BNCC 20dez Site
BNCC 20dez Site
BNCC 20dez Site
ARARAQUARA – 2007
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho”
Faculdade de Ciências e Letras
Campus de Araraquara-SP
Pós-Graduação em Lingüística e Língua Portuguesa
ARARAQUARA – 2007
Fernanda Bettini Bonadio
ARARAQUARA
2007
BANCA EXAMINADORA
A Deus, que me ensina a
aprender e a crescer com as
adversidades.
A meus pais, pela forma como
souberam me levar a acreditar
que o esforço sempre vale a
pena e por suas renúncias para
que eu pudesse me tornar o
que sou.
A meus filhos Mariana, Gil, João
Paulo, Rafael e Mateus, fonte
de inspiração e do desejo de ir
além.
A Gilberto, por me desafiar.
A Máxima e Edézio, pelo apoio
e estímulo constantes.
AGRADECIMENTOS
Ao Sistema COC de Ensino, aqui representado por José Henrique del Castillo
Melo e Mônica V. A. Righi, pelo apoio, pela compreensão, pela cooperação e
por criarem condições para que este trabalho pudesse ser realizado e
concluído.
Aos Profs. Drs. Maria Suely Crocci de Souza, Marisa Gianechini, Vera Lúcia
Abriatta, Álvaro Maia e Rubens Maia por terem me colocado a caminho e
iluminado meu olhar.
Aos professores e colegas que conviveram comigo durante esse curto período
de mestrado, em especial Bia, Thais e Profª. Drª. Maria Tereza Camargo
Biderman, por terem conquistado um lugar permanente em minha memória.
À amiga Help, que, embora não tenha feito a revisão deste trabalho, sabe que
tem sua presença inscrita nele.
Having in mind the Brazilian educational moment and the need of working in
this study is to offer Portuguese language teachers of the third and forth cycles
a first moment, a reading of this document content will be done and the
articulation of its main topics with interviews of some public school’s teachers of
two cities in the interior of the São Paulo State. At a second moment, from the
INTRODUÇÃO ..................................................................................................14
CAPÍTULO IV: METODOLOGIA ......................................................................25
CAPÍTULO II .....................................................................................................33
1. Os PCN de Língua Portuguesa para 3º e 4º Ciclos do Ensino
Fundamental – Leitura e apresentação dos conteúdos do documento....33
1.1 Primeira Parte ............................................................................................33
1.1.1. Estrutura e organização dos PCN .......................................................33
CAPÍTULO IV .................................................................................................. 87
...........................................................................................................................87
CAPÍTULO V ..................................................................................................105
(cordel) ...........................................................................................................117
alunos.............................................................................................................173
ANEXOS
14
INTRODUÇÃO
deixava de ser privilégio das elites para começar a fazer parte, de forma cada
nacional, de modo geral, como as instituições escolares, cada uma com suas
desenvolvimento do sujeito.
escrita são condição sine qua non para o acesso aos conteúdos de todas as
1998, p. 17)
modelo de ensino e aprendizagem que obviamente tem o seu valor por muito
ter contribuído para a formação de várias gerações, mas que exige atualização
dispõe, abrindo espaço para novas concepções de mundo e das maneiras por
mudanças são mais coerentes com as condições reais dos alunos e permitem
oficial que
p.36).
18
que a prática pedagógica deve se orientar pelo uso real da linguagem a fim de
qualidade no ensino.
dos livros didáticos, a partir de 1995. Após a publicação dos PCN, que, embora
Escolar do Estado de São Paulo – Saresp, que o ensino no Brasil está muito
presentes tanto nos PCN quanto nos livros didáticos formatados de acordo com
conforme atestam ROJO & BATISTA (2003), que as expectativas do PNLD são
diferentes das dos professores que utilizam os livros avaliados pelo Programa.
2003, p. 50)
satisfatórias com os PCN – sendo esse fato condição para sua aceitação e
21
trabalho aprofundado a partir deles, mas nem sempre, ou bem poucas vezes,
(PCN, 1998, p.
28)
didático não pode ser o único recurso ou a única referência de que o docente
22
Ora, não é difícil perceber que esse profissional está muito além das reais
sociocultural.
pertinentes, muitas vezes não são condizentes com a realidade dos alunos,
limita o entendimento pleno de seu texto. Os PCN, por seu turno, apresentam,
referência para que possa, a partir dela, desenvolver com mais tranqüilidade e
valioso tanto para conquistarem uma postura crítica diante da realidade, para
ser deste trabalho, que não pretende esgotar o assunto nem, tampouco, ser
CAPÍTULO I. METODOLOGIA
1. Seleção da metodologia
bibliográfica na qual foi efetuada uma análise dos conteúdos centrais dos PCN
mais aprofundados sobre o tema. De acordo com GIL (2002), o objetivo desse
Foi estabelecida uma relação entre essa base conceitual e as análises das
em relação aos PCN e aos livros didáticos utilizados em sua prática, fornecidos
políticas para o ensino de língua no Brasil. O objetivo dessa leitura foi analisar
tema.
da escola pública; por essa razão, não foi necessário fazer uma pesquisa de
campo para analisar a realidade das escolas e dos professores. Nesse estudo
metodológicas dos PCN e dos livros didáticos que utilizam, os quais têm por
documento.
Ensino Fundamental foi feita uma pesquisa bibliográfica que, pela definição de
A leitura foi baseada no texto completo dos PCN de língua portuguesa (3º
avaliação.
29
3.2 Questionário
alcance dos PCN dentro do grupo de professores por meio de perguntas que
dos livros didáticos e dos próprios PCN, e a realidade vivida por eles no dia-a-
dia escolar.
cassete.
portuguesa, sobre os livros didáticos que utilizam e sobre sua relação com a
entrevistado.
P1: Formado em Letras, não fez nenhum curso de atualização nem de pós-
CAPÍTULO II
considerado 1ª. a 4ª. séries) e terceiro e quarto ciclos (5ª. a 8ª. séries).
Portuguesa, existem dois textos: um relativo aos 1º. e 2º. ciclos e, outro, aos 3º.
e 4º. ciclos, constituindo-se este último o corpus pelo qual este estudo optou.
Acompanham tais textos – embora não integrando este corpus –, três outros
Orientação Sexual) que devem integrar as várias áreas, embora não sejam
Portuguesa.
cada ciclo a que se refere o documento – 1o. e 2o. Ciclos e 3o. e 4o. Ciclos –,
que se vive:
projeto político que visava, entre outros aspectos, à adequação do ensino aos
emprego da língua,
262)
postulada por esse autor e empregada pelos PCN. São mencionados, ainda,
chamado intertextualidade.
elementos:
gênero;
pertencentes ao gênero;
p.21)
de interação social; são, na maioria das vezes, mediados pela escrita e são
39
todo o texto dos PCN, que recorre a elas para fundamentar suas prescrições
vinculados outros também utilizados na redação dos PCN, com, por exemplo, o
Os textos orais também têm seu lugar na configuração dada pelos PCN
trabalho. Uma reflexão mais atenta a esse respeito apontaria para estudos que
oralidade em função das exigências dos PCN, que são a base também para as
De fato, muitos dos professores ainda acreditam que o aluno deve “ouvir” e que
cabe a ele, professor, o papel de “falar”, pois é por meio do texto oral,
conhecimento e, embora seja cada vez menos freqüente, pode-se verificar que
não é tão incomum como se supõe. Assim, seria de se esperar que os PCN
quanto ao uso indevido do texto literário como pretexto para o trabalho com
texto oral ou escrito, criando situações em que o sujeito possa operar sobre a
no sentido de entender que o padrão culto da língua não deve ser o único a ser
padrão culto; para isso tomam-se como exemplo casos de regência verbal e
justifica, na medida em que não faz sentido propor aos alunos que
padrão, dos mitos sobre o modo “certo” de falar, que seria o que mais se
da linguagem para se ter acesso aos conteúdos de outras disciplinas, uma vez
da língua para serem expressos. Dessa forma, não se pode dissociar o ensino
fundamental
formação continuada para ter condições de atingir tais objetivos, uma vez que,
tradição escolar que define de antemão o que deve ser abordado em cada
série.
de ensino e aprendizagem:
tratamento didático que deve ser adotado segundo a visão dos autores dos
PCN.
abordado.
com esses temas são oportunos para o trabalho com a argumentação e suas
e escritos.
48
linguagem.
de expressão da nova realidade que se desdobra ante seu olhar. Seria, então,
ideal, a fim de ter condições de planejar suas ações, tendo clareza acerca de
necessário.
metalingüísticas:
língua. O que se observa é que, mais uma vez, os PCN idealizam as condições
de cidade, etc., mas também podem surgir sob a forma de uma dificuldade
Ao ler textos escritos, o aluno deverá ser capaz de selecionar e ler com
textos que não correspondam a suas expectativas, discutir com os outros seu
distante do cotidiano das salas de aula. Embora se possa afirmar que essas
realidade mostra que há um longo caminho a ser percorrido para que saiam do
apresentadas.
1.2.3. Conteúdos
abordadas. A tabela a seguir, extraída dos PCN, dá uma idéia mais clara do
que se propõe.
54
Tabela 1. Gêneros privilegiados para a prática de escuta e leitura de textos (PCN, 1998, p. 54)
55
cotidiana.
tabela seguinte.
56
Tabela 2. Gêneros sugeridos para a prática de produção de textos orais e escritos (PCN, 1998,
p.57)
interlocutores.
orientem o leitor.
Pode-se verificar, nesse tópico, que ele difere muito pouco dos objetivos
práticas sociais.
determinado um
gêneros de uso público, como teatro, palestra etc., com a escuta orientada
devem ser gravadas para utilização em atividades de escuta que podem ter
preparação dos alunos para a escuta ativa e crítica dos textos, antecipando
(p. 69).
então, papel crucial para que ocorra essa passagem, especialmente porque
desistem de ler por não darem conta das exigências de leitura impostas pela
uniforme.
