Os Jogos No Ensino Da Gramatica
Os Jogos No Ensino Da Gramatica
Os Jogos No Ensino Da Gramatica
OS JOGOS NO ENSINO
DA GRAMÁTICA
OS JOGOS NO ENSINO DA
GRAMÁTICA
Ficha Técnica:
iii
À minha filha, pelas inúmeras
horas à sua infância arrebatadas.
iv
Agradecimentos
Ao meu marido, por acreditar em mim, pelo seu apoio incondicional, encorajamento e
compreensão sem limites.
À minha família e amigos, pela força, mas sobretudo pelo tempo que deixei de lhes
dedicar.
Às orientadoras da escola, Ana Carrilho e Lucy Garcia, pelos tão preciosos conselhos e
sugestões, pela disponibilidade e dedicação, pelo humanismo.
v
RESUMO
ABSTRACT
vi
Índice
Introdução .................................................................................................................. 1
vii
2.6 Formação contínua ........................................................................................... 23
4. Conclusão .............................................................................................................. 59
5. Referências ............................................................................................................ 60
Bibliografia ............................................................................................................. 60
Webgrafia ............................................................................................................... 60
Anexos ....................................................................................................................... 63
viii
Introdução
1
Com o intuito de obter alguns dados mais concretos referentes à minha prática
pedagógica supervisionada, nomeadamente no que diz respeito ao contributo dos jogos
no ensino da gramática de uma língua estrangeira, e ainda que consciente da
impossibilidade da sua generalização, procedi à elaboração de um questionário a que
foram submetidos os alunos e cuja análise dos resultados será igualmente aqui
apresentada.
2
1. Contexto Socioeducativo
3
Cultura, com as suas inúmeras exposições, recitais, concertos e colóquios, não sendo
menos importantes o Cineteatro Taborda do Clube Bonjardim, em Cernache do
Bonjardim, ou as mais variadas Associações Recreativas, Culturais e Desportivas
existentes no concelho. De referir ainda o jornal “A Comarca da Sertã” e a Rádio
Condestável, que constituem os principais órgãos de comunicação social.
Quanto ao património, o concelho dispõe de excelentes atrações turísticas de
beleza inigualável, desde albufeiras de barragens a miradouros, praias fluviais e
estações arqueológicas. Na vila da Sertã, os monumentos mais significativos são: o
Pelourinho, a Igreja Matriz, a Igreja da Misericórdia, o Castelo, a Ponte Filipina da
Carvalha, o edifício dos Paços do Concelho e o Convento de Santo António.
Por fim, no concelho da Sertã, existem três estabelecimentos de ensino de 2º e 3º
ciclo - um em Cernache do Bonjardim e dois na Sertã - e outros três de ensino
secundário, sendo a divisão análoga à anterior. Na Sertã, o ensino secundário engloba
também o ensino profissional. O corpo docente é, na sua maioria, originário de
Coimbra, Castelo Branco, Fundão e Covilhã e, se bem que muitos docentes optem por
voltar à sua residência diariamente, existem alguns que se encontram instalados na
Sertã, dando, por conseguinte, uma nova dinâmica ao mercado de arrendamento local.
1.2. A escola
4
Tendo como objetivos a uniformização da educação no concelho e uma melhoria
a nível da gestão de recursos, este Agrupamento elaborou, em parceria com os outros
intervenientes no processo educativo, a saber pais, alunos, Câmara Municipal e outras
associações locais, o Projeto Educativo do Agrupamento Vertical de Escolas da Sertã
(PEE/AES), a implementar em todas as escolas no triénio 2010/2013. Procurando
promover a relação com o meio envolvente, foi escolhido o lema “Escola Oficina da
Humanidade”.
Paralelamente, afigura-se como finalidade do Agrupamento o desenvolvimento
de um ensino de qualidade, centrado no aluno e a ele adaptado; um ensino que, ao
mesmo tempo, envolva e responsabilize o aluno, reconhecendo e valorizando, por um
lado, o seu mérito, mas alertando e combatendo a indisciplina e os comportamentos
menos próprios, por outro.
Como se pode ler no Projeto Educativo (Anexo 1):
5
Para tal, colabora a escola, de acordo com a informação constante no Plano Anual
de Atividades, com diversas entidades, entre as quais o Centro de Saúde, a GNR, o
Banco de Recursos CMS, a CERCICAPER, a Biblioteca Municipal, a rádio
Condestável e o jornal A Comarca da Sertã, entre muitas outras, envolvendo igualmente
os alunos nas mais variadas iniciativas, desde a comemoração de semanas e/ ou dias
temáticos (por exemplo, o Dia do Mar, o Natal Solidário ou a Semana Cultural) às
olimpíadas de Matemática ou de Biologia, passando pelas ações de formação e ainda as
atividades desportivas (corta-mato, provas de orientação), as visitas de estudo e os
clubes (guitarra, jornalismo, línguas estrangeiras), apenas para mencionar algumas.
6
que diz respeito aos dois grupos de interesse para o presente relatório, a saber Inglês e
Francês, de referir que existem, respetivamente, 4 e 2 docentes.
Por outro lado, verifica-se agora uma maior estabilidade a nível de corpo
docente uma vez que os concursos não só asseguram a permanência dos docentes por
um período de 4 anos como possibilitam ainda a renovação anual de contratados.
O corpo docente tem sido encorajado a proceder a atualizações científicas com o
intuito de elevar o seu nível de habilitações académicas e formação especializada.
7
Ainda com base nesta mesma caracterização, é possível constatar que, no tocante
a habilitações académicas, apenas uma ínfima percentagem dos pais possui cursos
superiores, apresentando a grande maioria habilitações a nível do ensino básico. As
áreas profissionais privilegiadas são, por conseguinte, pertencentes aos setores
secundário e terciário.
O corpo discente caracteriza-se, a todos os níveis, pela heterogeneidade, havendo
alguns agregados familiares com rendimentos muito baixos, o que se traduz num
número significativo de alunos com apoios da Ação Social Escolar.
Quanto ao sucesso escolar na EBPALF, o mesmo situava-se, no ano transato,
muito perto dos 85%; todavia, muitos são os problemas que condicionam o processo de
aprendizagem, tais como o envolvimento deficitário dos alunos, bem como dos pais e/
ou encarregados de educação, a indisciplina e falta de civismo dos alunos e a fraca
capacidade de concentração, trabalho e curiosidade intelectual, sobretudo no que
concerne as línguas, entre outros.
1.5. Turmas
8
De acordo com os dados apresentados no mapa de análise de resultados
referentes ao ano letivo, a taxa de insucesso na disciplina de Inglês, no primeiro e no
terceiro períodos, situa-se nos 62,5%, sendo de 75% no segundo período. Estes fracos
resultados em muito se ficam a dever às dificuldades sentida pela maioria dos alunos
mas também à falta de hábitos de estudo, de atenção e/ ou concentração e ainda ao
desinteresse de grande parte deles, que se mostram igualmente bastante conversadores.
Após análise do documento de caracterização de turma, conclui-se que 25% dos
alunos se encontra a repetir o 9º ano e cerca de 60% considera prosseguir estudos a
nível de ensino superior.
Ainda com base na mesma ficha, e relativamente ao agregado familiar, verifica-
se que as habilitações literárias dos pais correspondem essencialmente ao 3ºciclo (cerca
de 50%) e 1º ciclo (cerca de 25%), desempenhando os mesmos funções nos setores
secundário e terciário, sendo que cerca de metade das mães é doméstica ou encontra-se
desempregada.
Por fim, constata-se que um pouco mais de metade dos alunos possui apoios da
Ação Social Escolar, havendo apenas 2 alunos sem computador e internet e um terceiro
com computador mas sem internet em casa.
9
no segundo e no terceiro períodos, respetivamente. A do 9ºE mantém-se nos 100% ao
longo do ano letivo.
No documento de caracterização de turma, encontram-se identificados (pelos
próprios alunos) os principais entraves ao seu sucesso em geral: indisciplina, falta de
hábitos de estudo, desinteresse pela(s) disciplina(s) e ainda falta de concentração/
atenção.
A mesma ficha apresenta igualmente informação relativa às habilitações
literárias dos pais, que, na grande maioria, não ultrapassam o 3º ciclo, sendo que metade
dos pais possui escolaridade equivalente ao 1º ciclo, metade das mães ao 3º ciclo e
apenas 3 frequentaram o ensino secundário. Os pais trabalham todos no setor secundário
e, no que diz respeito às mães, cerca de metade é doméstica ou encontra-se
desempregada, trabalhando as restantes nos setores secundário e terciário. Dados os
baixos rendimentos de alguns agregados familiares, cerca de 75% dos alunos possui
apoios da Ação Social Escolar (8 alunos têm escalão A e 6 alunos escalão B); todavia, à
exceção de uma aluna, todos possuem computador, havendo três sem acesso a internet.
10
do meu percurso é que toda esta experiência acompanhou e, de certa forma,
condicionou o meu estágio. Na verdade, se por um lado me permitiu controlar parte do
nervosismo e contornar mais facilmente algumas questões, por outro lado, limitou um
pouco a minha capacidade de observação e talvez até de execução. Adquiri, contudo,
experiência a nível de trabalho com jovens em educação escolar obrigatória, que em
muito difere do trabalho efetuado com adultos em educação voluntária.
