèle allié, et d'agir avec le Portugal avec
toute la modération compatible avec ce qui est dû à Son
honneur et aux intérêts de Ses sujets, et avec l'objet essen
tiel qu'Elle ne peut pas perdre de vue, savoir, d'empêcher
que ni les Colonies ni la marine militaire ou commerçante
de Portugal, en tout ou en partie, ne tombent entre les
mains de la France: les deux Hautes Parties Contractantes
ont en conséquence déterminé de prendre d'un commun ac
cord les mesures et les engagemens réciproques qui seront
jugés les plus convenables à concilier Leurs intérêts respe
ctifs, et à pourvoir en tout cas au maintien de l'amitié et de
la bonne intelligence qui ont subsisté pendant tant de siè
cles entre les deux Couronnes. Et afin de discuter ces me
sures et de remplir ce but salutaire, Son Altesse Royale le
Prince Régent de Portugal a nommé pour Son Plénipoten
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR 1). JOÃO. 239
presalias, já pela occupação militar da Ilha da Madeira ou
de outra qualquer Colonia da Corôa de Portugal, ou já for
çando a entrada do porto de Lisboa, e empregando os mais
efficazes meios de hostilidade contra a marinha militar e
mercante de Portugal; considerando igualmente que a sim
ples apprehensão bem fundada da clausura dos portos de
Portugal poderia trazer comsigo a occupação provisoria das
Colonias Portuguezas pelas armas de Sua Magestade Bri-
tannica, e que um passo ou declaração hostil da parte da
França contra Portugal não deixaria de produzir aquelle
mesmo effeito; e Sua Magestade Britannica, pela Sua parte,
fazendo justiça aos sentimentos de amizade e boa fé que têem
caracterisado as ultimas communicações de Sua Alteza Real
o Principe Regente, e estando determinado a auxiliar por
todos os meios que se acham á sua disposição a nobre re
solução, que Sua Alteza Real o Principe Regente acaba de
annunciar, de transferir a séde da Monarchia Portugueza
para o Brazil antes do que subscrever ás exigencias da França
em toda a sua extensão; e desejando igualmente, e no caso
mesmo em que Sua Alteza Real consentisse em fechar os
Seus portos á Gran-Bretanha (passo este que Sua Magestade
Britannica veria com pezar, e a que nunca poderia suppor-
se que déra o Seu consentimento), conciliar quanto possivel
os sentimentos e interesses de um antigo e fiel alliado, e
proceder para com Portugal com toda a moderação compa-
tivel com o que é devido á Sua honra e aos interesses dos
Seus subditos, e com o objecto essencial que não pôde per
der de vista, qual é o de impedir que nem as Colonias nem
a marinha militar e mercante de Portugal, no todo ou em
parte, cáiam nas mãos da França: as duas Altas Partes Con
tratantes determinaram em consequencia tomar de um com-
mum accordo as medidas e obrigações reciprocas, que se
julgarem mais convenientes para conciliar os Seus interes
ses respectivos, e para prover em todo o caso é segurança
da amizade e boa intelligencia, que têem subsistido ha tan
tos seculos entre as duas Coroas. E a fim de discutir estas
medidas e de preencher este saudavel fim, Sua Alteza Beal
o Principe Regente de Portugal nomeou por seu Plenipo
tenciario ao Cavalheiro de Sousa Coutinho, do Seu Conse
lho e Seu Enviado Extraordinario e Ministro Plenipoten
240 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
tiaire, le Chevalier de Sousa Coutinho, de Son Conseil, et
Son Envoyé Extraordinaire et Ministre Plénipotentiaire ré
sidant à Londres; et Sa Majesté le Roi du Royaume Uni
de la Grande Bretagne et de l'Irlande a nommé pour Son
Plénipotentiaire, le très-honorable George Canning, Con
seiller Privé de Sa dite Majesté, et Son Principal Secrétaire
d'État ayant le département des Affaires Étrangères; les
quels, après s'être communiqués leurs pleins pouvoirs res
pectifs, et les avoir trouvés en bonne et due forme, sont
convenus des Articles suivans:
ART. I.
Jusqu'à ce qu'il y aura la certitude de quelque démar
che ou déclaration hostile de la France contre le Portugal,
ou que le Portugal, afin d'éviter la guerre avec la France,
aura consenti à commettre en quelque sorte un acte d'hosti
lité contre la Grande Bretagne, en fermant ses ports au pa
villon Anglais, aucune expédition ne sera faite par le Gou
vernement Britannique contre l'Ile de Madère, ni contre au
cune possession Portugaise quelconque ; et lorsqu'une pareille
expédition sera jugée nécessaire, elle sera notifiée au Mi
nistre de Son Altesse Royale le Prince Régent résidant à
Londres, et concertée avec lui.
De Son côté Son Altesse Royale le Prince Régent S'en
gage dorénavant à ne point permettre l'envoi d'aucun ren
fort de troupes (excepté d'intelligence et d'accord avec Sa
Majesté Britannique) ni au Brésil ni à l'Ile de Madère, ni
d'y permettre le séjour d'aucun Officier Français, soit au
service de la France, soit à celui de Portugal.
ART. I.
Até que haja a certeza de algum passo ou declaração
hostil da França contra Portugal, ou que Portugal, a fim
de evitar a guerra com a França, consinta em commetter de
alguma sorte um acto de hostilidade contra a Gran-Breta
nha, fechando os seus portos á bandeira Ingleza, nenhuma
expedição será feita pelo Governo Britannico contra a Ilha
da Madeira nem contra qualquer possessão Portugueza ; e
quando uma similhante expedição se julgar necessaria, será
a mesma notificada ao Ministro de Sua Alteza Real o Prin
cipe Regente residente em Londres, e com elle concertada.
ART. II.
No caso em que Sua Alteza Real o Principe Regente Se
visse obrigado a levar a pleno e inteiro effeito a Sua magna-
TOM. 1T. 10
242 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1807 gnanime résolution de Se porter au Brésil ; ou si même, sans
Outubro y £tre force par jes démarches des Français dirigées contre
le Portugal, Son Altesse Royale Se décidât à entreprendre
le voyage du Brésil, ou à y faire passer un Prince de Sa
Famille, Sa Majesté Britannique sera prête à L'aider dans
cette entreprise, à proteger l'embarquement de la Famille
Royale et à les escorter à l'Amérique. À cet effet Sa Ma
jesté Britannique S'engage de faire équiper immédiatement
dans les ports d'Angleterre une flotte de six vaisseaux de
ligne, laquelle se rendra sans délai sur les côtes de Portu
gal, et d'y tenir également, prête à s'embarquer, une armée
de cinq mille hommes, qui se rendront en Portugal à la pre
mière demande du Gouvernement Portugais.
Une partie de cette armée restera en garnison dans l'Ile
de Madère, mais n'y entrera pas qu'après que Son Altesse
Royale le Prince Régent y aura touché, ou aura dépassé
l'Ile en se rendant au Brésil.
ART. III.
Mais dans le cas malheureux où le Prince Régent, afin
d'éviter la guerre avec la France, Se vit obligé de fermer
les ports de Portugal aux bâtimens Anglais, le Prince Ré
gent consent à ce que les troupes Anglaises soient admises
dans l'Ile de Madère, immédiatement après l'échange des
ratifications de cette Convention; le Commandant de l'ex
pédition Anglaise déclarant au Gouvernement Portugais, que
l'Ile sera gardée en dépôt pour Son Altesse Royale le Prince
Régent, jusqu'à la conclusion de la paix définitive entre la
Grande Bretagne et la France.
Les instructions données au dit Commandant Anglais
pour le gouvernement de l'Ile, pendant son occupation par
les armes de Sa Majesté Britannique, seront concertées avec
le Ministre de Son Altesse Royale le Prince Régent résidant
à Londres.
ART. IV.
Son Altesse Royale le Prince Régent promet de ne
jamais céder en aucun cas, soit en totalité soit en par
tie, Sa marine militaire ou marchande, ou de les réunir à
celles de la France ou de l'Espagne, ou de toute autre Puis
sance.
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 243
nima resolução de passar ao Brazil; ou se mesmo, sem ser 1807
a isso forçado pelos procedimentos dos Francezes dirigidos Outubro
contra Portugal, Sua Alteza Real Se decidisse a emprehen-
der a viagem do Brazil ou a mandar para ali um Principe
de Sua Familia, estará prompto Sua Magestade Britannica
a ajuda-Lo n'esta empreza, a proteger o embarque da Fa-
railia Real e a escolta-los a America. Para este fim obriga-
Se Sua Magestade Britannica a mandar aprestar immedia-
tamente nos portos de Inglaterra uma esquadra de seis naus
de linha, a qual partirá logo para as costas de Portugal, e
de ter n'elles igualmente, prompto a embarcar-se, um exer
cito de cinco mil homens, que partirá para Portugal ao pri
meiro pedido do Governo Portuguez.
Uma parte d'este exercito ficará de guarnição na Ilha
da Madeira, mas não entrará ali senão depois que Sua Al
teza Real tiver tocado na mesma, ou passado a Ilha indo
para o Brazil.
ART. III.
Mas no caso infeliz em que o Principe Regente, a fim
de evitar a guerra com a França, Se visse obrigado a fe
char os portos de Portugal ás embarcações Inglezas, o Prin
cipe Regente consente que as tropas Inglezas sejam admitti-
das na Ilha da Madeira, immediatamente depois da troca
das ratificações d'esta Convenção; declarando o Comman-
dante da expedição Ingleza ao Governo Portuguez que a Ilha
será guardada em deposito para Sua Alteza Real o Principe
Regente, até á conclusão da paz definitiva entre a Gran-Bre-
tanha e a França.
As instrucções que se derem ao dito Commandante In-
glez para o governo da Ilha, durante a sua occupação pelas
armas de Sua Magestade Britannica, serão concertadas com
o Ministro de Sua Alteza Real o Principe Regente resi
dente em Londres.
ART. IV.
Sua Alteza Real o Principe Regente promette de jamais
ceder em caso algum, seja no todo seja em parte, a Sua ma
rinha militar ou mercante, ou de as reunir ás da França ou
de Hespanha, ou de outra qualquer Potencia.
REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
180" H s'engage en outre, dans le cas qu'il se rende au Bré-
U22bro sil, d'emmener avec Lui Sa marine militaire et marchande,
soit parfaitement soit incomplètement équippée, ou bien si
cela ne pourrait pas s'exécuter, de transférer en dépôt à la
Grande Bretagne telle partie qu'il ne pourrait pas emme
ner immédiatement avec Lui ; et Son Altesse Royale Se con
certera ensuite avec Sa Majesté Britannique sur les moyens
de faire passer ces mêmes bâtimens au Brésil, en toute sû
reté.
ART. V.
Dans le cas de la clôture des ports de Portugal, Son
Altesse Royale S'engage à faire partir incessamment pour
le Brésil la moitié de Sa marine de guerre, et à tenir l'au
tre moitié, au nombre à peu près de cinq ou six vaisseaux
de ligne et huit ou dix frégates, à demi-armées, (au moins)
dans le port de Lisbonne, en sorte qu'à la première indi
cation d'une intention hostile de la part des Français ou
des Espagnols, cette force navale puisse se réunir à l'es
cadre Britannique destinée à ce service, et servir au tran
sport de Son Altesse Royale et de la Famille Royale au
Brésil. À l'effet de mieux assurer le succès de cet arran
gement, le Prince Régent S'engage à donner le comman
dement de Son escadre dans le port de Lisbonne, aussi bien
que le commandement de celle qu'il enverrait au Brésil, à
des Officiers dont les principes politiques soient approuvés
par la Grande Bretagne.
Les deux Hautes Parties Contractantes sont convenues
d'autoriser les Commandans Portugais et Anglais aux sta
tions respectives de Lisbonne d'un côté, et des côtes de
Portugal de l'autre, de correspondre secrètement sur tout
ce qui peut avoir rapport à la réunion eventuelle des esca
dres Anglaise et Portugaise.
Quant à la moitié de la marine militaire qui pourrait
être envoyée au Brésil, elle y sera désarmée à son arrivée,
à moins qu'il ne soit réglé autrement par les deux Gouver-
nemens.
ART. VI.
Le siège de la Monarchie Portugaise étant établi au
Brésil, Sa Majesté Britannique S'engage en Son nom et en
celui de Ses Successeurs, de ne jamais reconnaître pour Roi
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 245
Obriga-se outrosim, no caso de passar para o Brazil, a
levar comsigo a Sua marinha militar e mercante, seja per
feita ou incompletamente apparelhada, ou não podendo exe-
cutar-se isto, de transferir como deposito para a Gran-Bre-
tanha aquella parte que não podér levar immediatamente
comsigo; e Sua Alteza Real ajustará depois com Sua Ma-
gestade Britannica os meios de mandar ir estas mesmas em
barcações para o Brazil com toda a segurança.
ART. V.
No caso da clausura dos portos de Portugal, obriga-Se
Sua Alteza Real a mandar sair incessantemente para o Bra
zil metade da Sua marinha de guerra, e a conservar a outra
metade, em numero pouco mais ou menos de cinco ou seis
naus de linha e de oito ou dez fragatas, em meio armamento
(pelo menos), no porto de Lisboa, de sorte que, á primeira
indicação de uma intenção hostil da parte dos Francezes ou
dos Hespanhoes, aquella força naval possa reunir-se á es
quadra Britannica destinada a este serviço, e servir ao trans
porte de Sua Alteza Real e da Familia Real para o Brazil.
Com o fim de melhor assegurar o bom exito d este accordo,
obriga-Se o Principe Regente a dar o commando da Sua
esquadra no porto de Lisboa, bem como o commando da que
enviar para o Brazil, a Officiaes cujos principios politicos
sejam approvados pela Gran-Bretanha.
ART. VII.
Lorsque le Gouvernement Portugais sera établi au Bré
sil, on procédera à la négociation d'un Traité de secours et
de commerce entre le Gouvernement Portugais et la Grande
Bretagne.
ART. VIII.
Cette Convention sera tenue secrète pour le présent,
et elle ne sera publiée sans le consentement des deux
Hautes Parties Contractantes.
ART. IX.
Elle sera ratifiée de part et d'autre, et les ratifications
en seront échangées à Londres dans l'espace de six semai
nes, ou plutôt si faire se pourra, à compter du jour de la
signature.
En foi de quoi, nous soussignés, Plénipotentiaires de
Son Altesse Royale le Prince Régent de Portugal et de Sa
Majesté Britannique, en vertu de nos pleins pouvoirs respe
ctifs, avons signé la présente Convention, et y avons fait
apposer le cachet de nos armes. Fait à Londres, le 22 Octo
bre 1807.
Déclaration.
ART. VII. ,
Quando o Governo Portuguez estiver estabelecido no
Brazil proccder-se-ha á negociação de um Tratado de au
xilio e de commercio entre o Governo Portuguez e a Gran-
Bretanha.
ART. VIII.
Esta Convenção será tida secreta para o presente, e não
se publicará sem o consentimento das duas Altas Partes
Contratantes.
ART. IX.
Será ratificada de uma e outra parte, e as ratificações
trocadas em Londres no praso de seis semanas, ou antes se
podér ser, a contar do dia da assignatura.
Declaração.
George Canning.
ARTICLE I ADDITIONNEL.
George Canning.
ARTIGO I ADDICIONAL.
ARTICLE II ADDITIONNEL.
ARTIGO II ADDICIONAL.
(L. S.)
Antonio de Araujo de Azevedo.
ART. IV.
O primeiro § d'este Artigo, que diz respeito a obrigar-se
Sua Alteza Real a não ceder em *aso algum a Marinha de
guerra ou mercante, nem tão pouco a reuni-la ás de França
ou de Hespanha, não se pôde estipular; e a este respeito
repito as instrucções que ioram dadas (Artigo v).
É do interesse de Sua Alteza Real que em nenhum caso
a Marinha Portugueza de guerra e mercante passe a poder
dos Francezes, e cuidará muito em fazer partir a Marinha
Real para o Brazil, impedindo, quanto lhe seja possivel, a
260 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
sua reunião á de França ou Hespanha. Tanto a Marinha
Real como a mercante se retirará quando Sua Alteza Real
for obrigado a sair de Portugal. N'este sentido pôde V. S.a
traçar este Artigo. No caso porém de se achar alguma parte
da Marinha Real n'este porto, a Inglaterra pode impedir a
sua saída por meio de forças de observação.
Sua Alteza Real, ainda que persiste n'estas mesmas in
tenções, não deve estipular uma clausula a que pode ser
forçado a faltar para o futuro, ao menos por uma promessa,
porque não haveria outro meio de fazer cessar instancias
apoiadas pela força. A Inglaterra tem meios de evitar o
effeito d'esta violenta condescendencia.
O § d'este mesmo Artigo que principia —1/ sengage
en outre — até ao fim, é approvado, pois que esta é a in
tenção de Sua Alteza Real.
ART. V.
O primeiro § d'este Artigo não pôde ser tratado pela
rasão de ser preciso que toda a Marinha Portugueza esteja
sempre á disposição de Sua Alteza Real, para a contingencia
de ser necessario transportar para o Brazil os effeitos pre
ciosos, assim como as pessoas e bens dos que o seguirem.
Esta foi a rasão, assim como a falta que houve subita
mente de marinheiros, por causa dos comboios, que obrigou
Sua Alteza Real a desistir da partida do Principe da Beira
para o Brazil, e a reserva-la para quando toda a Real Fa
milia se ausentasse, e para este fim tem sempre continuado
os preparos da Marinha.
A pretendida approvação, da parte do Governo Britan-
nico, dos Officiaes que houverem de commandar a esquadra
no porto de Lisboa, assim como a que for para o Brazil, é
indecorosa, e mesmo de alguma sorte é impraticavel, porque
só a Sua Alteza Real compete esta approvação; e quando
Sua Magestade Britannica tivesse que oppor aos principios
politicos de taes Officiaes, Sua Alteza Real nenhuma du
vida teria em remove-los d'estes destinos e empregar outros
em seu logar, postoque não tem suspeita alguma contra os
Officiaes da sua Marinha que o faça vacillar sobre a es
colha.
O § que principia —Les deux Haules Parties Contra
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 26 1
dantes sont convenues — até— des Escadres Anglaise et Por- 1807
tugaise — é approvado. Kovemb
O § que principia — Quant à la moitié de la Marine
mililaire —até—par les deux Gouvernemens — fica sendo
inutil, visto que Sua Alteza Real a reserva em totalidade
para se retirar, quando as circumstancias o exijam.
ART. VI.
Este Artigo é approvado.
ART. II DA CONVENÇÃO.
Sua Alteza Real não tem duvida em dar ordem para
que as fortificações de qualquer porto d'onde sàia sejam
entregues ao Gommandante Britannico; mas isto só deve
ser no momento da sua saída, porque antecedentemente a
ella seria isso indecoroso a Sua Alteza Real, e por isso é
ratificada com esta restricção.
ART. I ADDICIONAL.
Sua Alteza Real tinha concebido o projecto de estabe
lecer, na Ilha de Santa Catharina, um porto para o com-
mercio do Brazil, quando intentou mandar para aquella Co
lonia seu filho primogenito o Principe da Beira; mas como
não se effectuou a sua partida, não se pôde por ora estabe
lecer um plano de commercio, instituindo uma Alfandega
geral para esse fim. Se acaso Sua Alteza Real partir com
toda a Real Familia, fica tirada toda a duvida; quando não,
será preciso convir com a Inglaterra de algum meio (o que
é possivel) de dirigir o commercio, que o mesmo Senhor
quer favorecer, tanto para comprazer com Sua Magestade
Britannica, como porque as manufacturas Inglezas permit-
tidas são de primeira necessidade para os habitantes d'aquella
Colonia.
Mas no momento actual o estabelecimento na Ilha de Santa
262 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
Catharina faria irritar as duas Potencias Alliadas do Conti
nente, o que Sua Alteza Real quer por ultimo remedio evitar.
Resta pois a convir com a Inglaterra em um meio mais
disfarçado para se fazer este commercio, para o que se tra
tará com o Governo Britannico quando elle queira; e esta
é a rasão de nao ser ratificado este Artigo.
Para a execução de qualquer plano a este respeito é
preciso termos a certeza de haver communicações com o
Brazil, a fim de se poderem dar ordens competentes aos
Governadores, porque presentemente nao existe communica-
ção com aquelle continente, estando o commercio na maior
incerteza.
Necessita-se tambem estipular a segurança de navios
que forem avulsos, e a concessão para se cruzar contra os
Argelinos para a protecção d'este commercio, como já foi
ordenado ao Ministro de Sua Alteza Real em Londres, que
o requereu.
ART. II ADDICIONAL.
É approvado.
Araujo.
ARTIGOS ADDICIONAES Á CONVENÇÃO DE 22 DE OUTUBRO DE
GOVERNO DA ILHA DA MADEIRA EM QUANTO ALI RESIDI»
DE MARÇO DE 1808; E RATIFICADOS POR PARTE DE PORTU
BRETANHA EM 14 DE JANEIRO DE 1809.
ART. I.
Les deux Hautes Parties Contractantes sont convenues
de déclarer d'un commun accord la Capitulation signée le 26
Décembre 1807, par le Gouverneur Portugais Mr. Pedro
Fagundes Bacellar Dantas e Menezes d'une part, et l'Amiral
Sir Samuel Hood, ainsi que le Général Beresford de l'autre,
comme non avenue, et s'il est nécessaire, la révoquent et
l'annullent ici en entier et dans toutes ses parties. Et Sa
Majesté Britannique en Son nom, et en celui de Ses Succes
seurs, promet de ne jamais fonder aucuns droits ou former
aucune prétention dérivée de la susdite Capitulation, et à
la charge de Son Altesse Royale le Prince Régent de Por
tugal et de Ses Successeurs.
ART. II.
Des ordres seront expédiés sans délai au Commandant
actuel des troupes Britanniques dans l'Ile de Madère, afin
qu'il remette au Gouverneur Portugais Mr. Pedro Fagundes
1807, TOCANTES AOS ARRANJAMENTOS DEFINITIVOS PARA O
SEM AS TROPAS BRITANNICAS, ASSIGNADOS EM LONDRES A 16
GAL EM 5 DE SETEMBRO DO DITO ANNO, E PELA DA GRAN-
(traducção particular.)
ART. I.
As duas Altas Partes Contratantes convem em declarar,
de um commum accordo, a Capitulação assignada a 26 de
Dezembro de 1807, pelo Governador Portuguez, o Sr. Pedro
Fagundes Bacellar Dantas e Menezes de uma parte, e o Al
mirante Sir Samuel Hood, e bem assim o General Beresford
da outra, nulla e de nenhum effeito, e se for necessario aqui
a revogam e annullam no todo e em todas as suas partes.
E Sua Magestade Britannica, em Seu nome c no de Seus
Successores, promette de nunca fundar direito algum ou for
mar qualquer pretenção derivada da sobredita Capitulação
e a cargo de Sua Alteza Real o Principe Regente de Por
tugal e de Seus Successores.
ART. II.
Expedir-se-hão ordens sem demora ao actual Comman-
dante das tropas Britannicas na Ilha da Madeira, a fim de
que elle entregue ao Governador Portuguez, o Sr. Pedro
266 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
Bacellar Dantas e Menezes, le gouvernement de l'Ile avec
les formalités d'usage; de suite le pavillon de Son Altesse
Royale, ou le pavillon Portugais, sera replacé sur tous les
forts et batteries de l'Ile.
ART. III.
Le Commandant militaire Anglais dans l'Ile de Madère
sera reconnu dès-à-présent par le Gouverneur Portugais
comme s'il avait reçu de Son Altesse Royale le Prince Régent
le commandement des troupes Portugaises, et en cette qualité
il réunira le commandement absolu des troupes des deux
Nations, de sorte que tous les Officiers et soldats, de quel
que grade qu'ils soient, seront soumis entièrement à ses or
dres, et qu'il n'existera aucune force militaire dans l'Ile qui
soit indépendante de son autorité, mais il ne s'immiscera en
aucune manière dans l'administration civile, ni des douanes
ni des revenus publics, ni de leur perception et application,
et ne publiera en son nom aucune proclamation ou ordre
adressé aux Autorités civiles ni aux habitans de l'Ile; bien
entendu toujours que le Gouverneur Portugais sera tenu
d'ordonner sans délai, par une proclamation au nom de Son
Altesse Royale le Prince Régent, toute mesure militaire que
le Commandant des troupes des deux Nations lui represen
tera comme indispensable pour la défense militaire de l'Ile,
comme le sera le rassemblement des milices au besoin, fait
d'une manière conforme aux réglemens publiés par ordre
de Son Altesse Royale le Prince Régent, et sans y rien in
nover; et qu'en cas de doute entre les deux Autorités, le
Gouverneur Portugais se conformera provisoirement à la de
mande du susdit Commandant militaire, et fera son rapport
au Ministre de Son Altesse Royale le Prince Régent à Lon
dres, lequel se concertera à cet effet avec les Ministres de
Sa Majesté Britannique; et des ordres réciproques seront
reexpédiés de Londres pour terminer le différend.
ART. IV.
L'entretien des troupes Anglaises sera en entier à la
charge du Gouvernement de Sa Majesté Britannique, ex
cepté le logement, qui leur sera assigné comme il l'est ac
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 267
Fagundes Bacellar Dantas e Menezes, o governo da Ilha
com as formalidades do costume; logo o estandarte de Sua
Alteza Real, ou a bandeira Portugueza, se tornará a col-
locar em todos os fortes e baterias da Ilha.
ART. III.
O Commandante militar Inglez na Ilha será reconhe
cido desde agora pelo Governador Portuguez, como se ti
vesse recebido de Sua Alteza Real o Principe Regente o
commando das tropas Portuguezas, e n'esta qualidade re
unirá o commando absoluto das tropas das duas Nações,
de sorte que todos os Officiaes e soldados, de qualquer gra
duação que sejam, serão inteiramente sujeitos ás suas or
dens, e não existirá força alguma militar na Ilha que seja
independente da sua auctoridade; porém não se ingerirá de
modo algum na administração civil, nem das alfandegas, nem
das rendas publicas, nem da sua cobrança e applicação; n3o
publicará em seu nome proclamação ou ordem alguma di
rigida ás Auctoridades civis nem aos habitantes da Ilha;
entendendo-se sempre que o Governador Portuguez será
obrigado a ordenar sem demora, por uma proclamação em
nome de Sua Alteza Real o Principe RegeRte, qualquer me
dida militar que o Commandante das tropas das duas Nações
lhe representar como indispensavel para a defeza militar da
Ilha, tal como a reunião das milicias (sendo necessario) feita
de um modo conforme aos regulamentos publicados por or
dem de Sua Alteza Real o Principe Regente, e sem a tal
respeito innovar cousa alguma; e que no caso de duvida
entre as duas Auctoridades, o Governador Portuguez se con
formará provisoriamente com o pedido do sobredito Com
mandante militar, e dará a sua parte ao Ministro de Sua Al
teza Real o Principe Regente em Londres, o qual se con
certará para este effeito com os Ministros de Sua Magestade
Britannica; e ordens reciprocas serão reexpedidas de Lon
dres para terminar a differença.
ART. IV.
O sustento das tropas Inglezas estará inteiramente a
cargo do Governo de Sua Magestade Britannica, excepto o
aquartelamento, que lhe será designado, como o é actual
268 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1808 tuellement, aux frais du Gouvernement Portugais. Le Gou
Marco verneur Portugais sera tenu de faire avoir au susdit Com
16'
mandant militaire les provisions et denrées nécessaires, aux
prix courans dans l'Ile.
ART. V.
Le Commandant militaire ne se permettra point de faire
des réquisitions de vivres; mais le Gouverneur Portugais sera
tenu de lui donner libre des droits d'entrée à la douane,
d'après la relation signée par le Commandant militaire, les
quantités et articles suivans, qui seront nécessaires pour la
nourriture des troupes, savoir: farine de toute espèce, porc,
lard, viande fraîche et salée et beurre, et généralement tout
ce qui sera trouvé nécessaire pour l'approvisionnement des
troupes; bien entendu que cette franchise ne sera point éten
due aux autres habitans de l'Ile, soit nationaux, soit Anglais,
sans un ordre exprès et nouveau de Son Altesse Royale le
Prince Régent.
ART. VI.
Cet arrangement subsistera jusqu'à la conclusion de la
paix définitive entre la Grande Bretagne et la France.
ART. VII.
Il est convenu que ces Articles auront la même valeur
comme s'ils avaient été insérés dans la Convention secrète
conclue et signée à Londres le 22 Octobre 1807, et seront
censés en faire part.
ART. VIII.
Ces Articles seront ratifiés par Son Altesse Royale le
Prince Régent de Portugal et Sa Majesté Britannique, dans
l'espace de six mois, ou plutôt si faire se pourra.
En foi de quoi, nous soussignés, Plénipotentiaires de Son
Altesse Royale le Prince Régent de Portugal et de Sa Majesté
Britannique, en vertu de nos pleins pouvoirs respectifs, avons
signé les présents Articles, et y avons fait apposer le cachet
de nos armes.
Fait à Londres, ce 16 Mars 1808.
ART. VII.
Conveiu-se em que estes Artigos terão a mesma força
como se tivessem sido insertos na Convenção secreta con
cluida e assignada em Londres a 22 de Outubro de 1807,
e serão considerados como fazendo parte da mesma.
ART. VIII.
Estes Artigos serão ratificados por Sua Alteza Real o
Principe Regente de Portugal e Sua Magestade Britannica,
no espaço de seis mezes, ou antes se se podér fazer.
Em fé do que, nós abaixo assignados, Plenipotenciarios
de Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal e de
Sua Magestade Britannica, em virtude de nossos plenos po
deres respectivos, assignámòs os presentes Artigos, e lhes
pozemos o sinete de nossas armas.
Feito em Londres, a 16 de Março de 1808.
ART. II SECRET.
Le palais du Gouvernement sera rendu au Gouverneur
Portugais, tel qu'il l'habitait avant d'en avoir été dépossédé.
Tous les Corps Administratifs ou individus Portugais et
Fonctionnaires publics seront remis en possession des mai
sons et effets, dont ils auront pu être dépossédés, sauf les
couvents destinés au logement des troupes, dont il a été fait
mention ci-dessus, et bien entendu que le Commandant mi
litaire sera logé d'une manière convenable à son rang.
ART. II SECRETO.
O palacio do Governo será restituido ao Governador
Portuguez, tal qual o habitava antes de ser do mesmo des
apossado. Todos os Corpos Administrativos ou individuos
Portuguezes e Funccionarios publicos) entrarão na posse
das casas e effeitos de que podérem ter sido desapossados,
salvo os conventos destinados ao aquartelamento das tropas,
de que acima se fez menção, e bem entendido que o Com
mandante militar será hospedado de um modo conveniente
á sua cathegoria.
AUT. Ill SECRETO.
Se algum Official Britannico se tiver apresentado diante
das Ilhas dos Açores ou de Cabo Verde, e intimado uma ou
mais d aquellas Ilhas para se entregar, e obrigado a capi
tular, o Official Britannico será retractado, as tropas In-
glezas se retirarão á Madeira, e a Capitulação será consi
derada de nenhum valor; mas qualquer disposição tomada
pelo Governador e Capitão General das Ilhas dos Açores ou
pelo Governador das Ilhas de Cabo Verde, e qualquer ac-
cordo feito pelos mesmos Governadores com Officiaes Bri-
tannicos, relativamente ao commercio das mesmas Ilhas antes
da data d'este dia, serão observados religiosamente de uma
e outra parte, até que a vontade de Sua Alteza Real o Prin
272 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
gent soit connue; bien entendu que cet accord ne préjudicie
à l'avenir en aucune manière aux droits respectifs des deux
Parties Contractantes, et qu'il ne contienne aucune clause
qui dérogue à la souveraineté de Son Altesse Royale dans
les Iles susdites.
Ces Articles secrets auront la même force et valeur que
s'ils étaient insérés parmi les autres Articles signés au
jourd'hui, et seront ratifiés en même temps.
En foi de quoi, nous soussignés, Plénipotentiaires de
Son Altesse Royale le Prince Régent de Portugal et de Sa
Majesté Britannique, en vertu de nos pleins pouvoirs res
pectifs, avons signé les présents Articles secrets, et y avons
fait apposer le cachet de nos armes.
Fait à Londres, ce 16 Mars 1808.
TOM. IT. 18
MANIFESTO DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR DOM JOÃO,
DADO NO RIO DE JANEIRO NO 1." DE MAIO DE 1808.
(1) NSo foi ratificado por parte da Gran-Bretanha, mas somente pela de
REGENTE O SENHOR DOM JOÃO, E JORGE III REI DA GRAN-
RO EH 28 DE FEVEREIRO DE 1809. (1)
ART. I.
Haverá uma sincera e perpetua alliança entre Sua. Al
teza Real o Principe Regente de Portugal e Sua Magestade
Britannica, e entre os Seus herdeiros e successores, e ha
verá uma constante e universal paz e amisade entre ambos,
Seus herdeiros e successores, Reinos, Dominios, Provincias,
Paizes, subditos e vassallos, de qualquer qualidade e condi
ção que sejam, sem excepção de pessoa ou de logar. E as
estipulações d'este presente Artigo serão, com o favor do
Todo Poderoso Deus, permanentes e perpetuas.
ART. II.
Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal e Sua
Magestade Britannica concordam em renovar e confirmar,
e por este renovam e confirmam, a obrigação conteuda no
sexto Artigo da Convenção assignada pelos Seus respectivos
Plenipotenciarios, em Londres no dia vinte e dois de Ou
tubro de mil oitocentos e sete, o qual Artigo aqui se junta
palavra por palavra, e se deve considerar como formando
parte do presente Tratado, e que diz assim. =No caso de
se transferir o assento da Monarchia Portugueza para o
Brazil, Sua Magestade Britannica promette em Seu proprio
nome, e no de Seus herdeiros e successores, de jamais re
conhecer como Rei de Portugal qualquer Principe ou pessoa
que não seja o herdeiro e legitimo representante da Real
Casa de Bragança; e Sua Magestade tambem se empenha
a renovar e manter com a Regencia (que Sua Alteza Real
possa estabelecer em Portugal anles da Sua partida para o
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 289
Highness's Council of State, and His Principal Secretary of 1809
State for the Departments of Foreign Affairs and War; and Fe^eiro
His Britannic Majesty, the most Illustrious and most Excel
lent Lord Percy Clinton Sydney, Lord Viscount and Baron
of Strangford, One of His Majesty's Most Honourable Privy
Council, Knight of the Military Order of the Bath, Grand
Cross Elect of the revived Portuguese Order of the Tower and
Sword, and His Majesty's Envoy Extraordinary and Minister
Plenipotentiary at the Court of Portugal; who, after having
duly exchanged their respective full powers, have agreed upon
the following Articles:
ART. I.
There shall be a sincere and perpetual alliance between
His Royal Highness the Prince Regent of Portugal and His
Britannic Majesty, and between Their heirs and successors,
and there shall be a constant and universal peace and friend
ship between Themselves, Their heirs and successors, King
doms, Dominions, Provinces, Countries, Subjects and vas-
salls, of whatsoever quality or condition they be, without
exception of person or place. And the stipulations of this
present Article shall, under the favour of Almighty God,
be permanent and perpetual.
ART. II.
His Royal Highness the Prince Regent of Portugal and
His Britannic Majesty agree to renew and confirm the pro
visions contained in the sixth Article of the Convention si
gned by Their respective Plenipotentiaries in London, on
the twenty second day of October one thousand eight hun
dred and seven; which Article is hereunto subjoined, word
for word, and is to be considered as forming part of the pre
sent Treaty, thus, and to wit. «In case of the seat of the Por
tuguese Monarchy being transferred to Brazil, His Britan-
«nic Majesty promises in His own name, and in that of His
« heirs and successors, never to acknowledge as King of
«Portugal, any Prince, or person, other than the heir and
« legitimate representative of the Royal House of Bragança,
«and His Majesty also engages to renew and maintain with
«the Regency (which His Royal Highness may establish in
«Portugal, previously to His departure for Brazil) the re-
ton. IT. 19
290 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1809 Brazil) as relações de amizade, que ha tanto unem as Coroas
Fevereiro ^e Portugal e da Gran-Bretanha.=E as duas Altas Partes
Contratantes renovam tambem e confirmam os Artigos ad-
dicionaes assignados em Londres no dia dezeseis de Março
de mil oitocentos e oito; e portanto estes Artigos são con
siderados e declarados formar parte do presente Tratado.
ART. III.
Accordou-se e estipulou-se pelas Altas Partes Contra
tantes, que o presente Tratado será illimitado no ponto da
sua duração; que as obrigações e condições expressas ou
conteudas n'elle, serão perpetuas e immutaveis, e que não
serão mudadas ou alteradas de qualquer modo, no caso que
Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal, Seus her
deiros e successores venham ainda a restabelecer o assento
da Monarchia Portugueza, dentro dos dominios europeus
da Sua Coroa.
ART. IV.
Mas as duas Altas Partes Contratantes se reservaram a
ellas mesmas o direito de juntamente examinarem e reve-
rem os differentes Artigos d'este Tratado, no fim do termo
de cada quinze annos, contados no primeiro periodo da data
da troca das ratificações do mesmo Tratado, e de então pro
porem, discutirem e fazerem taes emendas ou addições, como
os verdadeiros interesses dos Seus respectivos vassallos pos
sam parecer requerê-lo.
ART. V.
Haverá uma livre, inteira e reciproca liberdade de com-
mercio e de navegação entre os respectivos vassallos das duas
Altas Partes Contratantes, e em todos e cada um dos ter
ritorios e dominios de ambas. Poderão negociar, viajar, de-
morar-se ou estabelecer-se elles mesmos em todos e cada
um dos portos, cidades, villas, paizes, provincias ou logares,
quaesquer que sejam, pertencentes a cada uma das Altas
Partes Contratantes, exceptuados aquelles de que forem geral
e positivamente excluidos todos os estrangeiros, quaesquer
que sejam; os nomes dos quaes logares poderão ser depois
especificados em Artigo separado d'este Tratado. Comtudo
ficará geralmente entendido, que qualquer logar pertencente
a uma das Altas Partes Contratantes, que possa ser depois
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 291
«lations of friendship, wich have so long united the Crowns 1809
«of Great Britain and Portugal.» And the two High Con-
trading Parties do also renew and confirm the additional
Articles signed in London on the sixteenth day of March
one thousand eight hundred and eight, and those Articles
are hereby adjudged and declared to form part of the pre
sent Treaty. '
ART. III.
It is agreed and stipulated by the High Contracting Par
ties, that the present Treaty shall be unlimited in point of
duration; that the obligations and conditions expressed or
implied in it shall be perpetual and immutable, and that
they shall not be changed or affected in any manner, in case
His Royal Highness the Prince Regent of Portugal, His
heirs or successors should again establish the seat of the
Portuguese Monarchy within the curopean dominions of
that Crown.
ART. IV.
But the two High Contracting Parties do reserve to
Themselves the right of jointly examining and revising the
several Articles of this Treaty at the expiration of every fif
teen years, counting in the first instance from the date of
the exchange of the ratifications thereof, and of then pro
posing, discussing and making such amendments or addi
tions as. the real interests of Their respective subjects may
seem to require.
ART. V.
There shall be a free, entire and reciprocal liberty of
commerce and navigation between and amongst the respe
ctive subjects of the two High Contracting Parties in all
and several the territories and dominions of either. They
may trade, travel, sojourn or establish themselves in all
and several the ports, cities, towns, countries, provinces,
or places whatsoever belonging to each and either of the
two High Contracting Parties, except and save in those
from which all foreigners whatsoever are generally and po
sitively excluded, the names of which places may be here
after specified in a separate Article of this Treaty. Provided,
however, that it be thoroughly understood, that any place
belonging to either of the two High Contracting Parties,
292 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
franqueado ao cQmmercio dos vassallos de qualquer outra
Nação, será por esse mesmo facto considerado como aberto
e franqueado igualmente aos vassallos da outra Alta Parte
Contratante, no mesmo modo como se tivesse sido expres
samente jestipulado pelo presente Tratado.
E Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal e Sua
Magestade Britannica se ligam assim, e se obrigam ambos
a não concederem qualquer favor, privilegio ou immunidade
em materias de commercio e navegação aos vassallos de
qualquer outro Estado, que não sejam ao mesmo tempo
respectivamente concedidos aos vassallos das Altas Partes
Contratantes, gratuitamente, se a concessão a favor d'aquelle
outro Estado for gratuita, ou dando quamproxime a mesma
compensação ou equivalente, no caso que a concessão tiver
sido condicional.
ART. VI.
Os vassallos dos dois Soberanos não pagarão respecti
vamente nos portos, enseadas, bahias, cidades, villas ou to
gares pertencentes a cada um dos dois Soberanos, quaesquer
maiores direitos, tributos ou impostos (debaixo de quaesquer
nomes que possam ser designados ou incluidos) do que aquel-
les que pagam ou pagarão os vassallos da Nação mais favo
recida. E os vassallos de cada uma das Altas Partes Contra
tantes gosarão dentro dos dominios da outra os mesmos di
reitos, privilegios, liberdades, favores, immunidades ou isen
ções em materias de commercio e navegação, que são con
cedidos, ou poderão depois sê-lo, aos vassallos da Nação
mais favorecida.
ART. VII.
Sua Alteza Real o Principe Regente e Sua Magestade
Britannica estipulam e concordam que haverá uma perfeita
reciprocidade no artigo de direitos e impostos que hajam
de pagar os navios e embarcações das Altas Partes Contra
tantes dentro dos differentes portos, enseadas, bahias e an
coradouros pertencentes a cada um dos dois Soberanos; isto
é, que os navios e embarcações dos vassallos de Sua Alteza
Real o Principe Regente de Portugal não pagarão maiores
direitos ou impostos (debaixo de qualquer denominação que
possam ser designados ou incluidos) dentro dos dominios de
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 293
which may hereafter be opened to the commerce of the
subjects of any other Country, shall be thereby considered
as opened also to the subjects of the other High Contracting
Party, in the same manner as if it had been expressly sti
pulated by the present Treaty.
And His Royal Highness the Prince Regent of Portugal
and His Britannic Majesty do hereby bind and engage
Themselves not to grant any favour, privilege or immunity
in matters of commerce and navigation to the subjects of
any other State, which shall not be also at the same time
respectively extended to the subjects of the High Contracting
Parties, gratuitously, if the concession in favour of that other
State should have been gratuitous, and on giving quampro-
xime the same compensation or equivalent, in case the con
cession should have been conditional.
ART. VI.
The subjects of the two Sovereigns respectively shall
not pay in the ports, harbours, roads, cities, towns, or pla
ces whatsoever, belonging to either of Them, any greater
duties, taxes or imposts (under whatsoever names they may
be designated or included) than those that are paid or shall
be paid by the subjects of the most favoured Nation. And
the subjects of each of the High Contracting Parties shall
enjoy within the dominions of the other, the same rights, pri
vileges, liberties, favours, immunities or exemptions in mat
ters of commerce and navigation, that are granted or may
hereafter be granted to the subjects of the most favoured
Nation.
ART. VII.
His Royal Highness the Prince Regent and His Britannic
Majesty do stipulate and agree, that there shall be a per
fect reciprocity on the subject of the duties and imposts to
be paid by the ships and vessels of the High Contracting
Parties, within the several ports, harbours, roads and an
choring places belonging to each of Them; to wit, that
the ships and vessels of the subjects of His Royal Highness
the Prince Regent of Portugal shall not pay any higher du
ties or imposts (under whatsoever name they be designated
or implied) within the dominions of His Britannic Majesty,
294 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
Sua Magestade Britannica, do que os navios e embarcações
pertencentes aos vassallos de Sua Magestade Britannica fo
rem obrigados a pagar nos dominios de Sua Alteza Real o
Principe Regente de Portugal, e vice-versa. E esta Convenção
e estipulação se estenderá particular e expressamente ao pa
gamento dos direitos conhecidos pelo nome de direitos do
porto, de tonelada e ancoragem, que em nenhum caso, e
debaixo de qualquer pretexto, serão maiores para os navios
e embarcações Portuguesas nos dominios de Sua Magestade
Britannica, do que para os navios e embarcações Britannicas
nos dominios de Sua Alteza Real o Principe Regente de
Portugal, e vice-versa.
ART. VIII.
