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Feições Diagenéticas

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14/06/2016

Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará


Instituto de Geociências e Engenharia
Faculdade de Geologia

FEIÇÕES DIAGENÉTICAS

Márgia Carvalho de Souza


Bacharela em Geologia – UFPA
Mestra em Geologia Exploratória - UFPR

DIAGÊNESE:

 São todas as modificações, físicas, químicas ou biológicas que alteram os sedimentos,


logo após de sua deposição até o limite de 200°C. A partir de então, sob temperaturas
e pressões mais elevadas, começa a zona de atuação do metamorfismo.

 Ocorre quando os minerais se tornam instáveis (devido às mudanças das condições


físicas e/ou químicas) em busca de novas condições de equilíbrio.

 Principais processos diagenéticos são:

1. compactação
2. recristalização
3. dissolução
4. cimentação
5. autigênese
6. substituição
7. bioturbação

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COMPACTAÇÃO

 Processo que possibilita a redução da espessura ou volume das camadas de


sedimentos devido ao aumento da pressão litostática (overburden) durante o
soterramento das camadas sedimentares.

 O aumento progressivo e a consequente redução da espessura das camadas permitem


uma reorganização dos grãos do arcabouço e a expulsão dos fluidos presentes nos
espaços intergranulares. Portanto, tal fato acarretará redução da porosidade.

 O processo de compactação é dividido em dois tipos:

Compactação Mecânica e Química

 A compactação mecânica se processa, predominantemente, no arcabouço devido


às mudanças físicas dos grãos, como:

a) deslizamento e rotação;

b) deformação plástica e elástica;

c) fraturamento e quebra dos grãos.

 A compactação química, por sua vez, compreende:

a) Dissolução por pressão (pressure solution);

b) Cimentação e a dissolução dos grãos são


processos resultantes da compactação química.

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 A dissolução por pressão é o processo que ocorre entre os grãos durante o


soterramento (em presença de água).

 Com o soterramento de um pacote sedimentar, há o aumento de pressão sobre os


grãos das rochas.

 A pressão se concentra nos contatos entre os grão.

 As concentrações pontuais da pressão em conjunto aos fluidos percolantes


promovem a dissolução, permitindo a geração de contatos côncavo-convexos, ou
mesmo, suturados.

 A dissolução, em geral, libera íons de SiO2 que se precipitam em torno dos grãos,
promovendo crescimentos secundários e contatos suturados (microestilolíticos)

 Outros íons (K+, Fe2+, entre outros) podem ser liberados. Isto depende dos minerais
presentes no depósito sedimentar que está sob a ação dos processos diagenéticos.

Efeito da compactação química, dissolução por pressão (pressure solution). Controle da presença de
minerais de argila na dissolução por pressão.

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 Devido ao processo de compactação química (dissolução por pressão), uma


grande variedade de precipitação de novos minerais pode ser formada
preenchendo, parcial ou totalmente, os espaços porosos e endurecendo os
sedimentos. Este processo é o conhecido como um dos principais fatores de
litificação, ou seja, a transformação de sedimento em rocha.

RECRISTALIZAÇÃO DIAGENÉTICA:

 A recristalização diagenética é o processo que promove a modificação da


mineralogia e textura do pacote sedimentar durante a litificação.

 Quando os processos atuantes conferem ao mineral uma nova forma sem haver
mudança de composição química, o mineral assim resultante é denominado
Neomórfico.

 Este processo é comum em carbonatos.

A recristalização ocorre com o aumento de tamanho dos


Recristalização agradante:
cristais.

A recristalização ocorre com a diminuição do tamanho


Recristalização degradante: dos cristais.

 Ocorrem como resposta às mudanças de pressão, temperatura e fase dos fluidos


circulantes.

 Outro tipo de recristalização diagenética é o processo de substituição.

 As substituições ocorrem quando um novo mineral substitui outro, preexistente, in


situ.

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Três processos associados às substituições:

a) Albitização: é o processo de substituição de um plagioclásio (rico em Ca) por


um outro plagioclásio (rico em Na).

b) Pseudomórfico: quando um mineral é substituído por outro mantendo a forma


antiga.

c) Alomórfico: Refere-se ao um antigo mineral substituído por um novo.

OBS: Em todos os casos de substituição, há mudança na composição química.

 Os principais minerais formados por substituições são: quartzo, feldspatos, calcita,


dolomita e opala.

CIMENTAÇÃO

 É o processo de formação de novos minerais, em condições diagenéticas, pela


precipitação química nos poros existentes entre os grãos dos sedimentos.

