O documento discute os conceitos de sensibilidade, classificando-a em geral e especial. Detalha as modalidades sensoriais como exteroceptiva, propioceptiva e interoceptiva. Descreve também as vias sensoriais, incluindo as vias da dor, tato e propiocepção, bem como a avaliação clínica de lesões periféricas e centrais.
O documento discute os conceitos de sensibilidade, classificando-a em geral e especial. Detalha as modalidades sensoriais como exteroceptiva, propioceptiva e interoceptiva. Descreve também as vias sensoriais, incluindo as vias da dor, tato e propiocepção, bem como a avaliação clínica de lesões periféricas e centrais.
Descrição original:
Resumo de sensibilidade no exame neurológico, a todos os amantes de neurologia
O documento discute os conceitos de sensibilidade, classificando-a em geral e especial. Detalha as modalidades sensoriais como exteroceptiva, propioceptiva e interoceptiva. Descreve também as vias sensoriais, incluindo as vias da dor, tato e propiocepção, bem como a avaliação clínica de lesões periféricas e centrais.
O documento discute os conceitos de sensibilidade, classificando-a em geral e especial. Detalha as modalidades sensoriais como exteroceptiva, propioceptiva e interoceptiva. Descreve também as vias sensoriais, incluindo as vias da dor, tato e propiocepção, bem como a avaliação clínica de lesões periféricas e centrais.
Baixe no formato PDF, TXT ou leia online no Scribd
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 9
SENSIBILIDADE
As modalidades de sensibilidade são classificadas em sensibilidade geral e
especial. A sensibilidade geral possui três modalidades: 1. Exteroceptiva (sensibilidade cutânea/superficial – pressão leve, tato, temperatura e dor); 2. Propioceptiva (sensibilidade muscular, óssea e articular, dentro da chamada sensibilidade profunda – também inclui pressão e sensibilidade vibratória); 3. Interoceptiva (sensibilidade visceral – pressão sanguínea, equilíbrio ácido-base e outras aferências inconscientes necessárias para manutenção da homeostasia). A sensibilidade especial, também chamada de telecepção (à distância), inclui: visão, audição, gustação, olfação e equilíbrio. Termos de uso comum na semiologia da sensibilidade Desaparecimento de uma modalidade sensorial (geralmente Anestesia usada para perda de sensibilidade tátil e dolorosa) Aumento da intensidade ou duração da percepção de um Hiperestesia estímulo Diminuição da intensidade ou duração da percepção de um Hipoestesia estímulo Analgesia Perda de sensibilidade dolorosa Sensações espontâneas desagradáveis (formigamento, Parestesia queimação, alfinetadas, etc). Também pode ser evocada. Geralmente não é considerada dolorosa Sensações distorcidas e muito desagradáveis a estímulos antes inócuos, como sensação de queimação. Pode ser Disestesia espontânea. Semelhante à parestesia, também podendo ser espontânea. A diferença está no grau de dor e desconforto gerado Percepção de um estímulo não nocivo como doloroso e de Alodínia alta intensidade Hiperalgesia Aumento ou diminuição do limiar cutâneo para percepção Hipoalgesia de um estímulo doloroso O limiar está aumentado, mas estímulos sucessivos de baixa Hiperpatia intensidade podem causar dor violenta Grafoestesia Reconhecer símbolos pelo tato Esterognosia Reconhecer objetos pela palpação OBS: Apenas anestesia e hipoestesia são objetivas, detectadas por métodos físicos no exame neurológico. O resto é subjetivo, dependendo da percepção do paciente. ANATOMIA / FISIOLOGIA Receptores: elemento inicial das vias sensoriais. São transdutores que transforma estímulos físicos em estímulos elétricos (potencial-receptor). Primeiro neurônio (I): situa-se no gânglio sensitivo (espinhal ou NC). Conecta receptor com SNC ipsilateral, de modo que lesões nesse ponto causam sintomas ipsilaterais. Segundo neurônio (II): localizado no SNC. Cruza a linha média. Lesões acima deste ponto produzem sintomas contra-laterais.