As duas Altas Partes Contratantes tambem convieram
que o mesmo valor de gratificações e drawbacks se estabe
lecerá nos Seus respectivos portos, sobre a exportação dos
generos e mercadorias, quer estes generos e mercadorias
sejam exportados em navios e embarcações Portuguezas,
quer em navios e embarcações Britannicas, isto 6, que os
navios e embarcações Portuguezas gosarão do mesmo favor
a este respeito dentro dos dominios de Sua Magestade Bri
tannica, que se conceder aos navios e embarcações Britan
nicas dentro dos dominios de Sua Alteza Real o Principe Re
gente de Portugal, e vice-versa. As duas Altas Partes Con
tratantes convieram e accordaram que os generos e mercado
rias, vindo respectivamente dos portos de qualquer d'Ellas,
pagarão os mesmos direitos, seja importados em navios e
embarcações Portuguezas ou Britannicas, ou de outro modo,
que um augmento de direitos possa ser exigido e imposto
sobre os generos e mercadorias que entrarem nos portos
dos dominios de Sua Alteza Real o Principe Regente de
Portugal vindo dos dominios de Sua Magestade Britannica,
em navios Britannicos, equivalente, e em exacta proporção
com qualquer augmento de direitos, que possa ser imposto
sobre generos e mercadorias que entrarem nos portos de Sua
Magestade Britannica vindo dos de Sua Alteza Real o Prin
cipe Regente de Portugal importados em navios Portugue-
zes. E para o fim de que este ponto fique estabelecido com
a devida exacção, e que nada se deixe indeterminado a este
respeito, accordou-se que cada Governo respectivamente pu
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 295
than the ships and vessels belonging to the subjects of His
Britannic Majesty shall be bound to pay within the domi
nions of His Royal Highness the Prince Regent of Portugal,
and vice-versa. And this agreement and stipulation shall par
ticularly and expressly extend to the payment of the duties
known by the name of the port charges, tonnage and an
chorage duties, which shall not in any case, nor under any
pretext, be greater for Portuguese ships and vessels within
the dominions of His Britannic Majesty, than for British
ships and vessels within the dominions of His Royal Highness
the Prince Regent of Portugal, and vice-versa.
ART. Till.
The two High Contracting Parties do also agree, that
the same rates of bounties and drawbacks shall be establi
shed in Their respective ports, upon the exportation of goods
and merchandizes, whether these goods or merchandizes be
exported in Portuguese or British ships and vessels, that is,
that Portuguese ships and vessels shall enjoy the same fa
vour in this respect, within the dominions of His Britannic
Majesty, that may be shewn to British ships and vessels
within the dominions of His Royal Highness the Prince
Regent of Portugal, and vice-versa. The two High Contra
cting Parties do also convenant and agree that goods and
merchandizes, coming respectively from the ports of either
of Them, shall pay the same duties, whether imported in
Portuguese or in British ships or vessels, or otherwise, that
an increase of duties may be imposed and exacted upon
goods and merchandizes coming into the ports of the do
minions of His Royal Highness the Prince Regent of Por
tugal from those of His Britannic Majesty in British ships,
equivalent, and in exact proportion to any increase of du
ties that may be imposed upon goods and merchandizes
coming into the ports of His Britannic Majesty from those
of His Royal Highness the Prince Regent of Portugal, im
ported in Portuguese ships. And in order that this matter
may be settled with due exactness, and that nothing may
be left undetermined concerning it, it is agreed that Tables
shall be drawn up by each Government respectively speci
fying the difference of duties to be paid on goods and mer
296 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1809 blicará Tabuas ou Quadros que especifiquem a differença dos
Fevereiro direitos que hão de ser pagos pelos generos e mercadorias
28
assim importadas em navios c embarcações Portuguezas ou
Britannicas, e que as ditas Tabuas (que se farão applicaveis
a todos os portos, dentro dos respectivos dominios de cada
uma das Partes Contratantes) serão declaradas e julgadas
como formando parte d'este presente Tratado.
ART. IX.
O mutuo commcrcio e navegação dos vassallos de Por
tugal e da Gran-Bretanha, respectivamente nos portos e ma
res da Asia, serão expressamente permittidos, ao mesmo
grau que até aqui o tem sido pelas duas Coroas. E o com-
mercio e navegação, assim permittidos, serão depois regu
lados por agora e para sempre sobre o pé do commercio
e navegação da Nação mais favorecida, das que commer-
ceiam nos portos e mares da Asia, isto é, que nenhuma
das Altas Partes Contratantes concederá qualquer favor ou
privilegio em materias de commercio e navegação aos vas
sallos de qualquer outro Estado, que commerceie nos portos
e mares da Asia, que não fique tambem concedido quam
proxime nos mesmos termos aos vassallos da outra Alta
Parte Contratante.
Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal se em
penha e obriga em Seu proprio nome, e dos Seus herdeiros
e successores, de não fazer qualquer Regimento que possa
ser prejudicial ou inconveniente ao commercio e navegação
dos vassallos de Sua Magestade Britannica, dentro dos por
tos, mares e dominios que lhe ficam agora abertos em vir
tude do presente Tratado. Sua Magestade Britannica se em
penha c obriga em Seu nome, e dos Seus herdeiros e suc
cessores, a não fazer qualquer Regimento que possa ser pre
judicial ou inconveniente ao commercio e navegação dos vas
sallos de Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal,
dentro dos portos e mares da Asia, na extensão até aqui
permittida, ou que para o futuro se permittir á Nação mais
favorecida.
ART. X.
As duas Altas Partes Contratantes resolveram a respeito
dos privilegios de que devem gosar os vassallos de ambas .
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 297
chandizes so imported in Portuguese or British ships and , 1809
vessels, and the said Tables (which shall be made applicable Fevereiro
to all the ports within the respective dominions of each of
the Contracting Parties) shall he declared and adjudged to
form part of this present Treaty.
ART. IX.
The mutual commerce and navigation of the subjects
of Portugal and Great Britain, respectively in the ports and
seas of Asia, are expressly permitted to the same degree as
they have hitherto been allowed by the two Crowns. And
the commerce and navigation thus permitted, shall hereafter
and for ever be placed on the footing of the commerce and
navigation of the most favoured Nation trading in the ports
and seas of Asia, that is, that neither of the High Contra
cting Parties shall grant any favour or privilege in matters
of commerce and navigation to the subjects of any other
State trading within the ports and seas of Asia, which shall
not be also granted quam proxime on the same terms to
the subjects of the other High Contracting Party.
art. x.
The two High Contracting Parties have resolved, with
respect to the privileges to be enjoyed by the subjects of
298 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
as Potencias, dentro do territorio ou dominio de cada uma
d'Ellas, que se deve observar de uma e outra parte a mais
perfeita reciprocidade. Os vassallos de cada uma das Altas
Partes Contratantes que residirem dentro do territorio ou
dominios da outra, terão o livre e inquestionavel direito
de comprar, possuir, occupar ou herdar terras, casas e pro
priedades de qualquer qualidade e denominação, e tambem
de dispor das mesmas por venda, doação, troca, testamento
ou em qualquer outro modo que ser possa, sem que lhes
seja posto a isso o menor impedimento ou obstaculo. Não
serão compellidos a pagar quaesquer tributos ou imposições,
debaixo de qualquer pretexto, maiores do que aquellas que
pagam, ou poderão pagar, os vassallos naturaes do Sobe
rano em cujo dominio possam residir. Serão isentos de todo
o serviço militar forçado, qualquer que seja, tanto por terra
como por mar. Não serão perturbados ou inquietados na pa
cifica posse e occupação das suas casas e propriedade, seja
propria, comprada ou alugada, por qualquer acto de poder
arbitrario, ou por qualquer ordem ou determinação que se
opponha a lei do paiz, e á liberdade e protecção que lhes
seguram as leis existentes e o presente Tratado. As suas
casas de habitação, os seus armazens, e tudo o que d'elles
fizer parte e lhes pertencer, seja para os fins da sua resi
dencia ou do seu commercio, serão inviolaveis e respeita
dos; serão isentos de todas as visitas domiciliarias vexató
rias, e de todo o illegal exame ou inspecção dos seus livros,
papeis e contas de commercio. Deve porém ficar entendido
que nos casos de traição, commercio de contrabando e outros
crimes, para cuja achada ha regras estabelecidas pelas leis
do paiz, esta lei será executada, sendo mutuamente decla
rado, que accusações falsas e maliciosas não serão admittidas
como pretextos ou desculpas para visitas domiciliarias, ou
para o exame dos livros, papeis e contas commerciaes, as
quaes visitas ou exames nunca terão logar, excepto debaixo
de sancção do competente Magistrado, ou na presença do
Consul da Nação ao qual a parte accusada pertencer, ou na
do seu deputado ou representante.
ART. XI.
Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal se obriga
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 299
each of Them within the territories or dominions of the
other, that the most perfect reciprocity shall be observed
on both sides. And the subjects of each of the High Con
tracting Parties, residing within the territories or dominions
of the other, shall have a free and unquestionable right to
purchase, possess, occupy or inherit land, houses and pro
perty of every sort and denomination, and also to dispose
of the same by sale, donation, exchange or testament, or
in any other manner whatever, without any the smallest
impediment or hindrance thereto. They shall not be com
pelled to pay any taxes or imposts under any pretext what
soever, greater than those that are paid or may be paid by
the native subjects of the Sovereign in whose dominions
they may be resident. They shall be exempted from all com
pulsory military service whatsoever, whether by sea or land.
They shall not be disturbed or annoyed in the peaceble pos
session and occupation of their houses and property whether
purchased or hired, by any act whatsoever of arbitrary po
wer, or by any order or ordinance in opposition to the law
of the land, and to the freedom and protection secured to
them by that law and by the present Treaty. Their dwelling-
houses, ware-houses, and all the parts and appurtenances
thereof, whether for the purposes of commerce or of resi
dence, shall be inviolable and respected. They shall be free
and exempt from all véxatious domiciliary visits, and from
illegal examination or inspection of their commercial books,
papers or accounts. It is however to be understood, that
in the cases of treason, contraband trade and other crimes,
for the detection of which provision is made by the law of
the land, that law shall be enforced, it being mutually de
clared that false and malicious accusations are not to be
admitted as pretexts or excuses for domiciliary visits, or
for examination of commercial books, papers or accounts;
which visits or examination are never to take place, except
under the sanction of the competent Magistrate, or in the
presence of the Consul of the Nation to which the accused
party may belong, or of his deputy or representative.
ART. XI.
His Royal Highness the Prince Regent of Portugal en
300 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1809 e declara no Seu proprio nome, e no dos Seus herdeiros e
svereiro successores, que o commercio dos vassallos Britannicos com
os Seus dominios não será restricto, interrupto ou de outro
modo affectado pela operação de qualquer monopolio, con
trato ou privilegios exclusivos de venda ou compra, qualquer
que seja, mas que terão livre e não restricta permissão para
comprar e vender de toda ou a toda e qualquer pessoa, e
de qualquer fórma ou modo que possa convir-lhe, sem se
rem obrigados a darem qualquer preferencia ou favor em
consequencia dos ditos monopolios, contratos ou privilegios
exclusivos de compra ou venda. E Sua Magestade Britan-
nica se empenha e obriga a observar fielmente este princi
pio, assim reconhecido e estabelecido pelas duas Altas Partes
Contratantes.
Mas deve ficar distinctamente entendido, que o presente
Artigo não será interpretado como invalidando ou afíectándo
o direito exclusivo que possue a Coroa de Portugal, dentro
dos seus proprios dominios, aos contratos estabelecidos, quaes
o da vend,a do marfim, do pau do Brazil, urzela, dos dia
mantes, do oiro em pó, da polvora e do tabaco manufactu
rado; ficando tambem entendido, que se os mencionados
Artigos, geral ou separadamente, vierem a ser artigos de com
mercio livre dentro dos dominios de Sua Alteza Real o Prin
cipe, Regente de Portugal, os vassallos de Sua Magestade
Britannica terão logo a permissão de traficarem n'elles tão
livremente e no mesmo pé que os da Nação mais favorecida.
ART. XII.
Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal e Sua
Magestade Britannica accordaram e resolveram, que cada
uma das Altas Partes Contratantes terá o direito de nomear
e determinar Consules Geraes, Consules e Vice-Consules em
todos aquelles portos dos dominios da outra Alta Parte Con
tratante, onde são ou forem necessarios para o adianta
mento do commercio, e para os interesses commerciaes dos
vassallos negociantes de cada uma das duas Corôas. Mas é
expressamente estipulado, que os Consules, de qualquer classe
que possam ser, não serão reconhecidos ou recebidos, nem
permittidos de obrar como taes, sem serem devidamente
qualificados pelo seu proprio Soberano, e approvados pelo
REGEXCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 301
gages in His own name, and in that of His heirs and sue- 1809
cessors, that the commerce of British subjects within His Fev^eiro
dominions shall not be restrained, interrupted, or otherwise
affected by the operation of any monopoly, contract, or ex
clusive privileges of sale or purchase whatsoever, but that
they shall have free and unrestricted permission to buy and
sell from and to whomsoever, and in whatever form or man
ner they may please, without being obliged to give any pre
ference or favour in consequence of the said monopolies,
contracts, or exclusive privileges of sale or purchase. And
His Britannic Majesty does on His part engage to observe
faithfully this principle, thus recognized and laid down by
the two High Contracting Parties.
ART. XII.
His Royal Highness the Prince Regent of Portugal and
His Britannic Majesty have agreed and resolved that each
of the High Contracting Parties shall have the right to no
minate and appoint Consuls General, Consuls and Vice-
Consuls in all those ports of the dominions of the other
Contracting Party, wherein they are or may be necessary
for the advancement of commerce, and for the commercial
interests of the trading subjects of either Crown. But it is
expressly stipulated that Consuls, of whatsoever class they
may be, shall not be acknowledged or received, nor permit
ted to act as such, unless duly qualified by their own Sove
reign, and approved of by the other Sovereign in whose do-
302 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1809 outro Soberano em cujo dominio devem ser empregados.
Fevereiro Qs Consules de todas as classes, dentro dos dominios de cada
uma das Altas Partes Contratantes, serão postos respectiva
mente no pé de perfeita reciprocidade e igualdade. E sendo
determinados somente para o fim de facilitar e assistir nos
negocios do commercio e navegação, hão de somente ficar
na posse dos privilegios, que pertencem ao seu logar, e que
são reconhecidos e admittidos por todos os Governos como
necessarios para o devido cumprimento do seu otficio e em
prego. Devem em todos os casos ficar sujeitos ás leis do
paiz em que possam residir, e devem gosnr da plena e in
teira protecção d'estas leis.
ART. XIII.
Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal, dese
joso de proteger e facilitar o commercio dos vassallos da
Gran-Bretanha dentro dos Seus dominios, assim como as
relações e communicações com os Seus proprios vassallos,
houve por bem conceder-lhes o privilegio de nomear e de
ter Magistrados especiaes, para obrar por elles como Juizes
Conservadores, n'aquelles portos e cidades dos Seus domi
nios, nrjs quaes houver Magistrados ou Tribunaes de Jus
tiça, ou podérem ser para o futuro estabelecidos. Estes Jui
zes julgarão e decidirão todas as causas que forem levadas
perante elles pelos vassallos Britannicos, do mesmo modo
que antes o faziam ; e a sua auctoridade e sentenças serão
igualmente respeitadas, serão escolhidos pela pluralidade dos
vassallos Britannicos que residirem ou traficarem no porto
ou logar onde for estabelecida a jurisdição do Juiz Conserva
dor, e a escolha assim feita será transmittida ao Embaixa
dor ou Ministro de Sua Magestade Britannica residente na
Côrte de Portugal, para ser por elle levada á presença de
Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal, para o fim
de obter o consentimento e confirmação de Sua Alteza Real;
e no caso de não a obter, as partes interessadas procederão
a nova eleição, até que a Real approvação possa conseguir-
se. A remoção do Juiz Conservador, no caso de falta de de
ver ou delicto, tambem deverá effectuar-se por um recurso
a Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal, por
meio do Embaixador ou Ministro Britannico residente na
Côrte de Sua Alteza Real.
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 303
minions they are to be employed. Consuls of all classes wi
thin the dominions of each of the High Contracting Parties
are respectively to be placed upon a footing of perfect reci
procity and equality. And being appointed solely for the
purpose of facilitating and assisting in affairs of commerce
and navigation, they are only to possess the privileges which
belong to their station, and which are recognized and admit
ted by all Governments as necessary for the due fullfilment
of their office and employment. They are in all instances to
be amenable to the laws of the country in which they may
reside, and they are also to enjoy the full and entire pro
tection of tbose laws.
ART. XIII.
His Royal Highness the Prince Regent of Portugal, de
siring to protect and facilitate the commerce of the subjects
of Great Britain within His dominions, as well as their re
lations of intercourse with His own subjects, is pleased to
grant to them the privilege of nominating and having spe
cial Magistrates to act for them as Judges Conservator, in
those ports and cities of His dominions in which Tribunals
and Courts of Justice are or may hereafter be established.
These Judges shall try and decide all causes brought before
them by British subjects, in the same manner as formerlv,
and their authority and determinations shall be respected.
They shall be chosen by the. plurality of British subjects re
siding in or trading at the port or place where the jurisdi
ction of the Judge Conservator is to be established, and the
choice so made shall be transmitted to His Britannic Ma
jesty's Ambassador, or Minister, resident at the Court of
Portugal, to be by him laid before His Royal Highness the
Prince Regent of Portugal, in order to obtain His Royal
Highness' s consent and confirmation; in case of not obtain
ing which, the parties interested are to proceed to a new
election, until the Royal approbation of the Prince Regent
be obtained. The removal of the Judge Conservator, in ca
ses of neglect of duty or delinquency, is also to be effected
by an application to His Royal Highness the Prince Regent
of Portugal through the channel of the British Ambassador,
or Minister, resident at His Royal Highness's Court.
304 REINADO I)A SENHORA D. MARIA I.
Em compensação (Testa concessão a favor dos vassallos
Britannicos, Sua Magestade Britannica se obriga a fazer que
se dê a mais stricta e escrupulosa observancia e obediencia
ás leis que seguram e protegem as pessoas e propriedades
Portuguezas, que residem dentro dos seus dominios, e das
quaes elles em commum com os outros estrangeiros gosam
o beneficio, pela conhecida equidade da jurisprudencia Bri
tannica, e da singular excellencia da Constituição Britannica.
ART. XIV.
Sua Alteza Beal o Principe Regente de Portugal e Sua
Magestade Britannica concordaram particularmente em con
ceder os mesmos favores, honras, immunidades', privilegios
e isenções de direitos e tributos aos Seus respectivos Em
baixadores, Ministros, ou Agentes accreditados nas suas res
pectivas Côrtes. E todo o favor que um dos dois Soberanos
conceder n'este particular na Sua propria Côrte, o outro So
berano se obriga a conceder similhantcmente na Sua Côrte.
ART. XV.
Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal se
obriga e declara no Seu proprio nome, e dos Seus herdei
ros e successores, que os vassallos de Sua Magestade Bri
tannica, que residirem dentro dos seus territorios e domi
nios, não serão perturbados, .inquietados, perseguidos ou
afflictos por causa da sua religião, mas que terão perfeita
liberdade de consciencia nos Seus dominios, e licença para
assistirem e celebrarem o Serviço Divino á honra do Todo
Poderoso Deus, seja dentro das suas casas particulares, ou
nas suas particulares igrejas e capellas, que Sua Alteza Real
agora e para sempre graciosamente lhes concede a permis
são de edificar e manter dentro de todos os Seus dominios.
Bem entendido comtudo que as ditas igrejas e capellas se
rão edificadas de maneira que externamente se assemelhem
a casas particulares, e tambem que o uso dos sinos não lhes
seja permittido para o fim de annunciar as horas do Serviço
Divino. E demais, estipulou-se que os vassallos da Gran-
Bretanha, nem quaesquer outros estrangeiros de differente
communhão d'aquella da religião estabelecida nos dominios
de Portugal, serão perseguidos ou inquietados por causa da
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 305
In return for this concession in favour of British sub
jects, His Britannic Majesty engages to cause the most strict
and scrupulous observance and obedience to be paid to those
laws, by which the persons and property of Portuguese sub
jects residing within His dominions are secured and pro
tected, and of which they, in common with all other forei
gners, enjoy the benefit, through the acknowledged equity
of British jurisprudence, and the singular excellence of the
British Constitution.
ART. XIV.
His Royal Highness the Prince Regent of Portugal and
His Britannic Majesty agree severally to grant the same fa
vours, honours, immunities, privileges, exemptions from du
ties and imposts to Their respective Ambassadors, Ministers,
or accredited Agents at the Courts of each of Them. And
whatever favour either of the two Sovereigns shall grant in
this particular at His own Court, the other Sovereign en
gages to grant the same at His Court.
ART. XV.
His Royal Highness the Prince Regent of Portugal de
clares and engages in His own name, and in that of His
heirs and successors, that the subjects of His Britannic Ma
jesty, residing within His territories and dominions, shall not
he disturbed, troubled, persecuted or annoyed on account
of their religion, but that they shall have perfect liberty of
conscience therein, and leave to attend and celebrate Divine
Service to the honour of Almighty God either within their
own private houses, or in their own particular chapels and
churches, which His Royal Highness does now and for ever
graciously grant to them the permission of building and
maintaining within all His dominions. Provided, however,
that the said churches and chapels shall be built in such a
manner as externally to resemble private dwellinghouses,
and also, that the use of bells be not permitted therein, for
the purpose ofpublickly announcing the time of Divine Ser
vice. And it is further stipulated, that neither the subjects
of Great Britain, nor any other foreigners of a different com
munion from the religion established in the dominions of
Portugal, shall be persecuted or disquieted for conscience-
VOL. IT. 20
306 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
sua consciencia, seja nas suas pessoas, seja nas suas proprie
dade, em todo o tempo que se conduzirem com ordem, de
cencia e moralidade, e de um modo conforme aos usos do
paiz e do seu estabelecimento religioso e politico. Mas se
for provado que elles pregam ou declamam publicamente
contra a Religião Catholica, ou que trabalham por fazer pro-
selytas ou conversões, as pessoas que fizerem esta offensa
poderão, com a manifestação do seu delicto, serem mandadas
sair do paiz onde tenham commettido tal offensa. E aquelles
que em publico se mostrarem com falta de respeito ou im
propriamente quanto ás formalidades e ceremonias da Re-
legião Catholica dominante, serão citados perante a policia
civil, e poderão ser castigados ou com multa ou com deten
ção em suas proprias casas. E se a offensa for tão grave e
tão enorme que perturbe a tranquillidade publica, ou ponha
em perigo a segurança das instituições da Igreja e do Es
tado estabelecidas pela lei, as pessoas que tal offensa fize
rem, com a devida prova do facto, serão mandadas sair dos
dominios de Portugal. Fica tambem concedida a liberdade
de enterrar os vassallos de Sua Magestade Hritannica, que
venham a morrer nos territorios de Sua Alteza Real o Prin
cipe Regente de Portugal, em logares convenientes, que se
destinarão para o mesmo fim. Nem os funeraes ou sepultu
ras dos mortos serão de qualquer modo ou por qualquer
motivo perturbados.
Do mesmo modo os vassallos de Portugal gosarão den
tro de todos os dominios de Sua Magestade Britannica de
uma perfeita e illimitada liberdade de consciencia em todas
as materias de religião, conformemente ao systema de uni
versal tolerancia que ali se acha estajbelecido. Poderão livre
mente praticar os exercicios da sua religião publica ou par
ticularmente, dentro das suas casas particulares, ou em ca-
pellas e logares de culto destinados para o mesmo fim, sem
que se lhes ponha o menor obstaculo, incommodo ou dif-
ficuldade qualquer que seja, ou agora ou para o futuro.
ABT. XVI.
A Inquisição ou Tribunal do Santo Officio, não tendo
sido até aqui estabelecido ou reconhecido no Brazil, Sua
Alteza Real o Principe Regente de Portugal, guiado por uma
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 307
sake either in their persons or property, so long as they 1809
conduct themselves with order, decency and morality, Pevaoei
and in a manner conformable to the usages of the coun
try, and to its constitution in Church and State. But if
it should Le proved that they preach or declaim publickly
against the Catholic Religion, or that they endeavour to
make proselytes or converts, the parties so offending may,
upon manifestation of their delinquency, be sent out of the
country in which the offence shall have been committed. And
those who behave in publick with disrespect or impropriety
towards the forms and cerimonies of the established Catho
lic Religion, shall be amenable to the civil police, and may
be punished by fine, or by confinement within their own
dwellinghouses. And if the offence be so flagrant and so
enormous as to disturb the publick tranquillity, or endanger
the safety of the institutions of Church and State, as establis
hed by law, the parties so offending may, on due proof of
the fact, be sent out of the dominions of Portugal. Liberty
shall also be granted to bury the subjects of His Britannic
Majesty, who may die in the territories of His Royal High
ness the Prince Regent of Portugal, in convenient places to
be appointed for the purpose. Nor shall the funerals or se
pulchres of the dead be disturbed in any wise, nor upon any
account.
ART. XVI.
The Inquisition, or Tribunal of the Holy Office, not hav
ing been hitherto established or recognized in Brazil, His
Royal Highness the Prince Regent of Portugal, guided by
308 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1809 illuminada e liberal politica, promette e se obriga em Seu
Ferereiro pr0prio nome, e dos Seus herdeiros e successores, de jamais
crear ou estabelecer este Tribunal no Brazil; e em conse
quencia d'isto estipulou-se que os privilegios exclusivos e
isenções a favor dos vassallos Britannicos, especificados no
quinto Artigo do Tratado de mil seiscentos cincoenta e qua
tro, serão considerados como nullos e de nenhum effeito no
Brazil. v
ART. XVII.
Sua Alteza Iteal o Principe Regente de Portugal e Sua
Magestade Britannica declaram aqui que a Convenção assi-
gnada pelos Seus respectivos Plenipotenciarios no Bio de Ja
neiro no dia quatorze de Setembro de mil oitocentos e oito (1),
sobre o estabelecimento dos Paquetes entre os dominios de
Portugal e da Gran-Bretanha, deve ser considerada como
fazendo parte do presente Tratado, e que os principios e es
tipulações da mesma serão applicaveis a todos os Paquetes
que existem ou possam para o futuro ser estabelecidos entre
os Seus respectivos dominios.
ART. XVIII.
Concordou-se e ajustou-se que as pessoas culpadas de alta
traição, falsidade ou outros crimes de natureza odiosa dentro
dos dominios de qualquer das Altas Partes Contratantes, não
serão admittidos nem receberão protecção nos dominios da
outra. Far-se-ha uma mutua Convenção para a entrega dos
desertores de ambas as Potencias, e para a restituição das
pessoas naturaes de cada paiz, e empregadas no serviço mi
litar terrestre ou maritimo da outra, sem a permissão do seu
proprio legitimo Senhor e Soberano; o qual arranjamento,
quando estiver concluido, se considerará como fazendo parte
do presente Tratado.
ART. XIX.
Todos os generos, mercadorias e artigos, quaesquer que
sejam, da producção, manufactura, industria ou invenção dos
dominios e vassallos de Sua Magestade Britannica, serão
(1) !Nao temos a menor idéa de tal Convenção, mas fim da que foi
assignada no Rio de Janeiro a 19 de Fevereiro de 1810.
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D.JOÃO. 309
an enlightened and liberal policy, promises and engages in
His own name, and in that of His heirs and successors, ne
ver to create or establish that Office in Brazil; and it is in
consequence stipulated, that the exclusive privileges and exem
ptions in favour of British subjects, specified in the fifth
Article of the Treaty of one thousand six hundred and fifty
lour, are to be regarded as null and having no effect in
Brazil.
ART. XVII.
His Boyal Highness the Prince Begent of Portugal and
His Britannic Majesty do hereby declare, that the Conven
tion signed by Their respective Plenipotentiaries at Rio de
Janeiro, on the fourteenth day of September one thousand
eight hundred and eight, on the subject of the establish
ment of Packets between the dominions of Portugal and
Great Britain, is to be considered as forming a part of the
present Treaty, and that the principles and stipulations the
reof are to be applied to all Packets, that are or may he
reafter be established between Their respective dominions.
ART. XVIII.
It is agreed and covenanted, that persons guilty of high
treason, forgery, or other offences of a heinous nature, wi
thin the dominions of either of the High Contracting Par
ties, shall not be harboured nor receive protection in the
dominions of the other. A mutual Arrangement shall here
after be made for the giving up of deserters on both sides,
and for the restitution of persons natives of either Coun
try, and employed in the military service of the other, whe
ther by sea or land, without the permission of their own
liege Lord and Sovereign. Which arrangement, if ever it
shall be concluded, shall be considered as forming part of
the present Treaty.
ART. XIX.
All goods, merchandizes and articles whatsoever of the
produce, manufacture, industry or invention of the domi
nions and subjects of His Britannic Majesty, shall be admit
ted into all and singular the ports and dominions of His
Royal Highness the Prince Regent of Portugal, as well in
Europe as in America, Africa and Asia, on paying generally
310 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
admittidos em todos e cada um dos portos e dominios de
Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal, tanto na
Europa como na America, Africa e Asia, pagando geral e
unicamente os direitos de quinze -por cento, conforme ao
valor que lhes será posto por uma pauta, cuja principal base
será a factura jurada do custo dos sobreditos generos e mer
cadorias, tomando tambem em consideração (tanto quanto
for justo e praticavel) os preços correntes dos mesmos no
paiz onde forem importados.
A pauta ou avaliação será determinada e fixada por um
igual numero de negociantes Portuguezes e Britannicos de
conhecida inteireza e honra, com a assistencia, da parte dos
negociantes Portuguezes, do Superintendente ou Juiz da Al
fandega, ou dos seus respectivos deputados, e da parte dos
negociantes Britannicos, do Consul Geral ou Consul de Sua
Magestade Britannica, ou dos seus respectivos deputados. E
a sobredita pauta ou avaliação será feita applicavel a todos
os portos e dominios de Sua Alteza Real o Principe Regente
de Portugal. Será concluida, e principiará a ter effeito, tanto
que for possivel, depois da troca das ratificações do pre
sente Tratado, e com toda a certeza dentro do espaço de
trez mezes, contados da data da sobredita troca.
E será examinada e alterada, se for necessario, de cer
tas em certas epochas, seja na sua totalidade ou em parte,
todas as vezes que os vassallos de Sua Magestade Britan
nica, reâidentes nos dominios de Sua Alteza Real o Prin
cipe Regente de Portugal, farão alguma requisição para este
effeito pelo meio do Consul Geral ou Consul de Sua Ma
gestade Britannica, ou que os vassallos negociantes, que
commerceiam de Portugal, farão a mesma requisição da sua
parte.
ART. XX.
Mas no intervallo que existir entre a troca das ratifi
cações do presente Tratado e a promulgação da já citada
pauta, se alguns generos e manufacturas dos dominios de
Sua Magestade Britannica chegarem aos portos de Sua Al
teza Real o Principe Regente de Portugal, estipulou-se, que
serão admittidos para o consummo, pagando os menciona
dos direitos de quinze por cento, conformemente ao valor
que lhes for fixado pela pauta que existe actualmente; se
BEGENCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 311
and solely duties to the amount of fifteen per cent, accord 1809
ing to the value which shall be set upon them by a tariff, Fevereiro
88
the principal basis of which shall be the sworn invoice cost
of the aforesaid goods, merchandizes and articles, taking
also into consideration (as far as may be just or practica
ble) the current prices thereof in the country into which
they are imported.
ART. XX.
But during the interval between the exchange of the
ratifications of the present Treaty and the promulgation of
the above-mentioned tariff, should any goods or merchan
dizes, the produce or manufacture of the dominions of His
Britannic Majesty, arrive in the ports of His Royal High
ness the Prince Regent of Portugal, it is stipulated that they
shall be admitted for consumption on paying the above-men
tioned duties of fifteen per cent, according to the value set
312 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1809 forme generos e mercadorias comprehendidas e avaliadas na
Fevereiro pauta; e se elles não forem comprehendidos ou avaliados
n'esta pauta, então serão admittidos, pagando os mesmos
direitos de quinze por cento ad valorem, conforme as fa
cturas dos ditos generos e mercadorias, que serão devida
mente apresentadas e juradas pelas pessoas que as importa
rem. E no caso que houvesse alguma suspeita de fraude ou
illicita pratica, as facturas serão examinadas, e o valor real
dos generos e mercadorias estabelecido pela decisão de um
igual numero de negociantes Portuguezes e Inglezes de co
nhecida inteireza e honra; e no caso de uma differença de
opinião entre elles, seguida de uma igualdade de votos so
bre o objecto, então nomearão similhantemente outro nego
ciante de conhecida inteireza e honra, a quem o negocio se
ha de finalmente remetter, e cuja decisão será terminante
e sem appellação. E no caso que a factura parecer ter sido
justa e correcta, os generos e mercadorias n'ella especifica
dos serão admittidos, pagando os direitos acima menciona
dos, e as despezas (se houver algumas) do exame da factura
serão embolsadas pela parte que duvidou da sua exactidão
e correcção. Mas se a factura se achar ser fraudulenta e il
licita, então os generos e mercadorias serão compradas pe
los officiaes da Alfandega por conta do Governo Portuguez,
conformemente ao valor especificado na factura, com uma
addição de dez por cento á somma que por elles pagarem
os officiaes da Alfandega: e as despezas (se houver algumas)
do exame da fraudulenta fac tura serão pagas pela pessoa que
apresentou a factura como licita e exacta.
ART. XXI.
Sua Magestade Britannica de Sua parte e em Seu nome,
e no de Seus successores e herdeiros, promette e se obriga
a que todos os generos, mercadorias e artigos, quaesquer
que sejam, da producção, manufactura, industria ou inven
ção dos dominios ou vassallos de Sua Alteza Real o Prin
cipe Regente de Portugal sejam recebidos e admittidos em
todos e cada um dos portos e dominios de Sua Magestade
Britannica, pagando geral e unicamente os mesmos direitos,
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 313
on them by the tariff now actually established, should they
be goods or merchandizes which are comprized and valued
in that tariff, and if they should not be comprized or valued
in that tariff, they shall be admitted on paying the same
duties of fifteen per cent ad valorem, according to the in
voices of the said goods and merchandizes, which shall be
duly presented and sworn to by the parties importing the
same. And in case that any suspicion of fraud or unfair pra
ctices should arise, the invoices shall be examined, and the
real value of the goods or merchandizes ascertained by a
reference to an equal number of Portuguese and British
merchants of known integrity and honour; and in case of
a difference of opinion among them, followed by an equa
lity of votes upon the subject, they shall then nominate ano
ther merchant, likewise of known integrity and honour, to
whom the matter shall be ultimately referred, and whose
decision thereon shall be final and without appeal. And in
case the invoice should appear to have been fair and cor
rect, the goods and merchandizes specified in it shall be
admitted, on paying the duties above-mentioned, and the
expences (if any) of the examination of the invoice shall be
defrayed by the party who called it's fairness and correct
ness into question. But if the invoice shall be found to be
fraudulent and unfair, then the goods and merchandizes
shall be bought up by the officers of the Customs on the
account of the Portuguese Government, according to the
value specified in the invoice, with an addition of" ten per
cent to the sum so paid for them by the officers of the Cus
toms: and the expences (if any) of the examination of the
fraudulent invoice shall be paid by the party who presen
ted it as just and fair.
ART. XXI.
His Britannic Majesty does on His part and in His own
name, and in that of His heirs and successors, promise and
engage, that all goods, merchandizes and articles whatsoe
ver, of the produce, manufacture, industry or invention of
the dominions or subjects of His Royal Highness the Prince
Regent of Portugal, shall be received and admitted into all
and singular the ports and dominions of His Britannic
Majesty, on paying generally and only the same duties that
314 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
que serão pagos por similhantes artigos pelos vassallos da
Nação mais favorecida. E fica expressamente declarado, que
se qualquer reducção dos direitos tiver effeito exclusivamente
em favor de alguns generos e mercadorias Portuguezas, im
portadas nos dominios de Sua Magestade Britannica, far-se-
ha uma equivalente reducção em similhantes generos e mer
cadorias Britannicas, importadas nos dominios de Sua Al
teza Real o Principe Regente de Portugal, e vice-versa; e
que a reducção, assim concedida, não o será (excepto com
os mesmos termos e com a mesma compensação) em favor
de qualquer outra Nação ou Estado, qualquer que elle seja.
Esta declaração deve ser considerada como reciproca da
parte das Altas Partes Contratantes.
ART. XXII.
Mas como ha alguns artigos da creação e producção do
Brazil, que não podem ser admittidos nos mercados e con-
summo interior dos dominios Britannicos, taes como o assu-
car, o café e outros artigos similhantes ao producto das Co
lonias Britannicas; Sua Magestade Britannica, querendo fa
vorecer e proteger, quanto é possivel, o commercio dos vas
sallos de Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal,
consente e permitte que os ditos artigos, igualmente como
quaesquer outros da creação e producção do Brazil, e de to
dos os outros dominios de Portugal, sejam recebidos e guar
dados em armazens em todos os portos dos Seus dominios,
que serão pela lei destinados a serem portos francos para
estes artigos, para o fim de re-exportação, debaixo do de
vido Regimento, isentos de maiores direitos, com os quaes
houvessem de ser carregados se fossem destinados para o
consummo dentro dos dominios Britannicos, e sujeitos so
mente aos direitos reduzidos, e despezas para a re-exporta
ção e guarda nos armazens.
ART. XXIII.
Do mesmo modo Sua Alteza Real o Principe Regente de
Portugal consente que todos os portos dos Seus dominios,
onde haja ou possa haver Alfandegas, sejam portos fran
cos para a recepção e admissão de todos os artigos, quaes
quer que sejam, producto ou manufacturas dos dominios
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 315
are paid upon similar articles by the subjects of the most 1809
favoured Nation. And it is expressly declared, that if any Fevereiro
28
reduction of duties should take place exclusively in favour
of Portuguese goods and merchandizes imported into the
dominions of His Britannic Majesty, an equivalent reduction
shall take place on similar British goods and merchandizes
imported into the dominions of His Royal Highness the
Prince Regent of Portugal, and vice-versa; and that the re
duction so accorded, shall not be granted afterwards (ex
cept upon the same terms and for the same compensation)
in favour of any other State or Nation whatsoever. And this
declaration is to be considered as reciprocal on the part of
the two High Contracting Parties.
ART. XXII.
But as there are some articles of the growth and pro
duce of Brazil, which cannot be admitted into the markets
and home consumption of the British dominions, such as
sugar, coffee, and other articles similar to the produce of
the British Colonies; His Britannic Majesty, willing to fa
vour and protect, as much as possible, the commerce of the
subjects of His Royal Highness the Prince Regent of Por
tugal, consents and permits that the said articles, as well
as all others the growth and produce of Brazil, and all other
parts of the Portuguese dominions, may be received and
warehoused in all the ports of His dominions, which shall be
by law appointed to be free ports for those articles, for the
purpose of re-exportation, under due regulation, exempted
from the greater duties with which they would be charged,
were they destined for consumption within the British do
minions, and liable only to reduced duties and expenses on
re-exportation and warehousing.
ART. XXIII.
In the same manner, His Royal Highness the Prince
Regent of Portugal consents that all the ports of His domi
nions, where there are or may be Custom-houses, shall be
free ports for the reception and admission of all articles
whatsoever, the produce or manufacture of the British do-
316 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1809 Britannicos, não destinados para o consummo do logar em
!v^eiro que possam ser recebidos ou admittidos, mas para a re-ex
portação tanto para outros portos dos dominios de Portu
gal, como para aquelles dos outros Estados. E os artigos
assim recebidos e admittidos, sujeitos aos devidos Regimen
tos, serão isentos de maiores direitos com os quaes houve
ram de ser carregados se fossem destinados para o consummo
do logar em que possam ser desembarcados ou depositados
em armazens, e obrigados sómente a pagar os mesmos redu
zidos direitos de re-exportação, e as mesmas despezas como
hajam de ser pagos pelos artigos da producção do Brazil,
recebidos e postos em armazens para a re-exportação nos
portos dos dominios de Sua Magestade Britannica.
AUT. XXIV.
Não obstante o geral privilegio de admissão concedido
no Artigo 20.° do presente Tratado por Sua Alteza Real o
Principe Regente de Portugal a favor de todos os generos
e mercadorias, que são producção e manufactura dos domi
nios Britannicos, Sua Alteza Real reserva a Si mesmo a fa
culdade e poder de impor pezados e até prohibitivos direi
tos sobre todos os artigos conhecidos pelo nome de generos
Britannicos das Indias Orientaes, e producções das Indias
Occidentaes, como o assucar e café, os quaes não poderão
ser admittidos para o consummo nos dominios Portuguezes,
em rasão do mesmo principio de policia colonial, que pre
vine a livre admissão nos dominios Britannicos dos corres
pondentes artigos da producção do Brazil. Deve comtudo fi
car distinctamente entendido que todos os artigos, que são
producção e manufacturas dos dominios Britannicos nas In
dias Orientaes e Occidentaes, podem ser recebidos e depo
sitados em armazens, para a re-exportação, nos portos de
Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal, nos mes
mos termos e pagando os mesmos reduzidos direitos e des
pezas, que estão mencionadas no precedente Artigo do pre
sente Tratado.
ART. XXV.
Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal, para
o fim de facilitar e animar o legitimo commercio, não só
mente dos vassallos da Gran-Bretanha, mas tambem dos de
REGÊNCIA 1)0 PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 317
minions not destined for the consumption of the place at 1809
which they may be received or admitted, but for that of Fev|geir0
re-exportation, either for other ports of the dominions of
Portugal, or for those of other Stales. And the articles thus
received and admitted, subject to due regulation, shall be
exempted from the greater duties with which they would
be charged, if destined for the consumption of the place at
which they may be landed or warehoused, and liable only
to the same reduced duties on re-exportation, and to the
same expenses that may be paid by articles of Brazilian
produce, received and warehoused for re-exportation in the
ports of His Britannic Majesty's dominions.
ART. XXIV.
Notwithstanding the general privilege of admission thus
granted in the 20th Article of the present Treaty by His
Royal Highness the Prince Regent of Portugal, in favour
of all goods and merchandizes, the produce and manufa
cture of the British dominions, His Royal Highness reser
ves to Himself the right of imposing heavy and even pro
hibitory duties on all articles known by the name of Bri
tish East Indian goods, and West Indian produce, such as
sugar and coffee, which cannot be admitted for consumption
in the Portuguese dominions, by reason of the same prin
ciple of colonial policy, which prevents the free admission
into the British dominions of corresponding articles of Bra
zilian produce. It is however to be distinctly understood,
that all articles, the produce or manufacture of the British
dominions in the East or West Indies, may be received and
warehoused for re-exportation in the ports of His Royal Hi
ghness the Prince Regent of Portugal, on the same terms,
and on paying the reduced duties and expenses that are
mentioned in the preceding Article of the present Treaty.
ART. XXV.
His Royal Highness the Prince Regent of Portugal, in
order to facilitate and encourage the legitimate commerce,
not only of the subjects of Portugal, but also of those of
318 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1809 Portugal com outros Estados adjacentes nos Seus proprios
Fevereiro dominios, e tambem com as vistas de augmentar e segurar
aquella parte da Sua propria renda, que se deriva da collecção
dos direitos de transito sobre o commercio, houve por bem
declarar que o porto de Santa Catharina seria porto franco,
conformemente aos termos mencionados no Artigo 23.° do
presente Tratado.
ART. XXVI.
Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal, dese
joso de estabelecer o systema de commercio annunciado pelo
presente Tratado sobre a mais extensa base, houve por bem
aproveitar a opportunidade, que elle lhe offerece, para pu
blicar a determinação, que antes havia abraçado no Seu Real
entendimento, de declarar Goa porto franco, e de permittir
ali a livre tolerancia de todas as seitas religiosas, tanto na
Cidade, como nas suas dependencias.
ART. XXVU.
Todo o commercio com as possessões Portuguezas si
tuadas sobre a Costa Oriental do Continente de Africa (em
artigos não incluidos nos contratos exclusivos, possuidos pela
Corôa de Portugal) que possa ter antes sido concedido aos
vassallos da Gran-Bretanha, lhes é confirmado e segurado
agora e para sempre, no mesmo modo que o commercio,
que tem até aqui sido permittido aos vassallos Portuguezes
nos portos e mares da Asia, lhes é confirmado e segurado
em virtude do nono Artigo do presente Tratado.
ART. XXVIII.
Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal, es
tando plenamente convencido da injustiça e má politica do
commercio dos escravos, e dos grandes detrimentos e in
convenientes que nascem de introduzir e continuamente re
novar uma estranha e facticia população, para o fim de ob
ter trabalho e industria dentro das Suas possessões do sul
da America, tem resolvido de cooperar com Sua Magestade
Britannica na causa da humanidade e da justiça, adoptando
os mais efficazes meios de conseguir uma gradual abolição
do commercio dos escravos em toda a extensão dos seus do
minios, e guiado por este principio Sua Alteza Real o Prin
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 319 '
Great Britain with other States, adjacent to His own domi
nions, and with a view also to augment and secure that part
of His own revenue, which is derived from the collection of
transit duties upon commerce, is pleased to declare the port
of S.' Catharine to be a free port, according to the terms
mentioned in the 23d Article of the present Treaty.
ART. XXVI.
His Royal Highness the Prince Regent of Portugal being
desirous to place the system of commerce, announced by the
present Treaty, upon the most extensive basis, is pleased to
take the opportunity afforded by it, of publishing the de
termination pre-conceived in His Roy al Highness's mind of
rendering Goa a free port, and of permitting the free tole
ration of all religious sects in that City and in its depen
dencies.
ART. XXVII.
All trade with the Portuguese possessions situated upon
the Eastern Coast of the Continent of Africa (in articles not
included in the exclusive contracts possessed by the Crown
of Portugal) which may have been formerly allowed to the
subjects of Great Britain, is confirmed and secured to them
now and for ever, in the same manner as the trade which
has hitherto been permitted to Portuguese subjects in the
ports and seas of Asia, is confirmed and secured to them
by virtue of the nineth Article of the present Treaty.
ART. XXVIII.
His Royal Highness the Prince Regent of Portugal being
fully convinced of the injustice and impolicy of the slave
trade, and of the great disadvantages and inconvenience which
arise from being obliged to introduce and continually re
new a foreign and factitious population for the purpose of
labour and industry within His South American dominions,
has resolved to cooperate with His Britannic Majesty in the
cause of humanity and justice, by adopting the most effica
cious means for bringing about a gradual abolition of the
slave trade throughout the whole extent of His dominions.
And guided by this principle, His Royal Highness the Prince
320 REINADO DA SENHORA 1). MARIA I.
cipe Regente se obriga a que aos Seus vassallos lhes não
será permittido continuar o commercio dos escravos em
qualquer parte da Costa d'Africa que não pertença actual
mente aos dominios de Sua Alteza Real, nos quaes este trafico
ha já sido descontinuado e abandonado pelas Potencias e Es
tados da Europa que antes ali negociaram ; reservando com-
tudo aos Seus proprios vassallos o direito de comprar e ne
gociar em escravos dentro dos dominios de Africa da Corôa
de Portugal. Comtudo deve ficar distinctamente entendido
que as estipulações do presente Artigo não devem ser con
sideradas como invalidando ou de outro modo affectando os
direitos da Coroa de Portugal aos territorios de Cabinda e
Molembo, direitos que antes questionou o Governo de Fran
ça; nem como limitando ou restringindo o commercio de
Ajudá e outros portos na Africa, situados na costa commum-
mente chamada na lingua Portugueza Costa da Mina, e que
pertencem, ou em que tem pretençòes a Corôa de Portugal.
Sua Alteza Real o Principe Regente tem resolvido de não
resignar nem deixar perder as SuaS legitimas pretençòes aos
mesmos, nem o direito dos Seus vassallos a negociar com
estes logares.
ART. XXIX.
Sua Magestade Britannica promette empregar os Seus
bons officios e interposição para com a Porta Ottomana logo
que for possivel, e as Regencias de Argel, Tripoli e Tunis,
e em geral para com todos os Estados da Costa de Barbaria,
a fim de que Sua Alteza Real o Principe Regente de Por
tugal venha a concluir uma paz justa e duradoura com aquel-
las Potencias; e de que o commercio e navegação dos vas
sallos de Sua Alteza Real não sejam por mais tempo inter
rompidos, nem corram risco pelos actos hostis feitos por
aquelles Principes e Potencias ou por seus vassallos.
ART. XXX.
Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal, con
servando grata lembrança do serviço e soccorro que a Sua
Corôa e Familia têem recebido da Marinha Real de Ingla
terra; e estando na persuasão de que pelos esforços pode
rosos d'aquella Marinha, em apoio dos direitos e indepen
dencia da Europa, é que até aqui se tem opposto a barreira
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 32 í
Regent engages that His subjects shall not be permitted to 1809
carry on the slave trade, on any part of the Coast of Africa Fevereiro
as
not actually belonging to His Royal Highness's dominions,
in which that trade has been discontinued and abandoned
by the Powers and States of Europe, which formerly tra
ded there, reserving however to His own subjects the right
of purchasing and trading in slaves within the African do
minions of the Crown of Portugal. It is however to be dis
tinctly understood, that the stipulations of the present Ar
ticle are not to be considered as invalidating or otherwise
affecting the rights of the Crown of Portugal to the terri
tories of Cabinda and Molembo, which rights have formerly
been questioned by the Government of France, nor as li
miting or restraining the commerce of Ajudá, and other
ports in Africa situated upon the coast commonly called in
the Portuguese language, the Costa da Mina, belonging to
or claimed by the Crown of Portugal. His Royal Highness
the Prince Regent being resolved not to resign nor forego
His just and legitimate pretentions thereto, nor the rights
of His subjects to trade with those places.
ART. XXIX.
His Britannic Majesty engages to employ His good offi
ces and interposition with the Ottoman Porte as soon as it
may be possible, and with the Regencies of Algiers, Tripoli
and Tunis, and generally with all States upon the Coast of
Barbary, to the end that His Royal Highness the Prince
Regent of Portugal may be enabled to conclude a just and
lasting peace with those Powers, and that the commerce and
navigation of His Royal Highness's subjects be not any lon
ger interrupted, or endangered by acts of hostility on the
part either of those Princes and Powers, or of their sub
jects.
ART. XXX.
His Royal Highness the Prince Regent of Portugal pre
serving a grateful remembrance of the service and assistance
which His Crown and Family have received from the Royal
Navy of England; being convinced that it has been by the
powerful exertions of that Navy in support of the rights
and independence of Europe, that the most effectual barrier
VOL. IV. 21
382 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
MM mais efficaz á ambição e injustiça de outro6 Estados; e do~
Feveuiro gejando dar uma prova de confiança e amizade perfeita ao
Seu verdadeiro e antigo Alliado, o Rei dos Reinos Unidos
da Gran-Bretanha e Irlanda, é servido conceder a Sua Mar»
gestade Britannica o privilegio de fazer comprar e cortar
madeira para a construcção de navios de guerra nas florestas,
bosques e matas do Brazil, e permissão de fazer construir
navios de guerra dentro dos portos e bahias d'aquelle Im
perio, dando-se porém previamente e de cada vez parte d'isso,
e recorrendo (por formalidade) á Corte de Portugal ; e se de
clara e promette expressamente que estes privilegios não serSo
concedidos a outra Nação ou Estado qualquer.
ART. XXXI.
Estipula-se e ajusta-se pelo presente Tratado que se uma
esquadra ou muitos navios de guerra houverem de ser man
dados em qualquer tempo por uma ou outra das Altas Par
tes Contratantes para soccorro e ajuda de uma d'ellas, a que
receber o soccorro e ajuda deverá supprir á sua propria custa
e cargo a dita esquadra ou navios de guerra (emquanto fo
rem effectivamente empregados em seu beneficio, protecção
ou serviço) com carne fresca, vegetaes e lenha, na mesma
proporção em que a parte que presta o soccorro e ajuda cos~
tuma fornecer seus proprios navios de guerra; e se declara
que este ajuste é obrigatorio reciprocamente a cada uma das
Altas Partes Contratantes.
ART. XXXII.
As Altas Partes Contratantes estipulam que os antigos
Tratados, existentes entre Portugal e a Gran-Bretanha, se
não devem considerar invalidados pelo presente Tratado, mas
que se confirmam e renovam todas as immunidades, privi
legios, favores e isenções de que os vassallos das duas Coroas
g«6am respectivamente em virtude dos mencionados Trata
dos, quer digam respeito a reciproca importação e expor
tação de generos, taes como vinhos, pannos de lã e linho
e outras mercancias até aqui admittidas mutuamente, quer
aos direitos e privilegios respectivos dos vassallos de cada
uma das Altas Partes Contratantes residentes dentro dos
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 323
has hitherto been opposed to the ambition and injustice of tm
other States, and desiring to give a proof of confidence and fevereiro
88
perfect friendship to His true and ancient Ally, the King of
the United Kingdoms of Great Britain and Ireland, is, plea
sed to grant to His Britannic Majesty the privilege of caus
ing timber for the purpose of building ships of war to be
purchased, and cut down in the woods, forests and chases
of Brazil, together with permission to cause ships of War to
be built within the ports and harbours of that Empire, a
previous application and notice being made in each instance
(for form's sake) to the Court of Portugal. And it is ex
pressly declared and promised that these privileges shall not
be granted to any other Nation or State whatsoever.
ART. XXXI.
It is stipulated and agreed by the present Treaty, that
if at any time a squadron or number of ships of war should
be sent by either of the High Contracting Parties for the
succour and assistance of the other, the party receiving the
succour and assistance shall at its own proper charge and
expense furnish the said squadron or ships of war (so long
as they may be actually employed for its benefit, protection
or service with the articles of fresh beef, vegetables, fuel,
in the same proportion in which those articles are usually
supplied to is own ships of war by the party so granting
the succour and assistance. And this agreement is declared
to be reciprocally binding on each of the High Contracting
Parties.
ART. XXXII.
It is stipulated by the High Contracting Parties, that the
ancient Treaties existing between Portugal and Great Britain
shall not be deemed to be invalidated by the present Treaty,
but that all the immunities, privileges, favours and exemp
tions, which the subjects of the two Crowns do respecti
vely enjoy in virtue of the aforesaid Treaties, shall be con
firmed and renewed, whether they relate to the reciprocal
importation and exportation of goods, such as wines, wool
len and linen cloths, and other articles heretofore admitted
on both sides, or to the respective rights and privileges of
the subjects of each of the High Contracting Parties resid-
324 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
dominios da outra, excepto nos casos em que no presente
Tratado se estipula uma clausula contraria.
ART. XXXIII. ,
Porém em ordem a dar devido effeito áquelle systema
de perfeita reciprocidade, que as duas Altas Partes Contra
tantes desejam estabelecer por base de suas mutuas relações,
Sua Magestade Britannica consente em abrir mão do direito
de crear Feitorias de negociantes Britannicos nos dominios
de Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal; com
tanto porém que esta condescendencia com os desejos de Sua
Alteza Real o Principe Regente não prive os vassallos de
Sua Magestade Britannica, residentes nos dominios de Por
tugal, do pleno goso, como individuos que professam o com-
merçio, de todos os direitos e privilegios que possuiram ou
poderiam possuir como membros de corporações commer-
ciaes encorporados : assim como tambem que o commercio
e trafico feito por vassallos Britannicos não seja restringido,
impedido ou prejudicado de qualquer maneira por compa
nhia alguma, seja qual for, que possua privilegios exclusivos
e isenções nos dominios de Portugal. E Sua Alteza Real o
Principe Regente de Portugal igualmente afiança que não
consentirá nem permittirá que outra alguma Nação ou Es
tado possua Feitorias ou corporações encorporadas de com-
merciantes dentro de seus dominios, emquanto não estiverem
n'elles estabelecidas Feitorias Britannicas.
ART. XXXIV.
A liberdade reciproca de commercio e navegação, de
clarada e annunciada pelo presente Tratado, deve conside-
rar-se abranger todos os generos e mercadorias quaesquer,
excepto as que expressamente se designam no presente Tra
tado, e as que se enumeram no Artigo seguinte debaixo da
denominação de contrabando de guerra.
ART. XXXV.
Debaixo da denominação de contrabando de guerra ou
generos prohibidos, se comprehenderão armas, peças de ar-
tilheria, arcabuzes, morteiros, petardos, bombas, granadas,
salchichas, carcassas, carretas de peças, arrimos de mos
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 325
ing within the dominions of the other, except in the cases
for which a contrary provision is stipulated by the present
Treaty.
ART. XXXIII.
But in order to give due effect to that system of perfect
reciprocity, which the two High Contracting Parties are
willing to establish as the basis of their mutual relations,
His Britannic Majesty consents to wave the right of creat
ing Factories of British merchants within the dominions
of His Royal Highness the Prince Regent of Portugal, pro
vided, however, that this concession in favour of the wishes
of His Royal Highness the Prince Regent shall not deprive
the subjects of His Britannic Majesty residing within the
dominions of Portugal, of the full enjoyment, as individuals
engaged in commerce, of all the rights and privileges which
they did or might possess, as members of incorporated com
mercial bodies: and also that the commerce and trade, car
ried on by British subjects, shall not be restricted, annoyed
or otherwise affected by any commercial company whatever,
possessing exclusive privileges and favours within the do
minions of Portugal. And His Royal Highness the Prince
Regent of Portugal does also engage, that He will not con
sent nor permit that any other Nation or State shall possess
Factories or incorporated bodies of merchants within His
dominions, so long as British Factories shall not be esta
blished therein.
ART. XXXIV.
The reciprocal liberty of commerce and navigation, de
clared and announced by the present Treaty, shall be con
sidered to extend to all goods and merchandizes whatso
ever, except those which are expressly specified in the pre
sent Treaty, and those which are enumerated in the follow
ing Article, under the denomination of contraband of war.
ART. XXXV.
Under the name of contraband or prohibited articles,
shall be comprehended arms, cannon, harquebusses, mor
tars, petards, bombs, grenades, saucisses, carcasses, carria
ges for cannon, musket-rests, bandoliers, gunpowder, match,
3â6 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
quetes, bandoleiras, polvora, mechas, salitre, balas, piques,
espadas, capacetes, elmos, couraças, alabardas, azagayas, col
dres, boldriés, cavallos e arreios, e geralmente todos os de
mais generos que possam ter sido especificados como con
trabando em qualquer Tratado precedente, concluido por
Portugal ou pela Gran-Bretanha com outras Potencias. Mas
generos que não tenham sido fabricados em fórma de in
strumentos de guerra, ou que não possam vir a sê-lo, não
devem ser reputados contrabando; muito menos aquelles
qoie já estão fabricados para outros fins, os quaes todos não
devem ser reputados contrabando, e poderão ser levados
livremente pelos vassallos de ambos os Soberanos, mesmo
a liogares pertencentes a um inimigo, á excepção somente
d'aquelles logares que estão sitiados, bloqueados ou accom-
mettidos por mar ou por terra.
ART. XXXVI.
No caso que quaesquer embarcações ou navios de guerra
ou. mercantes fizerem naufragio nas costas dos dominios de
uma ou outra das Altas Partes Contratantes, todas as por
ções das mencionadas embarcações ou navios, ou da armação
e pertences dos mesmos, assim como dos generos e fazenda»
que se salvarem, ou o computo d'ellas proveniente, serão
fielmente restituidos, logo que seus donos ou procuradores,
legalmente auctorisados, os reclamarem, pagando somente a»
despezas feitas com a guarda dos mesmos generos, conforme
o direito da salvagem que toca ao achador que reciproca
mente se ajustou, exceptuando ao mesmo tempo os direitos
e costumes de cada Nação, de cuja abolição ou modificação
se tratará comtudo, uma vez que forem contrarios ás esti
pulações do presente Artigo ; e as Altas Partes Contratantes
interporão mutuamente a sua auctoridade para que sejam
punidos severamente aquelles vassallos Seus, que tiverem a
inhumanidade de se aproveitar de similhantes infelicidades.
ART. XXXVII.
Convem-se mais, que, para maior segurança e liberdade
do commercio e navegação, tanto o Principe Regente de
Portugal como Sua Magestade Britannica não só recusa
rão receber quaesquer piratas ou ladrões do mar em qual
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 327
saltpetre, ball, pikes, swords, head-pieces, helmets, cuirasses, tsofr
halberds, javelins, holsters, belts, horses and harness, and ^U**»*»
generally all other articles that may have been specified as
contraband in any former Treaties concluded by Portugal
or by Great Britain with other Powers. But goods which
have not been wrought into the form of warlike instruments,
or which cannot become such, shall not be reputed con
traband, much less such as have been already wrought and
made up for other purposes, all which shall be deemed not
contraband and may be freely carried by the subjects of
both Sovereigns even to places belonging to an enemy, ex
cepting only such places as are besieged, blockaded, or in
vested by sea or land.
ART. XXXVI.
In case any ships or vessels of war, or merchantmen,
should be shipwrecked on the coasts of either of the High
Contracting Parties, all such parts of the said ships or ves
sels, or of furniture or appurtenances thereof, as also of the
goods and merchandizes as shall be saved, or the produce
thereof, shall be faithfully restored upon the same being
claimed by the proprietors or their factors duly authorized,
paying only the expenses incurred in the preservation the
reof, according to the rate of salvage settled on both sides,
saving at the same time the rights and customs of each Na
tion, the abolition or modification "of which shall however
be treated upon in the cases where they shall be contrary
to the stipulations of the present Article, and the High Con
tracting Parties will mutually interpose their authority, that
such of their subjects, as shall be so inhumane as to take
advantage of any such misfortune, may be severely punished.
ART. XXXVII.
And, for the greater security and liberty of commerce
and navigation, it is further agreed, that both His Royal
Highness the Prince Regent of Portugal and His Britannic
Majesty shall not only refuse to receive any pirates or sea-
328 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1809 quer dos Seus portos, surgidouros, cidades e villas, e per-
ST|geir(> mittir que quaesquer vassallos, cidadãos ou habitantes Seus
os recebam ou protejam em seus portos, os agasalhem em
suas casas, ou lhes assistam de alguma maneira; mas alem
d'isso, mandarão que esses piratas e roubadores do mar, e
as pessoas que os receberem, acoutarem ou ajudarem, sejam
punidos para terror e exemplo, dos outros. E todos os na
vios d'elles com os generos e mercadorias que tiverem to
mado e trazido a qualquer porto de uma e outra das Altas
Partes Contratantes, serão apresados nas mãos mais remo
tas em que pararem, e serão restituidos aos donos ou seus
procuradores devidamente auctorisados ou delegados por el-
les por escripto, devendo primeiramente provar-se com cla
reza a identidade da propriedade, mesmo no caso que si-
milhantes generos tenham passado a outras mãos por meio
de venda, uma vez que se souber com certeza que os com
pradores sabiam ou podiam ter sabido que os ditos gene
ros foram tomados piraticamente.
ART. XXXVIII.
Para a segurança futura do commercio e amizade entre
os vassallos de Sua Alteza Real o Principe Regente de Por
tugal e de Sua Magestade Britannica, e para que esta boa
correspondencia haja de ser isentada de toda a interrupção
e disturbio, conclue-se e ajusta-se que, se em algum tempo
se suscitar alguma falta de intelligencia, quebrantamento de
amizade ou rompimento entre as Coroas das duas Altas Par
tes Contratantes (o que a Deus não prôva) cujo rompimento
se julgará existir só depois de se mandar aos respectivos
Embaixadores ou Ministros, que voltem, ou se vão embora,
os vassallos das duas Partes residentes nos dominios da ou
tra terão o privilegio de permanecer e continuar n'elles o
seu commercio sem molestação alguma, em quanto se con
duzirem quietamente, e não commetterem offensas contra as
leis e ordenações; e no caso que o seu proceder os torne
suspeitos e os Governos respectivos forem obrigados a man
da-los sair, conceder-se-lhes-ha o termo de um anno para
esse fim, em ordem a que possam sair com seus bens e
propriedades, quer confiadas a individuos, quer ao Estado.
Ao mesmo tempo deve entender-se que este indulto se não
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 329
rovers whatsoever into any of Their havens, ports, cities or
towns, or permit any of Their subjects, citizens or inhabi
tants, on either part, to receive or protect them in their
ports, to harbour them in their houses, or to assist in any
manner whatsoever, but further that they shall cause all
such pirates and sea-rovers, and all persons who shall re
ceive, conceal or assist them, to be brought to condign
punishment, for a terror and example to others. And all
their ships with the goods or merchandizes taken by them,
and brought into the ports belonging to either of the High
Contracting Parties, shall be seized, as far as they can be
discovered, and shall be restored to the owners, or their
factors duly authorized or deputed by them in writing,
proper evidence being first given to prove the property,
even in case such effects should have passed into other hands
by sale, if it be ascertained that the buyers knew or might
have known that they had been piratically taken.
ART. XXXVIII.
For the future security of commerce and friendship
between the subjets of His Royal Highness the Prince
Regent of Portugal and of His Britannic Majesty, and to
the end that this good correspondence may be preserved
from all interruption and disturbance, it is concluded and
agreed, that if at any time there should arise any mis
understanding, breack of friendship, or rupture between
the Crowns of the High Contracting Parties, (which God
forbid) which rupture shall not be deemed to exist until
tbe recalling or sending home of the respective Ambassa
dors and Ministers, the subjects of each of the two Parties,
residing in the dominions of the other, shall have the pri
vilege of remaining and continuing their trade therein,
without any manner of disturbance, so long as they behave
peaceably, and commit no offence against the laws and or
dinances; and in case their conduct should render them
suspected, and the respective Governments should be obli
ged to order them to remove, the term of twelve months
shall be allowed them for that purpose, in order that they
may remove with their effects and property, whether en
trusted to individuals, or to the State. At the same time it
330 REINADO DA P. MARIA I.
180» estende aos que houverem procedido contra as leis estabe-
****** lecidas.
ART. XXXIX.
As differentes estipulações e condições do presente Tra
tado devem começar a ter effeito desde a data da sua rati
ficação por Sua Magestade Britannica; e a mutua troca das
ratificações se deve fazer na Cidade de Londres dentro do
praso de quatro mezes, ou mais depressa se possivel for, a
contar do dia da assignatura do presente Tratado.
Conde de Linhares.
(L. S.)
ART. I.
Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal renova
e confirma o ajuste, que em Seu Real nome se tem feito,
de inteirar todas e cada uma das perdas e defalcações de
propriedade soffridas pelos vassallos de Sua Magestade Bri
tannica, em consequencia das differentes medidas que a Co-
rôa de Portugal foi constrangida a adoptar contra sua von
tade no mez de Novembro de 1807; e este Artigo secreto
e addicional se deve effectuar, o mais cedo possivel, depois
da ratificação do presente Tratado.
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 33 í
is to be understood, that this favour is not to be extended
to those who shall act in any manner contrary to the es
tablished laws.
ART. xxxix.
The several stipulations and conditions of the present
Treaty shall begin to have effect from the date of His Bri
tannic Majesty's ratification thereof, and the mutual ex
change of ratifications shall take place in the city of Lon
don, within the space of four months, or sooner if possi
ble, to be computed from the day of the signature of the
present Treaty.
In witness whereof, we the undersigned, Plenipotentia
ries of His Royal Highness the Prince Regent of Portugal
and of His Britannic Majesty, in virtue of our respective
full powers, have signed the present Treaty with our hands,
and have caused the seals of our arms to be set thereto.
Done in the City of Rio de Janeiro, on the 28.th day
of February of the year of our Lord Jesus Christ, 1809.
Strangford.
(L. SO
ART. I.
His Royal Highness the Prince Regent of Portugal re
news and confirms the engagement which has been made
in His Royal name, to make good all and several the los
ses and defalcations of property sustained by the subject*
of His Britannic Majesty, in consequence of the various
measures which the Court of Portugal was unwillingly
obliged to take in the month of November, 1807; and this
secret and additional Article is to be carried into full effect,
as soon as possible, after the ratification of the present
Treaty.
332 UEINADO DA SENHORA D. MARIA 1.
ART. II.
Sua Magestade Britannica, desejosa de comprovar a ami
zade e estima para com Seu antigo Alliado o Principe Re
gente de Portugal, as quaes Sua Magestade jamais deixou
de conservar, se obriga e promette empregar Seus bons offi-
cios e interposição, para alcançar a restituição á Corôa de
Portugal dos territorios de Olivença e Jurumenha; e outro-
sim, quando houver de se negociar uma paz geral, promette
ajudar e apoiar com toda a Sua influencia as tentativas que
a Côrte de Portugal haja então de fazer, para procurar o
restabelecimento dos antigos limites da America Portugueza
da banda de Cayenna, segundo a interpretação que Portugal
tem constantemente dado ás estipulações do Tratado de
Utrecht. E em retribuição d' este signal de amizade da parte
de Sua Magestade Britannica, Sua Alteza Real o Principe
Regente de Portugal se obriga a cooperar efficazmente na
causa da Humanidade, apoiada com tanta gloria por Sua
Magestade Britannica, prohibindo rigorosamente e abolindo
inteiramente todo o commercio e trafico de escravatura nas
Colonias de Bissáo e Cachêo : e Sua Alteza Real promette
mais ceder as ditas Colonias de Bissáo e Cachêo a Sua Ma
gestade Britannica em plena soberania pelo espaço de cin-
coenta annos, com a condição de receber uma compensação
rasoavel em dinheiro ou de outra maneira, segundo se hou
ver de determinar para o futuro entre as duas Côrtes; re
servando comtudo Sua Alteza Real para Si o direito de tor
nar a ficar de posse das ditas Colonias em acabando o dito
termo de cincoenta annos, e conservando para Seus vassallos
a liberdade de commercio e trafico com as ditas Colonias
de todos os generos excepto escravos, cujo commercio deve
ser para sempre abolido e prohibido, e se não deve restau
rar depois do fim do termo acima dito de cincoenta annos.
Deve porém entender-se, que o cumprimento da segunda
clausula d'este Artigo addiciónal e secreto deve depender
inteiramente da execução da sua primeira clausula; e por
conseguinte que este Artigo addicional e secreto, ou deve
ser executado totalmente e quanto a cada uma das suas par
tes, ou ficar nullo e sem effeito, dado o caso que as esti
pulações da primeira clausula d'elle se não cumprirem de
vidamente.
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 333
ART. II.
His Britannic Majesty desirous to give a proof of that
friendship and regard for His ancient Ally the Prince Re
gent of Portugal, which His Majesty has never ceased to
entertain, engages and promises to employ His good offices
and interposition to obtain the restitution to the Crown of
Portugal of the territories of Olivença and Jurumenha, and
also whenever a general peace shall be negotiated, to aid
and support, with all His influence, the endeavours which
may then be made by the Court of Portugal, to procure the
reestablishment of the ancient limits of Portuguese America
on the side of Cayenne, according to the interpretation
which Portugal has constantly given to the stipulations of
the Treaty of Utrecht. And in return for this mark of
friendship on the part of His Britannic Majesty, His Royal
Highness the Prince Regent of Portugal engages to coope
rate effectually in the cause of Humanity, so gloriously sus
tained by His Britannic Majesty, by strictly prohibiting
and entirely abolishing all trade and traffic in slaves, in and
at the Settlements of Bissáo and Cachêo: and His Royal
Highness does moreover promise to cede the said Settlements
of Bissáo and Cachêo to His Britannic Majesty in full so
vereignty, for the space of fifty years, on consideration of
receiving a reasonable compensation in money, or otherwise
to be determined hereafter between the two Courts; re
serving, however, to Himself the right of resuming posses
sion of the said Settlements, at the expiration of the said
term of fifty years, and retaining for His subjects the liberty
of trading and trafficking with the said Settlements in all ar
ticles whatsoever, excepting slaves, which commerce is to be
abolished and prohibited for ever, nor is it to be renewed
after the expiration of the above-mentioned term of fifty years.
But it is to be understood, that the execution of the
second clause of this additional and secret Article, is to de
pend entirely upon the execution of the first clause thereof;
and consequently that this additional and secret Article is
either to be executed totally, and in all its parts, or to re
main null and void, in case that the stipulations of the first
clause of it should not be duly fulfilled.
$34 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1809 Conveiu-se e declarou-se que os presentes Artigos addi-
Feveiwo cionaes e secretos terfio a mesma força, como se fossem
actualmente inseridos no presente Tratado, palavra por pa
lavra, e que as suas ratificações serão na fórma costumada
trocadas no mesmo tempo e do mesmo modo.
Em fé do que, nós abaixo assignados, Plenipotenciarios
de Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal e de Sua
Magestade Britannica, em virtude dos nossos plenos pode
res, assignámos os presentes Artigos addicionaes e secretos
com os nossos punhos, e lhe fizemos pôr o sêllo das nossas
armas.
Feito na Cidade do Rio de Janeiro, aos 28 de Fevereiro
do anno de Nosso Senhor Jesus Christo, 1809.
Conde de Linhares.
(L. S.)
ART. XVI.
E expressamente permittido e declarado por Sua Alteza
Real o Principe Regente de Portugal no Seu proprio nome,
e no de Seus herdeiros e successores, que os vassallos de
Sua Magestade Britannica, que residem dentro dos Seus do
minios, não ficarão sujeitos de modo algum á auctoridade e
poder da Inquisição, seja nas suas pessoas ou seja na sua
propriedade; e demais estipulou-se e conveiu-se, que todos
os privilegios exclusivos e isenções concedidas aos vassal-
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR P. JOÃO. 335
It is agreed and declared, that the present additional
and secret Articles shall have the same force and value, as
if they were actually inserted in the present Treaty, word
for word, and the ratifications thereof shall be duly exchan
ged at the same time, and in the same form.
In witness whereof, we the undersigned, Plenipoten
tiaries of His Royal Highness the Prince Regent of Portu
gal and of His Britannic Majesty, in virtue of our respe
ctive full powers, have signed the present additional and
secret Articles with our hands, and have caused the seals
of our arms to be set thereto.
Done in the City of Rio de Janeiro, on the 28.th day
of February of the year of Our Lord Jesus Christ, 1809.
Strangford.
(L. S.)
ART. XVI.
It is expressly promised and declared by His Royal
Highness the Prince Regent of Portugal, in His own name,
and in that of His heirs and successors, that the subjects
of His Britannic Majesty, residing within His dominions,
shall not be in any way subject to the authority and power
of the Inquisition, either in their persons or property; and
moreover, it is stipulated and agreed, that all the exclusive
privileges and exemptions secured to the subjects of Great
336 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
los da Gran-Bretanha, a respeito da Inquisição, em virtude
dos antigos Tratados entre Inglaterra e Portugal, serão e
são por este renovados, reconhecidos e confirmados na sua
mais ampla extensão.
Demais estipulou-se entre as Altas Partes Contratantes
que este presente Artigo ficará secreto em todas as suas
partes, excepto no que respeita ao Artigo acima escripto,
que deve ser substituido pelo Artigo xvi do presente Tra
tado, que deve ser ratificado ao mesmo tempo, e ter a mesma
força e valor como se tivesse sido actualmente inserido pa
lavra por palavra no corpo do presente Tratado, anterior
mente á assignatura do mesmo.
Em fé do que, nós abaixo assignados, Plenipotenciarios
de Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal e de
Sua Magestade Britannica, em virtude dos nossos respecti
vos plenos poderes, assignámos o presente Artigo addicio-
nal e secreto com os nossos punhos, e lhe fizemos pôr o
sêllo das nossas armas.
Feito na Cidade do Rio de Janeiro, aos 28 de Feve
reiro do anno de Nosso Senhor Jesus Christo, 1809.
Conde de Linhares.
(L. S.)
Declaração. (i)
Strangford.
(L. S.)
Declaration.
Strangford.
(L. S.)
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 339
Treaty, and that he does not possess a right to add to it 1809
any further conditions or engagements without renewed au- Fe7|r8ei
thority from his Court.
Strangford.
(L. S.)
CONVENÇÃO ENTRE O PRINCIPE HESENTE O SENHOR DOM. JOÃO
DE 600:000 LIBRAS ESTERLINAS, ASSIGNADA BK» LONDRES
DE PORTUGAL EM 2 DE AGOSTO, E PELA DA GRAN-
ART. I.
Sa Majesté Britannique consent à proposer à Son Parle
ment de garantir un emprunt de six cent mille livres ster-
(tRABICiSo PARTICB1AR.)
ART. I.
Sua Magestade Britannica consente em propor ao Seu
Parlamento para que garanta um emprestimo de seiscentas
342 REINADO DA SENHORA D. MARIA L
1809 ling, que Son Altesse Royale désire de contracter en An-
A*,ril gleterre.
ART. II.
Son Altesse Royale le Prince Régent de Portugal s'en
gage à payer à Londres l'intérêt de cet emprunt au prix
auquel il sera contracté, et s'engage également à pourvoir
à la liquidation graduelle du capital, par l'établissement d'un
fonds d'amortissement au taux de cinq pour cent du susdit
capital des six cent mille livres sterling. Elle s'engage aussi
à ce que les payements, tant à raison de l'intérêt que du
fonds d'amortissement, se feront tous les six mois, à dater
du jour auquel l'intérêt de l'emprunt commencera, et seront
continués au même taux et aux mêmes périodes, jusqu'à
l'extinction totale de la somme empruntée.
ART. III.
À l'effet de pourvoir au payement de l'intérêt et de la
somme destinée au fonds d'amortissement et à la liquidation
graduelle du capital, Son Altesse Royale le Prince Régent
de Portugal hypothèque à Sa Majesté Britannique la portion
des revenus de l'Ile de Madère, qui sera nécessaire pour
les payements de l'intérêt et du fonds d'amortissement sti
pulés dans cette Convention ; et comme une sûreté addition
nelle, Son Altesse Royale engage en outre le produit liquide
de la vente du bois de Brésil, qui sera faite annuellement
en Angleterre par les Directeurs de l'Administration des
Contrats Royaux établis à Londres, et nommés par Son Al
tesse Royale, lesquels Directeurs, ayant reçu de Son Altesse
Royale le pouvoir et l'autorité de disposer des effets appar
tenants aux susdits Contrats Royaux au plus grand avantage
de Son Altesse Royale, seront chargés et tenus de faire, aux
époques ci-après convenues, le payement de la somme né
cessaire pour l'intérêt et pour l'amortissement, dans les mains
du Gouverneur et de la Companhie de la Banque d'Angle
terre, pour le compte de Messieurs les Lords de la Tréso
rerie. Son Altesse Royale s'engage à faire passer en An
gleterre chaque année la quantité de vingt mille quintaux
du bois de Brésil pour y être vendue par les dits Directeurs
jusqu'à l'extinction totale de l'emprunt.
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 343
mil libras esterlinas, que Sua Alteza Real deseja contrahir 180»
em Inglaterra.
ART. II.
Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal se obriga
a pagar em Londres o juro d'este emprestimo pelo preço
que for contratado, e se obriga igualmente a prover á li
quidação gradual do capital pelo estabelecimento de um fundo
de amortisação na rasão de cinco por cento do sobredito
capital das seiscentas mil libras esterlinas. Tambem se obriga
a que os pagamentos, tanto pelo que respeita ao juro como
ao fundo de amortisação, se farão todòs os seis mezes, a da
tar do dia em que o juro do emprestimo começar, e conti
nuarão na mesma rasão e nos mesmos periodos até à ex-
tincção total da somma emprestada.
ART. III.
Para o fim de prover ao pagamento do juro e da somma
destinada ao fundo de amortisação e á liquidação gradual do
capital, Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal hy-
potheca a Sua Magestade Britannica a porção dos rendi
mentos da Ilha da Madeira, que for necessaria para os pa
gamentos do juro e do fundo de amortisação estipulados
n'esta Convenção; e como segurança addicional, Sua Alteza
Real empenha outrosim o producto liquido da venda do pau
Brazil, que será feita annualmente em Inglaterra pelos Di
rectores da Administração dos Contratos Reaes estabelecidos
em Londres, e nomeados por Sua Alteza Real, os quaes Di
rectores, tendo recebido de Sua Alteza Real o poder e a
auctoridade de dispor dos effeitos pertencentes aos sobreditos
Contratos Reaes do modo que for mais vantajoso a Sua Al
teza Real, serão encarregados e obrigados a fazer, nas epo-
chas ao diante convencionadas, o pagamento da somma ne
cessaria para o juro e para a amortisação, nas mãos do Go
vernador e da Companhia do Banco de Inglaterra, por conta
dos Senhores Lords da Thesouraria. Sua Alteza Real obri-
ga-se a mandar para Inglaterra em cada anno a quantidade
de vinte mil quintaes de pau Brazil, para ali ser vendida pe
los ditos Directores até á extincção total do emprestimo.
â4i REINADO Î>A SENHORA D. &ARÏA I.
ART. îV.
Les susdits Directeurs de l'Administration des Contrat»
Royaux donneront leur obligation personnelle au Bond dans
la forme et termes ci-joints, d'après lesquels ils s'engage
ront à faire les payements convenus ci-dessus, aux époques
du 2 Avril et 5 Octobre de chaque année, et à ne faire au*-
ctlne application des fonds provenants de leur administration
(quelle qu'elle soit) jusqu'à ce que les fonds nécessaires aux
payements soient déposés dans la Banque d'Angleterre.
ART. V.
Ces Articles seront ratifiés par Son Altesse Royale le
Prince Régent de Portugal et par Sa Majesté Britannique,
dans d'espace de six mois, ou plutôt si faire se pourra.
En foi de quoi, nous soussignés, Plénipotentiaires de Son
Altesse Royale le Prince Régent de Portugal et de Sa Ma
jesté Britannique, en vertu de nos pleins pouvoirs respe
ctifs, avons signé les présents Articles, et y avons fait appo
ser le cachet de nos armes.
Fait à Londres, ce 21 Avril 1809.
ART. I SÉPARÉ.
Il est entendu toujours, que les avances pécuniaires qui
ont été faites par Sa Majesté Britannique à Son Altesse Royale
le 'Prince Régent de Portugal, depuis Son départ pour le
Brésil, , seront remplacées à Sa Majesté Britannique hors du
dit emprunt.
Cet Article séparé aura la même force et valeur que s'il
était inséré parmi les autres Articles signés aujourd'hui, ét
sera ratifié en même temps.
En foi de quoi, i nous soussignés, Plénipotentiaires de
Son Altesse Royale le Prince Régent de Portugal et de Sa
Majesté Britannique, en vertu de nos pleins pouvoirs respe
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 34B
AftT. rV.
Os sobreditos Directores da AdministraçSo dos Contratos
Reaes darão a sua obrigação pessoal ao Bond na fórmae termos
aqui juntos, segundo os quaes se obrigarão a fazer os paga
mentos acima convencionados, nas epochas de 2 de Abril e
5 deOtttubro de cada anno, e a não fazer applicação alguma
dos fundos provenientes da sua administração (qualquer que
esta seja) até que os fundos necessarios aos pagamentos se
jam depositados no Banco de Inglaterra.
ART. V.
Estes Artigos serão ratificados por Sua Alteza Real o
Principe Regente de Portugal e por Sua Magestade Britan-
nica, no espaço de seis mezes, ou antes se se podér fazer.
Em fé do que, nós abaixo assignados, Plenipotenciarios
de Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal e de
Sua Magestade Britannica, em virtude de nossos plenos po
deres respectivos, assignamos os presentes Artigos, e lhe po
semos o sinete de nossas armas.
Feita em Londres, a 21 de Abril de 1809.
ART. I SEPARADO.
Fica sempre entendido, que os adiantamentos pecunia
rios, que foram feitos por Sua Magestade Britannica a Sua
Alteza Real o Principe Regente de Portugal, desde a sua
partida para o Brazil, serão reembolsados a Sua Magestade
Britannica fóra do dito emprestimo.
Este Artigo separado terá a mesma força e valor como
se fosse inserto entre os outros Artigos assignados hoje, e
será ao mesmo tempo ratificado.
Em fé do que, nós abaixo assignados, Plenipotenciarios
de Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal e de Sua
Magestade Britannica, em virtude de nossos plenos poderes
346 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1809 ctifs, avons signé le présent Article, et y avons fait apposer
A|"1 le cachet de nos armes.
Fait à Londres, ce 21 Avril 1809.
ART. II SÉPARÉ.
Il est convenu que dans le cas très-improbable du dé
faut de payement de la part des Directeurs de l'Adminis
tration des Contrats Royaux, de la somme nécessaire pour
l'intérêt et le fonds d'amortissement aux époques conve
nues; ce défaut sera certifié au Conseil Royal des Finances
de l'Ile de Madère par les susdits Directeurs, et alors le
dit Conseil sera tenu de fournir à la personne, qui dans ce
cas sera nommé par le Gouvernement Britannique, la somme
nécessaire pour cet objet, laquelle somme sera prise sur la
Caisse des Finances de la dite Ile, avant qu'il pourrait être
fait aucun autre payement quelconque hors de la dite Caisse.
Les ordres éventuels à cet effet seront envoyés par Son
Altesse Royal au Conseil Royal des Finances de l'Ile de Ma
dère, en même temps que la ratification de cette Convention
sera expédiée du Brésil.
Cet Article séparé aura la même force et valeur que s'il
était inséré parmi les autres Articles signés aujourd'hui, et
sera ratifié em même temps.
En foi de quoi, nous soussignés, Plénipotentiaires de
Son Altesse Royale le Prince Régent de Portugal et de Sa
Majesté Britannique, en vertu de nos pleins pouvoirs respe
ctifs, avons signé le présent Article, et y avons fait apposer
le cachet de nos armes.
Fait à Londres, ce 21 Avril 1809.
ART. II SEPARADO.
Conveiu-se que no caso muito improvavel da falta de
pagamento por parte dos Directores da Administração dos
Contratos Reaes, da somma necessaria para o juro e o fundo
de amortisação nas epochas convencionadas; essa falta será
certificada ao Conselho da Real Fazenda da Ilha da Madeira
pelos sobreditos Directores, e então o dito Conselho será
obrigado a fornecer á pessoa, que n'esse caso for nomeada
pelo Governo Britannico, a somma necessaria para aquelle
objecto, a qual somma será tirada do Cofre da Fazenda da
dita Ilha, antes que se possa fazer algum outro pagamento
qualquer do dito Cofre.
As ordens eventuaes para este effeito serão enviadas por
Sua Alteza Real ao Conselho da Real Fazenda da Ilha da
Madeira, ao mesmo tempo que a ratificação d' esta Conven
ção for expedida do Brazil.
Este Artigo separado terá a mesma força e valor como
se fosse inserto entre os outros Artigos assignados hoje, e
será ao mesmo tempo ratificado.
Em fé do que, nós abaixo assignados, Plenipotenciarios
de Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal e de Sua
Magestade Britannica, em virtude de nossos plenos poderes
respectivos, assignámos o presente Artigo, e lhe pozemos o
sinete de nossas armas.
Feito em Londres, a 21 de Abril de 1809.
(1) Este Tratado foi dado por findo, era virtude de uma Nota passa
Estrangeiros, ao Representante da Gran-Bretanha em Lisboa, datada de
REGESTE O SENHOR DOM JOÃO, E JORGE IH REI DA GRAN*
VEREIRO DE 1810, E RATIFICADO POR PARTE DE PORTUGA*
m JUNHO DO MESMO ANNO. (1)
ART. I.
Haverá uma sincera e perpetua amizade entre Sua Al
teza Real o Principe Regente de Portugal e Sua Magestade
Britannica, e entre Seus Herdeiros e Successores; e haverá
uma constante e universal paz e harmonia entre ambos, Seus
Herdeiros e Successores, Reinos, Dominios, Provincias,
Paizes, Subditos e Vassallos de qualquer qualidade ou con
dição que sejam, sem excepção de pessoa ou logar. E as es
tipulações d'este presente Artigo serão, com o favor do Todo
Poderoso Deus, permanentes e perpetuas.
ART. II.
Haverá reciproca liberdade de commercio e navegação
entre os respectivos vassallos das duas Altas Partes Contra
tantes, em todos e em cada um dos territorios e dominios
de qualquer d'Ellas. Elles poderão negociar, viajar, residir
ou estabelecer-se em todos e cada um dos Portos, Cidades,
Villas, Paizes, Provincias ou Logares, quaesquer que forem,
pertencentes a uma ou outra das duas Altas Partes Con
tratantes; excepto n'aquelles de que geral e positivamente
são excluidos todos quaesquer estrangeiros, os nomes dos
quaes logares serão depois especificados em um Artigo se-
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 351
Illustrious and Most Excellent Lord, Dom Rodrigo de Sousa
Coutinho, Count of Linhares, Lord of Payalvo, Commander
of the Order of Christ, Grand Cross of the Orders of Saint
Bento and of the Tower and Sword, One of His Royal Hi-
ghness's Council of State, and His Principal Secretary of
State for the Departments of Foreign Affairs and War; and
His Britannic Majesty, the Most Illustrious and Most Ex
cellent Lord Percy Clinton Sydney, Lord Viscount and Ba
ron of Strangford, One of His Majesty's Most Honourable
Privy Council, Knight of the Military Order of the Bath,
Grand Cross of the Portuguese Order of the Tower and
Sword, and His Majesty's Envoy Extraordinary and Mi
nister Plenipotentiary at the Court of Portugal ; and who,
after having duly exchanged their respective full powers,
and having found them in good and due form, have agreed
upon the following Articles.
