Cad C1 Teoria 2serie 1bim Historia
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História Integrada
Módulos
9 – Pombal e o Renascimento Agrícola
1 – Período Pré-Colonial 10 – Independência das Treze Colônias
2 – Administração Colonial 11 – Movimentos Emancipacionistas
3 – Economia Colonial – Características 12 – Independência do Haiti
Gerais e Açúcar 13 – Crise do Império Colonial Espanhol
4 – União Ibérica e Invasões Francesa, 14 – Independência dos Vice-Reinos e
Inglesa e Holandesa das Capitanias-Gerais
5 – Domínio Holandês e Restauração 15 – Independência do Vice-Reino de
6 – Bandeirismo e Interiorização Nova Espanha
7 – Mineração 16 – Formação dos Estados Nacionais
8 – Movimentos Nativistas Latino-Americanos
Palavras-chave:
Oscar Pereira da Silva (1867-1939). Desembarque de Pedro Álvares Cabral em Porto Seguro.
HISTÓRIA 1
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A primeira fase da História brasileira foi assinalada Em 1530, o rei D. João III organizou a expedição de
pelo grande desinteresse oficial pela terra (salvo o mono- Martim Afonso, que aqui chegou em janeiro de 1531,
pólio régio do pau-brasil), na medida em que as atenções tendo três finalidades: dar início à colonização (povoar);
do Estado lusitano estavam voltadas para a formação do fazer reconhecimento (exploração); e proteger as costas
Império Colonial Português nas Índias Orientais. Nessa contra a presença francesa (defesa). Os resultados mais
fase, em termos econômicos, encontramos a exploração concretos e positivos da atuação de Martim Afonso
do pau-brasil, desenvolvida basicamente por compa- foram a introdução da cana-de-açúcar na região do litoral
nhias particulares, que estabeleciam apenas feitorias paulista e a consequente criação do primeiro engenho do
nômades ao longo do nosso litoral. Associada a essa Brasil, Engenho do Governador (São Jorge dos
prática extrativista, houve a participação dos contraban- Erasmos), fatos que deram condições para a fundação,
distas franceses que tentavam se estabelecer na região em 1532, de São Vicente, a primeira vila e núcleo popu-
costeira Brasil. lacional do Brasil. Ocorreu, ainda, o contato com João
O abandono relativamente generalizado era apenas Ramalho, náufrago que vivia entre os indígenas do
entrecortado pela chegada de expedições exploradoras Planalto, onde foi instalada outra vila.
(ou de reconhecimento) e guarda-costas (policiadoras). O período colonial brasileiro, do ponto de vista admi-
Dentre as expedições exploradoras, destaca-se a de nistrativo, é dividido em dois subperíodos: o pré-colo-
1501 (oficial), comandada por Gaspar de Lemos e con- nial (de 1500 a aproximadamente 1530); e o colonial
tando com a participação do piloto italiano Américo (por volta de 1530 a 1815).
Vespúcio. Tal expedição fez o reconhecimento do litoral, O primeiro subperíodo foi marcado por uma explora-
dando denominações aos acidentes geográficos e ção assistemática.
elaborando um mapa da região. Outra expedição foi a de
Gonçalo Coelho (particular), que aqui esteve em 1503,
havendo dúvidas quanto a uma vinda de Américo
Vespúcio. Essa incursão está diretamente relacionada à ! O Destaque
exploração do pau-brasil. Américo Vespúcio: nascido em Flo-
Dentre as expedições guarda-costas, destacaram-se rença, Itália, em 1451, trabalhou para
a de 1516, que aqui permaneceu até 1519, e a de 1526, a Espanha e em 1500 foi contratado
que se prolongou até 1528, ambas comandadas pelo pelo rei português D. Manuel. Esteve
almirante Cristóvão Jacques, que fez tentativas de
no Brasil entre 1501-1502 e depois
afastar a presença francesa. Em face do relativo fracasso
entre 1503-1504. Foi o defensor da
de tal intenção e diante da ameaça de Portugal vir a
perder a terra, o rei D. João III, o Colonizador, na década tese segundo a qual Colombo teria
de 1530, inicia o período colonial propriamente dito, descoberto um novo continente em vez de ter chega-
organizando expedições com o propósito de assegurar do às Índias. O seu nome deu origem ao da América.
as posses de Portugal.
2 HISTÓRIA
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2. Pau-brasil
A fase mais intensa de exploração do pau-brasil foi
do período pré-colonial até meados do século XVI.
Sua extração, entretanto, poderá ser encontrada até no
século XIX.
O extrativismo dessa madeira tintorial, muito utilizada
na Europa, era praticado ao longo do litoral brasileiro,
desde o Rio Grande do Norte até o Rio de Janeiro, por
intermédio da criação de feitorias nômades.
O pau-brasil era considerado um monopólio da Coroa
(estanco), e sua exploração foi basicamente realizada
pelo sistema de arrendamento do trato, por meio de
contratos nos quais ficava estipulada que companhia
particulares teriam o direito de extração e comercializa-
ção da madeira; em troca, pagariam ao Estado um per-
centual do lucro obtido . Posteriormente, a exploração
passou a ser feita mediante a prévia autorização for-
necida pelo governador-geral. Nessa atividade, extrema-
mente predatória e itinerante, a mão de obra utilizada
era livre e se limitava aos elementos indígenas, com os
quais as companhias faziam o escambo, recebendo
deles diversos produtos em troca de bugigangas. Os
portugueses que participavam do comércio do pau-brasil Área de exploração de pau-brasil
passaram a ser conhecidos pelo nome de “brasileiros”.
Somente em 1605 surgiu o Regimento do pau-brasil, lei
que tentou regulamentar a exploração, evitando o A exploração econômica do pau-brasil não chegou
esgotamento da espécie. a provocar o povoamento da terra, pois este somente
Houve o problema da participação e do contrabando surgiu em função de uma atividade agrícola vinculada à
da madeira, principalmente relacionado à ação de contra- cana-de-açúcar.
bandistas franceses que chegaram a instalar diversas fei-
torias, notadamente no litoral do Nordeste e Rio de
Janeiro.
3. Cronologia
Estanco: monopólio comercial imposto pelo Estado sobre determinados produtos, sendo que, algumas vezes, tal monopólio era concedido a
terceiros.
Escambo: troca realizada entre brancos e índios, durante o período de colônia, em que os brancos trocavam bugigangas por produtos de valor.
Bugigangas: objetos de pouco ou nenhum valor.
No Portal Objetivo
Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO (www.objetivo.br) e, em “localizar”, digite HIST2M101
HISTÓRIA 3
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Exercícios Resolvidos
Resolução
Tendo sido confeccionado em 1519, o mapa reproduzido refere-se ao
Brasil Pré-Colonial, no qual a única atividade econômica praticada
pelos europeus era a extração de pau-brasil, retirado com a utilização
de mão de obra indígena livre. Esta era recompensada com produtos
de baixo valor monetário, configurando a prática do escambo.
Resposta: B
Exercícios Propostos
RESOLUÇÃO:
Porque naquela época o Oriente oferecia maiores possibilidades de
lucro e Portugal procurava assegurar o caminho para as Índias, já que
no primeiro contato não encontraram metais preciosos no Brasil.
4 HISTÓRIA
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As feitorias portuguesas no Novo Mundo foram formas de III. Na exploração econômica do pau-brasil, o escambo repre-
assegurar, aos conquistadores, as terras descobertas. Sobre sentou a principal forma de relações comerciais entre euro-
essas feitorias, é correto afirmar que: peus e indígenas da América Portuguesa.
a) a feitoria foi uma forma de colonização, empregada por por- IV. A exploração do pau-brasil só se tornou economicamente
tugueses na África, na Ásia e no Brasil, com pleno êxito para rentável para os portugueses com a introdução da mão de
a atividade agrícola. obra escrava africana.
b) as feitorias substituíram as capitanias hereditárias durante o V. Tanto franceses como portugueses aproveitavam-se das
Governo-Geral de Mem de Sá, como proposta mais mo- desavenças entre grupos tribais para a obtenção de homens
derna de administração colonial. para o trabalho e para a guerra.
c) as feitorias foram estabelecimentos fundados por portugue- VI. A presença de Jean de Léry em solo brasileiro está associa-
ses no litoral das terras conquistadas e serviam para da ao episódio da criação da França Austral, momento em
armazenamento de produtos da terra, que deveriam seguir que aquela potência expandiu os seus domínios até o ex-
para o mercado europeu. tremo sul do continente americano.
d) tanto as feitorias portuguesas fundadas ao longo do litoral RESOLUÇÃO:
brasileiro quanto as fundadas nas Índias tinham idêntico Verdadeiras: 01, 02, 04, 32
caráter: a presença do Estado português e a ausência de Falsas: 08, 16
A afirmativa 08 está incorreta porque a mão de obra utilizada na
interesses de particulares.
extração do pau-brasil era indígena e livre.
e) o êxito das feitorias afastou a presença de corsários france- A assertiva 16 está errada porque as relações iniciais entre indíge-
ses e estimulou a criação das capitanias hereditárias. nas e europeus eram amistosas.
RESOLUÇÃO:
Segundo o dicionário Houaiss, feitoria é a “agência de companhia
comercial nos portos das colônias, onde se armazenavam e se
negociavam mercadorias, servindo também como fortificação
primitiva, provida de uns tantos soldados e armamentos, para a
defesa da colônia contra a intromissão de aventureiros”.
Resposta: C
Jean de Léry, em seu livro Viagem à terra do Brasil, fala do “...Da primeira vez que viestes aqui, vós o fizestes somen-
estranhamento que os tupinambás tinham com relação ao inte- te para traficar. (...) Não recusáveis tomar nossas filhas e nós
resse dos europeus pelo pau-brasil: "Uma vez um velho pergun- nos julgávamos felizes quando elas tinham filhos. Nessa épo-
tou-me: Por que vindes vós outros, mairs e perôs (franceses e ca, não faláveis em aqui vos fixar. Apenas vos contentáveis
portugueses) buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não com visitar-nos uma vez por ano, permanecendo, entre nós,
tendes madeira em vossa terra? Respondi que tínhamos muita, somente durante quatro ou cinco luas [meses]. Regressáveis
mas não daquela qualidade, e que não a queimávamos, como então ao vosso país, levando os nossos gêneros para trocá-los
ele o supunha, mas dela extraíamos tinta para tingir (...). Retru- com aquilo que carecíamos.”
cou o velho imediatamente: e porventura precisais de muito?
(Mário Maestri. Terra do Brasil: a conquista lusitana e o genocídio
– Sim, respondi-lhe, pois no nosso país existem negociantes
tupinambá. São Paulo: Moderna, 1993, p. 86.)
que possuem mais panos, facas, tesouras, espelhos e outras
mercadorias do que podeis imaginar, e um só deles compra
O texto faz alusão ao comércio que marcou o período
todo o pau-brasil com que muitos navios voltam carregados.”
pré-colonial brasileiro conhecido por
(J. de Léry. Viagem à terra do Brasil. Belo Horizonte: ltatiaia; a) mita. b) escambo. c) encomienda.
São Paulo: Ed. USP, 1980. p.168-9.) d) mercantilismo. e) corveia.
RESOLUÇÃO:
Com base no seu conhecimento da história das primeiras
Trocava-se pau-brasil extraído pelos índios por produtos e
décadas da colonização do Brasil, assinale verdadeiro ou falso: bugigangas trazidas pelos portugueses.
I. Alguns Estados europeus não reconheciam o direito de Por- Resposta: B
tugal sobre a "nova terra" e, dessa forma, empreendiam incur-
sões a fim de disputar a posse das riquezas naturais nela
existentes.
II. O pau-brasil, árvore então encontrada em abundância na
Floresta Atlântica, era o principal produto brasileiro comer-
cializado na Europa, onde o utilizavam como matéria-prima
nas manufaturas têxteis.
HISTÓRIA 5
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(UFU – MODELO ENEM) – O mapa a seguir apresenta ”De ponta a ponta, é tudo praia-palma, muito chã
uma série de imagens representativas de uma prática que os e muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista
europeus associavam aos povos indígenas do Brasil nos sécu- do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos
los XVI e XVII. ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa.
Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata,
nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a
terra em si é de muito bons ares [...]. Porém o melhor fruto que
dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente.”
(Carta de Pero Vaz de Caminha. In A. Marques, F. Berutti e R. Faria.
História moderna através de textos. São Paulo: Contexto, 2001.)
Sobre esta prática, é correto afirmar que ela está relacionada: ”Em geral, os nossos tupinambás ficam bem
I. aos sacrifícios humanos, pois, segundo os portugueses e os admirados ao ver os franceses e os outros dos
espanhóis, os índios do Brasil eram idólatras e ofereciam países longínquos terem tanto trabalho para buscar o seu
esse tipo de sacrifício aos seus deuses (vistos, pelos arabotã, isto é, pau-brasil. Houve uma vez um ancião da tribo
cristãos, como demônios); que me fez esta pergunta: ‘Por que vindes vós outros, mairs e
II. ao canibalismo, introduzido no Brasil após a cristianização perós (franceses e portugueses), buscar lenha de tão longe
dos índios, como resultado da incompreensão indígena a para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra?’”
respeito dos sentidos corretos da eucaristia;
(J. Léry. Viagem à Terra do Brasil. In F. Fernandes.
III. à ingestão de carne humana, que, segundo alguns autores, Mudanças sociais no Brasil. São Paulo: Difel, 1974.)
pode ser explicada como um ritual de vingança contra tribos
rivais e inimigos de guerra; O viajante francês Jean de Léry (1534-1611) reproduz um
IV. à antropofagia, cujas evidências de ter realmente existido diálogo travado, em 1557, com um ancião tupinambá, o qual
são controversas e próprias de um imaginário europeu demonstra uma diferença entre a sociedade europeia e a
detrator das práticas culturais indígenas, entendidas, em indígena no sentido
muitos casos, como diabólicas e bestiais. a) do destino dado ao produto do trabalho nos seus sistemas
culturais.
Assinale a alternativa que apresenta somente afirmações b) da preocupação com a preservação dos recursos
corretas: ambientais.
a) II e IV. b) I e III. c) III e IV. d) I e II. c) do interesse de ambas em uma exploração comercial mais
lucrativa do pau-brasil.
RESOLUÇÃO:
d) da curiosidade, reverência e abertura cultural recíprocas.
A afirmativa I está incorreta, porque a imagem expõe partes do
corpo humano sendo ingeridos por nativos, o que significa e) da preocupação com o armazenamento de madeira para os
canibalismo. A afirmativa II está incorreta, porque o canibalismo períodos de inverno.
era praticado antes da chegada dos portugueses, e os missioná- RESOLUÇÃO:
rios cristãos condenavam taxativamente esse hábito. Mera interpretação de texto, sintetizando as diferenças entre as
Resposta: C culturas indígena e europeia na destinação por elas dada ao
pau-brsil: simplesmente lenha, para a primeira; matéria-prima
(utilizada na tinturaria) comercializável, para a segunda.
Resposta: A
6 HISTÓRIA
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Palavras-chave:
HISTÓRIA 7
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? Saiba mais
A primeira grande invasão francesa ocorreu em 1555,
no Rio de Janeiro, onde os franceses estabeleceram
uma colônia denominada França Antártica. Os
franceses (em número inicial de aproximadamente
Com a criação do Governo-Geral do Brasil, a coroa portuguesa passou 600 pessoas) estavam sob o comando do almirante
a centralizar os esforços da empresa colonizadora.
Nicolau Durand de Villegaignon, havendo uma
O governador era nomeado pelo rei por um período grande participação de huguenotes (calvinistas
de quatro anos, possuindo três auxiliares básicos: o ouvi- franceses, que constituíam um dos grupos da
dor-mor, encarregado dos negócios da Justiça; o prove- oposição político-religiosa na França). Apesar de
dor-mor, dos negócios das Finanças; e o capitão-mor, serem oposicionistas, receberam apoio do rei Hen-
da defesa do litoral. Todos compunham o denominado rique II, por meio da mediação do almirante Gaspar
Conselho de Governo, que tinha por finalidade global de Coligny. Após alguns desentendimentos entre os
criar um órgão administrativo centralizador da ação colo- huguenotes e os católicos, em 1559, o comando saiu
nizadora. Durante o domínio espanhol (1580-1640), o das mãos de Villegaignon, passando para Bois-le-
cargo de governador-geral passou a ser denominado Comte. Os franceses, desde o início, contavam com
vice-rei; e foi novamente adotado a partir de 1720. Após o apoio dos índios tamoios, que os ajudavam na
1642, com a criação do Conselho Ultramarino, esse
luta contra a Coroa Portuguesa.
órgão ficava encarregado da administração de todas as
terras coloniais lusitanas e das nomeações dos cargos
do Conselho de Governo, no Brasil. De acordo com o Confisco: apreensão de um bem em proveito do fisco.
Regimento de Tomé de Sousa, de 1548, o objetivo Antropófagos: aqueles que comem carne humana.
8 HISTÓRIA
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O terceiro governador, Mem de Sá (1558/72), em 1560, conseguiu derrotar os franceses, mas estes se refugiaram
nas aldeias indígenas, retornando às ilhas da Baía de Guanabara logo depois, a fim de reconstruir a colônia.
Em 1563, chegaram reforços de Portugal, comandados pelo sobrinho do governador, Estácio de Sá, e o
movimento de expulsão tomou novo impulso. Aliando-se aos índios temiminós, chefiados por Arariboia, e com a
adesão dos jesuítas Nóbrega e Anchieta (que em 1563 haviam conseguido neutralizar a Confederação dos Tamoios
por intermédio do Armistício de Iperoig), Estácio de Sá fundou, em 1o. de março de 1565, a povoação de São Sebastião
do Rio de Janeiro (que se tornou, pouco depois, a segunda cidade do Brasil), para facilitar as operações contra os
invasores. Estácio de Sá, porém, foi ferido mortalmente quando alcançava a vitória em Uruçu-Mirim. A derrota final dos
franceses ocorreu, em 1567, sob o comando do próprio governador Mem de Sá.
Em 1570, a Coroa nomeou D. Luís de Vasconcelos governador-geral em substituição a Mem de Sá, mas ele não
chegou a tomar posse, pois foi morto em alto-mar pelos franceses. Mem de Sá governou até 1572, quando faleceu
em Salvador, fato que fez com que o rei D. Sebastião dividisse o Brasil em dois governos.
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Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO (www.objetivo.br) e, em “localizar”, digite HIST2M102
HISTÓRIA 9
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10 HISTÓRIA
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8. Cronologia
1534 – Implantação do regime de capitanias hereditárias.
1549 – Tomé de Sousa, primeiro governador-geral; fundação da cidade de Salvador.
1553 – Duarte da Costa, segundo governador-geral.
1554 – Fundação de São Paulo.
1555 – Instalação da França Antártica na Baía da Guanabara.
1558 – Mem de Sá, terceiro governador-geral.
1565 – Fundação da cidade do Rio de Janeiro.
1567 – Expulsão dos franceses do Rio de Janeiro.
Exercícios Resolvidos
Exercícios Propostos
Do que tratavam as cartas de doação e a foral? Com a fundação da Vila de São Vicente, instalou-se na
colônia a primeira administração local. Que instituição foi essa
RESOLUÇÃO: e como estava organizada?
Na carta de doação, o rei transferia o direito de uso da terra que
lhe pertencia. Na foral, estabelecia os direitos e deveres do dona- RESOLUÇÃO:
tário. Trata-se das Câmaras Municipais, órgãos político-administrativos
locais, formadas a partir da aristocracia rural (“homens-bons”),
que representavam o localismo político.
Sobre o regime de capitanias hereditárias, responda:
a) quais os fatores que levaram o governo português a implan-
tá-las?
b) quais os motivos que as levaram ao fracasso? Justifique a criação do Governo-Geral em termos admi-
nistrativos.
RESOLUÇÃO:
a) O governo queria implantar um sistema que já tinha dado certo RESOLUÇÃO:
nas ilhas atlânticas e transferir os custos da colonização a O Governo-Geral foi formado visando promover a centralização e
particulares, garantindo, assim, a posse da terra. a unidade administrativa da Colônia.
b) Ausência de centralização político-administrativa, falta de re-
cursos dos donatários, distância da Metrópole e hostilidade
indígena.
HISTÓRIA 11
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(FUVEST) – Sobre a presença francesa na baía de Guana- (UFPR – MODELO ENEM) – "O ser senhor de engenho é
bara (1557-1560), podemos dizer que foi título a que muitos aspiram, porque traz consigo o ser servido,
a) apoiada por armadores franceses católicos que procuravam obedecido e respeitado por muitos". Essa frase de João
estabelecer no Brasil a agroindústria açucareira. Antônio Andreoni (conhecido como Antonil), escrita no seu
b) um desdobramento da política francesa de luta pela liberda- livro Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas,
de nos mares e assentou-se numa exploração econômica refere-se aos:
do tipo da feitoria comercial. a) ricos comerciantes que lidavam com os negócios de expor-
c) um protesto organizado pelos nobres franceses hugue- tação e importação.
notes, descontentes com a Reforma Católica implementada b) lavradores assalariados que plantavam a cana-de-açúcar.
pelo Concílio de Trento. c) trabalhadores livres dos engenhos: artesãos, barqueiros,
d) uma alternativa de colonização muito mais avançada do que capatazes.
a portuguesa, porque os huguenotes que para cá vieram d) grandes proprietários das fábricas de manufaturas têxteis.
eram burgueses ricos. e) proprietários das terras que formavam a aristocracia agrária,
e) parte de uma política econômica francesa levada a cabo de grande poder econômico e político.
pelo Estado com intuito de criar companhias de comércio.
RESOLUÇÃO:
RESOLUÇÃO: Também conhecidos como “homens-bons” ou ainda “homens de
A França não reconhecia o Tratado de Tordesilhas e afirmava que cabedal”, ou seja, de posses e riquezas.
as terras do Novo Mundo não pertenciam a quem as descobriu, Resposta: E
mas a quem as ocuparia de fato.
Resposta: B
(UFRS – MODELO ENEM) – As Câmaras Municipais foram
Hoje em dia, nas grandes cidades, enterrar os
instituições fundamentais em todos os lugares onde houve a mortos é uma prática quase íntima, que diz
presença do Império ultramarino lusitano. Na América respeito apenas à família. A menos, é claro, que se trate de
portuguesa não foi diferente, pois nas principais aglomerações uma personalidade conhecida. Entretanto, isso nem sempre foi
urbanas elas exerciam um papel político essencial. assim. Para um historiador, os sepultamentos são uma fonte
de informações importantes para que se compreenda, por
Considere as seguintes afirmações, referentes à caracteriza- exemplo, a vida política das sociedades.
ção dessas instituições. No que se refere às práticas sociais ligadas aos sepultamentos,
I. Eram os canais de expressão política das elites locais, dos a) na Grécia Antiga, as cerimônias fúnebres eram desvalori-
“homens-bons” residentes nas diferentes vilas coloniais. zadas, porque o mais importante era a democracia experi-
Através da ocupação dos cargos na Câmara, essas elites mentada pelos vivos.
expressavam suas demandas junto aos poderes centrais, b) na Idade Média, a Igreja tinha pouca influência sobre os
como os governadores e a própria Coroa. rituais fúnebres, preocupando-se mais com a salvação da
II. Eram órgãos legislativos dedicados à aplicação das alma.
Ordenações Filipinas, sendo a eleição para os cargos cama- c) no Brasil Colônia, o sepultamento dos mortos nas igrejas
rários feita pelo voto direto e democrático do conjunto da era regido pela observância da hierarquia social.
população. d) na época da Reforma, o catolicismo condenou os excessos
III. Eram corpos deliberativos para os quais podia ser elegível a de gastos que a burguesia fazia para sepultar seus mortos.
maior parte da população, excetuando-se somente os es- e) no período posterior à Revolução Francesa, devido às
cravos africanos e os indígenas. grandes perturbações sociais, abandona-se a prática do luto.