 Este processo promove o preenchimento, parcial ou total dos poros dos sedimentos
reduzindo a porosidade, dando a consistência ao conjunto arcabouço-matriz,
viabilizando, assim, a formação da rocha sedimentar (litificação).

 Os minerais mais comuns formados por este processo são: quartzo, calcita e
hematita. De igual modo, é grande a variedade de minerais assim formados, tais
como: aragonita, gipsita, dolomita, entre outros.

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AUTIGÊNESE

 É o processo no qual um novo mineral é formado nos sedimentos após a deposição.


Este conceito se aplica à cimentação.

Esta nova fase mineral pode ser formada por:

a) Reações envolvendo fases presentes nos sedimentos;

b) Por precipitação de sais introduzidos por uma fase fluida.

c) Ou pela combinação de dois ou mais processos, ou mesmo, pela interação de outras


fases, Inclusive o intemperismo, a cimentação e as substituições.

 Os minerais autigênicos, formados por precipitação direta podem ser silicatos


(quartzo, feldspatos potássicos minerais de argila e zeólitas), carbonatos (calcita,
anquerita dolomitas), minerais evaporíticos (sulfatos, cloretos e outros), além de
muitos outros.

FATORES QUE CONTROLAM A DIAGÊNESE

Principais fatores que controlam a diagênese:

Textura

Composição Mineralógica

Temperatura

Fluidos circulantes

Pressão

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Textura

 Tamanho de grãos (granulometria):


A área específica (specific surface area), se refere à área superficial dos grãos e é a
relação entre o tamanho do grão em uma unidade de peso.

 Quanto maior é a área em contato com os fluidos maior é a reatividade dos


minerais.

Composição Mineralógica

 Os minerais do arcabouço da rocha constituem a fonte dos elementos que


compõem os fluidos circulantes.

 A composição mineralógica, por sua vez, está intimamente ligada ao tectonismo e


composição mineralógica das áreas fontes.

Temperatura

 A temperatura é um agente importante nas reações minerais durante a diagênese.

 Atua como um acelerador das reações

 A evolução das esmectitas é um exemplo. Com o soterramento, elas evoluem para as


ilitas, caso haja na solução aquosa circulante liberação de K+ . Por outro lado, se
houver liberação Fe2+ , as esmectitas serão transformadas em clorita.

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Fluidos circulantes

 A água é o principal agente da diagênese, pois ela atua como veículo das reações e,
também, pode entrar na composição dos minerais resultantes.

 Mesmo nos depósitos de sedimentos subaéreos, após atingir o lençol freático, por
subsidência, ocorre a saturação de água e, assim, permanece em quase toda evolução
da bacia.

 Por influência da pressão, temperatura e propriedades petrofísicas (porosidade e


permeabilidade) das rochas, as águas circulam pela bacia nas zonas de maior para a de
menor pressão.

 A distribuição espacial dos pacotes rochosos, bem como a composição mineral e as


propriedades permoporosas das diferentes camadas, exercem uma influência muito
grande no padrão de circulação dos fluidos dentro da bacia.

Numa bacia, são reconhecidos diferentes regimes de circulação e, de igual modo, são
reconhecidos os seguintes tipos de águas:

Águas meteóricas

Águas de compactação

Águas termobáricas

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Águas meteóricas

 são as águas, alimentadas na superfície e que são influenciadas pelos agentes


superficiais (atmosféricos).

 As águas que ficam retidas nos sedimentos, após sua deposição são conhecidas por
conatas. O fluxo, nesta etapa, é condicionado à ação da gravidade.

 As águas meteóricas podem atingir profundidades superiores a 1.000 m, dependendo


das condições permoporosas devendo, porém, serem influenciadas pelas águas
superficiais.

Águas de compactação

 Águas que estão associadas ao processo de compactação das camadas e que perderam
o vínculo com as condições superficiais.

 Grande parte destas águas provém da compactação das camadas sedimentares


durante o soterramento.

Águas termobáricas

 Águas que circulam nas partes mais profundas das bacias sedimentares, onde as
pressões e temperaturas são maiores.

 As zonas diagenéticas, por sua vez, são delineadas com base nas regiões de fluxo.

 No regime hidráulico das águas meteóricas é o local onde se localizam as zonas


eogenética e telogenética.

 Por outro lado, nos setores onde circulam as águas de compactação e termobárica
tem-se a zona mesogenética

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Tipos de águas que circulam numa bacia

Zona eogenética (eodiagênese):

 Caracterizada pelos processos diagenéticos que ocorrem desde a


deposição dos sedimentos até a profundidade em que parte da bacia fica
fora da influência dos agentes superficiais.