ART. I.
There shall be sincere and perpetual friendship between
His Royal Highness the Prince Regent of Portugal and His
Britannic Majesty, and between Their Heirs and Successors;
and there shall be a constant and universal peace and har
mony between Themselves, Their Heirs and Successors,
Kingdoms, Dominions, Provinces, Countries, Subjects, and
Vassals of whatsoever quality or condition they be, without
exception of person or place. And the stipulations of this
present Article shall, under the favour of Almighty God,
be permanent and perpetual.
ART. II.
There shall be reciprocal liberty of commerce and na
vigation between and amongst the respective subjects of the
two High Contracting Parties, in all and several the terri
tories and dominions of either. They may trade, travel,
sojourn or establish themselves in all and several the Ports,
Cities, Towns, Countries, Provinces or Places whatsoever,
belonging to each and either of the two High Contracting
Parties, except and save in those from which all foreigners
whatsoever are generally and positively excluded, the names
of which places may be hereafter specified in a separate
352 BEINADO DA SEXHOBA D. MARIA I.
1810 parado (Teste Tratado. Fica porém claramente entendido,
Tl^ltP 1ue° se , algum logar pertencente, a uma ou outra das duas
Altas Partes Contratantes vier a ser aberto para o futuro
ao commercio dos vassallos de alguma outra Potencia, será
por isso considerado como igualmente aberto, e em termos
correspondentes, aos vassallos da outra Alta Parte Contra°-
tante, da mesma forma como se tivesse sido expressamente
estipulado pelo presente Tratado,
E tanto Sua Alteza Real o Principe Regente de Portu
gal, como Sua Magestade Britannica, se obrigam e empe
nham a. não conceder favor, privilegio Quimjnunidade alguma,
em matérias de commercio e de navegação, aos vassallos de
outro qualquer Estado, que não seja tambem ao mesmo
tempo respectivamente concedido aos vassallos das AUas
Partes Contratantes, gratuitamente, se a concessão em fa
vor d'aquelle outro Estado tiver sido gratuita, e dando quam
proximè a mesma compensação ou equivalente, no caso de
ter sido a concessão condicional.
AKT. Uli
Os vassallos dos dois Soberanos não pagarão respecti
vamente nos portos, bahias, enseadas, cidades, villas ou le
gares quaesquer que forem, pertencentes a qualquer d'Elles,
direitos, tributos ou impostos (seja qual for o nome com
que elles possam ser designados ou comprehendidos) maio
res do que aquelles que pagam ou vierem, a pagar os vas
sallos da nação a mais favorecida: e os vassallos de cada
uma das Altas Partes Contratantes gosarão, nos dominios da
outra, dos mesmos direitos, privilegios, liberdades, favores,
immunidades ou. isenções, em materias de commercio e de
navegação, que são concedidqs, ou para o futuro o forem
aos vassallos da nação a mais favorecida,
ART. l\.
Sua Alteza Real o Principe Regente- de Portugal e Sua
Magestade Britannica estipulam e accordam que haverá uma
perfeita reciprocidade a respeito dos direitos e impostos que
devem pagar os navios e embarcações das Altas Partes Con
tratantes dentro de cada um dos portos, bahias, enseadas, e
ancoradouros pertencentes a qualquer d'Ellas; a saber: que
KEGENCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 353
Article of this Treaty. Provided, however, that it be tho
roughly understood, that any place belonging to either of
the two High Contracting Parties, which may hereafter be
opened to the commerce of the subjects of any other Coun
try, shall thereby be considered as equally opened, and upon
correspondent terms, to the subjects of the other High Con
tracting Party, in the same manner as if it had been expressly
stipulated by the present Treaty.
And His Royal Highness the Prince Regent of Portu
gal, and His Britannic Majesty, do hereby bind and engage
Themselves not to grant any favour, privilege or immunity
in matters of commerce and navigation, to the subjects of
any other State, which shall not be also at the same time
respectively extended to the subjects of the High Contra
cting Parties, gratuitously, if the concession in favour of
that other State should have been gratuitous, and on giving
quam proxime, the same compensation or equivalent, in
case the concession should have been conditional.
ART. III.
The subjects of the two Sovereigns respectively shall
not pay in the ports, harbours, roads, cities, towns, or pla
ces whatsoever, belonging to either of them, any greater
duties, taxes or imposts (under whatsoever names they may
be designated or included) than those that are paid by the
subjects of the most favoured Nation, and the subjects of
each of the High Contracting Parties shall enjoy within
the dominions of the other, the same rights, privileges, li
berties, favours and immunities or exemptions, in matters
of commerce and navigation, that are granted or may he
reafter be granted to the subjects of the most favoured Na
tion.
ART. IV.
His Royal Highness the Prince Regent of Portugal
and His Britannic Majesty do stipulate and agree, that there
shall be a perfect reciprocity on the subject of the duties
and imposts to be paid by the ships and vessels of the High
Contracting Parties, within the several ports, harbours, roads
and anchoring places belonging to each of them; to wit,
to*, ir. 23
354 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
l8io os navios e embarcações dos vassallos de Sua Alteza Real o
Fevereiro Principe Regente de Portugal não pagarão maiores direitos
ou impostos (debaixo de qualquer nome por que sejam de
signados ou entendidos), dentro dos dominios de Sua Ma-
gestade Britannica, do que aquelles que os navios e embar
cações pertencentes aos vassallos de Sua Magestade Britan
nica forem obrigados a pagar dentro dos dominios de Sua
Alteza Real o Principe Regente de Portugal, e vice versa.
E esla convenção e estipulação se estenderá particular e ex
pressamente ao pagamento dos direitos conhecidos com o
nome de direitos do porto, direitos de tonelada e direitos de
ancoragem, os quaes em nenhum caso, nem debaixo de pre
texto algum, serão maiores para os navios e embarcações
Portuguezas dentro dos dominios de Sua Magestade Bri
tannica, do que para os navios e embarcações Britannicas
dentro dos dominios de Sua Alteza Real o Principe Regente
de Portugal, e vice versa.
ART. V.
As duas Altas Partes Contratantes igualmente convéem
que se estabelecerá nos seus respectivos portos o mesmo va
lor de gratificações e drawbacks sobre a exportação dos ge
neros e mercadorias, quer estes generos e mercadorias se
jam exportados em navios e embarcações Portuguezas, quer
em navios e embarcações Britannicas, isto é, que os navios
e embarcações Portuguezas gosarão do mesmo favor a este
respeito nos dominios de Sua Magestade Britannica, que se
conceder aos navios e embarcações Britannicas nos domi
nios de Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal, e
vice versa.
As duas Altas Partes Contratantes igualmente convèem
e accordam que os generos e mercadorias, vindas respecti
vamente dos portos de qualquer d'ellas, pagarão os mesmos
direitos quer sejam importados em navios e embarcações
Portuguezas, quer o sejam em navios e embarcações Bri
tannicas; ou de outro modo, que se poderá impor e exigir
sobre os generos e mercadorias vindas em navios Portugue
ses dos portos de Sua Alteza Real o Principe Regente de
Portugal para os dos dominios de Sua Magestade Britan
nica, um augmento de direitos equivalente e em exacta pro
porção com o que possa ser imposto sobre os generos e
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 355
that the ships and vessels of the subjects of His Royal High- 1810
uess the Prince Regent of Portugal shall not pay any hig- Fev*re»'»
her duties or imposts (under whatsoever name they be
designated or implied) within the dominions of His Britan
nic Majesty, than the ships and vessels belonging to the sub
jects of His Britannic Majesty shall be bound to pay with
in the dominions of His Royal Highness the Prince Re
gent of Portugal, and vice versâ. And this agreement and
stipulation shall particularly and expressly extend to the
payment of the duties known by the name of port char
ges, tonnage and anchorage duties, which shall not in any
case, or under any pretext, be greater for Portuguese ships
and vessels within the dominions of His Britannic Majesty,
than for British ships and vessels within the dominions of
His Royal Highness the Prince Regent of Portugal, and
vice versâ.
ART. V.
The two High Cantracting Parties do also agree, that the
same rates of bounties and drawbacks shall be established
in their respective ports upon the exportation of goods and
merchandizes, whether those goods or merchandizes be ex
ported in Portuguese or in British ships and vessels, that
is, that Portuguese ships and vessels shall enjoy the same
favour in this respect within the dominions of His Britan
nic Majesty, that may be shown to British ships and ves
sels within the dominions of His Royal Highness the Prince
Regent of Portugal, and vice versâ.
ART. VI.
O mutuo commercio e navegação dos vassallos de Por-
(1) Vide Declaração no Cin d'este Tratado, e bem assim Ajuste en
tre os Commissarios Portuguezcs e Britannicos, em data de 18 de Dezem
bro de 1818.
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 357
Highness the Prince Regent of Portugal, from those of His 1810
Britannic Majesty, imported in British ships. And in order FeT^e"
that this matter may be settled with due exactness, and that
nothing may be left undetermined concerning it, it is agreed,
that tables shall be drawn by each Government respectively,
specifying the difference of duties to be paid on goods and
merchandizes so imported in Portuguese or British ships
and vessels; and the said tables (which shall be made ap
plicable to all the ports within the respective dominions of
each of the Contracting Parties) shall be declared and ad
judged to form part of this present Treaty.
ART. VI.
The mutual commerce and navigation of the subjects of
Portugal and Great Britain respectively, in the ports and
seas of Asia, are expressly permitted to the same degree,
as they have heretofore been allowed by the two Crowns:
358 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
tugal e da Gran-Bretanha, respectivamente nos portos e ma
res da Asia, são expressamente permittidos no mesmo grau
em que até aqui o têem sido pelas duas Corôas: e o com-
mercio e navegação assim permittidos serão postos d'aqui
em diante e para sempre sobre o pé do commercio e nave
gação da Nação mais Favorecida que commerceia nos portos
e mares da Asia; isto é, que nenhuma das Altas Partes Con
tratantes concederá favor ou privilegio algum, em materias
de commercio e de navegação, aos vassallos de algum outro
Estado que commerceia nos portos e mares da Asia, que
não seja tambem concedido quam proxime, nos mesmos
termos, aos vassallos da outra Alta Parte Contratante.
Sua Magestade Britannica se obriga em Seu proprio
nome, e no de seus herdeiros e Successores, a não fazer
regulação alguma que possa ser prejudicial ou inconveniente
ao commercio e navegação dos vassallos de Sua Alteza Real
o Principe Regente de Portugal nos portos e mares da Asia,
em toda a extensão que é ou possa ser para o futuro per-
mittida á Nação mais favorecida.
E Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal se
obriga igualmente no Seu proprio nome, e no de Seus Her
deiros e Successores, a não fazer regulações algumas que
possam ser prejudiciaes ou inconvenientes ao commercio e
navegação dos vassallos de Sua Magestade Britannica nos
portos, mares e dominios que lhes são franqueados em vir
tude do presente Tratado.
ART. VII.
As duas Altas Partes Contratantes resolveram, a res
peito dos privilegios que devem gosar os vassallos de cada
uma d'Ellas nos territorios ou dominios da outra, que se
observasse de ambas as partes a mais perfeita reciprocidade.
E os vassallos de cada uma das Altas Partes Contratantes
terão livre e inquestionavel direito de viajar e de residir nos
territorios ou dominios da outra, de occupar casas e arma
zens, e de dispor da propriedade pessoal, de qualquer qua
lidade ou denominação, por venda, doação, troca ou testa
mento, ou por outro qualquer modo, sem que se lhe ponha
o mais leve impedimento ou obstaculo. Elles não serão obri
gados a pagar tributos ou impostos alguns, debaixo de qual
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 359
and the commerce and navigation thus permitted, shall he- 1810
reafter, and for ever, be placed on the footing of the com- Fev^e"
merce and navigation of the most favoured Nation trading
in the ports and seas of Asia; that is, that neither of the
High Contracting Parties shall grant any favour or privi
lege in matters of commerce and navigation, to the subjects
of any other State trading within the ports and seas of Asia,
■which shall not be also granted quam proxime on the same
terms to the subjects of the other Contracting Party.
ART. VII.
The two High Contracting Parties have resolved, with
respect to the privileges to be enjoyed by the subjects of
each of them within the territories or dominions of the
other, that the most perfect reciprocity shall be observed
on both sides. And the subjects of each of the High Con
tracting Parties shall have a free and unquestionable right
to travel and to reside within the territories or dominions
of the other, to occupy houses and warehouses, and to
dispose of personal property of every sort and denomination,
by sale, donation, exchange or testament, or in any other
manner whatsoever, without any the smallest impediment
or hindrance thereto. They shall not be compelled to pay
360 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
quer pretexto que seja, maiores do que aquelles que pagam
ou possam ser pagos pelos proprios vassallos do Soberano
em cujos dominios elles residirem. Não serão, obrigados a
servir forçadamente como militares, quer por mar, quer por
terra. As suas casas de habitação, armazens, e todas as partes
e dependencias d'elles, tanto pertencentes ao seu commercio
como a sua residencia, serão respeitadas. Elles não serão
sujeitos a visitas e buscas vexatorias, nem se lhes farão exa
mes e inspecções arbitrarias dos seus livros, papeis ou con
tas, debaixo do pretexto de ser de auctoridade suprema do
Estado.
Deve porém ficar entendido que, nos casos de traição,
commercio de contrabando e de outros crimes, para cuja
achada ha regras estabelecidas pelas leis do paiz, esta lei
será executada, sendo mutuamente declarado que não se
admittirão falsas e maliciosas aceusações, como pretextos
ou escusas para visitas e buscas vexatorias, ou para o exame
de livros, papeis ou contas commerciaes, as quaes visitas ou
exames jámais terão logar, excepto com a saneção do com
petente Magistrado, e na presença do Consul da Nação a
que pertencer a parte accusada,ou do seu deputado ou re
presentante.
ART. VIII.
Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal se obriga
no Seu proprio nome, e no de Seus Herdeiros e Successores,
a que o commercio dos vassallos Britannicos nos Seus do
minios não será restringido, interrompido ou de outro algum
modo affectado pela operação de qualquer monopolio, con
trato ou privilegios exclusivos de venda ou de compra, seja
qual for; mas antes que os vassallos da Gran-Bretanha terão
livre e irrestricta permissão de comprar e vender de, e a
quem quer que for, de qualquer modo ou fórma que possa
convir,-lhes, seja por grosso ou em retalho, sem serem obri
gados a dar preferencia alguma ou favor em consequencia
dos ditos monopolios, contratos ou privilegios exclusivos
de venda ou de compra. E Sua Magestade Britannica se
obriga da Sua parte a observar fielmente este principio as
sim reconhecido e ajustado pelas duas Altas Partes Contra
tantes.
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 361
any taxes or imposts, under any pretext whatsoever, greater
than those that are paid or may be paid by the native sub
jects of the Sovereign in whose dominions they may be re
sident. They shall be exempted from all compulsory mili
tary service whatsoever, whether by sea or land. Their
dwelling-houses, warehouses, and all the parts and appur
tenances thereof, whether for the purpose of commerce or
of residence, shall be respected. They shall not be liable to
any vexatious visits and searches, nor shall any arbitrary
examination or inspection of their books, papers or accompts
be made under colour of the supreme authority of the State.
It is, however, to be understood, that in the cases of
treason, contraband trade and other crimes, for the dete
ction of which provision is made by the law of the land,
that law shall be enforced, it being mutually declared, that
false and malicious accusations are not to be admitted as pre
texts or excuses for vexatious visits and searches, or for exa
minations of commercial books, papers or accompts, which
visits or examinations are never to take place, except under
the sanction of the competent Magistrate, and in the pre
sence of the Consul of the Nation to which the accused
party may belong, or of his deputy or representative.
ART. VIII.
His Royal Highness the Prince Regent of Portugal en
gages in His own name, and in that of His Heirs and Suc
cessors, that the commerce of British subjects within His
dominions shall not be restrained, interrupted, or otherwise
affected by the operation of any monopoly, contract, or ex
clusive privileges of sale or purchase whatsoever, but that
the subjects of Great Britain shall have free and unrestri
cted permission to buy and sell from and to whomsoever,
and in whatever form or manner they may please, whether
by wholesale or by retail, without being obliged to give
any preference or favour in consequence of the said mono
polies, contracts, or exclusive privileges of sale or purchase.
And His Britannic Majesty does on His part engage to observe
faithfully this principle thus recognized and laid down by
the two High Contracting Parties.
362 11EINAD0 DA SENHORA D. MARIA I.
1810 Porém deve ficar distinctamente entendido, que o pre-
Fevereiro sente Artigo n5o será interpretado como invalidando ou affe-
ctando o direito exclusivo possuido pela Coroa de Portugal
nos Seus proprios domínios, a respeito dos contratos do mar
fim, do pau brazil, da urzela, dos diamantes, cio oiro em pó,
da polvora e do tabaco manufacturado. Comtanto porém que,
se os sobreditos artigos vierem a ser geral ou separadamente
artigos livres para o commercio nos dominios de Sua Alteza
Real o Principe Regente de Portugal, será permittido aos
vassallos de Sua Magestade Britannica o commerciar n'elles
tão livremente e no mesmo pé em que for permittido aos
vassallos da Nação mais favorecida.
ART. IX.
Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal e Sua
Magestade Britannica convêem e accordam que cada uma
das Altas Partes Contratantes terá o direito de nomear Con
sules Geraes, Consules e Vice-Consules em todos aquelles
portos dos dominios da outra Alta Parte Contratante, onde
elles são ou possam ser necessarios para augmento do com
mercio, e para os interesses commerciaes dos vassallos com-
merciantes de cada uma das duas Coroas. Porém fica ex
pressamente estipulado que os Consules, de qualquer classe
que forem, não serão reconhecidos, recebidos, nem permit-
tidos obrar como taes, sem que sejam devidamente quali
ficados pelo seu proprio Soberano, e approvados pelo outro
Soberano em cujos dominios elles devem ser empregados.
Os Consules de todas as classes dentro dos dominios de cada
uma das Altas Partes Contratantes serão postos respectiva
mente no pé de perfeita reciprocidade e igualdade. E sendo
elles nomeados somente para o fim de facilitar e assistir nos
negocios de commercio e navegação, gosarào portanto só-
mente dos privilegios que pertencem ao seu logar, e que são
reconhecidos e admittidos por todos os Governos, como ne
cessarios para o devido cumprimento do seu officio e em
prego. Elles serão em todos os casos, sejam civis ou cri-
minaes, inteiramente sujeitos ás leis do paiz em que residi
rem, e gosarão tambem da plena e inteira protecção d'aquel-
las leis, em quanto elles se conduzirem com respeito -a
ellas.
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 363
But it is to be distinctly understood, that the present
Article is not to be interpreted as invalidating or affecting
the exclusive right possessed by the Crown of Portugal wi
thin its own dominions to the farm for the sale of ivory,
brazil-wood, urzela, diamonds, gold dust, gunpowder, and
tobacco in the form of snuff. Provided however, that should
the above-mentioned articles, generally or separately, ever
become articles of free commerce within the dominions of
His Royal Highness the Prince Regent of Portugal, the sub
jects of His Britannic Majesty shall be permitted to traffic
in them as freely and on the same footing as those of the
most favoured Nation.
ART. IX.
His Royal Highness the Prince Regent of Portugal and
His Britannic Majesty have agreed and resolved, that each
of the Hii;h Contracting Parties shall have the right to no
minate and appoint Consuls General, Consuls and Vice Con
suls in all the ports of the dominions of the other Contract
ing Party, wherein they are or may be necessary for the
advancement of commerce, and for the commercial interests
of the trading subjects of either Crown. But it is expressly
stipulated, that Consuls, of whatsoever class they may be,
shall not be acknowledged nor received, nor permitted to
act as such, unless duly qualified by their own Sovereign,
and approved of by the other Sovereign in whose dominions
they are to be employed. Consuls of all classes within the
dominions of each of the High Contracting Parties are res
pectively to be placed upon a footing of perfect reciprocity
and equality. And being appointed solely for the purpose
of facilitating and assisting in affairs of commerce and navi
gation, they are only to possess the privileges which belong
to their station, and which are recognized and admitted by
all Governments, as necessary for the due fulfilment of their
office and employment. They are in all cases, whether civil
or criminal, to be entirely amenable to the laws of the
country in which they may reside, and they are also to
enjoy the full and entire protection of those laws, so long
as they conduct themselves in obedience thereto.
364 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
ART. X.
Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal, dese
jando proteger e facilitar nos Seus dominios o commercio
dos vassallos da Gran-Bretanha, assim como as suas relações
e communicações com os Seus proprios vassallos, Ha por
bem conceder-lhes o privilegio de nomearem e terem Ma
gistrados especiaes para obrarem em seu favor como Juizes
Conservadores n'aquelles portos e cidades dos Seus domi
nios em que houver Tribunaes de Justiça, ou possam ser
estabelecidos para o futuro. Estes Juizes julgarão e decidirão
todas as causas que forem levadas perante elles pelos vassal
los Britannicos, do mesmo modo que se praticava antiga
mente, e a sua auctoridade e sentenças serão respeitadas.
E declara-se serem reconhecidas e renovadas pelo presente
Tratado as leis, decretos e costumes de Portugal relativos
á jurisdicção do Juiz Conservador. Elles serão escolhidos
pela pluralidade de votos dos vassallos Britannicos que re
sidirem ou commerciarem no porto ou logar em que a ju
risdicção do Juiz Conservador for estabelecida ; e a escolha
assim feita será transmittida ao Embaixador ou Ministro de
Sua Magcstade Britannica residente na Côrte de Portugal,
para ser por elle apresentada a Sua Alteza Real o Principe
Regente de Portugal, a fim de obter o consentimento e con
firmação de Sua Alteza Real: e no caso de a não obter, as
partes interessadas procederão a uma nova eleição, até que
se obtenha a Real Approvação do Principe Regente. A remo
ção do Juiz Conservador, nos casos de falta de dever ou de
delicto, será tambem cffectuada por um recurso a Sua Al
teza Real o Principe Regente de Portugal, por meio do Em
baixador ou Ministro Britannico residente na Côrte de Sua
Alteza Real. Em compensação d'esta concessão a favor dos
vassallos Britannicos, Sua Magestade Britannica se obriga a
fazer guardar a mais estricta e escrupulosa observancia áquel-
las leis, pelas quaes as pessoas e a propriedade dos vassallos
Portuguezes residentes nos Seus dominios são asseguradas
e protegidas; e das quaes elles (em commum com todos os
outros estrangeiros) gosam do beneficio pela reconhecida
equidade da jurisprudencia Britannica e pela singular excel-
lencia da sua Constituição.
E demais estipulou-se que, no caso de Sua Magestade
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 365
ART. X.
His Royal Highness the Prince Regent of Portugal, de
siring to protect and facilitate the commerce of the subjects
of Great Britain within His dominions, as well as their re
lations of intercourse with His own subjects, is pleased to
grant to them the privilege of nominating and having spe
cial Magistrates to act for them as Judges Conservator, in
those ports and cities of His dominions in which Tribunals
and Courts of Justice are or may hereafter be established.
These Judges shall try and decide all causes brought before
them by British subjects, in the same manner as formerly,
and their authority and determinations shall be respected;
and the laws, decrees and customs of Portugal, respecting the
jurisdiction of the Judge Conservator, are declared to be re
cognized and renewed by the present Treaty. They shall be
chosen by the plurality of British subjects residing in or
trading at the port or place where the jurisdiction of the
Judge Conservator is to be established, and the choice so
made shall be transmitted to His Britannic Majesty's Am
bassador or Minister resident at the Court of Portugal, to
be by him laid before His Royal Highness the Prince Re
gent of Portugal, in order to obtain His Royal Highness's
consent and confirmation; in case of not obtaining which,
the parties interested are to proceed to a new election, un
til the Royal Approbation of the Prince Regent be obtained.
The removal of the Judge Conservator, in cases of neglect
of duty or delinquency, is also to be effected by an appli
cation to His Royal Highness the Prince Regent of Portugal
through the channel of the British Ambassador or Minister
resident at His Royal Highness's Court. In return for this
concession in favour of British subjects, His Britannic Ma
jesty engages to cause the most strict and scrupulous obser
vance and obedience to be paid to those laws, by which the
persons and property of Portuguese subjects residing within
His dominions are secured and protected; and of which they,
(in common with all other foreigners) enjoy the benefit,
through the acknowledged equity of British jurisprudence,
and the singular excellence of the British Constitution.
ART. XI.
Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal e Sua
Magestade Britannica convèem particularmente em conceder
os mesmos favores, honras, immunidades, privilegios e isen
ções de direitos e impostos aos Seus respectivos Embaixa
dores, Ministros ou Agentes acreditados nas Cortes de cada
uma das Altas Partes Contratantes: e qualquer favor que
um dos dois Soberanos conceder a este respeito na Sua pro
pria Côrte, o outro Soberano se obriga a conceder simi-
Ihantemente na Sua Côrte.
ART. XII.
Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal declara
e se obriga no Seu proprio nome, e no de Seus herdeiros
e successores, a que os vassallos de Sua Magestade Britan
nica residentes nos Seus territorios e dominios não serão
perturbados, inquietados, perseguidos ou molestados por
causa da sua religião, mas antes terão perfeita liberdade de
consciencia e licença para assistirem e celebrarem o Serviço
Divino em honra do Todo Poderoso Deus, quer seja dentro
de suas casas particulares, quer nas suas particulares igrejas
e capellas, que Sua Alteza Real agora e para sempre gra
ciosamente lhes concede a permissão de edificarem e man
terem dentro dos Seus dominios. Comtanto porém que as
sobreditas igrejas e capellas serão construidas de tal modo
que externamente se assemelhem a casas de habitação; e
tambem que o uso dos sinos lhes não seja permitlido para
o fim de annunciarem publicamente as horas do Serviço
Divino. Demais estipulou-se que nem os vassallos da Gran-
Bretanha, nem outros quaesquer estrangeiros de communhão
differente da religião dominante nos dominios de Portugal,
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 367
privilege should be granted by His Britannic Majesty to the
subjects of any other State, which may seem to be analo
gous to, or to resemble the privilege of having Judges Con
servators, granted by this Article to British subjects resi
ding in the Portuguese dominions, the same favour or pri
vilege shall be considered as also granted to the subjects
of Portugal residing within the British dominions, in the
same manner as if it were expressly stipulated by the pre
sent Treaty.
ART. XI.
His Royal Highness the Prince Regent of Portugal and
His Britannic Majesty agree severally to grant the same fa
vours, honours, immunities, privileges and exemptions from
duties and imposts to Their respective Ambassadors, Minis
ters, or accredited Agents at the Courts of each of Them;
and whatever favour either of the two Sovereigns shall grant
in this particular at His own Court, the other Sovereign
engages to grant the same at His Court.
ART. XII.
His Royal Highness the Prince Regent of Portugal de
clares and engages in His own name, and in that of His
heirs and successors, that the subjects of His Britannic Ma
jesty residing within His territories and dominions, shall not
be disturbed, troubled, persecuted or annoyed on account
of their religion, but that they shall have perfect liberty of
conscience therein, and leave to attend and celebrate Divine
Service to the honour of Almighty God, either within their
own private houses, or in their own particular churches
and chapels, which His Royal Highness does now and for
ever graciously grant to them the permission of building
and maintaining within His dominions. Provided, however,
that the said churches and chapels shall be built in such a
manner as externally to resemble private dwelling houses;
and also, that the use of bells be not permitted therein, for
the purpose of publickly announcing the time of Divine Ser
vice. And it is further stipulated, that neither the subjects
of Great Britain, nor any other foreigners of a different com
munion from the religion established in the dominions of
368 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
serão perseguidos ou inquietados por materias de consciencia
tanto nas suas pessoas como nas suas propriedades, emquanto
elles se conduzirem com ordem, decencia e moralidade, e de
uma maneira conforme aos usos do paiz e ao seu estabeleci
mento religioso e politico. Porém se se provar que elles pre
gam ou declamam publicamente contra a Religião Catholica,
ou que elles procuram fazer proselytos ou conversões, as pes
soas que assim delinquirem poderão, manifestando-se o seu
delicto, ser mandadas sair do paiz em que a offensa tiver sido
commettida. E aquelles que no publico se portarem sem res
peito ou com impropriedade para com os ritos e ceremonias
da Religião Catholica dominante, serão chamados perante a
policia civil, e poderão ser castigados com multas ou com pri
são cm suas proprias casas. E se a offensa for tão grave e tão
enorme que perturbe a tranquillidade publica e ponha em pe
rigo a segurança das instituições da Igreja e do Estado esta
belecidas pelas leis, as pessoas que tal offensa fizerem, havendo
a devida prova do facto, poderão ser mandadas sair dos do
minios de Portugal. Permittir-se-ha tambem enterrar os vas-
sallos de Sua Magestade Britannica, que morrerem nos ter
ritorios de Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal,
em convenientes logares que serão designados para este fim.
Nem se perturbarão de modo algum nem por qualquer mo
tivo os funeraes ou as sepulturas dos mortos. Do mesmo
modo os vassallos de Portugal gosarão nos dominios de Sua
Magestade Britannica de uma perfeita e illimitada liberdade
de consciencia em todas as materias de religião, conforme
ao systema de tolerancia que se acha n'elles estabelecido.
Elles poderão livremente praticar os exercicios da sua re
ligião publica ou particularmente nas suas próprias casas
de habitação, ou nas capellas e logares de culto designados
para este objecto, sem que se lhes ponha o menor obsta
culo, embaraço ou difficuldade alguma, tanto agora como
para o futuro.
ART. XIII.
Conveiu-se e ajustou-se entre as Altas Partes Contra
tantes, que se estabelecerão paquetes para o fim de facilitar
o serviço publico das duas Côrtes e as relações commerciaes
dos seus respectivos vassallos. Concluir-se-ha uma Conven
ção sobre as bases da que foi concluida no Rio de Janeiro
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 369
Portugal, shall be persecuted or disquieted for conscience's
sake, either in their persons or property, so long as they
conduct themselves with order, decency and morality,
and in a manner conformable to the usages of the coun
try, and to its constitution in Church and State. But if
it should be proved that they preach or declaim publickly
against the Catholic Religion, or that they endeavour to
make proselytes or converts, the parties so offending may,
upon manifestation of their delinquency, be sent out of the
country in which the offence shall have been committed. And
those who behave in publick with disrespect or impropriety
towards the forms and ceremonies of the established Catho
lic Religion, shall be amenable to the civil police, and may
be punished by fine or by confinement within their own
dwellinghouses. And if the offence be so flagrant and so
enormous as to disturb the publick tranquillity, or endanger
the safety of the institutions of Church and State (as establis
hed by law), the parties so offending may, on due proof of
the fact, be sent out of the dominions of Portugal. Liberty
shall also be granted to bury the subjects of His Britannic
Majesty, who mav die in the territories of His Royal High
ness the Prince Regent of Portugal, in convenient places to
be appointed for that purpose. Nor shall the funerals or se
pulchres of the dead be disturbed in any wise, nor upon any
account. In the same manner the subjects of Portugal shall
enjoy within all the dominions of His Britannic Majesty a
perfect and unrestrained liberty of conscience in all matters
of religion, agreeably to the system of toleration established
therein. They may freely perform the exercises of their re
ligion publickly, or privately, within their own dwelling-
houses, or in the chapels and places of worship appointed for
that purpose, without any the smallest hindrance, annoyance
or difficulty whatsoever, either now or hereafter.
ART. XIII.
It is agreed and convenanted by the High Contracting
Parties, that packets shall be established for the purpose of
furthering the public service of the two Courts, and of fa
cilitating the commercial intercourse of their respective sub
jects. A Convention shall be concluded forthwith, on the
TOM. IV. 24
370 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1810 aos quatorze de Setembro de mil oitocentos e oito, (i) para
Fevereiro determinar os termos sobre que se estabelecerão os referi
dos paquetes; a qual Convenção será ratificada ao mesmo
tempo que o presente Tratado.
ART. XIV.
Conveiu-se e ajustou-se, que as pessoas culpadas de alta
traição, de falsidade e de outros crimes de uma natureza
odiosa, dentro dos dominios de qualquer das Altas Partes
Contratantes, não serão admittidas nem receberão protecção
nos dominios da outra. E que nenhuma das Altas Partes
Contratantes receberá de proposito e deliberadamente nos
seus Estados, e entreterá ao seu serviço, pessoas que forem
vassallos da outra Potencia, que desertarem do serviço mi
litar d'ella, quer de mar, quer de terra, antes pelo contra
rio as demittirão respectivamente do seu serviço logo que
assim forem requeridas. Mas conveiu-se e declarou-se, que
nenhuma das Altas Partes Contratantes concederá a qual
quer outro Estado favor algum a respeito de pessoas que
desertarem do serviço d'aquelle Estado, que não seja con
siderado como concedido igualmente á outra Alta Parte Con
tratante, do mesmo modo como se o referido favor tivesse
sido expressamente estipulado pelo presente Tratado. De
mais conveiu-se, que nos casos de deserção de moços ou
marinheiros das embarcações pertencentes aos vassallos de
qualquer das Altas Partes Contratantes, no tempo em que
estiverem nos portos da outra Alta Parte, os Magistrados
serão obrigados a dar efficaz assistencia para a sua apprchen-
são sobre a devida representação feita para este fim pelo
Consul Geral ou Consul, ou pelo seu deputado ou represen
tante, e que nenhuma corporação publica, civil ou religiosa,
terá poder de proteger taes desertores.
ART. XV. *
Todos os generos, mercadorias e artigos, quaesquer que
sejam, da producção, manufactura, industria ou invenção
(1) Tal Convenção nunca vimos, mas sim a que foi concluída no Rio
de Janeiro a 19 de Fevereiro de 1810, que em seu logar se insere.
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 37 1
basis of that which was signed at Rio de Janeiro on the 1810
fourteenth day of September, one thousand eight hundred Fevereiro
19
and eight, in order to settle the terms upon which the said
packets are to be established; which Convention shall be
ratified at the same time with the present Treaty.
ART. XIV.
It is agreed and covenanted, that persons guilty of high
treason, forgery, or other offences of a heinous nature, wi
thin the dominions of either of the High Contracting Par
ties, shall not be harboured nor receive protection in the
dominions of the other. And that neither of the High Con
tracting Parties shall knowingly and wilfully receive into,
and entertain in Their service, persons, subjects of the other
powers, deserting from the military service thereof, whether
by sea or land, but that on the contrary they shall each
respectively discharge any such person from Their service,
upon being required. But it is agreed and declared, that
neither of the High Contracting Parties shall grant to any
other State any favour on the subject of persons deserting
from the service of that State, which shall not be considered
as granted also to the other High Contracting Party, in the
same manner as if the said favour had been expressly stipula
ted by the present Treaty. And it is further agreed, that in
cases of apprentices or sailors deserting from vessels belong
ing to the subjects of either of the High Contracting Par
ties, while within the ports of the other party, the Magis
trates shall be bound to give effectual assistance for their
apprehension, on due application to that effect being made
by the Consul General or Consul, or by his deputy or re
presentative, and that no public body, civil or religious, shall
have the power of protecting such deserters.
ART. XV.
All goods, merchandizes and articles whatsoever, of the
produce, manufacture, industry or invention of the domi
nions and subjects of His Britannic Majesty, shall be admit
ted into all and singular the ports and dominions of His
Royal Highness the Prince Regent of Portugal, as well in
372 REINADO DA SEXnORA D. MARIA I.
1810 dos dominios e vassallos de Sua Magestade Britannica, se-
ívereiro rj0 admittidos em todos e em cada um dos portos e domi
nios de Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal,
tanto na Europa como na America, Africa e Asia, quer se
jam consignados a vassallos Britannicos, quer a Portuguezes,
pagando geral e unicamente direitos de quinze por cento,
conforme o valor que lhes for estabelecido pela pauta, que
na lingua Portugueza corresponde a tabua das avaliações,
cuja principal base será a factura jurada dos sobreditos ge
neros, mercadorias e artigos, tomando tambem em conside
ração (tanto quanto for justo e praticavel) o preço corrente
dos mesmos no paiz onde elles forem importados. Esta pauta
ou avaliação será determinada e fixada por um igual nu
mero de negociantes Britannicos e Portuguezes, de conhe
cida inteireza e honra, com a assistencia, pela parte dos
negociantes Britannicos, do Cônsul Geral ou Consul de Sua
Magestade Britannica, e pela parte dos negociantes Portu
guezes, com a assistencia do Superintendente ou Adminis
trador Geral da Alfandega ou dos seus respectivos deputa
dos. E a sobredita pauta ou tabua das avaliações se fará
e promulgará em cada um dos portos, pertencentes a Sua
Alteza Real o Principe Regente de Portugal, em que haja
ou possam haver Alfandegas. Ella será concluida e princi
piará a ter effeito logo que for possivel, depois da troca das
ratificações do presente Tratado, e com certeza dentro do
espaço da data da referida troca; e será revista e alterada,
se necessario for, de tempos a tempos, seja em sua totali
dade ou em parte, todas as vezes que os vassallos de Saa
Magestade Britannica, residentes nos dominios de Sua Al
teza Real o Principe Regente de Portugal, assim hajam de
requerer por via do Consul Geral ou Consul de Sua Ma
gestade Britannica, ou quando os negociantes vassallos de
Portugal fizerem a mesma requisição para este fim da sua
propria parte.
ART. XVI.
Porém se durante o intervallo entre a troca das ratifi
cações do presente Tratado e a promulgação da sobredita
pauta, alguns generos ou mercadorias da producção ou ma
nufactura dos dominios de Sua Magestade Britannica entra
rem nos portos de Sua Alteza Real o Principe Regente de
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 373
Europe as in America, Africa and Asia, whether consigned
to British or Portuguese subjects, on paying generally and
solely duties to the amount of fifteen per cent, according to
the value which shall be set upon them by a tariff, or ta
ble of valuations, called in the Portuguese language pauta,
the principal basis of which shall be the sworn invoice cost
of the aforesaid goods, merchandizes and articles, taking
also into consideration (as far as may be just or practica
ble) the current prices thereof in the country into which
they are imported. This tariff or valuation shall be determi
ned and settled by an equal number of British and Portu
guese merchants of known integrity and honour, with the
assistance, on the part of the British merchants, of His Bri
tannic Majesty's Consul General or Consul, and on the part
of the Portuguese merchants, with the assistance of the Su-
perintendant or Administrator General of the Customs, or
of their respective deputies. And the aforesaid tariff or table
of valuations shall be made and promulgated in each of the
ports belonging to His Boyal Highness the Prince Regent
of Portugal, in which there are or may be Custom-Houses.
It shall be concluded, and begin to have effect as soon as
possible after the exchange of the ratifications of the present
Treaty, and certainly within the space of three months re
ckoned from the date of that exchange; and it shall be re
vised and altered if necessary, from time to time, either in
the whole, or in part, whenever the subjects of His Britannic
Majesty, resident within the dominions of His Royal Highness
the Prince Begent of Portugal, shall make a requisition to
that effect through the medium of His Britannic Majesty's
Consul General or Consul, or whenever the trading and com
mercial subjects of Portugal shall make the same requisition
on their own part.
ART. XVI.
But during the interval between the exchange of the
ratifications of the present Treaty and the promulgation of
the above-mentioned tariff, should any goods or merchan
dizes, the produce or manufacture of the dominions of His
Britannic Majesty, arrive in the ports of His Royal High-
374 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1810 Portugal, conveiu-se, que serão admittidos para o consum-
Fevereiro mo pagand0 os referidos direitos de quinze por cento, con
forme o valor que lhes for fixado pela pauta actualmente
estabelecida, se elles forem generos e mercadorias dos com-
prehendidos ou avaliados na sobredita pauta, e se o não forem
(assim como se alguns generos ou mercadorias vierem para o
futuro aos portos dos dominios Portuguezes, sem serem dos
especificadamente avaliados em a nova tarifa ou pauta, que
se ha de fazer em consequencia das estipulações do prece
dente Artigo do presente Tratado) serão igualmente admit
tidos pagando os mesmos direitos de quinze por cento ad
valorem, conforme as facturas dos ditos generos e merca
dorias, que serão devidamente apresentadas e juradas pelas
partes que as importarem. E no caso de suspeita de fraude
ou de illicita pratica, as facturas serão examinadas, e o va
lor real dos generos e mercadorias determinado pela deci
são de um igual numero de negociantes Portuguezes e Bri-
tannicos de conhecida inteireza e honra; e no caso de diffe-
rença de opinião entre elles, seguida de uma igualdade de
votos sobre o objecto em questão, então elles nomearão ou
tro negociante igualmente de conhecida inteireza e honra,
a quem se referirá ultimamente o negocio, e cuja decisão
será terminante e sem appellação. E no caso que a factura
pareça ter sido fiel e correcta, os generos e mercadorias
n'ella especificados serão admittidos, pagando os direitos
acima mencionados de quinze por cento, e as despezas, se
as houver, do exame da factura serão pagas pela parte que
duvidou da sua exactidão e correcção. Mas se se achar que
a factura foi fraudulenta e illicita, então os generos e mer
cadorias serão comprados pelos officiaes da Alfandega por
conta do Governo Portuguez, segundo o valor especificado
na factura, com uma addição de dez por cento sobre a
somma assim paga pelos referidos generos e mercadorias
pelos officiaes da Alfandega, obrigando-se o Governo Por
tuguez ao pagamento dos generos assim avaliados e com
prados pelos Officiaes da Alfandega dentro do espaço de
quinze dias. E as despezas, se as houver, do exame da frau
dulenta factura serão pagas pela parte que a tiver apresen
tado como justa e fiel.
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 375
ness the Prince Regent of Portugal, it is stipulated, that they
shall be admitted for consumption on paying the above-men
tioned duties of fifteen per cent, according to the value set
on them by the tariff now actually established, should they
be goods or merchandizes which are comprized or valued
in that tariff, and if they should not be comprized or valued
in that tariff (as also if any British goods or merchandizes
should hereafter arrive in the ports of the Portuguese do
minions without having been specifically valued and rated
in the new tariff or pauia, which is to be made in conse
quence of the stipulations of the preceding Article of the
present Treaty) they shall be equally admitted on paying
the same duties of fifteen per cent ad valorem, according
to the invoices of the said goods and merchandizes, which
shall be duly presented and sworn to by the parties import
ing the same. And in case that any suspicion of fraud or un
fair practices should arise, the invoices shall be examined, and
the real value of the goods or merchandizes ascertained by a
reference to an equal number of British and Portuguese
merchants of known integrity and honour; and in case of a
difference of opinion amongst them, followed by an equa
lity of votes upon the subject, they shall then nominate ano
ther merchant, likewise of known integrity and honour, to
whom the matter shall be ultimately referred, and whose
decision thereon shall be Anal, and without appeal. And in
case the invoice should appear to have been fair and cor
rect, the goods and merchandizes specified in it, shall be
admitted, on paying the duties above-mentioned of fifteen
per cent, and the expences, if any, of the examination of
the invoice shall be defrayed by the party who called its
fairness and correctness into question. But if the invoice shall
be found to be fraudulent and unfair, then the goods and
merchandizes shall be bought up by the officers of the Cus
toms, on the account of the Portuguese Government, accor
ding to the value specified in the invoice, with an addition
of ten per cent to the sum so paid for them by the officers
of the Customs, the Portuguese Government engaging for
the payment of the goods so valued and purchased by the
Officers of the Customs, within the space of fifteen days.
And the expences, if any, of the examination of the fraudu
376 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
ART. XVII.
1810 Conveiu-se e ajustou-se, que os artigos do trem militar
Fevereiro e naval importados nos portos de Sua Alteza Real o Principe
Regente de Portugal, e que o Governo Portuguez haja de
querer para seu uso, serão pagos logo pelos preços estipu
lados pelos proprietarios, que não serão constrangidos a ven
de-los debaixo de outras condições.
ART. XVIII.
Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal Ha
por bem conceder aos vassallos da Gran-Bretanha o privi
legio de serem assignantes para os direitos, que hão de pa
gar nas Alfandegas dos dominios de Sua Alteza Real, de
baixo das mesmas condições, e dando as mesmas seguran
ças que se exigem dos vassallos de Portugal. E por outra
parte conveiu-se e estipulou-se, que os vassallos da Corôa
de Portugal receberão, tanto quanto possa ser justo ou le
gal, o mesmo favor nas Alfandegas da Gran-Bretanha, que
se conceder aos vassallos naturaes de Sua Magestade Bri-
tannica.