11
2. Reflexão geral sobre a prática pedagógica supervisionada
12
meio escolar mas também todo o trabalho aí desenvolvido. Além disso, a criação de um
cartão eletrónico para que pudesse aceder a todos os serviços (bar, fotocópias, entrada/
saída na escola) e de uma conta que me permitiu trabalhar nos computadores da escola e
aceder à Internet tornou-me membro efetivo da comunidade escolar, com todos os
direitos e deveres que isso comporta.
Também a apresentação enquanto estagiária aos alunos das duas turmas de 9º
ano a que fiquei afeta constituiu, para mim, uma “prova de fogo” relativamente ao
comportamento que exigia de mim ora como observadora ora como professora
responsável por alguma das aulas. De níveis e tamanhos diferentes, conforme referido
anteriormente, aquando da caracterização das turmas, depressa me apercebi das
dificuldades sentidas pela grande maioria dos alunos, bem como da sua falta de
motivação relativamente à aprendizagem de línguas estrangeiras. E se a turma de
Francês me presenteou com o seu excelente comportamento de boas-vindas (cheguei
mesmo a pensar que era uma turma diferente), já a turma de Inglês agiu de forma
natural, revelando apenas curiosidade por haver tantas professoras na sala, uma vez que
as outras duas colegas estagiárias me acompanharam em muitas aulas. O facto de ter
assistido às aulas da turma de 7º ano atribuída às colegas constituiu uma mais-valia para
o meu estágio, pois tratava-se de um nível diferente de aprendizagem. Com efeito, pude
constatar que a prestação do professor é em muito condicionada pela faixa etária.
Assim, foi-me permitido observar quais os materiais e as estratégias utilizados nas duas
turmas, mas também notar a diferença de comportamento, em muito influenciado pelo
horário das aulas, bem como a atitude dos alunos perante a aprendizagem,
nomeadamente a nível de participação.
Outro elemento de relevo do estágio, que proporcionou grande reflexão sobre a
questão geral do ensino em toda a sua complexidade, foram os seminários pedagógicos
semanais com as respetivas Orientadoras de estágio; aí se discutiram métodos de ensino
e se decidiu que tipo de planos usar, algo que concordei ser essencial. Analisaram-se
também os manuais adotados, não só para conhecimento dos temas e conteúdos a
abordar no decorrer do ano letivo, mas também para ter uma noção do tipo de atividades
que apresentam e dos seus pontos fortes e fracos. Saber efetuar esta análise, com base
nos mais variados critérios e consciente de que não há manuais perfeitos, será
importante no meu futuro enquanto professora, pois terá repercussões nos anos
seguintes.
13
A elaboração de um Plano Individual de Formação (PIF) para cada uma das
disciplinas foi fundamental para estruturar o ano letivo e assim poder dar início à
planificação e posterior lecionação das aulas, bem como à preparação das atividades
extraletivas. Estes planos não são, todavia, inflexíveis assim como não o deve ser um
professor no exercício da sua função, dado que necessita constantemente de pôr à prova
a sua versatilidade e capacidade de adaptação a situações imprevistas.
14
O terceiro desafio que gostaria de referir, e talvez o meu maior receio, foi a
lecionação das minhas primeiras aulas de Francês. Embora seja licenciada em Tradução
(Inglês/ Francês), estive cerca de 15 anos sem praticar a língua francesa e, como a
exposição a esta língua não é frequente, parte dos meus conhecimentos encontrava-se
adormecida. Receava, sobretudo, que os alunos me colocassem questões a que não
soubesse responder sem qualquer hesitação. Contornei a questão preparando prévia e
exaustivamente as aulas assistidas e seguindo as sugestões quer da Orientadora quer dos
Professores da Faculdade. Tenho consciência que muito trabalho há a fazer,
nomeadamente a nível de pronúncia de alguns sons e revisão de vocabulário, mas a
experiência foi, para mim, surpreendentemente positiva.
Associado a este desafio encontra-se um outro: o do ritmo da aula. De facto, a
falta de confiança resulta, muitas vezes, na utilização de um tom mais baixo ou mais
monocórdico. Alertada para esta questão pela Orientadora de Francês, procurei falar
mais alto e variar o tom com o intuito de manter um ritmo dinâmico e, sobretudo, para
não perder a atenção dos alunos.
Vários são os desafios já elencados; todavia, falta-me ainda referir a seleção de
materiais. Julgo tratar-se mesmo da etapa mais morosa e, por vezes, angustiante de todo
o processo, especialmente quando se tenciona encontrar o vídeo, canção ou, no meu
caso, o jogo mais adequado para os alunos. Com efeito, no início, tive mesmo alguma
dificuldade em terminar os jogos, pois dedicava-lhes tempo insuficiente; contudo,
depressa alterei este ponto tão importante nas minhas planificações e os jogos
começaram a resultar muito bem, motivando os alunos e levando-os a participar mais. A
explicação mais cuidada das regras foi igualmente preponderante no recurso a este
utensílio pedagógico.
A gestão do quadro foi mais um aspeto a ter em consideração. Habituada a
trabalhar em salas cujas mesas estão organizadas de acordo com a disposição em U,
nem sempre foi fácil recordar que apenas podemos escrever até cerca de dois terços do
quadro, de modo a que todos os alunos consigam ler o que aí se encontra escrito. Por
outro lado, estando a tela de projeção posicionada a meio do quadro, era necessário estar
constantemente a ligar/ desligar o projetor ou optar por escrever num dos lados, o que
nem sempre é o mais aconselhável, dado que a informação fica dispersa. Ajudou o facto
de ter começado a projetar a correção de alguns exercícios, sugestão apresentada numa
das reuniões de avaliação. Por fim, constatei que igualmente importante é reservar uma
15
parte do quadro para registar os trabalhos de casa, de modo a poupar tempo, pois os
alunos depressa se habituam a registar o que aí se encontra escrito.
2.2. Planificação
Vários são os autores que consideram a planificação das aulas uma das etapas
mais árduas, mas igualmente uma das mais cruciais para que o professor possa
desempenhar com sucesso as suas funções enquanto docente. Segundo eles, é necessário
e fundamental ter-se a consciência exata das competências a trabalhar, do melhor
método para o fazer e do momento em que deve ser feito. Acresce ainda a necessidade
de adequar e adaptar os conteúdos à turma que temos diante de nós e, se necessário for,
colocá-lo mesmo de lado; com efeito, tal como refere Scrivener:
but in class, teach the learners, not the plan. What this means is that you should
be prepared to respond to the learners and adapt what you have planned as you go,
even to the extent of throwing the plan away if appropriate. (Scrivener, 2005:109)
A better metaphor for a lesson, perhaps, would be jazz, where from an original
chord sequence the players improvise their own melodies, inventing their own
twists and turns so that they arrive at their destinations by their own routes. What
we take into the lesson, in other words, is a proposal for action, rather than a lesson
blueprint to be followed slavishly. (Harmer, 2007b:366)
16
impensável desperdiçar. Esta flexibilidade e, sobretudo, perceção de quando se deve ou
não colocar de parte o que havia sido cuidadosamente planificado apenas se adquirem
com a experiência.
Por conseguinte, aquando da elaboração das planificações, e pese embora o facto
de, atualmente, quase todos os manuais já conterem planos de aula, bem como
planificações a médio e longo prazo, alguns inclusivamente editáveis, foi-me solicitado,
e aconselhado, que prestasse especial atenção aos seguintes aspetos: adequação de
materiais ao nível de conhecimentos, faixa etária e realidade dos alunos; objetivos
gerais e específicos de cada aula; encadeamento de conteúdos e ligação a aulas
anteriores e seguintes; diversidade de materiais, atividades e de competências a serem
trabalhadas; duração das aulas; recursos disponíveis e problemas que possam surgir nos
vários momentos da aula, quer sejam de ordem técnica quer estejam relacionados com
comportamento ou questões de aprendizagem.
Senti, no início, alguma dificuldade na elaboração dos planos, nomeadamente a
nível de previsão de eventuais problemas, justificação de seleção de materiais e
atividades e atribuição de tempo a cada atividade. Neste âmbito, fui, por vezes,
demasiado ambiciosa, na medida em que apresentava atividades a mais para uma só
aula.
17
apelar à atenção, ao silêncio, à participação e frequentemente à pontualidade e
responsabilidade). E, acima de tudo, foi-me permitido obter uma perspetiva diferente do
comportamento dos alunos, isto é, pude testemunhar os seus comentários e reações,
tornando-se, posteriormente, mais fácil adaptar as minhas aulas aos seus interesses e
necessidades e também gerir comportamentos.
A observação de aulas permitiu-me ainda questionar algo em que sempre
acreditei: a importância da utilização constante da língua estrangeira na sala de aula.
Porém, na turma de Inglês, e contrariamente ao que havia suposto no início do ano
letivo, não verifiquei evolução alguma na maioria dos alunos. Será, pois, necessária uma
reflexão e pesquisa mais aprofundada da minha parte no sentido de aferir o porquê de
tal não se ter verificado.
Por último, e não menos importante, confirmei a evidente complexidade
associada ao papel de professor, que, mais que nunca, sente necessidade de recorrer e
desenvolver competências e atitudes diversificadas não só para transmitir os
conhecimentos mas também para ir ao encontro das necessidades dos discentes; por
vezes, é mesmo preciso contornar imprevistos alheios à sua prática, como foi o caso da
diminuição do número de aulas previstas na disciplina de Francês, que implicou uma
reestruturação das planificações a médio e longo prazo.