 Conhecida por diagênese precoce (early diagenesis).

 Nesta etapa, são formados muitos depósitos e alguns cimentos minerais


como:

Camadas vermelhas (red beds), evaporitos, caolinitas, calcita


presente em beach rocks, silcretes, calcretes (clichês), entre
outros.

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Eodiagênese:

 Duração: 1 000 – 1 000 000 anos;

 Afetam sedimentos de 1 a 100 m de profundidade;

 A água dos poros estão relacionadas ao ambiente deposicional:

 Água marinha de ambiente marinho;

 Água meteórica são relacionadas principalmente a ambientes sedimentares


continentais.

 Em muitos casos, as águas dos poros são rapidamente modificadas pela


decomposição de matéria orgânica e atividade microbial.

 Com muitos sedimentos marinhos , por exemplo, no estágio inicial de diagênese a água
dos poros são oxidantes, com o aumento do soterramento abaixo da interface
água/sedimento começa a redução do oxigênio devido os processos bacterianos.

Zona mesogenética (mesodiagênese):

 Zona onde cessa a influência da superfície e passam a dominar os agentes


endógenos da bacia, como a pressão e temperatura.

 É nesta zona em que se processam a migração e acumulação do petróleo.

 É nesta zona que ocorrem grande parte das maiores transformações diagenéticas,
como:
Cimentações, substituições, neomorfismos,
compactações, enfim as grandes modificações
da rocha.

 Nesta zona ocorre a compactação e consequente redução da porosidade e, também,


a geração da porosidade secundária.

 O limite inferior da mesogênese marca o início da zona metamórfica.

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Mesodiagênese

 Durante o soterramento as águas dos poros são modificadas por reações com
argilominerais, dissolução de grãos instáveis, precipitação de minerais autigênicos e
misturas de águas de fontes diversas.

 A diagênese de soterramento opera ao longo de muitas dezenas de milhões de anos


e afetam sedimentos de profundidades de cerca 10 000 m, onde as temperaturas
alcançam 100 a 200°C.

 Em geral a água dos poros podem ser:

Salinas, neutras e alcalinas.

Dois importantes processos diagenéticos são dependentes da profundidade de


soterramento:

 Compactação;

 Pressão de dissolução.

Processos químicos da diagênese:

 Precipitação de minerais;
 Cimentação de sedimentos;
 Dissolução de grãos instáveis;
 Substituição de grãos por outros minerais.

 Em comparação com a água do mar, estas água de formação, como são chamadas, tem
menores concentrações de Na+, Mg2+, SO42-, e K+ em relação ao cloro, e maiores de
Ca2+, Sr2+, e Sílica.

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Zona telogenética (telodiagênese):

 Processos que ocorrem durante o soerguimento das rochas, envolvendo águas


subterrâneas com baixo Eh e pH ácido.

 A extensão dos processos telogenéticos dependem largamente da porosidade e


permeabilidade, que podem ser destruídas durante o soterramento.

 Em essência, os processos são os mesmos que os eodiagenéticos.

 Na análise petrográfica, por vezes, é difícil distinguir a ação da eodiagênse ou


telodiagênese sobre a rocha em análise.

 Principais processos diagenéticos:

 Compactação e pressão de dissolução;

 Cimentação de sílica e calcita;

 Autigênese de argilominerais e feldspato;

 Formação de películas e impregnação de hematita.

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Compactação e pressão de dissolução

 Na eodiagênese a compactação envolve desidratação e fechamento do


empacotamento dos grãos.

 Quando sedimentos bem selecionados e arredondados são depositados, o


empacotamento cúbico, frouxo pode ter mais que 50% de porosidade.

 A rápida compactação reduz a porosidade rapidamente tornando o empacotamento


romboédrico;

 O aumento da compactação com o soterramento resulta em fraturamento e flexão


de grãos.

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 Grãos dúcteis, tais como fragmentos líticos lamíticos, são esmagados e deformados
nesse estágio podendo formar uma pseudomatriz.

 Os grãos indicam a extensão da compactação.

 De especial importância durante o soterramento é a dissolução de grãos ao longo


de seus contatos.

 Isto produz contatos suturados entre os grãos de uma solubilidade semelhante /


dureza, e contactos côncavo-convexo onde um grão dissolve preferencialmente.

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 A pressão de dissolução nos contatos dos grãos é mínima quando o sedimento é


cimentado inicialmente, antes do soterramento profundo, ou onde há muita
matriz, porque, nesses casos, a carga é espalhada e a pressão nos contacto
reduzida.

 A pressão de dissolução pode ocorrer em rochas totalmente cimentadas e


produzir planos irregulares ou suturados, conhecidos como estilolitos.