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HISTÓRIA 13
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14 HISTÓRIA
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concorrência, caracterizada pelo aumento da produção A principal finalidade do gado introduzido no Brasil,
da região antilhana, fato este estreitamente relaciona- desde o século XVI, era sua utilização como força mo-
do à introdução de capitais e melhores técnicas imple- triz, como animal de tração e transporte (animal de tiro),
mentadas pelos holandeses, que em grande parte e em segundo plano é que se destinava à alimentação
tinham sido expulsos do Nordeste do Brasil, em 1654. por meio da produção das carnes em conserva: carne-
Outros fatores atuaram na decadência: a queda de seca, carne de sol e o charque do Sul do Brasil.
preços do produto no mercado europeu, acompanhada A pecuária foi uma atividade subsidiária ou à grande
de uma crise econômica nas metrópoles, fato que veio a lavoura de exportação, como a da cana, ou à mineração
reduzir o consumo. e centros urbanos, a partir do século XVIII.
A decadência abrangeu a segunda metade daquele As principais regiões pecuaristas foram:
século de tal forma que, ao chegar ao século XVIII, o
• Sertão do Nordeste e Vale do São Francisco.
Brasil, que havia sido o primeiro exportador mundial de
Nessas regiões a mão de obra da pecuária extensiva, de
açúcar, passou a ocupar a quinta posição. A cana-de-açú-
baixo índice técnico, era livre, representada pelos
car somente recuperou uma posição considerável um
vaqueiros e seus auxiliares, os "fábricas". Advinda do
século depois, ou seja, no final do século XVIII, com a
sertão do Nordeste, a pecuária atingiu a região do
decadência da mineração do ouro.
Maranhão, Piauí e o Vale do Rio São Francisco, cogno-
minado de o Rio dos Currais, onde ocorreu a formação
3. Atividades subsidiárias de grandes fazendas pecuaristas em face das melhores
condições naturais de pasto, água e sal-gema (séculos
Entre as principais atividades subsidiárias, encon-
XVI e XVII).
tramos a agricultura de subsistência e a pecuária.
• Outra região foi o sul de Minas Gerais, onde era
Agricultura de subsistência encontrada uma pecuária com técnica superior, fazendas
com cercados, pastos mais bem cuidados, rações extras
Atividade independente do setor exportador, com para o gado e a utilização da mão de obra escrava. O
predominância de pequenas e médias propriedades que grande mercado era representado pelas zonas urbanas
se utilizavam de mão de obra livre, do agregado e princi- mineradoras, o que provocou uma diversificação da pro-
palmente do pequeno arrendatário de terras. Nesse dução: gado bovino, muar, suíno, caprino e equino (sécu-
setor, havia uma pequena produtividade e um baixo nível lo XVIII).
de renda. • Campos Gerais, correspondendo ao interior de
A produção de gêneros de subsistência – mandioca, São Paulo e Paraná, foi outra região de pecuária, com a
milho, batata, cará, arroz e inhame – destinava-se funda- produção de animais de tiro para a região mineradora, no
mentalmente ao consumo nos engenhos e aos centros século XVIII. Há predominância da mão de obra livre,
urbanos, como o ocorrido na época da mineração. constituída de tropeiros.
Pecuária • A última região foi o Rio Grande do Sul, que,
desde o século XVIII, com a colonização açoriana, iniciou
Belém a criação de gado. Mão de obra predominantemente
zo nas São Luís livre, mas havendo paralelamente a utilização de escra-
Ama Fortaleza
Rio vos negros e indígenas nas missões jesuíticas. Desen-
Natal volvimento da indústria do charque e da criação de gado
bovino, muar, equino e ovino.
ins
ia
Jaguaribe
gua
Rio Tocant
Ara
co
Jaguaçu
an
Salvador
ão
sustento cotidiano.
oS
tê
Rio Paranapa
raná
nema
Rio de Janeiro
Rio Pa
Santos
Curitiba São Vicente
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HIST2M103
Expansão territorial provocada pela pecuária (século XVIII)
HISTÓRIA 15
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4. Cronologia
1533 – Fundação do Engenho do Governador ou dos Erasmos, em São Vicente, por Martim Afonso de Sousa.
1534 – Introdução do gado na capitania de São Vicente.
1535 – Primeiro engenho de açúcar em Olinda.
1538 – Chegada ao Brasil dos primeiros escravos africanos.
1568 – Início do tráfico regular de escravos negros para o Nordeste do Brasil.
Exercícios Resolvidos
16 HISTÓRIA
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Exercícios Propostos
No Nordeste brasileiro colonial, compare as áreas açuca- (PUC-MG) – Foram características marcantes do processo
reira e pastoril no que se refere à economia e à sociedade. de colonização do Brasil no período colonial:
a) Trabalho livre, produção comercializada com outras colônias,
RESOLUÇÃO: pequena e média propriedade.
A atividade açucareira no Nordeste colonial era desenvolvida no b) Trabalho livre, cultura de subsistência, pequena propriedade
litoral e voltada para o mercado externo. Exigiu altos investimen-
tos e mão de obra escrava. Produziu uma sociedade patriarcal,
e produção para consumo interno.
escravista e rigidamente hierarquizada. c) Mão de obra compulsória, produção manufatureira comer-
A pecuária voltava-se para o abastecimento dos engenhos de cializada com a Metrópole e latifúndio.
açúcar; utilizava-se o gado para tração, couro e alimentação. Com d) Mão de obra escrava, produção para o mercado externo,
o crescimento da atividade açucareira, as áreas de pastagens grande propriedade e monocultura.
foram substituídas por áreas de cultivo. A atividade criatória se
expandiu para o interior em busca de água e pastos, produzindo
e) Mão de obra familiar, grandes propriedades, apego à terra e
as fazendas de gado e propiciando a ocupação do Sertão Nordes- produção extrovertida.
tino. Utilizava mão de obra livre e assalariada de mulatos, índios
e negros forros. RESOLUÇÃO:
Essa é a definição de “plantation” para a História.
Resposta: D
HISTÓRIA 17
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(UFPR – MODELO ENEM) – “Moradores dos 'sertões', c) reprodução de conflitos entre grupos étnicos africanos.
instalados além das cidades coloniais, transformaram tais d) manutenção das características culturais específicas de
espaços físicos em espaços humanos. (...) A presença desses cada etnia.
nossos antepassados é de fundamental importância para e) resistência à incorporação de elementos culturais indígenas.
entendermos por que, no Brasil Colônia, houve mais do que a RESOLUÇÃO:
pura e simples plantation de cana. A 'visão plantacionista', que A alternativa corrobora as afirmações do texto, nas quais o
considera todas as atividades não voltadas para a exportação brazilianist Robert Slenes detecta, entre os escravos negros
como irrelevantes, embaçou durante muito tempo a trazidos para o Brasil, o surgimento de uma identidade cultural
forjada por sua própria condição de escravos. Essa unidade
contribuição que milhares de agricultores – responsáveis pela
africana sobrepôs-se às diferenças etnoculturais das diversas -
agricultura de subsistência ou pelo abastecimento do mercado populações transplantadas do continente negro para o Brasil.
interno – deram à história de nosso mundo rural.” Resposta: A
da vida social durante a Colônia: a inexistência de núcleos crucificado porque padeceis em um modo
econômicos situados além das cidades coloniais. muito semelhante o que o mesmo Salvador padeceu na sua
b) Confirma-se no texto a exclusividade da lavoura exportadora cruz e em toda a sua paixão. A sua cruz foi composta de dois
como atividade responsável pela ocupação dos espaços madeiros, e a vossa em um engenho é de três. Também ali não
agrícolas nacionais. faltaram as canas, porque duas vezes entraram na Paixão: uma
c) No Brasil Colônia, uma característica fundamental da vez, servindo para o cetro de escárnio, e outra vez para a
agricultura de alimentos foi a variedade de técnicas e de esponja em que lhe deram o fel. A Paixão de Cristo parte foi de
ferramentas utilizadas para o manejo das terras. noite sem dormir, parte foi de dia sem descansar, e tais são as
d) A atividade agrícola dos moradores dos 'sertões' era vossas noites e os vossos dias. Cristo despido, e vós despidos;
essencial para a produção e o mercado colonial de gêneros Cristo sem comer, e vós famintos; Cristo em tudo maltratado,
alimentícios. e vós maltratados em tudo. Os ferros, as prisões, os açoites,
e) A imensa disponibilidade de terras não cultivadas contribuiu as chagas, os nomes afrontosos, de tudo isto se compõe a
para uma ocupação intensiva do solo, o que evitou a vossa imitação, que, se for acompanhada de paciência,
dispersão demográfica pelo território nacional. também terá merecimento de martírio.”
(A. Vieira. Sermões. Tomo XI.
RESOLUÇÃO: Porto: Lello & Irmão, 1951. Adaptado.)
O texto e a alternativa explicam as atividades complementares
dos ciclos econômicos coloniais (da grande lavoura canavieira ou O trecho do sermão do Padre Antônio Vieira estabelece uma
da atividade mineradora).
Resposta: D
relação entre a Paixão de Cristo e
a) a atividade dos comerciantes de açúcar nos portos bra-
sileiros.
b) a função dos mestres de açúcar durante a safra de cana.
c) o sofrimento dos jesuítas na conversão dos ameríndios.
d) o papel dos senhores na administração dos engenhos.
”Torna-se claro que quem descobriu a África
e) o trabalho dos escravos na produção de açúcar.
no Brasil, muito antes dos europeus, foram os
próprios africanos trazidos como escravos. E esta descoberta RESOLUÇÃO:
não se restringia apenas ao reino linguístico, estendia-se O Padre Antônio Vieira – o maior orador sacro da língua portu-
também a outras áreas culturais, inclusive à da religião. Há guesa – estabelece um paralelismo entre a Paixão de Cristo e o
razões para pensar que os africanos, quando misturados e sofrimento dos escravos nos trabalhos da produção de açúcar no
Brasil Colônia. E, embora demonstre compaixão pelos maus-tra-
transportados ao Brasil, não demoraram em perceber a
tos infligidos aos cativos, o jesuíta encerra sua fala conclamando
existência entre si de elos culturais mais profundos.” os negros a ter paciência, pois sua resignação os aproximaria
(R. Slenes. Malungu, ngoma vem! África coberta e descoberta do ainda mais do martírio de Jesus. Ou seja, os métodos de trabalho
vigentes são criticados duramente, mas o sistema escravista
Brasil. Revista USP, n. 12, dez./jan./fev. 1991-92. Adaptado.)
acabava sendo admitido.
Resposta: E
Com base no texto, ao favorecer o contato de indivíduos de
diferentes partes da África, a experiência da escravidão no
Brasil tornou possível a
a) formação de uma identidade cultural afro-brasileira.
b) superação de aspectos culturais africanos por antigas
tradições europeias.
18 HISTÓRIA
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1. A União das Coroas Ibéricas mas foi atingido por uma grande crise econômica. Outra
consequência foi o fechamento dos portos ibéricos aos
Esta fase é conhecida pelas denominações de Perío- navios flamengos, inclusive nas colônias, boicotando
do Habsburgo, Filipino, União Ibérica ou Domínio Espa- desta forma o comércio açucareiro. Tal boicote e confis-
nhol. co dos navios flamengos acarretaram as invasões holan-
Após a morte de D. Sebastião I, em 1578, em desas no Brasil e em outras colônias portuguesas, onde
Alcácer Quibir, no norte da África, o trono português (de a Holanda tinha capitais investidos. No Brasil, além
1578 a 1580) ficou com seu tio-avô, o cardeal D. Henri- desses fatos, ocorreu a supressão temporária dos limi-
que, que veio a falecer nesta última data. Felipe II, rei da tes de Tordesilhas, a expansão territorial, a interrupção
Espanha, era o parente mais próximo com direito a do tráfico negreiro devido às invasões holandesas e o
ocupar o trono. Contando com o apoio da nobreza e da consequente incremento da escravidão indígena.
burguesia portuguesa, ordenou ao duque de Alba, em
1580, a invasão de Portugal. 2. Ataques e invasões
Entre as consequências da união das Coroas Ibéri- Entre os fatores básicos que justificam as invasões
cas, destacam-se a constituição de um grande Império e ataques estrangeiros ao Brasil, encontramos, inicial-
Colonial Ibérico, que provocou, entretanto: o desmante- mente, a estipulação do Tratado de Tordesilhas (junho de
lamento do Império Luso no Oriente; e a formação da 1494), firmado entre Espanha e Portugal, a partir do qual
“Invencível Armada”, que, diante da sua derrota, em ocorreu uma marginalização da Inglaterra, da França e da
1588, não só acarretou uma grande decadência militar Holanda em relação à partilha das terras recém-conquis-
em Portugal, como também arrastou este país para os tadas, provocando por parte desses países diversas
conflitos desastrosos com a Inglaterra, a França e princi- represálias. Em um segundo momento, temos a União
palmente a Holanda. Apesar do domínio espanhol em das Coroas Ibéricas (1580-1640), que provocou uma
Portugal, este manteve sua autonomia administrativa, grande reação daqueles países aos monopólios ibéricos
Boicote: punição feita, geralmente, em represália, recusando manter relações comerciais ou sociais.
Invasões e ataques estrangeiros: presença em território brasileiro de indivíduos que não eram de nacionalidade portuguesa, com vistas ao saque
e à posse de terras.
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4. As invasões francesas
Desde o período pré-colonial já ocorriam incursões
francesas, principalmente no litoral do Nordeste e do
Rio de Janeiro, onde praticavam o contrabando do
pau-brasil e contavam com a colaboração indígena.
A França Equinocial
(Maranhão – 1612-1615)
A segunda tentativa de se formar uma colônia
francesa no Brasil foi no Maranhão. A origem dessa colô-
nia remonta ao ano de 1594, quando alguns náufragos
franceses, liderados por Jacques Riffault, estabelece-
ram-se na região. Um outro francês, Charles de Vaux,
que havia sido aprisionado no Ceará, regressou à França Áreas ocupadas pelos franceses no Brasil
e difundiu a ideia de ser criada uma colônia francesa na
região do Maranhão, área ainda abandonada. Em 1612, A presença francesa e a conquista do
chegou ao Maranhão uma expedição comandada pelo
litoral do Norte-Nordeste
nobre Daniel de La Touche, Senhor de La Ravardière,
contando com a participação de diversos outros fidalgos. Algumas regiões do Norte e do Nordeste do Brasil
Os franceses estabeleceram as bases da colônia, que tiveram seu povoamento iniciado devido aos ataques
recebeu o nome de França Equinocial, sendo, em 1612, realizados pelos portugueses contra as bases francesas
fundado o Forte de São Luís (futura cidade). estabelecidas no litoral dessas regiões. Tal foi o caso da
A expulsão dos franceses ocorreu em 1615, após Paraíba, onde os portugueses, para expulsar os france-
um acordo firmado entre eles e os portugueses (estes ses, em 1584, fundaram, por meio de Frutuoso Barbosa,
últimos não o cumpriram). o Forte de Filipeia de Nossa Senhora das Neves, que
Corsário: piratas que possuíam a “Carta do Corso”, uma autorização para realizar ataque contra nações inimigas.
Contrabando: comércio de mercadorias sem o pagamento de direitos.
Equinocial: antiga denominação da Linha do Equador.
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veio a dar origem à terceira cidade do Brasil (atual João e comandada por D. Fradique de Toledo Osório. Em 1625,
Pessoa). Nessa região, os portugueses contaram com o os holandeses eram derrotados e expulsos da Bahia –
apoio dos índios tabajaras, chefiados por Piragibe. episódio que ficou conhecido como Jornada dos
Outra região foi a do Rio Grande do Norte, onde, em Vassalos.
1597, Jerônimo de Albuquerque fundou o Forte dos Reis Em 1628, entretanto, Pieter Heyn atacou barcos espa-
Magos (atual cidade de Natal) para fazer frente aos fran- nhóis carregados de prata nas Antilhas. Este e outros
ceses, que já há algum tempo faziam da região seu ataques (como um novo saque ao porto de Salvador, em
reduto. Os índios potiguares davam grande apoio aos 1627) criaram condições para a WIC se reestruturar e
invasores. Na região do Ceará, ocorreram fatos idênti- preparar um novo e maior ataque, agora em uma região
cos, pois os franceses constantemente frequentavam menos protegida e a maior produtora de açúcar do Brasil.
seu litoral. Em 1603, Pero Coelho iniciou os ataques aos
franceses e indígenas, mas não foi bem-sucedido. A
conquista ocorreu em 1611, com Martim Soares
Moreno (fundador de Fortaleza).
Todos esses fatos estão inseridos na História da
conquista das regiões setentrionais do Brasil.
5. As invasões holandesas
As relações mantidas por Portugal com os Países
Baixos eram bem intensas antes da própria colonização
do Brasil. Na análise da economia colonial brasileira foi
destacado o papel de grande importância dos holande-
ses na montagem da empresa canavieira colonizadora,
na qualidade de financiadores, transportadores, refina-
dores e distribuidores do açúcar do Brasil no mercado
europeu. Foi destacado também o papel que desempe-
nhavam no denominado "comércio triangular" entre
Europa, África e Brasil (incluindo o tráfico negreiro). O
início da União Ibérica, entretanto, veio modificar enor-
memente este quadro, na medida em que a situação po-
lítica entre os dois países se alterou sobremaneira em
virtude dos decretos publicados pelo rei Filipe II da Espa-
nha, boicotando o comércio açucareiro flamengo com o
Brasil.
Invasão e conquista dos holandeses no Nordeste
A invasão holandesa na Bahia
(1624-1625) A invasão holandesa em
Vinte e seis navios da WIC, com 3.300 homens, sob Pernambuco (1630-1654)
o comando de Jacob Willekens, tendo o destaque do Com 56 navios grandes e 7.300 soldados, a WIC
almirante Pieter Heyn e do governador Johan van Dorth, realizou a sua segunda invasão, agora sob o comando de
invadiram a Bahia. Esta foi escolhida por ser um grande Diederik van Waerdenburgh e Hendrick Lonck. Os 400
centro produtor de açúcar e a capital da colônia. A notícia soldados de Pernambuco nada puderam fazer diante de
da vinda dos holandeses já havia sido anunciada, mas, tão desigual situação. Dessa forma, os holandeses não
apesar de um relativo preparo para a chegada destes, o encontraram resistência para penetrar na capitania (feve-
governador Diogo Mendonça Furtado não conseguiu reiro de 1630). O governador de Pernambuco, Matias de
evitar a queda de Salvador. A população, sob a liderança Albuquerque, deu ordem de retirada à população,
do bispo D. Marcos Teixeira, retirou-se para o interior, incendiando os armazéns e navios e realizando a fuga
onde organizou diversos grupos de guerrilhas. Os portu- mais para o interior ("fuga da terra arrasada"). Nesse local
gueses receberam, logo depois, a ajuda de Matias de organizaram a resistência, formando o famoso Arraial
Albuquerque, proveniente de Pernambuco. O movimen- do Bom Jesus. O movimento guerrilheiro que reunia
to de guerrilha dos habitantes locais teve sucesso e a senhores de engenho, escravos, índios e a população de
situação dos holandeses tornava-se cada vez mais Olinda e Recife denominou-se Guerra Brasílica.
problemática. Tornou-se insustentável quando chegou à
Bahia uma imensa esquadra luso-espanhola (aproxima- O Arraial do Bom Jesus conseguiu algumas vitórias,
damente 12 mil soldados) organizada pelo rei Filipe IV mas em abril de 1632 Domingos Fernandes Calabar,
profundo conhecedor da região e participante do
Regiões setentrionais: refere-se a regiões do Norte.
Arraial: acampamento, especialmente de tropas.
“Arraial”, deixou de apoiar os portugueses e se uniu aos
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Exercícios Resolvidos
22 HISTÓRIA
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Exercícios Propostos
(FUVEST) – Na segunda metade do século XVII Portugal Rui Guerra e Chico Buarque de Holanda
encontrava-se em grave crise econômica. escreveram uma peça para teatro chamada
Calabar, pondo em dúvida a reputação de traidor que foi
a) Explique os motivos dessa crise. atribuída a Calabar, pernambucano que ajudou decisivamente
os holandeses na invasão do Nordeste brasileiro, em 1632.
RESOLUÇÃO:
A União Ibérica, com a perda de significativa parte do Império “– Calabar traiu o Brasil que ainda não existia? Traiu Portugal,
Oriental e entrepostos africanos; as concessões comerciais para a
Inglaterra e a crise da economia açucareira por causa da concor-
nação que explorava a colônia onde Calabar havia nascido?
rência holandesa nas Antilhas. Calabar, mulato em uma sociedade escravista e discrimi-
natória, traiu a elite branca?”
RESOLUÇÃO:
A alternativa se explica por si mesma. Deve-se apenas observar,
para esclarecimento, que o texto de Rui Guerra e Chico Buarque
foi escrito num contexto de oposição ao regime militar brasileiro
e seus valores, que enfatizavam a visão tradicionalista e ufanista
de nossa História. O visconde de Porto Seguro representa esse
mesmo pensamento tradicional, inserido na estrutura conserva-
dora do Segundo Reinado. Já Pedro Calmon – um historiador do
século XX – demonstra uma visão mais objetiva a respeito do
personagem Calabar.
Resposta: E
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Domínio Palavras-chave:
• União Ibérica • Independência
5 Holandês e Restauração holandesa • Brasil holandês
• Nassau / tolerância
2. A Insurreição Pernambucana
(1645-1654)
Após uma fase inicial de reação ao invasor (1630-35)
e um período de acomodação (1635-45), teve início em
1645 uma forte reação visando à expulsão dos holande-
ses. Tal movimento já se fazia sentir desde 1642 no Mara-
nhão; com a saída de Nassau, alastrou-se a tendência
libertadora entre os pernambucanos.
As causas básicas da Insurreição Pernambucana
estão no endividamento dos senhores de engenho,
cobrança das dívidas de forma diferente da que vinha
sendo feita, queda no preço do açúcar e reflexos de
Maurício de Nassau, que governou as áreas de conquistas holande-
sas no Brasil entre 1637 e 1644.
catástrofes naturais sobre a produção canavieira.
Escabino: membro da Câmara Municipal criada pelos holandeses durante o período de dominação em Pernambuco.
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HISTÓRIA 25
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No Brasil, ocorreram importantes transformações na municipal, quebra da “relativa harmonia” entre colônia e
política administrativa após a Restauração. Houve um Metrópole, através das revoltas nativistas e, principal-
enrijecimento progressivo do Pacto Colonial, com mente após 1642, com a centralização empreendida
aumento da centralização do poder, fim da autonomia pelo Conselho Ultramarino.
4. Cronologia
1637 – Início do governo de Nassau.
1640 – Edital de Maurício de Nassau proibindo a produção do açúcar sem o plantio paralelo da mandioca.
– Fim da União Ibérica (Restauração Portuguesa); expulsão dos jesuítas de São Paulo.
1642 – Criação do Conselho Ultramarino.
1645 – Início da Insurreição Pernambucana.
1654 – Expulsão dos holandeses do Brasil.
Exercícios Resolvidos
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Exercícios Propostos
Quais fatores motivaram a demissão do conde Maurício de (PUC-CAMP – MODELO ENEM) – “(...) a pré-história das
Nassau? nossas letras interessa como reflexo da visão do mundo e da
linguagem que nos legaram os primeiros observadores do país.