2.3.1. Inglês
18
aulas. As estratégias utilizadas passaram ainda pelo recurso aos vídeos e às músicas, às
imagens, às novas tecnologias e, obviamente, aos jogos.
A gestão do tempo em sala de aula foi talvez um dos grandes desafios que, por
muito que se pense e prepare, só a prática ajuda a dominar. Os ensinamentos e
estratégias sugeridas pelas Orientadoras, bem como pelas colegas de estágio, revelaram-
se, pois, valiosíssimos e ajudaram a contornar esta questão. Também me deparei com
alguns constrangimentos - escassez de tempo, número elevado de alunos e consequente
gestão dos mesmos, espaço físico e recursos - aquando da utilização dos jogos, mas
sobre isto refletirei mais aprofundadamente no capítulo 3.
2.3.2. Francês
19
constituiu um desafio permanente, em parte ultrapassado graças aos valiosos conselhos
e sugestões da Orientadora.
20
Durante as reuniões, foi-me ainda possível testemunhar a preocupação que os
professores demonstram em relação aos alunos, sendo este um momento privilegiado
para partilhar informações importantes e definir estratégias a implementar.
No regresso a casa, recordei, com alguma saudade, o momento em que as notas
dos alunos são “cantadas”, mas não pude deixar de pensar no ar de cansaço de alguns
colegas, principalmente daqueles que participam em todas, ou quase todas, as reuniões.
Pude constatar e experimentar na primeira pessoa o quanto a carreira de professor,
embora esteja cada vez mais desacreditada, é dura e exigente.
Tendo por objetivo promover o contacto dos alunos com culturas e tradições
diferentes, foram organizadas, ao longo do ano, várias iniciativas, como o concurso de
abóboras para comemoração do Halloween, em outubro; a Caça ao Ovo, em março,
atividade na qual participaram entusiasticamente os alunos com necessidades educativas
especiais; o Festival de Cinema, em abril, cuja seleção dos filmes teve em conta a faixa
etária dos alunos. Além disso, a dinamização do Clube de Línguas Estrangeiras permitiu
proporcionar aos alunos um contacto mais informal com as línguas, num ambiente
descontraído. Também relevante foi a possibilidade que se me apresentou de adquirir
prática na definição de objetivos, elaboração de cartazes, fichas de inscrição e outros
materiais necessários. Os níveis de participação obtidos ficaram, porém, aquém do
inicialmente esperado, pese embora o facto de as atividades terem sido devidamente
publicitadas e de terem sido atribuídos prémios aos vencedores, um aspeto sempre
importante, sobretudo nesta faixa etária. Foram aceites sugestões, as estratégias foram
redefinidas e, por fim, concluí que há condicionantes que nos ultrapassam. Valeu pela
experiência.
21
2.5.2. Atividades desenvolvidas em colaboração
22
2.5.3. Um projeto diferente e especial
23
Também as duas sessões de esclarecimento dedicadas à voz e ao aparelho vocal
em que participei - uma sessão (in)formativa subordinada ao tema “Voz e Postura -
terapêuticas para o sucesso”, que decorreu no Auditório da Escola Secundária da Sertã,
e outra sessão, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, com a cantora de
jazz Jacinta, sobre problemas no aparelho vocal - foram muito proveitosas. Aprendi
como funcionam as cordas vocais, tomei consciência de alguns aspetos a ter em conta e,
mais importante ainda, foram dadas sugestões e exemplificadas técnicas que permitem
contornar ou evitar grande parte dos problemas. De facto, é essencial que os docentes
sejam sensibilizados para a necessidade de manter a voz - o seu principal instrumento de
trabalho - saudável.
O bullying é, infelizmente, uma realidade constante em algumas das nossas
escolas e, com o intuito de me manter atualizada relativamente a esta questão, para
poder, e saber, agir nestas situações tão delicadas e complicadas, participei na ação de
sensibilização/ esclarecimento “Bullying em contexto escolar”, dinamizada pela
psicóloga dos Serviços de Psicologia e Orientação do Agrupamento de Escolas da Sertã.
Embora parte da informação apresentada fosse já do meu conhecimento, considerei
importante o facto de termos sido recordados da necessidade permanente de se manter o
estado de alerta.
A última ação de formação frequentada, no âmbito do Colóquio Internacional da
Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, subordinado ao tema “Formação de
Professores e Educação”, e em particular a intervenção da Dr.ª Idalina Crespo, centrou-
se em pontos de especial interesse para os professores. Esta experiente professora
chamou-nos a atenção para a importância do perfil do aluno, que em muito condiciona o
sucesso da aprendizagem. O desconhecimento desta questão impediu-a, durante algum
tempo, de perceber o porquê do seu método de ensino resultar com uns alunos e com
outros não. No seguimento da sua apresentação, concluí que, para mim, é absolutamente
essencial estudar esta questão antes de poder dar início à minha carreira de docente.
24
Assumindo uma postura profissional e, sempre que permitido, autónoma,
procurei transpor para a prática pedagógica supervisionada os conhecimentos e
competências adquiridos ao longo dos anos de estudo e de atividade profissional.
Superados, em grande medida, os desafios iniciais, urge agora dar continuidade
a esta experiência, refinando estratégias, métodos e materiais e apostando na atualização
constante.
25
3. Os jogos no ensino da gramática
Language learning is hard work. One must make an effort to understand, to repeat
accurately, to adapt and use newly understood language in conversation and in
written composition. Effort is required at every moment and must be maintained
over a long period of time. Games help and encourage many learners to sustain
their interest and work. (Wright, Betteridge e Buckby, 2006:2)
Grammar is perhaps so serious and central in learning another language that all
ways should be searched for which will focus student energy on the task of
mastering and internalising it. One way of focusing this energy is through the
release offered by games. (Rinvolucri, 1984:3)
26
Para tal, procederei à definição dos conceitos envolvidos - gramática e jogo -, bem
como a uma breve retrospetiva de ambos, procurando justificar a utilização dos jogos
enquanto recurso didático-pedagógico. Apresentarei também várias tipologias de jogos,
alguns critérios de utilização a ter em conta, vantagens e inconvenientes. Tendo o
trabalho sido desenvolvido nas duas turmas a que fiquei afeta, elencarei ainda os jogos e
estratégias utilizados, bem como as respetivas ilações que tirei da sua implementação
em sala de aula. Por fim, apresentarei a análise dos resultados dos questionários a que
foram submetidos os alunos.
Grammar is the set of rules that describes how words and groups of words can be
arranged to form sentences in a particular language. (Cowan, 2008:3)
Grammar is partly the study of what forms (or structures) are possible in a
language. Traditionally, grammar has been concerned almost exclusively with
analysis at the level of a sequence. Thus a grammar is a description of the rules that
govern how a language’s sentences are formed. (Thornbury, 1999:1)
1
http://www.cnrtl.fr/definition/grammaire, consultado a 25/ 05/ 2013
27
estruturação momentânea do discurso à medida que é proferido e a nossa “base de
dados” interna do que são frases possíveis e impossíveis. Surgem, assim, dois conceitos
diferentes: a gramática compêndio, acompanhada dos respetivos exercícios para prática
das estruturas gramaticais, e a gramática como “recurso vivo” que possibilita a
comunicação com base em estruturas previamente interiorizadas.
Também Thornbury acrescenta a ideia de que “grammar communicates
meanings” (1999:3-5), sendo este significado de caráter representacional e interpessoal,
consoante o objetivo pretendido: no primeiro caso, a representação do mundo que nos
circunda; no segundo, para influenciar os acontecimentos nas relações interpessoais. O
mesmo autor (2005:1) defende ainda a criação do verbo “to grammar”, pois, segundo
ele, “grammar is not simply a thing. It is also something that you do. Or (...) something
that - in certain conditions - happens.” Neste sentido, é essencial distinguir o “produto”
do “processo de criação”, pois não é fácil inferir o processo mental de aquisição e
aplicação de uma língua apenas tendo por base o conhecimento do vocabulário e das
regras gramaticais. Recorrendo à analogia utilizada pelo autor em questão, an omelette
is the product of a (relatively simple but skilful) process involving the beating and
frying of eggs. Contudo, to someone who had never seen an omelette being made, it
might be difficult to infer the process from the product.
Reconhecendo, portanto, o papel da gramática, veja-se então, de forma muito
sucinta, os principais métodos/ abordagens que, ao longo dos tempos, têm sido adotados
com o intuito de estimular o domínio desta competência.
28
do vocabulário, fatores essenciais para permitir a tradução/ retroversão de textos. A
memorização assume assim, neste contexto bilingue, um papel fundamental.
Referem Molina, Cañado e Agulló:
Language is reduced to the grammatical system. The sentence is the main unit of
reference, and its morphological elements must be organized according to a series
of prescriptive rules. (Molina, Cañado e Agulló, 2002:cap.42)
2
No documento consultado apenas é feito referência ao número do capítulo, sendo o número das páginas
omisso.
29
psicológicos que condicionam o processo de aprendizagem, numa tentativa de reduzir a
ansiedade sentida pelos alunos. Assim, surge o método community language learning,
o método da resposta física total, a sugestopedia e o método silencioso.