 A importancia da dissolução nos contatos dos grãos e estilolização são processos


que fornecem material para a cimentação do sedimento.

 Contatos suturados e estilolização são proeminentes em alguns arenitos de


quartzo, onde parece que a dissolução por pressão é mais intensa em arenitos de
granulação-finas e naqueles com cimentos de ilita.

Cimentação de sílica

 A precipitação de SiO2 está ligada às condições de pH da solução.

 Em condições ácidas, a sílica precipita.

 A presença de grãos de quartzo pode nuclear a sílica em solução dando origem a


crescimentos secundários.

 Em soluções supersaturadas em sílica precipitam sílica sob a forma de opala ou


de quartzo microcristalino (ou ainda, sílex, calcedônia).

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 O mais comum cimento de sílica é o sintaxial (overgrowth).

O cimento de sílica é precipitado ao redor do grão de quartzo e


apresenta uma continuidade cristalina com o mesmo, tanto que o
grão e o cimento se extinguem juntos à nicóis cruzados como se
fossem um único grão.

 Esta feição é mais frequente em grãos monominerálicos do que em quartzo


microcristalino (sílex = chert).

 A presença de um grão detrítico, atuando como semente, é essencial para o


desenvolvimento de crescimentos secundários. O mesmo ocorre com outros
minerais como feldspatos, turmalinas e outros.

 Na maioria das vezes os grãos são contornados por óxido de ferro ou argila, que
ficam entre o grão e o cimento (linha escura avermelhada).

 Uma borda de argila mais espessa em torno do grão de quartzo inibe a cimentação
sintaxial

 Em alguns casos o limite entre o grão e o cimento não é diferenciado com a luz do
microscópio. Nesses casos a catodoluminescência poderá diferenciar o limite entre o
grão e o cimento.

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 A origem da sílica para a cimentação frequentemente tem sido atribuída a


pressão por dissolução.

 Soluções nos poros tornam-se enriquecidas em sílica, que é precipitada como


sobrecrescimento do grão quando a solução alcança a supersaturação.

 Soluções ricas em sílica podem migrar por distancias significativamente do


local de dissolução por pressão.

 Outras fontes de sílica: dissolução do pó de sílica, de outros silicatos e sílica


biogênica e água subterrânea.

 O pó de sílica deriva da abrasão dos grãos, especialmente se a rocha é um


arenito eólico.

 A dissolução de feldspatos, anfibólios, e piroxênios libera sílica, como também


as transformações de montmorilonita para ilita e feldspato para caulinita.

 Em sedimentos marinhos, a água dos poros contem frequentemente


significativas concentrações de sílica derivada da dissolução de diatomáceas,
radiolários e espículas de esponjas.

 Estes esqueletos de sílica são compostos da sílica opala amorfa, metaestável


que tem maior solubilidade que o quartzo.

 Cálculos para conhecer o movimento das águas subterrâneas indicam que


arenitos totalmente cimentados são produzidos em por volta de 200 Ma.
Estudos de inclusões fluidas no cimento de quartzo geralmente indicam
precipitação por volta de 75° a 150 °C.

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 Além do cimento sintaxial, o cimento de sílica pode ocorrer como:


microquartzo ou quartzo microcristalino, megaquartzo, calcedônia e opala.

 O quartzo microcristalino (cristais < 15 μm) ocorre sob diferentes formas,


principalmente como calcedônia (fibroso), sílex (chert) e opala.

 Normalmente, a precipitação lenta de SiO2 leva a formação de megaquartzo e a


rápida, em soluções supersaturadas de SiO2 gera microquartzo. Nestas
condições, havendo espaço disponível (poros e fraturas), ocorre o
desenvolvimento do hábito fibroso da calcedônia.

 A opala constitui uma mistura criptocristalina de cristobalita ou tridimita


(polimorfos do quartzo), só detectável por DRX, que confere à mistura o
aspecto amorfo.

 Frequentemente a opala é derivada da alteração de vidros vulcânicos ou de


carapaças silicosas (radiolários, diatomáceas e espículas de espongiários).

 Em soluções com altas salinidades, a sílica coloidal tende a formar opala. Isto é
evidente em condições desérticas, onde as águas intersticiais, por evaporação,
tornam-se salgadas, aumentando a solubilidade da sílica.

 Com o tempo e o soterramento, a opala se recristaliza para sílex. Por este motivo, é
difícil encontrar-se opala em rochas antigas.

 Uma característica importante resultante de cimentação precoce de quartzo é que


eles resistem melhor aos efeitos de compactação e pressão de dissolução durante
o soterramento. Dessa forma uma porosidade moderada pode ser preservada
podendo ser preenchida por óleo e gás.