ART. XIX.
Sua Magestade Britannica pela sua parte e em Seu pro
prio nome, e no de Seus herdeiros e successores, promette
e se obriga a que todos os generos, mercadorias e artigos
quaesquer da producção, manufactura, industria ou inven
ção dos dominios ou dos vassallos de Sua Alteza Real o
Principe Regente de Portugal, serão recebidos e admittidos
em todos e em cada um dos portos e dominios de Sua Ma
gestade Britannica, pagando geral e unicamente os mesmos
direitos, que pagam pelos mesmos artigos os vassallos da
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 377
lent invoice shall be paid by the party who presented it as 1810
just and fair.
ART. XVII.
It is agreed and convenanted, that articles of military
and naval stores brought into the ports of His Royal High
ness the Prince Regent of Portugal, which the Portuguese
Government may be desirous of taking for its own use, shall
be paid for without delay, at the prices appointed by the
proprietors, who shall not be compelled to sell such articles
on any other terms.
And it is further stipulated, that if the Portuguese Go
vernment shall take into its own care and custody any cargo,
or part of a cargo, with a view to purchase, or otherwise,
the said Portuguese Government shall be responsible for any
damage or injury that such cargo, or part of a cargo, may
receive while in the care and custody of the Officers of the
said Portuguese Government.
ART. XVIII.
His Royal Highness the Prince Regent of Portugal is
pleased to grant to the subjects of Great Britain the privi
lege of being assignanles for the duties to be paid in the
Custom-Houses of His Royal Highness's dominions, on the
same terms, and on giving the same securities as are re
quired from the subjects of Portugal. And it is on the other
hand stipulated and agreed, that the subjects of the Crown
of Portugal shall receive, as far as it may be just or legal,
the same favour in the Custom-Houses of Great Britain, as
is shewn to the natural subjects of His Britannic Majesty.
ART. XIX.
His Britannic Majesty does on His part and in His own
name, and in that of His heirs and successors, promise and
engage, that all goods, merchandizes and articles whatsoe
ver, of the produce, manufacture, industry or invention of
the dominions or subjects of His Royal Highness the Prince
Regent of Portugal, shall be received and admitted into all
and singular the ports and dominions of His Britannic
Majesty, on paying generally and only the same duties that
are paid upon similar articles by the subjects of the most
378 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1810 Nação mais favorecida. E fica expressamente declarado, que
Fevereiro ge se fizer alguma reducção de direitos exclusivamente em
favor dos generos e mercadorias Britannicas importadas nos
dominios de Sua Alteza Real o Principe Regente de Portu
gal, far-se-ha uma equivalente reducção sobre os generos e
mercadorias Portuguezas importadas nos dominios de Sua
Magestade Britannica, e vice-versa. Os artigos sobre que se
deverá fazer uma similhante equivalente reducção, serão de
terminados por um previo concerto e ajuste entre as duas
Altas Partes Contratantes.
Fica entendido, que qualquer similhante reducção assim
concedida por uma das Altas Partes á outra, o não será de
pois (excepto nos mesmos termos e com a mesma compen
sação) em favor de algum outro Estado ou Nação qualquer
que for. E esta declaração deve ser considerada como reci
proca da parte das duas Altas Partes Contratantes.
ART. XX.
Mas como ha alguns artigos da creação e producção do
Brazil, que são excluidos dos mercados e do consummo in
terior dos dominios Britannicos, taes como o assucar, café,
e outros artigos similhantes ao producto das Colonias Bri
tannicas; Sua Magestade Britannica, querendo favorecer e
proteger (quanto é possivel) o commercio dos vassallos de
Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal, consente
e permitte que os ditos artigos, assim como todos os outros
da creação e producção do Brazil, e de todas as outras par
tes dos dominios Portuguezes, possam ser recebidos e guar
dados em armazens em todos os portos dos Seus dominios,
que forem designados pela lei por «warehousing ports» para
similhantes artigos, a fim de serem re-exportados, debaixo
da devida regulação, isentos dos maiores direitos com que
seriam carregados se fossem destinados para o consummo
dentro dos dominios Britannicos, e somente sujeitos aos di
reitos reduzidos, e despezas de re-exportação e guarda nos
armazens.
ART. XXI.
Do mesmo modo, não obstante o geral privilegio de ad
missão concedido no decimo quinto Artigo do presente Tra
tado por Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 379
favoured Nation. And it is expressly declared, that if any isio
reduction of duties should take place exclusively in favour í^reiro
of British goods and merchandizes imported into the domi
nions of His Royal Highness the Prince Regent of Portugal,
an equivalent reduction shall take place on Portuguese goods
and merchandizes imported into His Britannic Majesty's do
minions, and vice-versa ; the articles upon which such equi
valent reduction is to take place, being settled by previous
concert and agreement between the two High Contracting
Parties.
It is understood, that any such reduction so granted by
either party to the other, shall not be granted afterwards,
(except upon the same terms and for the same compensa
tion) in favour of any other State or Nation whatsoever. And
this declaration is to be considered as reciprocal on the part
of the two High Contracting Parties.
ART. XX.
But as there are some articles of the growth and pro
duce of Brazil, which are excluded from the markets and
home consumption of the British dominions, such as sugar,
coffee, and other articles similar to the produce of the British
Colonies ; His Britannic Majesty, willing to favour and pro
tect (as much as possible) the commerce of the subjects of
His Royal Highness the Prince Regent of Portugal, consents
and permits that the said articles, as well as all others the
growth and produce of Brazil, and of all other parts of the
Portuguese dominions, may be received and warehoused in
all the ports of His dominions, which shall be by law appoin
ted to be warehousing ports for those articles, for the pur
pose of re-exportation, under due regulation, exempted from
the greater duties with which they would be charged were
they destined for consumption within the British dominions,
and liable only to reduced duties and expences on warehous
ing and re-exportation.
ART. XXI.
In like manner, notwithstanding the general privilege
of admission thus granted in the fifteenth Article of the
present Treaty by His Royal Highness the Prince Regent
380 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
a favor de todos os generos e mercadorias da producção e
manufactura dos dominios Britannicos; Sua Alteza Real o
Principe Regente de Portugal Se reserva o direito de impor
pesados e até prohibitivos direitos sobre todos os artigos
conhecidos pelo nome de generos das Indias Orientaes Bri-
tannicas, e de producções das Indias Occidentaes, taes como
o assucar e café, que não podem ser admittidos para o con-
summo nos dominios Portuguezes, por causa do mesmo
principio de policia colonial, que impede a livre admissão
nos dominios Britannicos de correspondentes artigos da
producção do Brazil.
Porém Sua Alteza Real o Principe Regente de Portu
gal consente que todos os portos dos Seus dominios, onde
haja ou possam haver Alfandegas, sejam portos francos para
a recepção e admissão dos artigos quaesquer da producção
ou manufactura dos dominios Britannicos, não destinados
para o consummo do logar em que possam ser recebidos
ou admittidos, mas para serem re-exportados, tanto para
outros portos dos dominios de Portugal, como para os de
outros Estados. E os artigos assim admittidos e recebidos,
sujeitos ás devidas regulações, serão isentos dos direitos
maiores, com que haveriam de ser carregados, se fossem
destinados para o consummo do logar em que possam ser
descarregados ou depositados em armazens, e obrigados so
mente ás mesmas despezas, que houverem de ser pagas pelos
artigos da producção do Brazil, recebidos e depositados em
armazens para a re-exportação nos portos dos dominios de
Sua Mageslade Britannica.
ART. XXII.
Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal, a tím
de facilitar e animar o legitimo commercio, não somente dos
vassallos da Gran-Bretanha, mas tambem dos de Portugal,
com outros estados adjacentes aos Seus proprios dominios;
e tambem com vistas de augmentar e segurar aquella [«arte
de Sua propria renda que é derivada da percepção dos di
reitos de porto franco sobre as mercadorias, Ha por bem
declarar o Porto de Santa Catharina por porto franco, con
forme os termos mencionados no precedente Artigo do pre
sente Tratado.
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D.JOÃO. 381
of Portugal, in favour of all goods and merchandizes, the 1810
produce and manufacture of the British dominions; His FeT«feiro
Royal Highness reserves to Himself the right of imposing
heavy and even prohibitory duties on all articles known by
the name of British East Indian goods and West Indian
produce, such as sugar and coffee, which cannot be admit
ted for consumption in the Portuguese dominions, by rea
son of the same principle of colonial policy which prevents
the free admission into the British dominions of correspond
ing articles of Brazilian produce.
ART. XXII.
His Royal Highness the Prince Regent of Portugal, in
order to facilitate and encourage the legitimate commerce,
not only of the subjects of Great Britain, but also of those
of Portugal, with other States adjacent to His own domi
nions, and with a view also to augment and secure that part
of His own revenue which is derived from the collection of
warehousing duties upon merchandize, is pleased to declare
the Port of Saint Catherine to be a free port, according to
the terms mentioned in the preceding Article of the present.
Treaty.
382 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1810 ART. XXIII.
Fevereiro gua Alteza Real o Principe Regente de Portugal, dese
jando estabelecer o systema de commercio, annunciado pelo
presente Tratado, sobre as bases as mais extensas, Ha por
bem aproveitar a opportunidade que elle lhe efferece de pu
blicar a determinação anteriormente concebida no Seu Real
entendimento de fazer Goa porto franco, e de permittir n'a-
quella Cidade e suas dependencias a livre tolerancia de todas
e quaesquer seitas religiosas.
ART. XXIV.
Todo o commercio com as possessões Portuguezas si
tuadas sobre a costa oriental do continente de Africa (em
artigos não incluidos nos contratos exclusivos possuidos pela
Corôa de Portugal) que possa ter sido anteriormente per-
mittido aos vassallos da Gran-Bretanha, lhes é confirmado
e assegurado agora e para sempre do mesmo modo que o
commercio, que tinha até aqui sido permittido aos vassallos
Portuguezes nos portos e mares da Asia, lhes é confirmado
e assegurado em virtude do sexto Artigo do presente Tra
tado.
ART. XXV.
Porém em ordem a dar o devido effeito ao systema de
perfeita reciprocidade, que as duas Altas Partes Contratan
tes desejam estabelecer por base das suas mutuas relações,
Sua Magestade Britannica consente em ceder do direito de
crear feitorias ou corporações de negociantes Britannicos,
debaixo de qualquer nome ou descripção que for, nos do
minios de Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal,
comtanto porém que esta condescendencia com os desejos
de Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal não prive
os vassallos de Sua Magestade Britannica, residentes nos do
minios de Portugal, de gosarem plenamente, como indivi
duos commerciantes, de todos aquelles direitos e privilegios
que possuiam ou podiam possuir como membros de corpo
rações commerciaes; e igualmente que o trafico e o commer
cio feito pelos vassallos Britannicos não será restringido,
embaraçado ou de outro modo affectado por alguma com
panhia commercial, qualquer que seja, que possua privilégios
e favores exclusivos nos dominios de Portugal. E Sua Alteza
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 383
ART. XXIII.
His Royal Highness the Prince Regent of Portugal being
desirous to place the system of commerce announced by the
present Treaty, upon the most extensive basis, is pleased to
take the opportunity afforded by it, of publishing the de
termination preconceived in His Royal Highness's mind of
rendering Goa a free port, and of permitting the free tole
ration of all religious sects whatever in that City and in its
dependencies.
«•
ART. XXIV. -
All trade with the Portuguese possessions situated upon
the eastern coast of the continent of Africa (in articles not
included in the exclusive contracts possessed by the Crown
of Portugal) which may have been formerly allowed to the
subjects of Great Britain, is confirmed and secured to them
now, and for ever, in the same manner as the trade which
has hitherto been permitted to Portuguese subjects in the
ports and seas of Asia, is confirmed and secured to them
by virtue of the sixth Article of the present Treaty.
ART. XXV.
But in order to give due effect to that system of perfect
reciprocity, which the two High Contracting Parties are
willing to establish as the basis of their mutual relations,
His Britannic Majesty consents to wave the right of creat
ing factories, or incorporated bodies of British merchants,
under any name or description wathsoever, within the do
minions of His Royal Highness the Prince Regent of Portu
gal. Provided however that this concession in favour of the
wishes of His Royal Highness the Prince Regent of Portu
gal shall not deprive the subjects of His Britannic Majesty,
residing within the dominions of Portugal, of the full enjoy
ment, as individuals engaged in commerce, of any of those
rights and privileges which they did, or might possess, as
members of incorporated commercial bodies; and also that
the commerce and trade, carried on by British subjects shall
not be restricted, annoyed, or otherwise affected by any
commercial company whatever, possessing exclusive privile
ges and favours within the dominions of Portugal. And His
384- REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
Real o Principe Regente de Portugal tambem se obriga a
não consentir nem permittir que alguma outra NaçSo pos
sua feitorias ou corporações de negociantes nos Seus domi
nios, emquanto se não estabelecerem n'elles feitorias Britan-
nicas.
ART. XXVI.
As duas Altas Partes Contratantes convêem em que Elias
procederão logo á revisão de todos os outros antigos Tra
tados subsistentes entre as duas Corôas, a fim de determi
narem quaes das estipulações, das que elles contêem, devem
ser continuadas ou renovadas no presente estado de cousas.
ART. XXVIII.
Debaixo da denominação de contrabando ou artigos pro-
hibidos se comprehenderão não sómente armas, peças de
artilheria, arcabuzes, morteiros, petardos, bombas, grana
das, salchichas, carcassas, carretas de peças, arrimos de mos
quetes, bandoleiras, polvora, mechas, salitre, balas, piques,
espadas, capacetes, elmos, couraças, alabardas, azagayas, col
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 385
Royal Highness the Prince Regent of Portugal does also en
gage, that He will not consent nor permit that any other Na
tion or State shall possess factories or incorporated bodies
of merchants within His dominions, so long as British fa
ctories shall not be established therein.
ART. XXVI.
The two High Contracting Parties agree, that They will
forthwith proceed to the revision of all other former Trea
ties subsisting between the two Crowns, for the purpose
of ascertaining what stipulations contained in them are, in
the present state of affairs, proper to be continued or re
newed.
It is agreed and declared, that the stipulations contained
in former Treaties concerning the admission of the wines of
Portugal on the one hand, and the woollen cloths of Great
Britain on the other, shall at present remain unaltered. In
the same manner it is agreed, that the favours, privileges
and immunities granted by either Contracting Party to the
subjects of the other, whether by Treaty, Decree, or Alvará,
shall remain unaltered, except the power granted by for
mer Treaties, of carrying in the ships of either Country goods
and merchandizes of any description whatever, the property
of the euemies of the other Country, which power is now
mutually and publiokly renounced and abrogated.
ART. XXVII.
The reciprocal liberty of commerce and navigation, de
clared and announced by the present Treaty, shall be con
sidered to extend to all goods and merchandizes whatso
ever, except those articles the property of the enemies of
either Power, or contraband of vvar.
ART. XXVIII.
Under the name of contraband or prohibited articles,
shall be comprehended not only arms, cannon, harquebus-
ses, mortars, petards, bombs, grenades, saucisses, carcasses,
carriages for cannon, musket-rests, bandoliers, gunpowder,
match, saltpetre, ball, pikes, swords, head-pieces, helmets,
cuirasses, halberds, javelins, holsters, belts, horses and their
TOM. IV. 25
386 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1810 dres, boldriés, cavallos e arreios; mas tambem em geral todos
Fevereiro os outros artigos que possam ter sido especificados como
contrabando em quaesquer precedentes Tratados concluidos
por Portugal ou Gran-Bretanha com outras Potencias. Po
rém generos que não tenham sido fabricados em fórma de
instrumentos de guerra, ou que não possam vir a sè-lo, não
serão reputados de contrabando, e muito menos aquelles que
já estão fabricados e destinados para outros fins, os quaes
todos não serão julgados de contrabando e poderão ser leva
dos livremente pelos vassallos de ambos os Soberanos mesmo
a logares pertencentes a um inimigo, á excepção sómente
d'aquelles logares que estão sitiados, bloqueados ou investi
dos por mar ou por terra.
ART. XXIX.
No caso que algumas embarcações ou navios de guerra
ou mercantes venham a naufragar nas costas dos dominios
de qualquer das Altas Partes Contratantes, todas as porções
das referidas embarcações ou navios, ou da armação e per
tences das mesmas, assim como dos generos e fazendas que
se salvarem, ou o producto d'ellas, serão fielmente restitui
dos logo que' seus donos ou seus procuradores legalmente
auctorisados os reclamarem, pagando sómente as despezas
feitas na arrecadação dos mesmos generos, conforme o di
reito de salvação ajustado entre ambas as Altas Partes; ex
ceptuando ao mesmo tempo os direitos e costumes de cada
Nação, de cuja abolição ou modificação se tratará comtudo,
no caso de serem contrarios ás estipulações do presente Ar
tigo; e as Altas Partes Contratantes interporão mutuamente
a Sua auctoridade para que sejam punidos severamente aquel
les dos Seus vassallos que se aproveitarem de similhantes
desgraças.
ART. XXX.
Conveiu-se mais para maior segurança e liberdade do
commercio e da navegação, que tanto Sua Alteza Real o
Principe Regente de Portugal, como Sua Magestade Bri-
tannica, não só recusarão receber quaesquer piratas ou la
drões do mar em qualquer dos Seus portos, surgidouros,
cidades e villas, ou permittir que alguns dos Seus vassallos,
cidadãos ou habitantes os recebam ou protejam nos Seus por
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 387
harness, but generally all oilier articles that may have been ism
specified as contraband in any former Treaties concluded by F^reiro
Portugal or by Great Britain with other Powers. But goods
which have not been wrought into the form of warlike instru
ments, or which cannot become such, shall not be reputed
contraband, much less such as have been already wrought
and made up for other purposes, all which shall be deemed
not contraband, and may be freely carried by the subjects
of both Sovereigns even to places belonging to an enemy,
excepting only such places as are besieged, blockaded, or
invested by sea or land.
ART. XXIX.
In case any ships or vessels of war, or merchantmen,
should be shipwrecked on the coasts of either of the High
Contracting Parties, all such parts of the said ships or ves
sels, or of the furniture or appurtenances thereof, as also of
goods and merchandizes as shall be saved, or the produce
thereof, shall be faithfully restored upon the same being
claimed by the proprietors or their factors duly authorized,
paying only the expenses incurred in the preservation the
reof, according to the rate of salvage settled on both sides
(saving at the same time the rights and customs of each Na
tion, the abolition or modification of which shall however
be treated upon in the cases where they shall be contrary
to the stipulations of the present Article) ; and the High Con
tracting Parties will mutually interpose Their authoritv, that
such of Their subjects, as shall take advantage of any such
misfortunes, may be severely punished.
ART. XXX.
And, for the greater security and liberty of commerce
and navigation, it is further agreed, that both His Royal
Highness the Prince Regent of Portugal and His Britannic
Majesty shall not only refuse to receive any pirates or sea-
rovers whatsoever into any of Their havens, ports, cities or
towns, or permit any of Their subjects, citizens or inhabi
tants, on either part, to receive or protect them in Their
388 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1810 tos, os agasalhem nas suas casas, ou lhes assistam de alguma
Fevereiro maneira; mas tambem mandarão que esses piratas e ladrões
do mar, e as pessoas que os receberem, acoutarem ou aju
darem, sejam castigadas convenientemente para terror e
exemplo dos outros. E todos os seus navios, com os gene
ros e mercadorias que tiverem tomado e trazido aos portos
pertencentes a qualquer das Altas Partes Contratantes, serão
apresados onde forem descobertos, e serão restituidos aos
donos, ou a seus procuradores devidamente auctorisados ou
delegados por elles por escripto; provando-se primeiramente
e com evidencia a identidade da propriedade, mesmo no caso
que similhantes generos tenham passado a outras mãos por
meio de venda, uma vez que se souber que os compradores
sabiam ou podiam ter sabido que taes generos foram toma
dos piraticamente.
ART. XXXI.
Para a segurança futura do commercio e amizade entre
os vassallos de Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal
e Sua Magestade Britannica, e a fim de que esta mutua boa
intelligencia possa ser preservada de toda a interrupção e dis
turbio, conveiu-se e ajustou-se, que se em algum tempo se
suscitar qualquer desintelligencia, quebrantamento de ami
zade ou rompimento entre as Coroas das Altas Partes Con
tratante, o que Deus não permitta (o qual rompimento só
se julgará existir depois do chamamento ou despedida dos
respectivos Embaixadores e Ministros), os vassallos de cada
uma das duas Partes, residentes nos dominios da outra, te
rão o privilegio de ficar e continuar n'elles o seu commer
cio sem interrupção alguma, emquanto se conduzirem pa
cificamente, e não commetterem offensa contra as leis e or
denações; c no caso que a sua conducta os faça suspeitos,
e os respectivos Governos sejam obrigados a manda-los sair,
se lhes concederá o termo de um anno para esse fim, em or
dem a que elles se possam retirar com os seus effeitos e
propriedades, quer estejam confiadas a individuos particu
lares, quer ao Estado.
ART. XXXI.
For the future security of commerce and friendship
between the subjets of His Royal Highness the Prince
Regent of Portugal and His Britannic Majesty, and to the
end that their mutual goods understanding may be preserved
from all interruption and disturbance, it is concluded and
agreed, that if at any time there should arise any dis
agreement, breach of friendship, or rupture between the
Crowns of the High Contracting Parties, which God for
bid (which rupture shall not be deemed to exist until the
recalling or sending home of the respective Ambassadors
and Ministers), the subjects of each of the two Parlies, re
siding in the dominions of the other, shall have the pri
vilege of remaining and continuing their trade therein,
without any manner of interruption, so long as they behave
peaceably, and commit no offence against the laws and or
dinances; and in case their conduct should render them
suspected, and the respective Governments should be obli
ged to order them to remove, the term of twelve months
shall be allowed them for that purpose, in order that they
may retire with their effects and property, whether en
trusted to individuals, or to the State.
At the same time it is to be understood, that this favour
is not to be extended to those who shall act in any manner
contrary to the established laws.
390 REINADO DA SENHORA D. MARIA 1.
ART. XXXII.
1810 Concordou-se e foi estipulado pelas Altas Partes Con
Fevereiro tratantes, que o presente Tratado será illimitado emquanto
19
á sua duração, que as obrigações e condições expressadas e
conteudas nelle serão perpetuas e immutaveis, e que não
serão mudadas ou alteradas de modo algum, no caso que
Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal, Seus her
deiros ou successores, tornem a estabelecer a séde da Mo-
narchia Portugueza nos dominios europeus d'esta Corôa.
ART. XXXIII.
Porém as duas Altas Parles Contratantes se reservam
o direito de juntamente examinarem e reverem os differen-
tes Artigos d'este Tratado no fim do termo de quinze an-
nos contados da data da troca das ratificações (i) do mesmo
e de então proporem, discutirem e fazerem aquellas emen
das ou addições que os verdadeiros interesses dos Seus res
pectivos vassallos possam parecer requerer.
Fica porém entendido que qualquer estipulação, que no
periodo da revisão do Tratado for objectada por qualquer
das Altas Partes Contratantes, será considerada como sus
pendida no seu effeito, até que a discussão relativa a esta
estipulação seja terminada, fazendo-sc previamente saber á
outra Alta Parte Contratante a intentada suspensão de tal
estipulação, a fim de evitar a mutua desconveniencia.
ART. XXXIV.
As differentes estipulações e condições do presente Tra
tado principiarão a ter effeito desde a data da sua ratifica
ção por Sua Magestade Britannica, e a mutua troca das ra
tificações se fará na Cidade de Londres, dentro do espaço
de quatro mezes, ou mais breve se for possivel, contados do
dia da assignatura do presente Tratado.
Em testemunho do que nós, abaixo assignados, Pleni
potenciarios de Sua Alteza Real o Principe Regente de Por
tugal e de Sua Magestade Britannica, em virtude dos nos
sos respectivos plenos poderes, assignámos o presente Tra
tado com nossos punhos, e lhe fizemos pôr o sèllo das nos
sas armas.
(1) Foram trocadas em Londres, a 19 de Junho de 1810.
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 391
ART. XXXII.
It is agreed and stipulated by the High Contracting Par- tut
ties, that the present Treaty shall be unlimited in point of FeTJgei'
duration, that the obligations and conditions expressed or
implied in it shall be perpetual and immutable, and that
they shall not be changed or affected in any manner, in case
His Royal Highness the Prince Regent of Portugal, His
heirs or successors, should again establish the seat of the
Portuguese Monarchy within the european dominions of
that Crown.
ART. XXXIII.
But the two High Contracting Parties do reserve to
themselves the right of jointly examining and revising the
several Articles of this Treaty at the expiration of fifteen years,
counted in the first instance from the date of the exchange
of the ratifications thereof, and of then proposing, discuss
ing and making such amendments or additions, as the real
interests of Their respective subjects may seem to require.
It being understood that any stipulation, which at the pe
riod of revision of the Treaty sail be objected to by either
of the High Contracting Parties, shall be considered as sus
pended in its operation until the discussion concerning that
stipulation shall be terminated, due notice being previously
given to the other Contracting Parties of the intended sus
pension of such stipulation, for the purpose of avoiding mu
tual inconvenience.
ART. xxxiv.
The several stipulations and conditions of the present
Treaty shall begin to have effect from the date of His Bri
tannic Majesty's ratification thereof, and the mutual ex
change of ratifications shall take place in the City of Lon
don, within the Space of four months, or sooner if possi
ble, to be computed from the day of the signature of the
present Treaty.
In witness whereof, we the undersigned, Plenipotentia
ries of His Royal Highness the Prince Regent of Portugal
and of His Britannic Majesty, in virtue of our respective
full powers, have signed the present Treaty with our hands,
and have caused the seals of our arms to be set thereto.
392 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1810 Feito na Cidade do Rio de Janeiro, aos 19 de Fevereiro
;v*geiro no anno de Nosso Senhor Jesu Christo de 1810.
Conde de Linhares.
(L. S.)
Declaração. (i)
Strangford.
(L. S.)
i
Declaration.
Wellesley.
Ao Cavalheiro de Sousa Coutinho,
etc. etc. etc.
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 39 5
The undersigned requests the Chevalier de Sousa to ísio
accept the assurances of his high consideration. Feweii
Wellesley.
The Chevalier de Sousa Coutinho,
etc. etc. etc.
TRATADO DE ALLIANÇA E AMIZADE ENTRE O PRINCIPE REGENTE
ASSIGNADO NO RIO DE JANEIRO EM 19 DE FEVEREIRO DE
MEZ, E PELA DA GRAN-BRETANHA EM 18 DE JUNHO DO
de Janeiro de 1815.
398 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
Christo, Gran-Cruz das Ordens de S. Bento de Aviz e da
Torre e Espada, Conselheiro d'Estado, Ministro e Secretario
d'Estado dos Negocios Estrangeiros e da Guerra; e Sua
Magestade Britannica, ao muito Illustre e muito Excellente
Senhor Percy Clinton Sydney, Lord Visconde e Barão de
Strangford, Conselheiro de Sua dita Magestade, do Seu
Conselho Privado, Cavalleiro da Ordem Militar do Banho,
e Gran-Cruz da Ordem Portugueza da Torre e Espada, e
Enviado Extraordinario e Ministro Plenipotenciario junto
da Côrte de Portugal ; os quaes, tendo devidamente trocado
os seus respectivos plenos poderes, convieram nos seguintes
Artigos.
ART. 1.
Haverá uma perpetua, firme e inalteravel amizade, al-
liança defensiva e estricta e inviolavel união entre Sua Alteza
Real o Príncipe Regente de Portugal, Seus herdeiros e suc-
cessores, de uma parle, e Sua Magestade El-Rei do Reino
Unido da Gran-Bretanha e Irlanda, Seus herdeiros e suc-
cessores, de outra parte, e bem assim entre Seus respectivos
Reinos, Dominios, Provincias, Paizes eVassallos; assim como
que as Altas Partes Contratantes empregarão constantemente
não só a Sua mais seria attenção, mas tambem todos aquel-
les meios, que a Omnipotente Providencia tem posto em Seu
poder, para conservar a tranquillidade e segurança publica,
e para sustentar os Seus interesses communs e Sua mutua
defeza e garantia contra qualquer ataque hostil; tudo em
conformidade dos Tratados já subsistentes entre as Altas
Partes Contratantes, as estipulações dos quaes, na parte que
diz respeito á alliança e amizade, ficarão em inteira força e
vigor, e serão julgadas renovadas pelo presente Tratado na
sua mais ampla interpretação e extensão.
ART. II.
Em consequencia da obrigação contratada pelo prece
dente Artigo, as duas Altas Partes Contratantes obrarão sem
pre de commum accordo para conservação da paz e tran
quillidade, e no caso que alguma d'EUas seja ameaçada de
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 399
Count of Linhares, Lord of Payalvo, Commander of the Or
der of Christ, Grand Cross of the Order of Saint Bento, and
of the Order of the Tower and Sword, One of His Royal
Highness's Council of State, and His Principal Secretary of
State for the Departments of Foreign Affairs and War; and
His Britannic Majesty, the most Illustrious and most Excel
lent Lord Percy Clinton Sydney, Lord Viscount and Baron
of Strangford, One of His Majesty's most Honourable Privy
Council, Knight of the Military Order of the Bath, Grand
Cross of the Portuguese Order of the Tower and Sword,
and His Majesty's Envoy Extraordinary and Minister Pleni
potentiary at the Court of Portugal; who, after having duly
exchanged their respective full powers, have agreed upon
the following Articles.
ART. I.
There shall be a perpetual, firm and unalterable friend
ship, defensive alliance and strict and inviolable union be-
twen His Royal Highness the Prince Regent of Portugal,
His heirs and successors, on the one part, and His Majesty
the King of the United Kingdom of Great Britain and Ire
land, His heirs and successors, on the other part; as also
between and amongst Their respective Kingdoms, Domi
nions, Provinces, Countries and Subjects ; so that the High
Contracting Parties shall constantly employ, as well Their
utmost attention, as all those means which Almighty Pro
vidence has put in Their power, for preserving the public
tranquillity and security, for maintaining Their common
interests, and for Their mutual defence and guarantee against
every hostile attack, the whole in conformity to the Treaties
already subsisting between the High Contracting Parties,
the stipulations of which, so far as the points of alliance
and friendship are concerned, shall remain in entire force
and vigour, and shall be deemed to be renewed by the pre
sent Treaty in their fullest interpretation and extent.
ART. II.
In consequence of the engagement contracted by the
preceding Article, the two High Contracting Parties shall
always act in concert for the maintenance of peace and tran
quillity, and in case that either of Them should be threate
400 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1810 um ataque hostil por qualquer Potencia, a outra empregará
jvereiro os mais egicazes e effectivos bons officios, tanto para pro
curar prevenir as hostilidades, como para obter justa e com
pleta satisfação em favor da parte offendida.
ART. III.
Em conformidade d'esta declaração, Sua Magestade Bri-
tannica convem em renovar e confirmar, e por este renova
e confirma, a Sua Alteza Real o Principe Regente de Por
tugal, a obrigação conteuda no sexto Artigo da Convenção
assignada em Londres pelos Seus respectivos Plenipoten
ciarios, aos. vinte c dois dias do mez de Outubro de mil
oitocentos e sete, o qual Artigo vae aqui transcripto com a
omissão somente das palavras «previamente á Sua partida
para o Brazil » as quaes palavras seguiam immediatamente
as palavras « que Sua Alteza Real possa estabelecer em Por
tugal. »
« Estabelecendo-se no Brazil a séde da Monarchia Por-
(itugueza, Sua Magestade Britannica promette no Seu pro-
« prio nome, e no de Seus herdeiros e successores, de jamais
«reconhecer como Rei de Portugal outro algum Principe,
«que não. seja o herdeiro e legitimo representante da Real
«Casa de Bragança; e Sua Magestade lambem Se obriga a
«renovar e manter com a Regencia (que Sua Alteza Real
«possa estabelecer em Portugal) as relações de amizade que
« ha tanto tempo têem unido as Coroas da Gran-Bretanha e
« de Portugal. »
E as duas Altas Partes Contratantes igualmente reno
vam e confirmam os Artigos addicionaes, relativos á Ilha
da Madeira, assignados em Londres no dia dezeseis de Março
de mil oitocentos e oito, e se obrigam a executar fielmente
aquelles de entre elles que ficam para serem executados.
ART. IV.
Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal renova
e confirma a Sua Magestade Britannica o ajuste que se fez
no Seu Real nome, de inteirar todas e cada uma das per
das e defalcações de propriedade soffridas pelos vassallos de
Sua Magestade Britannica, em consequencia das differentes
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 401
ned with a hostile attack by any Power whatever, the other
shall employ its most earnest and effectual good offices,
either for preventing hostilities, or for procuring just and
complete satisfaction to the injured party.
ART. HI.
In conformity with this declaration, His Britannic Ma
jesty agrees to renew and confirm, and does hereby renew
and confirm, to His Royal Highness the Prince Regent of
Portugal, the engagement contained in the sixth Article of
the Convention signed by Their respective Plenipotentiaries
in London, on the twenty second day of October, one thou
sand eight hundred and seven, which Article is hereunto
subjoined, with the omission only of the words « previously
to His departure for Brazil » which words immediately
followed the words « which His Royal Highness may esta
blish in Portugal. »
«The seat of the Portuguese Monarchy being establish-
«ed in Brazil, His Britannic Majesty promises in His own
«name, and in that of His heirs and successors, never to
« acknowledge as King of Portugal, any Prince, other than
«the heir and legitimate representative of the Royal House
«of Braganza; and His Majesty also engages to renew and
« maintain with the Regency (which His Royal Highness
«may establish in Portugal) the relations of friendship which
«have so long united the Crowns of Great Britain and Por-
« tugal. »
And the two High Contracting Parties do also renew
and confirm the additional Articles relating to the Island
of Madeira, signed in London on the sixteenth day of March,
one thousand eight hundred and eight, and engage faith
fully to execute such of them as remain to be executed.
ART. IV.
His Royal Highness the Prince Regent of Portugal re
news and confirms to His Britannic Majesty the engage
ment which has been made in His Royal name, to make
good all and several the losses and defalcations of property
sustained by the subjects of His Britannic Majesty, in con
sequence of the various measures which the Court of Por-
VOL. IT. 26
402 KEINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1810 medidas que a Corte de Portugal foi constrangida a tomar
Fevereiro no mez Novembro de mil oitocentos e sete. Este Artigo
devera ter o seu completo effeito, o mais breve que for pos
sivel, depois da troca das ratificações do presente Tratado.
ART. V.
Conveiu-se, que no caso de constar que tanto o Governo
Portuguez, como os vassallos de Sua Alteza Real o Príncipe
Regente de Portugal, soffreram algumas perdas ou prejui-
zos em materia de propriedade, em consequencia do estado
dos negocios publicos no tempo da amigavel occupação de
Goa pelas tropas de Sua Magestade Britannica, as ditas per
das e prejuizos serão devidamente examinadas, e que ha
vendo a devida prova, ellas serão indemnisadas pelo Go
verno Britannico.
ART. VI.
Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal, con
servando grata lembrança do serviço e assistencia que a Sua
Corôa e Familia receberam da Marinha Real de Inglaterra;
e estando convencido que tem sido pelos poderosos esforços
d'aquella Marinha, em apoio dos direitos e independencia da
Europa, que até aqui se tem opposto a barreira mais efficaz
á ambição e injustiça de outros Estados; e desejando dar uma
prova de confiança e de perfeita amisade ao Seu verdadeiro e
antigo Alliado El-Rei do Reino Unido da Gran-Bretanha e
Irlanda, Ha por bem conceder a Sua Magestade Britannica o
privilegio de fazer comprar e cortar madeiras para construc-
ção de navios de guerra nos bosques, florestas e matas do
Brazil (exceptuando nas florestas Reaes, que são designadas
para uso da Marinha Portugueza), juntamente com permis
são de poder fazer construir, prover ou reparar navios de
guerra nos portos e bahias d'aquelle Imperio; fazendo de
cada vez (por formalidade) uma previa representação à Córte
de Portugal, que nomeará immediatamente um Official da
Marinha Real para assistir e vigiar n'estas occasiões. E ex
pressamente se declara e promette que estes privilegios não
serão concedidos a outra alguma Nação ou Estado, seja qual
for.
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 403
tugal was unwillingly obliged to take in the month of No- 1810
vemher, one thousand eight hundred and seven. And this Fev*Jjei
Article is to be carrried into full effect, as soon as possible,
after the exchange of the ratifications of the present Treaty.
ART. V.
It is agreed, that in case it should appear that any los
ses or injuries in point of property have been sustained,
either by the Portuguese Government, or by the subjects
of His Royal Highness the Prince Regent of Portugal, in
consequence of the state of public affairs at the time of the
amicable occupation of Goa by the troops of His Britannic
Majesty, the said losses and injuries shall be duly investi
gated, and that upon due proof thereof they shall be made
good by the British Government.
ART. VI.
His Royal Highness the Prince Regent of Portugal pre
serving a grateful remembrance of the service and assistan
ce, which His Crown and Family have received from the
Royal Navy of England, being convinced that it has been
by the powerful exertions of that Navy in support of the
rights and independence of Europe, that the most effectual
barrier has hitherto been opposed to the ambition and in
justice of other States; and desiring to give a proof of con
fidence and perfect friendship to His true and ancient Ally
the King of the United Kingdom of Great Britain and Ire
land, is pleased to grant to His Britannic Majesty the pri
vilege of causing timber for the purpose of building ships
of war, to be purchased and cut down in the woods, fo
rests and chases of Brazil, (excepting in the Royal forests
which are appointed for the use of the Portuguese Navy)
together with permission to cause ships of war to be built,
equipped or repaired within the ports and harbours of that
Empire, a previous application and notice being made in
each instance (for form's sake) lo the Court of Portugal,
which shall immediately appoint an Officer of the Royal
Navy to assist and attend upon these occasions. And it is
expressly declared and promised that these privileges shall
not be granted to any other Nation or State whatsoever.
404 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
ART. VII.
Estipulou-se o ajusíou-se pelo presente Tratado, que se
uma esquadra ou uma porção de navios de guerra houver
em algum tempo de ser mandada por uma das Altas Partes
Contraiamos em soccorro e ajuda da outra, a parte que re
ceber o soccorro e ajuda fornecerá á sua propria custa a re
ferida esquadra ou navios de guerra (emquanto elles estive
rem actualmente empregados em seu beneficio, protecção
ou serviço) com carne fresca, vegelaes e lenha, na mesma
proporção em que taes artigos costumam ser fornecidos aos
Seus proprios navios pela parte que presta o soccorro e ajuda.
E deckua-se que este ajuste será reciprocamente obrigatorio
para cada uma das Alias Parles Contratantes.
AltT. VIII.
Postoque haja sido estipulado por antigos Tratados entre
Portugal o a Gran-Bretanha, que em tempo de paz não ex-
cedci ão ao numero de seis os navios de guerra da ultima Po
tencia que poderão ser admittidos a um mesmo tempo em
qualquer porto pertencente á outra, Sua Alteza Kcal o Prin
cipe Regente de Portugal, confiando na lealdade e perma
nencia de Sua alliança com Sua Magestade Britannica, Ha por
bem abrogar c annullar inteiramente esla restricção, o decla
rar que d'aqui em diante qualquer numero de navios perten
centes a Sua Magestade Britannica possa ser admittido a um
mesmo tempo em qualquer porto pertencente a Sua Alteza
Real o Principe Regente de Portugal. E demais eslipulou-se
que este privilegio não será concedido a outra alguma Nação
ou Eslado qualquer que seja, tanto em compensação de qual
quer outro equivalente, como em virtude de algum subse
quente Tratado ou Convenção, sendo somente fundado sobre
o principio da amisade sem exemplo e confidencia que tem
subsistido por tantos seculos entre as Coroas de Portugal
e da Gran-Bretanha. E demais conveiu-se e estipulou-se
que os transportes propriamente taes bonu fide, e actual
mente empregados em serviço das Altas Partes Con tratantes,
serão tratados dentro dos portos de qualquer d'ellas do mes
mo modo como se fossem navios de guerra.
Sua Magestade Britannica igualmente convem em per-
mittir da Sua parte, que qualquer numero de navios per
REGÊNCI A DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 405
ART. VII. 1810
It is stipulated and agreed by the present Treaty, that FeTereiro
if at any time a squadron or number of ships of war should
be sent by either of the High Contracting Parties for the
succour and assistance of the other, the party receiving the
succour and assistance shall, at its own proper charge and
expence, furnish the said squadron or ships of war (so long
as they may be actually employed for its benefit, protection
or service), with the articles of fresh beef, vegetables and
fuel, in the same proportion in which those articles are
usually supplied to its own ships of war by the party so
granting the succour and assistance. And this agreement is
declared to be reciprocally binding on each of the High
Contracting Parties.
ART. VIII.
Whereas it is stipulated by former Treaties between
Portugal and Great Britain, that in times of peace the ships
of war of the former Power, that may be admitted at any
one time into any port belonging to the other, shall not
exceed the number of six, His Royal Highness the Prince
Regent of Portugal, confiding in the faith and permanency
of His alliance with His Britannic Majesty, is pleased to
abrogate and annul this restriction altogether, and to de
clare, that henceforward, any number of ships whatever,
belonging to His Britannic Majesty, may be admitted at
one time into any port belonging to His Royal Highness
the Prince Regent of Portugal. And it is further stipulated,
that this privilege shall not be granted to any other Nation
or State whatever, whether in return for any other equi
valent, or in virtue of any subsequent Treaty or Agreement,
it being solely founded upon the principles of unexampled
amity and confidence, which have during so many ages
subsisted between the Crowns of Portugal and Great Bri
tain. And it is further agreed and stipulated, that transports
bond fide such, and actually employed on the service of
either of the High Contracting Parties, shall be treated
within the ports of the other on the same footing as if
they were ships of war.
His Britannic Majesty does also agree on His part to
permit any number of ships belonging to His Royal High
406 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1810 tencentes a Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal
:Tj jeiro possa ser admittido a um mesmo tempo em qualquer porto
dos dominios de Sua Magestade Britannica, e ali receber
soccorro e assistencia, se lhe for necessario, e que alem
d isso será tratado como os navios da Nação mais favore
cida; sendo esta obrigação igualmente reciproca entre as
duas Altas Partes Contratantes.
ART. X.
Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal, es
tando plenamente convencido da injustiça e má politica do
commercio de escravos, e da grande desvantagem que nasce
da necessidade de introduzir e continuamente renovar uma
estranha e facticia população para entreter o trabalho e in-
ART. IX.
The Inquisition or Tribunal of the Holy Office, not hav
ing been hitherto established or recognized in Brazil, His
Royal Highness the Prince Regent of Portugal, guided by
an enlightened and liberal policy, takes the opportunity
afforded by the present Treaty, to declare spontaneously
in His own name, and in that of His heirs and successors,
that the Inquisition shall never hereafter be established in
the South American dominions of the Crown of Portugal.
And His Britannic Majesty, in consequence of this de
claration on the part of His Royal Highness the Prince
Regent of Portugal, does on His part engage and declare
that the Article v of the Treaty of 1654, in virtue of which
certain exemptions from the authority of the Inquisition are
exclusively granted to British subjects, shall be considered
as null and having no effect in the South American domi
nions of the Crown of Portugal. And His Britannic Majesty
consents that this abrogation of the Article v of the Treaty
of 1654 shall also extend to Portugal, upon the abolition
of the Inquisition in that country, by the command of His
Royal Highness the Prince Regent, and generally to all other
parts of His Royal Highness' s dominions, where He may
hereafter abolish that Tribunal.
ART. X.
