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Excesso de Penhora-Excesso de Execução

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Número do processo: 1.0702.05.228435-4/001(1) Númeração Única: 2284354-58.

200
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Relator: Des.(a) RENATO MARTINS JACOB
Relator do Acórdão: Des.(a) RENATO MARTINS JACOB
Data do Julgamento: 06/09/2006
Data da Publicação: 10/11/2006
Inteiro Teor:
EMENTA: EMBARGOS DO DEVEDOR - EXCESSO DE PENHORA -
IMPOSSIBILIDADE DE ARGÜIÇÃO - NOVA CONSTRIÇÃO - OBSERVÂNCIA DO
CONTRATO EXEQÜENDO. Não se pode confundir excesso de execução com
excesso de penhora, não sendo essa última matéria passível de alegação em
embargos do devedor, mormente quando há determinação judicial para que
seja realizada nova constrição, em observância ao contrato exeqüendo.

APELAÇÃO CÍVEL N° 1.0702.05.228435-4/001 - COMARCA DE UBERLÂNDIA -


APELANTE(S): MARCILON BARBOSA FRANCO - APELADO(A)(S): DELTA -
ADMINISTRAÇÃO E PARTICIPAÇÃO LTDA. - RELATOR: EXMO. SR. DES. RENATO
MARTINS JACOB

ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, a 14ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do


Estado de Minas Gerais, incorporando neste o relatório de fls., na conformidade
da ata dos julgamentos e das notas taquigráficas, à unanimidade de votos, EM
NEGAR PROVIMENTO.

Belo Horizonte, 06 de setembro de 2006.

DES. RENATO MARTINS JACOB - Relator

NOTAS TAQUIGRÁFICAS

O SR. DES. RENATO MARTINS JACOB:

VOTO

Trata-se de recurso de apelação interposto por MARCILON BARBOSA FRANCO


contra a respeitável sentença de fls. 23/25, que julgou improcedentes os
pedidos formulados nos embargos à execução aviados em face de DELTA
ADMINISTRAÇÃO E PARTICIPAÇÃO LTDA.

Nas razões de fls. 28/31, o apelante sustenta que o bem penhorado é o imóvel
objeto do próprio contrato exeqüendo, portanto, como o bem será
praceado, os valores das benfeitorias e das parcelas pagas devem ser
levados em conta, evitando-se o enriquecimento ilícito.

Afirma que a indenização pelas benfeitorias se mostra justa, tendo


direito à retenção do bem.

Ressalta que o imóvel está situado na Rua do Poeta - lote nº 35.

Prossegue registrando que a constrição recaiu sobre o bem, acessões e


construções nele realizadas, configurando excesso de execução.

Alega que houve adimplemento de mais de 60% (sessenta por cento)


das parcelas, de forma que a penhora não poderia ter recaído sobre a
totalidade do imóvel, o que reforça o excesso de execução.

Salienta, também, que "a sentença recorrida afirma que a penhora é nula, pois
deveria recair sobre o direito do Apelante e não sobre o imóvel objeto do
contrato, determinando a repetição de tal ato, fl. 24."

Continua mencionando que "referida determinação faz corrigir ato nulo ocorrido
no início da execução, o que não pode prosperar, tendo em vista que referido
ato deve ser feito novamente mas, anulando os atos posteriores, o que se
requer." (sic)

Diz que a própria Juíza reconheceu o excesso de execução.

Assevera que houve ofensa ao artigo 743, II, do CPC, e deferimento de pedidos
não formulados pelas partes (vício extra petita).

Requer, ao final, o provimento do apelo e a reforma in totum da decisão.

Contra-razões apresentadas às fls. 32/34, pugnando pela manutenção da


sentença.

Presentes os pressupostos objetivos e subjetivos de admissibilidade, conheço do


recurso.

A insurgência do apelante limita-se à constrição judicial levada a efeito nos


autos em apenso, argumentando ter havido excesso.

Embora o recorrente sustente que o excesso de penhora caracteriza excesso de


execução, data venia, tais conceitos não se confundem.

A doutrina estabelece a diferenciação entre excesso de execução e excesso de


penhora, aquela encontrando previsão no artigo 743 do Código de Processo Civil
e esta não sendo sequer alegável em embargos, conforme preleciona o mestre
Araken de Assis, in "Manual do Processo de Execução", RT, 7ª ed., p. 626.

Nesse sentido, a lição de Amílcar de Castro:

"não se deve confundir excesso de penhora com excesso de execução.


Excesso de penhora é a apreensão de bens de valor muito maior que o
crédito do exeqüente e seus acessórios; só é alegável após a avaliação,
mediante requerimento do devedor" (Ob. Cit., p. 627).

Considerando, pois, que o excesso de penhora não é admitido como fundamento


para os embargos à execução, impossível acolher a tese recursal.

Vejamos os precedentes jurisprudenciais:

"O excesso de penhora não é matéria a ser aferida em embargos à execução"


(Ap. s/ Ver. nº 485.409, 2ª TACSP, 2ª Câmara, Rel. Juiz Felipe Ferreira,
Jurisprudência Informatizada Saraiva, CDROM nº 16).