62
escola deve
formação de leitores.
professor);
ao texto);
seguido, mas que, em vez disso, contribuem para a formação de uma imagem
como leitura crítica, revisão e refacção, que exigem do aluno atenção para
permitir que o aluno atue criticamente sobre o próprio texto e realize, com a
na elaboração do texto.
lingüística, tais como o tomar os textos produzidos pelos próprios alunos como
correção prévia, pelo professor, dos aspectos que não serão alvo do trabalho
dispensado. Segundo eles, a escola precisa estar atenta e cuidar para que não
outros.
escolas para gravação das entrevistas deste trabalho, não participam sequer
participarão.
professores.
por outro, como instrumento que permite apresentar aos alunos seus avanços,
como para o aluno avaliado, permitindo a este último concentrar-se nos pontos
advertindo-se que:
construído familiaridade.
produção.
CAPÍTULO III
sua prática docente. O roteiro para a realização das entrevistas pode ser
língua. Isso foi necessário devido ao fato de os professores não terem clara,
entrevistado será mencionado, no decorrer desta seção, como P1, P2, P3, P4 e
P3, sempre que possível por P1, P2 e P5 e às vezes por P4. Os conteúdos
textos lidos. Já para P2, em primeiro lugar devem vir atividades que
leitura.
“então principalmente quinta série, eles lêem só, mas se agente faz
alguma pergunta sobre aquele texto eles não têm essa capacidade crítica.
“Então, é... criar o aluno mesmo pra ser um cidadão crítico, né,
através dos textos, que a gente vê muito texto da realidade deles, não só a
leitura, mas ele tem que entender o que ele tá lendo, porque eles não
aceitar tudo que eles vêem na televisão, tudo que eles ouvem por aí como
que você apresenta outro tipo de linguagem pra ele, ele se depara com um
mostrar que aquilo que ele coloca em prática durante o dia, no cotidiano, na
trabalhar com variação lingüística, mostrar pros alunos que existem formas
de “erro de português”:
um diálogo desse caipira, a fala dele não pode ser considerada erro, porque
o sentido, entende?”
lugar privilegiado na redação dos PCN. Em relação aos conteúdos que mais
mesmo pra trabalhar com a classe inteira, eu não posso cortar de jornal e
gente usa livro que tem dissertação, que tem narrativa, e a gente vai
pegando aqui e ali, não fica só no livro didático, né? Tem leitura de
paradidático também(...)”
75
regrinhas, passo exercício de outro livro, depois eles fazem exercício.” (P1)
conteúdo.” (P4)
afirma:
exemplo, é bem rápido o trabalho também com sintaxe aqui dentro, não que
normativa e descritiva.
P3, por sua vez, diz aos seus alunos, conforme afirma em um trecho
de sua entrevista:
76
“olha, você tem a liberdade de falar da maneira que você quer, porque
você se expressa com seus gestos que te ajudam, mas pra escrever você
não tem toda essa liberdade, então você tem que ter o domínio da norma
padrão, você tem que ter o domínio de certas coisas da linguagem, que vão
que pode, sim, ser escrito em outro registro que não a norma padrão,
realidade nos mostra que não só eles, mas até pessoas mudas conseguem
se expressar eficazmente.
“Então, a gente faz a leitura e aqui [no livro didático utilizado] já tem,
eles tão misturados, tá? Então eles vão lendo aqui as próprias perguntas e
baseado no livro didático?) Não tem assim... aqui não tem... até podia ser
“eu trabalho mais com textos é... Em alguns dias nesse texto há
vejo se eles entenderam, mas a maioria não entende muito não, sabe?, a
maioria vem sem saber quase nada, não sabem ler, entender o sentido,
terem uma base também, né? Precisa de gramática, a gente ouve muito
falar que não deve ensinar gramática, mas eu acho que deve, sim, que
precisa ter uma noção, senão eles nunca vão escrever direito, nunca vão
também não tiver nenhum alicerce da língua, se ele não souber o que que é
substantivo com verbo, ele sabe se expressar, mas ele não sabe nem o que
gramática fundamental é uma base pra pessoa saber o que ta fazendo com
a língua, né? ele tem que ter um conhecimento, nem que seja o mínimo do
um artigo, o mesmo pra trabalhar com a classe inteira, eu não posso cortar
às vezes a gente usa livro que tem dissertação, que tem narrativa, e a gente
vai pegando aqui e ali, não fica só no livro didático, né? Tem leitura de
e produção.”
79
“Eu vejo a gramática como fundamental, por quê? se você vai produzir
um texto, você tem que saber adequar as palavras, aí vai entrar na questão
coesão, ah, mas você tem que saber uns princípios aí, de concordância que
você tem que estudar, mas onde que você recai? na gramática. Desde
gramática, ele pode não ter a idéia, a imaginação, a criação de uma boa...
criatividade pro aluno, porém ele tem a colocação, a palavra da norma culta,
o texto, ele não vai... ele sobressai no aspecto de... gramática, porém deixa
sair mais desse contexto de texto, que que é um texto? não é só com a
parte de gramática, certo? (Você acha que o contrário seria possível, ele ter
você já começa errado, pra depois você corrigir é bem mais difícil. O que
nós fazemos hoje é isso. O aluno, ele escreve, mas muitas vezes ele
escreve só usando a criatividade que ele tem, mas a parte que se pede no
80
vestibular, que se pede na sociedade, ele não tem. Eles falam assim ‘É, o
aluno tem que saber é... ler e escrever. Mas que que é esse saber ler e
escreve errado, você tem boa criatividade, mas você escreve errado, que
que vai ser questionado? Se você vai procurar um emprego... ele usa, hoje
querem a norma gramatical, a norma culta, não importa se você tem boa
pra você falar que uma coisa que ta errada ta certa, né? Então a gente tenta
ensinar, corrigir, mas é difícil, ás vezes eles cometem o mesmo erro logo
depois de a gente ter corrigido, ensinado... Eu acho que tem que ensinar o
certo, né? Um professor tem que saber qual é o... a forma certa e ensinar
pro aluno, senão qual que é o papel dele na escola, se ele deixar o aluno
escrever de qualquer jeito, se ele não ensinar o certo pro aluno?” (P4)
vez que havia sido explicado a eles, antes do início da entrevista, qual era a
materiais:
“Eu acho que eles não têm assim essa realidade, essa realidade é
muito distante deles, sabe, então, é... Quando eu expliquei substantivo pros
alunos eles não conhecem essa vivência, eles não conseguem entender
perceber. (...) Então, é uma dificuldade tão grande, eles não têm, eles não
conseguem entender isso. Então eu acho que o negócio teria que ser mais
“Eu acho que é uma questão de cultura mesmo. Eles... eles não têm
mais contato, eles vivem numa sociedade, todos, entendeu? têm a mesma
sou de origem humilde, o que eu aprendi com meus pais, o jeito que eles
falavam, até hoje eu cometo esses erros. Além disso, a falta de acesso a
computador, jornais, o aluno não lê. Falta de contato com essas coisas,
e da instituição escolar:
“Em primeiro lugar, o aluno tinha que aprender a ler mais e copiar
menos no primário. Ler. Ler, ler, ler, ler, ler e depois copiar. Acontece
sexta série, na quinta série, ele aceitaria dialogar, né? e pensar sobre o
assunto junto com a gente. Mas ele não ta preparado pra isso. Entende?
Você tenta jogar alguma coisa, aí a tua aula vira... aí não dá retorno, aí
começa a acontecer indisciplina, né?, que esse pessoal não foi preparado
pra conversar. Então aí você tem que trabalhar pra você não mandar todo
“A finalidade ainda, as, as, tem criança que tem deficiência na, na sua
dá valor pra ele, pra escola, pra aquilo que ele faz na escola, então tudo
83
isso vem um desprestígio tão grande pela escola, que a criança acha que
disso. Tem criança que o pai não quer, a mãe não quer (que ele vá na
escola?) É! O pai não quer, a mãe não quer, eles vão ta interessado no que
drogas... e ele tá lá no meio dos outros, batendo nos outros, então eu tenho
que dar aula, tenho que segurar aquele menino, tenho que dar um jeito pra
ele não bater nos outros... Então assim, por mais que eu faça, eu não faço
meninos da sétima série chegaram eles não sabiam fazer parágrafo, eles
não sabiam pôr travessão, eles não sabiam mudar de linha num texto... Eu
para aproveitar pouco, eles escrevem muito errado, às vezes não tem
coerência, é complicado. Depois também porque eles não gostam, eles vão
rir um do outro, os amigos vão rir e eles não gostam muito, não. Eu prefiro
textos literários, de revista, de jornal, que têm um conteúdo que você pode
aproveitar pra tirar algum exercício; porque você veja bem, o texto deles, é
“Não, de jeito nenhum, aí é que eles vão achar ruim mesmo, não vão
querer... não vão fazer mais nada. Sabe, qualquer coisa vem a... a mãe, o
pai, a família, dá muito problema, eles acham que nós estamos ofendendo,
defeitos do filho deles na frente dos outros, não dá nem pra pensar nisso...
Eles levam a coisa pro lado pessoal, sabe, que nem se eu tivesse algum
problema pessoal com... com o aluno, o aluno também vai lá e... e faz a
cabeça da mãe dele contra a gente, se ele não vai muito com a cara da
gente, então, se ele não gosta da matéria, ele fala mesmo, a mãe vem
certo, não, pelo menos aqui não dá, pode ser que em outra escola... né?”