His Royal Highness the Prince Regent of Portugal,
being fully convinced of the injustice and impolicy of the
slave trade, and of the great disadvantages which arise from
the necessity of introducing and continually renewing a fo
reign and factitious population for the purpose of labour
and industry within His South American dominions, has re
solved to cooperate with His Britannic Majesty in the cause
408 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1810 dustria nos Seus dominios do Sul da América, tem resol-
Fevereiro yi^0 cooperar com Sua Magestade Britannica na causa
da humanidade e justiça, adoptando os mais efBcazes meios
para conseguir em toda a extensão, dos Seus dominios uma
gradual abolição do commercio de escravos. E movido por
este principio, Sua Alteza Real o Principe Regente de Por
tugal Se obriga a que aos Seus vassallos não será permittido
continuar o commercio de escravos em outra alguma parte
da Costa da Africa, que não pertença actualmente aos do
minios de Sua Alteza Real, nos quaes este commercio foi
já descontinuado e abandonado pelas Potencias e Estados
da Europa que antigamente ali commerciavam; reservando
comtudo para os Seus proprios vassallos o direito de com
prar e negociar em escravos nos dominios africanos da Corôa
de Portugal. Deve porém ficar distinctamente entendido que
as estipulações do presente Artigo não serão considerada*
como invalidando ou affectando de modo algum os direitos
da Corôa de Portugal aos territorios de Cabinda e Moiembo,
os quaes direitos foram em outro tempo disputados pelo
Governo de França, nem como limitando ou restringindo
o commercio de Ajudá e outros portos da Africa (situados
sobre a costa commummenle chamada na lingua Portugueza
a Cosia da Mina), e que pertencem, ou a que tem preten-
ções a Corôa de Portugal, estando Sua Alteza Real o Prin
cipe Regente de Portugal resolvido a não resignar, nem
deixar perder as Suas justas e legitimas pretenções aos mes
mos, nem os direitos de Seus vassallos de negociar com estés
logares, exactamente pela mesma maneira que elles até aqui
o praticavam.
ART. XI.
A mutua troca das ratificações do presente Tratado se
fará na Cidade de Londres, dentro do espaço de quatro me-
zes, ou mais breve se for possivel, contados do dia da assi-
gnatura do mesmo.
Em testemunho do que, nós abaixo assignados, Pleni
potenciarios de Sua Alteza Real o Principe Regente de Por
tugal e de Sua Magestade Britannica, em virtude dos nossos
respectivos plenos poderes, assignámos o presente Tratado
com os nossos punhos, e lhe fizemos pôr o sêllo das nossas
armas.
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR 1). JOÃO. 409
of humanity and justice, by adopting the most efficacious i8iq
means for bringing about a gradual abolition of the slave FfT^eil
trade throughout the whole of His dominions. And actuated
by this principle, His Royal Highness the Prince Regent
of Portugal engages, that His subjects shall not be permitted
to carry on the slave trade on any part of the Coast of Africa,
not actually belonging to His Royal Highness's dominions,
in which that trade has been discontinued and abandoned
by the Powers and States of Europe which formerly traded
there, reserving however to His own subjects the right of
purchasing and trading in slaves within the African domi
nions of the Crown of Portugal. It is however to be distinctly
understood, that the stipulations of the present Article are
not to be considered as invalidating or otherwise affecting
the rights of the Crown of Portugal to the territories of
Cabinda and Molembo (which rights have formerly been
questioned by the Government of France), nor as limiting
or restraining the commerce of Ajudá and other ports in
Africa (situated upon the Coast commonly called in the
Portuguese language, the Costa da Mina), belonging to,
or claimed by the Crown of Portugal, His Royal Highness
the Prince Regent of Portugal being resolved not to resign
nor forego His just and legitimate pretensions thereto, nor
the rights of His subjects to trade with those places, exactly
in the same manner as they have hitherto done.
ART. XI.
The mutual exchange of ratifications of the present
Treaty shall take place in the City of London within the
space of four months, or sooner if possible, to be computed
from the day of the signature thereof.
In witness whereof, we the undersigned, Plenipoten
tiaries of His Royal Highness the Prince Regent of Por
tugal and of His Britannic Majesty, in virtue of our respe
ctive full powers, have signed the present Treaty with our
hands, and have caused the seals of our arms to be set
thereto.
410 REINADO DA SENHORA 1). MARIA I.
1810 Feito na Cidade do Rio de Janeiro, aos 19 de Fevereiro
Fevereiro ,l0 ann0 ^osso Senhor Jesus Christo de 1810.
Conde de Linhares.
(L. S.)
Artigos secretos.
ART. I.
Sua Magestade Britannica Se obriga a empregar os Seus
bons officios e interposição para com a Porta Ottomana e
as Regencias de Argel, Tripoli e Tunis, e em geral para
com todos os Estados da Costa da Barbaria, a fim de que
Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal possa con
cluir uma paz justa e duravel com aquellas Potencias, e que
o commercio e navegação de Seus vassallos não seja por mais
tempo interrompido ou arriscado por actos de hostilidade
praticados por qualquer d'aquelles Principes e Potencias,
ou por seus vassallos.
ART. II.
Sua Magestade Britannica, desejando dar uma prova
d'aquella amisade e consideração que jamais Sua Magestade
deixou de entreter para com Seu antigo Alliado o Principe
Regente de Portugal, Se obriga e promette de empregar os
Seus bons officios e interposição para obter a restituição á
Corôa de Portugal dos Territorios de Olivença e Jurumenha,
e igualmente, quando "se negociar uma paz geral, de ajudar
e apoiar com toda a Sua influencia as tentativas que a Côrte
de Portugal possa então fazer, para procurar o restabeleci
mento dos antigos limites da America Portugueza, do lado
de Cayenna, conforme a interpretação que Portugal tem
constantemenle dado ás estipulações do Tratado de Utrecht.
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 41 1
Done in the City of Rio de Janeiro, on the 19."1 dav isio
of February, in the year of Our Lord, 1810. " Fevereiro
Strangford.
(L. S.)
Secret Articles.
ART. I.
His Britannic Majesty engages to employ His good offices
and interposition with the Ottoman Port and with the Re
gencies of Algiers, Tripoli and Tunis, and generally with all
States upon the Coast of Barbary, to the end that His Royal
Highness the Prince Regent of Portugal may be enabled to
conclude a just and lasting peace with those Powers, and
that the commerce and navigation of His Royal Highness' s
subjects be not any longer interrupted or endangered by
acts of hostility on the part either of those Princes and
Powers, or of their subjects.
ART. II.
His Britannic Majesty desirous to give a proof of that
friendship and regard for His ancient Ally the Prince Regent
of Portugal, which His Majesty has never ceased to entertain,
engages and promises to employ His good offices and inter
position to obtain the restitution to the Crown of Portugal
of the Territories of Olivença and Jurumenha, and also,
whenever a general peace shall be negotiated, to aid and
support with all His influence the endeavours which may
then be made by the Court of Portugal, to procure the re-
establishment of the ancient limits of Portuguese America
on the side of Cayenne, according to the interpretation
which Portugal has constantly given to the stipulations of
the Treaty of Utrecht.
412 REINADO JU SEXIIORA D. MARIA I.
1810 Em retribuição d'estc signal de amisade da parte de Sua
evereiro Majestade Britannica, Sua Alteza Real o Principe Regente
de Portugal Se obriga a cooperar efficazmente na causa da
humanidade, tão gloriosamente sustentada por Sua Mages-
tade Britannica, prohibindo strictamente e inteiramente abo
lindo todo o commercio e trafico em escravos nos Estabele
cimentos de Bissau e Cacheu; e Sua Alteza Real promette
mais ceder em plena soberania a Sua Magestade Britannica
os ditos Estabelecimentos de Bissau e Cacheu, por espaço
de cincoenta annos, com a condição de receber uma rasoavel
compensação em dinheiro, ou de outra maneira que se de
terminar para o futuro entre as duas Cortes; reservando
comtudo para Si o direito de reassumir os ditos estabeleci
mentos no fim do referido termo de cincoenta annos, e con
servando para os Seus vassallos a liberdade de commercia-
rem c traficarem com os ditos estabelecimentos em todos
quaesquer artigos, á excepção de escravos, cujo commercio
será para sempre abolido e prohibido, e não será renovado
depois de findo o termo mencionado de cincoenta annos.
Porém deve ficar entendido que a execução da íegunda
clausula d'este Artigo secreto, que é a cessão de Bissau e
Cacheu a Sua Magestade Britannica, deve depender intei
ramente da execução da primeira clausula que elle contém,
que é no caso da plena e inteira restituição á Corôa de Por
tugal pela Coròa de Hespanha dos Territorios de Olivença
e Jurumenha, e no caso do restabelecimento dos antigos
limites da America Portugueza do lado de Cayenna; e con
sequentemente que este Artigo secreto ou deverá ser exe
cutado na sua totalidade e cm todas as suas partes, ou ficar
nullo e sem efleito, no caso que aí estipulações da primeira
clausula não sejam devidamente cumpridas.
Conveiu-se c declarou-se que os presentes Artigos se
cretos terão a mesma força como se fossem actualmente inse
ridos no presente Tratado, palavra por palavra, e que as suas
ratificações serão na fórma costumada trocadas no mesmo
tempo e do mesmo modo.
Em testemunho do que, nós abaixo assignados, Pleni
potenciarios de Sua Alteza Real o Principe Regente de Por
tugal e de Sua Magestade Britannica, em virtude dos nossos
respectivos plenos poderes, assignámos os presentes Artigos
BEGENCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 413
And in return for this mark of friendship on the part i8lo
of His Britannic Majesty, His" Royal Highness the Prince Fw«"ir»
Kegent of Portugal engages to cooperate effectually in the
cause of humanity, so gloriously sustained by His Britannic
Majesty, by strictly prohibiting and entirely abolishing all
trade and traffic in slaves, in and at the Settlements of Bissau
and Cacheu; and His Royal Highness does moreover pro
mise to cede the said Settlements of Bissau and Cacheu to
His Britannic Majesty in full sovereignty for the space of
fifty years, in consideration of receiving a reasonable com
pensation in money, or otherwise, to be determined here
after between the two Courts; reserving however to Him
self the right of resuming possession of the said settlements
at the expiration of the said term of fifty years, and retain
ing for His subjects the liberty of trading and trafficking
with the said settlements in all articles whatsoever, except
ing slaves, which commerce is to be abolished and prohi
bited for ever, nor is it to be renewed after the expiration
of the above-mentioned term of fifty years. But it is to be
understood, that the execution of the second clause of this
secret Article, that is, the cession of Bissau and Cacheu to
His Britannic Majesty, is to depend entirely upon the exe
cution of the first clause thereof, that is, upon the full and
entire restitution to the Crown of Portugal, by the Crown
of Spain, of .the Territories of Olivença and Jurumenha, and
upon the reestablishment of the ancient limits of Portu
guese America on the side of Cayenne; and consequently
that this secret Article is either to be executed totally and
in all it's parts, or to remain null and void, in case the sti
pulations Of the first clause of it should not be duly fulfilled.
Conde de Linhares.
L. S.)
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 415
with our hands, and have caused the seals of our arms to 18Io
be Set theretO. Fevereiro
Done in the City of Rio de Janeiro, on the 19.111 day
of February, in the year of Our Lord, 1810.
Strangford.
(L. S.)
CONVENÇÃO ENTRE O PRINCIPE REGENTE O SENHOR DOM JOÃO,
MENTO DE PAQUETES ENTRE OS DOMINIOS DE PORTUGAL E
FEVEREIRO DE 1810, E RACTIFICADA POR PARTE DE POR
18 DE JUNHO DO MESMO ANNO.
ART. I.
Sairá de Falmouth para o Rio de Janeiro um Paquete
em cada mez. Sua Alteza Real o Principe Regente de Por
tugal Se reserva o direito de para o futuro estabelecer Pa
quetes entre os outros portos do Brazil e a Gran-Bretanha,
se o estado do commercio o requerer.
ART. II.
As malas se fecharão em um determinado dia, assim em
Londres como no Rio de Janeiro.
ART. III.
Os Paquetes tocarão na Madeira na sua passagem para
E JORGE III REI DA GRAN-BRETANHA, SOBRE O ESTABELECI-
A GRAN-BRETANHA, ASSIGNADA NO RIO DE JANEIRO EM 19 DE
XUGAL EM 86 DO DITO MEZ, E PELA DA GRAN-BRETANHA EM
ART. I. '
A Packet shall sail from Falmouth to Rio de Janeiro
once in every month. His Royal Highness the Prince Re
gent of Portugal reserves to Himself the right of hereafter
establishing Packets between the other Brazilian ports and
Great Britain, should the state of commerce require them.
ART. II.
The mails shall be made up on a fixed day both in Lon
don and Rio de Janeiro.
ART. III.
The Packets are to touch at Madeira on their passage
VOL IT. 27
418 REINADO DA SENHORA D. MARIA 1.
o Rio de Janeiro. Elles não ancorarão ali, nem se demora
rão mais tempo do que aquelle que for absolutamente ne
cessario para entregarem e receberem as malas.
ART. IV.
Os Paquetes serão por agora embarcações Britannicas,
navegadas conforme as leis da Gran-Bretanha. Porém Sua
Alteza Real o Principe Regente de Portugal Se reserva o
direito de estabelecer para o futuro Paquetes Brazilienses
ou Portuguezes.
ART. V.
Os Paquetes serão considerados e tratados como embar
cações mercantes. Elles serão por consequencia sujeitos ás
visitas dos Officiaes e Guardas da Alfandega, tanto no Rio
de Janeiro, como em outro qualquer porto dos dominios de
Portugal, entre o qual e os dominios Britannicos se hajam
de estabelecer Paquetes. Porem elles não serão obrigados a
dar entrada na Alfandega, nem a seguir as outras formali
dades praticadas pelas embarcações mercantes.
ART. VI.
As duas Altas Partes Contratantes se obrigam recipro
camente a fazer todos os esforços para prevenir que se faça
por via dos Paquetes commercio de contrabando, particu
larmente de diamantes, pau brazil, oiro em pó, urzella e
tabaco manufacturado. Elias tambem se obrigam a preve
nir, quanto for possivel, a illegal collecção e conducção de
cartas.
ART. VII.
Permittir-se-ha que um Agente Britannico para os Pa
quetes resida no Rio de Janeiro, ou em qualquer outro
porto dos dominios de Portugal, entre o qual e os domi
nios Britannicos se houverem de estabelecer Paquetes para
o futuro. As malas para os dominios Britannicos se prom-
ptificarão exclusivamente na casa de sua Administração, e
tambem receberá e admittirá n'ellas as cartas d'aquelles vas-
sallos Portuguezes que quizerem manda-las á sua Adminis
tração. A chegada dos Paquetes ao Rio de Janeiro, ou ao
porto do seu destino, o Agente Britannico entregará as ma
las, que elle trouxer, áquella pessoa que o Governo Portu
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 419
to Rio de Janeiro. They are not to anchor there, nor re- 18Io
main any longer time than that which may be absolutely FeT^eir<>
necessary for delivering and receiving the mails.
ART. IV.
The Packets are at present to be British vessels, navi
gated according to the laws of Great Britain. But His Royal
Highness the Prince Regent of Portugal reserves to Him
self the right of hereafter establishing Brazilian or Portu
guese Packets.
ART. V.
The Packets are to be considered and treated as mer
chant vessels. They are consequently to be subject to the
visits of the Officers and Guards of the Customs at Rio de
Janeiro, or at any other port of the dominions of Portugal,
between which and the British dominions Packets may he
reafter be established. But they are not to be obliged to
make entry at the Custom-House, nor follow the other
forms practised by merchant vessels.
ART. VI.
The two High Contracting Parties engage reciprocally
to endeavour to prevent contraband trade from being car
ried on by means of the Packets, particularly that of dia
monds, brazil wood, gold dust, urzela, and tobacco in the
form of snuff. They do also engage to prevent, as far as
possible, the illegal collection or conveyance of letters.
ART. VII.
A British Agent for the Packets is to be permitted to
reside at Rio de Janeiro, or at any other port within the
dominions of Portugal, between which and the British do
minions Packets may hereafter be established. The mails
for the British dominions are to be made up exclusively at
his Office, and he is also to receive and to admit into those
mails the letters of such Portuguese subjects as shall choose
to send them to his Office. And on the arrival of the Pac
ket at Rio de Janeiro, or at the port of its destination, the
British Agent is to deliver the mails brought by it to such
person as shall be appointed by the Portuguese Government
<
420 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1810 guez nomear para as receber, do mesmo modo que se pra-
Fevereiro bicava antigamente em Lisboa.
ART. VIII.
O Governo Portuguez terá o direito de impor porte em
todas as cartas vindas dos dominios Britannicos para os de
Portugal.
ART. IX.
O porte das cartas enviadas ou recebidas da Gran-Bre-
tanha e do Brazil deverá ser por agora do valor de tres
shillings e oito pences sterlinos da moeda Britannica por
uma simples carta, e n'esta proporção pelo duplo ou triplo
das cartas. Observar-se-hão as mesmas regras que se prati
cavam antigamente em Lisboa, relativamente ás cartas des
tinadas para a Marinha e Exercito de Sua Magestade Bri
tannica; e em Inglaterra se concederão iguaes isenções em
favor das cartas pertencentes aos marinheiros e soldados de
Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal.
ART. X.
As cartas e os despachos conduzidos pelos Paquetes aos
Enviados ou Ministros das duas Côrtes, e sendo bonâ fide
para o serviço dos seus respectivos Soberanos, não pagarão
porte. Far-se-ha no Correio Geral Britannico uma regula
ção para dar effeito a esta estipulação, e para fixar o peso
e numero das cartas e despachos, que devem ser isentos de
porte em virtude do presente Artigo.
ART. XI.
Depois da chegada do Paquete ao Rio de Janeiro, o En
viado ou Ministro de Sua Magestade Britannica fixará o dia
em que o referido Paquete voltará para Inglaterra, reser
vando somente a si o direito de prolongar mais o periodo
assim fixado, no caso de julgar que o serviço de Sua Ma
gestade o exige, e attendendo, quanto for possivel, a qual
quer requisição para este fim, que lhe for feita por parte do
Governo Portuguez. E os Paquetes durante a sua estada
nos portos ou bahias de Sua Alteza Real o Principe Regente
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 421
to receive them, in the same manner as was formerly pra
ctised at Lisbon.
ART. VIII.
The Portuguese Government will have a right to de
mand postage on all letters brought from the dominions of
Great Britain to those of Portugal.
ART. IX.
The postage of letters to and from Great Britain and
Brazil is to be for the present at the rate of three shillings
and eight pence sterling in British money for a single let
ter, and in that proportion for double and treble letters.
The same rules shall be observed respecting letters for His
Britannic Majesty's Navy and Army as were practised for
merly at Lisbon; and in England, reciprocal exemptions
shall also be granted in favour of the letters belonging to
the sailors and soldiers of His Boyal Highness the Prince
Regent of Portugal.
art. x.
The letters and dispatches brought by the Packets to the
Envoys or Ministers of the two Courts, and being bona fide
for the service of their respective Sovereigns, shall not be
charged with postage. A regulation shall be made at the Bri
tish General Post Office for the purpose of carrying this sti
pulation into effect, and of fixing the weight and number
of the letters and dispatches, which are to be exempted from
postage in virtue of the present Article.
ART. XI.
After the arrival of a Packet at Rio de Janeiro, His Bri
tannic Majesty's Envoy or Minister shall fix a day for the
return to England of the said Packet, reserving to himself
the sole right of further prolonging the period so fixed, in
case he should judge that His Majesty's service should re
quire it, paying attention, as far as may be possible, to any
request for further delay on the part of the Portuguese Go
vernment. And the Packets during their stay in the ports
or harbours of His Royal Highness the Prince Regent are
to be considered as under the special protection of His Bri
422 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1810 serão considerados como debaixo da especial protecção do
-ereiro Enviado ou Ministro de Sua Magestade Britannica, da mesma
fórma como os Seus correios ou expressos.
ART. XII.
Os principios geraes da presente Convenção serão ap-
plicaveis a todos os Paquetes que se houverem para o futuro
de estabelecer entre a Gran-Bretanha e qualquer porto ou
portos nos dominios de Sua Alteza Real o Principe Regente
de Portugal, não especificadamente mencionados na presente
Convenção.
ART. XIII.
A presente Convenção será devidamente ratificada, e a
mutua troca das ratificações se fará na Cidade de Londres
dentro do espaço de quatro mezes, ou mais breve se for
possivel, contados do dia da assignatura da presente Con
venção.
Em testemunho do que, nós abaixo assignados, Pleni
potenciarios de Sua Alteza Beal o Principe Regente de Por
tugal e de Sua Magestade Britannica, em virtude dos nos
sos respectivos plenos poderes, assignámos a presente Con
venção, e lhe fizemos pôr os sêllos das nossas armas.
Feita na Cidade do Rio de Janeiro, aos 19 de Fevereiro
do anno de Nosso Senhor Jesus Christo de 1810.
Conde de Linhares.
(L. S.)
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 423
tannic Majesty's Envoy or Minister, in the same manner as
His couriers or messengers.
ART. XII.
The general principles of the present Convention are to
be applied to all Packets that may hereafter be established
between Great Britain %and any port or ports in the domi
nions of His Royal Highness the Prince Regent of Portu
gal, not specifically mentioned in the present Convention.
ART. XIII.
The present Convention shall be duly ratified, and the
mutual exchange of ratifications shall take place in the City
of London, within the space of four months, or sooner if
it be possible, to be computed from the day of the signa
ture of the present Convention.
In witness whereof, we the undersigned, Plenipotentia
ries of His Royal Highness the Prince Regent of Portugal
and of His Britannic Majesty, by virtue of our respective
full powers, have signed the present Convention, and have
caused the seals of our arms to be annexed thereto.
Done in the City of Rio de Janeiro, on the 19th day of
February, in the year of Our Lord, 1810.
Strangford.
(L. S.)
BREVE DE DISPENSA DO NUNCIO DO PAPA PIO VII, PARA O
MAMA THEREZA, E DO INFANTE DE HESPANHA O SENHOR
DE 1810.
(traducção pasticclab.)
Por este lado estão ligados em 3.° grau de consanguinidade, mixto de 2."
Por este lado estão ligados no 4.° grau de consanguinidade, mixto de 3.°
ARCEBISPO DE NISIBE, NUNCIO DE SUA SANTIDADE.
SS. AA. RR. pois se acham ligados em 4.° grau igual, 2.° e 3.°,
triplicados 3.° e 4.°, e dobrados 4.° graus, tudo de consanguinidade.
CONTRATO MATRIMONIAL DE DOTE E ARRHAS PARA O CASA
MENTO DA PRINCEZA DE PORTUGAL A SENHORA DONA MARIA
THEREZA, COM O INFANTE DE HESPANHA O SENHOR DOM
PEDRO CARLOS, ASSIGNADO NO RIO DE JANEIRO A 12 DE
MAIO DE 1810, E RATIFICADO PELO PRINCIPE REGENTE O
SENHOR DOM JOÃO EM 13 DO DITO MEZ E ANNO (1).
ART. II.
Foi convindo e estipulado que Sua Alteza Real o Prin
cipe Regente de Portugal e dos Algarves, logo que se re
moverem os embaraços das actuaes circumstancias, partici
pará a Sua Magestade Catholica este casamento, solicitando
a Sua approvação pelo que respeita ao Serenissimo Infante
D. Pedro Carlos; a qual tem todo o motivo de esperar.
ART. III.
Sua Alteza Real o Principe Regente se obriga tambem
e promette solicitar e interpor todos os officios e solicita
ções para ser conservado, mantido e reintegrado o Serenís
simo Infante D. Pedro Carlos no dominio e posse do Mor
gado e Casa e mais direitos que lhe provêem do Tratado
Matrimonial de Seus paes, o Serenissimo Infante D. Gabriel
e a Serenissima Infanta D. Marianna Victoria, assignado em
Lisboa a 11 de Março de 1785, e ratificado em Madrid a 21
de Março do mesmo anno : assim como de todos os demais
direitos que por outra qualquer justa causa e titulo lhe per
tençam ou possam pertencer, e para obter a effectiva satis
fação e paga das rendas vencidas e que se vencerem, esti
pulados no Artigo n do mesmo Tratado.
ART. IV.
Sua Alteza Real o Serenissimo Principe Regente se obri
ga a dar em dote a favor d'este matrimonio 400:000^000
de réis, o qual satisfará assignando e constituindo o seu
respectivo rendimento em rendas de bens de raiz ou em pa
drões de Juro Real, ou tambem satisfazendo-o em dinheiro
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 433
de contado, como for mais conveniente á situação do Es
tado. E as sobreditas rendas constituirão um vinculo de
Morgado perpetuo e inalienavel na forma regular segundo
as leis portuguezas ; e desde agora se ha por instituido em
favor dos filhos e descendentes legitimos dos Serenissimos
esposos na melhor fórma de direito, do qual será a primeira
.administradora a Serenissima Princeza D. Maria Thereza.
ART. V.
Entretanto que não pôde ter effeito a entrega e inteira
satisfação d'este dote, o Serenissimo Senhor Principe Re
gente manterá á sua custa e despeza a Casa e Estado dos
Serenissimos Infante e Princeza, com aquelle esplendor que
convem á Sua alta dignidade e decoro: mediante o que se
reputarão satisfeitos os interesses e reditos do mesmo dote,
que n'este caso se suppõem regulados a cinco por cento.
Ficará porém subsistindo todo o direito para a satisfação'
do mesmo dote, sem que por isso se entenda espaçada ou
demorada, mais que aquelle tempo que as circumstancias
fazem necessario ; e se obriga o Mesmo Senhor e a Seus
Suceessores e á Corôa d'estes Reinos e Estados á sua in
teira satisfação.
ART. VI.
Mediante o pagamento effectivo e ultimado do referido
dote, se dará por satisfeita a Serenissima Princeza D. Maria
Thereza para não allegar outro algum direito, nem intentar
outra alguma acção ou pretenção, solicitando que lhe per
tencem ou podem pertencer outros bens, direitos ou acções
por causa de heranças ou maiores successòes dos Serenissi
mos Principes seus paes, nem de outra qualquer maneira
e por qualquer causa ou titulo que seja, ou for sabido ou
ignorado : entendendo-se que de qualquer qualidade e con
dição que forem as cousas assim ditas, deve ficar excluida
d'elles; e a Serenissima Princeza, antes de effectuar-se o seu
desposorio por palavras de presente, fará renuncia em boa
e devida fórma, e com todas as seguranças, solemnidades e
fórmas que forem necessarias para o devido effeito : a qual
renuncia confirmará e ratificará logo depois que se haja ce
lebrado o matrimonio; executando o mesmo o Serenissimo
Infante D. Pedro Carlos, que já então será seu esposo, com
TOM. IV. 28
434 REINADO DA SE.NnORA D. MARIA I.
as mesmas fórmas c solemnidades que a Serenissima Prin-
ceza houver usado na sobredita primeira renuncia, e mais
com as clausulas que se julgarem convenientes e necessa
rias. E o Serenissimo Infante D. Pedro Carlos e a Sere
nissima Princeza D. Maria Thereza ficam e ficarão assim de
presente, como para então, obrigados ao effeito e cumpri
mento da dita renuncia e ratificação d'ella, por virtude e
em conformidade dos presentes Artigos ; devendo ser a ci
tada renuncia e suas ratificações havidas e julgadas assim
de presente, como no futuro, por bem feitas e verdadeira
mente passadas e outhorgadas. E as referidas renuncias se
farão na fórma mais authentica e efficaz que podér ser, para
que sejam boas e validas, juntamente com todas as clausulas
derogatorias de qualquer lei, jurisdicção, direitos, consti
tuições e costumes a isto contrarios, ou que impeçam ou
possam impedir em todo ou em parte as ditas renuncias e
ratificações.
ART. VII.
O Serenissimo Príncipe Regente dará á Serenissima Prin
ceza D. Maria Thereza para as suas joias o valor de oitenta
mil pesos, os quaes lhe pertencerão sem difficuldade alguma
depois de celebrado o matrimonio; da mesma fórma que
todas as joias que tiver, e serão proprias suas e de seus her
deiros e successores, e d'aquelles que tiverem seu direito.
ART. VIII.
O Serenissimo Infante I). Pedro Carlos se obriga á se
gurança, e segurará o sobredito dote pelos seus bens e ren
das, e se obriga a cumprir o estipulado no Artigo iv, se
gundo for a fórma do pagamento, pelo modo e maneira que
mais amplo e vantajoso for para o vinculo instituido. E em
caso de dissolver-se o matrimonio, e que tenha logar a res
tituição do dote, será este restituido á Serenissima Prin
ceza ou a seus herdeiros e successores, para quem passarão
as rendas; e do que tiver sido pago em dinheiro de contado
se satisfarão os reditos a rasão de cinco por cento, desde o
dia da dissolução até o dia da effectiva restituição. E em
rasão de viuvez, para o caso de verificar-se, se obriga o Se
renissimo Infante D. Pedro Carlos pelos bens a que tem o
direito fundado no Tratado referido de 11 de Março de 1785,
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 435
e por outros quaesquer que lhe pertençam, a satisfazer-se a 1810
Serenissima Princeza D. Maria Thereza a somma de quarenta Maio
12
mil cruzados,, moeda de Portugal, em cada um anno: a qual
quantia entrará a receber e possuir logo que tenham logar
as arrhas, para gosar d'ella toda a sua vida.
ART. IX.
O Serenissimo Principe Regente dará e assignará á Se
renissima Princeza D. Maria Thereza para o gasto de sua
Camara e para manter o seu Estado e Casa, uma somma
conveniente, tal qual pertence á mulher de um tão grande
Principe, e á filha de tão Altos e Poderosos Principes, se-
gurando-a na fórma e maneira que se costuma n'estes Rei
nos e Estados para similhantes despe/as.
ART. X.
No caso que alguns grandes interesses obriguem aos Se
renissimos esposos a sair do Reino e Estados portuguezes
por muito ou por pouco tempo, as sobreditas estipulações
não terão por isso mudança alguma, mas serão sempre fir
mes e valiosas; não o poderão porém fazer sem o benepla
cito de Sua Alteza Real o Principe Regente, ou de Seus
successores. Será porém livre a ambos os Serenissimos es
posos ou a qualquer d'elles, o voltar a estes Reinos e Esta
dos, verificando-se a respeito de ambos e de cada um d'elles,
as mesmas estipulações que téem sido accordadas nos Trata
dos de casamentos entre os Principes d'estas duas Reaes
Familias, assignaladamente no de 1 1 de Março de 1785, e
nos de 3 de Setembro e 1." de Outubro de 1727. Sobre
que Sua Alteza Real o Serenissimo Principe Regente inter
porá os Seus officios, para que este Artigo seja especialmente
tambem approvado e ratificado por Sua Magestade Catho-
lica.
ART. XI.
E em nome do Muito Alto e Muito Poderoso Principe
D. João, Principe Regente de Portugal e dos Algarves, e
como Seu Ministro Commissario, Actor e Mandatario, de
uma parte; e em nome do Muito Alto e Muito Poderoso
Principe o Serenissimo Infante D. Pedro Carlos, e como Seu
procurador da outra parte, nos obrigámos em virtude dos
436 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
nossos respectivos plenos poderes, e promettemos em fé e
palavra dos Serenissimos Principes, que os presentes Arti
gos serão inteiramente observados de uma e outra parte,
cumpridos e executados sem falta ou diminuição alguma, e
que será confirmado e approvado.
Em fé do que firmámos de nossa propria mão e signal
o presente Contrato, e sellámos com o sêllo de nossas ar
mas. Feito no Rio de Janeiro, aos 12 dias do mez de Maio
de 1810.
AUT. I.
Convimos na troca dos Mouros captivos em Portugal por
40 dos captivos Portuguezes pertencentes á Regencia. Fica
ajustado o resgate dos 541 restantes pela quantia de 850:000
duros Argelinos, inclusos n'esta somma todos os direitos.
ART. m
Os sobreditos Enviados encarregados d'esta negociação
poderão passar ao seu Paiz a dar conta ao seu Governo do
que fica ajustado. Quando voltarem deverão trazer comsigo
os sobreditos Mouros para serem trocados pelos 4-0 Portu
guezes, assim como se tem ajustado.
(1) Este Tratado foi renovado por mais um anno, em 15 de Junho
de 1818.
438 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
ART. III.
0 Governo de Portugal se obriga a resgatar logo a quarta
parte dos sobreditos captivos. O resto juntamente com os
outros pertencentes a particulares os poderá ir resgatando
successivamente em quartas partes, vista a impossibilidade
de serem todos por uma vez resgatados.
ART. IV.
Se d'aqui em diante fallecer algum dos Portuguezes es
cravos, o prejuizo correrá por conta do seu Governo. O mesmo
se deve entender a respeito dos Mouros escravos em Por
tugal.
ART. V.
Em cada uma das quartas partes que se resgatar entra
rão individuos de todas as classes.
ART. VI.
Os 34 escravos dos particulares ficam ajustados pela
quantia de 50:000 duros Argelinos.
ART. VII.
Depois de se ter convindo nos precedentes Artigos, re
presentaram os ditos Enviados com o seu Interprete a in
dispensavel necessidade de passarem logo ao seu Paiz, a fim
de informarem o seu Governo de tudo quanto estava ajus
tado; para o que pediam a concessão de uma tregua pelo
espaço de dois annos. Attendidas as suas rasões, lhes accor-
dâmos a dita tregua, conformando-nos n'isso com a sua von
tade.
ART. VIII.
Todos os navios e embarcações Portuguezas, assim de
guerra como mercantes, e igualmente os negociantes da mes
ma Nação, serão bem recebidos nos Estados de Argel e tra
tados como os das outras Nações amigas; e isto emquanto
durar a sobredita tregua. O mesmo se praticará com as em
barcações Argelinas nos dominios de Portugal. Argel, 4
do mez de Juimaditani do anno de 1225.
Corresponde a 6 de Julho de 18 10.
CONVENÇÃO ENTRE OS GOVERNADORES DO REINO DE PORTUGAL
REGENTE DE PORTUGAL, E O CONSELHO DE REGÊNCIA DE
DOM FERNANDO VII, SOBRE O RECRUTAMENTO DOS SUBDI
SETEMBRO DE 1810, E RATIFICADA POR PARTE DE PORTUGAL
VEMBRO DO DITO ANNO.
Déclaration.
(tbadccção partículas.)
Declaração.
(2) Foi prorogado por mais um armo, por meio de outra declaração
em data de 29 de Março de 1815. Acha-se no Tomo V.
«6 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
Vu l'augmentation de droits établie par le dernier Ta
rif sur les vins importés en Russie, il a été convenu, d'après
la proportion de ceux fixés par le Tarif précédent, que les
vins du crû de Portugal, des Iles de Madère et des Açores,
qui en vertu de l'Article vi du dit Traité ne payaient que
quatre roubles et cinquante copecks de droit d'entrée par
barrique ou oxhoft de six ancres, payeraient vingt roubles
par barrique ou oxhoft pendant la durée du présent arran
gement; mais si avant son expiration, le droit d'entrée sur
les vins venait à être modifié en faveur d'une nation quel
conque, ceux de Portugal, de Madère et des Açores jouiront
de cet avantage dans la proportion de trois quarts de moins,
conformément aux dispositions de l'Article vi du Traité de
commerce, et à celles mentionnées ci-dessus, bien entendu
que les dits vins ne pourront avoir droit à une telle boni
fication, qu'autant qu'ils seront importés sur vaisseaux Por
tugais ou Russes, et que l'origine et propriété en seront con
statées par les* certificats exigés par le susdit article du
même Traité.
Cet arrangement subsistera et sera obligatoire pendant
le terme fixé ci-dessus, et le présent Acte aura son effet à
dater du jour de sa signature, les soussignés promettant et
garantissant au nom de leurs Souverains respectifs l'exécu
tion pleine et entière de tout ce qui y est estipulé.
En foi de quoi, nous soussignés, à ce dûment autorisés,
avons signé la présente Déclaration, et y avons fait apposer
le cachet de nos armes.
Fait à S. Petersburg, le 1812.
° 10 Juin
(tbaddoção partículas.)
A. T. Sampaio. R. Frewin.
A. J. da Costa. William Burn.
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 453
negociante a certeza de nSo ser compellido a pagar mais
em qualquer caso, parece ser o seguinte:
Que o importador, ao dar entrada na Alfandega Portu-
gueza, assignará uma declaração do valor dos seus generos
pela somma que julgar conveniente, e no caso de que os
Verificadores Portuguezes sejam de opinião que tal avaliação
é insufficiente, terão a liberdade de avocar a si os generos,
pagando ao importador o seu valor, segundo aquella decla
ração, com a addição de 10 por cento, e restituindo o di
reito pago.
O valor será pago quando as mercadorias forem entre
gues ao empregado Portuguez, o que deverá ter Iogar dentro
de quinze dias desde a primeira detenção das mercadorias.
Londres, 18 de Dezembro de 1812.
A. T. Sampaio. R. Frewin.
A. J. da Costa. William Bum.
TRATADO DE PAZ E AHISADE ENTRE O PRINCIPE REGENTE
O SEMIOR DOM JOÀO E S1D HAGE ALV, BACHÁ DE ARGEL,
A&S1GNA0O EH ARGEL A 14 DE JINUO 1)E 1813, E RATIFI
CADO POR PAJtTE DE PORTUGAL EH 13 DE JLXUO DO DITO
ANNO. (1)
ART. I.
Haverá uma paz firme, estavel e perpetua entre as duas
Altas Partes Contratantes, e os seus respectivos vassallos ; e
ART. II.
Todas as embarcações e vassallos de Portugal poderão
entrar, sair, demorar-se, commerciar e prover-se de todo o
necessario nos dominios de Argel, sem que se lhes ponha
embaraço, ou se lhes faça alguma violencia. Os vassallos e
embarcações Argelinas serão tratados da mesma sorte nos
dorainios de Portugal.
ART. III.
As embarcações de guerra pertencentes á Corôa de Por
tugal poderão prover-se de todo o mantimento, ou de qual
quer outra cousa de que precisarem nos portos de Argel,
e pelo preço corrente, sem que sejam obrigadas a pagar
por isso mais cousa alguma.
ART. IV.
Nenhum corsario Argelino poderá cruzar na distancia
de seis milhas das costas de Portugal e suas ilhas, ou de
morar-se n'aquelles sitios com o fim de dar caça ou visitar
os navios Portuguezes ou de qualquer outra nação sua ini
miga, que buscarem os referidos portos por causa do seu
commercio. O mesmo praticarão os navios de guerra Por
tuguezes junto das costas de Argel.
ART. V.
Se alguma embarcação ou navio mercante Portuguez for
encontrado por qualquer corsario Argelino, e este o quizer
registar, o poderá fazer, comtanto que a bordo do dito na
vio não subam mais de duas pessoas para examinar os seus
papeis e passaportes.
ART. VI.
Os estrangeiros de qualquer nação, e as fazendas de pro
priedade estrangeira que se encontrarem a bordo de qual
quer embarcação Portugueza, ainda mesmo de nação inimiga
de Argel, não poderão ser apprehendidas debaixo de pretexto
algum, que se queira allegar. O mesmo se praticará da parte
456 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1813 dos Portuguezes, a respeito dos effeitos que se encontrarem
Junho a DOrd0 de qualquer embarcação Argelina.
Da mesma sorte os vassallos e fazendas pertencentes a
qualquer das Partes Contratantes, que se encontrarem a bordo
de embarcação inimiga de qualquer das mesmas Partes Con
tratantes, serão respeitadas e postas em liberdade pela ou
tra parte; mas não poderão emprehender a sua viagem sem
o correspondente salvo-conducto. Se acontecer porém que
este se desencaminhe, nem por isso as ditas pessoas serão
reputadas escravos; antes, pelo contrario, certificando em
como são vassallos de qualquer das Altas Partes Contratan
tes, deverão ser postas immediatamente em liberdade.
ART. VII.
Se algum navio Portuguez, perseguido do inimigo, se
refugiar em algum dos portos dos dominios de Argel ou
debaixo das" suas fortalezas, os habitantes defenderão o dito
navio, e não consentirão que se lhe faça prejuizo algum. Da
mesma sorte, se alguma embarcação Portugueza se encon
trar com embarcação sua inimiga nos portos de Argel, e
aquella quizer sair para o seu destino, não se permittira
que a sua inimiga levante do porto senão vinte e quatro ho
ras depois da sua partida. O mesmo se praticará nos portos
de Portugal com as embarcações Argelinas.
ART. VIU.
Se alguma embarcação Portugueza infelizmente naufra
gar ou encalhar nas costas dos dominios de Argel, o Gover
nador e moradores d'aquelle districto deverão tratar a tri
pulação com toda a humanidade, não a prejudicando nem
permittindo que se lhe roube cousa alguma ; antes, pelo con
trario, lhe prestarão todo o auxilio para poder salvar a dita
embarcação com a sua carga, ou aquillo que lhe for possí
vel; não devendo ser obrigada á mesma tripulação a pagar
senão o salario ou jornal áquclles que n'isso se tiverem em
pregado. A mesma consideração se terá com qualquer em
barcação Argelina, que infelizmente naufragar nas costas de
Portugal.
ART. IX.
Os vassallos de Portugal poderão commerciar nos por
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 457
tos e Estados de Argel do mesmo modo e com as mesmas
prerogativas, e pagando os mesmos direitos que estão esti
pulados para os Inglezes. Os vassallos Argelinos pagarão em
Portugal iguaes direitos aos que ali pagam os Inglezes.
ART. X.
O Consul de Portugal estabelecido nos dominios de Ar
gel será reputado e considerado como o Consul Britannico;
e poderá ter em sua casa, assim como os seus creados e to
dos os mais que o quizerem praticar, o livre exercicio da
sua religião. O mesmo Consul poderá julgar todás as con
tendas e questões suscitadas entre os vassallos Portuguezes,
sem que n'isso se possam intrometter os juizes da terra ou
alguma outra auctoridade; salvo se a questão for entre Por-
tuguez e Mouro, porque n'esse caso a deverá julgar o Go
vernador da terra na presença do mesmo Consul.
, ART. XI.
O referido Consul e seus encarregados não poderão ser
obrigados a pagar divida alguma contrahida por vassallos Por
tuguezes, excepto no caso de se terem obrigado a ella por
escripto feito de sua letra e signal.
ART. XII.
Se algum Portuguez fallecer nos dominios de Argel to
dos os seus bens se entregarão ao Consul de Portugal, para
serem por elle remettidos aos herdeiros do dito defunto.
ART. XIII.
Succedendo qualquer contravenção ao Apresente Tratado
da parte dos vassallos de Portugal ou dos vassallos de Argel,
nem por isso se dissolverá o presente Tratado de Paz esta
belecido entre as duas Nações; mas examinando-se a ori
gem de similhante acontecimento, se dará á parte offendida
a condigna satisfação. .
ART. XIV.
No caso de se declarar a guerra entre as duas Altas Par
tes Contratantes (o que Deus não permitta) não se commet-
terão hostilidades de parte a parte, senão passados seis me-
zes depois da dita declaração. N'este intervallo poderão o
458 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1813 Cônsul de Portugal e todos os vassallos do mesmo Reino
J™*0 retirarem-se com todos os seus bens; assim como os vassal
los Argelinos, que estiverem em Portugal, para o seu paiz ;
sem que se lhes possa pôr o menor embaraço.
ART. XV.
Tudo o mais não especificado nos precedentes Artigos
será regulado pelos Artigos de paz estabelecidos entre Sua
Magestade Britannica e a Regência de Argel.
ART. XVI.
E para que seja firme e duravel este Tratado, aceitam as
duas Altas Partes Contratantes por medianeiro e fiador da
sua observancia o Rei da Gran-Bretanha ; em prova do que o
assigna Mr. A'Court, Enviado Extraordinario e Ministro
Plenipotenciario da Corte de Londres, juntamente com os
mencionados Enviados de Portugal; e d'este se extrahirão
duas copias, uma para o Soberano do dito Reino de Portu
gal, e outra para ficar em poder do seu Consul residente em
Argel.
Foi ajustado e escripto em Argel, aos 14 de Junho de
1813.
(Corresponde aos 15 de Jomaditani de 1228 da Hegira.)
(TRADICriO PARTICl/TAR.)
de 1816.
462 REINADO BA SENHORA D. MARIA I.
1813 unque natura siasi será permesso, ma al contrario stabilita
Outubro la piu amichevole corrispondenza fra i due Stati.
ART. IÍ.
Durante l'esistenza della presente tregua li bastimenti
i sudditi del Portogallo dovranno avere piena libertà di com
merciare ne' differenti porti dei domini di Sua Altezza Se
renissima il Bassa Bey, pagando li stessi diritti, ed assoge-
tandosi ai medesimi regolamenti, come i bastimenti e sudditi
Tunisini, eziam al diritto doganale di quatro e mezzo per
cento, che sogliono pagare i propri sudditi Tunisini per
tutti quelle merci ed effetti sottoposti al dazio di dogona;
ed i bastimenti i sudditi di Tunis avranno eguale libertà di
esercitare il loro commercio nei differenti porti del Regno di
Portogallo, assogetandosi al pagamento, niente più, niente
meno, del medesimi diritti, e del medesimo dazio doganale
di quattro e mezzo per cento per tutti quelli oggetti e merci
sottoposti alla dogana, che pagheranno i bastimenti, i sud
diti Portoghesi in Tunis.