Relativamente ao primeiro, trata-se de uma abordagem mais centrada no ouvir e falar,
cuja aprendizagem visa uma experiência coletiva, e, dado que procura conduzir os
alunos a uma independência gradual, é mais útil quando utilizado com adultos. Neste
método, de acordo com a caracterização de Molina, Cañado e Agulló (2002:cap.4), a
análise gramatical não tem lugar. O segundo método, baseando-se numa aprendizagem
indutiva, pressupõe que o professor dê instruções com um grau de complexidade
crescente aos alunos e que estes, por sua vez, respondam com uma ação. Na
sugestopedia, é dada pouca ênfase à gramática, servindo-se o professor do ambiente
circundante (luz, música, etc.) para que os alunos relaxem e assim consigam reter mais
informação. Por fim, e como o próprio nome indica, no método silencioso, o professor
permanece a maior parte do tempo calado, mas cria situações de aprendizagem
recorrendo a objetos coloridos e gráficos que permitem, por exemplo, ensinar a
pronúncia.
A década de 70 viu surgir o método que, durante muito tempo, foi considerado
norma e que, por conseguinte, foi seguido por inúmeros professores em todo o mundo.
Refiro-me à abordagem comunicativa, que aparece como reação aos métodos
centrados quase exclusivamente no desenvolvimento das quatro competências-chave e
nos exercícios mecanizados, sem darem lugar à comunicação real. Esta abordagem,
centrada no aluno, tem como objetivo principal o domínio de estratégias de
comunicação em situações básicas e do quotidiano. Recorrendo a materiais autênticos,
não simplificados, o professor pouco tempo dedica às estruturas linguísticas e não
corrige os erros, incentivando antes os alunos a usarem a linguagem. Surge assim uma
“nova” competência, denominada “competência comunicativa”3 por Sandra Savignon.
Subjazem igualmente a esta abordagem, segundo Richards e Rodgers (2001), citados
por Molina, Cañado e Agulló (2002:cap.4), três princípios centrais: “the
communication principle; the task principle; the meaningfulness principle”. Ora, o
3
A professora de Francês Sandra Savignon, uma das fundadoras da abordagem comunicativa, define
competência comunicativa” como “the ability to interact with other speakers to make meaning, as distinct
from the ability to demonstrate grammatical competence on discrete point tests.” (apud Cowan, 2008:33)
30
surgimento de todos estes aspetos resultou no enaltecimento da abordagem em questão.
Veja-se, a este propósito, a afirmação de Ur (1996):
the Communicative Approach, whatever its virtues, is not really in any sense a
revolution. In retrospect, it is likely to be seen as little more than an interesting
ripple on the surface of twentieth-century language teaching. (apud Molina,
Cañado e Agulló, 2002:cap.4)
31
contexto social, as quais lhes atribuem uma significação plena. Falamos de 'tarefas'
na medida em que as acções são realizadas por um ou mais indivíduos que usam
estrategicamente as suas competências específicas para atingir um determinado
resultado. (QECR, 2000:29)
32
acompanhada de estratégias de ensino adequadas. Quanto aos alunos, a possibilidade de
receberem retorno imediato muito os entusiasma. Além disso, mais uma vez, o uso
pedagógico de jogos é privilegiado, inclusivamente o uso de jogos de vídeo.
Com base num estudo efetuado, Mohamad e Amin concluem:
Após esta breve retrospetiva, constata-se que tem havido grandes alterações no
que concerne ao ensino das línguas estrangeiras, verificando-se um tratamento
divergente da gramática de acordo com o método/ abordagem adotado. O que me
parece, pois, fundamental reter é que o professor deve conseguir tirar o melhor partido
de alguns deles e, consoante os objetivos que se propõe atingir, os conteúdos que
pretende apresentar ou os alunos que tem diante ele, deve optar por um método, ou até
combinar vários, de modo a conseguir obter bons resultados no processo de ensino-
aprendizagem.
Da mesma forma, é possível reconhecer que há métodos/ abordagens mais
permeáveis ao uso de jogos do que outros. Com efeito, durante várias décadas, os jogos
não assumiram qualquer relevância no processo de ensino-aprendizagem. Por este
motivo, julgo revelar-se de particular utilidade a leitura das secções que se apresentam
de seguida.
33
3.3. Definições de jogo
The word game is used for so many different activities that it is not worth
insisting on any proposed definition. All in all, it is a slippery lexicological
customer, with many friends and relations in a wide variety of fields. (Parlett,
1999:1)
Esta citação resume, em meu entender, a dificuldade sentida em definir jogo, pois,
de facto, várias são as definições a este conceito associadas.
Se recuarmos à primeira metade do século XX, deparamo-nos com a ampla
definição de jogo do holandês Johan Huizinga (1938) em Homo Ludens:
A free activity standing quite consciously outside ‘ordinary’ life as being ‘not
serious’, but at the same time absorbing the player intensely and utterly. It is an
activity connected with no material interest, and no profit can be gained by it. It
proceeds within its own proper boundaries of time and space according to fixed
rules and in an orderly manner. It promotes the formation of social groupings,
which tend to surround themselves with secrecy and to stress their difference from
the common world by disguise or other means. (apud Salen e Zimmerman,
2004:75)
34
Games are an exercise of voluntary control systems, in which there is a contest
between powers, confined by rules in order to produce a disequilibrial outcome.
(apud Salen e Zimmerman, 2004:78)
35
as vantagens do uso dos jogos, considerados, por fim, uma “atividade séria”; todavia, as
opiniões divergiram no século seguinte. Refere a mesma autora:
El siglo XVIII presenta dos posturas enfrentadas: por un lado, la de Rousseau, que
defiende el juego como la forma más natural que tiene el niño para aprender; por
otro lado, la de Kant, que recupera la separación aristotélica entre juego e trabajo.
(Tornero, 2009:6)
A valorização dos jogos encontrou terreno fértil no decorrer dos séculos XIX e
XX, altura em que o jogo começou a ser considerado uma atividade importante e se
tornou, portanto, pedagógico.
Autores y pedagogos del siglo XIX como Pestalozzi, Froebel, Montessory, Decroly
y Piaget vuelven a incidir en las bondades del juego como agente que fomenta la
actividad creadora del niño, favoreciendo también su desarrollo intelectual.
(Tornero, 2009:6)
Méprisé et source de méfiance durant des siècles, le jeu est aujourd'hui reconnu
comme phénomène social et culturel, porteur d'une forte dimension de plaisir.
(Fournier, 2004)
36
3.5 Tipologia de jogos
la compétition (Agôn) ;
le hasard (Alea)
le simulacre (Mimicry)
le vertige (Ilinx)
(apud Poliquen-Groz, 2006:46)
Les jeux de coopération sont basés sur des principes tout autres. Le point de départ
est un défi, une situation problème à résoudre que l’on soumet au groupe (et non à
des équipes ou des joueurs isolés) et qui requiert la mobilisation de chacun des
membres du groupe. Cela exige écoute, dialogue, entraide, négociation, consensus,
prise de décision en commun. C’est ensemble que l’on gagne… ou que l’on perd si
le groupe n’a pas opté pour la bonne stratégie. On apprend alors que l’on peut
gagner sans écraser l’autre et perdre sans éprouver un sentiment d’infériorité, sans
être exclu (é-li-mi-né). (Poliquen-Groz, 2008:73)
37
equipas, daí resultando um só vencedor. Não havendo lugar para grande comunicação,
neste tipo de jogo basta respeitar as regras, sendo, no entanto, frequente haver barulho
ou aborrecimento por parte de quem é eliminado. Os jogos de cooperação, por seu lado,
assentando na comunicação, confiança, entreajuda e cooperação entre jogadores,
promovem a criatividade e os ganhos e perdas são partilhados, procedendo-se, neste
caso, a uma análise das causas e apresentando-se sugestões. Não havendo adversários
dentro do grupo, todos terminam ao mesmo tempo, evitando-se o período crítico da
espera.
Mas Hadfield (2003:4) propõe ainda uma segunda divisão entre “linguistic
games” e “communicative games”. Relativamente aos primeiros, o objetivo é, nas
palavras da autora, a “linguistic accuracy”; já os segundos centram os seus objetivos não
na correção da linguagem mas na comunicação efetiva.
Refira-se ainda que, nos vários livros publicados por esta autora, os jogos se
encontram divididos em muito mais categorias - “sorting, ordering, or arranging
games; information gap games; guessing games; search games; matching games;
labelling games; exchanging games, memory games; board games; roleplay games” -,
consoante o tipo de atividade a desenvolver.
Também Wright, Betteridge e Buckby (2006:4) agrupam os jogos por “famílias”;
a sua designação representa o tipo de atividade(s) principal(ais) a desenvolver. Assim,
os autores apresentam oito categorias/ secções: care and share; do: move, mime, draw,
obey; identify: discriminate, guess, speculate; describe; connect: compare, match,
group; order; remember e create.
Outros autores há que dividem os jogos em: vocabulary games; structure games;
spelling games, pronunciation games, number games, listen-and-do games,
conversation games; games and writing, miming and role play, discussion games.
(Tuan e Doan, 2010:69)
Como facilmente se verifica através destas classificações, os jogos podem ser
usados de modo a pôr em prática todas as competências associadas ao processo de
ensino/ aprendizagem de uma língua estrangeira.
Da mesma forma, podem ir ao encontro dos vários tipos de alunos existentes
numa turma e das suas preferências, passíveis de variar consoante o momento.