(P3)
“Não, não dá. (Por quê?) Ah, os textos deles são muito ruins, eles
problemas, né?, eles são muito defasados, não dá pra pegar como exemplo
85
para os outros. E eles, acho que eles também não iam gostar muito, não... “
(P5)
dos PCN acerca desse assunto, uma vez que vão de encontro à pratica
forma, pode-se deduzir que, se de fato leram pelo menos alguns trechos do
próprios alunos.
idealizado pelos redatores dos PCN. Deve-se mencionar também que nem
tenha sido mencionada por nenhum deles, também merece atenção, pois,
CAPÍTULO IV
realizadas
e enfatizadas pelo texto dos PCN, as quais podem ser encontradas com maior
propostas de trabalho que serão apresentadas, uma vez que se assume neste
tomado como unidade básica de trabalho, que dele devem partir e a ele devem
aqueles que acreditam ser importante que os alunos manifestem suas opiniões.
com textos orais, não sabem como implementá-las em sua prática didática,
linguagem oral ainda parece não fazer parte dos conteúdos a serem
nas nossas escolas; daí não ser espantoso que a maioria dos
em relação ao tema.
serem por eles desenvolvidas, têm clareza sobre o tratamento a ser conferido
vez que tais atividades são de crucial importância tanto no contexto dos PCN
pelos livros didáticos e pelas políticas públicas nacionais vão ao encontro das
Ainda com relação à prescrição dos PCN de que o texto deve constituir a
sempre isso é entendido da forma correta. De fato, é comum que o texto seja
teve acesso durante sua formação inicial e nem mesmo durante a continuada.
documento, o que parece ser suficiente, mas não é. Na verdade, a maioria dos
professores e até muitos autores de livros didáticos ainda não têm clareza
textuais, ponto a ser esclarecido por gerar muitas polêmicas, mesmo entre
equivale a dizer que, para alguns gêneros textuais e tipos textuais constituem
fechado.
p.117)
PCN, possuiria uma função conciliatória, uma vez que “garante o suporte
realizar atividades com diversos gêneros textuais, embora seu trabalho não
P3:
também não tiver nenhum alicerce da língua, se ele não souber o que que é
substantivo com verbo, ele sabe se expressar, mas ele não sabe nem o que
gramática fundamental é uma base pra pessoa saber o que ta fazendo com
95
a língua, né? ele tem que ter um conhecimento, nem que seja o mínimo do
um artigo, o mesmo pra trabalhar com a classe inteira, eu não posso cortar
às vezes a gente usa livro que tem dissertação, que tem narrativa, e a gente
vai pegando aqui e ali, não fica só no livro didático, né? Tem leitura de
produção. (...)”.
de sua vida escolar, porém, isso não basta, pois é necessário, segundo as
determinações dos PCN, que ele seja capaz de identificar cada um dos
continuada não estão cumprindo bem seu papel, tendo em vista que os
desses programas nas questões centrais exigidas para uma prática pedagógica
discursivas propostas.
lingüísticas que ocorrem nas diversas regiões brasileiras e com isso conhecer a
lingüística:
97
pelas diferentes formas de falar, mais ou menos formal, por exemplo, que um
encontra.
identificam.
familiaridade com o tema, conforme pode ser verificado nos trechos transcritos
a seguir:
“olha, você tem a liberdade de falar da maneira que você quer, porque você
se expressa com seus gestos que te ajudam, mas pra escrever você não
tem toda essa liberdade, então você tem que ter o domínio da norma
padrão, você tem que ter o domínio de certas coisas da linguagem, que vão
você apresenta outro tipo de linguagem pra ele, ele se depara com um
mostrar que aquilo que ele coloca em prática durante o dia, no cotidiano, na
trabalhar com variação lingüística, mostrar pros alunos que existem formas
de “erro de português”:
um diálogo desse caipira, a fala dele não pode ser considerada erro, porque
o sentido, entende?”
“erros” cometidos pelos alunos na escrita, menciona também a fala, com uma
você falar que uma coisa que ta errada ta certa, né? Então a gente tenta
ensinar, corrigir, mas é difícil, ás vezes eles cometem o mesmo erro logo
depois de a gente ter corrigido, ensinado... Mesmo falar eles falam muito
errado...”
com certa propriedade pelos PCN e já se tenha firmado como conteúdo a ser
aprimorem.
lingüística.
ganham cada vez mais espaço. Essa tendência talvez se deva à influência de
anteriormente.
reelaboração até tomar sua forma definitiva. Parece existir uma cultura da
necessidades.
102
textos orais, ainda que estas sejam menos passíveis de reelaboração por se
considerar que qualquer uma dessas atitudes requer uma grande agilidade
ser superado tanto por professores como por alunos, pois parecem ser
atividades de refacção textual em que os textos dos alunos são tomados como
“Isso aí... olha, se eu fizer isso é capaz de eles bloquearem, de eles ficarem
“Olha, eu acho que não dá certo. Primeiro, porque o texto deles dá para
aproveitar pouco, eles escrevem muito errado, às vezes não tem coerência,
é complicado. Depois também porque eles não gostam, eles vão rir um do
outro, os amigos vão rir e eles não gostam muito, não. Eu prefiro textos
aproveitar pra tirar algum exercício; porque você veja bem, o texto deles, é
“Não, de jeito nenhum, aí é que eles vão achar ruim mesmo, não vão
querer... não vão fazer mais nada. Sabe, qualquer coisa vem a... a mãe, o
pai, a família, dá muito problema, eles acham que nós estamos ofendendo,
defeitos do filho deles na frente dos outros, não dá nem pra pensar nisso...
Eles levam a coisa pro lado pessoal, sabe, que nem se eu tivesse algum
problema pessoal com... com o aluno, o aluno também vai lá e... e faz a
cabeça da mãe dele contra a gente, se ele não vai muito com a cara da
gente, então, se ele não gosta da matéria, ele fala mesmo, a mãe vem
certo, não, pelo menos aqui não dá, pode ser que em outra escola... né?”
(P3)
“Não, não dá. (Por quê?) Ah, os textos deles são muito ruins, eles escrevem
problemas, né?, eles são muito defasados, não dá pra pegar como exemplo
para os outros. E eles, acho que eles também não iam gostar muito, não...”
(P5)
parte dos professores, que têm uma visão ainda bastante limitada quanto
refacção.
CAPÍTULO V
um dos aspectos considerados por este trabalho como centrais na redação dos
por exemplo.
professores e pelos autores de livros didáticos. Por essa razão, talvez, exista
tema.
anteriormente etc.
etc.
• Preparação dos alunos para a escuta ativa e crítica dos textos por meio
1843. Esse tipo de discurso era conhecido na época como “fala do trono”.
Certo da vossa solicitude por tudo o que póde contribuir para a Minha felicidade, e
Estrangeiras; e Confio na Providencia Divina que não será interrompida a paz externa
de que gozamos.
foi apenas mitigada pelas provas, que derão os Brasileiros, e de sua dedicação ás
briosa Guarda Nacional, debaixo dos auspicios do Todo Poderoso, deve o Meu
(...)
ides emprehender, a vossa sabedoria, e zelo pelo bem do Estado, não deixarão de
"Às críticas e à onda de negação que procuram inutilmente atrasar o Brasil, respondo
com atos como este: eis inaugurada a política de desenvolvimento do Nordeste. Não
brasileiros que se vai intensificar agora a luta contra a maior ameaça à unidade
ordem.
pensamos nestes anos ásperos e difíceis, neste período em que não deixaram de
em via de ser superado - no afã de vilipendiar a obra de afirmação que vamos levando
(...)
Cardoso:
Eu queria, brevemente, aludir à importância de que se reveste esta lei. É uma lei que
esse assunto: a conservação de energia. A proposta inicial foi minha. Depois, foi
retomada pelo Senador e outros parlamentares. Levou 11 anos. Mas ela, finalmente,
Ela tem um significado muito grande, porque, esta manhã, estivemos reunidos aqui, na
Câmara que discute as questões da energia diante da crise pela qual estamos
preocupação para todos nós, não no sentido de que não temos condições de resolver,
os que conhecem mais de perto os problemas de energia sabem que é necessário que
água não está sob o nosso controle. Podemos guardar a água nos reservatórios e
Brasília-DF
“Primeiro, quero cumprimentar meu companheiro José Dirceu, ministro da Casa Civil,
(...)
que a novidade que vocês perceberam neste plano, aqui, foi uma mudança, ou seja, o
dinheiro se espalhou pelo Brasil, porque a cultura dos empréstimos para a agricultura
112
familiar, um tempo atrás, é que o nosso querido Sul do país ficava com quase tudo
que era liberado. Até porque o Sul e o Sudeste têm o privilégio de, ao a gente anunciar
aqui, já ser o mês que eles estão pegando o dinheiro. E nós, do Nordeste e do Norte,
vamos pegar esse dinheiro lá pelo final do ano, começo do ano que vem, que é
Mas os números, Rossetto, me impressionam e eu penso que isso deve deixar o meu
porque eu acho que o movimento sindical também precisa começar a ser, cada vez
financiamento.”
Para terminar, leia uma sátira a todo esse “palavrório” político feita pelo
fala de Odorico:
(...) Estão em cena Dorotéa, Juju, Dulcinéia, Vigário e Odorico. Este último, à janela,
discursa.
estou para receber a confirmação, a ratificação, a autenticação e por que não dizer a
ODORICO - Eu prometi que o meu primeiro ato como prefeito seria ordenar a
construção do cemitério.
113
sepultados aqui mesmo, nesta terra morna e cheirosa de Sucupira. E quem votou em
mim, basta dizer isso ao padre na hora da extrema-unção, que tem enterro e cova de
Aplausos. Vivas. Foguetes. A banda volta a tocar. Odorico acena para o povo
cumprimentam.
Veja neste outro trecho como a fala de Odorico, por meio de palavras
propriedade alheia.
(...)
SILAS – Lembro ao Coronel que uma das condições sine qua non do nosso negócio é
entretanto que vai nos impedir de chegar aos finalmentes. É só eu querer e boto esses
(...)
PREFEITURA – INT/DIA
114
DIRCEU SE ASSUSTA.
minha sala.
APRESSADAMENTE.
DIRCEU – O senhor desculpe, mas é que ontem eu tive a sorte de pegar uma morpho
ODORICO INTERROMPE.
ODORICO – Seu Dirceu, nós estamos aqui para trabalhar pelo povo e não para
Agora é a sua vez. Escreva uma sátira de discurso político. Você pode
próprio discurso. Apenas não se esqueça de que o discurso deve ser satírico.