ART. 111.
É inoltre accordato e stabilito, che durante il tempo che
esisterà questa tregua, i sudditi del Portogallo che commer-
cieranno nei porti del Regno di Tunis dovranno dirigersi
per gli affari che dipenderanno dal Consolato, al Console di
Sua Maestà Britannica, il quale sarà considerato e ricevuto
da Sua Altezza Serenissima il Bassa Bey come il rappresen
tante della Nazione Portoghese.
ART. IV.
E sendo il desiderio delle due Alte Parti Contraenti che
la tregua ora felicimente stabilita possa condurre alla con
clusione di una pace permanente, é mutualmente convenuto
che le negoziazioni saranno aperte per lo stabilimento di un
così desiderevole oggetto, immediatamente dopo la spirazione
delli tre anni specificati, o anche prima, purche il Governo
Portoghese trovi i mezzi di soddisfare Sua Altezza il Bassà
Bey per la perdita sofferta dai suoi sudditi colla cattura
falta da una fregata Portoghese del bastimento di bandiera
Ragusea, che da Smirna veniva a Tunis nell'anno 1799.
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 463
natureza, será permittido, antes pelo contrario subsistirá a
mais amigavel correspondencia entre os dois Estados.
art. n.
Durante a existencia da presente tregua os navios e sub
ditos de Portugal deverão ter plena liberdade de commerciar
nos differentes portos dos dominios de Sua Alteza Serenis
sima o Bachâ Bey, pagando os mesmos direitos e sujeitan-
do-se aos mesmos regulamentos a que estão sujeitos os na
vios e subditos Tunesinos, assim como ao imposto da alfan
dega de quatro e meio por cento que costumam pagar os
próprios subditos Tunesinos por todas as mercadorias e effei-
tos sujeitos ao imposto da alfandega: e os navios e subditos
de Tunis terão igual liberdade de exercer o seu commercio
nos differentes portos do Reino de Portugal, sujeitando-se
ao exacto pagamento dos mesmos direitos e do mesmo im
posto da alfandega de quatro e meio por cento por todos os
objectos e mercadorias sujeitas á alfandega, que pagarem os
navios è subditos Portuguezes em Tunis.
ART. III.
Fica tambem concordado e estabelecido que, durante a
existencia d'esta tregua, os subditos de Portugal que com-
raerciarem nos portos do Reino de Tunis deverão dirigir-se,
pelo que respeita aos negocios da dependencia do Consu
lado, ao Consul de Sua Magestade Britannica, o qual será
considerado e recebido por Sua Alteza Serenissima o Bachá
Bey como o representante da Nação Portugueza.
ART. IV.
Desejando as duas Altas Partes Contratantes que a tre
gua agora felizmente estabelecida possa contribuir para a
conclusão de uma paz permanente, assentou-se de commum
accordo que as negociações para tão desejado fim se abrirão
immediatamente depois de decorridos os tres annos especi
ficados, ou mesmo antes, uma vez que o Governo Portuguez
haja satisfeito a Sua Alteza o Bachá Bey os prejuizos cau
sados aos seus subditos com a captura, feita por uma fra
gata Portugueza, de um navio com bandeira Raguzana, que
de Smirna seguia viagem para Tunis no anno de 1799.
464 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
1813 Ma se alla spirazione di questa tregua nessuna soddis-
ujgbr0 facente compensazione per questa perdita sarà offerta dal
Governo Portoghese, allora l'opera del presente Trattato do
vrà finalmente ed intieramente cessare.
In testimonianza di che noi, il Bassà Bey di Tunis e Wil
liam A'Court Esquire, abbiamo firmato il presente Trattato
nel Palazzo del Bardo, le 21 della luna Seianel dell'anno
dell'Egira 1228, ed oggi 16 Ottobre 1813, era Christiana.
TOM. 1T. 30
ACTO DE ADHESÃO, POR PARTE DO PRINCIPE REGENTE O
DE 1814 ENTRE A FRANÇA E AS POTENCIAS ALLIADAS, AS
DE PORTUGAL EM 17 DE OUTUBRO DO DITO ANNO,
(traducção particular.)
ART. Hl.
O Tenente General do Reino de França dará conseguintemente
ordem aos Commandantes d'essas praças de as entregarem nos ter
mos seguintes a saber : as praças situadas sobre o Rheno não
comprehendidas nos limites da França, no 1.° de Janeiro dc 1792,
e as entre o Rheno e esses limites, no espaço de dez dias contados
da data da assignatura do presente acto ; as praças do Piemonte,
e nas outras partes da Italia que pertenciam á França, no de quinze
dias; as de Hespanha, no dc vinte dias ; e todas as outras praças,
sem excepção, que se acham oceupadas pelas tropas Francezas, de
modo que a sua entrega total possa estar concluída até ao 1." de
Junho proximo. As guarnições d'cstas praças sairão com armas e
bagagens e com as propriedades particulares dos militares e em
pregados de todas as graduações. Poderão conduzir a artilheria de
campanha na proporção de tres peças por cada milhar de homens,
comprehendidos os doentes e feridos.
A dotação das fortalezas, e tudo o que não é propriedade par
ticular, ficará e será entregue por inteiro aos Alliados, sem que
d'ellas se possa extrahir objecto algum. Na dotação se comprehen-
dem não só os depositos de artilheria e de munições, mas tambem
todos os outros generos de provimentos, assim como os archivos,
inventarios, planos, cartas, modelos, etc, etc.
Logo depois da assignatura da presente Convenção serão no
meados Commissarios das Potencias Alliadas eFrancezes, e enviados
ás fortalezas para verificarem o estado em que se acham c regula
rem em commum a execução d'este Artigo.
Serão as guarnições dirigidas por étape (marchas reguladas)
nas differentes linhas que se hão dc convencionar para a sua en
trada em França.
Levantarão immediatameute os exercitos alliados o bloqueio
das praças fortes em França. As tropas francezas que formam parte
do exercito de Italia, oú que oceuparem praças n'aquelle paiz ou
470 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
no Mediterraneo, serão immed latamente chamadas por Sua Alteza
Real o Tenente General do Reino.
ABT IV.
As estipulações do Artigo precedente serão applicadas do mes
mo modo ás praças marítimas, reservando-se comtudo as Potencias
Contratantes regular no Tratado de paz definitivo a sorte dos ar-
senaes, embarcações de guerra armadas e não armadas que se
acham n'essas praças.
ABT. V.
As esquadras e vasos da França ficarão na sua respectiva si
tuação, salvo as embarcações encarregadas de commissões ; porém
o effeito immediato do presente acto a respeito dos portos France-
zes será o levantamento de todos os bloqueios por terra e por mar,
a liberdade da pesca e da navegação costeira, particularmente da
que é necessaria para o abastecimento de Paris c para o restabe
lecimento das relações commerciaes, segundo os regulamentos in
teriores dc cada paiz ; e este effeito immediato, relativamente ao
interior, será o livre abastecimento das cidades e o livre transito
dos transportes militares e commerciaes.
ART. TI.
Para evitar todo e qualquer motivo de queixa c de contesta
ção que se possa originar por occasião das presas feitas no mar
depois da assignatura da presente Convenção, conveiu-se recipro
camente que os vasos e effeitos que hajam sido tomados na Mancha
e nos mares do norte, depois do espaço de doze dias, a contar da
troca das ratificações do presente acto, serão por uma e outra parte
restituídas ; que será de um mez o praso desde a Mancha e mares
do norte até ás Ilhas Canarias, até ao Equador ; (1) e finalmente
de cinco mezes em todas as outras partes do Mundo, sem excepção
alguma, nem outra alguma distineção particular de tempo e de
logar.
ABT. VII.
Por uma e outra parte os Officiaes e Soldados de terra- e mar,
ou de qualquer natureza que sejam, c particularmente os refens,
serão immediatamente restituidos sem resgate e sem troca. No-
mear-se-hão reciprocamente Commissarios para procederem a esta
entrega geral.
ABT. Tm.
Será entregue pelos co-belligerantes, logo depois da assigna
tura d'este acto, a administração dos departamentos ou povoações
actualmente oceupadas pelas suas forças aos Magistrados nomeados
por Sua Alteza Real o Tenente General do Reino de França. As
Auctoridades Reaes proverão nas subsistencias e no que for preciso
ás tropas, até ao momento em que tiverem evacuado o territorio
(1) Nota-se uma falta iTeste período; nós porém não vimos outra
versão d'elle.
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 471
Francez, querendo as Potencias Alliadas, por cffcito de sua amizade 1814
á França, fazer cessar as requisições militares, tão depressa se Maio
executar a entrega ao poder legitimo. 8
Tudo o que toca á execução d'este Artigo será regulado por
uma Convenção particular.
ART. IX.
Convencionar-se-ha respectivamente, conforme os termos do
Artigo ii, ao caminho que as tropas das Potencias Alliadas hão de
seguir na sua marcha, para ali apromptar os meios de subsisten
cia ; e nomear-se-hão Commissarios para regular todas as disposi
ções miudas, e para acompanharem as tropas até ao momento em
que tiverem saído do territorio Francez.
Em fé do que, os Plenipotenciarios respectivos assignaram a
presente Convenção, e lhe pozeram o sêllo de suas armas.
Feita em Paris, a 23 de Abril de 1814.
(Seguem as assignaturas.)
ARTIGO ADDICIONAL.
(Seguem as assignaturas.)
(tradicçao partículas.)
ART. I.
Il y aura, à compter de ce jour, paix et amitié entre
Son Altesse Royale le Prince Régent de Portugal et des
Algarves et Ses Alliés d'une part, et Sa Majesté le Roi de
France et de Navarre de l'autre part, Leurs héritiers et suc
cesseurs, Leurs États et sujets respectifs à perpetuité.
Les Hautes Parties Contractantes apporteront tous leurs
soins à maintenir, non seulement entre elles, mais encore,
autant qu'il dépend d'elles, entre tous les États de l'Europe,
la bonne harmonie et intelligence si nécessaires à son repos.
ART. II.
Le Royaume de France conserve l'intégrité de ses li
mites, telles qu'elles existaient à l'époque du 1er Janvier
1792. Il recevra en outre une augmentation de territoire
comprise dans la ligne de démarcation fixée par l'Article
suivant.
ART. III.
Du côté de la Belgique, de l'Allemagne et de l'Italie,
l'ancienne frontière, ainsi qu'elle existait le 1er Janvier de
l'année 1792, sera rétablie, en commençant de la mer du
Nord, entre Dunkerque et Nieuport, jusqu'à la Méditerra
née, entre Cagnes et Nice, avec les rectifications suivantes :
Ie Dans le Département de Jemmapes, les Cantons de
Dour, Merbes-le-Château, Beaumont et Chimay resteront
à la France; la ligne de démarcation passera, là où elle tou
che le Canton de Dour, entre ce canton et ceux de Boussu
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 477
e Commendador da Ordem de S. Thiago da Espada, do Con
selho de Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal,
Seu Embaixador Extraordinario e Plenipotenciario junto
de Sua Magestade Britannica; e Sua Magestade El-Rei de
França e de Navarra, a Mr. Carlos Mauricio de Talleyrand-
Périgord, Principe de Benevento, Gran-Aguia da Legião
de Honra, Gran-Cruz da Ordem de Leopoldo d'Áustria, Ca-
valleiro da Ordem de S.t0 André da Russia, das Ordens da
Águia Negra e da Águia Vermelha de Prussia, etc., Seu
Ministro e Secretario d'Estado dos Negocios Estrangeiros;
os quaes, depois de terem trocado os seus plenos poderes,
achados em boa e devida fórma, convieram nos Artigos se
guintes:
ART. I.
Haverá de hoje em diante paz e amisade entre Sua Al
teza Real o Principe Regente de Portugal e dos Algarves e
Seus Alliados por uma parte, e Sua Magestade El-Rei de
França e de Navarra por outra parte, Seus herdeiros e suc-
cessores, Seus Estados e vassallos respectivos para sempre.
As Altas Partes Contratantes porão todo o seu desvelo
em manter, não só entre si, mas tambem, quanto estiver
da sua parte, entre todos os Estados da Europa, a boa har
monia e intelligencia tão necessarias ao seu repouso.
ART. II.
O Reino de França conserva a integridade dos seus li
mites, taes como existiam na epocha do i.° de Janeiro de
1792. Receberá demais um augmento de territorio com-
prehendido na linha de demarcação fixada pelo Artigo se
guinte.
ART. III.
Do lado da Belgica, da Ailemanha e da Italia será res
tabelecida a antiga fronteira, tal como existia no 1.° de Ja
neiro de 1792, começando do mar dp Norte, entre Dunker-
que e Nieuport até ao Mediterraneo, entre Cagnes e Nice,
com as rectificações seguintes:
1 .° No Departamento de Jemmapes, os Cantões de Dour,
Merbes-le-Château, Beaumont e Chimay ficarão á França;
a linha de demarcação passará no ponto em que toca o
Cantão de Dour, entre este cantão e os de Boussu e Patu
478 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
et Paturage, ainsi que, plus loin, entre celui de Merbes-le-
Château et ceux de Binch et de Thuin.
2e Dans le Département de Sambre et Meuse, les Can
tons de Valcour, Florennes, Beauraing et Gêdinne appar
tiendront à la France; la démarcation, quand elle atteint ce
département, suivra la ligne qui sépare les cantons précités,
du Département de Jemmapes et du reste de celui de Sam
bre et Meuse.
3e Dans le Département de la Moselle, la nouvelle dé
marcation, là où elle s'écarte de l'ancienne, sera formée par
une ligne à tirer depuis Perle jusqu'à Fremesdorf, et par
celle qui sépare le Canton de Tholey du reste du Départe
ment de la Moselle.
4e Dans le Département de la Sarre, les Cantons de
Saarbruck et d'Arneval resteront à la France, ainsi que la
partie de celui de Lebach, qui est située au midi d'une ligne
à tirer le long des confins des villages de Herchenbach, Ue-
berhofen, Hilsbach et Hall (en laissant ces différents endroits
hors de la frontière Française) jusqu'au point où, pris de
Querseille (qui appartient à la France), la ligne qui sépare
les Cantons d'Arneval et d'Ottweiler atteint celle qui sépare
ceux d'Arneval et de Lebach; la frontière de ce côté sera
formée par la ligne ci-dessus désignée, et ensuite par celle
qui sépare le Canton d'Arneval de celui de Bliescastel.
5e La forteresse de Landau, ayant formé, avant l'année
1792, un point isolé dans l'Allemagne, la France conserve
au-delà de ses frontières une partie des Départements du
Mont-Tonnerre et du Bas-Rhin, pour joindre la forteresse
de Landau et son rayon au reste du Royaume. La nouvelle
démarcation, en partant du point où, près d'Obersteinbach
(qui reste hors des limites de la France), la frontière entre
le Département de la Moselle et celui du Mont-Tonnerre
atteint le Département du Bas-Rhin, suivra la ligne qui sé
pare les Cantons de Weissenbourg et de Bergzabern (du
côté de la France), des Cantons de Pirmassens, Dahn et
Anweiler (du côté de l'Allemagne), jusqu'au point où ces
limites, près du village de Wolmersheim, touchent l'ancien
rayon de la forteresse de Landau. De ce rayon* qui reste
ainsi qu'il était en 1792, la nouvelle frontière suivra le bras
de la rivière de la Queich qui, en quittant ce rayon, près
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 479
rage, assim como, mais adiante, entre o Merbes-le-Château
e os de Binch e de Thuin.
2.° No Departamento de Sambre e Meuse, os Cantões
de Valcour, Florennes, Beauraing e Gêdinne pertencerão à
França; a demarcação, em chegando a este departamento,
seguirá a linha que separa os cantões mencionados, do De
partamento de Jemmapes e do resto do de Sambre e Meuse.
ART. VI.
La Hollande, placée sous la souveraineté de la Maison
d'Orange, recevra un accroissement de territoire. Le titre
et l'exercice de la souveraineté n'y pourront, dans aucun
cas, appartenir à aucun Prince portant ou appelé à porter
une couronne étrangère.
Les États de l'Allemagne seront indépendants et unis par
un lien fédératif.
La Suisse indépendante continuera de se gouverner par
«Ile-même.
L'Italie, hors des limites des pays qui reviendront à
l'Autriche, sera composée d'États souverains.
ART. VU.
L'Ile de Malte et ses dépendances appartiendront en
toute propriété et souveraineté à Sa Majesté Britannique.
ART. VIH.
Sa Majesté Britannique, stipulant pour Elle et Ses Alliés,
s'engage à restituer, à Sa Majesté Très-Chrétienne, dans les
délais qui seront ci-après fixés, les colonies, pêcheries, com
ptoirs et établissements de tout genre que la France possédait
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 485
se entenderão amigavelmente sobre os meios de evitar o
contrabando, e de regular o curso das postas e a conser
vação da estrada.
ART. V.
A navegação pelo Bheno, desde o ponto em que este
começa a ser navegavel até ao mar, e reciprocamente, será
de tal sorte livre que não possa ser prohibida a ninguem;
e no futuro Congresso se tratará dos principios, segundo
os quaes se poderão regular os direitos que hão de perceber
os Estados que ficam nas suas margens, do modo mais igual
e mais favoravel ao commercio de todas as Nações.
Examinar-se-ha e se decidirá no futuro Congresso de
que modo, para facilitar as communicações entre os povos e
faze-los cada vez menos estranhos uns aos outros, poderá
a disposição sobredita estender-se igualmente a todos os
outros rios, que no seu curso navegavel separam ou atra
vessam diversos Estados.
ART. VI.
A Hollanda, posta debaixo da soberania da Casa de
Orange, receberá um augmento de territorio. O titulo e
exercicio da soberania não poderão ali, em caso algum, per
tencer a Principe que tenha ou que seja chamado a cingir
corôa estrangeira.
Os Estados de Allemanha serão independentes, e unidos
por um laço federativo.
A Suissa independente continuará a governar-se a si
mesma.
A Italia, fóra dos limites dos paizes que tocarem á Áus
tria, será composta de Estados soberanos,
ART. VII.
A Ilha de Malta e suas dependencias pertencerão em
plena propriedade e soberania a Sua Magestade Britannica.
ART. VIII. ,
Sua Magestade Britannica, contratando por Si e pelos
Seus Alliados, obriga-se a restituir a Sua Magestade Chris-
tianissima, dentro dos prasos adiante estipulados, as colo
nias, pescarias, feitorias e estabelecimentos de toda a qua
au 1er Janvier 1792 dans les mers et sur les continents de
l'Amérique, de l'Afrique et de l'Asie, à l'exception toutefois
des Iles de Tabago et de Sainte-Lucie, et de l'Ile de France
et de ses dépendances, nommément Rodrigue et les Séchel-
les, lesquelles Sa Majesté Très-Chrétienne cède en toute pro
priété et souveraineté à Sa Majesté Britannique, comme aussi
de la partie de Saint-Domingue cédée à la France par la paix
de Bâle, et que Sa Majesté Très-Chrétienne rétrocède à Sa
Majesté Catholique en toute propriété et souveraineté.
ART. IX.
Sa Majesté le Roi de Suède et de Nonvége, en consé
quence d'arrangements pris avec Ses Alliés, et pour l'exécu
tion de l'Article précédent, consent à ce que l'Ile de la
Guadeloupe soit restituée à Sa Majesté Très-Chrétienne, et
cède tous les droits qu'il peut avoir sur cette île.
ART. X.
Son Altesse Royale le Prince Régent de Portugal et des
Algarves, en conséquence d'arrangements pris avec Ses Alliés,
et pour l'exécution de l'Article vin, s'engage à restituer à
Sa Majesté Très-Chrétienne, dans le délai ci-après fixé, la
Guyanne Française, telle qu'elle existait au 1er Janvier 1792.
ART. XI.
Les places et forts existants dans les colonies et établis-
ART. IX.
Sua Magestade El-Rei de Suecia e de Noruega, em con
sequencia dos arranjamentos feitos com Seus Alliados, e para
execução do Artigo precedente, consente em que a Ilha de
(xuadeloupe seja restituida a Sua Magestade Christianissima,
e cede todos os direitos que possa ter sobre esta ilha.
1 ART. X. (1)
Sua Alteza Real o Principe Regente de Portugal e dos
Algarves, em consequencia de arranjamentos feitos com Seus
Alliados, e para execução do Artigo vm, se obriga a res
tituir a Sua Magestade Christianissima, dentro do praso
adiante estipulado, a Guyanna Franceza, tal qual existia
no 1.° de Janeiro de 1792.
Fazendo o effeito d'esta estipulação reviver a contestação
existente n'aquella epocha a respeito dos limites, fica con
vencionado que esta contestação será terminada por um ar-
ranjamento amigavel entre as duas Côrtes, debaixo da me
diação de Sua Magestade Britannica.
ART. XI.
As praças e fortes existentes nas colonias e estabeleci-
«de um modo indefinido uma obra tão saudavel como era a conclusão da
« paz com a França, não entende pela inserção do Artigo x desistir em
«nome da sua Côrte do limite de Oyapock (isto é, do rio cuja emboca-
«dura é situada no Oceano entre o 4.° e 5.° grau de latitude septentrional,
«entre as duas Guyanas Portugueza e Franceza), que lhe é prescripto de
*uma maneira absoluta e sem' interpretação ou modificação nas suas in-
ustrucçóes, já como direito legitimo reconhecido pelo Tratado de Utrecht,
«já como indemnisação pelas reclamações de Portugal contra a França. »
488 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
I8U sements qui doivent être rendus à Sa Majesté Très-Chré-
tienne, en vertu des Articles vm, ix et x, seront remis
dans l'état où ils se trouveront au moment de la signature»
du présent Traité.
ART. XII.
Sa Majesté Britannique s'engage à faire jouir les sujets
de Sa Majesté Très-Chrétienne relativement au commerce
et à la sûreté de leurs personnes et propriétés dans les li
mites de la souveraineté Britannique sur le continent des
Indes, des mêmes facilités, privilèges et protection qui sont
à présent ou seront accordés aux nations les plus favorisées.
De son côté, Sa Majesté Très-Chrétienne n'ayant rien plus
à coeur que la perpétuité de la paix entre les deux Couron
nes de France et d'Angleterre, et voulant contribuer, au
tant qu'il est en elle, à écarter dès à présent des rapports
des deux peuples, ce qui pourrait un jour altérer la bonne
intelligence mutuelle, s'engage à ne faire aucun ouvrage de
fortification dans les établissements qui lui doivent être res
titués et qui sont situés dans les limites de la souveraineté.
Britannique sur le continent des Indes, et à ne mettre dans
ces établissements que le nombre des troupes nécessaires pour
le maintien de la police.
AUT. XIII. •
Quant au droit de pêche des Français sur le grand banc
de Terre Neuve, sur les côtes de l'Ile de ce nom et des îles
adjacentes, et dans le Golfe de S' Laurent, tout sera remis
sur le même pied qu'en 1792.
ART. XIV.
Les colonies, comptoirs et établissements qui doivent
être restitués à Sa Majesté Très-Chrétienne par Sa Majesté
Britannique ou ses alliés seront remis, savoir: ceux qui sont
dans les mers du Nord ou dans les mers et sur les conti
nents de l'Amérique et de l'Afrique, dans les trois mois, et
ceux qui sont au-delà du Cap de Bonne-Espérance dans les
six mois qui suivront la ratification du présent Traité.
ART. XV..
Les Hautes Parties Contractantes s'étant réservé, par
l'Article iv de la Convention du 23 Avril dernier, de régler
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 489
mentos que hão de ser restituidos a Sua Magestade Christia- 1811
nissima, em virtude dos Artigos vm, ix e x, serão entregues Maio
30
estado em que se acharem no momento da assignatura do
presente Tratado.
ART. XII.
Sua Magestade Britannica se obriga a fazer gosar os sub
ditos de Sua Magestade Ghristianissima, relativamente ao
commercio e á segurança de suas pessoas e propriedades nos
limites da soberania Britannica no continente das Indias,
das mesmas facilidades, privilegios e protecção que actual
mente são ou forem concedidas ás nações mais favorecidas.
Sua Magestade Ghristianissima pela sua parte, tendo muito
a peito a perpetuidade da paz entre as duas Corôas de França
e de Inglaterra, e querendo contribuir quanto lhe for pos-
sivel para afastar desde já das relações dos dois povos tudo
quanto poderia algum dia alterar a boa intelligencia mutua,
obriga-se a não fazer obra alguma de fortificação nos esta
belecimentos que lhe hão de ser restituidos, e que ficam si
tuados nos limites da soberannia Britannica no continente
das Indias, e a não pôr n'aquelles estabelecimentos senão o
numero de tropas necessarias para manutenção da policia.
ART. XIII.
Quanto ao direito da pesca dos Francezes no grande
Banco da Terra Nova, nas costas da Ilha d'este nome e das
ilhas adjacentes, e no Golfo de S. Lourenço, tudo tornará
a ser posto no mesmo pé em que estava em 1792.
ART. XIV.
As colonias, feitorias e estabelecimentos que devem ser
restituidos a Sua Magestade Ghristianissima por Sua Mages
tade Britannica ou seus alliados, serão entregues, a saber:
o que fica nos mares do Norte ou nos mares e continentes
da America e da Africa dentro dos tres mezes, e o que fica
alem do Cabo da Boa Esperança dentro dos seis mezes de
pois da ratificação do presente Tratado.
ART. XV.
Tendo-se reservado as Altas Partes Contratantes, pelo
Artigo iv da Convenção de 23 de Abril passado, regular no
490 REINADO DA SENHORA D: MARTA I.
dans le présent Traité de paix définitif le sort des arsenaux
et des vaisseaux de guerre armés et non armés qui se trou
vent dans les places maritimes remises par la France en exé
cution de l'Article n de la dite Convention, il est convenu
que les dits vaisseaux et bâtiments de guerre armés et non
armés, comme aussi l'artillerie navale et les munitions na
vales et tous les matériaux de construction et d'armement,
seront partagés entre la France et le pays où les places sont
situées, dans la proportion de deux tiers pour la France et
d'un tiers pour les Puissances auxquelles les dites places ap
partiendront.
Seront considérés comme matériaux et partagés comme
tels dans la proportion ci-dessus énoncée, après avoir été
démolis, les vaisseaux et bâtiments en construction qui ne
seraient pas en état d'être mis en mer six semaines après la
signature du présent Traité.
Des Commissaires seront nommés de part et d'autre pour
arrêter le partage et en dresser l'état, et des passeports ou
sauf-conduits seront donnés par les Puissances alliées pour
assurer le retour en France des ouvriers, gens de mer et
employés Français.
Ne sont compris dans les stipulations ci-dessus les vais
seaux et arsenaux existants dans les places maritimes qui
seraient tombées au pouvoir des alliés antérieurement au 23
Avril, ni les vaisseaux et arsenaux qui appartenaient à la
Hollande, et nommément la flotte du Texel.
Le Gouvernement de France s'oblige à retirer ou à faire
vendre tout ce qui lui appartiendra par les stipulations ci-
dessus énoncées, dans le délai de trois mois après le par
tage effectué.
Dorénavant le port d'Anvers sera uniquement un port
de commerce.
ART. XVI.
Les Hautes Parties Contractantes, voulant mettre et faire
mettre dans un entier oubli les divisions qui ont agité l'Eu
rope, déclarent et promettent que, dans les pays restitués
et cédés par le présent Traité, aucun individu, de quelque
classe et condition qu'il soit, ne pourra être poursuivi, in
quiété ou troublé, dans sa personne ou dans sa propriété,
sous aucun prétexte, ou à cause de sa conduite ou opinion
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 491
presente Tratado de paz definitivo a sorte dos arsenaes e dos 1814
vasos de guerra armados e não armados que se acham nas Maio
m
praças maritimas entregues pela França em cumprimento do
Artigo n da dita Convenção, fica convencionado que os ditos
vasos e embarcações de guerra armados e não armados, as
sim como a artilheria naval e as munições navaes, e todos
os materiaes de construcção e de armamento, serão dividi
dos entre a França e os paizes onde as praças estão situa
das, na proporção de dois terços para a França e um terço
para as Potencias a que as ditas praças pertencerem.
ART. XVIII.
Les Puissances alliées voulant donner à Sa Majesté Très-
Chrétienne un nouveau témoignage de leur désir de faire
disparaître, autant qu'il est en elles, les conséquences de l'é
poque de malheur si heureusement terminée par la présente
paix, renoncent à la totalité des sommes que les gouverne
ments ont à réclamer de la France à raison de contracts, de
fournitures ou d'avances quelconques faites au Gouverne
ment Français dans les différentes guerres qui ont eu lieu
depuis 1792.
De son côté, Sa Majesté Très-Chrétienne renonce à toute
réclamation qu'elle pourrait former contre les Puissances al
liées aux mêmes titres. En exécution de cet Article, les Hau
tes Parties Contractantes s'engagent à se remettre mutuelle
ment tous les titres, obligations et documents qui ont rap
port aux créances auxquelles elles ont réciproquement re
noncé.
ART. XIX.
Le Gouvernement Français s'engage à faire .liquider et
payer les sommes qu'il se trouverait devoir d'ailleurs dans
des pays hors de son territoire, en vertu de contracts ou d'au
tres engagements formels passés, entre des individus ou des
établissements particuliers et les Autorités Françaises, tant
pour fournitures qu'à raison d'obligations légales.
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 493
politica, ou da sua adhesão, quer a alguma das Partes Con
tratantes, quer a governos que cessaram de existir, ou por
qualquer outra rasão, a não ser por dividas contrahidas para
com individuos, ou por actos posteriores ao presente Tratado.
ART. XVII.
Em todos os paizes que devem ou deverem mudar de
possuidores, tanto em virtude do presente Tratado como dos
arranjamentos que se hão de fazer em consequencia d'elle,
conceder-se-ha aos habitantes naturaes e estrangeiros, de
qualquer condição e nação que forem, o espaço de seis an-
nos, a contar desde a troca das ratificações, para disporem,
se o julgarem conveniente, das suas propriedades adquiridas,
quer antes quer depois da guerra actual, e retirarem-se para
o paiz que bem lhes aprouver.
ART. XVIII.
Querendo as Potencias alliadas dar a Sua Magestade
Ghristianissima um novo testemunho do seu desejo de fazer
desapparecer, quanto está na sua mão, as consequencias da
epocha de desgraça tão felizmente terminada pela presente
paz, renunciam á totalidade das sommas que os governos
têem a reclamar da França em rasão de contratos, de for
necimentos ou de quaesquer adiantamentos feitos ao Go
verno Francez nas diversas guerras que tem havido desde
1792.
Pela sua parte Sua Magestade Ghristianissima renuncia
a toda e qualquer reclamação que podesse fazer contra as
Potencias alliadas pelos mesmos tilulos. Em cumprimento
d' este Artigo as Altas Partes Contratantes se obrigam a mu
tuamente se entregarem todos os titulos, obrigações e do
cumentos que tocarem aos creditos a que reciprocamente
têem renunciado.
ART. XIX.
O Governo Francez se obriga a fazer liquidar e pagar
as sommas que se achar dever alem das sobreditas fóra do
seu territorio, em virtude de contratos ou de outras obri
gações formaes, passadas entre individuos ou estabelecimen
tos particulares e as Auctoridades Francezas, tanto para for
necimentos como por obrigações legaes.
494 KBINADO BA D. MARIA T.
ART. XX.
Les Hautes Puissances Contractantes nommeront, immé
diatement après l'échange des ratifications du présent Trai
té, des Commissaires pour régler et tenir la main à l'exécution
de l'ensemble des dispositions renfermées dans les Articles
xvni et xix. Ces Commissaires s'occuperont de l'examen
des réclamations dont il est parlé dans l'Article précédent,
de la liquidation des sommes réclamées, et du mode dont
le Gouvernement Français proposera de s'en acquitter. Ils
seront chargés de même de la remise des titres, obligations
et documents relatifs aux créances auxquelles les Hautes Par
ties Contratantes renoncent mutuellement, de manière que la
ratification dû résultat de leur travail completera cette re
nonciation réciproque.
ART. XXI.
Les dettes spécialement hypothéquées dans leur origine
sur les pays qui cessent d'appartenir à la France ou con
tractées pour leur administration intérieure, resteront à la
charge de ces mêmes pays. Il sera tenu compte en consé
quence au Gouvernement Français, à partir du 22 Décem
bre 1813, de celles de ces dettes qui ont été converties en
inscriptions au grand livre de la dette publique de France.
Les titres de toutes celles qui ont été préparées pour l'in
scription et n'ont pas encore été inscrites, seront remis aux
gouvernements respectifs. Les états de toutes ces dettes se
ront dressés et arrêtés par une Commission mixte.
ART. XXII.
Le Gouvernement Français restera chargé, de son côté,
du remboursement de toutes les sommes versées par les su
jets des pays ci-dessus mentionnés, dans les caisses Fran
çaises, soit à titre de cautionnements, de dépôts ou de con
signations. De même les sujets Français, serviteurs des dits
pays, qui ont versé des sommes à titre de cautionnements,
dépôts ou consignations, dans leurs trésors respectifs, se
ront fidèlement remboursés.
ART. XXIII.
Les titulaires des places assujetties à cautionnement,
qui n'ont pas de maniement de deniers, seront remboursés
REGÊNCIA DOPRINCIPEREGENTEOSENHORD. JOÃO. 495
ART. XX.
As Altas Potencias Contratantes nomearão, logo depois
da troca das ratificações do presente Tratado, Commissa-
rios para regularem e fazerem executar todas as disposições
conteúdas nos Artigos xvm e xix. Occupar-se-hão estes
Commissarios em examinar as reclamações de que se falia
no Artigo precedente, a liquidação das sommas reclamadas,
e o modo como o Governo Francez ha de propor paga-las.
Serão tambem encarregados da entrega dos titulos, obriga
ções e documentos relativos aos creditos a que as Altas Par
tes Contratantes renunciam mutuamente, de modo que a ra
tificação do resultado do seu trabalho completará esta re
ciproca renuncia.
ART. XXI.
As dividas especialmente hypothecadas em sua origem
nos paizes que cessam de pertencer á França, ou contrahidas
para a sua administração interior, ficarão a cargo d'esses
mesmos paizes. Debitar-se-ha por conseguinte o Governo
Francez, desde 22 de Dezembro de 1813, d'aquellas des
tas dividas que têem sido convertidas em inscripções no li
vro mestre da divida publica de França. Os titulos de todas
as que foram preparadas para a inscripção, e que ainda não
foram averbadas, serão entregues aos governos dos respe
ctivos paizes. Formará uma Commissão mixta os mappas de
todas estas dividas.
ART. XXII.
O Governo Francez ficará pela sua parte encarregado
de embolsar todas as sommas mettidas, pelos subditos dos
paizes acima mencionados, nas caixas Francezas, fosse a ti
tulo de fianças, de deposito ou de consignação. Do mesmo
modo os subditos Francezes, servidores dos ditos paizes, que
entregaram sommas a titulo de fianças, deposito ou consi
gnação, nos seus respectivos thesouios, serão fielmente re
embolsados.
ART. XXIII.
Os titulares dos logares sujeitos a fiança, que não têem
manejo de dinheiros, serão embolsados com interesses até
496 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
avec les intérêts jusqu'à parfait payement à Paris, par cin
quième et par année, à partir de la date du présent Traité.
À l'égard de ceux qui sont comptables, ce rembourse
ment commencera au plus tard six mois après la présenta
tion de leurs comptes, le seul cas de malversation excepté.
Une copie du dernier compte sera remise au Gouvernement
de leur pays pour lui servir de renseignement et de point
de départ.
ART. XXIV.
Les dépôts judiciaires et les consignations faits dans la
caisse d'amortissement en exécution de la loi du 28 Nivôse
an xiii (le 18 Janvier 1805), et qui appartiennent à des ha
bitants des pays que la France cesse de posséder, seront
remis, dans le terme d'une année à compter de l'échange
des ratifications du présent Traité, entre les mains des au
torités des dits pays, à l'exception de ceux de ces dépôts et
consignations qui intéressent des sujets Français, dans le
quel cas ils resteront dans la caisse d'amortissement, pour
n'être remis que sur les justifications résultantes des déci
sions des autorités compétentes.
ART. XXV.
Leá fonds déposés par les communes et établissements
publics dans la caisse de service et dans la caisse d'amor
tissement, ou dans toute autre caisse du gouvernement, leur
seront remboursés par cinquièmes d'année en année, à par
tir de la date du présent Traité, sous la déduction des avan
ces qui leur auraient été faites, et sauf les oppositions ré
gulières faites sur ces fonds par des créanciers des dites
communes et des dits établissements publics.
ART. XXVI.
A dater du 1er Janvier 1814 le Gouvernement Français
cesse d'être chargé du payement de toute pension civile,
militaire et ecclésiastique, solde de retraite et traitement de
réforme à tout individu qui se trouve n'être plus sujet Fran
çais.
ART. XXVII.
Les domaines nationaux acquis à titre onéreux par des
sujets Français dans les ci-devant départements de la Bel
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 497
completo pagamento em Paris por quinto e por anno, desde
a data do presente Tratado.
A respeito dos que são responsaveis começará o embolso
o mais tardar seis mezes depois da apresentação das suas
contas, excepto somente o caso de erro de officio. Uma co
pia da ultima conta será entregue ao Governo do seu paiz
para lhe servir de indicação e de ponto de partida.
ART. XXIV.
Os depositos judiciaes e as consignações feitas na caixa
de amortisação em cumprimento da lei de 28 Nivose do
anno xm (18 de Janeiro de 1805), e que pertencem a ha
bitantes dos paizes que a França cessa de possuir, serão en
tregues, no termo de um anno a contar da troca das rati
ficações do presente Tratado, nas mãos das auctoridades dos
ditos paizes, á excepção dos depositos d'esta natureza e con
signações que interessam a subditos Francezes, em cujo caso
ficarão na caixa de amortisação, para não serem entregues
senão depois das justificações que resultarem das decisões
das auctoridades competentes.
ART. XXV.
Os fundos depositados pelas communs e pelos estabele
cimentos publicos na caixa de serviço e na caixa de amor
tisação, ou em qualquer outra caixa do Governo, ser-lhes-hão
reembolsados por quintas partes de anno em anno, a come
çar da data do presente Tratado, deduzindo-se o que ante
riormente tiverem recebido, e salvo opposições regulares
feitas sobre estes fundos por credores das ditas communs e
dos ditos estabelecimentos publicos.
ART. XXVI.
Desde o 1.° de Janeiro de 1814 cessa o Governo Francez
de ficar encarregado do pagamento de qualquer pensão ci
vil, militar, ecclesiastica, soldo de aposentado e pensão de
reformado a qualquer individuo que fique não sendo já sub
dito Francez.
ART. XXVII.
Os predios nacionaes adquiridos por titulo oneroso por
subditos Francezes nos que se chamavam departamentos da
vol. iv. 32
498 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
ART. XXIX.
Le Gouvernement Français s'engage à faire restituer les
obligations et autres titres qui auraient été saisies dans les
provinces occupées par les armées ou administrations Fran
çaises; et, dans le cas où la restitution ne pourrait être ef
fectuée, ces obligations et titres sont et demeurent anéantis.
ART. XXX. :
Les sommes qui seront dûes pour tous les travaux d'uti
lité publique non encore terminés, ou terminés postérieure
ment au 31 Décembre 1812 sur le Rhin et dans les dépar
tements détachés de la France par le présent Traité, passeront
à la charge des futurs possesseurs du territoire, et seront
liquidées par la Commission chargée de la liquidation des
dettes des pays.
ART. XXXI.
Les archives, cartes, plans et documents quelconques
appartenants aux pays cédés, ou concernants à leur admi
nistration, seront fidèlement rendus en même temps que le
pays, ou, si cela était impossible, dans un délai qui ne pourra
être de plus de six mois après la remise des pays mêmes.
Cette stipulation est applicable aux archives, cartes et
planches qui pourraient avoir été enlevés dans les pays mo
mentanément occupés par les différentes armées.
ART. XXXII.
Dans le délai de deux mois toutes les Puissances qui ont
été engagées de part et d'autre dans la présente guerre,
enverront des plénipotentiaires à Vienne, pour régler, dans
un congrès général, les arrangements qui doivent compléter
les dispositions du présent Traité.
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 499
Belgica, da margem esquerda do Rheno e dos Alpes, fóra 18U
dos antigos limites da França, são e ficam garantidos aos "jjj0
que os adquiriram.
ART. XXVIII.
A abolição dos direitos de aubaine e de detracção e ou
tros da mesma natureza nos paizes que o estipularam assim
com a França reciprocamente, ou que lhe haviam preceden
temente sido reunidos, fica expressamente conservada.
ART. XXIX.
O Governo Francez se obriga a fazer restituir as obri
gações e outros titulos que houvessem sido tomados nas pro
vincias occupadas pelos exercitos ou administrações France-
zas; e, no caso em que se não possa effectuar a restituição,
são e ficam nullas estas obrigações e estes titulos.
ART. XXX.
As sommas que se deverem por quaesquer trabalhos de
utilidade publica ainda não terminados, ou terminados de
pois de 31 de Dezembro de 1812, sobre o Rheno e nos de
partamentos separados da França pelo presente Tratado, pas
sarão a cargo dos futuros possuidores do territorio, e serão
liquidados pela Commissão encarregada da liquidação das
dividas do paiz.
ART. XXXI.
Os archivos, cartas, planos e documentos, sejam quaes
forem, pertencentes aos paizes cedidos, ou concernentes á sua
administração, serão fielmente entregues ao mesmo tempo que
o paiz, ou, sendo possivel, em um praso que não poderá ser
de mais de seis mezes depois da entrega dos mesmos paizes.
Esta estipulação é applicavel aos archivos, cartas e plan
tas que se possam ter tirado nos paizes momentaneamente
occupados pelos differentes exercitos.
ART. XXXII.
Dentro do termo de dois mezes todas as Potencias que
por uma e outra parte entraram na presente guerra, enviarão
plenipotenciarios a Vienna para regular, em um congresso
geral, os arranjamentos que devem completar as disposições
do presente Tratado.
500 REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
ART. XXXIII.
l«U Le présent Traité sera ratifié, et les ratifications en seront
M|^° échangées dans le délai de cinq mois, ou plutót si faire se
peut.
En foi de quoi, les Plénipotentiaires respectifs I'ont si-
gné, et y ont apposé le cachet de leurs armes.
Fait à Paris, le 30 Mai, 1'an de grace 1814.
N.° t.
(1) Estes Artigos addicionaes sob n."l, Sc3, assignados pelo Conde
de Funchal e o Principe de Benevente, não foram ratificados pelo Príncipe
Regente. Vimos comtudo citado omcialmente, e em tempos modernos, o
Artigo sob n.° 3.
Abaixo damos os artigos addicionaes, propriamente ditos, ao Tratado
de paz de Paris de 30 de Maio de 1814.
Artigo aãdieional ao Tratado entre Franca e Áustria.
As Altas Partes Contratantes, querendo apagar todos os vestigios dos
acontecimentos desgraçados que têem pesado sobre os seus povos, convie-
ram em annullar explicitamente os efieitos dos Tratados de 1805 e 1809
em tudo aquillo em que não ficam já de facto annullados pelo presente
Tratado. Em consequencia d'esta determinação promette Sua Magestade
Christianissima que os decretos expedidos contra subditos Francezes ou re
putados Francezes, que estão ou hajam estado ao serviço de Sua Magestade
Imperial e Real Apostolica, ficarão sem efleito, assim como as sentenças
que se tiverem dado para execução d'esses decretos.
O presente Artigo addicional terá a mesma força e valor como se fosse
inserido palavra por palavra no Tratado patente d'este dia. Será ratificado
e as suas ratificações trocadas ao mesmo tempo.
Em fé do que, os Plenipotenciarios respectivos o assignaram e lhe po-
zeram o séilo das suas armas.
Feito em Paris, a 30 de Maio do anno de salvação de 1814.
(L. S.) O Príncipe de Benevente.
(L. S.) O Príncipe de Metternich.
(L. S.) J. P., Conde de Stadion.
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 50 i
ART. XXXIII.
O presente Tratado será ratificado, e serão trocadas as mt
suas ratificações no termo de cinco mezes, ou antes se for Maio
30
possivel.