Gabriel Medina Sobreira de Meneses – MEDUFPI 87
Terceiro neurônio (III): localizado no tálamo, projetando-se para o córtex cerebral (quarto neurônio – IV) Qual a base da discriminação sensorial (percepção de diferentes modalidades sensitivas)? Diferentes receptores + diferentes fibras + diferentes áreas de projeção cortical. Vias de dor e temperatura - neoespinotalâmica Filogeneticamente mais recente; dor epicrítica localizada (em pontada) Fibras nervosas periféricas do tipo mielinizadas Aδ TRAJETO: receptores (terminações nervosas livres) do tipo nociceptor e termoceptor → potenciais elétricos para neurônio sensitivo periférico pseudounipolar espinhal (I) → prolongamento central do neurônio I penetra na divisão lateral da raiz dorsal (para fibras mais finas) → sinapse com neurônio II no corno posterior (principalmente lâmina I de Rexed) → o axônio do neurônio II cruza para o funículo lateral do lado oposto pela comissura branca → ascende cranialmente na forma de trato espinotalâmico lateral → no mesencéfalo, se junta com o trato espinotalâmico anterior para formar o lemnisco espinhal → sinapse com neurônio do núcleo VPL do tálamo → projeção para cápsula interna, coroa radiata → área sensitiva primária (giro pós-central – 1,2 e 3 de Brodmann) OBS: No trato espinotalâmico lateral, quanto mais medial, mais cervical! Enquanto isso, na cabeça: impulsos álgicos e térmicos da face → fibras sensitivas do nervo trigêmeo (V) → corpo celular do nervo trigêmeo, localizad no gânglio de Gasser → ponte → desce ao bulbo pelo trato espinhal do V → sinapse com o núcleo do trato espinhal do V → projeção para o núcleo VPM do tálamo → áreas soemstésica primária Vias de dor e temperatura - paleoespinotalâmica Filogeneticamente mais antiga. Está mais relacionada com a ativação cortical e com o componente subjetivo da dor Fibras nervosas periféricas do tipo amielínicas C Não tem grande utilidade no diagnóstico topográfico TRAJETO: terminações livres → neurônios sensoriais periféricos que adentram a medula pela divisão lateral (para fibras finas) → corno posterior da medula (principalmente lâmina V de Rexed), fazendo sinapse com neurônio II → prolongamentos ipsi- e contra- laterais, pelo trato espinorreticular → formação reticular pontobulbar → núcleos intralaminares do tálamo → projeção difusa para o córtex (especialmente córtex cingular anterior), relacionando-se com o componente emocional da dor. OBS: Trato espinotalâmico anterior carrega informação de pressão e tato protopático, e percorre funículo anterior da medula Vias da propiocepção consciente, tato epicrítico e sensibilidade vibratória Receptores de tato: corpúsculos de Ruffini e Meissner Receptores de sensibilidade vibratória (palestesia): corpúsculos de Vater Paccini
Gabriel Medina Sobreira de Meneses – MEDUFPI 87
Receptores de artrestesia: terminações nervosas nas articulações e seus ligamentos, além de fusos neuromusculares e órgãos de Golgi. Responsável pela sensibilidade cinético-postural (propiocepção) consciente, ou artrestesia. TRAJETO: receptores → fibras mielinizadas grossas (Aα e Aβ) → divisão medial da raiz posterior da medula → ascendem ipsilateralmente no funículo posterior (fascículos grácil e cuneiforme) → sinapse com neurônios dos núcleos grácil e cuneiforme, no bulbo → axônio do neurônio II cruza para a porção ventral do bulbo contra-lateral, pelas fibras arquedas internas → cápsula interna → coroa radiata → área sensitiva primária OBS: Fibras mais caudais ocupam regiões mais posteromediais do funículo posterior, e as cervicais regiões anterolaterais Enquanto isso, na cabeça: - Impulsos táteis: fibras do n. trigêmeo → gânglio de Gasser → núcleo sensitivo principal do trigêmeo (ponte) → axônio