Conscientes dos diferentes estilos de aprendizagem, Wright, Betteridge e Buckby
(2006:6-8) sugerem jogos para os mais diversos tipos de alunos: os visuais, os auditivos,
38
os cinestésicos, os criativos, os analíticos, os cooperativos, os individualistas, os sérios,
os divertidos, os dramáticos e os realistas. Afirmam os autores:
The teacher is like a gardener responsible for many different types of plant, some
requiring a lot of sunshine and others shade, some requiring pruning and others to
be left alone. You can treat all your plants in the same way and watch some die
while others flourish, or you can try to offer a range of different approaches and
give succour to each and all of them. (Wright, Betteridge e Buckby, 2006:6)
Elencados que estão os diversos tipos de jogos que considerei mais interessantes,
passemos a algumas questões que julgo serem relevantes no uso de jogos.
39
Concordando em grande medida com a autora, acrescentaria apenas que não só é
essencial definir os objetivos a atingir como é também fundamental explicá-los aos
alunos, para que estes tenham consciência do que se pretende.
Da mesma forma, Tyson (1998:1) defende que os jogos selecionados devem ser
adaptados ao nível dos alunos, ou seja, nem demasiado fáceis nem demasiado difíceis;
devem ser divertidos; devem manter os alunos interessados, envolvendo-os numa
competição “amigável”, sem qualquer consequência negativa para quem perde; devem
permitir aprender ou praticar a língua de modo a que o importante seja o uso e não o seu
estudo. Por fim, não devem prolongar-se muito, devem permitir a participação
equitativa de todos os alunos e não deve, de forma alguma, ser-lhes atribuída uma nota,
na medida em que não se procede à correção de erros. Relativamente a este ponto, as
opiniões divergem: veja-se a nota de rodapé 10, na página 52.
If it’s accepted that games can provide intense and meaningful practice of
language, then they must be central to a language teacher’s repertoire and not
merely a way of passing the time. (Wright, Betteridge e Buckby, 2006:2)
a) diagnostically before presenting a given structure area to find out how much
knowledge of the area is already disjointedly present in the group;
b) after a grammar presentation to see how much the group have grasped;
c) as a revision of a grammar area. (Rinvolucri, 1984:3)
As questões finais - porquê e para quê usar os jogos - estão, de certa forma,
associadas aos benefícios do lúdico. Joga-se porque o jogo é uma atividade inata ao ser
humano e, como tal, esta naturalidade permite aprender descontraidamente. Assim,
40
Huizinga (1938), citado por Tornero (2009:6), considera que os dois aspetos
indissociáveis da mesma realidade humana que constituem o homo sapiens e o homo
faber, ou seja, o pensar e o agir, devem ser complementados pela designação homo
ludens, pois, segundo o autor, jogar “expresa una función tan esencial como la de
fabricar”.
Com efeito, ao jogar, construímos conhecimento e produzimos pensamento, num
constante desenvolvimento de raciocínio. Todavia, as vantagens dos jogos,
reconhecidas e reiteradas por inúmeros autores, vão muito mais além. Resumidamente,
é possível afirmar que os jogos, ao quebrarem a rotina, aumentam a motivação e os
níveis de participação dos alunos, mesmo dos mais reservados, pois acreditam não estar
a ser avaliados. Representam, além disso, um desafio que não só contextualiza o uso da
língua, permitindo, ao mesmo tempo desenvolver as várias competências - ouvir, falar,
ler e escrever - e mobilizar conhecimentos, como estimula também a capacidade de
comunicação, de interação e de cooperação. Na verdade, os jogos não se traduzem
apenas em saber trabalhar com os outros, em equipa; o uso de jogos implica aprender
com os outros, saber ouvir e saber defender a própria opinião. Penso não ser exagero
dizer que os jogos preparam para as relações sociais e a vida em comunidade. Por fim,
os jogos permitem ainda desenvolver a criatividade e a autonomia e elevar a autoestima.
Martinson e Chu, citando Poggenpohl (2003), na obra não publicada
Communication Spaces: Games - A Transactional Context, dão o mote:
Games are effective tools for learning because they offer students a hypothetical
environment in which they can explore alternative decisions without the risk of
failure. Thought and action are combined into purposeful behavior to accomplish a
goal. Playing games teaches us how to strategize, to consider alternatives, and to
think flexibly. (apud Martinson e Chu, 20084)
Games also help the teacher to create contexts in which the language is useful and
meaningful. The learners want to take part, and in order to do so they must
understand what others are saying or have written, and they must speak or write in
order to express their own point or view or give information. Games provide one
way of helping the learners to experience language rather than to study it. (Wright,
Betteridge e Buckby, 2006:2)
4
No documento consultado não consta o número de página.
41
Tornero, no seguimento da enumeração das vantagens já elencadas, introduz uma
nova: El juego como atenuador de conflictos entre L1-C1 y L2-C25. Citando Wessels
(1987), Tornero explica em que consiste exatamente esta vantagem:
students get very absorbed in the competitive aspects of the games, moreover, they
try harder at games than in other courses. (apud Tuan e Doan, 2010:70)
Adaptability: games can be easily adjusted for age, level, and interests
they utilize all four skills
games require minimum preparation after the initial development
stage
(Lengeling e Malarcher, 1997:42)
Foi tendo por base estes aspetos que acabo de enunciar que apliquei alguns jogos
na sala de aula, procedendo de seguida a uma breve descrição de cada jogo realizado,
acompanhada por um comentário no qual refletirei sobre o desenvolvimento e
resultados da atividade. Proporei ainda, sempre que possível, alternativas para
aperfeiçoamento da atividade.
5
Refere a autora em nota de rodapé: “Entendemos por L1 la lengua materna del alumno y por C1 la
cultura asociada a ella. Por C2 nos referimos a la cultura de la lengua objeto de aprendizaje (L2).”
42
3.7. Jogos realizados nas aulas de Inglês e Francês
Jogo 1 - If Clauses6
Comentário: Tendo este sido o primeiro jogo realizado com a turma, e não
estando os alunos familiarizados com este tipo de atividade, facilmente se compreende a
agitação na sala de aula e o início mais demorado do jogo.
Relativamente à seleção e preparação do jogo, preocupei-me sobretudo com o
facto de muitos alunos terem dificuldades nesta disciplina. Assim, optei por utilizar uma
6
Jogo criado por Regina Diesel Gomes. Disponível em http://bogglesworldesl.com/esl_games.htm,
consultado a 04/ 11/ 2012.
43
versão que contemplasse já as duas ideias necessárias à formulação da frase, de modo a
que todos os alunos pudessem participar, e inseri igualmente as regras básicas do jogo,
para evitar a sua constante repetição. As estruturas que se pretendia exercitar
apresentavam a seguinte estrutura:
Have a cold…
See the doctor
Esperava-se que os alunos formulassem orações como: If I have a cold, I will see
the doctor. / If I had a cold, I would see the doctor.O grau de dificuldade de algumas
casas era maior, na medida era necessário utilizar a forma negativa.
Colocou-se ainda a questão de como apresentar o jogo, pois, dado o número de
alunos, era difícil sentá-los à volta de uma ou duas mesas; a possibilidade de projetar o
jogo foi também rejeitada, pois, dado o número de casas que constituíam o jogo, não
seria possível ler toda a informação. Por conseguinte, decidi entregar uma cópia do jogo
a cada equipa, ficando eu própria responsável pelo controlo dos peões no tabuleiro.
Na sala de aula, após ter procedido à divisão da turma, expliquei as regras,
alertando para o facto de algumas regras se encontrarem escritas na folha que lhes havia
sido entregue; todavia, como já estavam na posse da informação, não ouviram com
atenção o que lhes disse.
Na planificação, havia definido 20 minutos para a realização do jogo, mas
rapidamente constatei que não era suficiente, não só devido ao número de casas que
constituíam o jogo mas também pelo facto de o início do jogo ter demorado mais tempo
do que eu havia previsto. Os alunos deram respostas corretas em praticamente todas as
jogadas, interagindo uns com os outros, mas não foi possível terminar o jogo. Por outro
lado, verifiquei que, nas conversas entre eles, recorreram regularmente à língua
materna. Como incentivo extra, e já que o próprio jogo também contemplava esta opção
para uma das casas, foram entregues chocolates a todos os alunos, pois não houve
vencedores.
Ainda que o jogo tenha provado ser uma ferramenta muito útil para motivar os
alunos e fazê-los participar, afigurou-se-me como essencial a reformulação de algumas
questões. Se o jogo fosse usado numa outra turma, teria de atribuir mais tempo para a
realização da atividade e reduziria, certamente, para metade o número de casas. O jogo
seria ainda ampliado e afixado no quadro, para que todos os alunos pudessem ver a
progressão das equipas.
44
Jogo 2 - RELATIVE PRONOUNS7
7
Jogo inspirado na explicação deste conteúdo gramatical em Duarte, Maria José (2008). English Visual
Grammar. 3º Ciclo do Ensino Básico. Porto Editora.
8
Aconselham os autores: “Find a way of demonstrating the game as well as explaining it, perhaps
demonstrating it with the class as a whole or with selected students so that everybody can get the gist of
it. It is essential that all the students know what to do before you let them go into pair or group work.”
45
cuidado de dividir os melhores alunos pelos vários grupos e entreguei o envelope com
menos peças ao grupo que, no meu entender, apresentava mais dificuldades.