RESOLUÇÃO: É graças a essas tomadas diretas da paisagem, do índio e dos
Nassau foi demitido por discordar da nova política holandesa em grupos sociais nascentes, que captamos as condições pri-
relação aos senhores de engenho do Nordeste, que exigia o
imediato pagamento das dívidas com a Holanda. Com sua saída,
mitivas de uma cultura que só mais tarde poderia contar com
implementou-se a cobrança das dívidas. o fenômeno da palavra-arte.”
(Alfredo Bosi. História concisa da Literatura Brasileira.
São Paulo: Cultrix, 1970, p. 15.)
RESOLUÇÃO:
Erudito e humanista, Maurício de Nassau interessava-se pelas
RESOLUÇÃO:
O interesse dos holandeses no Brasil era controlar a produção
do açúcar.
Resposta: B
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(FUVEST) – Entre as mudanças ocorridas no Brasil Colônia (MODELO ENEM) – “No dia 1.° de dezembro de 1640,
durante a União Ibérica (1580-1640), destacam-se eclodiu por fim em Lisboa a revolta, imediatamente apoiada
a) a introdução do tráfico negreiro, a invasão dos holandeses no por muitas comunidades urbanas e concelhos rurais de todo o
Nordeste e o início da produção de tabaco no recôncavo país, levando à instauração da Casa de Bragança no trono de
Baiano. Portugal. Finalmente, um sentimento profundo de autonomia
b) a expansão da economia açucareira no Nordeste, o estreita- estava a crescer e foi consumado na revolta de 1640, na qual
mento das relações com a Inglaterra e a expulsão dos jesuítas. um grupo de conspiradores da nobreza aclamou o duque de
c) a incorporação do Extremo-Sul, o início da exploração do Bragança como Rei de Portugal, com o título de D. João IV
ouro em Minas Gerais e a reordenação administrativa do ter- (1640-1656), dando início à quarta Dinastia – Dinastia de
ritório. Bragança.”
d) a expulsão dos holandeses do Nordeste, a intensificação da (Disponível em:
escravização indígena e a introdução das companhias de co- <http://pt.wikipedia.org/wiki/Restauracao_da_Independencia>.
Acesso em: 14 ago. 2009.)
mércio monopolistas.
e) a expansão da ocupação interna pela pecuária, a expulsão A partir do texto, podemos afirmar que
dos franceses e o incremento do bandeirismo. a) retrata o momento de independência do Brasil e a forte
reação portuguesa.
RESOLUÇÃO: b) o sentimento nacionalista foi fundamental para o fim da
Período marcado pelo início das feiras de gado (BA), pela
União Ibérica.
expulsão dos franceses do Maranhão (França Equinocial) e
pelo bandeirismo de preação (caça ao índio). c) o duque de Bragança se opôs à independência portuguesa.
Resposta: E d) a Dinastia de Bragança foi favorável à união com a Espanha.
e) as comunidades urbanas e rurais lutaram contra a restauração.
RESOLUÇÃO:
Depois de muitos anos de dominação espanhola, os portugueses
não aguentavam mais o desdém com as causas lusitanas nem o
aumento dos impostos decretado por Felipe III.
Resposta: B
A partir da Restauração Portuguesa, a política colonial por-
”Quando tomaram a Bahia, em 1624-5, os
tuguesa passou a ser assinalada pelo enrijecimento. O principal holandeses promoveram também o bloqueio
órgão político-administrativo encarregado da governança das naval de Benguela e Luanda, na costa africana. Em 1637,
colônias e que demonstrava o rigor dessa nova política colonial Nassau enviou uma frota do Recife para capturar São Jorge da
era o(a) Mina, entreposto português de comércio do ouro e de escravos
a) Conselho das Índias. no litoral africano (atual Gana). Luanda, Benguela e São Tomé
b) Casa de Contratação. caíram nas mãos dos holandeses entre agosto e novembro de
c) Tribunal do Santo Ofício. 1641. A captura dos dois polos da economia de plantações
d) Conselho Ultramarino. mostrava-se indispensável para o implemento da atividade
e) Conselho Consultivo de Administração Colonial. açucareira.”
RESOLUÇÃO: (L.F. Alencastro. Com quantos escravos se constrói um país?
Portugal adota uma política ainda mais centralizadora, passando In Revista de História da Biblioteca Nacional.
a controlar a colônia diretamente da Europa. Rio de Janeiro, ano 4, n. 39, dez. 2008. Adaptado.)
Resposta: D
Os polos econômicos aos quais se refere o texto são
a) as zonas comerciais americanas e as zonas agrícolas
africanas.
b) as zonas comerciais africanas e as zonas de transformação
e melhoramento americanas.
c) as zonas de minifúndios americanas e as zonas comerciais
africanas.
d) as zonas manufatureiras americanas e as zonas de en-
treposto africano no caminho para a Europa.
e) as zonas produtoras escravistas americanas e as zonas
africanas reprodutoras de escravos.
RESOLUÇÃO:
A produção açucareira do Nordeste brasileiro necessitava de mão
de obra escrava. Para a Companhia das Índias Orientais holande-
sa, que atacou a Bahia de 1624 a 1625 e ocupou Pernambuco de
1630 a 1654, era importante controlar as zonas africanas forne-
cedoras (e não “reprodutoras”) de escravos. Daí a conquista,
pelos flamengos, das localidades africanas mencionadas no texto.
Resposta: E
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Palavras-chave:
Fundação da Colônia
do Sacramento (1680)
Esse acontecimento está diretamente vinculado à
importância comercial da região. Por um lado, a velha
ideia dos portugueses no sentido de expandir a co-
Área de Exploração das drogas do sertão. lonização até a região do Prata e, por outro, o interesse
econômico da Inglaterra visando a criar uma "ponta de
• Necessidade de território contínuo lança" para o contrabando na região platina, o que
Tal necessidade se devia a motivos de segurança e possibilitaria a hegemonia comercial inglesa em território
de interesse econômico comuns, pois a continuidade hispano-americano. Efetivamente, a colônia foi fundada
territorial facilitaria o intercâmbio da produção, haja em 1680 por Manuel Lobo, o que acabaria provocando
vista a colonização de Sergipe e Alagoas, bem como a intensos conflitos diplomáticos que se estenderam até
conquista do trecho entre Laguna e Rio Grande do Sul. princípios do século XIX.
Intermitente: que sofre interrupções; não contínuo. Contiguidade: continuidade.
Intercâmbio: trocas. Ponta de lança: ponto de partida.
HISTÓRIA 29
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30 HISTÓRIA
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Mapa das principais bandeiras no período de colônia, indicando a ultrapassagem da linha de Tordesilhas.
HISTÓRIA 31
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3. Os tratados de limites
A expansão territorial do Brasil atingiu seu apogeu nos séculos XVII e XVIII, com a ocupação de territórios que
pertenciam à Espanha. Esse fato iria repercutir nas relações diplomáticas dos dois países ibéricos, dando origem a uma
série de tratados de limites.
A separação dos domínios ibéricos na América havia sido estabelecida em 1494, com a assinatura do Tratado de
Tordesilhas. Tornou-se inoperante durante o domínio filipino, permitindo as penetrações em regiões muito além dos
limites fixados entre as duas nações.
Com a restauração da monarquia portuguesa em 1640, o problema dos limites ibéricos voltou a existir. Já no século
XVII, para garantir seus domínios na América e evitar penetrações espanholas no Sul do Brasil, Portugal fundou em
1680 a Colônia do Sacramento. Em 1681, era assinado o primeiro tratado diplomático entre Portugal e Espanha a
respeito desse ponto de apoio lusitano no Rio da Prata.
32 HISTÓRIA
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? Saiba mais
Monções
Tipo de bandeira que utilizava os rios navegáveis para penetrar no interior do Brasil. Partindo do Rio Tietê, os
paulistas chegavam até Cuiabá, no Mato Grosso. Essa importante via serviu para dar acesso aos garimpos da região
e abastecê-la com suprimentos.
Quilombo dos Palmares
Localizado na Serra da Barriga, no atual Estado de Alagoas, é considerado o maior e mais importante quilombo
já existente no Brasil. Sua origem é incerta, mas seu período áureo corresponde à conquista do Nordeste brasileiro
pelos holandeses até o reinado de Zumbi. O nome deriva da cobertura das casas que utilizavam a folha de uma
palmeira abundante na região.
Macaco, Subupira, Osenga, Zumbi, Acotirene, Tabocas, Danbrabanga e Andalaquituche são algumas das aldeias
que compunham o quilombo. A quantidade da sua população é incerta e compunha-se de negros ex-escravos,
mulatos, mamelucos, índios e até alguns brancos. Como o número de mulheres era pequeno, permitia-se a
poliandria.
Sua economia era autossuficiente, com uma próspera agricultura e a criação de pequenos animais. Caso
produzissem excedentes, negociavam com as vilas portuguesas próximas.
Seus principais líderes foram Acotirene, Ganga-Zumba e Zumbi. Quando Ganga-Zumba aceitou um acordo com os
portugueses para abandonar o quilombo, Zumbi recusou-se a aceitá-lo e passou a liderar a resistência, que chegou
a ameaçar o domínio português.
Um forte ataque apoiado por canhões, sob o comando de Domingos Jorge Velho, levou à destruição do
quilombo e Zumbi foi morto em 20 de novembro de 1695. Contudo, muitos estudiosos afirmam que o local
continuou habitado até o fim do Segundo Reinado.
Exercícios Resolvidos
(UNIFESP – MODELO ENEM) – “A substância do Tratado [de c) silencia sobre o fato de que o entendimento entre Portugal e
Espanha resultava prejudicial para a Inglaterra.
Madri, 1750] consiste em concessões mútuas e na partilha de um
d) defende o acordo por ser parte interessada no mesmo, pois foi
imenso território despovoado. Nós cedemos a Portugal o que não nos
pago pelo governo português para que a Espanha o aceitasse.
serve e para eles será de grande utilidade; e Portugal nos cede a
e) revela que Portugal e Espanha souberam preservar com muita
Colônia e o rio da Prata que não os beneficia e nos destrói.”
habilidade seus interesses coloniais no Novo Mundo.
(Francisco de Auzmendi, oficial maior da Secretaria dos Negócios
Resolução
Estrangeiros da Espanha e partícipe do Tratado.)
Mera interpretação de texto, pois o oficial relata as vantagens para as
duas nações ibéricas.
Essa interpretação do autor
Cabe lembrar que o Tratado de Madri redefiniu as possessões
a) ignora as vantagens que a Espanha obteve com o Tratado, haja vista
territoriais após o acordo de Tordesilhas (1494) e deu ao Brasil quase o
a tentativa de Portugal reconquistar a região em 1809.
seu tamanho atual.
b) demonstra a cordialidade existente entre Portugal e Espanha nas
Resposta: E
disputas pela posse de seus territórios americanos.
HISTÓRIA 33
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No Portal Objetivo
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(José William Vesentini. Geografia: série Brasil.
OBJETIVO (www.objetivo.br) e, em “localizar”, digite São Paulo: Ática, 2003. p. 181. Adaptado.)
HIST2M106
Exercícios Propostos
RESOLUÇÃO:
Caça ao índio, bandeirismo de contrato, mineração.
34 HISTÓRIA
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O mapa a seguir apresenta parte do contorno (UNESP – MODELO ENEM) – Observe o mapa e responda.
da América do Sul destacando a bacia ama-
zônica. Os pontos assinalados representam
fortificações militares instaladas no século XVIII pelos
portugueses. A linha indica o Tratado de Tordesilhas revogado
pelo Tratado de Madri, apenas em 1750.
RESOLUÇÃO:
O mapa apresenta as atividades econômicas desenvolvidas
durante o Brasil Colônia. As drogas do sertão, a mineração e a
pecuária cooperaram para a expansão e a ocupação de porções
territoriais além do limite de Tordesilhas.
Resposta: D
HISTÓRIA 35
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RESOLUÇÃO:
O processo de ocupação da Amazônia teve início com a criação do
(L. Bethel. História da América. v. I. São Paulo: Edusp, 1997.) forte de Belém, em 1616. A partir dessa cidade, a ocupação
amazônica se interiorizou, utilizando os vales fluviais como eixo
As terras brasileiras foram divididas por meio de tratados entre de penetração e assentamento, ato que caracteriza a distribuição
Portugal e Espanha. De acordo com esses tratados, identifi- populacional da região até hoje.
Resposta: E
cados no mapa, conclui-se que
a) Portugal, pelo Tratado de Tordesilhas, detinha o controle da
foz do rio Amazonas.
b) o Tratado de Tordesilhas utilizava os rios como limite físico
da América portuguesa.
c) o Tratado de Madri reconheceu a expansão portuguesa
além da linha de Tordesilhas.
d) Portugal, pelo Tratado de San Ildefonso, perdia territórios na
América em relação ao de Tordesilhas.
e) o Tratado de Madri criou a divisão administrativa da América
Portuguesa em Vice-Reinos Oriental e Ocidental.
RESOLUÇÃO:
O Tratado de Madri (1750), com base no princípio romano do uti
possidetis, reconheceu o domínio de Portugal sobre os vastos
territórios espanhóis ocupados por aquele país a oeste do
Meridiano de Tordesilhas. Com esse acordo, o Brasil adquiriu
praticamente sua configuração atual, com exceção do Acre (com-
prado à Bolívia em 1903) e dos Sete Povos das Missões (ocupados
pelos riograndenses em 1794).
Resposta: C
36 HISTÓRIA
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Palavras-chave:
HISTÓRIA 37
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4. Cronologia
1693 – Descoberta do ouro em Minas Gerais por Antônio Rodrigues.
1700 – Descoberta das minas em Sabará por Borba Gato.
1719 – Descoberta de ouro em Cuiabá; criação das casas de fundição.
1725 – Descoberta de ouro em Goiás.
1729 – Descoberta de diamantes em Minas Gerais.
1733 – Demarcação do Distrito Diamantino.
1735 – Substituição do quinto pela capitação.
1740 – Instituição do regime de contratação de diamantes.
1751 – Fim da capitação e restabelecimento do quinto, cobrado pelo regime de fintas (cobranças por estimativa).
1765 – Instituição da derrama.
1771 – Criação da Real Extração de Diamantes.
38 HISTÓRIA
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Exercícios Resolvidos
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Exercícios Propostos
Aponte os principais tributos cobrados sobre as áreas de Quais as principais consequências do período minerador
mineração. para a vida interna da colônia?
RESOLUÇÃO: RESOLUÇÃO:
Quinto (inicialmente correspondia a 20% do total da exploração e, Grande imigração portuguesa, desenvolvimento do comércio in-
a partir de 1720, passou a corresponder a 12% do total); capitação; terno de escravos, interiorização da colônia, mudança da capital
e as 100 arrobas anuais. para o Rio de Janeiro, relativa urbanização e crescimento
demográfico.
HISTÓRIA 39
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As minas de ouro do Brasil, na realidade, serviram para (UFU – adaptada – MODELO ENEM) – “A indústria mine-
alimentar a industrialização inglesa. Portugal teve acesso à radora no Brasil nunca foi além, na verdade, desta aventura
riqueza, porém não teve condições de retê-la, em razão do passageira que mal tocava um ponto para abandoná-lo logo em
escoamento de quase sua totalidade para a Inglaterra. Um seguida e passar adiante. É esta a causa principal por que,
tratado entre Portugal e Inglaterra possibilitou a evasão do ouro apesar da riqueza relativamente avultada que produziu,
das Gerais para mãos inglesas. drenada aliás toda para fora do país, deixou tão poucos
Estamos nos referindo vestígios, a não ser a prodigiosa destruição de recursos
a) ao Tratado de Comércio e Navegação. naturais que semeou pelos distritos mineradores, e que ainda
b) ao Tratado de Utrecht. hoje fere a vista do observador; e também este aspecto geral
c) ao Tratado de Methuen, ou Panos e Vinhos. de ruína que em princípio do século passado [XIX] Saint-Hilaire
d) ao Tratado de Haia. notava consternado, e que não se apagou ainda de todo em
e) ao Tratado de Madri. nossos dias.”
(Caio Prado Júnior. Formação do Brasil Contemporâneo.
RESOLUÇÃO: São Paulo: Brasiliense, 1942. p. 171.)
Esse tratado provocou um deficit na balança comercial portu-
guesa e o ouro brasileiro serviu para suprir a diferença.
Resposta: C No trecho acima, o historiador Caio Prado Júnior refere-se a
uma das causas do declínio da mineração do Brasil entre o final
do século XVIII e o início do século XIX.
Podemos afirmar sobre o período da mineração no Brasil A respeito desse assunto e considerando a citação acima,
que: marque a alternativa correta.
a) atraídos pelo ouro, vieram para o Brasil aventureiros de toda a) Viajantes naturalistas que estiveram na região das minas no
espécie, que inviabilizaram a mineração. início do século XIX tenderam a relatar o aspecto decadente
b) a exploração das minas de ouro só trouxe benefícios para da civilização e da paisagem que lá se originaram a partir do
Portugal. século XVIII. Esses relatos são marcados por uma visão
c) a mineração deu origem a uma classe média urbana que eurocêntrica de mundo e por uma crítica ambiental de base
teve papel decisivo na independência do Brasil. cientificista.
d) o ouro beneficiou apenas a Inglaterra, que financiou a sua b) A indústria mineradora era uma atividade manufatureira clan-
exploração. destina no período colonial, por isso, ela era realizada sem a
e) a mineração contribuiu para interligar as várias regiões do devida fiscalização do Estado, o que acarretava em práticas
Brasil e foi fator de diferenciação da sociedade. predatórias da natureza. Também em razão de sua clandesti-
nidade, não há muitos vestígios que comprovem sua
RESOLUÇÃO: existência histórica.
Várias regiões do país buscam abastecer o mercado consumidor c) A região mineradora do Brasil entre os séculos XVIII e XIX
mineiro. A possibilidade de obtenção de riquezas criou uma socie-
dade menos estática do que a do açúcar.
restringia-se às adjacências de cidades mineiras que hoje
Resposta: E são consideradas patrimônio histórico, como Ouro Preto,
Tiradentes e Diamantina, por exemplo. Caio Prado Júnior e
Segundo Caio Prado Júnior, em História Econômica do Saint-Hilaire as consideram ruínas, negando-lhes, assim, os
Brasil, "ao contrário do que se deu na agricultura e em outras seus valores histórico e estético.
atividades da colônia (como na pecuária), a mineração foi d) O declínio da mineração no Brasil é tratado, no trecho an-
submetida desde o início a um regime especial de minuciosa e terior, como resultado da exploração sistemática dos recur-
rigorosa disciplina". sos naturais. Isso se deu em função de a indústria minera-
Com o estabelecimento desse regime especial para a explora- dora ser altamente poluente, pois eliminava gases tóxicos
ção do ouro, o governo português visava na atmosfera, decorrentes da fusão do aço, do cobre e do
a) eliminar o sistema tributário metropolitano que não benefi- alumínio.
ciava a Coroa.
b) estimular o aparecimento de novas áreas agrícolas, amplian- RESOLUÇÃO:
O naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853) esteve
do a exportação para a Metrópole. no Brasil entre 1816 e 1822 viajando por diversos Estados bra-
c) impedir a emigração portuguesa para a colônia, para preser- sileiros. Escreveu oito livros descrevendo minuciosamente as
var a exploração do ouro só para os reinóis. atividades cotidianas dos habitantes, os costumes, a geografia, a
d) impulsionar a produção aurífera determinando a desativação fauna, a flora. Apesar de deslumbrado com a nossa biodiver-
das Casas de Fundição. sidade, fez relatos etnográficos com base em valores europeus.
Resposta: A
e) incentivar a produção do ouro, assegurando os lucros da
Coroa, e evitar o contrabando e a sonegação.
RESOLUÇÃO:
O rigoroso controle fiscal da região era fundamental para dar a
Portugal mais tranquilidade econômica após a Restauração.
Resposta: E
40 HISTÓRIA
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Palavras-chave:
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HISTÓRIA 41
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3. Cronologia
1640 – Restauração Portuguesa.
1660 – Revolta do Rio de Janeiro.
1664 – Revolta de Nosso Pai.
1684 – Revolta de Beckman.
1708 – Guerra dos Emboabas.
1710 – Guerra dos Mascates.
1720 – Revolta de Felipe dos Santos.
Exercícios Resolvidos
42 HISTÓRIA
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Exercícios Propostos
Caracterize os movimentos nativistas. A Revolta de Beckman, no século XVII, a Guerra dos Em-
boabas, a Guerra dos Mascates e a Sedição de Filipe dos
RESOLUÇÃO: Santos, em Vila Rica, no século XVIII, tiveram em comum o
Eram movimentos de caráter local, geralmente contra os abusos
da Coroa portuguesa e seus representantes; não pretendiam o
fato de que
rompimento político com a Metrópole. a) representavam uma tentativa de combate à ação de-
sempenhada pelo sistema de exploração das Companhias
de Comércio.
b) visavam a promover a autonomia de núcleos regionais, com
a valorização do elemento nacional.
c) apresentavam medidas reivindicatórias, sem, contudo,
oferecer um projeto de separação política de Portugal.
d) tentaram promover, sem êxito, o término da exploração do
sistema de escravidão africana.
e) pretendiam estabelecer medidas reformistas, a fim de criar
novas condições sociais menos sujeitas à influência do
liberalismo português.
RESOLUÇÃO:
Estabeleça a relação entre os movimentos nativistas e a Essas revoltas são reações à política adotada por Portugal após a
Restauração lusa em 1640. Restauração.
Resposta: C
RESOLUÇÃO:
Os movimentos nativistas ocorreram em resposta à mudança da
política colonial lusa pós-restauração.
RESOLUÇÃO:
A disputa pelas áreas de mineração provocou a tensão entre
vicentinos e forasteiros em Minas Gerais.
Resposta: A
HISTÓRIA 43
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A chamada Guerra dos Mascates decorreu, entre outros “Quando as notícias da descoberta de ouro em Minas
fatores, do fato de Gerais se espalharam pelo Brasil e chegaram a Portugal, milha-
a) Recife não possuir prestígio político, apesar de sua res de pessoas acorreram à região. O afluxo de forasteiros
expressão econômico-financeira. desagradou os paulistas. Por terem descoberto as minas e por
b) Pombal promover a Derrama, para a cobrança de todos os elas se encontrarem em sua capitania, os paulistas reivindica-
quintos atrasados. ram direito exclusivo de explorá-las. Entre 1708 e 1709, ocor-
c) Olinda não se conformar com o papel que a aristocracia reram vários conflitos armados na zona aurífera, envolvendo de
rural exercia na capitania. um lado paulistas e de outro portugueses e elementos vindos
d) Portugal intervir na economia das capitanias, isentando os de vários pontos do Brasil.”
portugueses do pagamento de impostos. (Disponível em: <http://pt.shvoong.com/humanities/1674845-guerra-
e) Pernambuco não apoiar a política de tributação fiscal do dos-emboabas>. Acesso em 1o. nov. 2009.)
governador Félix José Machado de Mendonça.
De acordo com o texto:
RESOLUÇÃO: a) as relações entre portugueses e brasileiros sempre foram
Durante o domínio holandês, Recife se desenvolveu muito, amistosas.
tornando-se maior que a capital, Olinda.
Resposta: A
b) os paulistas dividiram com os portugueses o direito de ex-
plorar a região mineradora.
c) forasteiros eram apenas os que vinham de Portugal.
d) um forte sentimento nativista aflorou entre os paulistas no
início da mineração.
e) a extração de minério estimulou as relações pacíficas entre
colonos e portugueses.
RESOLUÇÃO:
A Guerra dos Emboabas foi um movimento que conflitou inte-
resses brasileiros e portugueses.