cruza o plano mediano e ascende na ponte contralateral, na forma de lemnisco trigeminal → núcleo VPM do tálamo → área somestésica primária. - Impulsos propioceptivos e vibratórios: fibras do n. trigêmeo → núcleo do trato mesencefálico do trigêmeo (funciona como um gânglio) → faz conexões com o núcleo sensitivo principal do trigêmeo → cruza para o lado oposto e ascende na forma de lemnisco trigeminal. AVALIAÇÃO CLÍNICA É importante diferenciar a lesão periférica da lesão central A) Lesão periférica Respeita o território da raiz ou nervo periférico lesado Alteração, em maior ou menor grau, de todos os tipos de sensibilidade (chamada de panestesia) É importante conhecer a distribuição periférica dos nervos e raízes posteriores (dermátomos). A hanseníase, embora origine uma lesão neuronal periférica, atinge principalmente as fibras mais finas (Aδ e C), causando principalmente déficit de sensibilidade térmica e dolorosa. Neuropatias desmielinizantes, embora sejam periféricas, atingem as fibras mais grossas mielinizadas, com déficit de artrestesia e palestesia. Está associada também com arreflexia e déficit motor (fraqueza). B) Lesão central Pode afetar seletivamente certo tipo de sensibilidade, devido à diferente topografia Não respeita dermátomo e território de inervação, com alterações extensas LESÕES PERIFÉRICAS A) NERVO Geralmente, afeta todos os tipos de fibras nervosas sensitivas. Padrões de lesão nervo periférico
Gabriel Medina Sobreira de Meneses – MEDUFPI 87
- Mononeuropatia (traumatismo, compressão ou vasculite): déficit local, bem delimitado, assimétrico, na área de inervação - Mononeuropatia múltipla (diabetes, poliartrite): múltiplos focos assimétricos - Polineuropatia (distúrbios metabólicos, genéticos): predomínio distal e simétrico (bota e luva) Sensações alteradas, como disestesia e parestesia, podem estar presentes em todos os tipos. Na polineuropatia geralmente há arreflexia e diminuição de todas as modalidades sensitivas, com atrofia, fraqueza e caráter progressivo. Também pode causar disautonomia (como hipotensão postural). Começa distalmente, pelo pé. Quando atinge o joelho, alcança a mão simulaneamente. Na hanseníase, há lesão nos ramúsculos terminais dos nervos, causando anestesia em pequenas regiões da pele (distribuição insular). É comum que ocorram sensações disestésicas e parestésicas como queixa inicial. A lesão nas fibras finas também afeta SNA, causando perda de sudorese e piloereção. O reflexo e a motricidade geralmente estão normais OBS: Porque as extremidades são afetadas primeiramente? Extremidades são inervadas por neurônios longos, os quais possuem um longo trajeto para o fluxo de substâncias tróficas, desde o corpo celular, de modo que são mais sensíveis e enfrentam com mais dificuldade as intempéries. B) RAIZ POSTERIOR Originam as chamadas radiculopatias: dor em faixa, resultando da lesão ou compressão da raiz posterior. A dor passa a ser um sintoma + importante do que o déficit sensitivo. Ela é considerada irradiada (isto é: é percebida distante do local de origem). Lembrar que a inervação do corpo é metamérica, em faixa, sendo cada feixa um dermátomo inervado pela raiz posterior de um segmento medular. Há sobreposição entre dermátomos (mais para as fibras grossas táteis do que para as nociceptivas finais). Só há anestesia de uma faixa, portanto, quando se segue a regra das 3 raízes, devido a essa compensação. Regra das 3 raízes: a anestesia da faixa é alcançada pela lesão da raiz envolvida, conjuntamente à lesão da raiz acima e da raiz abaixo. Se há aumento de dor com a compressão das apófises das vértebras, pode indicar lesão vertebral ou tumor. É comum numa lesão na raiz posterior haja hiporreflexia, por envolvimento das fibras envolvidas no arco reflexo. Dicas dos principais dermátomos C1 Não tem dermátomo C5-T1: Plexo braquial C5 Clavícula C5, C6 Margem lateral dos membros superiores C8, T1 Margem medial dos membros superiores Região intermédia, na face posterior dos membros C7 superiores C6, C7, C8 Mão
