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Tecnologia de Fabricação Do Queijo Mussarela - ARTIGO

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ISSN 1517-2244
Novembro, 2006
Belém, PA
Foto: Luiz Carlos Vieira

Tecnologia de Fabricação
do Queijo Mussarela

Luiz Carlos Vieira1


José de Brito Lourenço Júnior2

Introdução mento, pequena elasticidade e dificuldade de ser fatiado


(MARTINS et al. 2002). Um queijo mussarela, com boas
Queijo de origem italiana, com vários representantes no mer- características, deve ter de 40% a 44% de gordura no extra-
cado. De acordo com o formato de sua massa recebe diversas to seco (FURTADO, 1999). Na Tabela 1, apresenta-se a
denominações, como a mussarela propriamente dita, de for- composição química desse derivado, fabricado com leite bo-
mato retangular, caccio cavalo, em forma de oito, mussarela vino, em Rurópolis, PA, no período de 23 de abril a 03 de
de formato alongado. Quando seguida de defumação é deno- maio de 2006.
minada de provolone; nozinho; bolas; tranças; etc (SOUZA,
1960). Apresenta peso e formato variáveis, crosta fina, con- Tabela 1. Composição centesimal do queijo mussarela, pro-
sistência semidura, textura compacta e fechada, cor branco- duzido no período de 23 de abril a 03 de maio de 2006.
creme, homogênea, com sabor e odor, respectivamente, sal-
gado e suave (BRASIL... 1978). Componente %

O Brasil é o sexto maior produtor mundial de queijos. Qua-


Água 44,40
renta por cento da produção nacional corresponde ao queijo
mussarela, fato ocasionado, em parte, pelo maior rendimento
Extrato Seco Total 55,60
na sua elaboração, processamento simples e breve tempo de
elaboração, o que possibilita retorno rápido do investimento
e, conseqüentemente, custos menores aos consumidores Gordura no Extrato Seco Total (43,32%) 24,20
(SILVA et al. 2002).

O queijo mussarela, no Brasil, é fabricado geralmente com


leite cru ou ácido, desprezando-se o uso de fermentos
láticos, o que resulta em produtos com defeitos de endureci-

1
Eng. Agrôn., Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Trav. Dr. Enéas Pinheiro S/N, Caixa Postal 48, CEP 66.095-100, Belém, PA.
E-mail: lcarlos@cpatu.embrapa.br
2
Eng. Agrôn., D.Sc, Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, E-mail: lourenco@cpatu.embrapa.br
2 Tecnologia de Fabricação do Queijo Mussarela

Dessa forma, este trabalho tem como objetivo apresentar as Pasteurização


etapas de fabricação do queijo mussarela, disponibilizando Aquecimento à temperatura de 65ºC, por 30 minutos ou a
aos pequenos produtores uma tecnologia moderna e simples, 72oC, por 15 segundos, e resfriado a seguir, em banho-
para o aproveitamento da matéria-prima na propriedade. maria, para 38ºC ou 40oC.

Material e Métodos Adição de ingredientes


Cloreto de cálcio: adicionar 20 ml (2 colheres de sopa), para
A fabricação do queijo mussarela foi baseada na metodologia 100 litros de leite.
descrita por Huhn et al. (1991) e realizada na Cooperativa
Agroleiteira da Transamazônica LTDA (COOPETRA), Fermento lático: adicionar 1 litro, para 100 litros de leite.
Rurópolis, PA, no período de 23 de abril a 03 de maio de
2006. O leite bovino integral continha 3,42% de gordura e Coalho líquido: adicionar puro ou diluído em água, 70 a 100 ml
chegava à plataforma de recepção, para controle de qualida- (7 a 10 colheres de sopa), para 100 litros de leite.
de, pela prova do alcool-alizarol, sendo pasteurizado e, pos-
teriormente, adicionado cloreto de cálcio, fermento lático e Coagulação do leite
coalho. Após o processamento, o derivado foi salgado em Após a adição dos ingredientes, o leite estará coagulado em
salmoura, embalado a vácuo e acondicionado em câmara fria, 40 minutos, o que se percebe da seguinte maneira:
entre 5 oC e 10 oC. As análises de composição centesimal do
queijo mussarela seguiram a metodologia de Furtado (1975). • Pressionando-se a coalhada com as costas das mãos, ela se
desloca, facilmente, das paredes do vasilhame, sem deixar
Materiais utilizados na fabricação nenhum grumo; ou

Utensílios • Introduzindo a mão com os dedos espalmados na coalhada,


• Tanque de aço inoxidável ou cuba de aço inoxidável. até penetrar todos os quatro dedos, ao dobrá-los, forçando a
coalhada, ela se fende em um só sentido, o que significa que
• Liras vertical e horizontal ou facas de aço inoxidável. a massa está no ponto de corte.