Resposta: D
44 HISTÓRIA
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Pombal e o Palavras-chave:
• Despotismo esclarecido
• Reformismo • Reorganização
9 Renascimento Agrícola administrativa • Redefinição do
Pacto Colonial • Policultura
HISTÓRIA 45
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Comércio interno
Foi caracterizado por uma fraca atividade, pela distri-
Áreas produtoras de algodão (século XVIII). buição dos produtos importados e pelo abastecimento
dos grandes centros urbanos. Com a época da mine-
– O açúcar volta a adquirir importância nas exporta- ração e a consequente urbanização, no século XVIII,
ções, pois, no final do século XVIII, a produção antilhana ganhou certo impulso o comércio interno, como o de
começava um processo de crise em razão das revoltas gado, carnes em conserva, sal e escravos.
46 HISTÓRIA
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No Portal Objetivo
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Exercícios Resolvidos
HISTÓRIA 47
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Exercícios Propostos
O que foi o Alvará de Proibição Industrial de 1785? (UFPA) – A plena centralização administrativa da colônia foi
alcançada no tempo de Pombal, que determinou
RESOLUÇÃO: a) a extinção das capitanias hereditárias, transformadas em
Publicado por D. Maria I, em face das limitações impostas pelo capitanias reais;
Pacto Colonial e pressões inglesas, visava proibir a industriali-
zação da colônia.
b) a ampliação dos poderes atribuídos às câmaras municipais;
c) reformas eleitorais para escolha dos representantes das
câmaras municipais;
d) a extinção do direito de os “homens-bons” se reunirem em
assembleia;
e) a transferência de todos os tribunais de relação para Lisboa.
RESOLUÇÃO:
Pombal retoma para o Estado português o controle das capitanias.
Resposta: A
Quais os fatores que levaram ao Renascimento Agrícola? “Como se não bastassem as execuções e banimentos de
membros da nobreza, o ministro possibilitou o acesso de buro-
RESOLUÇÃO: cratas e burgueses à aristocracia, transformando-os em seus
Externos: Revolução Industrial, Independência dos EUA e Guerras seguidores mais fiéis. Esse gesto não significava, contudo, que
Napoleônicas.
a atitude do conde de Oeiras em relação à plebe fosse mais
Internos: decadência da mineração e ausência de um único
produto-chave. favorável. Quando a população do Porto se rebelou contra o
alto custo de vida, em 1757, o ministro reagiu com uma
repressão impiedosa, à qual não faltaram nem torturas nem
execuções.”
O ministro referido no texto é
a) Colbert. b) Turgot. c) Aranda.
d) Pombal. e) Richelieu.
RESOLUÇÃO:
O Conde de Oeiras ou Marquês de Pombal combateu duramente a
nobreza e o clero.
Resposta: D
48 HISTÓRIA
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A cultura do tabaco praticada no Recôncavo Baiano foi im- (PUC-CAMP – MODELO ENEM) – “O nosso foi um Século
portante economicamente, porque das Luzes dominantemente beato, escolástico, inquisitorial;
a) representava valor de troca exportado para África com vis- mas elas se manifestaram nas concepções e no esforço refor-
tas ao comércio negreiro. mador de certos intelectuais e administradores, enquadrados
b) representava valor de troca nas permutas com as comuni- pelo despotismo relativamente esclarecido de Pombal. Seja
dades primitivas indígenas. qual for o juízo sobre este, a sua ação foi decisiva e benéfica
c) servia às trocas no setor de consumo interno. para o Brasil, favorecendo atitudes mentais evoluídas, que
d) o produto era exportado para a Índia em troca de especiarias incrementariam o desejo de saber, a adoção de novos pontos
e drogas. de vista na literatura e na ciência, certa reação contra a tirania
e) era o principal produto exportado para a Europa em troca de intelectual do clero e, finalmente, o nativismo.”
manufaturas. (Antonio Candido. Formação da Literatura Brasileira.
São Paulo: Martins, 1959, v.1.)
RESOLUÇÃO:
O tabaco era usado por mercadores no escambo por escravos na Ao Brasil, dentre as várias medidas adotadas pelo Marquês de
África.
Resposta: A
Pombal, foi particularmente importante
a) a autorização do livre-comércio entre o Brasil e as demais
nações aliadas, que mudou o equilíbrio das relações co-
lônia-Metrópole a favor da colônia e de sua autonomia.
(UFPel – MODELO ENEM) – O desenvolvimento desigual b) o decreto que suspendeu a proibição de atividades indus-
entre os povos, na atualidade, tem suas origens em limitações triais na colônia e a isenção tarifária para as importações de
históricas, como: matérias-primas necessárias às manufaturas.
“ALVARÁ DE 1785 c) o decreto que autorizou a abertura de um Jardim Botânico
Eu, a Rainha, faço saber aos que este alvará virem que, no Rio de Janeiro, para apoiar o trabalho de naturalistas bra-
sendo-me presente o grande número de fábricas, manufaturas sileiros ou estrangeiros na pesquisa da flora na colônia.
que de alguns anos a esta parte se têm difundido em dife- d) a criação do centro de estudos técnicos e científicos
rentes capitanias do Brasil, com grave prejuízo da cultura e da destinado à preparação de pessoal especializado para atuar
lavoura, e da exploração das terras minerais daquele vasto nas áreas de engenharia, artilharia, geografia e topografia.
continente; [...] hei de por bem ordenar que todas as fábricas, e) a mudança da sede do governo-geral de Salvador para o Rio
manufaturas, ou teares de galões, de tecidos – excetuando tão de Janeiro por razões econômicas e estratégicas, ligadas à
somente aqueles dos ditos teares e manufaturas em que se crescente importância do centro-sul da colônia.
tecem ou manufaturam fazendas grossas de algodão, que
servem para o uso e vestuário dos negros, para enfardar e RESOLUÇÃO:
A transferência da capital da colônia para o Rio de Janeiro tinha
empacotar fazendas e para outros ministérios semelhantes –,
como objetivos: o maior controle sobre a atividade mineradora; e
e todas as demais sejam extintas e abolidas em qualquer parte a afirmação da soberania portuguesa na área dos Sete Povos das
onde se acharem nos meus domínios do Brasil”. (Adaptado.) Missões (atualmente, Rio Grande do Sul).
A intenção da rainha, expressa no texto, foi Resposta: E
a) promover a concentração dos recursos coloniais na
monocultura cafeeira da exportação e numa industrialização
substitutiva.
b) manter a economia colonial embasada no algodão, que
dominou o valor das exportações no século XVIII.
c) subordinar os interesses brasileiros ao Tratado de Methuen,
fazendo com que o ouro brasileiro acabasse em Portugal,
através da Inglaterra.
d) acelerar a industrialização portuguesa em detrimento do
desenvolvimento agrícola brasileiro.
e) evitar que, na fase do ciclo da mineração, ocorresse um
desenvolvimento industrial no Brasil, concorrendo com a
Metrópole.
RESOLUÇÃO:
Dentro do Pacto Colonial, a função de uma colônia é comple-
mentar a economia e promover o enriquecimento da Metrópole.
Resposta: E
HISTÓRIA 49
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Independência Palavras-chave:
• Locke • Medidas restritivas
10 das Treze Colônias • Autonomia • Leis intoleráveis
1. Introdução
A evolução do capitalismo comercial acabou criando suas próprias contradições. Na Europa, a burguesia tomou
consciência de sua importância, buscando o rompimento com os entraves mercantilistas e absolutistas. Ao tentar
legitimar seu poder, criou sua própria ideologia, o iluminismo, utilizando a lógica e o racionalismo para justificar a
ascensão ao poder.
Lógica: coerência de raciocínio, de ideias; conjunto de estudos que tem por fim determinar categorias racionais válidas para a apreensão da
realidade, concebida como uma totalidade em permanente transformação.
50 HISTÓRIA
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No âmbito externo, as sementes das abomináveis sociedade dessa região apresentava uma grande homo-
ideias francesas atravessaram o oceano, encontrando na geneidade em comparação com a do sul.
América um campo fecundo para sua germinação. Essas A colonização do sul, propícia para a produção de
ideias foram difundidas no Novo Mundo, contribuindo gêneros tropicais, deu-se em bases mercantilistas. A
decisivamente para o rompimento do pacto colonial, ou função histórica dessas colônias era atender às necessi-
seja, o fim da exploração da colônia por sua Metrópole. dades da Metrópole, inseridas no contexto da plantation:
A Inglaterra, mãe do liberalismo político, acabou sen- latifúndio, monocultura e trabalho escravo, voltadas para
do alvo de suas próprias ideias. Nas Treze Colônias da os interesses do mercado externo.
América, surgiu o primeiro clamor aos princípios da
Dessa forma, enquanto nas colônias do centro-norte
liberdade, lançando a fagulha do liberalismo que acabou
se desenvolveu uma colonização de povoamento, o sul
acendendo a fogueira das rebeliões coloniais.
era tipicamente marcado pelas colônias de exploração.
O movimento de independência dos Estados Unidos Cabe ressaltar que, independentemente das diferenças
inaugurou, dessa forma, a falência do Antigo Regime, regionais e colonizadoras, até o século XVIII as Treze
influenciando com seus ideais a eclosão da maior revo- Colônias gozaram de certa dose de autonomia, pois seus
lução da história do Ocidente: a Revolução Francesa.
governadores, que representavam os interesses metro-
politanos, eram em sua maioria eleitos pela população
2. A colonização local. Cada uma das colônias tinha uma liberdade abso-
luta em relação às outras e apresentava-se ao poder real
inglesa na América totalmente separada das demais.
No século XVI, Portugal e Espanha eram as mais im-
portantes potências da Europa, detentoras da descober-
ta do Novo Mundo. A preocupação mercantilista orien-
tou a exploração do novo continente, em busca de pro-
dutos tropicais e, principalmente, de metais preciosos.
Os territórios considerados menos valiosos aos interes-
ses ibéricos foram relegados, cabendo aos países margi-
nalizados pelo Tratado de Tordesilhas a investida sobre
essas regiões.
Coube à Inglaterra, no século XVII, a colonização da
costa litorânea atlântica do atual território dos Estados
Unidos. A formação das Treze Colônias Inglesas da Amé-
rica processou-se de forma bastante diferente dos in-
teresses ibéricos, que visavam primordialmente à ex-
ploração de riquezas naturais para o abastecimento de
seus mercados.
A conturbada situação política e religiosa da Ingla-
terra naquele período, marcado por violentas persegui-
ções, provocou a fuga de dissidentes puritanos, que O comércio triangular praticado pela Nova Inglaterra.
buscavam na América uma nova atmosfera, longe das
sistemáticas perseguições. Vinham com a finalidade de O desenvolvimento das colônias do norte ultrapas-
fixar-se, sem o espírito aventureiro de “fazer a colônia”, sou suas fronteiras. Foram organizados os triângulos co-
isto é, enriquecer e voltar para a Europa. merciais, cuja finalidade era comercializar produtos,
Os imigrantes fundaram no norte dos Estados Uni- americanos no exterior, onde adquiriam novos produtos,
dos, na fronteira próxima ao Canadá, a Nova Inglaterra. A que revendiam em outras regiões; desses locais, traziam
existência de clima e solo semelhantes aos da Inglaterra equipamentos e mercadorias necessárias ao crescimen-
possibilitou o desenvolvimento de uma agricultura de to interno. Um desses comércios mais dinâmicos con-
subsistência, baseada na pequena propriedade; apesar sistia em vender peixe, madeira e gado nas Antilhas,
da existência de um grande número de indentured onde compravam melaço e rum; a bebida era então
servants (servos de contrato), predominava a mão de enviada à África para a compra de escravos, introduzidos
obra livre e assalariada. Independentemente disso, a nas colônias do sul ou nas Antilhas.
HISTÓRIA 51
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52 HISTÓRIA
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5. Cronologia
Séc. XVII – Início da colonização da América do Norte.
1757-63 – Guerra dos Sete Anos.
1764 – Lei do Açúcar e Ato de Québec.
1765 – Publicação de A Riqueza das Nações, de Adam Smith; Lei do Selo.
1767 – Atos Townshend.
1773 – Lei do Chá; Boston Tea Party.
1774 – Leis Intoleráveis; Primeiro Congresso Continental de Filadélfia.
1775 – Início da luta entre ingleses e colonos; Segundo Congresso Continental de Filadélfia.
1776 – Declaração de Independência das Treze Colônias.
1781 – Vitória decisiva dos norte-americanos em Yorktown.
No Portal Objetivo
Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO (www.objetivo.br) e, em “localizar”, digite HIST2M110
Exercícios Resolvidos
HISTÓRIA 53
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Exercícios Propostos
Qual é a relação entre a Guerra dos Sete Anos, entre a A capitulação de Yorktown (1781), na história política do
França e a Inglaterra, e o processo de independência dos Esta- Novo Mundo, é de grande significação porque
dos Unidos? a) representou o término do domínio inglês sobre as Treze Co-
lônias Inglesas da América do Norte;
RESOLUÇÃO: b) significou o fim da Guerra dos Sete Anos, com o envolvi-
Após a Guerra dos Sete Anos, a Inglaterra (vitoriosa, porém endi- mento de várias nações, inclusive a Inglaterra e a Prússia;
vidada) iniciou uma política de aumento de impostos sobre as co-
lônias, acabando com a autonomia dos colonos e gerando um
c) deu à Inglaterra as terras do Canadá e da Flórida, além da
sentimento separatista. liberdade de ação nas Índias;
d) permitiu à França, pelo Tratado de Versalhes, reconhecer a
independência do Canadá;
e) possibilitou à Inglaterra estabelecer amplo domínio sobre a
parte ocidental dos Estados Unidos.
RESOLUÇÃO:
Em Yorktown, os ingleses se renderam às tropas americanas.
Resposta: A
RESOLUÇÃO:
Locke afirmava que todo ser humano nasce com três direitos: à
vida, à liberdade e à propriedade. A função do governo é garantir
os direitos naturais do cidadão; caso viole algum deles, o cidadão
adquire um quarto direito, o de rebelar-se.
Resposta: A
54 HISTÓRIA
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Na América inglesa, não houve nenhum pro- ”Em 4 de julho de 1776, as treze colônias que
cesso sistemático de catequese e de conver- vieram inicialmente a constituir os Estados
são dos índios ao cristianismo, apesar de algumas iniciativas Unidos da América (EUA) declaravam sua independência e
nesse sentido. Brancos e índios confrontaram-se muitas vezes justificavam a ruptura do Pacto Colonial. Em palavras profunda-
e mantiveram-se separados. Na América portuguesa, a mente subversivas para a época, afirmavam a igualdade dos
catequese dos índios começou com o próprio processo de homens e apregoavam como seus direitos inalienáveis, o direi-
colonização, e a mestiçagem teve dimensões significativas. to à vida, à liberdade e à busca da felicidade. Afirmavam que o
Tanto na América inglesa quanto na portuguesa, as populações poder dos governantes, aos quais cabia a defesa daqueles
indígenas foram muito sacrificadas. Os índios não tinham direitos, derivava dos governados.
defesas contra as doenças trazidas pelos brancos, foram Esses conceitos revolucionários que ecoavam o iluminis-
derrotados pelas armas de fogo destes últimos e, muitas mo foram retomados com maior vigor e amplitude treze anos
vezes, escravizados. mais tarde, em 1789, na França.”
No processo de colonização das Américas, as populações (Emília Vioti da Costa. Apresentação da coleção. In Wladimir Pomar.
indígenas da América portuguesa Revolução Chinesa. São Paulo: UNESP, 2003. Adaptado.)
a) foram submetidas a um processo de doutrinação religiosa
que não ocorreu com os indígenas da América inglesa. Considerando o texto acima, acerca da independência dos EUA
b) mantiveram sua cultura tão intacta quanto a dos indígenas e da Revolução Francesa, assinale a opção correta.
da América inglesa. a) A independência dos EUA e a Revolução Francesa inte-
c) passaram pelo processo de mestiçagem, que ocorreu am- gravam o mesmo contexto histórico, mas se baseavam em
plamente com os indígenas da América inglesa. princípios e ideais opostos.
d) diferenciaram-se dos indígenas da América inglesa por te- b) O processo revolucionário francês identificou-se com o
rem suas terras devolvidas. movimento de independência norte-americana no apoio ao
e) resistiram, como os indígenas da América inglesa, às doen- absolutismo esclarecido.
ças trazidas pelos brancos. c) Tanto nos EUA quanto na França, as teses iluministas
sustentavam a luta pelo reconhecimento dos direitos
RESOLUÇÃO: considerados essenciais à dignidade humana.
Conforme o enunciado explica, na América Inglesa a catequese de d) Por ter sido pioneira, a Revolução Francesa exerceu forte
indígenas ocorreu apenas circunstancialmente. Já na América influência no desencadeamento da independência norte-ame-
Portuguesa, esse procedimento teve uma dimensão maior, fosse
ricana.
para justificar ideologicamente a colonização, fosse porque a acul-
turação decorrente da catequese favorecia a submissão dos in- e) Ao romper o Pacto Colonial, a Revolução Francesa abriu o ca-
dígenas, devido à aceitação implícita dos conceitos e valores dos minho para as independências das colônias ibéricas situadas
dominadores europeus. na América.
Resposta: A
RESOLUÇÃO:
Apesar da incoerência entre os princípios expostos na Declaração
de Independência dos Estados Unidos e a continuidade do escra-
vismo naquele país, pode-se aceitar que as Revoluções
Norte-Americana e Francesa incorporavam as ideias fundamen-
tais do pensamento iluminista: liberdade e igualdade de direitos,
dentro obviamente de uma perspectiva burguesa.
Resposta: C
HISTÓRIA 55
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Movimentos Palavras-chave:
• Crise geral
11 Emancipacionistas • Brasilidade/separatismo
• Conjura e inconfidência
Estamental: sociedade marcada pela existência de ordens sociais com raríssima mobilidade social.
56 HISTÓRIA
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a conspiração perdia-se em um emaranhado de ideias Ainda em Pernambuco, em 1817, eclodiu outro mo-
vagas, chegando os conspiradores a definir apenas o dese- vimento emancipacionista: a Revolução Pernambu-
nho de uma nova bandeira (Libertas Quae Sera Tamen), cana, com tendência republicana e grande participação
e planos em relação ao incremento à natalidade sobrepu- da maçonaria. Entre seus líderes (intelectuais, militares e
nham-se à organização militar do próprio movimento. clérigos), destacavam-se o comerciante Domingos José
A eclosão da revolução tinha na cobrança da “der- Martins, o capitão José de Barros Lima ("o Leão
rama” (596 arrobas) do ouro o seu pretexto. Em maio de Coroado"), o Dr. José Luís de Mendonça e novamente os
1789, porém, a conjura foi denunciada pelos portugue- padres Miguelinho e João Ribeiro e até mesmo o
ses Joaquim Silvério dos Reis, Brito Malheiros e Correia paulista Antônio Carlos de Andrada. Os revolucionários
Pamplona. Foi iniciada uma enorme devassa dirigida chegaram a organizar um governo provisório republicano
pelo próprio governador, Visconde de Barbacena, que se baseado em uma lei orgânica, inspirada nas Constitui-
prolongou até 1792; finalmente, após decreto de ções francesas. A rebelião chegou a receber a adesão de
D. Maria I comutando a pena de morte dos inconfiden- outras regiões do Nordeste, mas foi violentamente
tes, foi executado Tiradentes, o único para o qual a abafada pela ação do Conde dos Arcos, governador da
sentença foi mantida. Bahia, que atuou como representante direto da Família
Real Portuguesa, que estava no Brasil.
Apesar de seu caráter idealista e intelectualizado,
esse movimento foi a primeira contestação mais conse- Os movimentos emancipacionistas, apesar de terem
quente ao sistema colonial português. grande significado para o processo de independência do
Brasil, não conseguiram alcançar uma repercussão
Em 1794, ocorreu a Conjuração do Rio de Janeiro,
global, ficando restritos a determinadas áreas regionais
que não ultrapassou o nível de meras reuniões de inte-
do território brasileiro. Toda essa ação revolucionária
lectuais, sobretudo da Sociedade Literária, liderados pelo
também não implicou o fim das economias periféricas,
Dr. Mariano Pereira da Fonseca e influenciados pelos
visto que, com a independência, surgiu um novo
"abomináveis princípios franceses" (liberdade, igualdade
colonialismo "liberal", da Inglaterra, relacionado com a
e fraternidade).
Revolução Industrial e com a criação de áreas econô-
Importante movimento emancipacionista ocorreu micas de influência e controle britânicos.
em 1796, com a Conjuração Baiana ou dos Alfaiates; a
influência da Loja Maçônica "Cavaleiros da Luz" fornecia
o sentido intelectualizado do movimento. Os seus
líderes, Cipriano Barata, Francisco Muniz Barreto,
Pe. Agostinho Gomes e tenente Hermógenes de Aguiar,
contavam, no entanto, com uma boa participação de
elementos provenientes das camadas populares, como
os alfaiates João de Deus e Manuel Faustino dos Santos
Lira ou os soldados Lucas Dantas e Luís Gonzaga das
Virgens. Nesse movimento havia um fator que o diferen-
ciou dos demais: o seu caráter social mais popular,
propugnando a igualdade racial e contando com uma
grande participação de mulatos e negros. Em 1799, no Autos de devassa da Inconfidência Mineira.
entanto, após devassa, os principais representantes das
camadas mais simples foram executados, sendo
absolvidos os intelectuais.
Outro movimento emancipacionista foi a Conspi-
ração dos Suaçunas, em Pernambuco (1801), em que a
presença de intelectuais e padres ficava mais uma vez
patenteada. Seus líderes, padres Manuel Arruda Câmara
(da Sociedade Areópago de Itambé), João Ribeiro e
Miguelinho (ambos do Seminário de Olinda), eram in-
fluenciados pelas ideias liberais da época. O movimento
permaneceu, porém, no plano ideológico, tendo sido aba-
fado pela ação das ideias das autoridades portuguesas,
que prenderam seus participantes, entre os quais se des-
tacavam os irmãos Francisco de Paula e Luís Francisco
Museu da Inconfidência. Edição de 1792 da
de Paula Cavalcanti, do Engenho Suaçuna, membros da obra Marília de Dirceu, de Tomás Antônio
elite local, mas que pouco depois foram soltos. Gonzaga.
Libertas Quae Sera Tamen: expressão latina que significa “liberdade ainda que tardia”.
Devassa: ato de invadir e pôr a descoberto o que estava defeso ou vedado; sindicância, inquérito.
Comutando: trocando, permutando.
HISTÓRIA 57
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A leitura da sentença
de Tiradentes.
Pintura de Leopoldino Faria, 1921.
5. Cronologia
1789 – Inconfidência Mineira; queda da Bastilha e início da Revolução Francesa.
1792 – Execução de Tiradentes.
1792-94 – Fase popular da Revolução Francesa.
1794 – Conjuração do Rio de Janeiro.
1798 – Conspiração dos Alfaiates.
1801 – Conspiração dos Suaçunas (PE).
1817 – Revolução Pernambucana.
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Exercícios Resolvidos
58 HISTÓRIA
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Exercícios Propostos
RESOLUÇÃO:
Os mineiros eram emancipacionistas e republicanos.
Resposta: A
RESOLUÇÃO:
Mineira: foi elitista, influenciada pela independência dos EUA e
manteve a escravidão.
Baiana: foi popular, influenciada pela Revolução Francesa (fase
popular) e abolicionista.
RESOLUÇÃO:
A Revolta dos Alfaiates foi um movimento influenciado pelas
ideias iluministas e pela fase popular da Revolução Francesa, dos
quais retirou seus ideais de igualdade e abolição da escravatura.