Gabriel Medina Sobreira de Meneses – MEDUFPI 87
C6 Polegar C8 Dedos anelar e mínimo C7 Dedos indicador e médio
Dicas dos principais dermátomos
T10 Umbigo T12 Região inguinal L1, L2, L3, L4, L5 Região anterior dos membros inferiores L4 Joelho L4, L5, S1: Pé L4 Margem medial do hálux L5 Maior parte do dorso e planta do pé S1 Margem lateral do pé S1, S2 Maior parte da face posterior dos membros inferiores S2, S3, S4 Períneo (anal e genital)
LESÕES CENTRAIS A) SECÇÃO MEDULAR / MIELITE TRANSVERSA Todas as formas de sensibilidade são perdidas, permanentemente, abaixo do nível da lesão.
Gabriel Medina Sobreira de Meneses – MEDUFPI 87
Inicialmente há choque medular, progredindo para síndrome piramidal. Não há recuperação da sensibilidade ou motricidade voluntária. O nível de anestesia permite o diagnóstico topográfico da lesão B) HEMISSECÇÃO MEDULAR Também conhecida como Síndrome de Brown-Sequard Homolateralmente à lesão: paralisia espástica, sinal de Babinsk, perda da propiocepção consciente, tão epicrítico e sensibilidade vibratória Heterolateralmente à lesão: anestesia térmica e dolorosa, 1 ou 2 dermátomos abaixo da lesão. Motivo de ser abaixo: antes de penetrarem no corno posterior, as fibras podem ascender pelo trato de Lissauer OBS: Ocorre apenas uma ligeira diminuição do trato protopático e pressão. Motivo: fibras ascendem por vários segmentos acima, e emitem vários colaterais, alguns homo- e outros hetero- laterais, antes de terminar fazendo sinapse no neurônio II C) LESÃO DO FUNÍCULO POSTERIOR Tabes dorsalis (sífilis), deficiência de Cu ou vitamina B12: perda de sensibilidade profunda abaixo do nível da lesão. Ocorre ataxia (incoordenação) sensitiva, com sinal de Romberg presente, isto é: equilíbrio estático que piora com o fechamento dos olhos, com tendência à queda. OBS: Pelo menos nos estágios iniciais, não há hiporreflexia, já que as fibras aferentes grossas dos arcos reflexos estão íntegras. Pode vir a ocorrer com a progressão do quadro, assim como o acometimento de outras formas de sensibilidade D) DISSOCIAÇÃO SIRINGOMIÉLICA Na síndrome siringomioélica, há a formação de uma cavidade no canal central da medula (siringomielia) ou crescimento tumoral nessa região, levando à destruição da substância cinzenta intermédia central e da comissura branca. A principal consequência é a lesão das fibras espinotalâmicas laterais, ao cruzar para o lado oposto. Ocorre perda de sensibilidade térmica e dolorosa, bilateralmente, nos dermátomos dos segmentos lesionados. Distribuição suspensa da hipoestesia (déficit de sensibilidade dito em xale) Sensibilidade profunda preservada, de modo que ocorre a chamada dissociação sensitiva ou dissociação siringomiélica: perda de tipos seletivos de sensibilidade. OBS: Com o tempo, a evolução da doença pode levar à compressão do corno anterior da medula, causando SNMI E) MEDULA, COMPRESSÃO POR TUMOR Tumor intramedular: primeiro causa déficit sensitivo e motor, e só posteriormente causa dor, pelo acometimento das raízes nervosas - Começa com déficit sensitivo e motor em segmentos mais cervicais (porção mais medial), só depois atingindo segmentos mais sacrais (posição mais lateral). - O déficit inicial determina o nível verdadeiro da lesão. Tumor extramedular (ou do canal vertebral): primeiro causa dor, pelo acometimento das raízes nervosas, e só depois causa déficit sensitivo e motor, por lesionar os tratos.