"Excesso de penhora. Tratando-se de mero incidente à execução, descabe sua


apreciação nos embargos" (Ap. nº 15.329, TJPR, 1ª Câmara Cível, Dês. Sydney
Zappa, Jurisprudência Informatizada Saraiva, CDROM cit).

Na mesma esteira, vem decidindo este Sodalício:

"Embargos de devedor - Excesso de penhora - Momento processual próprio para


sua verificação.

A argüição de excesso de penhora não é matéria de defesa em


embargos à execução por título judicial ou extrajudicial porque tem por
finalidade modificar ou adequar o ato processual constritivo, devendo
ser alegada dentro dos próprios autos de execução, enquanto que os
embargos visam à desconstituição do título executivo relação jurídica
de direito material entre o devedor e o credor.

O excesso de penhora somente poderá ser constatado quando da


avaliação, para efeitos de venda dos bens penhorados em hasta pública,
na forma do artigo 685 do Código de Processo Civil" (Ap. Cív. nº
361.552-7, Relator José Affonso da Costa Cortês, j. em 16-05-2002).

"EMBARGOS À EXECUÇÃO. EXCESSO DE PENHORA. IMPOSSIBILIDADE DE


ARÜIÇÃO.

Eventual excesso de penhora não é matéria de defesa em embargos à


execução, devendo ser alegado após a avaliação, no próprio processo de
execução, nos termos do art. 685, I do CPC" (Ap. Cív. nº 465.820-8, Relator
Irmar Ferreira, j. em 08-10-2004).

"EMBARGOS DO DEVEDOR - PETIÇÃO QUE ALEGA EXCESSO DE PENHORA -


ATUAÇÃO APARTADA POR DETERMINAÇÃO DO JUIZ - DESCABIMENTO.

O excesso de penhora deve ser alegado nos autos da ação de execução, não
constituindo matéria de embargos do devedor" (Ap. Cív. nº 2.0000.00.489797-
6/000, Relator José Flávio de Almeida, j. em 21-09-2005).

Impende destacar, por outro lado, que não restou caracterizado o vício extra
petita, posto que a ilustre Magistrada julgou improcedentes os embargos,
determinando, tão-somente, a realização de nova penhora, em observância ao
contrato exeqüendo, e a conseqüente avaliação do bem, homenageando os
princípios da instrumentalidade, da economia e celeridade processual.

Diante desse contexto, ainda que a matéria relativa ao excesso de penhora


pudesse ser argüida em embargos, não haveria como analisá-la, uma vez que
tal irregularidade somente é passível de averiguação após a avaliação
do bem, a teor do artigo 685 do Estatuto Processual Civil.

Dessa forma, impõe-se a integral manutenção do decisum guerreado.


Em face de tais considerações, nego provimento ao apelo.

Custas recursais, pelo apelante, suspensa a exigibilidade, nos termos do artigo


12 da Lei nº 1.060/50.

Votaram de acordo com o(a) Relator(a) os Desembargador(es): VALDEZ LEITE


MACHADO e DÍDIMO INOCÊNCIO DE PAULA.

SÚMULA : NEGARAM PROVIMENTO.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0702.05.228435-4/001

Parte superior do formulário

Uma empresa jornalística, executada na Justiça do Trabalho de Minas Gerais, recorreu ao Tribunal,
em agravo de petição no qual contestou o que considera excesso de execução. Isto porque, teve
penhorado um bem avaliado em R$114.627,00, ao passo que o valor do débito em execução soma
R$31.732,46 e já consta nos autos um depósito recursal no valor de R$14.981,34. Alegou, por
isso, haver um excesso de R$97.875,88 na execução provisória em andamento, o que
representaria afronta aos artigos 1º, III e 5º, X, da Constituição Federal, bem como ao artigo 620
do CPC.

Mas ao analisar o recurso, a 5ª Turma do TRT-MG rejeitou esse argumento e manteve a penhora
determinada em 1º Grau. Segundo destaca o Desembargador relator, José Murilo de Morais,
apesar de o valor do bem ser muito superior ao do débito executado, é preciso atentar ao princípio
da celeridade processual, principalmente quando se sabe que, nos leilões públicos, dificilmente os
bens recebem lance superior a 50% do preço da avaliação. “Mostra-se de notável economia
processual que a penhora alcance valor superior ao da execução, na medida em que evita
repetições de diligências do oficial de justiça, de publicação de editais e seu respectivo custo, de
realização de praças e leilões, enfim, agiliza a consecução do objetivo maior que é a satisfação do
credor, sem prejudicar o devedor, que recebe de volta o valor que sobejar” – pontua o relator.

Ele ressalta que a penhora é, em regra, irretratável, mas o bem pode ser substituído, a teor do
art. 668 do CPC, desde que se comprove que a medida não trará prejuízo algum ao credor
trabalhista e que será menos onerosa ao executado. Mas essa providência não foi tomada pela
executada, no caso.

Portanto, foi mantida a penhora e o bem poderá ir à praça ou leilão em caso de execução
definitiva (se a empresa não obtiver êxito no recurso pendente de julgamento no TST),
sendo restituído à executada o valor que sobrar após o pagamento do crédito devido ao
ex-empregado, das custas e demais despesas processuais. Processo: (AP) 00236-2007-
114-03-00-5

Fonte: TRT

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