Resposta: B
HISTÓRIA 59
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(UnB – adaptada – MODELO ENEM) – “A Inconfidência ”No clima das ideias que se seguiram à Revolta
Mineira não foi um fato isolado. Ela está integrada ao contexto de São Domingos, o descobrimento de planos
social, político e econômico do Brasil colonial. Na Capitania de para um levante armado dos artífices mulatos na Bahia, no ano
Minas Gerais, houve muitos outros, e também importantes, de 1798, teve impacto muito especial; esses planos demons-
movimentos rebeldes. Considerando a História do Brasil como travam aquilo que os brancos conscientes tinham já começado
um todo, a Inconfidência Mineira também não foi única: ela se a compreender: as ideias de igualdade social estavam a
coloca ao lado de movimentos como a Conjuração dos propagar-se numa sociedade em que só um terço da população
Alfaiates (Bahia, 1798), a Conjuração do Rio de Janeiro (1794) era de brancos e iriam inevitavelmente ser interpretados em
e a Revolução Pernambucana de 1817, entre outros que termos raciais.”
também enfrentaram a dominação colonial.”
(K. Maxwell. Condicionalismos da Independência do Brasil.
(Carla Anastasia. Os temas da liberdade e da Republicana na In M. N. Silva (coord.) O Império luso-brasileiro, 1750-1822.
Inconfidência Mineira. Adaptado.) Lisboa: Estampa, 1966.)
Com o auxílio das informações contidas no texto, julgue os O temor do radicalismo da luta negra no Haiti e das propostas
itens seguintes. das lideranças populares da Conjuração Baiana (1798) levaram
I. Ao contrário do movimento de Vila Rica, fortemente marca- setores da elite colonial brasileira e novas posturas diante das
do pela participação das elites locais, a Conjuração Baiana reivindicações populares. No período da Independência, parte
teve um cunho essencialmente popular. da elite participou ativamente do processo, no intuito de
II. Todos os movimentos citados no texto inscrevem-se no a) instalar um partido nacional, sob sua liderança, garantindo
quadro geral de crise do antigo sistema colonial, quadro esse participação controlada dos afro-brasileiros e inibindo novas
que também refletia as transformações vividas pela Europa rebeliões de negros.
a partir da Revolução Industrial e das revoluções liberais b) atender aos clamores apresentados no movimento baiano,
burguesas. de modo a inviabilizar novas rebeliões, garantindo o controle
III. A Revolução Pernambucana de 1817, que eclodiu durante a da situação.
permanência do Estado português no Brasil, traçou uma c) firmar alianças com as lideranças escravas, permitindo a
linha libertária que teve prolongamento na Confederação do promoção de mudanças exigidas pelo povo sem a
Equador, dois anos após a Independência. profundidade proposta inicialmente.
IV. A imagem de Tiradentes, cultuada durante o período monár- d) impedir que o povo conferisse ao movimento um teor
quico, sofreu forte oposição por parte daqueles que procla- libertário, o que terminaria por prejudicar seus interesses e
maram a República, pelo que poderia inspirar contra o novo seu projeto de nação.
regime. e) rebelar-se contra as representações metropolitanas,
Estão corretos: isolando politicamente o Príncipe Regente, instalando um
a) I, II e III apenas. b) II, III e IV apenas. governo conservador para controlar o povo.
c) I, II e IV apenas. d) Todos estão corretos.
e) Todos estão incorretos. RESOLUÇÃO:
Os processos de independência nas Américas geralmente foram
conduzidos pelas elites locais (sendo exceção a rebelião popular
RESOLUÇÃO:
de escravos e libertos no Haiti). O receio de subversão da ordem
I) V II) V III) V IV) F
latifundiária e escravista fez com que as elites se unissem em
O item IV está incorreto, porque no período monárquico Tiraden-
torno da construção de Estados que garantissem sua condição
tes era considerado um inimigo da Coroa. Foi somente na Procla-
socioeconômica privilegiada.
mação da República que a imagem de Tiradentes foi tomada pelos
Isso ocorreu não apenas na América Hispânica, mas também no
militantes do republicanismo como um mártir da Independência,
Brasil.
na luta contra a monarquia.
Resposta: D
Resposta: A
60 HISTÓRIA
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Palavras-chave:
HISTÓRIA 61
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pas espanholas em favor da República Francesa, levan- A morte de Dessalines provocou uma divisão do país
do consigo grande massa de combatentes. por uma guerra civil. Alexandre Pétion passou a controlar
Toussaint reconquistou boa parte do território perdi- o sul do país e Henri Christophe comandou o norte, pro-
do para a República Francesa. clamando-se rei Henrique I em 1811.
Alexandre Pétion foi sucedido por Jean Pierre Boyer,
O Tratado de Basileia, de 1795, assinado entre
que, com a morte de Henri Christophe (1820), unificou o
França e Espanha, entregou o domínio sobre toda a Ilha
norte e o sul do Haiti, sob um governo republicano.
aos franceses, mas estes, não dispondo de Exército
suficiente, não promoveram a posse efetiva. Boyer anexou a parte oriental da Ilha (São Domingos)
em 1821, fato que interrompeu a recém-declarada inde-
A ascensão do Diretório, na França, com uma políti-
pendência da região.
ca extremamente conservadora, devolveu o escravismo
às colônias. Nesse momento, as reações coloniais se A França reconheceu a independência do Haiti em
intensificaram. 1825.
No ano de 1801, Toussaint Louverture declarou inde- Apesar de seu expressivo movimento pela indepen-
pendente toda a Ilha. Foram aprovados o fim do dência, o Haiti constituiu uma fraca nação, marcada por
escravismo, a Constituição e a entrega do cargo de sucessivas crises, intervenções militares norte-america-
governador vitalício a Toussaint Louverture. nas e golpes militares internos, que marcam sua história
até o presente.
A ascensão de Napoleão Bonaparte fez com que a Fran-
ça decidisse pela retomada do território. Assim, enviou o
comandante Leclerc, que derrotou e aprisionou Toussaint, 3. República Dominicana
que foi enviado à França, onde morreu em 1803. (São Domingos)
Quando Napoleão invadiu a Espanha, em 1808, o
lado oriental da Ilha, de população espanhola, liderado
por João Sánches Ramírez, levantou-se contra os fran-
ceses, reincorporando-se à Espanha.
Em meio aos movimentos de independência que
ocorriam no continente, São Domingos, em 30 de
novembro de 1821, declarou sua independência em
relação à Espanha, sob a denominação de Estado Inde-
pendente de Haiti Espanhol, pretendendo incorporar-se à
recém-criada Grã-Colômbia, de Bolívar.
Essa emancipação foi efêmera. O lado ocidental
sempre defendera a unidade da Ilha, e Boyer, presidente
do Haiti, invadiu e anexou a parte oriental, em 1822.
A partir de 1838, João Paulo Duarte passou a prepa-
rar o movimento de independência em relação ao Haiti,
por meio da fundação da Sociedade Secreta La Trinitaria.
Em 27 de fevereiro de 1844, o movimento declarou
a independência e a nova nação passou a denominar-se
República Dominicana.
Em 1863, temendo o vizinho Haiti, a República incor-
Toussaint Louverture, líder da independência do Haiti.
porou-se à Espanha, mas, em 1865, foi restaurada a
independência.
No ano seguinte à morte de Toussaint, Jean Jacques
Dessalines liderou um exército – apoiado por ingleses e
norte-americanos – e retomou as lutas pela independência,
4. Cronologia
tendo ao seu lado Alexandre Pétion e Henri Christophe.
1791 – Revolta de Escravos Negros no Haiti.
Em 1o. de janeiro de 1804, foi declarada a indepen-
dência do lado ocidental (francês) da Ilha, que passou a 1804 – Independência do Haiti.
chamar-se Haiti (terra de montanhas).
Dessalines foi nomeado governador vitalício e logo
em seguida proclamou-se imperador, sob o título de
Jacó I. Seu governo durou pouco, pois, em 1806, foi
assassinado. No Portal Objetivo
Tratado de Basileia: entre França e Espanha, assinado em 22 de
junho de 1795, no qual a França restituía aos espanhóis os territórios Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL
conquistados por Napoleão, além dos Pireneus, recebendo em troca OBJETIVO (www.objetivo.br) e, em “localizar”, digite
a parte espanhola da Ilha Espanhola, ou seja, São Domingos. HIST2M112
62 HISTÓRIA
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Exercícios Resolvidos
Exercícios Propostos
Por que podemos considerar o processo de independência e dos principais bandidos, e as massas de negros tenham sido
do Haiti como uma dupla independência? desarmadas, enviai ao continente todos os negros e mulatos
que tenham participado nas guerras civis (...). Livrai-nos destes
RESOLUÇÃO: africanos iluminados e já não teremos mais o que recear.”
Por ter-se tratado de um movimento que, ao mesmo tempo, (Instruções de Napoleão Bonaparte ao General Leclerc, 1801.)
aboliu escravismo e proclamou a independência política.
Texto 2
“Nenhum branco, qualquer que seja sua nação, colocará os
pés neste território com o título de dono ou proprietário; e não
Relacione as fases do processo de independência do Haiti poderá no futuro adquirir propriedade alguma”. Art. XII, da
com as medidas tomadas pela Revolução Francesa quanto ao Constituição de 1805, da França.
escravismo.
(In Rubim Santos Leão de Aquino et al. História das Sociedades
RESOLUÇÃO: Americanas. 7. ed. Rio de Janeiro: Record, 2000.)
Revolução Burguesa: no Haiti, os escravos e os negros libertos co-
meçam a se rebelar contra os senhores e os brancos. Os documentos relacionam-se
Revolução Popular: no Haiti, é decretada a abolição do escravis- a) a Cuba e manifestam o caráter revolucionário desse proces-
mo, e Toussaint Louverture, que combatia junto aos espanhóis,
passa para o lado francês.
so político.
Contrarrevolução Burguesa: restabelece o escravismo colonial, e b) ao México e demonstram as preocupações escravistas da
as reações se intensificam, levando a cabo as lutas pela indepen- burguesia francesa.
dência. c) ao Paraguai e indicam a reação dos indígenas frente ao
colonialismo europeu.
d) à Revolta dos Malês, movimento ocorrido no Nordeste
brasileiro em reação à dominação francesa.
(UFpel – MODELO ENEM) – Os textos a seguir refe- e) ao Haiti e demonstram a radicalidade social do movimento.
rem-se à luta emancipacionista que resultou na primeira
RESOLUÇÃO:
república da América Latina.
A independência do Haiti foi o único caso (sui generis) em que o
processo foi comandado por elementos negros e mestiços.
Texto 1 Resposta: E
“Segui vossas instruções ao pé da letra, e no momento em
que vos tenhais liberado de Toussaint, Christophe, Dessalines
HISTÓRIA 63
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1. Histórico
A mudança da política colonial espanhola ocorreu em virtude do envolvimento da Espanha nas guerras europeias,
da decadência da mineração, que não chegava a custear o sistema de frotas anuais enviadas à América, e, finalmente,
das próprias dificuldades que o governo encontrava para abastecer o mercado colonial.
Durante o século XVIII, a Espanha, sob os Bourbons (Filipe V e Carlos III), passou por um processo de moderni-
zação econômica e aproximou-se da França e da Inglaterra, com nítidos reflexos sobre suas colônias americanas.
Após a aliança feita com os franceses para deter o expansionismo inglês – que tinha Portugal por aliado –, a França
passou a ter acesso às colônias espanholas, por intermédio de suas companhias de comércio presentes no Porto de
Cádiz.
Com o Tratado de Utrecht (1713), assinado após a Guerra de Sucessão Espanhola, os ingleses passaram a deter
os direitos sobre o asiento (fornecimento de escravos para as colônias) e o permisso (comércio direto de manufaturas
com as colônias).
Além desses fatos, cabe ressaltar que, em 1740, a Espanha aboliu o sistema de frotas; em 1765, foi liberado o
comércio intercolonial; em 1778, acabou o sistema de porto único; e, finalmente, os criollos passaram a ter o direito
de comercializar diretamente com a Espanha.
Essa nova fase de abertura do comércio colonial vivenciada pela Espanha contrastava com as reformas realizadas
na administração, que se tornou mais rígida e centralizadora.
Esses fatos revelam a quebra do pacto colonial espanhol – que se manteve rígido até o início do século XVIII – e o
começo do enfraquecimento do Império Colonial Espanhol.
O reinado de Carlos III (1757 a 1788) pode ser considerado o apogeu do domínio colonial espanhol sobre a Amé-
rica, bem como o momento em que as colônias começaram a manifestar seu descontentamento em relação ao secular
domínio exercido pela Metrópole.
Criollos: filhos de espanhóis nascidos na América.
64 HISTÓRIA
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Reunião da Corte de Cádiz, 1811. É evidente que esses movimentos não obtiveram os
resultados esperados, pois se tratava de reivindicações
feitas pelas camadas populares, que não tiveram apoio
3. Antecedentes na América para lutar contra a ordem estabelecida. Mas foram
movimentos de insubordinação que inauguravam uma
Primeiras revoltas – Século XVIII nova fase na consciência dos colonos.
O que diferencia esses movimentos das lutas pela
Não podemos atribuir apenas à invasão napoleônica independência é o fato de que os primeiros traduziam,
na Espanha o desencadeamento das independências na basicamente, a insatisfação das camadas populares, en-
América. Este deve ser visto como resultado de todo um quanto os segundos traduziam a insatisfação das elites.
movimento histórico que, em determinado momento, Nesse sentido, tornam-se mais claros os fatores que le-
encontrou condições favoráveis para se efetivar. varam à derrota dos primeiros e ao sucesso dos últimos.
HISTÓRIA 65
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Exercícios Resolvidos
66 HISTÓRIA
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(UEL – MODELO ENEM) – "A emancipação camponesa permaneceu sob a exploração e o
domínio dos seus antigos senhores.
futuramente se constituiriam em espaços
nacionais, foi conduzido pela Igreja, que lu-
das colônias hispano-americanas, liderada
craria com as emancipações, agregando mais
pelos grandes senhores de terras e pela (R. S. L. de Aquino; N. J. F. Lemos;
O. G. P. C. Lopes. História das sociedades terras ao seu já rico patrimônio.
burguesia ‘criolla’, encontrou apoio nos setores
médios e populares, os quais, em alguns americanas. Rio de Janeiro: Record, 2000. d) A participação dos Estados Unidos nos
momentos, chegaram a ameaçar a estrutura de p. 165-166.) processos de independência das Américas
dominação de classe imposta pelo regime foi de crucial importância para a adoção
De acordo com o texto, é correto afirmar: do Regime Republicano pelos espaços
colonial. Entretanto, com exceção dos Estados
a) A América hispânica estava vivenciando, já recém-independentes.
Unidos, que implantaram um regime liberal
há algum tempo, um maior grau de liber- e) Após sua independência, a América Portu-
burguês, no restante da América a indepen-
dade comercial em função da crise guesa rompeu os laços com a Metrópole –
dência revelou-se um fato político. Realizada a
econômica metropolitana, bem como a Portugal – e aliou-se às forças de Napoleão
autonomia, rompidos os vínculos com as
crise política desencadeada pelo domínio Bonaparte, adotando para esse espaço
metrópoles, as classes dominantes das antigas
francês, entre os anos de 1808 a 1813. recém-independente os princípios da
colônias tomaram o poder e constituíram
b) O fenômeno da emancipação política na Revolução Francesa.
Estados Nacionais que mantiveram afastada
das decisões políticas a massa da população Nova Espanha foi peculiar na América. A Resolução
trabalhadora (majoritariamente indígena, Revolução Mexicana foi o movimento mais Com a restauração do trono espanhol (1814),
camponesa ou não). A estrutura colonial não representativo do descontentamento da Fernando VII adotou uma série de medidas
sofreu qualquer alteração de peso. A Inglaterra parcela camponesa da população contra o eliminando a autonomia política e o liberalismo
abriu mais ainda a sua porta no continente, autoritarismo e dominação da Espanha, comercial vividos durante o domínio napoleôni-
assegurando-se de mercados consumidores e culminando na emancipação do território do co (1808-1813). Interessados em preservar
de matérias-primas; a propriedade territorial México. essas vantagens, a elite criolla partiu para a luta
continuou nas mesmas mãos, a despeito de c) Em toda a América Hispânica e também na pela consolidação da independência da América
algumas tentativas de líderes liberais das Portuguesa, o processo de lutas pela emanci-
Hispânica.
Guerras de Independência; a população pação dos diversos espaços geográficos que
Resposta: A
Exercícios Propostos
Qual a importância da Revolução Francesa para os mo- Com o Bloqueio Continental, Napoleão Bonaparte procurou
vimentos de independência da América Espanhola? a) fazer aliança com a Rússia, Prússia e Áustria contra a
Espanha.
RESOLUÇÃO: b) aliar-se aos ingleses para obter apoio e tornar-se imperador.
A Revolução Francesa foi o movimento pelo qual houve a c) ampliar as relações econômicas com a Inglaterra, pois os
propagação das ideias iluministas de liberdade e igualdade, além
do liberalismo econômico, que defendia a liberdade de comércio
franceses dependiam dos produtos ingleses.
e o fim do pacto colonial, ideias que incentivaram os movimentos d) derrotar economicamente a Inglaterra, com o fechamento
de libertação. dos portos da Europa Continental.
e) impedir a entrada de produtos orientais que competiam
com as manufaturas francesas.
RESOLUÇÃO:
O objetivo de Napoleão era impedir a Inglaterra de ter acesso ao
mercado consumidor europeu.
Resposta: D
RESOLUÇÃO:
Pelo fato de terem sido realizados por agentes vindos das
camadas populares, sem o apoio da elite colonial.
HISTÓRIA 67
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68 HISTÓRIA
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5. Independência da Venezuela
e do Vice-Reino de Granada
O movimento de libertação da região setentrional da
América do Sul, compreendendo a Capitania-Geral da
Venezuela e o Vice-Reino de Nova Granada (Colômbia,
José Gervásio Artigas. Equador e Panamá), começou em território venezuelano
e fracassou em 1806, liderado por Francisco de Miranda.
Em 1815, Artigas havia conquistado as extensas áreas
Venezuela
de Entre Rios a Missões e de Montevidéu a Córdoba.
Buenos Aires passou a rivalizar com Montevidéu No Congresso Geral da Venezuela, em 1811, foi no-
pelo predomínio das exportações e a combater Artigas, vamente proclamada a independência da capitania, o que
cujo poder sobre essas regiões teve fim em 1816. resultou numa reação por parte da Metrópole, que
Nesse mesmo ano, no Congresso de Tucumán, era reprimiu o movimento em 1812. Nessa fase, o movimento
proclamada a independência do Vice-Reino do Prata e, estava concentrado nas mãos da aristocracia criolla.
em 1819, aprovava-se uma Constituição monarquista, A partir desse fato, surgiu a liderança de Simón
fato que desencadeou ferrenhas lutas entre unitaristas e Bolívar, que se retirou da Venezuela e, formando um
federalistas. A vitória coube, nesse momento, aos pequeno exército, reiniciou as lutas pela independência.
federalistas, fazendo prevalecer os interesses locais. Em 1813, entrou em Caracas e foi proclamado o
"Libertador". Depois de travadas várias lutas contra as
forças metropolitanas, as tropas de emancipação foram
temporariamente derrotadas.
Bolívar foi para o Haiti em 1816, onde recebeu apoio
de Alexandre Pétion para prosseguir os combates.
Retornando à Venezuela, reiniciou as lutas, alterando
a estratégia militar do movimento. Ocupou o interior,
onde estavam as fazendas de gado, em vez do litoral,
dominado pelos espanhóis.
Em 1819, suas tropas, auxiliadas por mercenários
ingleses e irlandeses, conseguiram várias vitórias sobre
os espanhóis da Venezuela e de Nova Granada. Nesse
mesmo ano, reuniu-se o Congresso de Angostura, no
qual Bolívar conseguiu a aprovação de seu plano de
estabelecer um governo constitucional, viabilizando a
Congresso de Tucumán, que declara o nascimento das Províncias unidade da proclamada República da Grã-Colômbia, for-
Unidas do Prata, em 1816. mada por Venezuela, Nova Granada, Panamá e Equador.
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A volta de Bolívar
Em 1827, Bolívar retornou das lutas do Equador e
Peru e reassumiu a presidência, que havia deixado nas
mãos de Santander. É o início da crise da República da
Grã-Colômbia, gerada pelas divergências entre centra-
listas e federalistas, cujo auge se deu com a tentativa de
assassinato de Bolívar.
6. Panamá
O Panamá, que fazia parte da Confederação da
Grã-Colômbia desde 1821, proclamou uma independên-
cia passageira em 1840, sob a denominação de Repú-
blica do Istmo.
A partir da corrida do ouro para a Califórnia, a região
passou a compor as áreas de interesses norte-ame-
Simón Bolívar, líder da Independência da América Espanhola.
ricanos, que a utilizavam como rota para o oeste dos Es-
tados Unidos. O Canal Interoceânico começou a ser
Santander, acusado de estar envolvido no atentado, construído, em 1881, pelos Estados Unidos, com a opo-
foi desterrado, e Bolívar assumiu, como um ditador sição do Senado colombiano que, em 1903, não ratificou
intransigente com as oposições, o governo de uma Re- o Tratado Hay-Herrán, levando à independência do Pana-
pública fictícia. Foi deposto em 1830. má, apoiada pelos norte-americanos.
70 HISTÓRIA
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9. Bolívia
A Bolívia, conhecida durante o período colonial como
Alto Peru, interessava à Coroa Espanhola, devido à
importância de suas minas de prata.
Quando Napoleão Bonaparte ocupou a Espanha, o
Alto Peru, que integrava o Vice-Reino do Prata, deu início
a uma série de revoltas infrutíferas contra as autoridades
espanholas.
O apoio dos argentinos não veio imediatamente,
pois estes decidiram pela conquista da parte sul do
Vice-Reino, e não do norte, região onde se localizava o
Bernardo O’Higgins, iniciador das lutas no Chile.
Alto Peru. Daí essa porção do Vice-Reino ter-se integrado
Até o final de 1813, os chilenos não tiveram de no movimento de independência, mediante o avanço
enfrentar as tropas espanholas, entre outros fatores, por dos Exércitos que vinham no sentido norte-sul,
sua geografia, que dificultava o acesso à região. comandados por Bolívar.
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Após conquistar Colômbia, Equador e Venezuela, Bolí- A formação de um novo Estado forte passou a preo-
var entrou no Peru, retomando Lima do domínio espanhol. cupar tanto o Chile quanto a Argentina, que iniciaram
Em 1824, ocorreu a Batalha de Ayacucho, liderada campanhas militares contra a Confederação, derrotada
por Sucre, que no ano seguinte libertou o Alto Peru. em 1839 – fato que levou à separação entre Peru e
À semelhança de Bolívar, Sucre adotou uma Consti- Bolívia.
tuição autoritária e centralista, tornando-se presidente
em 1826. No Portal Objetivo
Sucre foi deposto da presidência em 1828, numa
revolta nacionalista liderada pelo general Augustín Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL
Gamarra, que entregou o poder a Andrés Santa Cruz. OBJETIVO (www.objetivo.br) e, em “localizar”, digite
No ano de 1837, o Congresso de Tacna levou à HIST2M114
formação da Confederação do Grande Peru, composto
por Peru e Bolívia.
10. Cronologia
1810 – Formação da Junta de Governo na Argentina.
1811 – Independência do Paraguai
1813 – Tentativa de independência da Venezuela por Bolívar.
1816 – Independência da Venezuela, Congresso e Tucu-mán (Argentina) e Invasão do Uruguai pelo Brasil.
1818 – Libertação do Chile por O'Higgins e San Martín.
– Congresso de Aix-La-Chapelle.
1819 – Libertação da Colômbia por Bolívar.
1821 – Proclamação da independência do Peru por San Martín.
1822 – Libertação do Equador por Sucre.