O jogo consistiu em ordenar várias peças de dominó contendo palavras (de referir
que as peças com os pronomes relativos apresentavam cor diferente) para formar quatro
frases corretas e com sentido. Centrando-se na escrita, esta atividade exigia, por parte
dos alunos, a aplicação de outros conhecimentos adquiridos em anos anteriores, na
medida em o jogo em questão exigia a correta utilização dos pronomes relativos mas
também o conhecimento da estruturação das frases (afirmativa e interrogativa). Em
algumas frases, era possível utilizar mais do que um pronome e os alunos tiveram de
decidir qual a opção correta, por exemplo: which / that ou who / that. Tendo em conta o
nível de conhecimentos da turma, o vocabulário utilizado era simples e as frases não
eram demasiado extensas (ex.: Have you found the book that / - /which you lost?).
Inicialmente, tinha previsto a correção das frases apenas no quadro, o que teria
permitido a existência de um vencedor; contudo, dados os pedidos de esclarecimento de
dúvidas e de correção, optei por alterar o que estava planeado como dinâmica do jogo
no melhor interesse dos alunos. Com efeito, alguns alunos evidenciarem grande
dificuldade na ordenação das frases. Este apoio mais individualizado resultou em
momentos de maior agitação aquando da fixação das frases no quadro.
Pese embora o facto dos objetivos definidos para este atividade terem sido
cumpridos e de ter corrigido alguns aspetos fundamentais, mais uma vez, senti
necessidade de refletir sobre algumas questões essenciais neste tipo de atividades, pois,
no decorrer da atividade, não me lembrei de uma sugestão que tão amiúde aparece na
bibliografia consultada, ou seja, manter os primeiros grupos a terminar ocupados.
Poderia, por exemplo, ter-lhes dado o exercício que preparei como plano B ou pedido
para copiarem simplesmente as frases do quadro, para ficarem com algum tipo de
registo escrito.
46
Jogo 3 - REPORTED SPEECH9
47
meus alunos e pretendendo que todos participassem, defini três níveis diferentes de
dificuldade. Tratou-se também de uma questão de justiça, já que os pontos variavam
entre 10 e 100.
Por outro lado, ciente da importância que os alunos atribuem às novas tecnologias,
bem como do impacto que teria algo mais interativo, escolhi utilizar e projetar a roda da
sorte para atribuição de pontos e contabilização dos resultados.
No que diz respeito aos procedimentos, segui os do jogo anterior, ou seja,
explicação prévia das regras, exemplificação e divisão da turma em grupos o mais
equilibrados possível.
Ultrapassados os problemas técnicos iniciais com a contabilização do tempo
(esqueci-me da ampulheta e tive de recorrer a um cronómetro no meu computador
portátil), constatei que o jogo conseguiu motivar os alunos, que, com maior ou menor
dificuldade, conseguiram acertar em várias respostas. Contudo, com o entusiasmo,
começaram a fazer muito barulho e foi necessário recorrer à estratégia de os mandar
escrever nos cadernos as frases escritas no quadro, alertando-os sempre para o facto de
o jogo vir a ser interrompido caso o barulho continuasse, o que os acalmou durante
algum tempo. Porém, passado algum tempo, não se verificando o cumprimento
responsável das regras, palavra que consta em quase todas as definições de jogos
encontradas, parei a atividade e voltámos à resolução dos exercícios.
Nem todos os objetivos inicialmente propostos foram alcançados e os resultados
obtidos com esta atividade não foram, por conseguinte, os esperados.
48
aspeto, não se verificaram surpresas. De referir ainda a diferença observada entre a
turma de Inglês - que teve tempo para assimilar os conteúdos e para rever as estruturas
com a correção dos trabalhos de casa - e a turma de Francês - que realizou quase sempre
os jogos no seguimento da apresentação dos conteúdos.
UNIDADE L’environnement
TEMÁTICA:
10
Jogado online em: http://www.bonjourdefrance.com/n11/jeux/oiebdf2.html
49
elevado de alunos (25), a divisão em equipas foi efetuada com base em questões mais
técnicas (gestão do espaço) do que propriamente linguísticas, o que se viria a repetir em
quase todos os jogos. Quanto à execução, cada grupo escolhia uma pessoa para ir
escrever as respostas no computador, ficando os restantes membros do grupo
encarregues de procurar informação e de ajudar nas respostas. Tentei obviamente
incentivar a participação em língua estrangeira; porém, não fui bem sucedida. Apercebi-
me, todavia, que participaram mais do que era habitual, mesmo os alunos mais
reservados. Numa análise posterior, concluí que o ideal, para utilizações futuras, seria
haver um computador por cada grupo, pois permitiria rentabilizar melhor o tempo e, no
meu caso, ter-me-ia permitido concluir o jogo. Por fim, tal como fiz com a turma de
Inglês, ofereci chocolates aos alunos como prémio de participação.
11
Versão adaptada do jogo interativo encontrado em: http://elenaburic.blogspot.pt/2012/01/les-adjectifs-
possessif, consultado a 17/ 01/ 2013.
50
Comentário: Inspirada pelas leituras de Rinvolucri (1984:3), resolvi não só
experimentar um jogo não competitivo como também aplicá-lo num momento diferente:
antes da apresentação da estrutura gramatical, para aferir os conhecimentos dos alunos.
Na planificação, tinha previsto a realização deste jogo, que consistia em selecionar
o determinante possessivo correto para cada expressão apresentada, por todos os alunos
e a contabilização dos pontos no final. No entanto, por questões de gestão de tempo, foi
necessário alterar a estratégia e a atividade foi feita em conjunto, verificando-se uma
participação muito ativa por parte dos alunos e revelando um conhecimento bastante
bom desse ponto gramatical.
Esta segunda atividade permitiu cumprir os objetivos inicialmente propostos.
51
execução da atividade e a equipa vencedora foi a que conseguiu ordenar todas as frases
corretamente no período mais curto de tempo. À exceção de um grupo, todos
conseguiram ordenar as frases de forma correta, o que me permite concluir que o
resultado desta atividade foi positivo.
No final do jogo, houve um aluno que me questionou sobre o prémio, revelando a
importância por eles atribuída a este aspeto. Relativamente a este ponto, várias são as
sugestões apresentadas por alguns professores, em ações de formação e em documentos,
como forma de recompensa (ex.: marcadores de livros, revistas e trava-línguas),
havendo inclusivamente professores que atribuem uma pequena percentagem da nota a
este tipo de atividade12.
Jogo 4 - LA NÉGATION
12
Emerita Cervantes (2009:25), Professora Assistente de Inglês na Universidade das Filipinas, esclarece:
“Games add fun to learning, but students do not always join games for fun - they want a prize. The
incentive of a prize is good for motivation. For example, my students are always interested in receiving
extra points for Quizzes, Exercises, and Assignments (QEA), which count for 25 percent of their total
grade. For each game I typically award 5 extra points to the winners, 3 points to the next highest, and 1
point to the rest of the class. When a games requires more analysis, I increase the points to 7,5, and 3,
respectively. At the end of a semester I add each student’s total extra points to his or her total QEA score,
which allows students to improve their final grades. Thus students have nothing to lose, and much to gain,
from participating in the games.” Alguns professores poderão considerar este método invulgar e até algo
injusto, mas se tivermos em conta que a participação dos alunos é contabilizada na nota final, então
consideremos o lúdico como participação, atribuindo-lhe a percentagem que entendermos ser justa.
52
Comentário: Pretendi com este jogo apresentar uma atividade completamente
diferente das habituais, assente no pressuposto da variedade. A multiplicidade de
expressões apresentadas neste conteúdo gramatical facilitou a tarefa. Por outro lado,
assumia-se também como um dos objetivos o desenvolvimento da capacidade de
memorização, competência muito importante no processo de aprendizagem de uma
língua estrangeira.
Dada, portanto, a diversidade de expressões utilizadas em Francês para exprimir a
negação, pensei imediatamente num típico jogo de memória e o ideal teria sido
conseguir fazê-lo recorrendo às novas tecnologias; porém, dadas as limitações de tempo
e de conhecimentos de informática, tive de usar uma versão em papel ampliada, que
muito despertou o interesse e curiosidade dos alunos. Pela primeira vez na turma de
Francês, o entusiasmo dos alunos resultou em falta de concentração, barulho e
necessidade de múltiplas explicações, pelo que não foi possível terminar o jogo. Os
resultados foram pois, no meu entender, negativos.
Jogo 2 - LA CAUSE
53
expressão que não fosse já possível utilizar, lançariam o dado
novamente.
Pelo facto de, reconhecidamente, este passo do meu Relatório não apresentar
resultados muito positivos, ele vem por isso mesmo comprovar a necessidade de uma
verdadeira preparação e de uma ponderação aprofundada sobre a utilização dos jogos
em sala de aula de modo a resultarem em utensílio de grande valor pedagógico.
Alguns professores opõem-se ao uso de jogos porque acreditam que a sua
natureza competitiva pode dar origem a um ambiente hostil. No entanto, a competição é
algo natural na vida do ser humano, até mesmo nas escolas, onde é frequente os alunos
compararem as notas dos testes ou dos exames. Além do mais, muitos alunos
empenham-se precisamente porque gostam de competir, ainda que não gostem de
estudar. Esta realidade pude eu testemunhá-la na primeira pessoa, pois foram
apresentadas outras atividades lúdicas nas aulas sem esse lado competitivo (para
introdução do tema, por exemplo) que não despertaram o interesse, e sobretudo a
participação, por parte dos alunos.
