Excesso de Penhora-Excesso de Execução
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Relator: Des.(a) RENATO MARTINS JACOB
Relator do Acórdão: Des.(a) RENATO MARTINS JACOB
Data do Julgamento: 06/09/2006
Data da Publicação: 10/11/2006
Inteiro Teor:
EMENTA: EMBARGOS DO DEVEDOR - EXCESSO DE PENHORA -
IMPOSSIBILIDADE DE ARGÜIÇÃO - NOVA CONSTRIÇÃO - OBSERVÂNCIA DO
CONTRATO EXEQÜENDO. Não se pode confundir excesso de execução com
excesso de penhora, não sendo essa última matéria passível de alegação em
embargos do devedor, mormente quando há determinação judicial para que
seja realizada nova constrição, em observância ao contrato exeqüendo.
ACÓRDÃO
NOTAS TAQUIGRÁFICAS
VOTO
Nas razões de fls. 28/31, o apelante sustenta que o bem penhorado é o imóvel
objeto do próprio contrato exeqüendo, portanto, como o bem será
praceado, os valores das benfeitorias e das parcelas pagas devem ser
levados em conta, evitando-se o enriquecimento ilícito.
Salienta, também, que "a sentença recorrida afirma que a penhora é nula, pois
deveria recair sobre o direito do Apelante e não sobre o imóvel objeto do
contrato, determinando a repetição de tal ato, fl. 24."
Continua mencionando que "referida determinação faz corrigir ato nulo ocorrido
no início da execução, o que não pode prosperar, tendo em vista que referido
ato deve ser feito novamente mas, anulando os atos posteriores, o que se
requer." (sic)
Assevera que houve ofensa ao artigo 743, II, do CPC, e deferimento de pedidos
não formulados pelas partes (vício extra petita).
O excesso de penhora deve ser alegado nos autos da ação de execução, não
constituindo matéria de embargos do devedor" (Ap. Cív. nº 2.0000.00.489797-
6/000, Relator José Flávio de Almeida, j. em 21-09-2005).
Impende destacar, por outro lado, que não restou caracterizado o vício extra
petita, posto que a ilustre Magistrada julgou improcedentes os embargos,
determinando, tão-somente, a realização de nova penhora, em observância ao
contrato exeqüendo, e a conseqüente avaliação do bem, homenageando os
princípios da instrumentalidade, da economia e celeridade processual.
Uma empresa jornalística, executada na Justiça do Trabalho de Minas Gerais, recorreu ao Tribunal,
em agravo de petição no qual contestou o que considera excesso de execução. Isto porque, teve
penhorado um bem avaliado em R$114.627,00, ao passo que o valor do débito em execução soma
R$31.732,46 e já consta nos autos um depósito recursal no valor de R$14.981,34. Alegou, por
isso, haver um excesso de R$97.875,88 na execução provisória em andamento, o que
representaria afronta aos artigos 1º, III e 5º, X, da Constituição Federal, bem como ao artigo 620
do CPC.
Mas ao analisar o recurso, a 5ª Turma do TRT-MG rejeitou esse argumento e manteve a penhora
determinada em 1º Grau. Segundo destaca o Desembargador relator, José Murilo de Morais,
apesar de o valor do bem ser muito superior ao do débito executado, é preciso atentar ao princípio
da celeridade processual, principalmente quando se sabe que, nos leilões públicos, dificilmente os
bens recebem lance superior a 50% do preço da avaliação. “Mostra-se de notável economia
processual que a penhora alcance valor superior ao da execução, na medida em que evita
repetições de diligências do oficial de justiça, de publicação de editais e seu respectivo custo, de
realização de praças e leilões, enfim, agiliza a consecução do objetivo maior que é a satisfação do
credor, sem prejudicar o devedor, que recebe de volta o valor que sobejar” – pontua o relator.
Ele ressalta que a penhora é, em regra, irretratável, mas o bem pode ser substituído, a teor do
art. 668 do CPC, desde que se comprove que a medida não trará prejuízo algum ao credor
trabalhista e que será menos onerosa ao executado. Mas essa providência não foi tomada pela
executada, no caso.
Portanto, foi mantida a penhora e o bem poderá ir à praça ou leilão em caso de execução
definitiva (se a empresa não obtiver êxito no recurso pendente de julgamento no TST),
sendo restituído à executada o valor que sobrar após o pagamento do crédito devido ao
ex-empregado, das custas e demais despesas processuais. Processo: (AP) 00236-2007-
114-03-00-5
Fonte: TRT