1823 – Intervenção da Santa Aliança na Espanha.
1825 – Independência da Bolívia.
1828 – Independência do Uruguai.
Exercícios Resolvidos
Resolução
Napoleão, ao decretar o Bloqueio Continental, conseguiu, em grande
parte, dificultar o comércio britânico com a Europa, forçando os ingle-
ses a procurar novos mercados na América Latina, estimulando assim
os movimentos de independência na região.
Resposta: A
72 HISTÓRIA
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Exercícios Propostos
Estabeleça as divergências políticas entre Bolívar e San Qual a estratégia de San Martín para a conquista do Peru?
Martín e a rota dos movimentos de cada um.
RESOLUÇÃO:
RESOLUÇÃO: San Martín planejou um ataque conjunto por terra e mar (Lorde
San Martín era monarquista e orientou suas conquistas no Cochrane). Por terra, a cidade de Lima foi sitiada pelas tropas de
sentido sul-norte. Bolívar era república e orientou suas conquistas San Martín; e, por mar, Lorde Cochrane bloqueou o Porto de
no sentido norte-sul. Callao.
HISTÓRIA 73
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Por que os indígenas não apoiaram os libertadores no Chile? Assinale verdadeiro ou falso sobre a Independência da
América Espanhola.
RESOLUÇÃO: I. Atendia aos interesses ingleses de novos mercados para
Devido aos maus-tratos a que eram submetidos. seu industrialismo.
II. De modo geral, desligou-se da órbita do capitalismo inglês,
passando a girar em torno do industrialismo norte-ame-
ricano.
III. Caracterizou-se pela implantação de regimes republicanos
oligárquicos.
IV. Foi uniforme e geralmente pacífica, como ocorreu no Brasil.
V. Vincula-se à queda da Dinastia Bourbon e à ascensão de
José Bonaparte ao governo espanhol.
RESOLUÇÃO:
I, III e V: verdadeiros; II e IV: falsos.
A proposição II está errada, pois a independência levou os novos
(PUC) – “Em 1822, a América espanhola, de indepen- países para o capitalismo inglês.
dência conquistada em oposição a uma metrópole e suas A proposição IV está incorreta, pois a independência foi multifor-
Cortes em muitos aspectos tidas por opressoras, agora me e houve muitos conflitos armados.
plenamente reconhecida por uma potência de primeira
grandeza como eram os Estados Unidos, ofereceria um
modelo para a independência do Brasil.”
RESOLUÇÃO:
Embora o exemplo citado pelo autor não tenha sido adotado pelo
Brasil em relação ao republicanismo, o ideal emancipacionista e a
luta para defendê-lo podem ser tomados como – ao menos em
parte – impulsionadores da independência brasileira.
Resposta: C
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? Saiba mais
A tendência monarquista, liderada por Iturbide, era
apoiada pelos latifundiários, pelo clero e pelo Exér-
cito, enquanto os republicanos contavam com o
apoio dos mercadores e das camadas trabalhadoras
urbanas e rurais.
HISTÓRIA 75
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Em 1821, Iturbide assinou o Plano de Iguala – um Em 1821, Gabino Gaínza, de tendência realista, após
acordo com rebeldes seguidores de Hidalgo e Morellos a Revolução Liberal de 1820, na Espanha, lidera a procla-
–, proclamando a independência do México e esta- mação da independência da Capitania-Geral da Guate-
belecendo a igualdade de direitos para espanhóis e mala.
criollos e o catolicismo como religião oficial, além de o- Temendo a invasão da Guatemala pelas tropas libe-
ferecer a Coroa Mexicana a Fernando VII, da Espanha, rais mexicanas, lideradas pelo general Filisola, os cabil-
que a recusou. dos resolveram declarar toda a região unida ao México.
Com a deposição de Iturbide, em 1823, os liberais
do México negociaram um pacto, por meio do qual
foram criadas as Províncias Unidas da América Central,
independentes do México e organizadas em forma de
Confederação.
A dissolução da Confederação Centro-Americana,
em 1838, pelo fim do pacto federal, e a luta entre liberais
e conservadores levaram à formação de vários países, na
condição de unidades nacionais independentes.
Em 1842, formou-se a República Maior da América
Central, composta por Nicarágua, Honduras e El Salva-
dor, a qual, dois anos mais tarde, se desintegrou.
A instabilidade política na área acabou favorecendo
os interesses ingleses, que ocuparam Mosquitos e
consolidaram suas posições na região. A partir de 1862,
mantiveram sob seu domínio o território denominado
Honduras Britânicas, que somente se tornou um Estado
independente em 1973, passando a denominar-se Belize
e compondo a Comunidade Britânica.
A Costa Rica tinha uma Constituição desde 1821,
chamada de Pacto de Concórdia. Foi anexada ao México
em 1821 e, em 1823, tornou-se independente. Mas a
confirmação de sua autonomia ocorreu somente em
1848.
A Capitania-Geral de Cuba, graças ao excelente Porto
de Havana, era ponto de encontro das frotas anuais que
Augustín Iturbide entrando na cidade do México em 1821. demandavam as ricas regiões sob domínio espanhol.
A luta pela independência de Cuba iniciou-se em
Em 1822, apoiado pelo Exército, Iturbide procla-
1868, com a chamada Guerra dos Dez Anos, tendo sido
mou-se imperador do México, com o título de Augustín I.
retomada em 1895 pelo poeta José Martí e pelos
Um levante republicano, liderado por Antonio López generais Antonio Maceo e Máximo Gomez.
de Sant’Ana, em 1823, provocou a deposição e o fuzila-
mento de Iturbide. No ano seguinte, em meio às divergên-
Independências na América Central
cias entre centralistas e federalistas, o Congresso pro-
mulgou a Constituição dos Estados Unidos do México.
2. América Central
No caso da América Central, vamos tratar aqui dos
casos mais significativos, ou seja, daqueles processos
emancipacionistas que estiveram sincronizados com o
quadro de crise do Antigo Regime na Europa, da expansão
das ideias liberais, da Revolução Industrial e da crise do
sistema colonial tradicional.
Destaca-se a Capitania-Geral da Guatemala, sede da
administração espanhola para toda a região.
Na esteira do movimento pela independência do
México, a partir de 1820, intensificam-se as campanhas
pela emancipação da região centro-americana. Cabildos: corresponde às câmaras municipais no Brasil.
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O projeto separatista cubano foi truncado quando A Jamaica entrou nas disputas coloniais entre as
estourou a Guerra Hispano-Americana (1898). metrópoles europeias. Colonizada pelos espanhóis desde
A Espanha, derrotada, cedeu Cuba, Porto Rico, Fili- o século XVI, em 1655 passou a pertencer à Inglaterra.
pinas e Guam aos Estados Unidos. Com a abolição do escravismo, em 1833, a econo-
Os norte-americanos ocuparam Cuba até 1902, mia entrou em decadência, resultando em uma profunda
quando cederam à independência. pobreza e grande inquietude social.
Pela Emenda Platt, a ilha foi mantida sob intervenção A resposta inglesa aos negros rebeldes foi a decre-
até 1909. Mesmo após a revogação desta, os Estados tação da Lei Marcial, entre 1865 e 1868, e o estabeleci-
Unidos mantiveram arrendada a base naval de Guantána- mento de um governo colonial britânico na ilha.
mo e uma profunda interferência na vida de Cuba, que A Jamaica conheceu sua independência em 1962.
somente se findou com a revolução liderada por Ernesto Permanecem, ainda hoje, sem independência polí-
“Che” Guevara e Fidel Castro, na década de 1960. tica as regiões de Porto Rico e as Guianas Francesa e
Holandesa.
Exercícios Propostos
Quais as propostas de Hidalgo e Morellos para o México? (UNICAMP) – As revoluções de independência na América
hispânica foram, ao mesmo tempo, um conflito militar, um
RESOLUÇÃO:
processo de mudança política e uma rebelião popular.
Hidalgo propunha o fim da escravidão; e Morellos, a reforma
agrária.
(Rafael Rojas. Las repúblicas de aire. Buenos Aires: Taurus.
2010, p. 11.)
No Portal Objetivo
Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL
OBJETIVO (www.objetivo.br) e, em “localizar”, digite
HIST2M115
HISTÓRIA 77
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16 Nacionais Latino-Americanos
divergências • Hegemonia britânica
• Militarismo/caudilho
• Bolivarismo
1. Introdução
Ao final das lutas de independência das antigas colônias da América Espanhola, praticamente assistimos à sua total
fragmentação territorial.
Os fatores explicativos para tal acontecimento são de várias naturezas.
A teses tradicionais limitam-se a explicar a situação a partir da adoção de regimes republicanos pelas nações
recém-emancipadas.
Atualmente, consideramos que a fragmentação da antiga América Espanhola em repúblicas resultou da conjugação de
uma série de fatores – geográficos, econômicos, políticos e sociais – e que a adoção de regimes republicanos foi antes uma
consequência do que uma causa.
Oligarquia: governo de poucas pessoas, pertencentes ao mesmo partido, classe ou família; predomínio de uma facção ou grupo na direção dos
negócios públicos.
78 HISTÓRIA
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Caudilho: chefe político, na maioria das vezes militar, que exerce o poder pessoal sobre a nação.
Caudilhismo: a prática de dominação do caudilho, chefe militar no exercício do poder pessoal sobre o país.
HISTÓRIA 79
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concentração de riquezas. O reflexo social foi a manuten- Liberais ou conservadores, os políticos que se colo-
ção das desigualdades e da estratificação, mesmo com caram no poder eram todos membros das elites nacio-
a introdução do trabalho assalariado, mal remunerado. nais, não sendo rígidas as distinções e as posições.
Os indígenas e os negros escravos foram mantidos Os Estados que se formaram estavam à mercê dos
à margem do processo, dentro de uma perspectiva de interesses de elites nacionais agroexportadoras, consti-
suposta inferioridade desses grupos étnicos em razão tuindo Estados oligárquicos que, apesar da aparência
de, na fase colonial, terem realizado o trabalho braçal. A liberal, eram profundamente conservadores no trato das
própria integração desses segmentos sociais à econo- questões sociais e nacionais.
mia foi resultado de pressões do capitalismo inglês, inte-
ressado em ampliar os mercados consumidores internos. 5. Duas visões do
A questão política manteve-se dividida, como uma pan-americanismo
continuidade das lutas do processo de independência.
Os antagonismos que se impuseram na formação das O pan-americanismo representa um ideal de
novas nações ocorreram justamente entre os defenso- solidariedade e unidade entre as nações americanas que
res do unitarismo – que propunha a formação de gover- surgiu ainda no período de colônia, tendo como precur-
nos fortes e centralizados – e do federalismo – que sores o padre Alexandre de Gusmão (Brasil-Portugal),
propunha manter a unidade nacional, porém concedendo Pablo Olavide (Peru), Bernardo O’Higgins (Chile) e
autonomia relativa às províncias. Francisco de Miranda (Venezuela).
No Brasil e no México, prevaleceu o unitarismo, com Esse ideal se fortaleceu no momento das indepen-
a adoção da Monarquia como regime de governo. Nas dências e se desenvolveu sob duas modalidades
demais nações, prevaleceu o federalismo, com a adoção distintas e antagônicas: o bolivarismo e o monroísmo.
de regimes republicanos. O Chile e o Paraguai constituíram O bolivarismo, concebido por Simón Bolívar (l783-
casos à parte, pois, mesmo não adotando a Monarquia, 1830), defendia a necessidade de união das nações após
tiveram uma forte centralização político-administrativa. a independência em razão da contraofensiva espanhola
As disputas pelo poder ficaram por conta de liberais e apoiada pela Santa Aliança. Apesar dos esforços do “Li-
conservadores. Em todas as novas nações, era comum a bertador”, o resultado foi infrutífero, pois houve uma
existência de um Partido Liberal e um Partido Conservador. grande resistência às suas propostas. À Inglaterra não
Os liberais pretendiam a formação de Estados interessava a união da América em um único corpo,
leigos, relativa participação política da sociedade e comu- porque isso poderia prejudicar o exercício de sua influên-
mente defendiam o federalismo, pois este preservava os cia nas débeis nações surgidas – tanto que, por pressões
interesses econômicos e o poder político local. inglesas, países como o Brasil não participaram do Con-
Os conservadores defendiam a formação de Esta- gresso do Panamá em 1822. Mesmo não tendo saldos
dos centralizados, com o Executivo forte e participação políticos positivos, as ideias de inspiração bolivarista
política da sociedade de forma bem restrita, sendo, em persistiram na América e, no século XX, foram retoma-
geral, defensores do unitarismo. das por intelectuais como Pablo Neruda e Violeta Parra.
Pan-americanismo: tese da união de toda a América em um único Estado, defendida por Bolívar.
80 HISTÓRIA
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O monroísmo expressa a visão norte-americana de ca dos Estados Unidos – industrializados – sobre as na-
solidariedade e se baseia no predomínio dos Estados ções latino-americanas – exportadoras de gêneros pri-
Unidos sobre os demais países americanos. Trata-se do mários.
início de uma política preocupada com a expansão Da Doutrina Monroe, os norte-americanos caminha-
territorial e a segurança dos Estados Unidos, expressa ram, lenta, mas firmemente, para o “Big Stick”, que dará
pela famosa frase “A América para os americanos”. aos Estados Unidos o predomínio sobre o continente.
Em 1890, realizou-se a Primeira Conferência Interna-
cional Americana, marco do início da expansão econômi-
Doutrina Monroe: conjunção de princípios de James Monroe, presidente dos EUA (1823), visando à defesa da soberania da América
recém-emancipada das metrópoles europeias.
No Portal Objetivo
Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO (www.objetivo.br) e, em “localizar”, digite HIST2M116
Exercícios Resolvidos
HISTÓRIA 81
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Exercícios Propostos
No século XIX, a Inglaterra apoiou os movimentos pela e) vontade de participar do comércio internacional e diferentes
independência da América, sendo atualmente comum refe- quanto à adoção de regimes políticos.
rir-se a essa participação com a seguinte frase: “Dividir para RESOLUÇÃO:
reinar”. Com base na frase e em seus conhecimentos, aponte A questão compara, nos Estados Nacionais surgidos na América
os fatores que levaram à fragmentação da América Espanhola. Espanhola e Portuguesa, o interesse das elites agroexportadoras
quanto ao comércio externo e o fato de o Brasil ter adotado a
forma de governo (sic) monárquica, enquanto os países de língua
RESOLUÇÃO:
espanhola adotaram a forma republicana (exceto o México, que
Ausência de unidade entre os vice-reinos durante a época colo-
constituiu um Império entre 1821 a 1823).
nial, presença de grupos sociais básicos e diversidade étnica, di-
Resposta: E
vergências políticas entre os membros da elite, diferentes interes-
ses econômicos e interesses ingleses na formação de várias e
frágeis nações.
82 HISTÓRIA
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História Geral
Módulos
1 – Revolução Industrial –
Pioneirismo Inglês 5 – Fase Popular e Contrarrevolução
2 – Revolução Industrial – Consequências Burguesa
3 – Iluminismo e Despotismo Esclarecido 6 – Era Napoleônica
4 – Revolução Francesa – 7 – Congresso de Viena
das Origens à Revolução Burguesa 8 – Ideias Sociais e Políticas do Século XIX
1. Introdução
HISTÓRIA 83
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Matéria-prima: produto em seu estado natural, essencial para o desenvolvimento da industrialização, tais como ferro e carvão.
Revolucionário: relativo a revolução; transformação radical, e geralmente, violenta, de uma estrutura política, econômica e social.
84 HISTÓRIA
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Tratado de Methuen: tratado firmado entre Portugal e Inglaterra, no Bill of Rights: ou Declaração dos Direitos, documento pelo qual o
início do século XVIII, no qual a nação lusa comprava manufaturados Parlamento se impõe ao rei.
têxteis ingleses, em troca da exportação de vinho. Comunal: relativo a comuna; comunidade, comunitária.
HISTÓRIA 85
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O puritanismo e o calvinismo inglês haviam feito As invenções que tornaram possível a maquino-
progressos nos anos precedentes. Essas crenças esti- fatura não foram obras do acaso. Um novo invento
mulavam a acumulação, a poupança e o enriquecimento, condicionava o aumento da produção, gerando capitais
pois eram consideradas evidências da salvação divina. que poderiam ser aplicados em outras experiências, que
resultavam em novas invenções, e assim por diante.
5. A indústria têxtil do algodão Devemos considerar ainda um desequilíbrio no pro-
cesso produtivo, resultante da criação de novas máqui-
e as invenções nas. Equivale a dizer que, quando uma invenção estimu-
O desenvolvimento industrial da Inglaterra está lava a realização do processo produtivo, provocava um
ligado à indústria de lã. O poder político procurou prote- desequilíbrio nas fases posteriores, que não podiam
gê-la, regulando o comércio e a indústria. Por isso, a le- acompanhar o ritmo da fase anterior, impondo, assim,
gislação que pesava sobre essa indústria era enorme. A novas modificações nas demais fases.
produção do tecido de lã exigia várias etapas especiali- Há, portanto, uma espécie de ciclo: invenção, au-
zadas. Começava pela escolha, limpeza e tingimento. mento da produção, criação de capitais, desequilíbrios
Em seguida, vinha o processo de pentear, fiar, tecer e nas fases produtivas, investimentos em novas inven-
dar os retoques finais no tecido pronto. ções, progresso tecnológico, aumento da produção etc.
O processo de mecanização da indústria têxtil
demonstrou muito bem esse mecanismo. O surgimento
da lançadeira volante, por John Kay, em 1733, aumentou
a capacidade de tecelagem. Os fios começaram a
escassear. James Hargreaves criou a spinning jenny, em
1764, aumentando a produção de fios. Essa máquina era
uma roca de fiar que fazia vários fios ao mesmo tempo,
com o problema de tornarem-se quebradiços, o que
dificultava a tecelagem. A water frame, de Richard
Arkwright, em 1769, produzia fios grossos, e o fato de
ser movida a água tornava-a bastante econômica.
A spinning jenny e a water frame foram combinadas
em uma única máquina, por Samuel Crompton, em
1779, a mule. O problema foi resolvido, pois a nova in-
venção fabricava fios finos e resistentes. Entretanto,
novo desequilíbrio foi gerado, pois sobravam fios que os
O algodão foi a principal matéria-prima da Revolução Industrial Inglesa. teares manuais não conseguiam fiar.
O comércio inglês no Oriente colocou os comer- Surgiram, então, novas tentativas de aumentar a
ciantes em contato com o algodão e com o tecido feito capacidade de tecer. O mais importante invento nessa
a partir dessa planta. Essa indústria superou rapidamen- fase da industrialização surgiu no ano de 1769, quando
te a produção lanífera, em razão da abundância de plan- James Watt inventou a máquina a vapor a partir das ex-
tações, tanto no Oriente quanto nos Estados Unidos, periências desenvolvidas anteriormente por Newcomen.
então colônia da Inglaterra. Além disso, não havia nenhu- Finalmente, em 1785, Edmund Cartwright inventou o
ma legislação impedindo a expansão dessa indústria, tear mecânico.
como aconteceu com a fabricação de tecidos de lã. Foi, A necessidade de construção de máquinas de me-
portanto, na maquinofatura do algodão que se concen- tal, em substituição às de madeira, estimulou a
traram os esforços dos empresários industriais. metalurgia do ferro e do aço, que por sua vez não
poderiam desenvolver-se sem os progressos na técnica
Lanífero: referente a lã; que produz lã. de produzir carvão.
6. Cronologia
1694 – Fundação do Banco da Inglaterra.
1733 – Invenção da lançadeira volante, por John Kay.
1760-1850 – Primeira Revolução Industrial.
1764 – Invenção da spinning jenny, por James Hargreaves.
1768 – James Watt inventa a máquina a vapor.
1769 – Invenção da water frame, por Richard Arkwright.
1779 – Invenção da mule, por Samuel Crompton.
1785 – Edmund Cartwright inventa o tear mecânico.
86 HISTÓRIA
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A mecanização foi extremamente importante para acelerar o processo As estradas de ferro diminuíram o tempo de percurso dos produtos.
produtivo.
Exercícios Resolvidos
HISTÓRIA 87
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Exercícios Propostos
O que foi a Revolução Industrial? Entre os fatores que fizeram da Inglaterra o berço propício
à eclosão da Revolução Industrial, podemos citar, exceto:
RESOLUÇÃO: a) as condições sociais e políticas favoráveis da época;
Foi a fase da História na qual a produção começou a ser realizada b) a criação do Banco da Inglaterra, permitindo que a Nação se
por máquinas, substituindo o trabalho do homem e acelerando o
processo produtivo. Nela, inicia-se a supremacia do capital
tornasse o maior centro capitalista da época;
industrial sob o capital comercial. c) o sistema corporativo, que não chegara a se enraizar desde
a Idade Média;
d) a supremacia naval inglesa, que assegurava o controle das
rotas de distribuição de mercadorias;
e) o absolutismo monárquico, essencial para o desenvolvimen-
to das atividades industriais.
RESOLUÇÃO:
O absolutismo já fora superado pela monarquia parlamentarista,
que criou um Estado favorável ao desenvolvimento econômico.
RESOLUÇÃO:
Porque a Inglaterra possuía capital acumulado, mão de obra
abundante e barata, Banco da Inglaterra, religião puritana,
burguesia no poder, máquinas, mercados consumidores,
matérias-primas, carvão e ferro etc.
RESOLUÇÃO:
O texto mencionado refere-se a uma situação anterior à
Revolução Industrial, que começou na Inglaterra por volta de
1760. Trata-se, portanto, do chamado sistema doméstico de
produção, que aliás coexistiu na época com o sistema das
manufaturas (mencionado na alternativa a, mas que não está
descrito no texto).
Resposta: D
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HIST2M117
88 HISTÓRIA
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”Homens da Inglaterra, por que arar para os ”A prosperidade induzida pela emergência das
senhores que vos mantêm na miséria? máquinas de tear escondia uma acentuada
Por que tecer com esforços e cuidado as ricas roupas que perda de prestígio. Foi nessa idade de ouro que os artesãos, ou
vossos tiranos vestem? os tecelões temporários, passaram a ser denominados, de
Por que alimentar, vestir e poupar do berço até o túmulo esses modo genérico, tecelões de teares manuais. Exceto em alguns
parasitas ingratos que exploram vosso suor — ah, que bebem ramos especializados, os velhos artesãos foram colocados lado
vosso sangue?” a lado com novos imigrantes, enquanto pequenos fazendeiros-
tecelões abandonaram suas pequenas propriedades para se
(Shelley. Os homens da Inglaterra. Apud L. Huberman. História da concentrar na atividade de tecer. Reduzidos à completa
Riqueza do Homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.)
dependência dos teares mecanizados ou dos fornecedores de
A análise do trecho permite identificar que o poeta romântico matéria-prima, os tecelões ficaram expostos a sucessivas
Shelley (1792-1822) registrou uma contradição nas condições reduções dos rendimentos.”
socioeconômicas da nascente classe trabalhadora inglesa (E. P. Thompson. The making of the english working class.
durante a Revolução Industrial. Tal contradição está identificada Harmondsworth. Penguin Books, 1979. Adaptado.)
a) na pobreza dos empregados, que estava dissociada da
riqueza dos patrões. Com a mudança tecnológica ocorrida durante a Revolução
b) no salário dos operários, que era proporcional aos seus Industrial, a forma de trabalhar alterou-se porque
esforços nas indústrias. a) a invenção do tear propiciou o surgimento de novas
c) na burguesia, que tinha seus negócios financiados pelo relações sociais.
proletariado. b) os tecelões mais hábeis prevaleceram sobre os inexpe-
d) no trabalho, que era considerado uma garantia de liberdade. rientes.
e) na riqueza, que não era usufruída por aqueles que a c) os novos teares exigiam treinamento especializado para
produziam. serem operados.
d) os artesãos, no período anterior, combinavam a tecelagem
RESOLUÇÃO: com o cultivo de subsistência.