Centrando-me agora na questão metodológica, diria que o uso dos jogos me
permitiu continuar a trabalhar os conteúdos numa perspetiva diferente, apostando na
atração dos jovens pelas imagens, pelo audiovisual e pelas novas tecnologias e
procurando tornar a aprendizagem mais dinâmica. A elevada participação dos alunos,
mesmo dos que normalmente não participam nas aulas, permitiu desenvolver a
oralidade (e também a escrita) e aplicar as estruturas estudadas. Por outro lado, numa
54
perspetiva pessoal, constatei que, graças ao ambiente mais descontraído, os alunos se
esforçaram mais - talvez por estarem mais motivados - e que os jogos estimularam a
cooperação e naturalmente aumentaram os conhecimentos.
O uso dos jogos vem, contudo, acompanhado por alguns desafios e
inconvenientes. O primeiro desafio é, sem dúvida alguma, a correta planificação do jogo
e elaboração dos materiais (se for esse o caso). Assim, é necessário ter em conta o nível
de conhecimentos e os interesses dos alunos no momento da seleção ou adaptação dos
jogos e é também crucial preparar material suficiente para o número de alunos e para o
tempo definido para a atividade. Por outro lado, é fundamental prepararmo-nos
mentalmente para qualquer eventualidade que possa surgir e é também importante
familiarizarmo-nos com as regras do jogo, não só para as conseguirmos explicar de
forma clara e compreensível para todos os alunos, recorrendo, se necessário, à
exemplificação, mas, acima de tudo, para as fazermos cumprir da maneira mais justa
possível e dando a todos oportunidade de participarem. Outro aspeto a ter em conta é a
organização dos grupos/ equipas, tarefa que, sendo da responsabilidade do professor,
para que não haja desequilíbrio intelectual entre os grupos, nem sempre é fácil de
executar dado o número de alunos e todas as condicionantes a nível de espaço e tempo
existentes numa sala de aula. Os últimos desafios serão, evidentemente, a correção dos
erros, que idealmente deverá ocorrer sempre a posteriori e não no meio do jogo,
interrompendo-o, e a gestão do comportamento, competindo ao professor impor a
interrupção do jogo sempre que os alunos não adotarem uma atitude responsável perante
a atividade proposta.
No que diz respeito a inconvenientes, destaca-se aquilo que considero a boa “dose
de barulho”, sobretudo quando os alunos se entusiasmam (situação agravada em turmas
com muitos alunos), que pode incomodar alguns colegas nas salas ao lado. Verifiquei
ainda que, nas conversas mantidas dentro do grupo, os alunos não usam a língua
estrangeira e apercebi-me também que frequentemente, por motivos de limitação de
tempo, os alunos não ficaram com um registo escrito da atividade desenvolvida.
Parecem-me estes dois aspetos uma questão relativamente fácil de resolver no futuro se
eu definir como condição para a realização dos jogos a proibição do uso da língua
materna e facultar aos alunos as frases ou vocabulário usados nos jogos. Durante o
estágio, com toda a pressão sentida, não o fiz porque, confesso, optei por centrar-me
mais na motivação dos alunos, influenciada talvez pela falta de empenho e interesse dos
alunos, para a qual já tinha sido alertada mas que pude confirmar no período de
55
observação das aulas. A variável tempo pode igualmente ser considerada um
inconveniente - pelo menos, para mim, foi -, pelo que considero que, face às
circunstâncias em que decorreram as aulas de Francês e a dificuldade sentida em
conjugar o uso dos jogos com o sistema escolar e os programas definidos para a
disciplina, será mais profícuo reservar o uso de jogos, pelo menos os mais demorados,
para o Clube de Línguas ou para as aulas de apoio.
Em suma, e não ignorando obviamente os inconvenientes apresentados, concluo
que, bem conduzidos e planificados, usados nas aulas ou nos clubes, os jogos
apresentam-se como uma prática onde só há vencedores: os alunos, sentindo-se ativos,
esforçam-se sem se aperceberem verdadeiramente do elemento pedagógico e das
dificuldades; e nós, os professores, satisfeitos com a participação dos alunos, sobretudo
dos mais tímidos, e com a oportunidade de consolidação dos conhecimentos, sentimos
um novo alento no exercício da sua atividade.
56
Também no que diz respeito à relevância do uso de jogos na sala de aula houve
concordância nas duas turmas: mais de 85% dos alunos consideram-nos importantes. As
disciplinas de eleição para o recurso aos jogos são as Línguas Estrangeiras e a
Matemática, muito embora cerca de 30% dos alunos da turma de Inglês não tenham
respondido a esta questão.
Na questão 5, pretendia aferir qual o grau de concordância com a seguinte
afirmação: “O recurso a jogos didáticos facilita a aprendizagem de uma língua
estrangeira.”, variando a escala entre o 1 e o 5, em que 1 correspondia a “discordo
totalmente” e 5 a “concordo totalmente”.
1 1 3 11 2 14 9
57
quanto a despertar curiosidade pela matéria, a turma de Inglês revela-se muito mais
curiosa do que a de Francês, onde apenas pouco mais de metade da turma concorda com
este aspeto.
No que diz respeito aos jogos realizados, verifiquei que, na turma de Inglês, cerca
de 2/3 dos alunos optaram pelo último, tendo havido alunos que escolheram mais do
que um jogo. Poderá atribuir-se o resultado ao facto de ser o mais recente e, portanto,
aquele que os alunos recordavam melhor, mas acredito que o caráter lúdico e interativo
da roda da sorte tenha em muito contribuído para tal. As poucas respostas (apenas 4)
obtidas ao motivo pelo qual escolheram o jogo em questão referem a motivação, a
participação de todos, o facto de facilitar a aprendizagem, a roda e o terem vencido o
jogo, ainda que o mesmo não tivesse sido terminado, o que vem corroborar a
preferência de alguns alunos pelos jogos competitivos. Metade da turma de Francês,
curiosamente, elegeu como jogo preferido o primeiro - o Rallye de la Conjugaison
(Passé Composé) -, comprovando a sua predileção pelos jogos de computador/ vídeo,
dado tratar-se de um jogo realizado online. Os motivos apontados nas 6 respostas
obtidas à pergunta “Porquê?” passaram por ser um jogo engraçado, interessante e que
facilitou a aprendizagem. Mais uma vez se verificou respostas múltiplas por parte de
alguns alunos e também uma ligeira tendência para o último jogo (cerca de 20%).
Por fim, com a última questão, pretendi avaliar se os alunos consideravam mais
fácil consolidar conhecimentos de gramática através do uso de jogos e as respostas
obtidas - mais de 80% dos alunos concordaram - confirmaram a pertinência do meu
estudo.
58
4. Conclusão
59
5. Referências
Bibliografia
Cowan, Ron (2008). The Teacher’s Grammar of English. Nova Iorque: Cambridge
University Press.
Harmer, Jeremy (2007b). The Practice of English Language Teaching. 4th ed. Harlow,
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Learning. 3th ed. Cambridge: Pearson Longman.
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60
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Teachers. English Teaching Forum, Vol 35, No 4. Consultado a 16 de maio de 2013 em
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=1&Itemid=4
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Language Classroom. Consultado a 9 de junho de 2013 em
http://english.daejin.ac.kr/~rtyson/cv/games.html,
62
ANEXOS
Índice de Anexos
63
ANEXO 1 - Projeto Educativo
A – INTRODUÇÃO
-1-
64
B- Valores e Finalidades do Projecto
-2-
65
…
A Educação Especial tem por objectivo a inclusão educativa e social, o acesso e sucesso
educativo, a autonomia, a estabilidade emocional bem como a promoção da igualdade de
oportunidades. Com a aplicação do Dec.Lei nº 3/2008 de 7 de Janeiro que regulamenta a
Educação Especial e que tem como referencial a Classificação Internacional de Funcionalidade,
Incapacidade e Saúde (CIF), são criadas as condições para adequação do processo educativo às
necessidades educativas especiais dos alunos com limitações significativas ao nível da
actividade e participação num ou vários domínios de vida decorrentes de alterações funcionais
e estruturais de carácter permanente resultando em dificuldades continuadas ao nível da
comunicação, da aprendizagem, da mobilidade, da autonomia, do relacionamento interpessoal
e da participação social.
- 11 -
…
- 12
66
Anexo 2 - Projeto de Intervenção
Projecto de Intervenção
Escrito por Alfredo Bernardo Serra
12-Ago-2009
67
educativa interagem, colaboram e ensaiam novas práticas de sucesso escolar,
educativo e social, sob o princípio de ser a “existência do projecto o melhor garante e a
melhor fonte de dinamização das aprendizagens.” (Barbier, 1993: 117)
Queremos uma escola sensível às necessidades e expectativas da sociedade, uma
escola promotora de mudanças que, na complexidade da sua missão, seja capaz de
cumprir o mandasto social que lhe está conferido, assumir o seu papel na prossecução
das finalidades do Sistema Educativo, como sublinha J. Formosinho (1988), da
socialização primária à realização da finalidade produtiva e também no cumprimento das
finalidades personalizadora, igualizadora e cultural, que aliás são fundamentais no
desenvolvimento da personalidade e da aprendizagem social e académica dos
alunos. Porque o respeito pelas diferenças e pela diversidade na escola é uma das
atitudes mais significativas no espírito democrático, participativo e interveniente que a
sociedade contemporânea requer, se deseja e a que darei todo o relevo no plano da
relação pedagógica.
Neste sentido, a escola deve ser espaço de relações interpessoais e grupais, tem de
se assumir como pólo difusor de cultura e de construção de atitudes, não pode deixar de
educar para valores sociais, morais, estéticos e culturais, tem de ser cenário de práticas
indutoras de cidadania. Neste quadro, é fundamental que a escola seja um espaço de
igualdade de oportunidades e se assuma como organização promotora dos valores
democráticos e da cidadania, no respeito pelos direitos inalienáveis da pessoa.