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Quartzo calcedônico preenchendo cavidade. Exemplo de calcedônia que ocorre como feixes de
fibras radiais. Com numerosas microinclusões preenchidas por líquidos.

Calcedônia.

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Cimentação carbonática

 A calcita é um dos cimentos mais comuns em arenitos, porém outros podem


ocorrer como o cimento de dolomita e siderita.

 Dois tipos principais de cimentos:

Cristais Poiquilotópico: Cristal que pode alcançar vários centímetros e


englobam vários grãos;

Cimento drusiforme: Cristais que preenchem os poros entre os grãos e tendem


a ser maiores em direção ao centro da cavidade.

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Calcita pode se precipitar em fissuras nos grãos e assim forçá-los para dividir. Isto é
comum em micas mas tambem ocorre em quartzo e fedspato.

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 Calcita e outros carbonatos podem também substituir grãos.

 Grãos de quartzo cimentados por calcita possuem geralmente suas bordas corroídas.

 Grãos de feldspato podem ser substituídos, com incipiente alteração ocorrendo ao


longo de planos individuais e clivagem.

 Cimentos de calcita são comuns em arenitos grão-suportados, tais como arenitos,


arcósios e litarenitos. A calcita é comumente o primeiro cimento.

 A precipitação inicial de calcita inibe a cimentação sintaxial de quartzo e alteração de


feldspato para argila, mas pode resultar na perda total da porosidade e
permeabilidade.

 Em alguns arenitos o cimento calcítico é tardio, ocorrendo após o sobrecrescimento de


quartzo e caulinita autigênica.

 No subsolo raso as condições de saturação para precipitação de CaCO3 é alcançada


através da evaporação da água vadosa ou da água do lençol freático próximo a
superfície.

 Em profundidade a precipitação do CaCO3 pode ser provocada pelo aumento do pH


e/ou temperatura.

 A fonte do CaCO3 pode ser a água intersticial, mas em arenitos marinhos,


provavelmente derivam da dissolução de grãos esqueletais de carbonato.

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 Os cimentos dolomíticos variam de romboedros microcritalinos a mosaicos anédricos e


cristais poiquilotópicos.

 São comumente enriquecidos em ferro e indicam precipitação em condições reduzidas.

 A precipitação inicial de dolomita é promovida pela evaporação próximo a superfície.

 O Mg da dolomita tardia pode ser derivado de argilas ou dissolução de silicatos


enriquecidos em Mg.

 O cimento de siderita (FeCO3) ocorre em alguns arenitos como mosaicos


microcristalinos ou fibroradiais.

Autigênese de feldspato

 O feldspato diagenético ocorre em quase todos os tipos de arenitos. Os cimentos de


feldspato são comuns, pois os K-feldspatos detríticos são abundantes e encontrados
em arenitos continentais e marinhos rasos de todas as idades.

 A diagênese dos feldspatos depende basicamente da composição dos fluidos


intraestratais.

 A fonte de íons necessários à formação de feldspatos autigênicos, tais como K+ e Na2+


das águas intraestratais são originados da alteração de feldspatos, micas e de outros
silicatos.

 O Al3+ e Si4+, também provenientes de alterações de aluminossilicatos e de


transformações de minerais de argila, constituem fontes essenciais para a autigênese
de feldspatos.

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 A precipitação deste tipo de cimento está intimamente ligada à nucleação em torno


de um hospedeiro detrítico.

 Em sistemas fechados, a precipitação de K+ como cimento torna o meio mais ácido


favorecendo a precipitação de caulinita, por exemplo.

 Os crescimentos secundários de K-feldspatos ocorrem sobre grãos detríticos de


ortoclásio, microclina e, ocasionalmente, em plagioclásios.

 A albita, normalmente, ocorre pura como membro final da série isomorfa dos
plagioclásios, ou seja, Na Al Si3O8 como cristais triclínicos tabulares límpidos.

 A albita ocorre também como crescimento secundário sobre plagioclásios. A albitização


é um processo tipicamente mesogenético. Entretanto, ela está sujeita a dissolução em
condições telogenéticas.

 Muitos arenitos feldspáticos são alterados para argilominerais ou substituídos para


calcita.

 Para a ocorrência de feldspato autigênico a água dos poros devem ser alcalinas ricas
em Na+ ou K+, Al3+ e Si4+. Estes elementos são derivados da hidrólise e dissolução de
grãos instáveis especialmente vulcânicos.