O poeta Percy Shelley, amigo de Byron, mostra-se sensível às
mazelas do “capitalismo selvagem” presente na Revolução Indus-
e) os trabalhadores não especializados se apropriaram dos
trial Inglesa, embora ele próprio pertencesse à camada lugares dos antigos artesãos nas fábricas.
dominante. Todavia, sua visão é sobretudo emocional, embora
possamos associá-la às críticas formuladas na época pelos RESOLUÇÃO:
primeiros socialistas utópicos. Com o advento dos teares a vapor, os artesãos-tecelões e os
Resposta: E pequenos produtores independentes de lã, incapazes de concorrer
com a nova produção industrial, viram-se compelidos a trabalhar
nas fábricas têxteis em condições análogas às dos operários não
qualificados – inserindo-se nas relações de trabalho capitalistas
pelo viés da subordinação ao capitalismo selvagem.
Obs.: O gabarito oficial considera correta a alternativa d, embora
o texto transcrito não dê a entender que os “pequenos fazen-
deiros-tecelões” tivessem uma produção de subsistência (por que
eles não poderiam se dedicar, por exemplo, à pequena criação de
ovelhas?). Ademais, a alternativa d desconsidera os “velhos
artesãos”, que certamente não se confundiam com os “pequenos
fazendeiros-tecelões”. Seria preferível, portanto, a alternativa a.
Resposta: A
HISTÓRIA 89
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90 HISTÓRIA
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4. Cronologia
1760-1850 – Primeira fase da Revolução Industrial.
1769 – Destruição de máquinas e fábricas na
Inglaterra.
1797 – Lei Speenhamland garantia a subsistên-
cia mínima ao homem que não fosse
capaz de se sustentar.
1799 – Proibição das trade unions.
1811 – Movimento ludista criado por Ned Ludd.
1830 – Movimentos swing e cartista. A abertura de redes de canais e rios e as ferrovias surgiram como
1850-1900 – Segunda fase da Revolução Industrial. necessidade de uma economia industrial.
Exercícios Resolvidos
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HISTÓRIA 91
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Exercícios Propostos
Quais as mudanças ocorridas com a Revolução Industrial? “(...) Quando chegávamos a Bolton (...) encontramos no
caminho várias centenas de homens. Creio que eram
RESOLUÇÃO: aproximadamente uns quinhentos; e como perguntássemos a
Separação definitiva entre capital e trabalho, divisão do trabalho, um dentre eles por que se encontravam reunidos em tão
trabalho alienado, surgimento do proletariado, divisão da
sociedade em classes, destruição progressiva da natureza,
grande número, responderam-nos que iam destruir as
desenvolvimento das ideias liberais que conduziriam à Crise do máquinas e que fariam o mesmo em todo o país (...).”
Sistema Colonial. (Carta do industrial inglês Wedgwood a Thomas Bentley, 1769.)
92 HISTÓRIA
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“…Um operário desenrola o arame, o outro o ”A poluição e outras ofensas ambientais ainda
endireita, um terceiro corta, um quarto o afia não tinham esse nome, mas já eram
nas pontas para a colocação da cabeça do alfinete; para fazer a largamente notadas no século XIX, nas grandes cidades
cabeça do alfinete requerem-se 3 ou 4 operações diferentes; inglesas e continentais. E a própria chegada ao campo das
…” estradas de ferro suscitou protestos. A reação antimaquinista,
(Adam Smith. A riqueza das nações: investigação sobre a sua protagonizada pelos diversos luddismos, antecipa a batalha
natureza e suas causas. v. I. São Paulo: Nova Cultural, 1985.) atual dos ambientalistas. Esse era, então, o combate social
contra os miasmas urbanos.”
(M. Santos. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e
emoção. São Paulo: Edusp, 2002. Adaptado.)
HISTÓRIA 93
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Iluminismo e Palavras-chave:
• Racionalismo = luz
• Antiabsolutismo
3 Despotismo Esclarecido • Anticlericalismo • Três poderes
• Vontade da maioria
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HISTÓRIA 95
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96 HISTÓRIA
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5. Cronologia
1734 – Publicação de Cartas Inglesas, de Voltaire.
1748 – Publicação de O Espírito das Leis, de Montesquieu.
1751-72 – Publicação da Enciclopédia, dirigida por Diderot e D’Alembert.
1762 – Publicação de O Contrato Social, de Rousseau.
HISTÓRIA 97
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Exercícios Resolvidos
Exercícios Propostos
No século XVIII, o que propunham os filósofos iluministas O que distinguia Rousseau dos demais filósofos do perío-
em relação às estruturas política e social dominantes na Europa do da Ilustração era
Ocidental? a) sua defesa dos chamados direitos naturais.
b) seus ataques à burguesia e, em especial, à propriedade.
RESOLUÇÃO: c) seu apoio ao despotismo esclarecido.
Política: o fim da concentração do poder nas mãos do rei. d) sua descrença na soberania popular.
Sociedade: a organização da sociedade com base no critério
econômico.
e) suas críticas ao absolutismo e à economia liberal.
RESOLUÇÃO:
Rousseau foi o único a falar em “vontade da maioria”, o que,
evidentemente, não se referia à burguesia.
Resposta: B
“Embora discordassem muito entre si, os filósofos aplica-
vam o método de Descartes, baseado na razão e no espírito
crítico à política e à religião, exaltando a razão e o progresso em
oposição à tradição.”
RESOLUÇÃO:
A racionalidade como base do processo de produção do saber.
98 HISTÓRIA
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”Para que não haja abuso, é preciso organizar Texto para as questões e .
as coisas de maneira que o poder seja contido
pelo poder. Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou o O texto abaixo, de John Locke (1632-1704), revela algumas
mesmo corpo dos principais, ou dos nobres, ou do povo, características de uma determinada corrente de pensamento.
exercesse esses três poderes: o de fazer leis, o de executar as
resoluções públicas e o de julgar os crimes ou as divergências “Se o homem no estado de natureza é tão livre, conforme
dos indivíduos. Assim, criam-se os poderes Legislativo, dissemos, se é senhor absoluto da sua própria pessoa e
Executivo e Judiciário, atuando de forma independente para a posses, igual ao maior e a ninguém sujeito, por que abrirá ele
efetivação da liberdade, sendo que esta não existe se uma mão dessa liberdade, por que abandonará o seu império e
mesma pessoa ou grupo exercer os referidos poderes sujeitar-se-á ao domínio e controle de qualquer outro poder?
concomitantemente.” Ao que é óbvio responder que, embora no estado de natureza
(B. Montesquieu. Do espírito das leis. tenha tal direito, a utilização do mesmo é muito incerta e está
São Paulo: Abril Cultural, 1979. Adaptado.) constantemente exposto à invasão de terceiros porque, sendo
todos senhores tanto quanto ele, todo homem igual a ele e, na
A divisão e a independência entre os poderes são condições
maior parte, pouco observadores da equidade e da justiça, o
necessárias para que possa haver liberdade em um Estado.
proveito da propriedade que possui nesse estado é muito
Isso pode ocorrer apenas sob um modelo político em que haja
inseguro e muito arriscado. Estas circunstâncias obrigam-no a
a) exercício de tutela sobre atividades jurídicas e políticas.
abandonar uma condição que, embora livre, está cheia de
b) consagração do poder político pela autoridade religiosa.
temores e perigos constantes; e não é sem razão que procura
c) concentração do poder nas mãos de elites técnico-científicas.
de boa vontade juntar-se em sociedade com outros que estão
d) estabelecimento de limites aos atores públicos e às
já unidos, ou pretendem unir-se, para a mútua conservação da
instituições do governo.
vida, da liberdade e dos bens a que chamo de propriedade.”
e) reunião das funções de legislar, julgar e executar nas mãos
de um governante eleito. (Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991.)
RESOLUÇÃO:
Montesquieu, um dos principais filósofos da Ilustração, propôs a
tripartição de poderes como solução para o estabelecimento de
Do ponto de vista político, podemos considerar
um regime político baseado na harmonia, no equilíbrio e na o texto como uma tentativa de justificar:
independência entre o Executivo, o Legislativo e o Judiciário.
Resposta: D a) a existência do governo como um poder oriundo da natureza.
b) a origem do governo como uma propriedade do rei.
”É verdade que nas democracias o povo c) o absolutismo monárquico como uma imposição da natu-
parece fazer o que quer; mas a liberdade reza humana.
política não consiste nisso. Deve-se ter sempre presente em d) a origem do governo como uma proteção à vida, aos bens e
mente o que é independência e o que é liberdade. A liberdade aos direitos.
é o direito de fazer tudo o que as leis permitem; se um cidadão e) o poder dos governantes, colocando a liberdade individual
pudesse fazer tudo o que elas proíbem, não teria mais acima da propriedade.
liberdade, porque os outros também teriam tal poder.”
(Montesquieu. Do Espírito das Leis. RESOLUÇÃO:
São Paulo: Nova Cultural, 1997. Adaptado.) O texto do Locke compara o estado de natureza e o estado em
sociedade, ressaltando as vantagens do segundo ao afirmar que
A característica de democracia ressaltada por Montesquieu diz ele assegurava os direitos à vida, à liberdade e à propriedade.
respeito Resposta: D
a) ao status de cidadania que o indivíduo adquire ao tomar as
decisões por si mesmo.
b) ao condicionamento da liberdade dos cidadãos à
conformidade às leis.
c) à possibilidade de o cidadão participar no poder e, nesse Analisando o texto, podemos concluir que se
caso, livre da submissão às leis. trata de um pensamento:
d) ao livre-arbítrio do cidadão em relação àquilo que é proibido, a) do liberalismo.
desde que ciente das consequências. b) do socialismo utópico.
e) ao direito do cidadão de exercer sua vontade de acordo com c) do absolutismo monárquico.
seus valores pessoais. d) do socialismo científico.
RESOLUÇÃO: e) do anarquismo.
No texto, Montesquieu fala sobre a verdade democrática (que se
diferencia da liberdade política) e estabelece uma diferenciação RESOLUÇÃO:
entre independência e liberdade, com a indagação: o que é John Locke, autor do texto citado, é considerado o “Pai do
liberdade? Na sua concepção, é fazer tudo o que a lei permite: o iluminismo” e, portanto, precursor das ideias liberais que
cidadão não pode fazer aquilo que é proibido pelas leis. Portanto, caracterizaram o pensamento burguês do século XVIII.
trata-se de uma liberdade condicionada aos parâmetros legais. Resposta: A
Resposta: B
HISTÓRIA 99
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Sans-culottes: referência à população pobre de Paris que, em vez das Maçônico: pertencente à maçonaria; sociedade secreta, original-
calças tradicionais, usavam calças compridas e listradas. mente influenciada pelo iluminismo; seus membros defendiam os
Exorbitante: exagerado, grande. princípios da liberdade e igualdade; atualmente, tem finalidade predo-
Abolição: ação de acabar, pôr fim. minantemente filantrópica e fraternal.
100 HISTÓRIA
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2. A marcha da revolução
Os Estados-Gerais reuniram-se em Versalhes em
5 de maio de 1789. Foram eleitos 291 deputados para
o Primeiro Estado, 270 para o Segundo, e o Terceiro
Estado era representado por 578. Como os votos
eram por Estado social, o clero e a nobreza sempre
levavam vantagens, votando juntos contra o Terceiro
Estado, que passou a reivindicar votações individuais.
Os notáveis insistiam em voto por Estado, tendo o
apoio do rei.
O Terceiro Estado, revoltado com a situação,
reuniu-se separadamente na sala de jogo da pela, em
20 de junho, tendo jurado não se dispersar enquanto o
rei não aceitasse uma Constituição que limitasse seus
poderes.
A Assembleia dos Estados-Gerais, Parlamento francês que reunia represen-
Luís XVI cedeu, mandando o clero e a nobreza se tantes do clero, da nobreza e do Terceiro Estado.
juntarem ao Terceiro Estado, surgindo assim a Assem-
bleia Nacional Constituinte. O rei queria ganhar tempo, pois pretendia juntar tropas para dispersar a Assembleia. Os
produtos alimentícios começavam a faltar, surgindo revoltas nas cidades e nos campos. Em julho de 1789, o Terceiro
Estado era muito temido.
A reunião de tropas próximas a Paris e a demissão de Necker provocaram a insurreição. No dia 14 de julho, a
Bastilha, símbolo da tirania, onde eram mantidos os presos políticos, foi tomada. Não era uma simples revolta, como
acreditava o rei Luís XVI. Era a própria revolução!
Luís XVI visitou Paris, tentando acalmar a situação. Nas províncias, entretanto, o movimento se alastrava. Os
camponeses rebelavam-se contra os senhores. Tanto a nobreza e o clero quanto o Terceiro Estado temiam pelo que pu-
desse acontecer.
Assim, devido à pressão criada pela Revolta Camponesa (4 de agosto de 1789), aboliram-se os direitos feudais. No
dia 26 do mesmo mês, foi aprovada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Os pontos básicos eram
liberdade, igualdade, inviolabilidade da propriedade e direito de resistir à opressão.
Como Luís XVI se recusou a sancionar estes últimos decretos, o povo de Paris, a comuna, marchou em direção
ao Palácio de Versalhes e trouxe o rei para a cidade, a fim de ratificar as decisões da Assembleia Nacional Constituinte.
Pela: bola utilizada pela nobreza para jogar em uma sala reservada para essa finalidade.
Sancionar: dar sanção a; confirmar, aprovar, ratificar.
Comuna: população que faz parte da menor subdivisão administrativa do território francês.
Tábua contendo os dezessete artigos da Luís XVI, monarca absolutista que foi guilhotinado Maria Antonieta, esposa de Luís XVI.
Declaração dos Direitos do Homem e do em 1793 durante a Revolução Francesa.
Cidadão.
HISTÓRIA 101
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Em 1790, com a Constituição Civil do Clero, os bens A Igreja foi reorganizada. Não tendo mais rendas de-
eclesiásticos foram confiscados, servindo de lastro para rivadas das propriedades, o sustento teria de ser ga-
a emissão dos assignats. rantido pelo Estado. O clero foi transformado em uma
A Constituição ficou pronta em setembro de 1791 e instituição civil, mantida por salários pagos pelo Estado.
modificou completamente a organização social e admi- Tanto o papa quanto a maior parte da Igreja da França
nistrativa da França. rejeitaram a medida.
A administração foi modificada. A França passou a
3. As primeiras mudanças ser dividida em departamentos, distritos, cantões e co-
munas. Cada uma dessas regiões seria administrada por
A França passava a ser uma monarquia constitucio- assembleias eletivas locais. Os juízes eram igualmente
nal. O Poder Executivo caberia ao rei, e o Legislativo, à eleitos no local.
Assembleia, que passaria a funcionar regularmente. O
poder seria dividido entre esses dois órgãos. A
monarquia continuaria hereditária e a Assembleia seria Lastro: depósito em ouro que serve de garantia ao papel-moeda.
composta por deputados, com mandatos de dois anos. Assignats: moeda emitida durante a Revolução Francesa.
Os eleitores precisavam ter uma riqueza mínima para Cantões: Divisão administrativa de um país, equivalente a Estados no
exercer o direito de voto, o que dava um caráter burguês Brasil.
a essa primeira fase revolucionária.
Luís XVI negou-se a aceitar es-
sa Constituição, sendo, porém,
obrigado a assinar o documento
em julho de 1791. No dia 20 de
junho, o rei tentou fugir da França
para dar início a uma contrarrevo-
lução de fora do país. Foi preso em
Varennes e reconduzido a Paris.
A obra da Constituição foi
valiosa. Completou a abolição do
feudalismo, suprimindo as antigas
ordens sociais, e estabeleceu a
igualdade civil. A escravidão so-
mente foi mantida nas colônias.
Os direitos eram iguais no que
dizia respeito ao exercício de
cargos públicos.
Os bens da Igreja foram nacio-
nalizados com vistas a pagar os
débitos públicos que se tinham
agravado durante a revolução. As
terras foram vendidas à burguesia
e aos proprietários camponeses.
Alguns trabalhadores rurais tam-
bém estavam em condições de A tomada da Bastilha, prisão francesa que simbolizava o absolutismo.
adquirir terras.
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102 HISTÓRIA
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Exercícios Resolvidos
(PUC-SP – MODELO ENEM) – “(...) a
população, – liderando assim uma restau-
ração do Antigo Regime.
revolução que não se radicaliza morre
d) as vanguardas operário-camponesas colo-
melancolicamente, como a burguesa. A rigor,
caram-se ao lado da burguesia, pois tinham
uma só revolução existe, a que se deflagrou
claro que suas reivindicações somente al-
em 1789: enquanto viveu, ela quis expandir-se,
cançariam um patamar de consequência nu-
e, assim, a República Francesa se considerou
ma sociedade em que as relações burgue-
e tentou universal - até o momento em que a
sas de produção já estivessem desen-
pretensão de libertar o mundo se converteu na
A esse respeito, é correto afirmar que: volvidas.
a) a França era estruturada em uma socie- de anexá-lo, em que os ideais republicanos se
e) os resultados políticos das sucessivas
dade estamental, dividida em três Estados, reduziram ao imperialismo bonapartista.”
convulsões sociais geradas nos quadros da
sendo o Terceiro Estado composto, desde (Renato Janine Ribeiro. A última razão dos
crise do estado monárquico francês foram,
a alta burguesia até as camadas populares, reis. São Paulo: Cia. das Letras, 1993.)
ao final, capitalizados pela burguesia, que
incidindo sobre estas todas as tributações.
O motivo pelo qual o conjunto de mudanças pôde assim dar início à viabilização de seus
b) apesar de a França ter uma sociedade divi-
políticas que resultou na implantação do regi- interesses políticos e econômicos.
dida em estamentos, não havia conflitos de
me republicano na França, no século XVIII, Resolução
classes, pois a Igreja, por meio da teoria do
pode, genericamente, ser classificado como Apesar de o texto não contribuir para a escolha
direito divino, garantia a imobilidade social.
uma revolução burguesa é o fato de que nesse da alternativa correta, a Francesa é consi-
c) o povo permanecia obediente ao seu
processo derada a maior dentre as revoluções burgue-
monarca, havendo o respaldo da Igreja, que
a) a estrutura social francesa viu-se reduzida a sas devido a sua radicalização e à abrangência
doutrinava seus fiéis a se submeterem à
vontade de Deus, que apoiava uma uma polarização entre o bloco de apoio ao de suas ideias.
estrutura social hierarquizada. antigo regime – no qual se encontravam a Resposta: E
Exercícios Propostos
Como se dividia a sociedade francesa às vésperas da O principal ato revolucionário que iniciaria todo o processo
Revolução de 1789? da Revolução Francesa de 1789 consistiu na
a) proclamação do Terceiro Estado em Assembleia Nacional,
RESOLUÇÃO: para fins de elaborar uma Constituição.
Em Estados-Gerais, sendo:
Primeiro Estado – clero;
b) abolição oficial da realeza e implantação da República pela
Segundo Estado – nobreza; Convenção Nacional.
Terceiro Estado – burguesia e povo (servos, camponeses e artesãos). c) estruturação de duas Câmaras – o Conselho dos Quinhen-
tos e o dos Anciãos – para eliminar o autoritarismo monár-
quico.
d) aprovação pelos Estados-Gerais da “Declaração dos Direi-
Qual a relação entre a independência dos Estados Unidos tos do Homem e do Cidadão”.
e a Revolução Francesa? e) publicação das obras dos filósofos iluministas, especialmen-
te as de Voltaire.
RESOLUÇÃO:
O apoio da França à independência dos EUA agravou a situação
do seu erário, levando o rei Luís XVI a convocar os Estados-Gerais. RESOLUÇÃO:
O Terceiro Estado se revolta com a manipulação do sistema de
votação, durante a Assembleia dos Estados-Gerais.
Resposta: A
HISTÓRIA 103
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104 HISTÓRIA
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HISTÓRIA 105
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Georges Jacques Danton (lado esquerdo), líder da fase radical da Revolução, que disputou com Maximilien François Marie Isidore de
Robespierre (no centro) o destino do governo montanhês. Tudo isso depois do assassinato de Marat por uma girondina.
membros eleitos por cinco anos, sendo substituído um enfraquecê-la tomando posse do Egito, cortando assim
dos diretores a cada ano. O Poder Legislativo era o comércio inglês com o Oriente. A vitória do Almirante
exercido por duas câmaras, eleitas por três anos e com Nelson, em Abukir, em 16 de agosto de 1798, sobre a
renovação de 1/3 de seus componentes a cada ano. A esquadra francesa, pôs os planos a perder.
organização administrativa estabelecida pela Constituição Nova coligação foi retomada contra a França:
de 1791 foi mantida, sendo abolidos apenas os distritos. Áustria, Rússia, Turquia e Inglaterra constituíram pode-
Muito provavelmente, esse regime republicano diri- roso adversário. Napoleão voltou à França, em 1798,
gido pela burguesia se consolidaria caso não continuas- para explorar politicamente seu prestígio militar. A inca-
sem as guerras externas. Estas deturparam as relações pacidade do Diretório em conter as revoltas, tanto das
entre o Diretório e o Conselho Legislativo. Os golpes baixas camadas quanto da aristocracia, criou condições
políticos sucederam-se. para que o jovem corso assumisse o poder com o apoio
O Diretório discutia nova Constituição, enquanto do exército e da burguesia.
explodia o terror branco no sul e no oeste do país: era a Em 9 de novembro de 1799, Napoleão desfechou o
contrarrevolução dos realistas (partidários da realeza). Golpe de 18 Brumário, destituindo o Diretório.
Estes tentaram tomar o poder em Paris, mas foram ba-
tidos por um jovem oficial, Napoleão, em 5 de outubro
de 1795. Em 4 de setembro de 1797, os realistas foram 4. Cronologia
retirados do Diretório e do Conselho.
1793 – Início da Convenção, dominada pelos
O exército francês ocupou o Reno e a Holanda,
impondo a paz aos seus adversários: Prússia e Espanha. Jacobinos.
Depois penetrou na Itália, em 1796, e forçou a paz de – Oficialização da República, morte do rei Luís
Campo Fórmio com a Áustria em 1797. XVI e segunda Constituição.
As ideias revolucionárias continuaram a ser dis- – Terror contra os inimigos da revolução.
seminadas. Os diretores haviam herdado a ideia girondi-
1794 – Deposição de Robespierre.
na de espalhar a revolução pela Europa. Por esse motivo,
as tropas francesas dominaram os Estados da Igreja e a 1795 – Regime do Diretório – ter-ceira Constituição.
Suíça, fundando repúblicas. – Conspiração dos Iguais.
Dentre os adversários, o mais inatingível era a Ingla- 1797 – Paz de Campo Fórmio.
terra. A sua insularidade, aliada à força naval que pos- 1799 – Golpe de 18 Brumário, de Napoleão.
suía, tornavam-na quase inexpugnável. Napoleão tentou
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Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO (www.objetivo.br) e, em “localizar”, digite HIST2M121
106 HISTÓRIA
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? Saiba mais
Mas não foi ele o inventor des-
se aparelho de cortar cabeças,
“A guilhotina é um instrumento utilizado para aplicar
usado muitos séculos antes.
a pena de morte por decapitação.