Em fé do que, os Plenipotenciarios respectivos o assi
naram e lhe pozeram o sêllo de suas armas.
Feito em Paris, a 30 de Maio doanno de salvação de 1814.
N.° 1.
commercio que repugna tanto aos principios de justiça natural como das
luzes do tempo em que vivemos, se obriga a unir, no futuro Congresso,
todos os seus esforços aos de Sua Magestade Britanniça para fazer pronun
ciar por todas as Potencias da Christandade a abolição do commercio da
escravatura, de modo que cesse este commercio universalmente, como de
finitivamente cessará e em todos os casos, da parte da França, dentro do
espaço de cinco annos, e que alem d'isto, durante este praso, nenhum con
tratante de escravos os possa importar nem vender senão nas colonias do es
tado de que é súbdito.
art. ir.
O Governo Britannico e o Governo Francez nomearão logo commissa-
rios para liquidar suas despezas respectivas para a mantença dos prisio
neiros de guerra, a fim de arranjarem o modo de saldar o excedente que
se achar a favor de uma ou outra das duas Potencias.
ART. III.
Os prisioneiros de guerra respectivos serão obrigados a pagar, antes de
partirem do logar da sua detenção, as dividas particulares que ali hajam
contrahido, ou a dar pelo menos caução satisfactoria.
ART. IV.
Por uma e outra parte se convirá, logo que for ratificado o presente
Tratado, em levantar o sequestro que se houver posto desde 1792 em fun
dos, rendas, creditos e outros quaesquer effeitos das Altas Partes Contra
tantes ou de seus subditos.
Os mesmos Commissarios, de que se faz menção no Artigo ir, se occu-
parão em examinar e liquidar as reclamações dos súbditos de Sua Mages
tade Britanniça para com o Governo Francez, pelo valor dos bens moveis
e immoveis indevidamente confiscados pelas Auctoridades Francezas, assim
como pela perda total ou parcial dos seus creditos, ou outras propriedades
indevidamente retidas debaixo do sequestro desde o anno de 1792.
Obriga-se a França a tratar a este respeito os subditos Ingtezes com
a mesma justiça que os súbditos Francezes têem experimentado em Ingla
terra; e desejando o Governo Inglez concorrer pela sua parte para o novo
testemunho que as Potencias alliadas têem querido dar a Sua Magestade
Christianissima do seu desejo de fazer desapparecer as consequencias da
epocha de desgraça, tão felizmente terminada pela presente paz, obriga-se
pela sua parte a renunciar, desde que se fizer completa justiça a seus sub
ditos, á totalidade do excedente que se achar a seu favor relativamente ao
sustento dos prisioneiros de guerra, de modo que a ratificação do resultado
do trabalho dos commissarios acima mencionados e o saldo das sommas,
bem como tambem a restituição dos effeitos que se julgar pertencer aos
subditos de sua Magestade Britanniça, completarão a sua renuncia.
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 503
da capitulação da Guyana Franceza que n8o houvessem sido 1814
executadas, tenham, na occasiao da restituição d'esta colonia Maio
30
á França, pleno e inteiro cumprimento.
Feito em Paris, a 30 de Maio de 1814.
ART. V.
Aí duas Altas Partes Contratantes, desejando estabelecer as mais ami
gaveis relações entre os seus respectivos súbditos, reservam a si e promet-
tem entender-se e arranjar-se o mais depressa possível sobre os seus inte
resses commerciaes, na intenção de animarem e augmentarem a prosperidade
de seus respectivos Estados.
Os mesmos Artigos addicionaes terão a mesma força e valor como se
fossem inseridos palavra por palavra no Tratado d'este dia. Serão ratificados
e as suas ratificações trocadas no mesmo tempo.
Em fé do que, os Plenipotenciarios respectivos os assignaram e lhes
pozeram o sèllo das suas armas.
Feito em Paris, a 30 de Maio do anno de salvação de 1814.
(L. S.) O Principe de Benevento.
(L. S.) Castlereagh.
(L. S.) Aberdeen.
(L. S.) Cathcart.
(L. S.) Carlos Stewart, Tenente General.
N.° 2.
ART. U
La disposition à faire des territoires auxquels Sa Ma
jesté Très-Chrétienne renonce par l'Article m du Traité pa
tent, et les rapports desquels doit résulter un système d'é
quilibre réel et durable en Europe, seront réglés au Congrès
sur les bases arrêtées par les Puissances alliées, entre elles,
et d'après les dispositions générales contenues dans les Ar
ticles suivants.
ART. II.
Les possessions de Sa Majesté Impériale et Royale Apos
tolique en Italie seront limitées par le Pó et le Tessin et le
Lac Majeur. Le Roi de Sardaigne rentrera en possession de
ses anciens États, à l'exception de la partie de la Savoye
assurée à la France par l'Article m du présent Traité. B
recevra un accroissement de territoire par l'Etat de Gênes.
Le port de Gênes restera port libre, les Puissances se
réservant de prendre à ce sujet des arrangements avec le
Koi de Sardaigne. La France reconnaîtra et garantira con
jointement avec les Puissances alliées, et comme elles, l'or-
N.° 2.
ART. I.
A disposição que se houver de fazer dos territorios a
que. Sua Magestade Christian issima renuncia pelo Artigo m
do Tratado patente, e as relações, de que deve resultar um
systema de equilibrio real e duravel na Europa, serão regu
ladas no Congresso sobre as bases ajustadas pelas Potencias
alliadas entre ellas, e segundo as disposições geraes contidas
nos Artigos seguintes.
ART. II.
As possessões de Sua Magestade Imperial e Real Apos
tolica na Italia terão por limites o Pó, o Tessino e o Lago
Maior. El-Rei de Sardenha tornará a entrar na posse de
sens antigos Estados, á excepção da parte da Saboya asse
gurada á França pelo Artigo m do presente Tratado. Re
ceberá um augmento de territorio pelo Estado de Genova.
O porto de Genova ficará porto livre, reservando-se as
Potencias fazer a tal respeito arranjamentos com El-Rei de
Sardenha. A França reconhecerá e garantirá conjuntamente
com as Potencias alliadas, e como ellas, a organisação poli-
ART. IV.
Les pays Allemands sur la rive gauche du Rhin, qui
avaient été réunis à la France depuis 1792, serviront à
l'agrandissement de lu Hollande, et à des compensations
pour la Prusse et autres États Allemands.
ART. V.
La rénonciation du Gouvernement Français contenue
dans l'Article xvm, s'étend nommément à toutes les ré
clamations qu'il pourrait former contre les Puissances al
liées à titre de dotations, de donations, de revenus de la
légion d'honneur, de Sénatoreries, de pensions et d'autres
charges de cette nature.
ART. VI.
Le Gouvernement Français, ayant offert par l'Article se
cret de la Convention du 23 Avril dernier, de faire recher
cher et d'employer tous ses efforts pour retrouver les fonds
de la Banque de Hambourg, promet d'ordonner les per
quisitions les plus sévères pour découvrir les dits fonds,
et de poursuivre tous ceux qui pourraient en être déten
teurs.
Les présents Articles séparés et secrets auront la même
force et valeur que s'ils étaient insérés mot à mot au Traité
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 507
tica que se dá á Suissa sob os auspicios das ditas Potencias
alhadas, e segundo as bases com ellas ajustadas.
ART. III.
Exigindo o estabelecimento de um justo equilibrio na
Europa que a Hollanda seja constituida com proporções que
a habilitem a sustentar a sua independencia pelos seus pro
prios meios, os paizes comprehendidos entre o mar, as fron
teiras da França taes como se acham reguladas pelo pre
sente Tratado, e o Mosa, serão reunidos perpetuamente á
Hollanda. As fronteiras na margem direita do Mosa serão
reguladas segundo as conveniencias militares da Hollanda e
de seus vizinhos.
A liberdade da navegação do Escalda será restabelecida
sobre o mesmo principio que regulou a navegação do Rheno
no Artigo v do presente Tratado.
ART. IV.
Os paizes Allemães na margem esquerda do Rheno, que
foram reunidos á França depois de 1792, servirão para o
engrandecimento da Hollanda, e de compensações para a
Prussia e outros Estados Allemães.
ART. V.
A renuncia do Governo Francez contida no Artigo xvm
estende-se especialmente a todas as reclamações que poderia
apresentar contra as Potencias alliadas a titulo de dotações,
doações, de rendimentos da legião de honra, de Senadorias,
de pensões e outros cargos d'esta natureza.
ART. VI.
Tendo o Governo Francez offerecido, pelo Artigo secreto
da Convenção de 23 de Abril ultimo, mandar procurar e
empregar todos os seus esforços para encontrar os fundos
do Banco de Hamburgo, promette ordenar as mais severas
pesquizas para descobrir os ditos fundos, e perseguir todos
aquelles que forem detentores dos mesmos.
n.° a.
N.° 3.
(TRADUCÇÂO PARTICULAR.)
Comte de Palmella.
- Conde de Palmella.
Le Prinee de Bénévent.
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 515
tro, que ali forem acreditados, as mesmas franquias e isen
ções de direitos sobre o pé da mais perfeita reciprocidade.
2.° Em consequencia dos vinculos de amisade que unem
as duas Nações, as relações de commercio são restabeleci
das sobre o pé da mais perfeita reciprocidade. Emquanto,
por uma Convenção, não forem reguladas as condições par
ticulares, os direitos de porto sobre os navios mercantes se
rão percebidos em um e outro Paiz no pé da mais perfeita
reciprocidade.
3.° Os Consules e Vice-Consules de cada um dos dois
Soberanos gosarão, nos Estados do outro, de todos os pri
vilegios, prerogativas e jurisdicção, de que estavam na posse
em o f.° de Janeiro de 1792. Os subditos de cada um dos
dois Estados, domiciliados no outro, gosarão, quanto a suas
pessoas, das mesmas vantagens e isenções sobre o pé da
mais perfeita reciprocidade. Achando-se abolidas para todas
as nações, em Portugal, as Feitorias estrangeiras e Corpo
rações de negociantes estrangeiros, não poderão os France
zes tê-las mais, como as tinham anteriormente.
El-Rei deu ao abaixo assignado ordem para declarar ao
Sr. Conde de Palmella que adopta de boa vontade aquellas
regras, e se obriga a manda-las seguir nos seus Estados a
respeito dos subditos Portuguezes, comtanto que ellas sejam
seguidas em Portugal a respeito dos subditos Francezes. Po
rém Sua Magestade ordenou-lhe ao mesmo tempo de juntar
a esta declaração, que com isto Ella não entende de maneira
alguma renunciar, para os negociantes Francezes, á facul
dade que tinham sempre tido antes da guerra, e que ainda
hoje têem os negociantes de varias nações, de ter em Por
tugal Juizes Conservadores.
Fazendo ao Sr. Conde de Palmella esta declaração, o
abaixo assignado tem a honra de lhe renovar a segurança
da sua alta consideração.
Paris, 29 de Julho de 1814.
0 Principe de Benevento.
■ SI 6 - REINADO DA SENHORA D. MARIA I.
Comte de Palmella.
REGÊNCIA DO PRINCIPE REGENTE O SENHOR D. JOÃO. 517
Conde de Palmella.
SUPPLEMENTO.
TRATADO DE ALLIANÇA ENTRE DOM CARLOS IV REI DE HES-
PANHA E A REPURLICA FRANCEZA, PARA A INVASÃO DE
PORTUGAL, COM O FIM DE ORRIGAR ESTE REINO A SEPA-
RAR-SE DA INGLATERRA, ASSIGNADO EM MADRID A 29 DE
JANEIRO DE 1801.
AftT. I.
Sua Magestade Catholica fará as suas explicações á Rainha
Fidelissima por ultimatum das suas pacificas idéas, e não
convindo em fazer a paz com a França, se dará por decla
rada a guerra com Sua Magestade, fixando-se o termo de
quinze dias para tal resolução.
AM. II.
Se Sua Magestade Fidelissima quer fazer a paz com a
França, ficará obrigada : 1 .°, a abandonar inteiramente a al
liança da Inglaterra; 2.°, a abrir por conseguinte todos os
seus portos aos navios da Hespanha e da França, e a fecha-
los aos de Inglaterra ; 3.°, a entregar a Sua Magestade Ca
tholica uma ou varias das suas provincias que prefaçam a
quarta parte da povoação de seus Estados da Europa, para
que sirvam de garantia á restituição da Trindade, de Mahon
e de Malta ; \.\ a indémnisar alem d'isso os subditos de Sua
Magestade Catholica dos damnos por elles soffridos, e a fi
xar definitivamente os seus limites com a Hespanha; 5.",
StPPLEMEiVTO.
emfim, a indemnisar a França conforme aos pedidos que se
indicarem pelo seu Plenipotenciario ao tempo das nego
ciações.
ART. III.
Porém no caso de não se fazer a paz, o Primeiro Con
sul dará a Sua Magestade Catholica quinze mil homens de
infanteria com seus trens de campanha e corpo facultativo
bem armados, equipados e mantidos de tudo pela França,
que reporá as faltas d'elles o mais prompto possivel, segundo
forem occorrendo as necessidades.
ART. Vf.
E como este numero de tropas não é o que correspon
deria, tendo-se de levar a effeito o Tratado de alliança, o
Primeiro Consul o augmentará para cumpri-lo sempre que a
necessidade o exija ; pois que não o julgando preciso agora,
e Sua Magestade Catholica considerando a difficuldade que
a guerra contra o Imperador apresenta á Republica, çob-
vem-se, sem alterar os Tratados, em tomar este auxilio da
sua alliada.
ART. V.
No caso em que se verifique a conquista de Portugal,
correrá por conta de Sua Magestade Catholica o cumpri
mento do Tratado que agora é proposto pela França á Rainha
Fidelissima, e para a sua execução em todas as suas partes
concordará o Primeiro Consul em esperar dois annos, cujo
praso não será ainda suficiente para que Sua Magestade
Catholica possa levantar n'aquelle Reino, que como provin
cia se une ás dos seus dominios, estas sommas, e terá talvez
de as supprir augmentando os productos da dita provincia
com os que agora percebe dos seus Reinos, ou aliás em que
se trate amigavelmente dos meios de cumprir estas condi
ções.
ART. VI.
E se a conquista não tiver effeito na sua totalidade, e
só se fizesse a de um territorio, como conviria para satis
fação dos aggravos recebidos, então Sua Magestade Catho
lica não pagará nada á França, nem esta reclamará gastos
de campanha, postoque como auxiliar e alliada deve a Re-r
publica manter as suas tropas.
524 SUPPLEMENTO.
ART. VII.
Pelo mesmo modo será considerado o auxilio, se, ha-
vendo-se roto as hostilidades, viesse Sua Magestade Fide
lissima a fazer a paz ; e então o Primeiro Consul procurará
por outro meio ou em outros paizes de reintegrar a Sua
Magestade Catholica dos gastos causados, postoque uma tal
empreza reflecte sobre as negociações geraes, e por este meio
se augmenta a força da França.
ART. VIII.
Logo que as tropas Francezas entrem em Hespanha
obrarão segundo os planos que o General Hespanhol, Com-
mandanle de todo o exercito, haja formado; e os Generaes
Francezes não alterarão as suas idéas, suppondo que a pru
dencia, talento e conhecimento do Primeiro Consul não no
meará senão pessoas que, seguindo os costumes dos povos
por onde transitem, se façam amar, conservando assim a
paz ; porém se por algum incidente (que Deus não permitta)
viesse a succeder algum desgosto com um ou mais indivi
duos das columnas Francezas, o Commandante d'ellas o
mandará retirar para França apenas o General Hespanhol
lhe diga que assim convem, sem necessidade de discussões
e allegações por escripto, porquanto a boa harmonia fórma
a base da felicidade a que reciprocamente aspirámos.
ART. IX.
E se Sua Magestade Catholica considerasse não ser ne
cessario o auxilio das tropas Francezas, quer seja que este
jam principiadas as hostilidades, ou que se dê fim a ellas,
já pela conquista feita, já pela paz ajustada, convem o Pri
meiro Consul em que, sem esperarem as suas ordens, vol
tem á França immediatamente que Sua Magestade Catho
lica o disponha e se avise os Generaes.
ART. X.
Como a guerra de que se trata é de tanto ou mais in
teresse para a França do que para a Hespanha, pois n'ella
se ha de ajustar a paz da primeira, e por ella se alterará a
balança politica consideravelmente a favor da França, não
se esperará pelo tempo ajustado no Tratado de alliança para
SUPPLEMENTO. 525
se apromptarem as tropas, antes se porão logo em marcha,
visto que o termo que se ha de dar a Portugal será só de
quinze dias.
ART. XI.
A troca das ratificações do presente Tratado se fará no
termo de um mez, contado do dia em que se assigne.
Feito em Madrid, a 29 de Janeiro de 1801.
Bonaparte.
CKASE DE ALEXANDRE I, IMPERADOR DA RUSSIA, AO SENADO
DE S. PETERSBCRGO, DECLARANDO ILLIM1TADA A IMPOR
TAÇÃO DO SAL DE PORTUGAL NAQUELLE IMPÉRIO.
(DE CM MANCSCR1PT0.)
Alexandre.
(1) É o de 87
— «te Dezembro de
TRATADO ENTRE DOM CARLOS IV REI DE HESPANHA E NAPO
LEÃO I IMPERADOR DOS FRANCEZES, PARA A DESMEMBRA-
ÇÃO E ADJUDICAÇÃO DOS ESTADOS PORTtJGUEZES, ASSI-
GNADO EM FONTAINEBLEAU, A 27 DE OUTUBRO DE 1807.
ART. III.
As Provincias da Beira, de Traz-os-Montes e Estrema
dura Portugueza ficarão em deposito até á paz geral para
dispor d'ellas segundo as circumstancias, e conforme ao que
se convenha entre as duas Altas Partes Contratantes.
SUPPLEMENTO. 529
ART. IV.
OReino da Lusitania Septentrional será possuido pelos
descendentes de Sua Magestade El-Rei de Etruria heredi-
tariamente, e seguindo as leis de successão vigentes na fa
milia reinante de Sua Magestade El-Rei de Hespanha.
ART. V.
O Principado dos Algarves será possuido pelos descen
dentes do Principe da Paz hereditariamente, seguindo as
leis de successão que estão em uso na familia reinante de
Sua Magestade El-Rei de Hespanha.
ART. VI.
Á falta de descendentes ou herdeiros legitimos de El-
Rei da Lusitania Septentrional ou do Principe dos Algar
ves, Sua Magestade El-Rei de Hespanha dará o dito Paiz
por investidura, sem que jamais possam ser reunidos em
uma mesma pessoa ou á Corôa de Hespanha.
ART. VII.
• O Reino da Lusitania Septentrional e o Principado dos
Algarves reconhecerão como Protector a Sua Magestade Ca-
tholica El-Rei de Hespanha, e em nenhum caso os Sobera
nos d'estes Paizes poderão fazer paz ou guerra sem a sua
intervenção.
ART. VIII.
No caso de que as Provincias da Beira, Traz-os-Montes
e a Extremadura Portugueza que ficarão em sequestro, fos
sem devolvidas na paz geral á Casa de Bragança em troca
de Gibraltar, da Trindade e outras Colonias que os Inglezes
têem conquistado á Hespanha e a seus alliados, o novo So
berano d'estas Provincias terá em relação a Sua Magestade
Catholica El-Rei de Hespanha as mesmas obrigações que
El-Rei da Lusitania Septentrional e o Principe dos Algar
ves, possuindo-as com iguaes condições.
ART. IX.
Sua Magestade El-Rei de Etruria cede em plena pro
priedade e soberania o Reino de Etruria a Sua Magestade
o Imperador dos Francezes, Rei de Italia.
TOM. IV. 34
530 SUPPLEMENTO.
ART. X.
Logo que se verifique a occupação definitiva das Pro
vincias de Portugal, os differentes Principes que as possuam
nomearão de accordo commissarios que fixem os limites na-
turaes d'ellas.
ART. XI.
Sua Magestade o Imperador dos Francezes, Rei de Ita
lia, garante a Sua Magestade Catholica El-Rei de Hespanha
a possessão de seus Estados no continente da Europa, si
tuados ao sul dos Pyrenéus. '
ART. XII.
Sua Magestade o Imperador dos Francezes, Rei de Ita
lia, obriga-se a reconhecer e a fazer reconhecer a Sua Ma
gestade Catholica El-Rei de Hespanha como Imperador das
duas Americas, quando tudo esteja preparado para que Sua
Magestade possa tomar este titulo, o que poderá ser na paz
geral, ou o mais tardar dentro de tres annos.
ART. XIII.
As duas Altas Potencias Contratantes se entenderão pata
fazer uma divisão igual das Ilhas, Colonias e outras pro
priedades de Portugal.
ART. XIV.
O presente convenio permanecerá secreto; será ratifi
cado e as ratificações trocadas em Madrid vinte dias depois
d'esta data, ou antes se se podér.
Feito em Fontainebleau, a 27 de Outubro de 1807.
Duroc. E. Izquierdo.
CONVENÇÃO PARTICULAR ENTRE DOM CARLOS IV REI DE HES
PANHA E NAPOLEÃO I IMPERADOR DOS FRANCEZES PARA A
OCCUPAÇÃO DE PORTUGAL, ASSIGNADA EM FONTAINEBLEAU
A 27 DE OUTUBRO DE 1807.
ART. V.
O corpo de entrada irá ás ordens do General que coni-
mande as tropas Francezas, ao qual se submetterão as tro
pas Hespanholas que se lhes unam. Não obstante, se El-
Rei de Hespanha ou o Principe da Paz determinassem jun-
tar-se ao dito corpo, o General e as tropas Francezas se po
rão ás suas ordens.
ART. VI.
Um novo corpo de 4-0:000 homens de tropas Francezas
se reunirá na explanada de Bayona em 20 de Novembro
proximo, para estar prompto a entrar em Hespanha com
destino a Portugal, no caso em que os Inglezes enviassem
reforços e ameaçassem ataca-lo; este novo corpo não entrará
comtudo em Hespanha, até que as duas Altas Potencias
Contratantes se tenham posto de accordo sobre este parti
cular.
==S ART. VII.
A presente Convenção será ratificada e as ratificações
trocadas ao mesmo tempo que as do Tratado d'este dia.
Feita em Fontainebleau, a 27 de Outubro de 1807.
Duroc. E. Izquierdo.
CONVENÇÃO PARA A SUSPENSÃO DE ARMAS ENTRE OS EXÉRCITOS
INGLEZ E FRANCEZ EM PORTUGAL, ASSIGNADA EM CINTRA
AOS 22 DE AGOSTO DE 1808.
ART. I.
Haverá, da data d'este dia em diante, uma suspensão de
armas entre os exercitos de Sua Magestade Britannica e de
Sua Magestade Imperial e Real Napoleão I, para o fim de
tratar de uma Convenção para a evacuação de Portugal pelo
exercito Francez.
ART. H.
Os Generaes em Chefe dos dois exercitos, e o Sr. Com-
mandante em Chefe da frota Britannica na barra do Tejo,
ajustarão um dia para se reunir n'aquelle ponto da costa,
que elles julgarem conveniente para tratar e concluir a dita
Convenção.
ART. III.
O Rio de Siranda formará a linha de demarcação esta
belecida entre os dois exercitos; Torres Vedras não será oc-
cvipada nem por um nem por outro.
534 SUPPLEMENTO.
ART. IV.
O Sr. General em Chefe do exercito Inglez se obrigará
a comprehender os exercitos Portuguezes n'esta suspensão
de armas, e para elles a linha de demarcação será estabe
lecida de Leiria a Thomar.
ART. V.
Fica convencionado provisoriamente que o exercito Fran-
cez em nenhum caso poderá ser considerado como prisio
neiro de guerra; que todos os individuos que o compõem
serão transportados á França, com armas, bagagem e pro
priedade particular, qualquer que seja, de que se lhe não
poderá tirar nada.
ART. VI.
Nenhum particular, seja Portuguez, seja de uma nação
alliada da França, ou seja Francez, poderá ser inquirido pela
sua conducta politica; elle será protegido, as suas proprie
dades respeitadas, e terá a liberdade de se retirar de Por
tugal em um termo fixo, com o que lhe pertencer.
ART. VII.
A neutralidade do porto de Lisboa será reconhecida para
a frota Russa, isto é, que logo que o exercito ou a frota
Ingleza tomarem posse da cidade e do porto, a dita frota
Russa não poderá ser inquietada durante a sua demora, nem
impedida quando quizer sair, nem perseguida depois de ha
ver saído, senão depois da espera fixa pelas leis maritimas.
ART. VIII.
Toda a artilheria de calibre Francez, bem assim como
os cavallos da cavallaria serão transportados para a França.
ART. IX.
Esta suspensão de armas não se poderá romper senão
dando-se aviso quarenta e oito horas antes.
Feita e concordada entre os Generaes acima designa
dos, no dia e anno supra.
Arthur Welleslev.
J
Kellermann, General de divisão.
SUPPLEMENTO. 535
Artigo addicional.
Arthur Wellesley.
Kellermann, General de divisão.
CONVENÇÃO DEFINITIVA ENTRE OS EXÉRCITOS INGLEZ E FRAN-
CEZ PARA A EVACUAÇÃO DE PORTUGAL PELO EXERCITO
FRANCEZ, ASSIGNADA EM LISROA AOS 30 DE AGOSTO DE 1808.
ART. I.
Todas as praças e fortes no Reino de Portugal, occu-
pados pelas tropas Francezas, serão entregues ao exercito
Britannico no estado em que se acham ao periodo da as-
signatura da presente Convenção.
SUPPLEMENTO.
ART. TT.
As tropas Francezas evacuarão Portugal com suas armas
e bagagem; não serão consideradas como prisioneiros de
guerra; e chegando á França, terão a liberdade de servir.
ART. IH.
O Governo Inglez fornecerá os meios de transportar' o
exercito Francez, que será desembarcado em qualquer dos
portos de França entre Rochefort e Lorient, inclusivamente.
ART. IV.
O exercito Francez levará comsigo toda a sua artilhe-
ria de calibre Francez, com os cavallos que lhe pertencem
e carros, e munidos de sessenta cartuxos para cada peça.
Toda a outra artilheria, armas e munição, bem como os ar-
senaes navaes e militares, serão entregues á armada e exer
cito Britannico no estado em que se possam achar ao pe
riodo da ratificação d'esta Convenção.
ART. V.
O exercito Francez levará comsigo todos os seus abas
tecimentos e tudo o que é comprehendido debaixo do nome
de propriedade do exercito, isto é, a caixa militar e car
ruagens addidas ao commissariato do campo e aos dos hos-
pitaes do campo, ou lhe será permittido dispor por sua conta
d'aquella parte da mesma, que o Commandante em Chefe
julgar desnecessario embarcar. Igualmente todos os indivi
duos do exercito terão liberdade de dispor da sua proprie-
dede particular, de qualquer descripção que seja, com plena
segurança dos compradores, para o futuro.
ART. VI.
A cavallaria embarcará os seus cavallos ; e o mesmo fa
rão os Generaes e os outros Officiaes de todas as classes. É
comtudo plenamente entendido que os meios de transportar
os cavallos, de que os Commandantes Britannicos podem dis
por, são mui limitados; alguns transportes mais se poderão
procurar no porto de Lisboa; o numero de cavallos que se
deve embarcar pelas tropas não excederá a seiscentos; e o
numero embarcado pelo Estado Maior não excederá duzen
538 SUPPLEMENTO.
tos. Em todo o caso dar-se-ha ao exercito Francez toda a
facilidade para dispor dos cavallos que lhe pertencem, e que
se não poderem embarcar.
ART. VII.
Em ordem a facilitar o embarque, se fará este em tres
divisões, a ultima das quaes será principalmente composta
das guarnições das praças, da cavallaria, artilheria, doentes
e bastecimentos do exercito. A primeira divisão embarcará
dentro em sete dias da data da ratificação, ou mais breve
se for possivel.
ART. VIII.
A guarnição de Elvas e seus fortes, de Peniche e Pal-
mella, embarcará em Lisboa ; a de Almeida no Porto, ou na
barra mais proxima. Serão acompanhados na sua marcha
por Commissarios Britannicos encarregados de prov idenciar
a sua subsistencia e accommodação.
ART. IX.
Todos os doentes e feridos que se não poderem embar
car com as tropas, ficam confiados ao exercito Britannico.
Deve-se tomar cuidado d'elles, emquanto estiverem n'este
paiz, á custa do Governo Britannico, debaixo da condição
de ser a despeza paga pela França, quando se effeituar a
evacuação total. O Governo Inglez prov idenciará a sua volta
para a França, que terá logar por destacamentos de 150
ou 200 homens por cada vez. Deixar-se-ha ficar um numero
sufhciente de Officiaes Medicos Francezes para cuidar d'elles.
ART. X.
Logo que os vasos empregados em levar o exercito para
a França o tiverem desembarcado nos portos especificados,
ou em algum outro da França, em que a necessidade das
tempestades os tenha obrigado a entrar, se lhes dará toda
a facilidade para voltarem a Inglaterra sem demora e segu
rança de não serem apresados até que cheguem a um porto
amigo.
ART. XI.
O exercito Francez se concentrará em Lisboa e dentro
da distancia de duas leguas d'ella. O exercito Inglez se
approximará á distancia de tres leguas da Capital, e se col
SUPPLEMENTO. 539
locará de maneira que fique uma legua entre os dois exer
citos.
ART. XII.
Os fortes de S. Julião, Bugio e Cascaes serão occupa-
dos pelas tropas Britannicas, á , ratificação da Convenção ;
Lisboa e a sua Cidadella, juntamente com os fortes e bate
rias até ao Lazareto ou Trafaria, de uma parte, e o forte de
S. José da outra, inclusivamente, serão entregues ao tempo
do embarque da segunda divisão, assim como o será o porto
e todos os vasos armados, de toda a descripção, com o seu
apparelho, velame, sobrecellentes e munições. As fortale
zas d'Elvas, Almeida, Peniche e Palmella serão entregues
logo que as tropas Britannicas chegarem lá para as occu-
par. E n'este meio tempo o General em Chefe do exercito
Britannico notificará a presente Convenção ás guarnições
d aquellas praças, assim como tambem ás tropas que estão
diante d'ellas, para que não procedam em mais hostilidades.
ART. XIII.
Nomear-se-hão Commissarios de ambas as partes, para
regular e accelerar a execução dos arranjamentos sobre que
se tem concordado.
ART. XIV.
No caso de haver alguma duvida sobre a iiitelligen-
cia de algum artigo, será interpretado a favor do exercito
Francez.
ART. XV.
Da data da ratificação da presente Convenção, todos os
atrazados de contribuições, requisições ou pretenções quaes-
quer do Governo Francez a respeito dos vassallos de Por
tugal ou outros quaesquer individuos, residentes n'este paiz,
fundadas na occupação de Portugal pelas tropas Francezas,
que no mez de Dezembro de 1807 não estivessem pagas, se
rão cancelladas; e todos os sequestros de sua propriedade
movei e immovel serão removidos e se restituirá aos pro
prios donos a liberdade de dispor da mesma.
ART. XVI.
Todos os subditos da França ou de Potencia em ami-
sade ou alliança com a França, domiciliados em Portugal,
540 SUPP1EMEXT0.
ou que se acham accidentalmente n'este paiz, serão prote
gidos. A sua propriedade de toda a especie, movei ou im-
movei, será respeitada, e elles terão a liberdade ou de acom
panhar o exercito Francez ou de ficar em Portugal. Em
qualquer d estes casos a sua propriedade com a liberdade
de a reter ou dispôr d'ella, e passar o seu producto para
a França ou outro qualquer paiz onde queiram fixar a sua
residencia, ser-Ihes-ha concedido para este fim o espaço de
um anuo.
É plenamente entendido, que os navios são exceptuados
d'este arranjamento ; somente porém pelo que diz respeito
a deixarem o porto, e que nenhuma das estipulações acima
mencionadas sirva de pretexto a especulações mercantis.
AM■. XVII.
Nenhum natural de Portugal será obrigado a responder
pela sua conducta politica durante o periodo da occupação
do paiz pelo exercito Francez; e todos aquelles que conti
nuaram no exercicio dos seus empregos ou têem aceitado
situações, debaixo do Governo Francez, são postos debaixo
da protecção dos Commandantes Britannicos; elles não sof-
frerão injuria nas suas pessoas ou propriedades, não havendo
ficado á sua escolha o ser ou não obedientes ao Governo
Francez: elles ficarão tambem em liberdade de se aprovei
tar da estipulação do Artigo xvi.
ART. XVIII.
As tropas Hespanholas detidas a bordo dos navios no
porto de Lisboa serão entregues ao Commandante em Chefe
do exercito Britannico, que se obriga a obter dos Hespa-■
nhoes a restituição dos subditos Francezes, quer militares
quer civis, que possam haver sido detidos em Hespanha sem
ser tomados em batalha, ou em consequencia de operações
militares, mas sim por occasião das occorrencias do dia 2
de Maio passado e dos dias immediatamente seguintes.
ART. XIX.
Haverá immediatamente uma troca de prisioneiros de
todas as classes, feitos em Portugal desde o principio das
presentes hostilidades.
SUPPLEMENTO. 541
ART. XX.
Dar-se-hão mutuamente refens da graduação de Qfficiaes
superiores da parte do exercito e da armada Britannica, e
da parte do exercito Francez, para a garantia reciproca da
presente Convenção. O Official do exercito Britannico será
entregue quando se preencherem os artigos relativos ao
exercito, e o Official da marinha quando se desembarcarem
as tropas Francezas no seu paiz. O mesmo terá logar da parte
do exercito Francez.
ART. XXI.
Será permittido ao General cm Chefe do Exercito Fran
cez mandar um Official á França com a noticia da presente
Convenção. O Almirante Britannico fornecerá um vaso para
o levar a Bordéus ou Rochefort.
ART. XXII.
O Almirante Britannico será requerido a accommodar
Sua Excellencia o Commandante em Chefe e os outros Offi-
ciaes principaes do exercito Francez a bordo dos navios de
guerra.
Dado e concluido em Lisboa, aos 30 dias de Agosto de
1808.
George Murray.
Kellermann.
O Duque de Abrantes.
ART. I.
Os individuos em empregos civis do exercito que foram
prisioneiros ou pelas tropas Britannicas ou pelas Portugue
542 SUPPLEMEJNTO.
zas, em qualquer parte de Portugal que fosse, serão resti
tuidos como é costume sem troca.
ART. II.
O exercito Francez subsistirá dos seus provimentos até
o dia do seu embarque, e as guarnições até o dia da eva
cuação das fortalezas.
O resto dos provimentos será entregue na fórma usual
ao Governo Britannico, que se encarrega da subsistencia dos
homens e cavallos do exercito, desde os mencionados pe
riodos até á sua chegada a França ; debaixo da condição de
serem reembolsados pelo Governo Francez, pelo excesso da
despeza, cuja avaliação se ha de fazer por ambas as partes,
alem do valor dos provimentos que se entregam ao exercito
Britannico.
Os mantimentos a bordo dos navios de guerra que estão
em poder do exercito Francez serão tomados por conta do
Governo Britannico, da mesma fórma que os provimentos
das fortalezas.
ART. III.
O General Commandante das tropas Britanuicas tomará
as medidas necessarias para restabelecer a livre circulação
dos meios de subsistencia entre o paiz e a Capital.
Dado e concluido em Lisboa, aos 30 de Agosto de 1808.
George Murray.
Kellermann.
(SEGUNDO 0 TEXTO DADO POR MiKTENS NO SEU « KECUE1L DES TIUITÉS. ")
ART. 11.
Em consequencia d'esta prohibição, e até ulterior ex
plicação do dito Tratado de Commercio, haverá cessação de
impostos sobre as mercadorias Portuguezas taes como o sal
e azeites.
ART. III.
Os vinhos da Madeira e das Ilhas dos Açores, o anil e
tabaco do Brazil, que chegarem directamente d'estes paizes,
continuarão a gosar do direito de reducção nos impostos.
ART. IV.
Todos os assucares, cafés, cacau, pau de campeche, arroz
e drogas, que chegarem directamente do Brazil e das suas
544 SUPPLEMENTO.
colonias em navios Russos e Portuguezes, por conta dos sub
ditos Russos e Portuguezes, e que forem munidos de certi
dões boas e validas, pagarão somente metade do imposto.
ART. V.
No caso em que os productos Russos sejam expedidos
para o Brazil e suas colonias, os privilegios referidos nos
Titulos vn e vm do Tratado, e que tratam dos direitos de
reducção para as mercadorias Russas, devem receber a sua
execução.
ART. VI.
Em virtude das ordenações publicadas relativamente ao
commercio com as Potencias amigas, os navios mercantes
que chegarem dos portos Portuguezes não entrarão nos por
tos Russos senão depois que a Commissão estabelecida para
examinar a neutralidade dos navios tenha tomado conheci
mento dos papeis, e certificado que não ha connivencia al
guma com os Inglezes. A saída das embarcações Portugue
sas carregadas de mercadorias Russas, os negociantes terão
de se conformar com a ordenação de 13 de Maio de 1808,
e darão uma minuta com juramento á alfandega, de que
aquellas mercadorias são destinadas a potencias amigas e
não a inimigas.
ART. VII.
Os Títulos iv e v d'esta ordenação, relativos á reducção
nos impostos das mercadorias importadas e exportadas, fica
rão em vigor até 15 de Março de 1811.
S. Petersburgo, 22 de Maio de 1810.
ÍNDICE
DOS
Advertencia 5
1793 Julho 15 Madrid — Convenção provisional en
tre a Rainha D. Maria I e D. Car
los IV Rei de Hespanha, para mu
tuo auxilio contra a França 10
1793 Setembro 26 Londres —Tratado entre a Rainha D.
Maria I e Jorge III Rei da Gran-
Rretanha, sobre mutuo auxilio e
reciproca protecção do commercio .
, de ambas as Nações contra a França 18
1794 Maio Lisboa — Convenção entre a Rainha
D. Maria I e os Estados Geraes das
Províncias Unidas dos Paizes Bai
xos, sobre reciproca restituição dos
desertores de suas respectivas em
barcações 26
1797 Agosto 10 Paris — Tratado de paz entre a Rai
nha D. Maria I e a Republica Fran-
ceza, para restabelecer as relações
de commercio e amisade entre as
duas Nações 32
1797 Agosto 20 Paris — Convenção entre a Rainha D.
Maria I e a Republica Franceza,
para o pagamento de dez milhões
de francos 44
1798 Junho 22' Cidade de Fez — Ratificação de Mau-
lei Soleiman, Imperador de Mar
rocos, do Tratado de paz com Por
tugal de 11 de Janeiro de 1774. . . 50
1798 Dezembro 27 S. Petersburgo —Tratado de amisa
de, navegação e commercio reno
vado entre a Rainha D. Maria I e
Paulo I Imperador da Russia ... 52
1799 Maio 14 Tripoli —Tratado de paz e amisade
entre o Príncipe Regente o Senhor
D. João e Jusef Bax Carmanaly,
Regente e Governador de Tripoli 98
TOM. IV. 38
5Í6 INDICE.
1799 Junho 29 Tunis — Tratado de tregua entre o
Principe Regente o Senhor D. João
e Hamuda Bachá, Bey Supremo,
Commandante dos Estados de Tu
nis 109
Setembro 18
=- S. Petersburgo — Tratado de alliança
1799
defensiva entre a Rainha D.Maria I
e Paulo I Imperador da Russia. . . 112
1801 Junho 6 Badajoz — Tratado de paz e amisade
entre o Principe Regente o Senhor
D. João e D. Carlos IV Rei de Hes-
panha 128
1801 Junho 6 Badajoz — Tratado de paz, feito por
mediação de Sua Magestade Ca-
tholica, entre o Principe Regente
o Senhor D. João e a Republica
Franceza 134
1801 Setembro 29 Madrid — Tratado de paz, feito por
mediação de Sua Magestade Ca-
tholica, entre o Principe 'Regente
o Senhor D. João e a Republica
Franceza 144
1804 Marco 19 Lisboa — Convenção de neutralidade
e subsídios entre o Principe Re
gente o Senhor D. João e a Repu
blica Franceza 152
1807 Outubro 22 Londres — Convenção secreta entre o
Principe Regente o Senhor D. João
e Jorge III Rei da Gran-Bretanha,
sobre a transferencia para o Brazil
da séde da Monarchia Portugueza,
e oceupação temporaria da Ilha da
Madeira pelas tropas Britannicas 236
1807 Novembro 8 Lisboa — Ratificação do Principe Re
gente o Senhor D. João á Conven
ção secreta de 22 de Outubro do
mesmo anno, entre as Cortes de
Portugal e Gran-Bretanba 254
Observações a que se refere a Ba-
tificação supra 255
1808 Março 16 Londres —Artigos addicionaes á Con
venção de 22 de Outubro de 1 807,
tocantes aos arranjamentos defini
tivos para o governo da Ilha da
Madeira emquanto ali residissem
as tropas Britannicas 264
INDICB. 547
Í808 Maio Rio de Janeiro — Manifesto do Prín
cipe Regente o Senhor D. João. . . 274
1809 Fevereiro 28 Rio de Janeiro —Tratado de alliança
e commercio entre o Principe Re
gente o Senhor D. João e Jorge III
Rei da Gran-Bretanha 286
1809 Abril 21 Londres — Convenção entre o Prín
cipe Regente o Senhor D. João e
Jorge III Rei da Gran-Bretanha,
sobre um emprestimo de 600:000
libras esterlinas 340
1810 Fevereiro 19 Rio de Janeiro —Tratado de commer
cio e navegação entre o Príncipe
Regenteo SenhorD. JoãoeJorgelII
Rei da Gran-Bretanha 348
1810 Fevereiro 19 Rio de Janeiro —Tratado de alliança
e amisade entre o Príncipe Regente
o Senhor D. João e Jorge III Rei
da Gran-Bretanha 396
1810 Fevereiro 19 Rio de Janeiro — Convenção entre o
Principe Regente o Senhor D. João
e Jorge III Rei da Gran-Bretanha,
sobre o estabelecimento de Paque
tes 416
1810 Maio Rio de Janeiro— Hreve de dispensa
do Núncio do Papa Pio VII, para
o casamento da Princeza de Portu
gal a Senhora D. Maria Thercza e
do Infante de Hespanha, D. Pedro
Carlos 424
Arvore genealogica escripta pelo Nun
cio de Sua Santidade 428
1810 Maio 12 Rio de Janeiro — Contrato matrimo
nial de dote c arrhas para o casa
mento da Princeza de Portugal a
Senhora D. Maria Thereza com o
Infante de Hespanha, D. Pedro
Carlos 430
1810 Julho Argel — Tratado de tregua e resgate
ajustado entre os Plenipotenciarios
de Portugal e Hage Aly, Rachá de
Argel 437
1810 Setembro 29 Lisboa — Convenção entre os Gover
nadores do Reino e o Conselho de
Regencia de Hespanha, sobre o re
crutamento dos subditos de ambas
as Nações 440
548 INDICE.
Maio 29 S. Petersburgo — Declaração proro-
1812
Juího 10
gando o Tratado de amisade, na
vegação e commercio de~ de De
zembro de 1798 entre as Cortes de
Portugal e da Rússia 444
1812 Dezembro 18 Londres — Ajuste feito entre os com-
missarios Portuguezes e Britanni-
cos sobre quatro pontos connexos
com a execução do Tratado de com
mercio e navegação de 19 de Fe
vereiro de 1810 448
1813 Junho 14 Argel — Tratado de paz e amisade en
tre o Príncipe Regente o Senhor
D. João e Sid Hage Aly, Bachá de
Argel 454
1813 Outubro 16 Tunis — Tratado de tregua entre o
Príncipe Regente o Senhor D. João
e Hamada Bachá, Bey de Tunis. . . 460
1814 Abril 33 Paris — Convenção entre a França e
as Potencias Alliadas sobre suspen
são de hostilidades 468
1814 Maio 8 Paris — Acto de adhesão, por parte
do Príncipe Regente o Senhor D.
João, á Convenção de Paris de 23
de Abril de 1814 466
1814 Maio 30 Paris —Tratado de paz entre o Prín
cipe Regente o Senhor D. João e
seus Alliados, e Luiz XVIII Rei de
França 474
Julho 22
1814 Julho 29 Paris — Ajuste provisional para a re
Agosto 1 novação das relações diplomaticas
e commerciaes entre Portugal e a
França 510
SUPPLEMENTO.
DUE DUE
NX 000 bflb 015