 Com o soterramento profundo, a albitização de plagioclásio detrítico e k-feldspato


tomam lugar, que requer Na+ provavelmente provenientes da quebra de esmectita
para ilita.

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Autigênese de argilominerais e zeólitas

 A precipitação de argilominerais e zeólitas em arenitos é muito significativa, uma vez


que pode ter um grande efeito sobre a sua permeabilidade e porosidade e pode
reduzir o potencial do reservatório.

 Argila pode se infiltrar no arenito, ser levada pela água dos poros das camadas
lamacentas;

 A intensa infiltração altera drasticamente a textura dos sedimentos e diminui a


maturidade textura e composicional original .

 Ilita (K,H3O)(Al,Mg,Fe)2(Si,Al)4O10[(OH)2,(H2O)] e caulinita [Al2Si2O5(OH)4] são os minerais de


argila autigênicos mais comuns, mas montmorilonita e interestratificado ilita-
montmorilonita e montmorilonita-clorita também podem ocorrer.

 Argilominerais autigênicos ocorrem como cimento preenchendo poros e ao redor


de grãos.

 A ausência de bordas em torno e em contactos dos grãos demonstra sua origem


diagenética.

 A precipitação de argila em torno dos grãos geralmente ocorre no começo da


diagênese ou primeiro evento diagenético, muitas vezes antecedendo o
sobrecrescimento de quartzo (cimento sintaxial) ou cimentação de calcita.

 A borda de argila pode tornar-se impregnada com hematite ou ser alterada para
outros argilominerais durante a diagênese.

 Quando a borda de argila é espessa ela pode inibir a cimentação tardia e preservar
a porosidade.

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 Para autigênese do mineral de argila – ilita, o fluido dos poros devem ser neutro a
alcalino com suficiente K+, Si4+ e Al3+ .

 Caulinita requer águas dos


poros mais ácidas e baixo K+, e
estes podem ser produzidas
através de lavagem do arenito
por água meteórica, quer
durante uma fase precoce de
soterramento se os sedimentos
são continentais, ou se
marinho, durante o
soerguimento, após a fase de
soterramento.

 A precipitação de caulinita em sedimentos marinhos pode resultar da


decomposição de matéria orgânica com um pH baixo.

 Os íons para precipitação de


caulinita [Al2Si2O5(OH)4] e illita
(K,H3O)(Al,Mg,Fe)2(Si,Al)4O10[(OH)2,(H2O)]
são geralmente derivados da
alteração de grãos lábeis, em
particular feldspato.

 Clorita (Mg,Al,Fe)12(Si,Al)8O20(OH)16
precipita a partir de fluidos de
poros mais alcalinos que contêm
pouco K+ mas suficiente Mg2+.

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 O tipo de argilominerais é importante para entender o potencial reservatório do


arenito.

 O preenchimento do poro por caulinita reduz a porosidade do arenito, mas tem


pouco efeito sobre a permeabilidade, enquanto a ilita reduz a permeabilidade
consideravelmente bloqueando a garganta dos poros, mas tem pouco efeito na
porosidade.

 Independentemente da precipitação de argilominerais, muitos minerais silicáticos


são substituidos por argila. A substituição pode ser irregular, periférica ou ao
longo de fraturas e planos de clivagem.

 Grãos de feldspatos e fragmentos de rochas ígneas e metamórficas são


parcialmente ou completamente alterados para argila.

 Arenitos com alto conteúdo de fragmentos de rochas vulcânicas e feldspato, tais


como aquelas derivadas de arcos de ilhas e arcos continentais, são sujeitos a
muitas alterações durante a diagênese, e independente dos argilominerais,
zeolitas são produzidas em abundância.

Cimentação de hematita (Fe2O3)

 Muitos sedimentos clásticos são vermelhos devido a presença de hematita. Em


muitos casos, estas rochas foram depositadas em ambientes continentais (desertos,
rios, planícies de inundação, leque aluvial, etc) e o termo ‘red beds’ tem sido
aplicado.

 A hematita ocorre como uma fina película ao redor dos grãos, mas também
manchas vermelhas de minerais de argila infiltrada ou feldspato autigênico.

 Também se desenvolve em planos de clivagem de biotita e em alguns casos


substituindo a biotita.

 A hematita é principalmente amorfa ou consiste de micro cristais. Estas


características da hematita, juntamente com a ausência da película de hematita nos
contatos dos grãos indicam origem diagenética.