Resposta pessoal.
O professor deverá pedir ao aluno para que treine em casa para apresentar
seu discurso em sala. Pode-se orientar também para que haja uma
caracterização (figurino, por exemplo) e uma dramatização (como são
proferidos os discursos desse tipo?)
115
Ou existiria algum outro fator que levasse a uma diferença entre os discursos?
Explique.
( ) complicados.
( ) objetivos.
( ) compreensíveis.
( ) chatos.
( ) claros.
Justifique.
Resposta pessoal.
O professor deverá comentar com os alunos que, muitas vezes, o discurso
político é propositalmente obscuro, isto é, de difícil compreensão, e tenta
impressionar utilizando palavras rebuscadas e frases de efeito. Quem não
tem um domínio razoável da linguagem deixa-se impressionar pela “beleza”
ou mesmo pela “dificuldade” do discurso e, embora entendendo muito
pouco do que foi dito, acaba apoiando, concordando com quem o proferiu.
Isso pode ter conseqüências muito sérias, como quando elegemos um
candidato que nos seduz com seu discurso, mas não representa os nossos
interesses. Muita gente tem a estranha mania de achar bonito o “falar
difícil”, como se isso fosse sinônimo de conhecimento, credibilidade,
seriedade, etc. Não é. Merece nossa confiança e nosso voto quem não nos
engana nem com palavras nem com atitudes.
equívocos até por parte dos próprios educadores, o que poderia levar a se
1998, p. 31)
textuais (cordel)
118
Respostas possíveis
a) Foi utilizado o dialeto nordestino, variante típica da região onde
são tradicionalmente produzidos os cordéis.
O professor deve orientar os alunos para que leiam o cordel em voz alta,
respeitando o ritmo e, se possível, aproximando-se do dialeto também
na oralidade. Podem-se dividir as estrofes do poema entre os alunos,
entre grupos ou como de acordo como for mais conveniente; o
importante é que todos tenham a oportunidade de ler e ser ouvidos
Algumas considerações são importantes: O dialeto pode ser considerado
a forma peculiar que a língua assume em diferentes regiões, as quais
possuem características culturais e socioambientais também distintas.
Essas diferenças, no entanto, não se constituem obstáculos ao
entendimento de outros falantes da mesma língua, porém não do
mesmo dialeto. Dentro de cada dialeto, existem ainda outras diferenças,
como, por exemplo, as sociais (o modo de falar de determinada classe
social, de determinado grupo social) e as de estilo, como o modo de falar
mais formal, o informal, o familiar, que dependem da situação de
comunicação em que o falante se encontra.
b) Porque ela é fator de união entre o cordelista e o meio social onde
ele vive, inclusive seu público-alvo. O cordel, por ser um texto de caráter
popular, utiliza a linguagem que possibilite o entendimento desejado,
que aproxime leitor e texto.
c) A variante relaciona-se intimamente com o tema, pois ambos
fazem parte da cultura daquela região e das pessoas que lá vivem. Para
se contar uma história fantasiosa e bem-humorada sobre o lendário
Lampião, o mais famoso dos cangaceiros nordestinos, utilizou-se uma
linguagem que, além de expressar o modo de pensar e de viver do povo
daquela região, seria entendida por todos, pois faz parte de seu dia-a-
dia.
Respostas possíveis
a) 1. Lampião foi no inferno
Ao depois no céu chegou
De acordo com a variante padrão (ou norma culta, ou padrão culto) e com
a gramática tradicional, os verbos ir e chegar são regidos pela preposição
a: foi ao inferno; ao céu chegou.
2. Não há regularidade na pontuação: há trechos bem pontuados (ex.:São
Pedro desconfiado / Perguntou ao valentão: / Quem é você meu amigo /
Que anda com este rojão?) e outros com pontuação deficiente (ex.:
Lampião disse está bem / Procure que quero ver / Se acaso não tem aí /
O meu nome pode crer / Quero saber o motivo – não há pontuação
tradicional indicativa de discurso direto e nem entre as estruturas frasais.)
(Vamos meu filho vamos – falta vírgula para separar o vocativo).
3. Oração iniciada com pronome pessoal (Me tornei um cangaceiro).
4. Falta concordância verbal (Tu com ela nada faz)
Há outras possibilidades de resposta.
b) Se o texto fosse reescrito de acordo com as normas da gramática
tradicional, perderia todo seu encanto, toda sua singularidade e seria
descaracterizado. A linguagem utilizada em um texto deve ser coerente
com os objetivos desse texto e levar em conta as características de seu
público-alvo.
125
Eufemismo (cavalheiro)
Comparação
oral ou escrito – como unidade de trabalho. Isso equivale a dizer que o texto é
escola trate todos eles como objeto de ensino; assim, uma seleção é
Viseira e arreio
"Não há nada de útil nela, e ninguém vai assistir a isto nesta casa, e eu não quero isto em
nossa dieta intelectual" -- Philo Farnsworth, inventor da televisão
A TV não dialoga. A TV dita. E dita de uma forma covarde, pois não dita
com palavras, dita com imagens. No passado, nós aprendíamos como era o
mundo nos relacionando diretamente com ele. Hoje, entretanto, nós estamos
presos a uma máquina que nos "ensina" como é o mundo. E não por câmeras
que captam a realidade, mas por câmeras que filmam uma realidade forjada,
um teatro que reflete as opiniões que as empresas anunciantes querem que
nós tenhamos.(...)
As pessoas se viciam na TV porque elas estão isoladas. Nós vivemos em
caixotes, e se sairmos deles, a maioria das outras pessoas que encontramos
nas ruas estão apressadas indo para seus caixotes assistir à TV. Esta oferece
uma realidade muito menos dura do que a encontrada na rua, que se resume
em paredes de concreto, sujeira, fumaça e pessoas apressadas que perderam
o hábito de conversar. (...)
Não é verdade que o baixo nível da TV é devido aos telespectadores. A
TV escuta os telespectadores para adequar a forma do que é veiculado ao
gosto dos telespectadores. O conteúdo, entretanto, é ditado. Do contrário, não
haveria comerciais na TV.
Finalmente, a TV acostuma à passividade, de forma ainda mais perniciosa
do que na escola. Nesta, há sempre a possibilidade de pedir a palavra. No
131
A utilidade da TV
Apesar de tudo, a televisão tem sua utilidade. Essa é uma contradição
que está presente em nossa sociedade desde que surgiu a televisão, por volta
dos anos de 1950.
Segundo estudos recentes, ela está presente em aproximadamente 90%
dos lares brasileiros, o que a torna um veículo de comunicação de grande
alcance, isto é, ela chega a todos os tipos de pessoas, de todas as classes
sociais, em qualquer lugar do país. Isso é muito importante quando há, por
exemplo, uma campanha nacional de vacinação, como é o caso das
campanhas contra a poliomielite, que chegam ao conhecimento da grande
maioria das pessoas por meio da televisão. É importante também quando há
campanhas de esclarecimento e conscientização, como no caso das
campanhas de prevenção à Aids, à dengue, ao cólera etc. Muitas pessoas só
sabem a respeito do que acontece no mundo por meio da TV; é a única fonte
de informação de que elas dispõem. E há ainda programas educativos e muito
bons, basta saber escolher. Para terminar, imagine-se doente, de cama, sem
poder se levantar. É claro que sempre se pode ler um bom livro, mas a
televisão “ajuda o tempo a passar”, trazendo um pouco de conforto e alívio
para nossas dores.
Respostas pessoais
Proposta 4
Televisão
Arnaldo Antunes
A mãe diz pra eu fazer alguma coisa mas eu não faço nada
A luz do sol me incomoda, então deixo a cortina fechada
É que a televisão me deixou burro, muito burro demais
E agora eu vivo dentro dessa jaula junto dos animais.
Ilusões, fantasias
E até depois do meu adormecer
São estrelas dos programas
Que em meus sonhos posso ter
Respostas possíveis
a) televisão
b) a primeira música apresenta um ponto de vista crítico em relação à
televisão, enquanto a segunda apresenta um ponto de vista
romântico, passivo.
c) São contraditórios porque o primeiro fala de forma crítica, irônica que
tudo o que a televisão oferece seu “coração” – seu intelecto –
assimila acriticamente, isto é, sem reflexão, enquanto os da segunda
música mostram um narrador completamente passivo e aberto ao
que a televisão lhe oferece. O “coração” funcionaria como uma porta
por onde entram os conteúdos oferecidos pela televisão. No primeiro
caso, embora a porta esteja aberta, é clara a mensagem de que isso
é prejudicial; no segundo, a porta está aberta porque há uma
aceitação e até um desejo do conteúdo que por ela passa.
137
2. Cada uma dessas músicas tem um narrador, isto é, alguém que fala
“contando” alguma coisa. Como será que é o narrador da primeira
música? E o da segunda? Escreva um parágrafo descrevendo física e
psicologicamente:
a) o narrador de “Televisão”
b) o narrador de “Meus amores da televisão”
Atenção! Sua descrição deve ser coerente com a personalidade do
narrador expressa em cada música.
Respostas possíveis
Resposta pessoal, com orientação do professor. O Professor
deve orientar o aluno quanto ao tipo de texto que ele irá escrever
(descritivo), lembrando suas características principais. Não é
necessária uma aula sobre texto descritivo, apenas um lembrete.
Também não há necessidade de rigidez: o aluno pode,
eventualmente, narrar; o que importa é que o texto seja
predominantemente descritivo a fim de cumprir o objetivo a que
se propõe, que é a leitura atenta dos textos das músicas e a
inferência de características da personagem que eles estão
criando a partir de indicadores, explícitos ou não, presentes nos
textos.
Resposta possível
O narrador apresenta um conflito existencial, pois passou boa parte
da sua vida vendo televisão e acreditando no que ela mostrava.
Agora percebe que perdeu seu tempo e sente que precisa recuperá-
lo, só que não sabe como fazê-lo e pede ajuda para sair do vazio em
que se encontra. Algumas sugestões possíveis: fazer amigos que
tenham outros interesses, entrar em contato com outros tipos de
pessoas e formas de lazer, procurar se informar lendo jornais, por
exemplo, estudar, ler etc.