Gabriel Medina Sobreira de Meneses – MEDUFPI 87
- Quanto ao déficit, começa em segmentos mais sacrais e vai subindo para segmentos mais cervicais - O déficit inicial induz a um falso nível de lesão medular, pois poderia-se pensar em origem na medula sacral. A pesquisa da lesão deve ser, portanto, dor radicular inicial. F) ISQUEMIA DA ARTÉRIA ESPINHAL ANTERIOR A artéria espinhal anterior (ramo da artéria vertebral) é responsável pela irrigação sanguínea dos 2/3 anteriores da medula espinhal Lesão: corno anterior da medula, trato córtico-espinhal e trato espino-talâmico Coexistem: SNMI, SNMS, perda de sensibilidade com dissociação sensitiva Ao nível da lesão, se observa paralisia flácida, arreflexia, atrofia muscular e fasciculações (lesão do corno anterior – SNMI) Abaixo do nível da lesão: paralisia espástica, hiperreflexia, sinal de Babinski, perda de sensibilidade térmica, dolorosa, pressão e tato protopático A sensibilidade profunda está normal, pois é no funículo posterior ‘ OBS: Todos os sintomas são bilaterais G) TRONCO CEREBRAL Os distúrbios causados por lesão dos núcleos de nervos cranianos (ou eles próprios) são ipsilaterais, com exceção da lesão do núcleo do nervo troclear (que decussa antes de emergir do SNC). No entando, os distúrbios dos tratos espinhais são contralaterais. Lesão unilateral do tronco encefálico, portanto, origina síndromes sensitivas alternadas: hipoestesia da hemiface homolateral (no caso de lesão do V), com hipoestesia do hemicorpo contralateral. No mesencéfalo, as vias sensitivas estão muito próximas (tratos muito condensados), de modo que lesões pouco extensas no tegmento do pedúnculo cerebral causam perda de todas as modalidades, contralateralmente. Também é comum síndrome piramidal associada à paralisia de n. oculomotor (ptose palpebral e estrabismo). No bulbo, especialmente em sua porção mais superior, o trato espino-talâmico lateral ocupa região mais lateral em relação ao lemnisco medial, que está em posição ventral, próximo ao lemnisco medial. 1. Lesão da área lateral causa perda da sensibilidade térmica e dolorosa no hemicorpo contralateral. Também pode lesar o trato espinhal do trigêmeo, causando hipoestesia térmica e dolorosa ipsilateral. Um cometimento da área anterior (superficialmente) pode comprometer o nervo vago, com quadro de disfagia e disfonia. Mais internamente, existem fibras que conectam hipotálamo ao SNA, podendo desencadear síndrome de Horner
2. Lesão na área ventral do bulbo causa perda sensibilidade profunda no
hemicorpo contralateral, além de síndrome piramidal. Um acometimento na área lateral (superficialmente) pode também lesar o nervo hipoglosso, com paralisia e atrofia da língua ipsilateral à lesão, além de desvio para lado são
Gabriel Medina Sobreira de Meneses – MEDUFPI 87
OBS: A hipoestesia tátil e propioceptiva da face só é observada em lesão a partir da ponte e mesencéfalo, pelo acometimento especialmente do núcleo sensitivo principal do trigêmeo e núcleo do trato mesencefálico do trigêmeo. Na ponte, além da repetição de vários dos sintomas já comentados, a lesão de nervos cranianos pode conduzir a: ataxia, síndrome vestibular e nistagmo (nervo vestibulococlear); paralisia facial (nervo facial); estrabismo (nervo abducente) OBS: Lesão nos pedúnculos cerebelares, em vários pontos do tronco encefálico, pode conduzir a ataxia cerebelar, enquanto que