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 Um ponto de vista defende origem detrital, para os compostos de ferro amorfo,


que são formados através do intemperismo em zonas tropicais úmidas de
montanha lateríticas, são transportados e depositados ao longo dos grãos e
convertidos para hematita;

 Durante a diagênese o ferro pode ser fornecido pela dissolução de silicatos como
horblenda, augita, olivina, clorita, biotita e magnetita. Se o ambiente diagenético
é oxidante, o ferro é precipitado como hematite ou melhor, um precursor de
óxido de ferro hidratado, que se converte em hematita durante a diagênese. Esse
processo leva milhões de anos.

 Somente uma pequena quantidade de ferro, 0.1%, é suficiente para dar uma cor
vermelho brilhante para os sedimentos.

 A hematita se desenvolve acima do lençol freático, bem como abaixo se a água


subterrânea é alcalina e oxidante.

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 Se prevalecem condições de redutoras, o ferro está presente no estado ferroso


mais solúvel e se incorpora em argila, em vez de permanecer em solução,
conferindo uma cor verde para os sedimentos.

 Outros minerais diagenéticos de importância local são sulfatos e sulfetos. Gipsita


e anidrita ocorrem como cimentos em arenitos onde há uma sucessão de
camadas evaporíticas.

Feições texturais esquemáticas dos constituintes diagenéticos.

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Os cimentos podem ser divididos em duas categorias, em franjas ou oclusivos. Cimento


em franjas mostra uma relação regular envolvendo os grãos do arcabouço. Os oclusivos
que vão obliterando irregularmente os poros. As áreas específicas das franjas têm uma
influência na avaliação das propriedades do reservatório. (Wilson, 1994).

Grãos reciclados. Nestes casos, as franjas se preservam irregularmente nas depressões


dos grãos do arcabouço (onde são mais espessas) e em seus contatos. Tais tipos são
comuna em arenitos eólicos e nos depósitos de plataformas. As franjas desta natureza
são menos nos grãos mais grossos. (Modificados de Wilson, 1994).

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SEQUÊNCIAS E AMBIENTES DIAGENÉTICOS

 Dentro de qualquer formação de arenitos, a sequência de eventos diagenéticos


pode ser simples, envolvendo apenas uma precipitação mineral, ou altamente
complexos, envolvendo muitos estágios de precipitação, substituição e dissolução.

 Fatores que controlam a história diagenética:

 Ambiente deposicional e clima;

 Composição e textura dos sedimentos;

 Química da água dos poros;

 Profundidade de soterramento;

 Tempo de soerguimento;

 Estágios diagenéticos:

 Eodiagênese;

 Mesodiagênese;

 Telodiagênese.

 Ambientes diagenéticos da eodiagênese:

 Ambiente marinho;

 Ambiente não-marinho quente e húmido;

 Ambiente não marinho quente e árido;

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Eodiagênese

 Ambiente marinho

 A maioria dos grãos são estáveis de modo que as reações diagenéticas começam
quando as águas marinhas dos poros são modificadas e material menos estável
começa a reagir.

 Se existe matéria orgânica, oxidação bacteriana liberta o bicarbonato, o que pode


levar à dissolução de pequenos grãos

 Quando o oxigênio é usado nas camadas superiores, bactérias redutoras de


sulfato produzem mais íons bicarbonato e reduzem o pH ainda mais, liberando
H2S. Sob essas circunstâncias, pirita pode ser precipitada se houver Fe2+
disponível, e calcita e dolomita podem precipitar como ciemento local.

 A dissolução de alguns silicatos metaestáveis podem gerar argilominerais,


sobrecrescimento de quartzo e feldspato.

 Ordem de eventos diagenéticos em muitos arenitos marinhos na eodiagênese:

Argila autigênica associada a sobrecrescimento de quartzo e


feldspato, seguida por cimento carbonático.

 Também de origem marinha e presente em alguns arenitos são os filossilicatos


verdes glauconita e berthierine (chamosite).

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Eodiagênese
 Ambiente não-marinho quente e húmido

 A água dos poros se tornam ácidas através da quebra da MO. Porém, há pouco
K+, Mg2+, e SO42- na água, inicialmente precipitados diagenéticos em arenitos ricos
em quartzo são: sobrecrescimento de quartzo (cimento sintaxial) e caulinita, o
feldspato é dissolvido.

 O quartzo é menos solúvel a baixo pH então a extensa precipitação pode ocorrer


próximo a superfície formando silcrete.

 Em areias com grãos máficos, a dissolução libera Fe2+ e Mg2+, e siderita e clorita
pode precipitar se a água do poro for anóxica.

 Quando a areia contem grãos vulcânicos, então K+, Ca2+ e Mg2+ pode conduzir a
formação de esmectita e zeólita autigênica.

Eodiagênese

 Ambiente não marinho quente e árido;

 A água dos poros são geralmente oxidantes e lixiviação química é menos intensa.