5 Leia o trecho:
Tem alguém que escreve pra mocinha
Cartas de amor iguais às minhas
E hoje na novela todo mundo vai saber
Quem é esse que ela ama e trata de esconder
Só falta ela dizer que o autor
Das cartas que ela recebeu, sou eu
Coloque-se no lugar do narrador e escreva uma das cartas que ele menciona.
Não se esqueça de que são cartas de amor e que se dirigem à “mocinha” da
novela. Lembre-se ainda da estrutura de uma carta informal:
- local e data
- vocativo
- corpo do texto (conteúdo)
- saudação final
- assinatura
Resposta pessoal
139
Proposta 5
O jovem casal
abril, 1953
(Fonte: QUEIROZ, Rachel et al. Meninos, eu conto. Rio de Janeiro: Record, 2002.)
b) quando:
abril de 1953
c) por quê:
3. Por que, em sua opinião, o autor escreveu uma crônica e não um poema
ou um romance, por exemplo?
143
Resposta pessoal
A mulher rica deu-lhes um “vago” olhar, o que faz supor que seja um
olhar de indiferença ou de superioridade. Correr os olhos sobre a moça
de cima a baixo é um gesto que significa, nesse contexto, humilhação,
pois supõe-se que a “mulherzinha” esteja desprezando, com o olhar, a
simplicidade da outra, e fazendo questão de que isso seja percebido.
Entre mulheres, e mesmo entre homens, é um gesto arrogante e muitas
vezes ofensivo.
Proposta 6
Condições de
Produção 1 2 3 4
Moradores Alunos da 5ª Candidatos a
Interlocutores de uma e da 6ª séries Empresários um trabalho
favela da sua escola voluntário
Resposta pessoal. Seria bom que alguns textos fossem lidos em classe, para
que os alunos pudessem ouvir também o que os outros grupos fizeram. Uma
opção interessante é colocar os textos/trabalhos dos alunos na internet, mas
deve-se ter o cuidado de não colocar sempre textos dos mesmos
autores/grupos, pois todos os alunos/grupos devem ter acesso a esse direito.
A exposição dos textos em veículos de comunicação cria a imagem do(s)
suposto(s) interlocutor(es), o que favorece um texto mais claro e objetivo,
além de valorizar o trabalho do aluno.
146
informar
b) os interlocutores:
internautas
c) local de circulação:
internet
d) gênero textual:
Resposta pessoal
Proposta 7
O professor deverá providenciar pelo menos uma das músicas citadas para
os alunos ouvirem. Deverá também organizar grupos de discussão entre os
alunos para este exercício. Posteriormente, os alunos deverão redigir as
respostas às questões propostas.
Gente
Caetano Veloso(in Noites do Norte Ao Vivo. Universal, 2001)
(...)
Gente quer comer
Gente quer ser feliz
Gente quer respirar ar pelo nariz
Não, meu nego, não traia nunca essa força, não
Essa força que mora em seu coração
c) os lugares de circulação:
d) o gênero discursivo:
Canção popular
O Pecado
Quando naquele dia São Pedro despertou, despertou risonho e de bom humor.
E, terminados os cuidados higiênicos da manhã, ele se foi à competente
repartição celestial buscar ordens do Supremo e saber que almas chegariam
na próxima leva.
Dessa vez ao contrário de todo o sempre, São Pedro, antes de sair, leu de
antemão a lista; e essa sua leitura foi útil, pois que se a não fizesse talvez, dali
em diante, para o resto das idades - quem sabe? - o Céu ficasse de todo
estragado. Leu São Pedro a relação: havia muitas almas, muitas mesmo, delas
todas, à vista das explicações apensas, uma lhe assanhou o espanto e a
estranheza. Leu novamente. Vinha assim:
P. L. C., filho de..., neto de..., bisneto de... – Carregador, quarenta e oito anos.
Casado. Casto. Honesto. Caridoso. Pobre de espírito. Ignaro. Bom como São
Francisco de Assis. Virtuoso como São Bernardo e meigo como o próprio
Cristo. É um justo.
– P. L. C., filho de..., neto de..., bisneto de... – Carregador. Quarenta e oito
anos. Casado. Honesto. Caridoso. Leal. Pobre de espírito. Ignaro. Bom como
São Francisco de Assis. Virtuoso como São Bernardo e meigo como o próprio
Cristo. É um justo.
Garoto de Plástico
Tem gente que vem ao mundo a passeio, outros, a serviço. E ele vivia assim, à
paisana. Era um indivíduo descartável e nunca fizera o menor esforço. Malhar,
só na academia, para garantir o êxito dos amassos noturnos no seu ponto de
encontro predileto, as boates, onde costumava caçar seu objeto preferido:
mulher. Mulher loira, claro.
Seu jeito era meio distraído durante o dia porque gastava toda a energia à
noite, nos agitos. Sua expressão era meio aérea e seu sorriso, completamente
sintético. Marcava presença na classe jovem que freqüentava pelo seu nada
original nick name: "boy". Aliás, ele considerava-se um dos melhores frutos da
era da informática: o gato virtual. Nada de contatos verdadeiros. Não tinha
mesmo muitos neurônios disponíveis para desenvolver sua inteligência
156
Fazia cursinho de inglês, presente da madrinha. "How are you? Fine, thanks".
"Cool". Estudava Ciências da Computação numa faculdade privada paga por
meio de um rateio feito entre os irmãos mais velhos sem o menor desajuste
financeiro. Um garoto de plástico com roupas de marca. Presentes de uma
gatinha "shopping-maníaca", que sonhava com o seu amor eterno. "Morena", a
menina, até estudiosa. Mas muito pé no chão. O "boy" não agüentava. Papo-
cabeça. Politicamente correto. Música gospel. Só mesmo apertando o "delete".
Que alívio. Preferia suas batatinhas loiras fritas e hambúrgueres de carne,
muita carne. Boy. Fazia palavras cruzadas nível moleza e era adepto do
discman. Principalmente nas viagens. Uma viagem inesquecível? O primeiro
passeio com seu novo e moderno tênis da onda. Pisando em terra firme com
seus pés de plástico tamanho 42. Seu maior sonho era um mundo com meias
descartáveis. Vida para as meias de algodão do tipo "one way". Liberdade
perfumada para dentro dos dedos. Se alguém quiser lavar meias que lave. Que
cara de plástico!
Outro dia, na sua aula de inglês reclamou com o "teacher" que não tinha tempo
para fazer o dever de casa, o "home-work", porque estava freqüentando a
academia regularmente, já que o importante, em sua opinião, era poder ficar
sempre orgulhoso de não ter nenhuma dobrinha no abdome sob as suas
camisetinhas tipo "mamãe olha como estou forte"... "Mother", sou um garoto de
plástico bem forte!
deixar crescer seus cabelos raspados à máquina zero a cada sete dias. Seus
cabelos eram negros, sua pele, cor de azeviche¹, aquela vida de plástico era
um verdadeiro mito, mito de uma democracia racial. Junto com seus cabelos,
cresceram algumas idéias... e em noites de insônia sua mente formulara
algumas perguntas: quem sou eu? Para onde vou? Meu nome é Maurício? Por
que me chamam de Mauricinho?
1. azeviche: substância mineral de cor muito negra com a qual se fazem adornos
Papo-cabeça, filho de peixe, cara de pau, derretido por uma garota, gatinha,
gato, cara, etc.
Resposta pessoal. Espera-se que o aluno perceba que os nomes estão relacionados
à tomada de consciência da personagem. Veja que “boy” não é um nome, mas um
substantivo comum; Mauricinho é um nome, mas não o seu - trata-se de uma gíria
utilizada principalmente na região Sudeste para designar pessoas com
preocupações fúteis (roupas e calçados de marca, aparência); Augusto de Oliveira é
o seu verdadeiro nome, o que está na certidão de nascimento, onde a personagem
encontra também menção à cor de sua pele. As mudanças de nome relacionam-se
ao processo de busca da própria identidade. Repare que a personagem foi em busca
de sua História (certidão de nascimento, fotos) e só depois de conhecê-la pôde
valorizá-la.
a) Discriminação racial
b) O primeiro texto é uma alegoria, pois aborda o tema de forma metafórica,
enquanto o segundo parece estar bem próximo da realidade; o primeiro texto denuncia
a discriminação racial de forma ácida e negativa, enquanto o segundo o faz de forma
positiva, tentando conscientizar o leitor de que se deve buscar e valorizar a própria
identidade. Com relação à linguagem, o primeiro texto utiliza a variedade culta da
língua escrita, enquanto o segundo utiliza expressões coloquiais, aproximando-se da
linguagem utilizada no dia-a-dia por qualquer adolescente.
160
b) do texto 2
¾ espaço:
a) do texto 1
o céu
b) do texto 2
espaço urbano
¾ tempo:
a) texto 1
b) texto 2
¾ narrador:
a) texto 1
3ª pessoa (observador)
b) texto 2
trabalho com seus alunos por simplesmente não saberem como conduzi-lo.
162
p. 28)
Língua
Caetano Veloso
Gosto de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar a criar confusões de prosódia
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
E quem há de negar que esta lhe é superior?
E deixe os Portugais morrerem à míngua
"Minha pátria é minha língua"
Fala Mangueira! Fala!
Nomes de nomes
Como Scarlet Moon de Chevalier, Glauco Mattoso e Arrigo Barnabé
e Maria da Fé
propostas de práticas didáticas sobre esse tema e outros a que deram margem
os textos.
situações de uso:
nesse caso, o(s) autor(es) do livro didático em uso – que está distante do
que:
fala.
um deslocamento em relação ao texto do aluno, uma vez que seria muito difícil
Assim, colocar o aluno frente a frente com o próprio texto, com o objetivo
configura-se como uma prática didática bastante produtiva, uma vez que o leva
texto.
sua finalidade.
alunos
Proposta 1
Para que a história seja entendida por seu(s) leitor(es), é preciso que ela
seja clara. Para isso, é importante dividir o texto em partes que contenham
blocos de informação, ou seja, uma coisa de cada vez, para não confundir o
seja compreendido.