a lesão do fascículo longitudinal medial (em um ponto acima do núcleo do nervo abducente), pode conduzir a oftalmoplegia internuclear. H) TÁLAMO Lesão talâmica do núcleo ventral póstero-lateral (VPL – por onde passam todas as informações somestésicas do corpo) provoca anestesia do hemicorpo contra- lateral. Pode acometer cápsula interna e causar hemiparesia contralateral. A sensibilidade dolorosa costuma manter-se, já que a via paleoespinotalâmica passa pelos núcleos intralaminares (dor crônica, difusa e componente emocional da dor). Essa dor, por sua vez, pode ser abolida por uma lesão nos núcleos intralamianres. Além disso, pode haver dor neuropática, a chamada síndrome talâmica: crises espontâneas caracterizadas por dor, disestesia e alodíneas na distribuição da perda sensorial. I) CÓRTEX A área somatossensorial primária (giro pós-central) possui somatotopia, e é difícil que uma lesão cortical comprometa igualmente todos os membros. Todos os tipos de sensibilidade são afetados na fase aguda, havendo com o tempo, alguma melhoria nas sensibilidades térmica e dolorosa (via paleoespinotalâmica). Lesão cortical em área primária: hemi-hipoestesia contralateral à lesão, com predomínio em determinado segmento (braquifacial ou crural). Lesão cortical em área secundária: agnosias, como a agrafoestesia e aesterognosia Lesão cortical em área terciária: hemissomatoagnosia e anosognosia (hemisfério direito); e depressão psíquica e afasia de Wernicke (hemisfério esquerdo) SEMIOTÉCNICA A) Sensibilidade superficial Pesquisa da sensibilidade tátil: uso de algodão seco, gaze ou pincel. Não se recomenda uso do dedo (risco de ativação de receptores de pressão). Pesquisa da sensibilidade dolorosa: uso de agulhas e alfinetes. Devem ser descartados após o uso, pois constituem material infectante. Pesquisa da sensibilidade térmica: uso de tubos de ensaio, um com água quente (máximo 45º) e outro com água fria (mínimo 15º), tomando-se o cuidado de evitar extremos de temperatura (o que pode estimular terminações nervosas livres dolorosas).
Gabriel Medina Sobreira de Meneses – MEDUFPI 87
O exame é feito de modo comparativo, testando-se área de um hemicorpo com outro, e no mesmo membro o segmento proximal com o distal. Também se compara a sensibilidade do paciente com a do examinador. Paciente deve estar de olhos fechados. Delimitar área de hipoestesia OBS: Exame da sensibilidade do nervo trigêmeo. Pode ser feito na forma acima. Entretanto, um elemento facilitador é o uso de reflexos, especialmente o reflexo corneano (porção aferente pelo V). Outros reflexos que podem estar comprometidos: reflexo glabelar, orbicular dos lábios e mentoniano. B) Sensibilidade profunda Pesquisa da sensibilidade vibratória: uso de diapasão nas eminências ósseas, com diapasão de 64, 128 ou 256 Hz. Deve-se comparar o limiar da percepção do paciente com o do próprio examinador, e com a eminência óssea contralateral do paciente. Pesquisa da sensibilidade cinético-postural: reconhecimento da posição da articulação, por mio deslocamento passivo de um segmento do corpo, como o hálux. Detalhe importante: segurar pelas bordas laterais, para evitar a percepção por pressão. Pode-se utilizar Sinal de Romberg. Pesquisa da pressão e tato protopático: não fornece informações úteis para o diagnóstico topográfico, pois existem muitas colaterais tanto homo quanto contralaterais.