• Pá de aço inoxidável. Corte da coalhada


O corte da coalhada é efetuado com um equipamento deno-
• Coador de tela fina, para leite. minado de lira, no sentido vertical e horizontal, de forma que
os grãos de massa fiquem entre 0,8 e 1,0 cm3. Na falta de lira
• Formas de plástico cilíndricas ou retangulares. pode ser utilizada faca de aço inoxidável.

• Desnatadeira elétrica, com capacidade de 250 a 300 litros/ Repouso da massa


hora. Após o corte, a massa deve ficar em repouso, por três a cinco
minutos.
• Bandeja de aço inoxidável.
1ª Mexedura
• Termômetro de mercúrio, de - 10 ºC a 110 ºC. Proceder à agitação vagarosa na massa, com pá ou colher de
aço inoxidável ou agitador próprio, por 3 minutos e repousar
Ingredientes a massa, por igual tempo, repetir a operação, por 15 minu-
Leite, cloreto de cálcio, fermento lático, coalho líquido e sal. tos.

Etapas de produção Sedimentar a massa, por 3 minutos, e retirar cerca de 30%


Todos os utensílios, que entram em contato com a matéria- do soro relativo ao volume inicial do leite utilizado.
prima, devem ser rigorosamente lavados e permanecerem
imersos, por dois minutos, em solução contendo uma colher 2ª Mexedura e Aquecimento
de sopa de água sanitária, para cada litro de água. Devem ser Essa mexedura é contínua e mais vigorosa, seguida de
observados cuidados especiais na higiene pessoal dos aquecimento, com água quente, em temperatura entre 80ºC e
manipuladores, incluindo o uso de botas, luvas, máscaras e 85ºC.
gorros.
A água deve ser adicionada, em porções, para que a tempera-
Matéria-prima tura se eleve a 1ºC, a cada 5 minutos, até 43ºC- 44ºC.
Leite integral de boa qualidade, coado, com gordura padroni-
zada, entre 3,1% e 3,4%.
Tecnologia de Fabricação do Queijo Mussarela 3

O ponto final é conhecido quando os grãos de massa que, Rendimento


anteriormente, eram foscos, passam a ser brilhosos, ou com- Seis litros de leite de búfala e 9 litros de leite bovino produ-
primindo uma porção de grãos nas mãos, com uma ligeira zem 1 kg de queijo.
fricção dos dedos, eles se desfazem facilmente.
Embalagem
Deixar a massa em repouso, por cinco minutos, fazer a retira- Em sacos do tipo Cray-o-vac. O consumo deve ser imediato e
da do soro e prensá-la no próprio vasilhame, com placas a conservação a 5ºC.
perfuradas e peso relativo a duas vezes o peso da massa, por
dez minutos. Durabilidade
90 a 120 dias.
Fermentação da massa
Deixar a massa no próprio vasilhame, à temperatura ambien- Modo de consumo
te, por 20 a 30 horas, para que se processe a fermentação ou Lanches e café matinal.
a acidificação. Após esse tempo, cortar um pedaço de massa,
colocar em água quente, entre 80ºC- 85ºC. A massa estará Considerações Finais
no ponto quando, ao ser esticada, formam filamentos, sem se
arrebentar. O queijo mussarela pode ser explorado, com êxito, nas gran-
des, médias e pequenas indústrias. Por ser um produto que
Filagem da massa pode ser fabricado de leite integral, sem afetar a sua composi-
Cortar toda a massa, em pedaços pequenos, aquecer, entre ção química, ser comercializado, em curto período de tempo,
80ºC – 85ºC, um volume de água, na proporção de 2 litros e resultar em custo baixo na sua produção, torna-se uma
para cada quilograma de massa, em tacho de aço inoxidável. atividade compensadora no mercado brasileiro.
Agitar a massa, com pá ou colher de aço inoxidável, até que
forme um bloco homogêneo e bastante elástico. Tomar a O leite produzido no Brasil é ainda de qualidade duvidosa, no
massa nas mãos e mantê-la sempre quente. Moldar o queijo, aspecto microbiológico. Portanto, para produção de queijo
que pode ser de formato esférico, retangular, alongado ou em com qualidade, a pasteurização da matéria-prima torna-se
forma de oito. uma exigência legal, pois, embora seja um derivado filado em
elevadas temperaturas, não se pode afirmar que houve a
Salga destruição dos microrganismos, comumente presentes no lei-
Logo que o queijo esfrie, depositá-lo em salmoura, com 20% te, que causam danos à saúde humana.
de sal, por 20 horas, 8 horas e 3 a 4 horas, respectivamente,
para os queijos de 1 kg, 500 gramas e 200 gramas.
4 Tecnologia de Fabricação do Queijo Mussarela