Proposta 2
Entrei em sua sala e de repente ele disse que quando se passar três dias
eu iria ficar cego e eu fiquei com um leve receio e resolvi aproveitar a vida e
comecei a observar os cegos e ver como os cegos viviam às vezes tinha cegos
que eram melhor que pessoas normais e vi que a vida é para se aproveitar e
não jogar fora e observei tudo da vida inclusive a vida e a natureza se passou
um dia e eu fiquei com mais receio ainda mais eu descobri que o medo é para
Proposta 3
Um dia fui ver o meu olho e comecei a perceber que ele estava ficando
necessário.
175
No outro dia eu já não vi mais nada e comecei a gritar pra minha mãe
falando mãe to cego, to cego, vem cá por favor ela vei correndo me abraçou
me beijou e falou volte a dormir e fique com Deus e voltei a dormir e esqueci
Proposta 4
tô
vó
vô
tava
Proposta 5
por outras com o mesmo sentido, evitando utilizar formas que são mais comuns
Antes eu discriminava os cegos, achava eles uns lerdos, hoje vejo o tanto
que é duro...
176
Proposta 6
Observe as frases:
Proposta 7
Para nós, que temos dom de enchergar, faz parte da nossa rotina,
cotidiana, ver um pôr do sol, conviver com as pessoas ao nosso redor, ver o
céu. Mas para uma pessoa cega que vive na escuridão, apenas só imaginando
como pode ser as coisas, quando tem uma oportunidade de enchergar coisas
rotina
cotidiana
177
só
apenas
desse texto?
o.
despercebido
desapercebido
empercebido
Proposta 8
a) jogar bola
b) olhar as mulheres
c) pescar
d) andar de “roller”
e) ir à praia surfar
Proposta 9
Explique.
Proposta 10
da narrativa e anote-os.
texto.
179
Proposta 11
triângulo isóscele.]
semelhante.
Proposta 12
“Estava tão empolgada com o que iria acontecer! Havia acabado de ouvir
de meu médico que iria enxergar por três dias. Isso era realmente mágico!
Ainda mais para mim que nunca havia visto ninguém, nem a mim mesma, nem
Eu nunca havia visto ninguém, nem a mim mesma, nem a luz do sol,
nada! Por isso estava tão empolgada com o que acabara de ouvir de meu
médico: iria enxergar por três dias! Isso era realmente mágico!
de ouvir! Meu médico dissera que eu enxergaria por três dias. Era algo
enxergar nada, nem a luz do sol, nem a si mesma, nem a nenhuma outra
pessoa..."
“Ora, para quem, como eu, nunca enxergou nada, simplesmente até algo mais
CONSIDERAÇÕES FINAIS
manuais didáticos parecem duvidar que as premissas contidas nos PCN sejam
curricular. Isso ocorre porque, ainda que sejam apresentados como uma
fornece livros didáticos para as escolas públicas de todo o país. O PNLD, por
uma avaliação rigorosa pautada pelos princípios e prescrições dos PCN. Dessa
aos PCN, pois, se não o fizessem, simplesmente não fariam parte desse
educacional e devem ser coerentes um com o outro para que essa política
cumpra seus objetivos ideológicos, os quais estão vinculados, por suas vez, ao
modelo neoliberal. Mesmo após a derrota desse modelo, nas eleições por um
esses livros o fazem de forma satisfatória; e foi isso que este trabalho se
propôs a realizar.
em muitos casos, não por falta de competência ou de senso crítico, mas por
didáticos – já que, na maioria das vezes, sua formação inicial não contemplou
sistema educacional que não lhes forneçam condições de uma formação que
decorrer deste trabalho, não “ensinar” aos professores a forma como devem
trabalhar, uma vez que não se ensina a que já sabe, mas “inspirar” novas
objetivos como o prêmio que gratifica não apenas um dever cumprido, mas um
ideal realizado.
185
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
de Letras, 2002.
www.revelhp.cjb.net]
Longman, 2000
Fapesp, 1999
Almedina, 1974.
www.unipinhal.edu.br/ojs/falladospinhaes.
Fontes, 1987.
ANEXOS
QUESTIONÁRIO
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
______
Formação:
Experiência: _____anos
(obs.:______________________________________________)
nunca
b) produção de texto
nunca
c) morfossintaxe
nunca
d) morfologia
nunca
e) sintaxe
nunca
preferência):
( ) leitura
( ) interpretação de textos
( ) outro (especificar:
________________________________________________)
ROTEIRO PARA ENTREVISTA
melhor?
texto?
10. Que explicação você dá para as dificuldades encontradas por seus alunos
11. Você utiliza textos de alunos como base para elaboração de exercícios
P1
1. Além de... de ter contato com a forma culta da língua, que vai ser o
único jeito que eles vão ter contato com a norma, com esse tipo de ???
vai ser na escola porque em casa eles não o mesmo tipo de linguagem,
né? então principalmente quinta série, eles lêem só, mas se agente faz
alguma pergunta sobre aquele texto eles não têm essa capacidade
isso, uma visão crítica, principalmente, tá? Então é, além de toda, além
de todo o conteúdo que ele tem que ter como saber falar, se expressar,
ele também tem que entender o que eles tão falando, o que eles tão
2. Trabalho, isso daí são sempre os textos, né? eu trabalho com textos, ele
tem que tirar essa parte do texto. Não com essas classificações que
tem, né?, mas a gente fala de forma geral, que a quinta série ainda
trabalha com classes de palavras, mas acho que ele tem que ter contato
com isso, né? Então assim cada classe de palavra que a gente vê, né?,
aí depois eles vão identificar tudo aquilo que dá nome, né?, aí eu falo
‘você vai pro texto’, porque eles têm que perceber, eles não têm ainda
essa visão que eles vão começar a separar, entender cada palavrinha
como uma classe de palavra, entende? Então é mais fácil começar pelo
nome, o que que tá dando uma qualidade, né?, o que que tá definindo, o
que que tá indefinindo, aí depois eu parto pro nome: ah, então isso
4.1 É, na verdade, nós é... cada dois, ou cada quatro anos é... nós
de livros, daí nos é... escolhemos três, né? parece que eles mandam o
mais barato, né? e às vezes não mandam o que a gente pediu, né?
4.2 Interpretação de texto. Leitura ... Primeiro eu faço leitura oral com eles,
4.3 Ajudam. Eles têm que ter contato com isso, foi o que eu falei, a escola é
4.4 Ó... é... você não conhece esse livro, né? Então, a gente faz a leitura e
aqui já tem, eles tão misturados, tá? Então eles vão lendo aqui as
livro?) É. (É tudo baseado no livro didático?) Não tem assim... aqui não
texto, aí ele tem que perceber o que que tá ali dentro, o que não tá e...
(Você se baseia mais no livro didático ou você usa outros materiais?) Eu
tenho que passar na lousa, né, aí eu gasto uma aula toda e fica difícil,
ou então eu tiro xerox pra classe toda, aí eu tenho que tirar trinta e cinco
folhas de cada, aí sai do meu bolso, né? Então a gente acaba, eu dou
6. É a regra, aquelas regras, tá, eu vejo por esse lado. (E o que você acha
falei a gente tem que ter, né, é o único jeito que eles têm, né, de ter
contato com essas regras, mas é tão difícil... É muito difícil. Eu acho que
percebe isso, ele tem vergonha de falar certo, entendeu, ele... ‘Ah,
professora, eu sei que fala assim, mas eu não vou falar, imagina!...’ O
‘truxe’... Ele fala ‘Como que é?’ ‘É trouxe.’ Mas ele sabe, entende, então
começo a tomar mais cuidado com isso. Essa parte de gramática eu sou
livro, depois eles fazem exercício. (Deste aqui não?) Esse aqui também
não funciona. (Este livro não traz exercícios de gramática?) Alguns traz.
7. O que eu penso?... Ó... É difícil dizer, viu, que cada aluno é um aluno,
eu tenho aquele aluno que eu posso corrigir ele, que vai... ele não vai
mais errar, tem aluno que se eu corrijo aí que ele trava mesmo, não
pouquinho cada aluno pra ver que que eu posso fazer com aquele aluno,
o que que eu não posso fazer com aquele aluno, entendeu? Até classe
aqui que se chama Evanílson. Ai, eu corrigi um exercício dele, ele tem
muita dificuldade, eu corrigi acabou, ele não fez mais nada, entendeu,
ele travou de uma tal forma que eu não sei até... até quando a gente
pode...
que eles não ficassem só na sala de aula, tivessem alguma outra coisa
pra fazer, por exemplo, em informática, né?, mas não tem computador,
você vê a escola? Não tem lugar... tá, então acho que a falta de espaço,
falta de material, falta de verba atrapalha muito. A gente tem que ficar
sempre ali, na sala de aula, giz, apagador e livro, pra você, pra...
9. Eu acho que eles não têm assim essa realidade, essa realidade é muito
alunos eles não conhecem essa vivência, eles não conseguem entender
perceber. Teve uma vez que eu fiz um trabalho que eu levei eles no
não pode fazer isso... Não pode. Então, é uma dificuldade tão grande,
eles não têm, eles não conseguem entender isso. Então eu acho que o
10. Eu acho que é uma questão de cultura mesmo. Eles... eles não têm
11. Isso aí... olha, se eu fizer isso é capaz de eles bloquearem, de eles
no momento ele não aceita, não aceita entre aspas, que quer dizer ele
momento que você apresenta outro tipo de linguagem pra ele, ele se
o difícil, você mostrar que aquilo que ele coloca em prática durante o dia,
aperfeiçoado. (E você coloca pra ele que ele tem possibilidade de usar
as duas formas, que as duas formas são convenientes pra ele?) As duas
não com a revista Veja, eu trago textos xerocados, crônicas, é... contos
trabalho por quê? Apostila, você fica muito limitado Por quê? porque
vezes não dar um texto da apostila, mas eu completo com o texto extra.
a música, mas fica um pouco mais difícil porque aí se você vai trabalhar
Direção, coordenação, eles querem que você faça um relatório por que
que você vai usar, é... qual o objetivo, qual a associação com a matéria,
pedimos muitas vezes um livro, mas ele não é aceito. Então, por
dentro dos critérios deles, que eles trazem as estrelas no livro. Então,
no caso das estrelas é... É bem assim... imposto praticamente pra você
que você vai ter que trabalhar com esse livro. Então essa escolha é
entre aspas. (As estrelas têm a ver com a qualidade do livro...?) Isso.
que você tem três livros pra escolher, né, e eles nunca mandam aquele
ensino ele é inferior. Pra nós. (Por que isso?) Linguagem às vezes
desejar.