 Dois principais processos eogenéticos:

 Formação dos red beds;


 Desenvolvimento de calcretes.

Red beds Típicos de regiões semi-áridas, muitos se formam através da liberação de


ferro a partir de minerais máficos durante o soterramento inicial e sua
precipitação em torno de grãos como um óxido de ferro hidratado, e
posteriormente hematite

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Calcretes Solo calcário

Outros processos: dissolução do feldspato e reprecipitação como sobrecrescimento,


cimentação de gipsita (Ex.: rosa do deserto) e alteração de grãos vulcânicos para
zeólitas, tais como clinoptilolite.

Mesodiagênese

 Em ambiente de mesodiagênese (soterramento), arenitos estão sujeitos ao


aumento do soterramento e maior pressão e temperatura, e a água dos poros
tornam-se mais salinas.

 Muitos grãos são agora instáveis e começam a se dissolver e alguns obstáculos


cinéticos para reações químicas são superados.

 Com o aumento do soterramento, há mudança na mineralogia das argilas, com a


esmectita sendo alterada para ilita de camadas interestratificadas. Isto é
importante na cimentação dos arenitos devido esse processo liberar SiO2, Ca2+,
Na+, Fe2+ e Mg2+.

 A pressão de dissolução também fornece íons para a cimentação e autigênese.

 Cimentos de quartzo, dolomita, anquerita e clorita podem ser precipitados e


plagioclásio albitizado;

 Grãos vulcânicos são alterados para zeólitas, especialmente laumonita.

 Geração de hidrocarbonetos. Isto pode levar a formação de águas ácidas nos


poros, que é capaz de lixiviar grãos, cimentar carbonato e produzir porosidade
secundária.

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Telodiagênese

 Arenitos são soerguidos, o clima é importante novamente.

 Se semi-árido, a oxidação de sulfetos e carbonatos ferrosos contribuirá para a


formação de óxidos hidratados de ferro (goethita- limonita), que podem passar
para hematita

 O tempo relativo dos eventos diagenéticos em arenitos é importante em termos


de introdução de hidrocarbonetos.

 Se os poros nos arenitos são fechados pela cimentação inicial, então ele não será
um reservatório de hidrocarbonetos.

 Processos diagenéticos se desenvolvem num meio aquoso porém, o fluxo de óleo


bloqueia a diagenese e impede outras reações.

CIMENTOS

 Quartzo-arenitos

 A maioria dos quartzo-arenitos são cimentados por sílica, carbonato ou hematita.

 O quartzo é o cimento mais comum e está tipicamente presente como


sobrecrescimento sintaxial no núcleo de quartzo detrítico.

 Quando marcados por bolhas e impurezas, são mais facilmente visualizados.

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Fotomicrografia de dois grãos de quartzo (Q) com sobrecrescimento. Notar que o contorno dos cristais
estão marcados por impurezas (setas).

 Cimentos de opala e microquartzo ocorrem em alguns quartzo-arenitos mais são


raros como sobrecrescimento sintaxial.

 Cimentos de microquartzo ocorrem como pequenos cristais ou calcedônia, e mais de


uma geração de cimentos podem estar presente.

 Em alguns poros, microquartzo pode exibir textura drusiforme bem desenvolvida.

 A calcita é o cimento carbonático mais comum em quartzo-arenitos, mais dolomita


e menos comumente siderita também pode ocorrer.

 Cimento calcítico ocorre como mosaico de pequenos cristais dentro de um poro,


mas pode formar grandes cristais que preenchem completamente o poro.

 Em alguns casos um único cristal pode preencher os espaços porosos entre vários
grãos formando a textura poiquilítica.

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 Arenitos feldspáticos

Cimentos carbonáticos são mais comuns nesse tipo de arenito, variando de pequenas
quantidades até mais de 20% do total de componentes.

Ocorrência:

 Mosaico de pequenos cristais;

 Cristais únicos que preenchem os poros (poiquilotópico);

 Sílica (sobreccrescimento de quartzo);

 Feldspatos autogênicos (sobrecrescimentos);

 Hematita e minerais de sulfato tais como barita, pirita e minerais de argila.

 Arenitos líticos

 Alguns arenitos líticos não contêm cimentos visíveis, enquanto outros alcançam
até 30% do total de componentes.

 Cimentos carbonáticos são mais comuns incluindo calcita, dolomita, e siderita.

 Cimento de sílica (quartzo sintaxial) é moderadamente abundante em algumas


arenitos líticos.

 Outros cimentos comuns são clorita, minerais de argila, óxidos de ferro e


pirita.

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