Referências MARTINS, J. M.; FURTADO, M. M.; VIANA, A. G. Mussarela


semifundida: uma alternativa de produção. In: CONGRESSO
BRASIL. Ministério da Agricultura. Divisão de Inspeção de NACIONAL DE LATICÍNIOS, 19., 2002, Juiz de Fora, MG.
Leite e Derivados. Normas higiênico-sanitárias e tecnológicas Anais... Belo Horizonte: EPAMIG, 2002. p. 107-110.
para leite e produtos lácteos. Brasília, DF, 1978. 90p.
SILVA, A. C. O.; COSTA, H. L.; HOTTA, J. M.; VERAS, J.
FURTADO, J. P. Análises bromatológicas. Juiz de Fora: F.; ALMEIDA, M. R. de; PENA, C. F. A. M.; CERQUEIRA, M.
Universidade Federal de Juiz de Fora, 1975. 79p. M. O. P.; SOUZA, M. R. Pesquisa de coliformes a 30 oC e
coliformes a 45 oC em queijo mussarela. In: CONGRESSO
FURTADO, M. M. Principais problemas dos queijos: causas NACIONAL DE LATICÍNIOS, 19., 2002, Juiz de Fora.
e prevenções. São Paulo: Fonte Comunicação, 1999. 176p. Anais... Belo Horizonte: EPAMIG, 2002. p. 301-304.

HUHN, S.; LOURENÇO JÚNIOR, J. B.; CARVALHO, L. O. D. SOUZA, E. A. Tecnologia da fabricação de queijos. Juiz de
M.; NASCIMENTO, C. N. B.; VIEIRA, L. C. Características, Fora: Revista do. I.L.C.T., 1960. 116p.
peculiaridades e tecnologia do leite de búfala. Belém: Embrapa-
CPATU, 1991. 51p. (Embrapa-CPATU. Documentos, 57).

Comunicado Exemplares desta edição podem ser adquiridos na: Comitê Local de Presidente: Gladys Ferreira de Sousa
Técnico,162 Embrapa Amazônia Oriental Editoração: Secretário-Executivo: Moacyr Bernardino Dias-Filho
Endereço: Trav. Enéas Pinheiro s/n, Caixa Postal 48 Membros: Izabel Cristina Drulla Brandão, José Furlan Júnior,
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA,
CEP 66 065-100, Belém, PA. Lucilda Maria Sousa de Matos, Maria de Lourdes Reis Duarte,
PECUÁRIA E ABASTECIMENTO
Fone: (91) 3204-1000 Vladimir Bonfim Souza, Walkymário de Paulo Lemos
Fax: (91) 3276-9845
E-mail: sac@cpatu.embrapa.br Revisores Laura Maria Bruno - Embrapa Agroindústria Tropical
1a edição Técnicos: Luís Eduardo Laguna - Embrapa Caprinos
1a impressão (2006): 300
Expediente: Supervisor editorial: Regina Alves Rodrigues
Supervisão gráfica: Guilherme Leopoldo da Costa Fernandes
Revisão de texto: Regina Alves Rodrigues
Normalização bibliográfica: Regina Alves Rodrigues
Editoração eletrônica: Francisco José Farias Pereira

CGPE 5996

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