Guillotin, na verdade, apenas su-
O aparelho é constituído de uma grande armação reta
geriu sua volta na Revolução Fran-
(aproximadamente 4 m de altura) à qual é suspensa uma
cesa como eficiente método de
lâmina triangular pesada (cerca de 40 kg). A lâmina é
execução humana. O aparelho
guiada à parte superior da armação por uma corda e fica
serviu para decapitar 2.794 ‘ini-
mantida no alto até que a cabeça do condenado seja
migos da Revolução’ em Paris.
colocada sobre uma barra que a impede de se mover. Em
seguida, a corda é liberada e a lâmina cai de uma distância
de 2,3 metros, seccionando o pescoço da vítima. (As Joseph-Ignace Guillotin.
medidas e peso indicados são os das normas francesas). O médico Joseph-Ignace Guillotin não morreu guilho-
O aparelho recebeu esse nome em homenagem ao tinado, ao contrário do que muitos acreditam.
médico e deputado Joseph-Ignace Guillotin (1738-1814), No primeiro projeto de guilhotina havia uma lâmina
que considerava esse método de execução mais humano horizontal. Foi o doutor Louis, célebre cirurgião da época,
do que o enforcamento ou a decapitação com um ma- que preconizou, em um relatório entregue em 7 de março
chado. Na realidade, a agonia do enforcado podia ser de 1792, a construção de um aparelho com lâmina
longa, e certas decapitações a machado não cumpriam oblíqua, única maneira de matar todos os condenados
seu papel ao primeiro golpe, o que aumentava conside- com precisão e rapidez, o que era impossível com uma
ravelmente o sofrimento da vítima. Guillotin estimava que lâmina horizontal.”
a instantaneidade da punição era a condição necessária e (Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Guilhotina e
absoluta de uma morte decente. Joseph-Ignace_Guillotin>. Adaptado.)
Exercícios Resolvidos
(UNESP – MODELO ENEM) – “...a Revo- dos) com um desdobramento muito mais
amplo, que se estendeu ao longo do século XIX
vitória definitiva sobre os entraves que re-
lução de 1789 não fez nada pelo operário: o presentava ao desenvolvimento socioeconô-
(liberalismo econômico). Aliás, convém lembrar mico da burguesia, a estrutura de proprieda-
camponês ganhou a terra, o operário está mais
que o Estado Francês, durante a Revolução e a
infeliz que outrora e os monarquistas têm de e de direitos feudais do Ancien Régime.
Era Napoleônica, tendeu muito mais para o
razão quando afirmam que as antigas Corpo- II. A condução do processo revolucionário
intervencionismo do que para o liberalismo.
rações [de Ofício] protegiam melhor o trabalha- pelos membros da alta burguesia, após o
Resposta: A
dor do que o regime atual.” “golpe do termidor” (1794), assegurou-lhes
(Jornal Le Matin, 7 mar. 1885.)
(MACKENZIE – MODELO ENEM) – “(...) a efetivação do projeto político de sua
pode não ter sido um fenômeno isolado, mas classe em oposição ao projeto radical dos
Com tal declaração, o escritor francês Émile
Zola fazia um balanço dos efeitos sociais da foi muito mais fundamental do que os outros representantes da pequena burguesia e
Revolução de 1789, referindo-se fenômenos contemporâneos, e suas conse- das camadas populares.
a) aos confiscos dos bens dos nobres france- quências foram mais profundas. Em primeiro III. A influência internacional que a revolução
ses emigrados e à política liberal implemen- lugar, ela se deu no mais populoso e poderoso exerceu se deveu a ter sido ela um modelo
tada pelo Estado. Estado da Europa (não considerando a Rússia). histórico bem-sucedido de coletivização da
b) à baixa participação dos trabalhadores Em 1789, cerca de um em cada cinco euro- propriedade das terras, de estatização dos
urbanos nas lutas sociais na França do final peus era francês. Em segundo lugar, ela foi, meios de produção e de estabilização
do século XIX. diferentemente de todas as revoluções que a política por meio do regime de partido único.
c) ao apoio dos operários ao projeto de Res- precederam e a seguiram, uma revolução
tauração do absolutismo francês, como ga- social de massa, e incomensuravelmente mais Assinale
rantia de melhoria social. radical do que qualquer levante comparável. a) se apenas I é correta.
d) à liderança política dos camponeses fran- (...) Em terceiro lugar, entre todas as b) se apenas II é correta.
ceses nas revoluções socialistas e comu- revoluções, (...) foi a única ecumênica. Seus c) se apenas a III é correta.
nistas do século XIX. exércitos partiram para revolucionar o mundo; d) se apenas I e II são corretas.
e) à política de bem-estar social instituída pelo suas ideias de fato o revolucionaram.” e) se I, II e III são corretas.
Partido Social Democrata francês ao longo Resolução
(Eric Hobsbawm. A era das revoluções.)
do século XIX. A proposição III é incorreta, porque o projeto bur-
Resolução A respeito do momento histórico a que se re- guês concretizado na Revolução Francesa pres-
Alternativa escolhida por eliminação, já que fere o trecho dado, afirma-se que: supunha a manutenção da propriedade privada.
combina uma medida conjuntural da Revolu- I. Inspirada nos princípios de liberdade, igual- Resposta: D
ção Francesa (confisco dos bens dos emigra- dade e fraternidade, a revolução significou a
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Exercícios Propostos
O que foi o Edito do Máximo? “Na Convenção, dominada pelos thermidorianos, suprimi-
ram-se a Comuna de Paris, o clube Jacobino, a legislação social
RESOLUÇÃO: avançada. Restabeleceu-se a liberdade econômica. Esvaziou-se
Foi uma lei publicada pelo governo popular, a qual tabelava e o caráter de exceção dos órgãos do Governo Revolucionário e
congelava os salários e os preços dos alimentos na França.
elaborou-se uma nova Constituição, a do Ano III (1795 a 1799).”
RESOLUÇÃO:
Como um governo conservador burguês e contrarrevolucionário.
RESOLUÇÃO:
Era o comitê eleito pela convenção e executava a política interna,
segundo a pressão exercida pelo dono da comuna de Paris.
108 HISTÓRIA
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(FUVEST – MODELO ENEM) – “Mesmo se o alvo per- Algumas transformações que antecederam a
seguido não tivesse sido alcançado, mesmo se a constituição Revolução Francesa podem ser exemplificadas
por fim fracassasse, ou se voltasse progressivamente ao pela mudança de significado da palavra “restaurante”. Desde o
Antigo Regime, ... tal acontecimento é por demais imenso, por final da Idade Média, a palavra restaurant designava caldos
demais identificado aos interesses da humanidade, tem ricos, com carne de aves e de boi, legumes, raízes e ervas. Em
demasiada influência sobre todas as partes do mundo para que 1765 surgiu, em Paris, um local onde se vendiam esses caldos,
os povos, em outras circunstâncias, dele não se lembrem e usados para restaurar as forças dos trabalhadores. Nos anos
não sejam levados a recomeçar a experiência.” que precederam a Revolução, em 1789, multiplicaram-se
(Kant. O conflito das faculdades, 1798.)
diversos restaurateurs, que serviam pratos requintados,
descritos em páginas emolduradas e servidos não mais em
O texto trata
mesas coletivas e malcuidadas, mas individuais e com toalhas
a) do iluminismo e do avanço irreversível do conhecimento
limpas. Com a Revolução, cozinheiros da corte e da nobreza
filosófico; revelando-se falso nos seus prognósticos sobre o
perderam seus patrões, refugiados no exterior ou
futuro político-constitucional.
guilhotinados, e abriram seus restaurantes por conta própria.
b) do retorno do Antigo Regime, na Europa, depois do fracas-
Apenas em 1835, o Dicionário da Academia Francesa oficializou
so da Revolução Francesa, revelando-se incapaz de
a utilização da palavra restaurante com o sentido atual.
vislumbrar o futuro da história.
c) da Revolução Francesa, dos seus desdobramentos políticos
A mudança do significado da palavra restaurante ilustra
e constitucionais, revelando a clarividência do autor sobre
a) a ascensão das classes populares aos mesmos padrões de
sua importância e seu futuro.
vida da burguesia e da nobreza.
d) da Revolução Inglesa, do impacto que causou no mundo,
b) a apropriação e a transformação, pela burguesia, de hábitos
com seus princípios liberais e constitucionais, revelando-se
populares e dos valores da nobreza.
profético sobre seu futuro.
c) a incorporação e a transformação, pela nobreza, dos ideais
e) do despotismo ilustrado, dos seus princípios filosóficos e
e da visão de mundo da burguesia.
constitucionais e de seu impacto na política europeia, reve-
d) a consolidação das práticas coletivas e dos ideais
lando caráter premonitório.
revolucionários, cujas origens remontam à Idade Média.
RESOLUÇÃO: e) a institucionalização, pela nobreza, de práticas coletivas e de
Os ideais da Revolução Francesa espalharam-se pela Europa e por uma visão de mundo igualitária.
todo o mundo, contaminando-o com seus princípios de Liberdade,
Igualdade e Fraternidade. Por esse motivo, a Revolução Francesa é RESOLUÇÃO:
considerada o marco inicial da Idade Contemporânea. Interessante questão que aborda um aspecto sociocultural
Resposta: C significativo da Revolução Francesa: a ascensão da burguesia,
ocupando o espaço de camada dominante até então preenchido
pela nobreza. Visando legitimar sua nova posição, os burgueses
procuraram incorporar hábitos e atitudes de refinamento até
então privativos dos aristocratas; mas, simultaneamente, ado-
taram costumes populares que se lhe afiguravam convenientes,
como a preparação de refeições nutritivas, com uma apresentação
mais atraente.
Resposta: B
HISTÓRIA 109
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Palavras-chave:
3. O Império Napoleônico
Os ideais revolucionários que emergiram na França
atingiam agora a Europa. Apesar de ser um país liberal, a
Inglaterra estimulava a formação de coligações contra a
França, esperando conquistar-lhes os mercados e as
colônias. Em 1800, a vitória dos franceses em Marengo,
Jacques-Louis David (1748-1825), A coroação do imperador Napoleão sobre a Áustria, transformou a Itália – com exceção de
Bonaparte, na Catedral de Notre-Dame, quando Napoleão tomou a Veneza – em domínio napoleônico, sendo assinada a paz
coroa do papa Pio VII e colocou-a sobre a própria cabeça. com a Inglaterra em Amiens.
Em 1802, sua grande popularidade permitiu subme- Em 1805, Inglaterra, Rússia e Áustria formaram uma
ter a reforma constitucional a um plebiscito, cuja carac- nova coligação. Apesar da vitória napoleônica em Ulm e
terística principal era o primeiro cônsul exercer um Austerlitz, a esquadra francesa foi derrotada em
mandato vitalício, podendo designar o seu sucessor. Daí Trafalgar, pelo almirante inglês Nelson, frustrando
em diante, uma nova Constituição legalizou a instituição Napoleão e o dissuadindo de invadir a Inglaterra.
do Império, sendo Napoleão Bonaparte coroado impera- Após derrotar a nova coligação, em 1806 Napoleão
dor em dezembro de 1804. dissolveu o Sacro Império Romano-Germânico, fundan-
do a Confederação do Reno. No mesmo ano, após der-
2. As realizações napoleônicas rotar a Prússia, decretou o Bloqueio Continental contra a
Inglaterra. Tratava-se de um projeto que tinha por
Apesar de ter instaurado na França um governo con-
tra o qual lutara a Revolução, para a grande maioria do finalidade asfixiar o poderio econômico inglês na Europa,
povo Napoleão representou os ideais nacionais e particu- proibindo o comércio e a escala de navios britânicos nos
lares de tranquilidade e prosperidade, conservando algu- portos aliados.
mas reformas da Revolução. Além disso, em razão dos Foi para manter o bloqueio que se fez a invasão de
estímulos concedidos ao comércio e à indústria, recebeu Portugal e Espanha. A família real portuguesa, fugindo à
também o apoio da burguesia. invasão francesa, refugiou-se no Brasil. Em seguida,
A obra napoleônica foi bastante expressiva e a con- José Bonaparte, irmão de Napoleão, foi colocado como
rei do trono espanhol, provocando forte reação popular
Plebiscito: resolução submetida à apreciação do povo. na Espanha.
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Exercícios Resolvidos
HISTÓRIA 111
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Exercícios Propostos
Cite as etapas do governo de Napoleão Bonaparte na “6 de abril de 1814. As potências aliadas tendo proclamado
França. que o Imperador Napoleão era o único obstáculo ao restabe-
lecimento da paz na Europa, o Imperador, fiel ao seu juramen-
RESOLUÇÃO:
to, declara que renuncia por si e por seus herdeiros aos tronos
• Consulado.
• Império. da França e da Itália e que não há sacrifício algum pessoal, até
• Cem Dias. o da própria vida, que não esteja pronto a fazer, pelos interes-
ses da França.”
RESOLUÇÃO:
O interesse de Napoleão era impedir a Europa de consumir
produtos ingleses, deixando os britânicos sem mercado.
Resposta: A
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Palavras-chave:
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várias oportunidades desde sua criação. Uma associação A supressão dessas duas revoltas liberais pode ser
de estudantes na Alemanha provocou distúrbios por considerada o último êxito da Santa Aliança. Com efeito,
ocasião da comemoração do terceiro centenário da Re- por volta de 1830, seu poder efetivo havia desaparecido.
forma Protestante de Lutero. Os Congressos de A rebelião dos gregos contra os turcos e a independên-
Carisbad e de Viena (1819-1820) organizaram uma vio- cia das colônias latino-americanas não foram abafadas
lenta repressão, impondo vigilância às universidades, pela Santa Aliança, o que a enfraqueceu. No caso da
combates às sociedades secretas de caráter nacionalista América Latina, os interesses da Grã-Bretanha tiveram
e censura aos jornais. um papel relevante, pois a independência das colônias
As posições liberais de certos militares da Espanha significava para os ingleses a abertura de mercados e o
e do Reino das Duas Sicílias provocaram revoluções que surgimento de novas áreas de influência política. Por
resultaram na imposição de Constituições a seus respec- este motivo, tão logo a Santa Aliança começou a cogitar
tivos soberanos: Fernando VII, da Espanha, e Fernando I, a adoção de medidas contra as colônias rebeladas, a
do Reino das Duas Sicílias. Esses monarcas, porém, Grã-Bretanha passou a defender o princípio da não
apelaram para a Santa Aliança, que nos Congressos de intervenção, colocando-se, na prática, ao lado dos movi-
Troppau (1820) e Laybach (1821) decidiu sobre a inter- mentos emancipacionistas. Essa ruptura se oficializou
venção da Áustria nas Duas Sicílias para restaurar o com a saída dos ingleses da Santa Aliança, que na época
absolutismo. Quanto à Espanha, o Congresso de Verona fora rebatizada como Quíntupla Aliança.
(1822) resolveu que caberia à França a missão de orga- Princípio da não intervenção: princípio segundo o qual a Santa
nizar a intervenção restauradora, o que foi executado sob Aliança não teria o direito de intervir nos movimentos de indepen-
o comando do duque de Angoulême. dência que estavam ocorrendo na América.
3. Cronologia
1814 – Abdicação de Napoleão e retiro em Elba.
– Reunião do Congresso de Viena.
1815 – Governo dos Cem Dias, derrota em
Waterloo e prisão em Santa Helena.
– Derrota definitiva de Napoleão Bonaparte.
– Formação da Santa Aliança.
1818 – Primeira reunião da Santa Aliança.
Charles Maurice de
Talleyrand-Périgord, mi-
nistro do Exterior No Portal Objetivo
durante o governo de
Napoleão e Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL
representante da OBJETIVO (www.objetivo.br) e, em “localizar”, digite
França no Congresso HIST2M123
de Viena.
Exercícios Resolvidos
HISTÓRIA 115
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Exercícios Propostos
O que defendia o ministro francês Talleyrand no Congres- (UFPR – Adaptada – MODELO ENEM) – Utilizando o texto
so de Viena? a seguir, responda à questão.
“Em nome da Santíssima e Indivisível Trindade e conforme as
RESOLUÇÃO: palavras das Sagradas Escrituras, segundo as quais todos os
O princípio da legitimidade, segundo o qual as fronteiras homens devem ter-se como irmãos, Suas Majestades o
europeias voltariam a ser as mesmas de 1789.
Imperador da Áustria, o Rei da Prússia e o Imperador da Rússia
permanecerão unidos por laços de verdadeira e indissolúvel
fraternidade: considerando-se compatriotas, em toda ocasião e
em todo lugar, eles se prestarão assistência, ajuda e socorro.”
Como se chamou o organismo criado pelo Congresso de
Viena e o que ele pretendia? (Trechos do Art. 1.° do Tratado da Santa Aliança, citado por
R. S. L. Aquino et alii. História das sociedades: das sociedades
RESOLUÇÃO: modernas às sociedades atuais. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1979.)
Santa Aliança: exército dos reis absolutistas para reprimir os
movimentos burgueses. Considerando o exposto e a relação entre Napoleão Bonaparte
e a “Santa Aliança”, é correto afirmar:
I. Reunidos no Congresso de Viena em 1814-1815, os
vencedores de Napoleão pretendiam refazer o mapa político
europeu e restabelecer o equilíbrio político no continente
O Congresso de Viena (1814), organizado com vistas à re- europeu que existia antes da Revolução Francesa de 1789.
formulação do mapa da Europa, teve suas determinações II. A "Santa Aliança" foi um tratado idealizado pelo czar
questionadas ao longo do século XIX, porque Alexandre I da Rússia, após a derrota definitiva de Napoleão
a) deu estímulo à divulgação dos ideais defendidos pela Revo- e dos franceses, e destinava-se a implantar um sistema de
lução Francesa. intervenção nos países ameaçados por revoluções.
b) combateu o princípio da legitimidade das fronteiras ante- III. De maneira geral, as ações da "Santa Aliança" afirmavam a
riores a 1789. ascendência das forças de conservação sobre as forças de
c) reformulou as divisas da França em proveito das nações que transformação. Estas estavam presentes nas reformas
lhe eram limítrofes. introduzidas por Napoleão durante suas conquistas na
d) procurou solucionar os problemas de interesse exclusivo Europa, como a supressão dos direitos feudais e divulgação
das grandes potências. da ideia de igualdade civil.
e) manteve os territórios conquistados por Napoleão em suas IV. A conjuntura pós-napoleônica foi marcada pela ação da bur-
guerras imperialistas. guesia em prol dos ideais liberais e nacionais desencadea-
dos com a Revolução Francesa, e contra a velha ordem
RESOLUÇÃO: absolutista representada pela Europa do Congresso de
As grandes potências queriam garantir seus interesses. Viena.
Resposta: D
Assinale:
a) Se todas estiverem corretas.
b) Se todas estiverem incorretas.
c) Se apenas I e II estiverem corretas.
d) Se apenas II e III estiverem corretas.
A Santa Aliança, entendida como o braço armado do Con- e) Se apenas III e IV estiverem corretas.
gresso de Viena, propunha, em relação às colônias luso-espa-
nholas da América, RESOLUÇÃO:
a) a adoção dos princípios da Doutrina Monroe. As alternativas apresentam um resumo das características do
b) a difusão do ideário político e social da Revolução Francesa. Congresso de Viena e da Santa Aliança.
c) o apoio irrestrito a todos os movimentos nacionalistas de Resposta: A
caráter separatista.
d) o estabelecimento de um novo colonialismo que atendesse
à industrialização europeia, em franca expansão.
e) a restauração do Antigo Sistema Colonial.
RESOLUÇÃO:
A ideia era devolver à Espanha as colônias perdidas durante o
domínio napoleônico.
Resposta: E
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2. As origens do socialismo
HISTÓRIA 117
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6. Conclusão
Os socialistas tomaram parte ativa nos movimentos
revolucionários de 1848, sendo derrotados pela burgue-
sia. Isso provocou uma cisão entre os próprios socialis-
tas, surgindo daí várias tendências diferentes. Os socia-
listas reformistas acreditavam não ser necessária uma
revolução para se obter a igualdade social, pois o capita-
Esse livro lismo poderia ser melhorado. Os marxistas e os anar-
de Marx quistas pregavam o fim do capitalismo.
expõe com
mais clareza Somente em 1860 surgiu na Alemanha o primeiro
suas ideias. partido político socialista. Em 1864, realizou-se em Paris
a Primeira Internacional dos Trabalhadores, cujo objetivo
Basicamente, as ideias de Marx repousavam no
era coordenar a ação do proletariado no sentido da toma-
princípio de que a história sempre foi marcada pela
da do poder em todo o mundo. A partir de então, princi-
exploração de uma classe social por outra, daí a luta de
palmente nos países adiantados da Europa, o prole-
classes ser a mola mestra da história, dos aconteci-
tariado tomou consciência de suas necessidades e, por
mentos. A igualdade somente seria atingida se o
meios reformistas, anárquicos ou revolucionários, vem
proletariado vencesse a burguesia, impondo a ditadura
lutando por mudanças.
do proletariado; o Estado proletário se apossaria dos
bens de produção (máquinas, capital), conduzindo a
sociedade para a igualdade total – o comunismo, último
7. Cronologia
estágio da evolução histórica. 1848 – Publicação do Manifesto Comunista, de Marx
e Engels.
1852 – Instauração do Segundo Império Francês.
4 . Anarquismo 1864 – Primeira Associação Internacional dos Traba-
O francês P. J. Proudhon escreveu o livro O que é a lhadores.
propriedade? e a resposta a que chegou foi: “a proprie- 1891 – Encíclica Rerum Novarum.
dade é um roubo”. Essa frase compõe uma das mais im-
portantes afirmações desse pensamento e por isso
muitos o consideram como um pré-anarquista. Entretan-
to, os fundamentos teóricos do anarquismo foram elabo-
No Portal Objetivo
rados por dois russos: Bakunin e Kropotkin.
Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL
Anarquismo é a negação de toda e qualquer forma de OBJETIVO (www.objetivo.br) e, em “localizar”, digite
poder, portanto o Estado deve ser eliminado, bem como HIST2M124
a propriedade, que se constitui na base de todo poder.
118 HISTÓRIA
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Exercícios Resolvidos
Exercícios Propostos
Quais as bases teóricas do socialismo científico? Corrente política, desenvolvida pelos russos Bakunin e
Kropotkin, defendia que a origem de todos os males sociais,
RESOLUÇÃO: inclusive o industrialismo e o capitalismo, era a existência do
As bases eram: a Economia e a História. A partir delas, Marx Estado. Diante dessa constatação, propunha sua extinção.
formulou suas ideias: luta de classes, a Revolução Proletária e a
mais-valia. Referimo-nos ao
a) socialismo. b) anarquismo. c) liberalismo.
d) comunismo. e) totalitarismo.
RESOLUÇÃO:
O anarquismo é conhecido por muitos como socialismo libertário.
Resposta: B
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(UFPEl – MODELO ENEM) – As ideias de Proudhon (1809- ”Na produção social que os homens realizam,
1865): eles entram em determinadas relações
• A propriedade é um roubo e a mãe da tirania; indispensáveis e independentes de sua vontade; tais relações
• Quem quer que ponha as mãos em mim com a intenção de produção correspondem a um estágio definido de
de governar-me é um usurpador e um tirano. desenvolvimento das suas forças materiais de produção. A
caracterizam o totalidade dessas relações constitui a estrutura econômica da
a) comunismo. b) materialismo histórico. sociedade – fundamento real, sobre o qual se erguem as
c) liberalismo. d) socialismo. superestruturas política e jurídica, e ao qual correspondem
e) anarquismo. determinadas formas de consciência social.”
RESOLUÇÃO:
Para Marx, o trabalho é condição fundante do ser humano, forma
única e necessária para transformar a natureza em bens úteis para
promover a vida. Contudo, especificamente no estágio capitalista,
o trabalho é marcado pela forma de exploração do homem pelo
homem e de alienação, devido ao assalariamento e ao estranha-
mento em relação ao fruto do trabalho.
Resposta: B
120 HISTÓRIA