4.2. Exercícios de fixação como, por exemplo, gramática, então é... por
exemplo, é bem rápido o trabalho também com sintaxe aqui dentro, não
que não trabalhe, mas não é de uma forma como era antigamente.
Então exercícios de fixação, o livro não é levado pra casa, então eles
análise de texto em casa, texto pra eles fazerem recorte de jornal, é...
uma análise crítica sobre o... o que nós vivemos, o momento político e
acha que se fosse dedicado mais tempo à parte normativa, isso seria
poderia explorar muito mais do que ele ... com produção de texto. Na
aquilo que o professor falou, ele tem que buscar outros meios. Ele
produtivos. Lá você acha que teria alguma coisa que faria o processo
acha que o resultado deles seria melhor?) Seria. Por exemplo, eu acho
quê? Porque eles trabalham toda a quinta série só dão conceito, eles
de Ensino) ele vai montando aos poucos. É gradativo. Uma outra coisa
aluno ‘cê falou em sala de aula pra ele, é um castigo. Eu faço aulas
conteúdo, então eu divido a matéria. Tal grupo vai ter que falar sobre
4.3. Sem dúvida. Eu falei isso uma vez pra uma mãe ela falou assim que
Hoje nossos alunos não sabem, na escola pública, não sabem escrever
direito, não sabem, não têm uma ortografia adequada, não têm
tava preocupado com nota. Hoje houve uma inversão desses valores.
4.4. Dá pra fazer sim. Deve fazer. O único problema nessa articulação é a
linguagem que ele vai adequar ao texto, dentro da produção. Então aí,
às vezes, é... o aluno traz influência, a bagagem dele, cultural, que ele
adquiriu, ele passa pro texto, e nem sempre é... ele atinge a norma
muito, da parte escrita. Mas essa articulação tem que haver sim.
5. Gramática.
questão coesão, ah, mas você tem que saber uns princípios aí, de
concordância que você tem que estudar, mas onde que você recai? na
aluno ele tem esse domínio da gramática, ele pode não ter a idéia, a
tem a colocação, a palavra da norma culta, o texto, ele não vai... ele
com o tempo, gradativamente, você vai criando, vai sair mais desse
gramática, certo? (Você acha que o contrário seria possível, ele ter
você já começa errado, pra depois você corrigir é bem mais difícil. O que
nós fazemos hoje é isso. O aluno, ele escreve, mas muitas vezes ele
escreve só usando a criatividade que ele tem, mas a parte que se pede
no vestibular, que se pede na sociedade, ele não tem. Eles falam assim
‘É, o aluno tem que saber é... ler e escrever. Mas que que é esse saber
você escreve errado, você tem boa criatividade, mas você escreve
não importa se você tem boa criatividade, mas se você não sabe
de origem humilde, o que eu aprendi com meus pais, o jeito que eles
falavam, até hoje eu cometo esses erros. Além disso, a falta de acesso a
computador, jornais, o aluno não lê. Falta de contato com essas coisas,
11. Olha, eu acho que não dá certo. Primeiro, porque o texto deles dá para
vão rir um do outro, os amigos vão rir e eles não gostam muito, não. Eu
você pode aproveitar pra tirar algum exercício; porque você veja bem, o
vezes o aluno, hoje, ele tem um problema muito grande com a leitura,
ele não... ele não lê com pontuação e ele não lê final de palavra e tudo
isso passa pro texto dele, né?, e ensiná-lo a escrever com criatividade,
né? porque tentar escrever com criatividade e fornecer assim uma base
assim gramatical para ele saber o que ele quer fazer da sua vida.
pra ele: ‘olha, você tem a liberdade de falar da maneira que você
quer,porque você se expressa com seus gestos que te ajudam, mas pra
escrever você não tem toda essa liberdade, então você tem que ter o
domínio da norma padrão, você tem que ter o domínio de certas coisas
Porque se ele também não tiver nenhum alicerce da língua, se ele não
não sabe nem o que ele ta fazendo. Então é necessário que ele tenha
saber o que ta fazendo com a língua, né? ele tem que ter um
mesmo pra trabalhar com a classe inteira, eu não posso cortar de jornal
vezes a gente usa livro que tem dissertação, que tem narrativa, e a
gente vai pegando aqui e ali, não fica só no livro didático, né? Tem
da gente, a escola não fornece nada pra gente, então fica difícil da gente
pego até o livro velho, livro novo, guardo... é... um tanto de um livro,
outro tanto de outro, outro tanto de outro, trabalho em dupla com aquele
os livros, quais que o MEC aprecia e quais que o MEC não aprecia e
não vem a primeira opção, vem a segunda, sabe? Acontece muito isso,
livro só pra ir, e veio aquela porcaria. (E o que vem no lugar do que você
com os critérios do MEC, não os seus?) às vezes ele pode ser melhor
para o MEC, mas ele não é adequado à minha clientela. É que nem, por
maravilhoso sobre terror num desses livros de sétima série, que ele é
tudo de bom, ele mostra todos os recursos que uma pessoa pode usar
pra escrever um texto de terror. Ele tem tudo globalizado, ele mostra um
clímax tão... tão bem montado, que dá gosto de ver, então eu uso
aquele texto todo ano. As questões são... enormes, tanto que a criança
cansa, a criança não tem condição, sabe, eles esquecem que criança
4.2 Ai, eu tenho a impressão que são os textos, né? E produção. Eu faço
faço umas propostas loucas em cima daquilo. Isso daí ajuda muito
porque ele já tem uma história formada, na cabecinha dele, que serve de
esqueleto pra ele montar a dele. O ano passado a gente trabalhou muito
fez até hoje na vida dele. E... pena que ta parado. O ‘Ler e Viver’ não
chegou nem no dedão do pé. Então, é... você lia a história, então eu
encontrava o Tuca. Então eu fiz eles entrar dentro da história com isso.
4.3 Eu acho que eles ajudam a criança perceber a lógica da oração, que
sujeito, né, na redação dele, ele não percebe isso. Quando ele consegue
cabecinha dele, mesmo que ele não guarda os nomes lá, predicativo do
4.4 Olha, o livro melhor que eu já trabalhei de análise lingüística foi da...
Magda Soares, pena que esse livro não ta mais no PNLD. Mas ela é
nenhum outro livro trabalha. Então ‘cê percebe assim que ela trabalha
é... termos comuns que nem ‘a gente’, pra ‘nós’, ela pega a linguagem
comum, pede pra mudar numa linguagem padrão, ela... ela trabalha com
ponto, com vírgula, toda a... a unidade, foi o melhor livro que eu
informal, mas com esse livro aí da Magda Soares dava pra gente
trabalhar melhor. Só que ele é um livro assim... que eu não sei porque
5. Produção de texto.
6. É um auxiliar, né? Ela, ela é o... você não pode construir nada sem ter
não sabem na redação fazer a flexão verbal, então isso daí deveria ser
ensinado mais na quinta série, que vai fazer falta. É... não adianta você
querer construir sem pilares da língua, sem colunas, né? Seria uma
7. Ah... Então é aquele negócio que erro lá do, do... Rodolfo Ilari... é...
Olha, apesar de tudo aquilo que eu já li deles, é... continua sendo errado
falar ‘nóis vai’ nóis vorta’, não porque é errado, mas porque o aluno vai
Isso, é isso que eu discuto com meu aluno: “olha, meu querido, isso não
prestígio, que vai te dar... bens... sociais. Então aqui, na escola, você vai
escrever ‘nós vamos’, lá com seu amigo, você vai falar ‘nóis vai’. Então
assim, é... porque ás vezes eles colocam de uma maneira, que tudo
Ninguém corrige nada e nem ninguém. E... por causa dessa... dessa
coisa aí, ah, não se corrige, não se corrige, então que que aconteceu?
vem as crianças pra gente, que tem muita gente que pegou o barco do
‘não corrige’, então não corrigir mesmo, é não fazer nada, pra não
não é não corrige, não faz, não, ‘cê tem que corrigir, ‘cê tem que... é...
o... o duro... é o... o que você fala. Você não pode chegar e execrar a
pessoa porque ela ta falando ‘nóis vai’. Então ‘cê fala assim: ‘Olha bem,
‘cê fala nóis, mas ‘cê escreve nós, viu? Porque aqui ‘cê tem que
escrever desse jeito, mas pra falar ‘cê pode falar com o teu amigo desse
jeito’ Então eu acho que assim, é a maneira como você coloca, que se
você falar de uma maneira que a criança entende sem humilhá-la, você
pode corrigir.
8. É muita dificuldade, porque o aluno, ele não teve o costume de refletir
cópia. Ele adora copiar. Muitos deles não são nem alfabetizados, mas
adoram fazer cópia, não sabem nem o que tão copiando. Aí, você vai
Quer ver, eu tenho uma sétima série que eu tenho alunos de SAP, eu
principal é o fulano’ Então essa criança ela já fica revoltada com você
porque você não quer que ela copie. Então que que acontece? ele ta tão
pensar, você tem uma série de fatores à sua volta... hoje eu tenho
alunos com deficiência física, aluno com deficiência mental, aluno semi-
9. Em primeiro lugar, o aluno tinha que aprender a ler mais e copiar menos
no primário. Ler. Ler, ler, ler, ler, ler e depois copiar. Acontece
sexta série, na quinta série, ele aceitaria dialogar, né? e pensar sobre o
assunto junto com a gente. Mas ele não ta preparado pra isso. Entende?