Porém, neste campo, toda a comunidade educativa tem um peso expressivo para a
consecução das finalidades escolares, de que decorre a necessidade do estabelecimento
de parcerias sócio-educativas.
Por conseguinte, é indispensável termos a consciência de que da “escola edifício” à
escola como “locus de aprendizagem” da vida e para a vida, vai um passo que
progressivamente todos temos de dar. Mas é também imprescindível reconhecer que a
escola tem as suas fronteiras, ainda que ténues, na relação com a comunidade educativa,
a realidade espectral em que se funda o paradigma da escola-comunidade educativa e se
constrói a alma comunitária da escola democrática, participada e participante no meio em
que se insere, no caso, o território educativo do concelho da Sertã.
Para que a escola cumpra a missão que lhe está conferida, é ainda indispensável que,
enquanto unidade organizacional sistémica, o Agrupamento de Escolas da Sertã-AES seja
uma instituição aberta, uma organização de qualidade, cuja acção se processe em
constructo continuum, isto é, a escola tem de ser uma organização aprendente (Roldão),
capaz de reflectir sobre a sua acção, de agilizar os procedimentos e de responder
positivamente às necessidades e expectativas de todos: utentes, alunos em primeiro lugar;
trabalhadores: professores e funcionários; pais/encarregados de educação e demais
agentes sociais implicados e ou interessados no acto educativo e formativo da escola, “no
68
reconhecimento de que a grande riqueza do sistema educativo está na diversidade das
suas gentes, reside na variedade das pessoas que tem a felicidade de albergar.”
(Carneiro, 2001:148)
Na prossecução da escola-comunidade educativa, por cuja acção didáctica e
pedagógica se converte em «escola oficina da humanidade», queremos uma escola que
se realiza sob o primado da pedagogia, para o desenvolvimento das competências
pessoais e sociais, com o objectivo último da educação integral do aluno-pessoa-cidadão.
Nisto reside o desiderato que me motiva a desempenhar o cargo de Director do
Agrupamento de Escolas da Sertã: conduzir o AES na senda da qualidade da acção
educativa, pelos caminhos da autonomia escolar, com desenvolvimento de processos
oganizacionais e de ensino-aprendizagem guindados ao patamar da qualidade, pelo
sucesso escolar, educativo e social de todos.
Actualizado em ( 03-Out-2011 )
69
Anexo 3 - Jogo If Clauses
CONTENTS
Playing board
Dice
Counters
NOTES
The rules do not say how long you can take to answer a question. The players themselves decide.
Guessing is better than not answering at all. You probably know a lot more than you think you do, so have a try!
70
71
Anexo 4 - Jogo Relative Pronouns
CONTENTS
Domino pieces
Glue pads
SENTENCES:
Jane wears a funny hat which/ that is too big for her.
The girl that/ who/ - you saw last week is my sister.
That’s the boy whose father works with me.
Did you like the hotel where you stayed?
72
Exemplificação (PPT):
73
Anexo 5 - Jogo Reported Speech
CONTENTS
Cards with direct speech sentences (different levels) and PPT with a wheel
FRASES:
Nível 1
74
Nível 2
Nível 3
75
Anexo 6 - Jogo Rallye de la Conjugaison (Passé Composé)
76
Anexo 7 - Jogo Déterminants Possessifs
77
Anexo 8 - Jogo Pronoms Relatifs
PHRASES
78
Anexo 9 - Jogo La Négation
ne …
ne … pas déjà ne … plus
jamais
tout le ne … ni … un(e),
ne … rien
monde ni plusieurs
ne … ne … phrase
toujours
personne aucun(e) simple
ne … pas
tout encore et, ou
encore
79
Anexo 10 - Jogo La Cause
PHRASES
80
Anexo 11 - Questionários
QUESTIONÁRIO
As respostas são anónimas. Os dados recolhidos servirão unicamente para o Relatório de Mestrado.
5. Até que ponto concordas com a seguinte afirmação: (escreve o número no quadrado à direita)
“O recurso a jogos didáticos facilita a aprendizagem de uma língua estrangeira.”
discordo concordo
totalmente totalmente
6. Qual a competência/ componente que consideras mais fácil de desenvolver através do uso de jogos?
Compreensão escrita Produção escrita Ensino da gramática
Compreensão oral Produção oral
8. De todos os jogos realizados nas aulas de Inglês, qual o teu preferido? Porquê?
If-clauses Relative Pronouns Reported Speech __________________________
9. Consideras que foi mais fácil consolidar alguns dos conhecimentos de gramática com os jogos realizados?
(escreve o número no quadrado à direita)
discordo concordo
totalmente totalmente
81
QUESTIONÁRIO
As respostas são anónimas. Os dados recolhidos servirão unicamente para o Relatório de Mestrado.
5. Até que ponto concordas com a seguinte afirmação: (escreve o número no quadrado à direita)
“O recurso a jogos didáticos facilita a aprendizagem de uma língua estrangeira.”
discordo concordo
totalmente totalmente
6. Qual a competência/ componente que consideras mais fácil de desenvolver através do uso de jogos?
Compreensão escrita Produção escrita Ensino da gramática
Compreensão oral Produção oral
8. De todos os jogos realizados nas aulas de Inglês, qual o teu preferido? Porquê?
Rallye - Passé Composé Déterminants Possessifs Pronoms Relatifs
La Négation La Cause __________________________
9. Consideras que foi mais fácil consolidar alguns dos conhecimentos de gramática com os jogos realizados?
(escreve o número no quadrado à direita)
discordo concordo
totalmente totalmente
82
Anexo 12 - Questionários: resultados
Sim 14
Não 2
0 5 10 15
0 5 10 15
Sim 14
Não 2
0 5 10 15
Ciências 1
Ed. Física 2
Francês 2
Geografia 1
História 1
Inglês 8
Matemática 5
Português 1
n/r 5
0 2 4 6 8 10
83
5. Até que ponto concordas com a seguinte afirmação:
“O recurso a jogos didáticos facilita a aprendizagem de uma língua estrangeira.”
discordo totalmente 1
discordo 0
não concordo nem discordo 1
concordo 3
concordo totalmente 11
0 2 4 6 8 10 12
Compreensão escrita 1
Compreensão oral 7
Produção escrita 5
Produção oral 5
Ensino da gramática 8
n/r 1
0 2 4 6 8 10
0 2 4 6 8 10 0 2 4 6 8
concordo 3 concordo 4
0 2 4 6 8 10 12 0 2 4 6 8
84
aumentar a participação despertar a curiosidade em relação à matéria
8. De todos os jogos realizados nas aulas de Inglês, qual o teu preferido? Porquê?
If-clauses 1
Relative Pronouns 4
Reported Speech 11
n/r 1
0 2 4 6 8 10 12
9. Consideras que foi mais fácil consolidar alguns dos conhecimentos de gramática com os jogos
realizados?
discordo totalmente 0
discordo 1
concordo 7
concordo totalmente 7
0 2 4 6 8
85
QUESTIONÁRIO - TURMA DE FRANCÊS
Sim 19
Não 6
0 10 20
0 5 10 15 20
Sim 23
Não 2
0 5 10 15 20 25
Ciências 1
Ed. Física 1
Francês 17
História 1
Inglês 9
Matemática 6
Ed. Moral 5
Português 1
n/r 2
0 5 10 15 20
86
5. Até que ponto concordas com a seguinte afirmação:
“O recurso a jogos didáticos facilita a aprendizagem de uma língua estrangeira.”
discordo totalmente 0
discordo 0
não concordo nem discordo 2
concordo 14
concordo totalmente 9
0 5 10 15
6. Qual a competência/ componente que consideras mais fácil de desenvolver através do uso de
jogos?
Compreensão escrita 6
Compreensão oral 8
Produção escrita 4
Produção oral 3
Ensino da gramática 17
0 5 10 15 20
discordo totalmente 0
discordo 0
não concordo nem discordo 3
concordo 9
concordo totalmente 10
s/validade 3
0 2 4 6 8 10 12
87
facilitar a aprendizagem
discordo totalmente 0
discordo 0
não concordo nem discordo 2
concordo 14
concordo totalmente 6
s/validade 3
0 5 10 15
discordo totalmente 0
discordo 1
concordo 5
concordo totalmente 13
s/validade 3
0 2 4 6 8 10 12 14
discordo totalmente 0
discordo 1
não concordo nem discordo 6
concordo 11
concordo totalmente 4
s/validade 3
0 2 4 6 8 10 12
aumentar a participação
discordo totalmente 0
discordo 0
não concordo nem discordo 3
concordo 10
concordo totalmente 9
s/validade 3
0 2 4 6 8 10 12
88
despertar a curiosidade em relação à matéria
discordo totalmente 0
discordo 0
não concordo nem discordo 8
concordo 10
concordo totalmente 4
s/validade 3
0 2 4 6 8 10 12
8. De todos os jogos realizados nas aulas de Francês, qual o teu preferido? Porquê?
0 5 10 15
9. Consideras que foi mais fácil consolidar alguns dos conhecimentos de gramática com os jogos
realizados?
discordo totalmente 0
discordo 0
não concordo nem discordo 4
concordo 11
concordo totalmente 10
0 2 4 6 8 10 12
89