Você tenta jogar alguma coisa, aí a tua aula vira... aí não dá retorno, aí
às vezes começa a acontecer indisciplina, né?, que esse pessoal não foi
preparado pra conversar. Então aí você tem que trabalhar pra você não
10. A finalidade ainda, as, as, tem criança que tem deficiência na, na sua
ninguém dá valor pra ele, pra escola, pra aquilo que ele faz na escola,
então tudo isso vem um desprestígio tão grande pela escola, que a
criança acha que ela é a coisa menos importante. Então as famílias não
se ele aprendeu, nada disso. Tem criança que o pai não quer, a mãe
não quer (que ele vá na escola?) É! O pai não quer, a mãe não quer,
tá... meio caminho andado já... nas drogas... e ele tá lá no meio dos
outros, batendo nos outros, então eu tenho que dar aula, tenho que
segurar aquele menino, tenho que dar um jeito pra ele não bater nos
outros... Então assim, por mais que eu faça, eu não faço tudo que eu
sétima série chegaram eles não sabiam fazer parágrafo, eles não
sabiam pôr travessão, eles não sabiam mudar de linha num texto... Eu
‘manga’... Sétima série! Tem dia que eu deixo a classe pegar fogo, sento
aquele, eu sou aquela que escreve, você é aquele que dita.’ Pra ver
como é que fica. Mas assim, agora que eles tão começando, depois de
11. Não, de jeito nenhum, aí é que eles vão achar ruim mesmo, não vão
querer... não vão fazer mais nada. Sabe, qualquer coisa vem a... a mãe,
mostrar os defeitos do filho deles na frente dos outros, não dá nem pra
pensar nisso... Eles levam a coisa pro lado pessoal, sabe, que nem se
vai lá e... e faz a cabeça da mãe dele contra a gente, se ele não vai
muito com a cara da gente, então, se ele não gosta da matéria, ele fala
pessoal o problema... Não dá certo, não, pelo menos aqui não dá, pode
1. Então, é... criar o aluno mesmo pra ser um cidadão crítico, né, através
leitura, mas ele tem que entender o que ele tá lendo, porque eles não
entendem, né?
2. tem alunos que tão... tão chegando que nem são alfabetizados. Então
consigo, não anda, eu não consigo andar, porque, ao mesmo tempo que
parece que nunca tiveram contato com a letra, entendeu? Então é difícil.
não, sabe?, a maioria vem sem saber quase nada, não sabem ler,
tento ensinar alguma coisa, né, mas não tem muito o que fazer, porque
sabem, que lêem, que escrevem certo, então eu vou prejudicar os bons
alunos por causa daqueles que estão atrasados, que vieram com
quando é possível, eu tento ensinar, mas eles não têm muita vontade de
aprender não, sabe?, eles mesmos não querem saber ler e entender um
texto... É complicado, a gente fica meio perdida, né, sem saber direito o
pouco de gramática, pra eles terem uma base também, né? Precisa de
gramática, a gente ouve muito falar que não deve ensinar gramática,
mas eu acho que deve, sim, que precisa ter uma noção, senão eles
nunca vão escrever direito, nunca vão dar conta de saber escrever um
texto.
4. Eu uso o Olha a Letra, que foi o que eles mandaram, a gente tinha
4.1 É... Bom, eles mandam uma lista pra gente, a gente escolhe os que a
escolheu, sempre mandam a última opção, agente até brinca e fala que
vai inverter a ordem pra ver se eles mandam o que a gente quer.
interpretação, pra ver se eles entenderam, né, aquilo que eles leram,
trabalho gramática também, que eu acho importante, tem gente que não
gosta, nos cursos a gente vê muito isso, o pessoal falar que não deve
4.3 Claro que ajudam, o menino tem que saber como que funciona, é... tem
que ter noção do que que acontece na língua, do porquê das coisas na
4.4 Bom, você dá os textos e primeiro eles têm que entender, né?, só depois
passo, porque acho que não vão ajudar muito, eles também não gostam
muito de escrever não, eles falam “ih, redação de novo?”, eles não
podem nem ver produção de texto, tudo que dá trabalho eles não
querem, querem só aquilo que é fácil, que eles podem copiar, que nem
ah, esses eles gostam!... O negócio deles é copiar, são alunos copistas,
reclamam mesmo.
entendem melhor, mas a maioria... acho que é porque eles não tiveram
base, né?
você falar que uma coisa que ta errada ta certa, né? Então a gente tenta
ensinar, corrigir, mas é difícil, ás vezes eles cometem o mesmo erro logo
depois de a gente ter corrigido, ensinado... Mesmo falar eles falam muito
errado... Eu acho que tem que ensinar o certo, né? Um professor tem
que saber qual é o... a forma certa e ensinar pro aluno, senão qual que é
8. Pro professor eu acho que é a falta de base dos alunos, que a gente
pega cada classe... tem aluno que vem pra gente na 5ª, 6ª série sem
saber nada, vem muito defasado... Tem também... as classes são muito
grandes, os alunos não querem saber de nada, então, por mais que a
gente se esforce, não consegue dar uma aula direito, do jeito que a
gente gostaria... às vezes você prepara aquela aula com tanto carinho,
perde um tempo achando coisa diferente pra dar, pra ver se chama a
atenção deles, mas quando chega na hora a gente fica frustrada, porque
eles não querem saber de nada, eles... parece que eles gostam de tudo,
9. Ah, isso eu acho que é falta de base, né? Acho que se eles tivessem
tido uma base boa, tivessem aprendido pelo menos a ler e escrever
né? Eles têm dificuldade em tudo, né, assim... tem uns que têm mais
é mais difícil, né? Porque, você vê, os que entendem um pouquinho são
prejudicados pelos que não entendem, a gente não tem como dar
assistência só pra um ou pra outro, tem que dar a aula pra todo mundo,
os outros. Alguns são até diferentes, mas infelizmente a gente não tem
10. Ah... eles vivem uma realidade muito dura, né? Às vezes a gente
consegue falar alguma coisa boa pra eles aqui na escola e quando eles
importante estudar. Tem pai, tem mãe, de alunos nossos, daqui, que
tem medo, eles sabem que é obrigatório, tem o Conselho Tutelar, que
eles acham que isso é fora da realidade, que eles nunca vão precisar
desse conhecimento.
11. Não, não dá. (Por quê?) Ah, os textos deles são muito ruins, eles
1. Meu objetivo? Ah, eu sou meio idealista nesse sentido, eu queria que
meus alunos tivessem mais cultura, que tivessem contato com textos
literários, não só ter contato, mas gostar, sabe, queria que eles
tudo que eles vêem na televisão, tudo que eles ouvem por aí como
uma parte...
de se expressar...
3. Não, só quando dá mesmo, porque às vezes não tem como, tem outros
propostas de produção.
Além do livro, eu uso às vezes revistas, artigos de revista, de jornal, algum
texto ou poema que eu trago, mas muitas vezes não dá tempo de preparar
esse material.
4. “Olhe a Língua”
São escolhidos alguns livros pela escola, pelos professores, né, então a
gente manda a lista eles mandam pra gente os livros, mas geralmente vêm
aqueles que a gente escolheu em segundo, terceiro lugar, nunca vem o que a
gente pediu em primeiro lugar, pelo menos na minha área nunca vi, nunca vem
também com outros textos, quando dá pra trazer algum diferente. O livro tem
também exercícios de gramática, mas não é muito não, ele traz mais é
Eu acho. Acho que a gramática não é tudo, mas se o aluno souber, é claro
que na hora de escrever ele vai usar, né, o que ele sabe.
esquecem tudo, parece que nunca ouviram falar de português, eles escrevem
5. Interpretação
aparece um diálogo desse caipira, a fala dele não pode ser considerada
livro traz, senão nem lembraria que existe, a maioria, né? Conheço
acessório.
9. Pra mim, o aluno é tem muita informação, mas não sabe usar. Ele pode
escola, que tem revistas, jornal, mas eles só escolhe as informações que
estão de acordo com a realidade que ele vive, que é muito difícil, são
alunos carentes aqui, eles são influenciados por muitas outras coisas,
eles recebem outro tipo de informação, eles acham que eles têm que
saber se defender, têm que ser mais fortes que os outros, pra eles isso é
carente é complicado...
10. Olha, acho que a própria realidade deles, né? Eles vivem num mundo
que não dá valor pra isso, os pais não lêem, muitas vezes nem
estudaram... Eles não têm muita perspectiva de vida, eles não esperam
pra eles uma vida muito diferente da dos pais deles, não, eles acham
aprender outras coisas pra eles não faz muito sentido, entende?
11. Olha, eu acho complicado, porque... bom, os textos deles têm muitos
problemas, né?, eles são muito defasados, não dá pra pegar como
exemplo para os outros. E eles, acho que eles também não iam gostar
muito, não...
Proposta de redação apresentada aos alunos
“Várias vezes, pensei que seria uma bênção se todo ser humano, de
repente, ficasse cego e surdo por alguns dias no princípio da vida adulta. As
trevas o fariam apreciar mais a visão, e o silêncio lhe ensinaria as alegrias do
som.”
“Se consigo ter tanto prazer com um simples toque, quanta beleza poderia ser
revelada pela visão! E imaginei o que mais gostaria de ver se pudesse
enxergar, digamos, por três dias.”
Proposta
Opção 1
Tomando como base a experiência de Helen Keller, imagine-se cego e
conte o que você olharia se tivesse apenas três dias de visão.
Opção 2
Tomando como base o texto lido, escreva um texto narrativo em que
relate a experiência vivida por outra pessoa.
TEXTOS DE ALUNOS SELECIONADOS PARA PROPOSTAS DE
ATIVIDADES
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )