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CURSO DE CAPACITAÇÃO E

APERFEIÇOAMENTO EM
EDUCAÇÃO ESPECIAL
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IMPORTANTE: Certificado válido em todo o território nacional, com


todos os requisitos para ser validado nas faculdades e outras instituições.
Veja um Modelo do Certificado:

OBS: Os materiais abaixo estão disponíveis livremente na Internet e foram


selecionados por nossos especialistas para compor o material do Curso gratuito.

1
BEM-VINDO AO CURSO!
Curso de Capacitação e Aperfeiçoamento em
Educação Especial
DICAS IMPORTANTES PARA O BOM APROVEITAMENTO

• O objetivo principal é aprender o conteúdo, e não apenas


terminar o curso.

• Leia todo o conteúdo com atenção redobrada, não tenha pressa.

• Explore as ilustrações explicativas, pois elas são fundamentais


para exemplificar e melhorar o entendimento sobre o conteúdo.

• Quanto mais aprofundar seus conhecimentos mais se


diferenciará dos demais alunos dos cursos.

• O aproveitamento que cada aluno tem é o que faz a diferença


entre os “alunos certificados” e os “alunos capacitados”.

• A aprendizagem não se faz apenas no momento em que está


realizando o curso, mas também durante o dia-a-dia. Ficar atento às coisas que
estão à sua volta permite encontrar elementos para reforçar aquilo que foi
aprendido.

• Aplique o que está aprendendo. O aprendizado só tem sentido


quando é efetivamente colocado em prática.

2
Sumário
Curso de Capacitação e Aperfeiçoamento em Educação Especial ................... 2
DICAS IMPORTANTES PARA O BOM APROVEITAMENTO .................. 2
MÓDULO I – HISTÓRICO DO SURGIMENTO DA EDUCAÇÃO
ESPECIAL ....................................................................................................... 6
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS EDUCAÇÃO ESPECIAL –
HISTÓRICO DO SURGIMENTO ................................................................ 6
2. EDUCAÇÃO ESPECIAL NO SÉCULO XX ......................................... 9
3. EDUCAÇÃO INCLUSIVA: UMA VISÃO HISTÓRICA .................. 12
4. EDUCAÇÃO INCLUSIVA E LEGISLAÇÃO BRASILEIRA .......... 16
5. A INCLUSÃO SOB A INFLUÊNCIA DA DECLARAÇÃO DE
SALAMANCA ............................................................................................... 19
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................. 23
MÓDULO II - EDUCAÇÃO INCLUSIVA DE PESSOAS COM
NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS .................................... 26
1 - INTRODUÇÃO .................................................................................... 26
2 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ...................................... 32
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................... 33
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................... 45
MÓDULO III - A EDUCAÇÃO ESPECIAL E O DIREITO À
EDUCAÇÃO PÚBLICA ............................................................................... 48
MÓDULO IV - DEFICIÊNCIA MULTIPLA: CONCEITO E
CARACTERIZAÇÃO................................. ................................................. 56
1. CONCEITO ............................................................................................. 56
2. INTRODUÇÃO ....................................................................................... 57
3
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................ 59
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 2 ......................................................... 62
5. CONCLUSÃO ......................................................................................... 63
MÓDULO V – EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL E AS
DIFICULDADES ENFRENTADAS EM ESCOLAS PÚBLICAS ........... 65
1. CONCEITO ............................................................................................. 65
EDUCAÇÃO INCLUSIVA .......................................................................... 77
MÓDULO VI - SÍNDROME DE DOWN ................................................... 84
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................... 84
2. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................. 86
3. CARACTERÍSTICAS ............................................................................ 92
4. CAUSAS E GENÉTICA ........................................................................ 93
5. APRENDIZAGEM ................................................................................. 96
6. HISTÓRIA............................................................................................... 97
MÓDULO VII - AUTISMO E A COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA 100
2. O QUE É UM SISTEMA DE SÍMBOLOS GRÁFICOS? ................ 104
3. O QUE É O PCS? ................................................................................. 104
4. O QUE É O SOFTWARE BOARDMAKER? ................................... 106
5. O QUE É UM VOCALIZADOR? ....................................................... 107
7. O QUE SÃO ACIONADORES? ......................................................... 109
8. QUE TIPO DE RECURSOS PODEMOS CRIAR COM O
BOARDMAKER? PARTE 1...................................................................... 111
9. QUE TIPO DE RECURSOS PODEMOS CRIAR COM O
BOARDMAKER? PARTE 2...................................................................... 124
10. O BOARDMAKER É UMA FERRAMENTA DE AUTORIA? ... 135
11. O QUE DEVO FAZER PARA APRENDER A UTILIZAR
MELHOR TODAS AS FERRAMENTAS DO BOARDMAKER? ........ 138

4
MÓDULO VIII – SURDEZ ........................................................................ 141
MÓDULO IX - DEFICIÊNCIA VISUAL................................................. 146
MÓDULO X - PARALISIA CEREBRAL ................................................ 169
MÓDULO XI- DEFICIÊNCIA INTELECTUAL.................................... 172
MÓDULO XII - DEFICIÊNCIA FÍSICA................................................. 175
MÓDULO XIII – SURDO-CEGUEIRA ................................................... 178
MÓDULO XIV - SÍNDROME DE WILLIAMS ...................................... 181
1 - O QUE É A SÍNDROME DE WILLIAMS? .................................... 181
2 - SÍNDROME DE WILLIANS ............................................................ 182
3 - HISTÓRIA .......................................................................................... 183
4 - CAUSA ................................................................................................ 183
5 - SINAIS E SINTOMAS ....................................................................... 184
6 - DIAGNÓSTICO ................................................................................. 186
7 - IMAGEM CLINICA .......................................................................... 188
8 - DOENÇAS ASSOCIADAS ................................................................ 191
9 - DIAGNÓSTICO ................................................................................. 192
10 - TRATAMENTO .............................................................................. 194
11 - PRECAUÇÕES ............................................................................... 195
MÓDULO XV – O USO DA INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO
INFANTIL.................................................................................................... 199

5
MÓDULO I – HISTÓRICO DO SURGIMENTO DA EDUCAÇÃO
ESPECIAL1

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS EDUCAÇÃO ESPECIAL


– HISTÓRICO DO SURGIMENTO

Autora: - Solange Menin Rogalski

É importante contextualizar a Educação Especial desde seus primórdios

até a atualidade, para que se perceba que as escolas especiais são as principais

responsáveis pelos avanços da inclusão, longe de serem responsáveis pela

negação do direito das pessoas com necessidades educacionais especiais, de

terem acesso à educação. Evidenciasse que a inclusão ou a exclusão das pessoas

com deficiência estão intimamente ligadas às questões culturais.

No Brasil, até a década de 50, praticamente não se falava em Educação

Especial. Foi a partir de 1970, que a educação especial passou a ser discutida,

tornando-se preocupação dos governos com a criação de instituições públicas e

privadas, órgãos normativos federais e estaduais e de classes especiais.

1
Módulo I – reprodução total - Solange Menin Rogalski - HISTÓRICO DO SURGIMENTO DA
EDUCAÇÃO ESPECIAL - Disponível em:
https://www.ideau.com.br/getulio/restrito/upload/revistasartigos/168_1.pdf
6
Hoje, muitos autores defendem este sistema de Ensino Especial paralelo,

criado para educar os portadores de uma diferença, contribuem também para

que sejam segregados, e excluídos da sociedade que os nega. Estes autores

parecem que desconhecem a importância de se construir um processo de

inclusão, gradativo, que é aconselhado por muitos.

A educação é responsável pela socialização, que é a possibilidade de uma

pessoa conviver com qualidade na sociedade, tendo, portanto, um caráter

cultural acentuado, viabilizando a integração do indivíduo com o meio.

Tem-se a Declaração de Salamanca (1994) como marco e início da

caminhada para a Educação Inclusiva. A inclusão é um processo educacional

através do qual todos os alunos, incluído, com deficiência, devem ser educados

juntos, com o apoio necessário, na idade adequada e em escola de ensino

regular.

Enquanto educadores, nosso papel frente à inclusão, reside em acreditar

nas possibilidades de avanços acadêmicos dos alunos denominados normais,

terão de se tornar mais solidários, acolhedores diante das diferenças e, crer que

a escola terá que se renovar, pois a nova política educacional é construída

segundo o princípio da igualdade de todos perante a lei que abrange as pessoas

de todas as classes sociais.

A prática da educação inclusiva merece cuidado especial, pois estamos

falando do futuro de pessoas com necessidades educacionais especiais. Antes

mesmo de incluir, é importante certificar-se dos objetivos dessa inclusão, para


7
o aluno, quais os benefícios/avanços, ele poderá ter, estando junto aos alunos

da rede regular e produzir transformações.

A educação especial surgiu com muitas lutas, organizações e leis

favoráveis aos deficientes e a educação inclusiva começou a ganhar força a

partir da Declaração de Salamanca (1994), a partir da aprovação da constituição

de 1988 e da LDB 1996.

Historicamente, a educação especial tem sido considerada como

educação de pessoas com deficiência, seja ela mental, auditiva, visual, motora,

física múltipla ou decorrente de distúrbios evasivos do desenvolvimento, além

das pessoas superdotadas que também têm integrado o alunado da educação

especial.

A deficiência principalmente a mental tem características de doenças

exigindo cuidados clínicos e ações terapêuticas. A educação dessas pessoas é

denominada de educação especial em função da “clientela” a que se destina e

para a qual o sistema deve oferecer “ tratamento especial” tal como contido nos

textos da lei 4024/61 e da 5692/71, hoje substituída pela nova lei de Diretrizes

e Bases da Educação Nacional, lei 9394/96.

Como se pode contatar na atual LDB, há sensível evolução, embora o

alunado continue com “clientela” e a educação especial esteja conceituada

como modalidade de educação escolar oferecida a educandos portadores de

necessidades especiais.

8
2. EDUCAÇÃO ESPECIAL NO SÉCULO XX

A partir de 1930, a sociedade civil começa a organizar-se em associações

de pessoas preocupadas com o problema da deficiência: a esfera governamental

prossegue a desencadear algumas ações visando a peculiaridade desse alunado,

criando escolas junto a hospitais e ao ensino regular, outras entidades

filantrópicas especializadas continuam sendo fundadas ,há surgimento de

formas diferenciadas de atendimento em clínicas, institutos psicopedagógigos

e outros de reabilitação geralmente particular a partir de 1500, principalmente,

tudo isso no conjunto da educação geral na fase de incremento da

industrialização do BR, comumente intitulada de substituição de importações,

os espaços possíveis deixados pelas modificações capitalistas mundiais

(JANNUZZI, 2004 p.34).

De acordo com o autor, o governo não assume esse tipo de educação,

mas contribui parcialmente com entidades filantrópicas. Em São Paulo, por

exemplo, o governo auxilia tecnicamente o Instituto Padre Chico (para cegos)

em 1930 e a fundação para o livro do cego no Brasil, esta fundada por Darina

Nowwil e Adelaide Peis Magalhães em 1946, decretada de utilidade pública em

1954.

Em 1954, surge o movimento das Associações dos Pais e Amigos dos

Excepcionais (APAE), e aumenta o número de escolas especiais. A APAE é

concebida tendo como parâmetro a organização da National Association for

9
Retarded Children dos Estados Unidos da América, que consistia em uma

associação de assistência às crianças excepcionais.

Após a Segunda Guerra Mundial, devido ao grande número de

lesionados, a Europa aproximou-se na área da saúde para este atendimento. No

Brasil, os deficientes sempre foram tratados nesta área, porém agora surgem

clínicas, serviços de reabilitação psicopedagógicos alguns mais outros menos

voltados à educação. Na década de (50) na Dinamarca as associações de pais

começaram a rejeitar as escolas especiais do tipo segregadoras e receberam

apoio administrativo incluindo em sua legislação o conceito de normalização o

qual consiste em ajudar o deficiente a adquirir condições e os padrões da vida

cotidiana o mais próximo possível do “normal’ introduzindo essa pessoa na

sociedade já na década de 70 nos Estados Unidos, ouvia- se falar em inclusão.

Romanelli (2003) destaca que o período entre 1960 e 1968 foi marcado

pela crise da nova Pedagogia e pela articulação de tendência tecnicista,

assumida pelo grupo militar e tecnocrata. A educação nessa época passou a ser

enfatizada como derivada do projeto de 5 desenvolvimento econômico e após

isso, no período de 1968/71, a educação, a escola e o ensino foram concebidos

como investimentos. A nova ideologia da eficácia da produtividade refletiu nas

preocupações didáticas da época, reproduzindo o ensino da disciplina à

dimensão técnica, afirmando a neutralidade científica dos métodos.

Neste ínterim, em 1961, foi publicada a lei nº 4.024. De certa forma, não

houve alteração na estrutura do ensino já que permaneceu a mesma reforma

10
Capanema (1942), mas com a vantagem de ter sido quebrada a rigidez,

permitindo a equivalência dos recursos e, portanto, a flexibilidade na passagem

de um para outro. Esta lei, aponta Kassar (1999), começa a explicitar o interesse

pelo deficiente, tendo em vista que, na sociedade como um todo, fala-se em

ingresso à escola de parte da população economicamente menos favorecida à

escolarização, ]....] “a partir desse momento, notamos a preocupação dos

poderes públicos com os problemas de aprendizagem e com a educação especial

propriamente.’’

Nessa perspectiva sobre políticas públicas e práticas pedagógicas na

educação inclusiva acrescentam:

De longa data, a educação nacional vem mostrando o quanto necessita

de mudanças para atender a todos os alunos, garantido o desenvolvimento

escolar destes, e como nesse sentido, a vontade política para enfrentar um

programa em favor das transformações de qualidade tem sido preferida pela

opção por políticas que a um custo que não exija ampliação significativa da

participação da educação na renda nacional e no orçamento público,

privilegiam intervenções que tem sido compensatórias ou orientadoras para

ações que possam mostrar números indicativos e maior acesso e permanência

dos alunos no sistema escolar (FERREIRA & FERREIRA, 2004, p.33).

É importante que se saliente que as escolas e classes especiais passaram

a ter um elevado número de alunos com “problemas” e que não necessitariam

estar ali. Assim, verificou-se que a organização da educação especial e de

11
classes especiais se deu em consequência da Lei 5.692/71, com a criação do

centro Nacional de Educação Especial (CENESP) e, posteriormente, a

estruturação da Secretaria de Estado de Educação e do serviço de Educação de

Excepcionais, passa a denominar-se Departamento de Ensino Especial.

Na realidade, na época, a expressão Educação Especial foi se firmando

desde o governo de Médici (1969- 1974). Na comunidade acadêmica isso se

manifestou com a criação, em 1978, do Programa de Mestrado em Educação

Especial da Universidade de São Carlos (UFSCar) e do Curso de Mestrado em

educação, em 1979, na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

De acordo com Sassaki (2002), no início da década de 70, o movimento

de integração social passou a ser a discussão, quando então se intentava a

inserção do deficiente na sociedade de uma forma geral.

A literatura pertinente ao tema evidencia que, de um modo geral, a

prática de integração teve maior impulso a partir da década de 80, com o

surgimento da luta pelos direitos das pessoas portadoras de deficiência.

Cabe salientar que a Educação Especial hoje, integrada ao sistema

educacional identificou- se com suas dificuldades, objetivos e filosofia, que

consiste em formar cidadãos conscientes e participativos.

3. EDUCAÇÃO INCLUSIVA: UMA VISÃO HISTÓRICA

12
Com os movimentos internacionais surge a educação inclusiva, ainda

mesmo sem ter essa denominação essa consciência (que hoje impera), começou

a se fortalecer em diversos pontos do mundo como, Estados Unidos, Europa e

a parte inglesa do Canadá.

O movimento cresceu, ganhou muitos adeptos em progressão geométrica

como resultados de vários fatores, entre eles, o desdobramento de um fenômeno

que caracterizou-se a fase Pós- Segunda Guerra Mundial. Feridos da guerra se

tornaram deficientes. Uma vez reabilitados, voltariam a produzir. Ao redor

deles, foi surgindo uma legião multidisciplinar de defensores de seus direitos.

Eram cidadãos que se sentiam, de algum modo, responsáveis pelos soldados

que tinham ido representar a pátria no front, há décadas. Apesar de dano e

perdas, o saldo foi positivo. O mundo começou a acreditar na capacidade das

pessoas com deficiência.

Na defesa da educação inclusiva Werneck enfatiza a construção de uma

sociedade inclusiva que estabeleça um compromisso com as minorias, dentre

as quais se inserem os alunos que apresentam necessidades educacionais

especiais. A autora coloca que a inclusão vem

“quebrar barreiras cristalizadas em torno de grandes estigmatizados”

(1997, p. 45). Na concepção de Sassaki:

É fundamental equiparmos as oportunidades para que todas as pessoas,

incluindo portadoras de deficiência, possam ter acesso a todos os serviços, bens,

13
ambientes construídos e ambientes naturais, em busca da realização de seus

sonhos e objetivos (2002, p. 41).

A Educação Inclusiva se caracteriza com uma política de justiça social

que alcança alunos com necessidades especiais, tomando-se aqui o conceito

mais amplo, que é o da Declaração de Salamanca:

O princípio fundamental desta linha de Ação é de que as escolas devem

acolher todas as crianças independentemente de suas condições físicas,

intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras. Devem acolher crianças

com deficiência e crianças bem dotadas, crianças que vivem nas ruas e que

trabalham, crianças de minorias linguística, étnicas ou culturais e crianças e

crianças de outros grupos ou zonas desfavoráveis ou marginalizadas (1994, p.

17- 18).

Percebe-se que os movimentos pela sociedade inclusiva são

internacionais e o Brasil está engajado nele, pois cerca de 15 milhões de

brasileiros portadores de deficiência aguardam a oportunidade de participar

plenamente da vida em sociedade como tem direito.

A educação Inclusiva, que vem sendo divulgada por meio de Educação

Especial, teve sua origem nos Estados Unidos, quando a lei pública 94.142, de

1975, resultado dos movimentos sociais de pais e alunos com deficiência, que

reivindicavam o acesso de seus filhos com necessidades educacionais especiais

às escolas de qualidades (STAINBAK E STAINBAK, 1999, p.36).

14
A preocupação com a defesa dos princípios fundamentais extensivos aos

portadores de necessidades educacionais especiais ampliou os movimentos em

favor de inclusão. Como mostram os autores acima citados:

Enquanto este movimento crescia na América do Norte, ao mesmo

tempo, o movimento reconhecia a diversidade e o multiculturalismo como

essências humanas começaram a tomar e ganhar força na Europa em

decorrência das mudanças geopolíticas ocorridas nos últimos 40 anos do século

XX. Uma das consequências deste último movimento foi em 1990, o Congresso

de educação para todos em Jamtien na Tailândia que tinha como propósito a

erradicação do analfabetismo e a universalização do ensino fundamental

tornara- se objetivos e compromissos oficiais do poder público perante a

comunidade internacional. (STAINBAK e STAINBAK, 1999, p.36 ).Frente a

esse compromisso, foi natural que profissionais se mobilizassem a fim de

promover o objetivo da Educação para Todos, examinando as mudanças

fundamentais e políticas necessárias para desenvolver a abordagem da

Educação Inclusiva, nomeadamente, capacitando as escolas para atender todas

as crianças, sobretudo as que têm necessidades educativas especiais

(DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994).

E assim, contanto com a participação de noventa e dois representantes

governamentais e vinte cinco organizações internacionais, realizou-se em 1994,

na cidade de Barcelona, 8 Espanha, a Conferência Mundial sobre Necessidades

Educativas Especiais: acesso a qualidade.

15
Cabe salientar, que é preciso reconhecer que a proposta de Educação

Inclusiva foi deflagrada pela Declaração de Salamanca, a qual proclamou, entre

outros princípios o direito de todos à educação, independentemente das

diferenças individuais.

De acordo com Carvalho (1999) a formulação e a implementação de

políticas voltadas para a integração de pessoas portadoras de deficiência têm

sido inspiradas por uma série de documentos contendo declaração,

recomendações e normas jurídicas internacionais e nacionais envolvidas com a

temática da deficiência.

4. EDUCAÇÃO INCLUSIVA E LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

O direito de todos à educação está estabelecido na Constituição de 1988

e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/96, sendo um dever do Estado

e da família promove-la. A finalidade da educação é o pleno desenvolvimento

da pessoa, seu preparo para a cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Goffredo, no artigo “Educação: Direito de todos os brasileiros” (1999,

p. 28) destaca que o nosso atual texto constitucional (1988) consagra no Art.

205, a educação como direito de todos e dever do estado e da família, termo

referido anteriormente.

16
Concorda-se plenamente com o autor quando realça, citando o Art. 205,

colocando que a educação é direito de todos os brasileiros, porém sabemos que

nem todos são atendidos e contemplados no seu direito.

No Art. 206, podem-se destacar princípios eminentemente democráticos,

cujo sentido é nortear a educação, tais como: a igualdade de condições não só

para o acesso, mas também para a permanência na escola; a liberdade de

aprender, ensinar e divulgar o pensamento; o pluralismo de ideias e concepções

pedagógicas; a coexistência de instituições públicas e privadas, a existência do

ensino público gratuito e a gestão democrática do ensino público. Goffredo

(1999) ressalta que as linhas mestras estabelecidas pela constituição foram

regulamentadas em seus mínimos detalhes pela nova Lei de Diretrizes e Bases

da Educação Brasileira, Lei Nº 9394/96.

Além dessas leis acima citadas, é preciso destacar o Estatuto da Criança

e do Adolescente, de 13 de julho de 1990; a Lei Federal Nº 7.855, de 24 de

outubro de 1989. Esta lei é relevante. Entre outras medidas, criou a

Coordenadoria Nacional para a integração da Pessoa Portadora de Deficiência

(CORDE), órgão responsável pela política Nacional para a 9 Integração de

Pessoa Portadora de Deficiência. Hoje a CORDE faz parte da Secretaria

Nacional de Direitos Humanos do Ministério Público da Justiça. A mesma lei

7.855/89, atribui competência também ao Ministério Público para fiscalizar

instituições e apurar possíveis irregularidades através do inquérito civil e

competente Ação Civil Pública, se for o caso.

17
O artigo de Goffredo (1999) já citado salientou que a lei 9394/96, Lei de

Diretrizes e bases da Educação apresenta características básicas de

flexibilidade, além de algumas inovações que em muito favorecem o aluno

portador de necessidades educativas especiais. Pela primeira vez surge em uma

LDB um capítulo (cap. V), destinado à Educação Especial, cujos detalhamentos

são fundamentais.

Na concepção de Werneck (1997), tanto a Lei de Diretrizes e Bases da

Educação, de 1996, quanto a Constituição Brasileira, têm sido interpretadas por

alguns estudiosos, como incentivadoras da inclusão, isto porque ambas definem

que o atendimento de alunos com deficiência deve ser especializado e

preferencialmente na rede regular de ensino.

Referindo-se a essas leis a autora sublinhou:

1. Na Constituição Brasileira: o inciso III do Art. 208 da Constituição

Federal fundamenta a Educação no Brasil e faz constar a obrigatoriedade de um

ensino especializado para crianças portadoras de deficiência. Este é o texto: “O

dever do Estado com educação será efetivado mediante a garantia de: III –

Atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,

preferencialmente na rede regular de ensino”.

2. Na lei de Diretrizes e Bases de 1996: No título III “Do direito à

educação e dever de educar”, a LDB diz que o dever do Estado com a educação

escolar será efetivado mediante algumas garantias. No seu artigo 4º, inciso III,

a lei postula;
18
3. “Atendimento educacional especializado gratuito aos educandos

com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino”

(1988, p. 82).

Os pressupostos teóricos analisados, a CF(Constituição Federal) e a

LDB expressam claramente que a nova proposta de Educação Inclusiva

recomenda que todos os portadores de necessidades educacionais especiais

sejam matriculados em turma regular, baseada no princípio de educação para

todos.

A esse respeito Goffredo acrescenta: Frente a esse novo paradigma

educativo, a escola deve ser definida como uma instituição social que tem por

obrigação atender todas as crianças, sem exceção. A escola deve ser aberta,

pluralista, democrática e de qualidade. Portanto, deve manter as suas portas

abertas às pessoas com necessidades educativas especiais (1999, p. 31).

Na realidade, cabe à escola a função de receber e ensinar a todas as

crianças, independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais ou

outras. O processo de ensino/aprendizagem deve ser adaptado às necessidades

dos alunos. E, a escola tem obrigação de receber a todos que procuram,

indistintamente.

5. A INCLUSÃO SOB A INFLUÊNCIA DA DECLARAÇÃO DE


SALAMANCA

19
A legislação que vige atualmente e os documentos oficiais fazem

menção explícita à Declaração de Salamanca.

Cremos e proclamamos que:

- Todas as crianças, de ambos os sexos, têm direito fundamental à

educação e que a elas deve ser dada a oportunidade de obter e manter um nível

aceitável de conhecimentos;

- Cada criança tem características, interesses, capacidades e

necessidades de aprendizagem e que lhe são próprias;

- Os sistemas educativos devem ser projetados e os programas

aplicados de modo que tenham em vista toda a gama dessas diferentes

características e necessidades;

- As escolas comuns, com essa orientação integradora representam

o meio mais eficaz de combater atitudes discriminatórias, de criar

oportunidades acolhedoras, construir uma sociedade integradora e dar educação

para todos; além disso, proporcionam uma educação efetiva à maioria das

crianças e melhoram a eficiência e, certamente, a relação custo x benefício de

todo sistema educativo.

O que a autora procura ressaltar é que quando a igualdade de direitos

aparece junto com o respeito às diferenças, prevalece a visão universalista,

marcada na Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948. Os alunos

têm direitos iguais, independente das características, interesses e necessidades

20
individuais, que são diferentes. A Declaração de Salamanca deixa claro que a

escola deve oferecer os serviços adequados para atender à diversidade da

população.

Nesse contexto, a construção de uma sociedade integradora, por sua vez,

somente será possível se a integração se efetivar em todos os âmbitos da vida

social. Isto quer dizer que a sociedade será integradora na medida em que a

educação, a economia, a cultura e a saúde integrarem as classes, camadas e

grupos excluídos.

Ainda segundo a declaração:

As escolas integradoras constituem um meio favorável à construção da

igualdade de oportunidades da completa participação; mas, para ter êxito,

requerem um esforço comum, não só dos professores e do pessoal restante da

escola, mas também dos colegas, pais,

famílias e voluntários. A reforma das instituições sociais não só é uma

tarefa técnica, mas também depende, antes de tudo, da convicção, do

compromisso e da boa vontade de todos os indivíduos que integram a sociedade

(2004, p. 14).

A mesma linha está presente na Lei de Diretrizes e Bases da Educação

(LDB, de 1996), que consiste na responsabilidade do poder público, matrícula

21
preferencial na rede regular de ensino, apoio especializado necessários. Essa

referencia ao papel central da escola comum é reforçada pela adesão do governo

brasileiro à Declaração de Salamanca (1994).

6 EDUCAÇÃO INCLUSIVA: PROFESSOR, ESCOLA E

FAMÍLIA

A educação dá-se em qualquer lugar, na família, nas indústrias, escolas,

instituições esportivas, hospitais, em todos os cantos do mundo. Nesta

perspectiva Freire(1999, p. 25) afirma que: “ensinar não é transmitir

conhecimento, mas criar as possibilidades para sua produção ou a sua

construção”.

Nesse sentido deve-se entender a educação como um progresso dinâmico

e flexível, que possibilite ao ser humano interagir diretamente com a sociedade,

desenvolver suas potencialidades, decidir sobre seus objetos e ações.

Considerando-se que o ato educativo, além de pedagógico, é

eminentemente político, é preciso elevar a capacidade crítica de todos os

professores de modo a perceberem que a escola, como instituição social, está

inserida em contextos de injustiças e de desigualdades que precisam ser

modificados. Neste caso, Carvalho, afirma que a “transformação social é a

transformação das condições concretas da vida dos homens” (2000, p. 164). E

este é um processo histórico condicionado pelas próprias condições de vida e

resultado da ação histórica dos homens.

22
Prosseguindo, a referida autora ressalta, sem atribuir tamanha

responsabilidade aos professores, unicamente, há que reconhecer que eles

desempenham significativo papel nessa direção. Para se desincumbirem desse

papel, precisam dispor de conhecimentos além daqueles estritamente

relacionados aos assuntos que irão lecionar. É necessário que estejam

instrumentalizados a promover a educação com o sentido de formação e não

como transmissão de conhecimentos, apenas.

A escola é entendida como sendo de todos, independente de sua origem

social, de um país de origem ou étnica. Os alunos com necessidades especiais

de aprendizagem recebem atendimento individualizado, de modo que possam

superar suas dificuldades.

A vivência escolar tem demonstrado que a inclusão pode ser favorecida

quando observam as seguintes providencias: preparação e dedicação dos

professores; apoio especializado para os que necessitam; e a realização de

adaptações curriculares e de acesso ao currículo, se pertinentes (CARVALHO,

1999, p.52).

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

23
Ao encerrar esta pesquisa não significa que o tema tenha se esgotado,

pois a educação inclusiva é um processo em desenvolvimento e depende de

muita reflexão e ação para chegar a práticas concretas eficientes da educação

inclusiva que se pretende alcançar.

A Educação Inclusiva ganhou força a partir da Declaração de Salamanca

(1994), e no Brasil a partir da aprovação da Constituição em 1988 e da LDB em

1996, as transformações tem se processado nos âmbitos do financiamento, do

currículo, da gestão, da avaliação, da organização pedagógica, dos materiais

didáticos, da presença dos instrumentos de comunicação na escola.

Através da pesquisa foi possível reconhecer que mesmo dentro de toda

complexidade das relações humanas, o papel da educação é inigualável e

insubstituível. Para que este papel tão importante da educação aconteça na

prática é preciso qualidade, eficiência, competência, diálogo e afetividade para

transformar sonhos em alegrias concretas.

O processo de ensino/aprendizagem requer o entendimento de que

ensinar e aprender não significa acumular informações memorizadas, mas sim

fazer o aluno buscar novas alternativas, fazer escolhas frente a novas situações

apresentadas.

Este estudo aponta para a necessidade de repensar e resignificar a prática

pedagógica docente, efetivando a construção de uma metodologia de ensino em

que a prioridade seja levar o aluno a “aprender a aprender”, a incorporação de

24
uma proposta pedagógica humana centrada no aluno, que desenvolva atitudes e

valores humanos.

25
MÓDULO II - EDUCAÇÃO INCLUSIVA DE PESSOAS
COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS2

Autora: Elisangela Oliveira da Silva

1 - INTRODUÇÃO

Segundo Gil e Alquéres (2005), nos anos 70 a escola era integradora, já

que apenas alunos considerados capazes de acompanhar os métodos de ensino

eram aceitos. As deficiências eram consideradas um problema das pessoas,

sendo assim ela precisava procurar uma educação especial que pudesse habilitá-

la para fazer parte da escola regular. Para Gil e Alquéres (2005) e para Carvalho

(2007), a escola deve se organizar e se adaptar para oferecer uma educação

inclusiva na escola regular. Isso é direito de todas as pessoas.

Segundo Mantoan (2006), a mudança organizacional da escola para

incluir todos os alunos causa grandes impactos. A autora afirma que a escola se

2
Reprodução total módulo II - SÍNDROME DE DOWN: O OLHAR DA FAMÍLIA E
DAPROFESSORA NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA - Elisangela Oliveira da Silva – Disponível em:
http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:Fwy2u7WE9LwJ:www.mackenzie.br/fileadmin/
Graduacao/CCBS/Cursos/Ciencias_Biologicas/1o_2012/Biblioteca_TCC_Lic/2011/1o_2011/Elisangela_
Oliveira_da_Silva.pdf+&cd=2&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br
26
tornou muito formal e burocrática. Mudar sua organização, como é a feita pela

proposta da escola inclusiva, é uma maneira da escola conseguir ensinar para

todos. A prática da inclusão necessita dessa mudança Para Mantoan (2006) e

Gil e Alquéres (2005), a educação inclusiva deve substituir a prática do ensino

tradicional, em que todos os alunos precisam se adequar ao método.

Segundo Carvalho (2006) e Gil e Alquéres (2005), a educação inclusiva

tem como objetivo que todas as crianças, deficientes ou não, tenham o mesmo

acesso e aproveitamento nas escolas independente das suas diferenças. Segundo

Carvalho (2007), Voivodic (2007) e Mantoan (2006), a relação entre os termos

inclusão e integração tem gerado controvérsias devido aos múltiplos

significados dessas palavras. Carvalho (2007), afirma que os dois termos são

tratados como processos opostos, porém é necessário verificar os seus

significados.

Em Voivodic (2007), temos que integração, do verbo integrar, significa

combinar e inclusão, do verbo incluir, significa fazer parte, participar. Por isso

diferentes autores têm interpretações distintas sobre os termos e acreditam que

eles se referem a diferentes situações. Segundo Mantoan (2006), a inclusão

ocorre quando há mudanças na forma de ensino e que ele seja de qualidade para

todos os alunos. Já a integração depende da adaptação do aluno ao sistema

escolar e o método de ensino da escola continua o mesmo. Para ela inclusão e

integração são dois termos incompatíveis.

27
Também em Mantoan (2006), temos que na integração escolar nem

todos os alunos com deficiência estão em uma turma de ensino regular, porque

ocorre uma seleção para verificar quem está apto para integrar na turma. Porém,

para Carvalho (2007), a integração envolve a questão psico social e se refere às

relações dos alunos portadores de deficiências com os outros alunos, que é

importante para que ocorram interações. Pois, não podemos apenas incluir o

aluno portador de deficiência na sala regular sem que ele interaja com os

demais. “Um mundo inclusivo é um mundo no qual todos têm acesso às

oportunidades de ser e de estar na sociedade de forma participativa”

(CARVALHO, 2007 p. 111).

Segundo Gil e Alquéres (2005) e Carvalho (2007), a inclusão de pessoas

com deficiência na escola regular é benéfica a todos os alunos, tanto os com

deficiência ou os não deficientes. Segundo os autores citados anteriormente fica

pressuposto que a proposta inclusiva ajuda no desenvolvimento de sentimentos

de respeito às diferenças, de solidariedade e auxílio entre pessoas deficientes ou

não. A escola inclusiva, se inserida em um mundo inclusivo, impossibilita que

a desigualdade alcance altos níveis como os de hoje.

Um mundo inclusivo permite que todos tenham acesso a oportunidade

de estar na sociedade de forma participativa. Segundo Carvalho (2006), o termo

necessidades educacionais especiais também traz discussões. O termo foi

definido em 1978, na Inglaterra no Relatório Warnock, e é criticado divido a

sua abrangência de significados e porque parece que o problema e as

28
necessidades são apenas dos alunos. Porém as escolas também têm

necessidades a serem entendidas, como as barreiras que impedem a inclusão de

todos os alunos.

Para Carvalho (2007), todos os alunos têm diferentes necessidades

educacionais especiais Segundo a Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994),

crianças e jovens com necessidades educacionais especiais, são aquelas que

apresentam necessidades especiais derivadas de deficiência ou dificuldades de

aprendizagem. A Declaração da Guatemala (BRASIL, 2001), que foi

promulgada como lei em 2001, apresenta o termo deficiência como

significando algum tipo de restrição, seja ela física, mental ou sensorial que

limita a pessoa a praticar atividades diárias básicas e essenciais.

Para Carvalho (2006), a educação inclusiva para ser de boa qualidade

para todos precisa remover as barreiras nela existentes. Muitas são essas

barreiras, como as arquitetônicas, psicossociais, atitudinais, falta de experiência

e preparação dos professores entre outras. Mantoan (2006) e Carvalho (2007),

indicam que as diferenças, o preconceito e outros problemas, dificultam a

inclusão escolar e se tornam grandes barreiras.

“O atípico incomoda, gera desconforto, na medida em que pouco se sabe

a respeito

do porquê alguns são ‘mais diferentes’ do que seus pares e, em

decorrência, o que fazer com eles, em sala de aula” (CARVALHO, 2007 p. 77)

Segundo Gil e Alquéres (2005), o preconceito está inserido na natureza humana,


29
pois o homem desconfia e tem medo do que é diferente. Portanto o preconceito

e a discriminação se tornam atitudes defensivas ou de ataque ao diferente.

Reconhecer que temos preconceito facilita a compreensão de que somos mais

iguais do que parecemos ser. De acordo com a Declaração da Guatemala

(BRASIL, 2001) a deficiência pode levar a situações de discriminação, por isso

é necessário ações e medias para melhorar a vida de pessoas portadoras de

deficiência. Também é necessário informar a população através de campanhas

de educação com o objetivo de eliminar os preconceitos. Para Carvalho (2006),

precisamos respeitar e valorizar “o outro” sem fazer comparações e

classificações, pois as comparações levam a separação de grupos por categorias

separadas por características diferentes.

Devido às comparação que ocorrem entre as pessoas surge a exclusão

dos que não se encaixam ao padrão, os que são diferentes. Também em

Carvalho (2006), temos que os professores da escola regular não se sentem

capacitados para lidar com a inclusão. Eles têm medo De acordo com a

Declaração da Guatemala (BRASIL, 2001) a deficiência pode levar a situações

de discriminação, por isso é necessário ações e medias para melhorar a vida de

pessoas portadoras de deficiência. Também é necessário informar a população

através de campanhas de educação com o objetivo de eliminar os preconceitos.

Para Carvalho (2006), precisamos respeitar e valorizar “o outro” sem fazer

comparações e classificações, pois as comparações levam a separação de

grupos por categorias separadas por características diferentes.

30
Devido às comparação que ocorrem entre as pessoas surge a exclusão

dos que não se encaixam ao padrão, os que são diferentes. Também em

Carvalho (2006), temos que os professores da escola regular não se sentem

capacitados para lidar com a inclusão. Eles têm medo de contribuir para o

insucesso da aprendizagem dos alunos com necessidades educacionais

especiais. Essa é mais uma das grandes barreiras da inclusão.

Segundo Mantoan (2006), é mais fácil para os professores encaminhar

alunos com dificuldades de aprendizagem para as escolas especiais para não

terem que lidar com as limitações profissionais que eles têm. Assim continua

ocorrendo a discriminação desses alunos levando a exclusão. Para Demo (1997

apud Carvalho, 2007), as barreiras que aprecem na sala de aula podem ser

enfrentadas com a determinação e criatividade do professor, quando ele se

enxerga como profissional no processo de aprendizagem e educador.

O professor, para melhor conhecer os interesses de seus alunos, precisa

estimular a sua própria escuta criando, diariamente, um tempo de “ouvir” os

alunos reconhecendo, em suas falas, o que lhes serve como motivação, bem

como conhecendo a “bagagem” que trazem para a escola (CARVALHO, 2007

p.64). Segundo Carvalho (2006), as dificuldades se tornam problemas quando

não sabemos ou não queremos lidar com elas. Para remover as barreiras da

aprendizagem na escola inclusiva é preciso identificá-las e procurar os fatores

que se relacionam com elas.

31
2 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A pesquisa realizada e caracterizada como qualitativa. Já que a coleta de

dados foi feita através de entrevistas semiestruturadas. “As entrevistas

semiestruturadas se desenrolam a partir de um esquema básico, porém não

aplicado rigidamente, permitindo que o entrevistador faça as necessárias

adaptações” (LÜDKE e ANDRÉ, 2004. p.34). Segundo Lüdke e André (2004)

a entrevista oferece imediatamente a coleta de informações desejadas,

permitindo aprofundamento em temas pessoais, ao contrário de outras técnicas.

Foram realizadas duas entrevistas semiestruturadas, ambas foram

gravadas, redigidas na integra e estão em anexo no final deste trabalho. Uma

entrevista foi feita com uma professora da rede pública de ensino, que leciona

em uma escola de ensino regular e tem em uma de suas turmas uma aluna com

Síndrome de Down. Entrei em contato com a escola por telefone para pedir

autorização e marcar um horário para realização da entrevista. O processo

ocorreu na escola em que a professora trabalha num momento em que ela estava

disponível no seu horário de trabalho.

Foram entregues cartas de informação para o sujeito e para instituição e

termos de consentimento livre e esclarecido para ambas. A outra entrevista foi

com a irmã da aluna do 3º ano do ensino fundamental I (turma de EJA),

representando a família. Ela é maior de idade e se ofereceu para ser entrevistada.

Entrei em contato com a família por telefone e por e-mail explicando sobre o

32
trabalho, os objetivos e como seria a entrevista. A entrevista com a irmã também

foi autorizada pelos pais da aluna. O processo ocorreu na sua casa como

solicitado por ela mesma.

Para ela, também foi entregue uma carta de informação ao sujeito e um

termo de consentimento livre e esclarecido Depois de redigir as duas

entrevistas, alguns trechos importantes foram selecionados para análise e

discussão dos dados. Nas entrevistas o nome da aluna com Síndrome de Down,

citado algumas vezes, será representado pela letra L. O nome de alguns

colégios, também citados na entrevista, serão apresentados com as letras X, Y

e Z.

Segundo Carvalho (2006), a educação inclusiva precisa ser pesquisada

para verificar a sua efetividade na questão da educação escolar de alunos com

deficiência. Para ela é importante que todos que trabalham com a educação

queiram conhecer melhor, registrando e analisando dados para enriquecer os

trabalhos na área de educação.

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir das entrevistas realizadas, alguns trechos importantes foram

destacados para serem analisados de acordo com os autores usados no

referencial teórico e outros. Segundo Carvalho (2007), quando se pensa em

inclusão, logo vem à ideia de escola de educação especial. A escola inclusiva


33
deve ser uma escola para todos. Onde os alunos possam interagir com os seus

colegas e com a aprendizagem. Na opinião da família da aluna com Síndrome

de Down, na entrevista realizada com a irmã dela, quando perguntei suas

considerações sobre a inclusão ela respondeu:

“ Eles não devem ficar em sala com crianças apenas com Síndrome de

Down ou outros tipos de problema, mas junto com crianças normais também.”

Durante a entrevista com a professora quando foi perguntado quais suas

considerações sobre a inclusão ela respondeu: “-Eu creio que é uma excelente

iniciativa essa questão de introduzir um aluno com Síndrome de Down em uma

sala normal e não só com Síndrome de Down.

Na escola nós temos alunos que apresentam outras dificuldades. Vemos

isso como algo positivo, pois ele está se relacionando com outros colegas,

vivenciando as diferenças porque eu acho que no geral todos nós temos

dificuldades, mas cada um o seu grau e o seu jeito de aprender.” Tanto a irmã

da aluna quanto a professora, apresentam a mesma opinião sobre a questão da

inclusão.

Ambas acreditam que além da inclusão dos alunos com necessidades

educacionais especiais na escola regular, também é necessário que eles estejam

na sala de aula junto com outros alunos, para que ocorra uma integração social

entre os normais e os deficientes. Para Carvalho (2006), Gil e Alquéres (2005)

e Mantoan (2006), a educação inclusiva tem como objetivo oferecer uma escola

de qualidade, com acesso a todos os alunos respeitando as suas diferenças.

34
Porém, de acordo com o que foi falado na entrevista da irmã de uma aluna com

Síndrome de Down, parece que nem sempre a inclusão é praticada efetivamente

nas escolas regulares.

“- Ela estudava com crianças normais e crianças com Down também e

depois eles colocaram ela junto apenas com crianças com deficiência.”Durante

a entrevista com a professora atual da aluna com Síndrome de Down, quando

perguntei se o processo de inclusão na escola era novo ela me respondeu: “-

Sim. Existia uma sala, no período da tarde, só com eles...” (alunos com

necessidades educacionais especiais) “- A tarde nós tínhamos uma sala

multisseriada, com alunos com alguma dificuldade...” Ter uma sala apenas de

alunos com necessidades educacionais especiais pode facilitar a exclusão

dentro do processo de inclusão.

Segundo Carvalho (2007), alunos com necessidades educacionais

especiais são discriminados e excluídos devido as suas

características“biopsicossociais”, ou seja, estão sendo excluídos das suas

oportunidades de aprender. Para Mantoan (2006 b), na integração escolar nem

todos os alunos com deficiência estão em uma turma de ensino regular, porque

ocorre uma seleção para verificar quem está apto para integrar na turma. Para

Carvalho (2007), a integração é importante para relação entre as pessoas ditas

normais e as pessoas com deficiência.

A exclusão pode ser causada pelo fato de apenas inserir um aluno com

necessidades educacionais especiais nas turmas regulares, sem que ocorra

35
interação entre os alunos portadores de deficiência e as outras crianças não

portadoras de deficiência. A irmã da aluna, reconhecendo isso, comenta durante

a entrevista que:“-É interessante sim ele estar incluso na sala de aula, porque

ele convive com as outras crianças e assim ele tem um leque de experiências,

para que possa adquirir vivência e experiência de vida, para o dia-a-dia,

possibilitando maior integração entre os colegas e os professores.”Para

Voivodic (2007) é importante nos primeiros anos de vida de crianças com

Síndrome de Down a estimulação, que ajuda no seu desenvolvimento devido

aos diferentes ritmos de aprendizagem e as suas necessidades especiais.

Sobre este aspecto, é possível reconhecer os esforços em torno da

estimulação na fala da irmã, ao abordar brevemente sobre o processo de

escolarização da aluna com Síndrome de Down.“-No início ela começou com

tratamentos na APAE e na Casa da Esperança, depois ela começou a estudar na

APAE para começar a adquirir experiência de estudo”. Segundo Schwartzman

(1999), a educação infantil é muito importante para que crianças com Síndrome

de Down adquiram autonomia dentro da sala de aula e para o inicio da

integração com um novo grupo social, que é diferente do ambiente familiar em

que ela vive.

No documentário Do luto a luta (MORCAZEL, 2005), uma das questões

levantada pelos pais de crianças com Síndrome de Down é a falta de

conhecimento sobre o assunto que leva a dificuldade de aceitação. Durante a

36
entrevista a irmã fala sobre as dificuldades da inclusão e um dos motivos que

ela coloca são os diferentes graus da síndrome que há entre os portadores. “-

Porém é importante lembrar que há crianças com Síndrome de Down com um

grau mais elevado e outras com menos e isso é importante no momento de

mesclar as turmas.” “...talvez para crianças que apresentam maior dificuldade,

a gente percebe que as escolas não as aceitam tão facilmente.”

Entretanto o que é diferente, segundo Pueschel (1995), são os graus de

retardo mental, que geralmente em crianças com Síndrome de Down estão entre

as faixas leve e moderada. Segundo Schwartzman (1999), rotular e categorizar

alunos com Síndrome de Down destacando as suas dificuldades e excluindo as

suas facilidades para aprendizagem os prejudica muito. Levando pais e

professores a terem baixas expectativas em relação à aprendizagem desses

alunos, exigindo menos e diminuindo as chances de melhoria no seu

desenvolvimento. Para Voivodic (2007), portadores da Síndrome de Down e

pessoas normais, apresentam diferenças no seu comportamento, personalidade

e desenvolvimento. Sendo assim não são iguais.

Segundo Amaral (1998), atribuir estereótipos, como pessoas com

Síndrome de Down são carinhosas, concretizam o preconceito e acontecem

frequentemente também com outras deficiências. No caso de Síndrome de

Down, uma opinião já formada sobre o que é a Síndrome Segundo Itani (1998),

o significado da palavra preconceito seria uma opinião já formada sobre algo

ou alguém. Na entrevista a irmã também fala sobre a existência do preconceito,

37
mas que ele está diminuindo. “-... as pessoas enxergavam a Síndrome de Down

como algo muito diferente.

Mas hoje as barreiras não existem mais ou estão acabando.” “- Quando

levamos ela em ambientes sociais, festas, barzinhos... As pessoas convidam ela

para participar de uma dança, uma conversa e essas barreiras estão terminando.

“- Porém existem algumas pessoas que tem preconceito.” Ainda que a irmã

reconheça um avanço na superação dos preconceitos, é importante salientar que

“o atípico incomoda, gera desconforto, na medida em que pouco se sabe a

respeito do porquê alguns são ‘mais diferentes’ do que seus pares e, em

decorrência, o que fazer com eles, em sala de aula” (CARVALHO, 2007 p. 77).

Quando perguntei sobre qual o motivo do preconceito na opinião dela,

obtive as seguintes respostas: “- Na minha opinião, a falta de informação, por

não saber o que é a Síndrome.” “-Eu percebo que algumas pessoas da sociedade

têm um pouco de preconceito, ficam olhando de maneira diferente...” Segundo

Amaral (1998), o preconceito é mais uma das barreiras atitudinais que

dificultam a aceitação de pessoas com deficiência. A este respeito, cabe

ressaltar que, com base em Carvalho (2006), para remover as barreiras

existentes é preciso identificá-las. E, seguramente as barreiras atitudinais

expressas pela sociedade são as mais significativas. Na declaração da

Guatemala, (BRASIL, 2001), temos que é importante informar a população

através de campanhas de educação para acabar com o preconceito com as

pessoas deficientes.

38
Para a professora o preconceito também é uma das principais barreiras

da inclusão: “-... existe a questão do preconceito, que tem que ser muito

trabalhado ainda entre os alunos e os profissionais que trabalham na escola, para

realmente aceitar esse aluno de uma forma natural.” Segundo Gil e Alquéres

(2005) e o homem diante do desconhecido e do que é diferente toma algumas

atitudes de ataque e/ou atitudes defensivas que expressam o preconceito.

Podendo afirmar que o preconceito faz parte do seu comportamento cotidiano.

Para Schwartzman (1999), um dos assuntos mais discutidos atualmente

é a ideia de que o professor deve criar nas salas de aula um bom convívio entre

os alunos. Isto é considerado como algo encorajador. Mas parece que nem todos

os professores se sentem preparados para essa prática. Na opinião da

Professora: “-Seria importante um trabalho com os outros alunos para aprender

a aceitar as diferenças.” Segundo Carvalho (2007), quanto maior a

“diversidade” dos alunos na sala de aula, mais complexa e rica é a turma.

Sendo assim, também em Carvalho (2007), um dos obstáculos

enfrentados pelos professores do ensino fundamental é o fato deles não se

sentirem preparados para trabalhar com grupos muito diversificados. Como

ocorre nas escolas de inclusão. Para Mantoan (2006), os professores preferem

passar para os seus colegas especializados o “problema” de trabalhar com

alunos com necessidades educacionais especiais. Assim não precisam se

preocupar com as suas limitações profissionais. A professora também comentou

sobre esse aspecto em diversos momentos da entrevista. “-... não existe um

39
preparo dos profissionais que atuam nessa área e mesmo de todo o processo

educativo para acolher com segurança e qualidade esses alunos na escola

regular.”

“-Porque falta apoio em todos os sentidos, de profissionais específicos

para lidar com a Síndrome de Down e outros tipos de deficiências, que pudesse

orientar o professor e a turma.” “-... mas ainda é um processo muito inicial que

gera insegurança, desconforto e até ansiedade pelo fato de querer saber se está

trabalhando no caminho certo. Para Carvalho (2006), os professores têm medo

de não conseguirem cumprir o seu papel em turmas de alunos com necessidades

educacionais especiais, por serem inexperientes e incapazes.

Segundo a Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994), o governo deve

garantir programas de treinamento para professores já formados e para os

professores em formação, incluindo as informações necessárias para o processo

de educação inclusiva nas escolas de ensino regular. A falta de preparação dos

professores parece ser mais uma das grandes barreiras da inclusão. Segundo

Mantoan e Prieto (2006), é preciso estar atento para difícil tarefa de combinar

igualdades e diferenças dentro da escola.

Os alunos não podem ser desvalorizados ou considerados incapazes

devido as suas diferenças A Irmã da aluna declarou no final da entrevista que:

“ - Colégios top como Y e Z, não incluem esse tipo de criança. Eu trabalhei no

Y e percebi que é tudo muito elitizado, e existe um pouco de preconceito sim.”

Nesse momento a irmã parece demonstrar indignação sobre este fato. Por ela

40
ser professora e já ter trabalho nesses colégios, que são considerados de

excelente qualidade, mas infelizmente ainda excluem alunos com necessidades

educacionais especiais. Essa é considerada uma é prática de discriminação. Na

declaração da Guatemala, decretada como lei, (BRASIL, 2001), qualquer

diferenciação, restrição ou exclusão de portadores de deficiência que impede

essas pessoas de exercer os seus direitos é considerada como discriminação.

Sobre este aspecto, cabe ressaltar que Mantoan e Prieto (2006) lembram

que as escolas, consideradas como espaços educacionais, não podem ser lugares

de discriminação. Assim, vale reiterar que, para Amaral (1998), a escola deve

se adequar aos alunos e não os alunos se adequar a escola. Outra dificuldade

também foi apresentada pela irmã da aluna, durante a entrevista: “- Na escola

em que ela estuda, todos a receberam muito bem devido ao grau dela de

dificuldade de aprendizagem, que não é muito, agora talvez para crianças que

apresentam maior dificuldade, agente percebe que as escolas não aceitam as tão

facilmente.”

-Eu acredito que o fato dela não ler, que dificulta um pouco tanto para

ela trabalhar quanto para conseguir estudar em outras escolas.” Em

Schwartzman (1999), temos que a escrita e a leitura é uma das maiores

dificuldades de aprendizagem para crianças com Síndrome de Down, devido a

sua deficiência mental. Mas o processo de alfabetização não é um caminho

fácil. Não existe um método para ensinar todos os alunos com deficiência

mental a ler, o mais adequado é variar as estratégias de aprendizagem, Também

41
em Mantoan e Prieto (2006), temos que a inclusão nas escolas regulares não

tem sido aceita facilmente.

Pois há necessidade de grandes mudanças, desde aspectos arquitetônicos

até a mudança do método de ensino e preparação dos professores. Tudo isso

para oferecer oportunidade e qualidade de aprendizagem para todos os alunos.

A irmã entrevistada fala sobre o desenvolvimento da aprendizagem da aluna

com Síndrome de Down na sua atual escola. “-Mas hoje, na sua escola atual,

ela está tendo as oportunidades. Se ela tiver que faltar na aula ela fica muito

brava porque ela ama aquela escola.” Sobre as suas práticas pedagógicas a

professora comenta que: “- Muita coisa é feita na oralidade, devido ao fato da

dificuldade que ela tem com a fala, tanto é que ela acompanha com fono

(fonoaudióloga), como também a dificuldade da alfabetização, isso quer dizer:

praticamente ela não escreve.”

Segundo Schwartzman (1999), é importante a integração entre a

fonoaudióloga e a coordenação da escola para o trabalho de alfabetização. Já

que pessoas com Síndrome de Down apresentam um atraso no desenvolvimento

da linguagem. A professora também fala que: “-... trabalhar atividades que eles

já dominem, porque ele vai se sentindo mais seguro e com vontade de vir para

escola, porque ele está conseguindo fazer as atividades.” “-... Nós estamos com

um olhar diferenciado para esse aluno, no sentindo de aproveitar o que ele está

conseguindo aprender.”

42
Schwartzman (1999), afirma que a Síndrome de Down limita o

desenvolvimento da criança impedindo que ela atenda a todos os estímulos

oferecidos. Porém essas limitações podem e são superadas com o passar do

tempo sempre ocorre uma grande diferença entre a sua idade mental e a sua

idade cronológica. A L tem 26 anos, mas ainda está no 3º ano do ensino

fundamental I. O atraso no desenvolvimento parece dificultar a aprendizagem

da aluna.

“-A L. Está em uma turma do 3º ano (2ª série) e uma coisa que eu acho

importante colocar é o lado afetivo e a socialização que são conteúdos

trabalhados muito necessários para esses alunos. Porque quando eles se sentem

bem, eles vêm para escola com prazer. Quando a criança e o adulto não se

sentem bem e mais difícil dele querer fazer a atividade e aprender.” Segundo

Gil e Alquéres (2005), alunos com deficiência devem ser vistos na escola

inclusiva como pessoas que são grandes desafios para a capacidade dos

professores e para escola em promover educação para todos respeitando as

diferenças de cada um, e não devem ser vistos como problema. Isso somase à

consideração de Mantoan (2006), de que a inclusão exige uma mudança

organizacional para conseguir proporcionar uma educação para todos. A

professora falou sobre a sua opinião a respeito dos resultados do processo de

inclusão na escola. “- O olhar dessa escola, sempre foi voltado para estar

olhando para o aluno e trabalhando as diferenças. Então eu acho que agora que

43
entraram esses alunos de inclusão, também continua esse olhar só que um pouco

mais aprimorado.

Eu creio que os resultados aqui estão sendo positivos, mas ainda tem

muito que melhorar.” Segundo Schwartzman (1999), é importante o

desenvolvimento das áreas de potencialidades do conhecimento demonstradas

pelos alunos com síndrome de Down pela escola. A escola deve trabalhar com

atividades que estimulem essas potencialidades. Entretanto, para Mantoan e

Prieto (2006), o processo de transformação que ocorre na escola regular para se

adequar a educação inclusiva é lento.

A professora comenta também sobre o que ela pensa da inclusão. - É a

primeira vez que você trabalha com uma turma de inclusão? “Sim. Eu estive

com a classe da L, no semestre passado apenas por um período. Era uma sala

em que praticamente todos os alunos eram de inclusão, uma sala multisseriada.

Agora a experiência é diferenciada. Porque eu tenho alunos de inclusão e alunos

que não são de inclusão. Então eu tenho essas diferenças dentro da sala de aula,

que é um pouco diferente do que eu vivi no semestre passado. Se você entende

inclusão, como uma questão de diferença, isso já existe em qualquer sala.

Porque todos são diferentes, um tem facilidade para uma coisa outro tem

dificuldade para outra coisa e o professor muitas vezes tem que fazer atividades

diferentes para aqueles que têm alguma dificuldade, permitindo que o aluno

possa aprender, compreender, se concentrar ou dominar o assunto.” Para

Amaral (1998), as diferenças podem ser reconhecidas de duas maneiras. A

44
“diferença”, quando se trata de características diferentes que não causam

conflitos, como as variadas cores de cabelos, e a “diferença significativa” que

apresenta três critérios. O primeiro são resultados estatísticos, se você está fora

desses resultados você é diferente. Depois temos o critério estrutural, que são

as deficiências físicas, como ser cego ou surdo. E por último, o critério

do “tipo ideal” o que adequado para sociedade. Sendo assim, para professora,

as diferentes formas de aprendizagem entre os alunos é apenas uma “diferença”,

fácil de lidar. Entretanto as diferenças que existem entre os alunos de uma sala

de inclusão são “diferenças significativas“ e essas são mais difíceis de serem

aceitas e trabalhadas em sala de aula.

Por fim, ambas entrevistas revelaram as opiniões, as dificuldades e os avanços

da família e da professora sobre o processo de inclusão da aluna com Síndrome

de Down.

4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Investigar as principais dificuldades da educação inclusiva de uma

crianças com Síndrome de Down foi a pergunta inicial deste trabalho. Com as

leituras e com as entrevistas percebei que as barreiras para inclusão são muitas.

O preconceito parece ser a principal delas e talvez a mais difícil de superar. A

informação é a principal e a melhor solução para o preconceito. Com as diversas

45
formas de exposição sobre o que é a Síndrome de Down, o preconceito em

relação a essas pessoas está diminuindo.

Porém alguns conceitos errados atribuídos a síndrome, como a questão

da personalidade carinhosa, dificultam o real entendimento e continuam

causando preconceitos. Na entrevista com a representante da família da aluna

com Síndrome de Down, a questão do preconceito que está diminuindo ficou

clara para mim quando a irmã da aluna declarou que a aceitação de pessoas com

Síndrome Down em ambientes sociais, como bares, está sendo cada vez mais

evidente e efetiva, mas que infelizmente ambientes educacionais como escolas

consideradas de elite ainda rejeitam esses alunos sem uma boa justificativa para

o “Não”.

Outra barreira que também ganha destaque é a falta de preparação dos

professores para atender as expectativas da educação inclusiva. Esse pode ser

mais um dos fatores que dificultam a aceitação de alunos com deficiência em

escolas regulares. Infelizmente! Mudar as práticas pedagógicas também é um

dos critérios importantes para educação inclusiva. A professora durante a

entrevista fala que seria importante a presença de um especialista para lhe

orientar. Mas, qual será a orientação que ela deseja? Talvez essa orientação lhe

ajudaria na elaboração das suas práticas pedagógicas. Melhorando o seu

trabalho e a aprendizagem dos alunos. Já que a professora declara ser a sua

primeira experiência em uma turma com uma aluna com Síndrome de Down e

46
outros alunos com outras deficiências. A falta de preparação causa medo e

insegurança aos professores.

Por isso é essencial que o governo ofereça aos professores que já estão

trabalhando cursos, palestras, apostilas e outros meios de informação para

melhorar a qualificação desses professores na área da educação inclusiva.

Permitindo que mais uma barreira seja removida. Matérias como Educação e

Alteridade, Libras entre outras são indispensáveis nas grades nos cursos de

graduação de formação de professores. Essa pode ser mais uma alternativa para

diminuir a discriminação que existe em muitas escolas quanto à educação

inclusiva que fazem esses alunos optarem por escolas de Educação Especial.

A educação inclusiva também trabalha a integração dos alunos dentro da

sala de aula e isso é fundamental para o desenvolvimento psicossocial de todos

os alunos, seja eles com Síndrome de Down ou não. Crianças, jovens e adultos

com Síndrome de Down são consideradas pessoas com necessidades

educacionais especiais. Porém não só eles, todos nós somos diferentes e sempre

temos dificuldades de fazer algumas coisas e facilidades para outras. Então por

que somos nomeados como “normais” e eles como “deficientes”? A inclusão é

muito importante para todos nós professores e alunos aprendermos a trabalhar

com as diferenças. “É normal ser diferente”. Eis uma frase que infelizmente já

virou clichê, entretanto que deveria ser algo que nos fizesse parar para refletir

sempre.

47
MÓDULO III - A EDUCAÇÃO ESPECIAL E O DIREITO À
EDUCAÇÃO PÚBLICA3

Autora: Mônica de Carvalho Magalhães Kassar

Educação Especial e a garantia do direito à educação pública

A Constituição Federal de 1988 configurou-se como um novo estatuto

jurídico para o país. Contando com o envolvimento da sociedade civil

organizada, essa Constituição caracteriza-se por uma ênfase nos direitos sociais

e pelo estabelecimento dos princípios de descentralização e municipalização

para a execução das políticas sociais, inclusive na educação, que passa a ser

considerada direito subjetivo. Constitucionalmente implicado, o Governo

Federal desde a década de 1990 tem implantado e/ou fomentado um conjunto

de ações nas várias áreas dos serviços públicos como parte do sistema de

proteção social. No entanto, também a partir dessa década, o governo brasileiro

passou claramente a adequar-se à organização do mercado mundial globalizado

na expansão do modelo econômico capitalista. Desde o governo de Fernando

3
Módulo III - Educação especial na perspectiva da educação inclusiva: desafios da implantação
de uma política nacional1 – Autora: Mônica de Carvalho Magalhães Kassar - Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-40602011000300005 -
48
Collor de Mello (1990-1992), tornou-se constante um discurso sobre a

modernização da economia com críticas à ação direta do Estado, principalmente

nos setores de proteção social. Na continuidade dessa tendência, Fernando

Henrique Cardoso (1994- 1998; 1998-2002) assumiu o governo brasileiro e seu

discurso sustentou-se na construção de uma “terceira via”, expresso desde a

aprovação do Plano Diretor da Reforma do Aparelho de Estado (BRASIL,

1995). Nessa reforma, setores importantes como a educação e a saúde deveriam

ter como corresponsáveis o “terceiro setor”, através da ação das instituições

públicas não estatais.

O quadro político e econômico constituído no Brasil, a partir do final dos

anos 1990, passa a estabelecer uma tensão: de um lado o estabelecimento

constitucional de políticas sociais universais (da educação, saúde), que teriam

como pressuposto a ação direta do Estado; de outro um contexto de regulação

e restrição econômica, sob um discurso de solidariedade e de necessidade de

retração do setor público (com a participação do terceiro setor).

Em 1990, o Brasil participou da Conferência Mundial sobre Educação

para Todos, em Jomtien – Tailândia –, e coube ao país, como signatário da

Declaração Mundial sobre Educação para Todos, a responsabilidade de

assegurar a universalização do direito à Educação. Desse compromisso

decorreu aelaboração do Plano Decenal de Educação para Todos, concluído em

1993, que tinha como objetivo assegurar, até o final de sua vigência, a todos os

49
brasileiros “conteúdos mínimos de aprendizagem que atendam necessidades

elementares da vida” (BRASIL, 1993, p. 13).

O movimento de Educação para Todos atinge, de certa forma, as pessoas

com deficiências. No entanto, parece-nos que as propostas direcionadas a essa

população têm também alguns elementos específicos. Mel Ainscow, consultor

da UNESCO, faz um histórico interessante da Educação Especial no mundo e

afirma que nos anos 1970 mudanças importantes ocorreram em muitos países,

que culminaram com as proposições atuais18. Ainscow (1995) apresenta um

levantamento realizado por esse órgão na década de 1980 em 58 países, em que

foi verificado que a organização da Educação Especial dava-se

predominantemente em escolas especiais separadas, que atendiam um número

reduzido de alunos. A partir dessas informações, o relatório da UNESCO indica

que diante das “proporções da demanda e os escassos recursos disponíveis, as

necessidades de educação e formação da maioria das pessoas deficientes não

pode satisfazer- se unicamente em escolas e centros especiais” (UNESCO, 1988

apud AINSCOW, 1995, p. 18).

A partir dessa constatação, o autor afirma que

[...] é necessário introduzir mudanças tanto nas escolas especiais como

nas regulares [...] Há muitas indicações de que em um número elevado de países

de todo o mundo a integração é um elemento central na organização da

educação especial [...]. Esse projeto parece adequado para os países do Terceiro

50
Mundo, dada a magnitude das necessidades e as inevitáveis limitações de

recursos disponíveis (AINSCOW, 1995, p. 18)

Os argumentos registrados no relatório da UNESCO em 1988 são os

mesmos encontrados em um documento que marcou a Educação Especial no

Brasil:

A Declaração de Salamanca, fruto da “Conferência Mundial sobre

Necessidades Educativas Especiais: acesso e qualidade”, ocorrida na Espanha,

em 1994:

A experiência, sobretudo nos países em via de desenvolvimento, indica

que o alto custo das escolas especiais supõe, na prática que só uma pequena

minoria de alunos [...] se beneficia dessas instituições... [...] Em muitos países

em desenvolvimento, calcula- se em menos de um por cento o número de

atendimentos de alunos com necessidades educativas especiais. A experiência

[...] indica que as escolas integradoras, destinadas a todas as crianças da

comunidade, têm mais êxito na hora de obter o apoio da comunidade e de

encontrar formas inovadoras e criativas de utilizar os limitados recursos

disponíveis (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994, p. 24-25)

Essa declaração enuncia que diante do alto custo em manter instituições

especializadas as escolas comuns devem acolher todas as crianças

independentes de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais,

linguísticas ou outros. Dois anos mais tarde, a Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional em 1996 – LDB/96 – é promulgada, propondo a adequação


51
das escolas brasileiras para atender satisfatoriamente a todas as crianças.

Diferenças étnicas, sociais, culturais ou de qualquer ordem passam a ser foco

do discurso de inclusão escolar. Os comentários de Ainscow e os registros da

UNESCO trazem à tona preocupações de ordem econômica direcionando as

proposições acerca do atendimento às pessoas com necessidades educacionais

especiais, como também registradas na década de 1970, por ocasião da

implantação do CENESP.

Sob o impacto desses documentos e dentro de um conjunto de políticas

sociais, um discurso de “educação inclusiva” toma corpo no país, de modo que

profissionais que atuavam na Educação Especial passam, pouco a pouco, a

utilizar o termo “inclusão” no lugar da bandeira da “integração”. Essa mudança

ocorre em vários países, como registrado por Ortiz González, ao analisar a

inclusão na Espanha: “O termo inclusão está sendo adotado nos Estados

Unidos, Canadá, Reino Unido, com a ideia de dar um passo à frente do que

pretendeu a proposta integradora, que não tem servido para dar respostas à

diversidade que se origina no seio da comunidade como se havia pretendido...”

(GONZÁLES, 2005, p. 14).

Sem desconsiderar os movimentos em prol de situações menos

segregadoras para as pessoas com deficiências, acreditamos que a implantação

de uma política de “educação inclusiva” deve ser analisada no contexto

complexo das políticas sociais nas sociedades capitalistas. Na história do país,

a relação estabelecida na legislação entre poder público, instituições privadas e

52
rede de ensino, no que se refere às responsabilidades no atendimento de alunos

com deficiências, caracterizou-se por uma complementaridade de ações19, sem

superposição de serviços: os grupos privados, como as Sociedades Pestalozzi e

as APAEs, responsabilizaram-se pelo atendimento aos alunos mais

comprometidos e as classes especiais públicas atenderam a população menos

comprometida. Essa relação de atendimentos fez com que as instituições

especializadas assumissem uma posição de atores principais na Educação

Especial brasileira. No decorrer dos anos 2000, essa posição começa a mudar

quando o governo brasileiro, mais enfaticamente com o governo de Luiz Inácio

Lula da Silva (2003-2006; 2007- 2010), passa a implantar uma política

denominada de “Educação Inclusiva”. Pressionado por oferecer atendimento

aos alunos que possuem deficiências, desde 2003 o Governo Federal opta pela

matrícula dessa população em salas comuns de escolas públicas, acompanhado

(ou não) de um atendimento educacional especializado, prioritariamente na

forma de salas de recursos multifuncionais. Para sustentação dessa política, o

Decreto 6.571/2008 dispõe sobre o atendimento educacional especializado e

modifica as regras do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação

Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB) para

garantir recursos àqueles alunos que efetivamente estejam matriculados em

escolas públicas e recebendo atendimento educacional especializado. Em 2009,

a Resolução n.º 4 institui as Diretrizes Operacionais para o Atendimento

Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação

Especial, e estabelece as formas possíveis desse atendimento:


53
Art. 1º Para a implementação do Decreto nº 6.571/2008, os sistemas de

ensino devem matricular os alunos com deficiência, transtornos globais do

desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas classes comuns do

ensino regular e no Atendimento Educacional Especializado (AEE), ofertado

em salas de recursos multifuncionais ou em centros de Atendimento

Educacional Especializado da rede pública ou de instituições comunitárias,

confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos (BRASIL, 2009, grifos

nossos).

A política de “Educação Inclusiva” vai materializando-se, também, com

a constituição de um conjunto de programas e ações: “Programa Nacional de

Formação Continuada de Professores na Educação Especial” e “Formação de

Professores para o Atendimento Educacional Especializado”, que atente a

formação continuada de professores, prioritariamente na modalidade à

distância; “Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social” (BPC),

que realiza acompanhamento e monitoramento de acesso e permanência nas

escolas dos alunos beneficiários do BPC, até 18 anos; “Programa de

Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais”; “Escola Acessível”, para

adaptação arquitetônica das escolas; “Programa Educação Inclusiva: Direito à

Diversidade”; “Programa Incluir”. Esses programas formam, hoje, um conjunto

articulado que propõe a atingir os estabelecimentos de ensino dos diferentes

municípios do país. Para mensurar a abrangência pretendida dessas ações,

54
tomamos o Programa “Educação Inclusiva: Direto à diversidade” que, segundo

a secretaria de Educação Especial do MEC, hoje atinge 5.564 municípios, que

corresponde a 100% dos municípios brasileiros. Com esse Programa, o

Governo Federal brasileiro se compromete a fomentar a política de construção

de “sistemas educacionais inclusivos”, formando educadores num sistema de

multiplicadores.

55
MÓDULO IV - DEFICIÊNCIA MULTIPLA: CONCEITO E
CARACTERIZAÇÃO4

Autora: Yara Cristina Romano Silva

1. CONCEITO

Deficiência Múltipla (DM) é a expressão adotada para designar pessoas

que têm mais de uma deficiência. É uma condição heterogênea que identifica

diferentes grupos de pessoas revelando associações diversas de deficiências que

afetam, mais ou menos intensamente, o funcionamento individual e o

relacionamento social. Grande dificuldade para os educadores que atuam nessa

área é a insuficiência de literatura sobre o assunto, a falta de intercâmbio de

experiências e a escassez de pesquisas científicas e de registros da prática

pedagógica. Diante deste contexto, o presente estudo busca uma revisão atual

dos principais aspectos relacionados à deficiência múltipla, incluindo conceito,

4
Módulo IV – Reprodução total : DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA: CONCEITO E
CARACTERIZAÇÃO – Autora: Yara Cristina Romano Silva – Disponível em:
http://www.conhecer.org.br/download/cp/inclusao/m3/leitura%203.pdf
56
incidência, epidemiologia e caracterização. Este artigo trata de uma revisão

abrangente, não sistemática da literatura sobre a deficiência múltipla.

Considerando os achados na literatura sobre a deficiência múltipla, é

essencial uma boa avaliação que pressupõe um conhecimento tanto das

capacidades do aluno quanto da crença da importância de se criar condições de

natureza diversa que favoreçam a promoção humana e a qualidade de vida no

mundo físico e social. Pode-se concluir que a DM não pode ser concebida

simplesmente como um atributo inerente á pessoa reconhecida e tratada como

deficiente. É uma condição que emerge da interação entre as pessoas com

determinados atributos e o meio social, que interpreta como desvantagens as

variações no comportamento e na capacidade, pela presença daqueles atributos.

2. INTRODUÇÃO

O significado do processo de globalização no sistema econômico-

financeiro mundial tem repercussões claras na vida dos indivíduos e das

sociedades. Não se pode negar que neste processo, estão sendo redefinidas as

identidades dos sujeitos, dos estados e das nações.

Estão se evidenciando cada vez mais as diferenças entre os indivíduos

classificados hoje como pessoas com deficiências.

57
No mundo todo, a educação está sendo revista não só nos aspectos

quantitativos, mas, fundamentalmente, no que se refere à questão da qualidade,

o que reflete diretamente na qualidade da formação dos recursos humanos que

vão interagir na sociedade.

Uma nova visão da sociedade é requerida, e dará outro sentido à

organização da humanidade. Isto exigirá valores diferenciados para o homem e

para sua ação na atividade produtiva. Espera-se que o educador, de um modo

geral, tenha conhecimentos adequados sobre o que pretende ensinar; que

disponha das habilidades necessárias à organização e à transmissão do saber

escolar aos seus alunos; que reconheça as metas educacionais; as relações

estabelecidas no âmbito da escola e dessa com a sociedade, de modo a favorecer

o exercício de seu papel. Espera-se, diante disto, que a escola seja inclusiva.

No entanto, as pessoas com grandes limitações e necessidades de apoio

são aquelas que geralmente os educadores e mesmo as instituições

especializadas têm dificuldade para atender suas necessidades. Ao educador

que se dedica aos alunos com deficiência múltipla alguns requisitos são

acrescentados: o conhecimento das particularidades educacionais dos alunos,

suas potencialidades e necessidades especiais, os avanços atuais na concepção

de deficiência, bem como o domínio sobre as novas formas de abordar a

educação e a inclusão escolar e social dessa população específica. É nítida,

portanto, a necessidade de se preparar, educadores, professores para o

atendimento educacional às pessoas com deficiências múltiplas.

58
Como essa preparação deve ser feita? A realização desse estudo, voltado

para a educação de pessoas com deficiências múltiplas requer a conceituação e

a caracterização da DM, não para

prestar-se á rotulação das pessoas, mas para criar-lhes condições de

natureza diversa que favoreçam a sua promoção humana e qualidade de vida no

mundo físico e social.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O conceito de deficiência múltipla varia entre os estudiosos. Na Política

Nacional de Educação Especial (BRASIL, 1994, p.15) a deficiência múltipla é

definida como: “associação, no mesmo indivíduo de duas ou mais deficiências

primárias (mental/visual/auditivo-física), com comprometimentos que

acarretam atrasos no desenvolvimento global e na capacidade adaptativa”. Esse

conceito de deficiência múltipla é referendado pelo Decreto n.3.298/99 que

define a categoria como “associação de duas ou mais deficiências” (art.4, V).

Implica uma gama extensa de associação de deficiências que podem

variar conforme o número, a natureza, a intensidade e a abrangência das

deficiências associadas e o efeito dos comprometimentos decorrentes, no nível

funcional. Para outros autores, a deficiência múltipla seria “a ocorrência de

59
apenas uma deficiência, cuja gravidade acarreta conseqüências em outras áreas”

(BRASIL, 2000 p. 47). Por exemplo, um bebê com deficiência no

funcionamento da tireoide, se não receber tratamento adequado, pode vir a ser

afetado em diversas áreas do desenvolvimento: intelectual, psicomotora e de

comunicação entre outras.

Nessa concepção, uma deficiência inicial é geradora de outras

deficiências secundárias, vindo a caracterizar a múltipla deficiência. De acordo

com a Fenapaes (2007, p.22), ao considerar a gravidade da deficiência múltipla,

os seguintes aspectos são considerados: tipo e número de deficiências

associadas; abrangência das áreas comprometidas; idade de aquisição das

deficiências; nível ou “grau” das deficiências associadas. A consideração sobre

“gravidade” das deficiências depende de muitos aspectos que extrapolam as

condições individuais das pessoas afetadas.

Outros aspectos estão envolvidos, tais como: a atitude de aceitação por

parte da família; a intervenção adequada para atuar nas causas e nos efeitos das

deficiências; a oportunidade de participação e integração da pessoa ao ambiente

físico e social; o apoio adequado, com a duração necessária, para melhorar o

funcionamento da pessoa no ambiente; o incentivo à autonomia e à criatividade;

as atitudes favoráveis à formação do autoconceito e da autoimagem positivos.

Dentre todos os aspectos considerados, entende-se que a educação

exerce um papel relevante. Intervenções apropriadas e iniciadas o mais cedo

possível, resultam em melhores condições de desenvolvimento, de

60
aprendizagem e de integração familiar e comunitária. A finalidade da

abordagem educacional é melhorar a qualidade de vida das pessoas com

múltipla deficiência. No que diz respeito à incidência, segundo a estimativa da

Organização Mundial da Saúde (OMS, apud BRASIL, 2000) 14,8% da

população mundial possui algum tipo de deficiência e, dentre ela, 1% possui a

deficiência múltipla. Frente a essa realidade, há de se pensar um modo de

prevenir as deficiências, bem como de atender à população específica que já

convive com essa condição. Quando os educadores avaliam os alunos com

deficiência múltipla, tendem focalizar a deficiência predominante, ou seja,

aquela que considera principal ou maior responsável pelas limitações dos seus

alunos. A deficiência múltipla não pode ser “separada” para análise individual.

Mesmo que se queira compreender de que modo às deficiências isoladas se

combinam para formar deficiências associadas, não é possível abstrair essa

conjunção, porque deficiências múltiplas não são a “soma” de deficiências.

Segundo Ferioli (1996 apud BRASIL, 2000, p.50), “genericamente, as

metodologias e os instrumentos de diagnóstico tradicionalmente adotado não

são úteis para muitos casos de deficiência múltipla”.

O modelo mais adequado, sugerido pelo mesmo autor, seria aquele que:

inclui a família como integrante da equipe que realiza o diagnóstico e a

intervenção e que reconhece as situações lúdicas como recursos para obter

informações sobre o desenvolvimento e o comportamento da criança. A

observação é conduzida por um facilitador, enquanto a equipe de profissionais

61
pode orientar e participar da observação. Os pais são envolvidos e contribuem

de modo a favorecer o trabalho e a fornecer dados e informações não obtidos

na atividade lúdica. A avaliação das pessoas com múltipla deficiência deve

contemplar informações de natureza biomédica, física, psíquica, socioafetiva e

psicomotora.

Convém considerar a forma de a pessoa perceber, conhecer e interagir

no ambiente físico e social, bem como adquirir, organizar e produzir seu

conhecimento. Para a caracterização dacdeficiência múltipla deve-se considerar

que a deficiência múltipla pode apresentar-se mediante a associação das

seguintes categorias, dentre outras, de acordo com a Fenapaes (2007, p.23):

Física E Psíquica

São exemplos dessa condição:

(a) deficiência física associada à deficiência intelectual;

intoxicação química, irradiações, tumores e outras.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 2

Algumas enfermidades estão comprovadamente associadas à múltipla

deficiência, com efeitos significativos para as pessoas afetadas. Para considerar

o impacto da deficiência múltipla, é importante analisar seus efeitos na

funcionalidade da pessoa frente ao ambiente físico e social, bem como avaliar

62
de que modo às deficiências interferem na qualidade de vida. Ainda devem ser

considerados os seguintes aspectos, de acordo com Brasil (2000, p.60):

a) Os tipos e quantidades de deficiências primárias associadas;

b) A amplitude ou abrangência dos aspectos comprometidos;

c) A idade de aquisição das deficiências;

d) Os fatores relacionados – familiares, comunitários, escolares;

e) A eficiência das intervenções educacionais e de saúde. O

conhecimento sobre a deficiência múltipla serve de base para evitar maior

interferência adversa na vida da pessoa e reduzir seus efeitos sobre ela, bem

como mediar a promoção humana. Ajuda a prevenir deficiências decorrentes

das já existentes e a instrumentalizar o indivíduo para atuar eficientemente

frente às demandas ambientais.

5. CONCLUSÃO

Apesar dos avanços da ciência, dos novos conhecimentos produzidos

sobre o tema, dos grandes movimentos sociais e mundiais para a remoção de

todas as barreiras para a promoção da inclusão social, ainda com muita

frequência, o outro continua a ser, senão um desconhecido, temido ou

desprezado por motivos diferentes que prevaleciam há séculos ou milênios. A

63
DM não pode ser concebida simplesmente como um atributo inerente á pessoa

reconhecida e tratada como deficiente.

É uma condição que emerge da interação entre as pessoas com

determinados atributos e o meio social, que interpreta como desvantagens as

variações no comportamento e na capacidade, pela presença daqueles atributos.

64
MÓDULO V – EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL E AS
DIFICULDADES ENFRENTADAS EM ESCOLAS PÚBLICAS5

Autoras: Gislaine de Fátima Siqueira/ Maria Sylvia Padial Nantes

1. CONCEITO

A discussão sobre a inclusão de alunos com necessidades educacionais

especiais em escolas públicas vem ganhando maior dimensão nos últimos

tempos. O conceito de inclusão vem sendo discutido no Brasil de norte a sul,

sob diferentes perspectivas e enfoques teóricos. Porém, ao analisar mais

profundamente esse assunto tão importante, pode-se perceber que o processo

de inclusão escolar tem como pressuposto a mobilização da sociedade para um

novo olhar frente às diferenças humanas, elegendo-as como um valor a ser

assumido por todos os profissionais da Educação, pais e familiares desses

alunos especiais, partindo do princípio de que a principal característica do ser

humano é a pluralidade, e não a igualdade ou a uniformidade.

5
Módulo V – reprodução total: A INCLUSÃO DO ALUNO ESPECIAL NO ENSINO COMUM
– Autoras: Gislaine de Fátima Siqueira/ Maria Sylvia Padial Nantes - Disponível em:
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/direito/a-inclusao-do-aluno-especial-no-ensino-
comum/59308
65
Podemos conceituar inclusão como um processo educacional gradual e

interativo. É um movimento que respeita às singularidades de cada ser humano,

oferecendo respostas às suas necessidades e particularidades. A perspectiva

primordial da inclusão é a certeza de que não existem pessoas iguais e são

exatamente as diferenças entre os seres humanos, que o caracterizam.

O aluno é então compreendido como um ser único, singular e social, que

tem sua história de vida, constituindo-se então um ser histórico diferente. O

objetivo deste trabalho é analisar as dificuldades no processo de inclusão

escolar em escolas públicas e as situações relevantes que se originam ao

decorrer do tempo, pois cada participante, com suas atitudes e pensamentos,

vão interferindo no processo educacional, vai cristalizando ideias, reafirmando

conceitos e pré- conceitos, que por sua vez, são manifestos de forma subjetiva

e concreta.

Para que a Educação seja realmente uma realidade vivida e enfrentada

para todos, na qual todos possam aprender o verdadeiro sentido de se tornar um

cidadão pleno, temos antes de tudo um ideal que é o de elevar o conhecimento

cultural. A educação especial pode ser conceituada como uma educação voltada

para os portadores de deficiências como: auditivas, visuais, intelectual, física,

sensorial, surdo cegueira e as múltiplas deficiências. Para que esses seres

humanos tão especiais possam ser educados e reabilitados, é importante a

participação deles em escolas e instituições especializadas. E que eles

disponham de tudo o que for necessário para o seu desenvolvimento cognitivo.

66
A Educação Especial faz parte de "um todo" que é a educação, e ter o

seu valor reconhecido é muito importante para que esses alunos especiais

tenham seu crescimento e desempenho educacional satisfatório.

Nota-se que a Educação Inclusiva é uma educação voltada de todos para

todos onde os ditos "normais" e os portadores de algum tipo de deficiência

poderão aprender uns com os outros. Uma depende da outra para que realmente

exista uma educação de qualidade.

A Educação Inclusiva no Brasil é hoje um desafio a ser enfrentado dia

após dia para os profissionais da Educação.

Contudo, é bom lembrar que o conceito de inclusão engloba: atender aos

alunos portadores de necessidades especiais na vizinhança da sua residência;

propiciar a ampliação do acesso destes alunos às classes regulares; propiciar

aos professores um suporte técnico; perceber que as crianças podem aprender

juntas, embora tendo objetivos e processos diferentes; levar os professores a

estabelecer formas criativas de atuação com as crianças portadoras de

deficiência; propiciar um atendimento integrado ao professor de classe comum

do ensino regular. No entanto, o conceito de inclusão não é: levar crianças às

classes comuns sem o acompanhamento do professor especializado; ignorar as

necessidades específicas da criança; fazer as crianças seguirem um processo

único de desenvolvimento, ao mesmo tempo e para todas as idades; extinguir o

atendimento de educação especial antes do tempo; esperar que os professores

67
de classe regular ensinem as crianças portadoras de necessidades especiais sem

um suporte técnico.

É na Educação Inclusiva que se atende esses alunos com qualidade, mas

tem que dar condições e formação aos profissionais também, para que os

objetivos e o desenvolvimento aconteçam corretamente. Ao longo de todo o

processo, a maioria dos profissionais envolvidos na educação não sabe ou

desdenham a importância e a diferença da educação especial e a educação

inclusiva.

Por essa razão, propusemos a realização deste artigo para o

esclarecimento das pessoas envolvidas na educação, seus familiares e pessoas

que convivem com esses seres tão especiais que vivem em nossa sociedade.

Sabe-se que o ser humano é por natureza um ser pensante e cada um apresenta

suas individualidades, vive sua vida de várias maneiras e acredita que tudo na

vida precisa de desafios, críticas, conquistas e atenção. E que o mundo gira e,

nessas voltas, vai mudando e nessas mutações, ora drásticas ora nem tanto, há

um envolvimento e convívio com o novo.

Neste sentido, o interesse pelo tema surgiu a partir da necessidade de se

discutir e colaborar para um melhor entendimento sobre a Educação Inclusiva,

cujo foco principal é mostrar que a Educação Inclusiva não é somente um

paradigma ou ideologia no cenário educacional brasileiro, mas sim uma

realidade vigente em nosso País e que está abrangendo pontos positivos com

muito estudo, pesquisa e dedicação. No decorrer do mesmo, tenta-se traçar o

68
perfil, averiguar o quanto os professores especialistas conhecem justiça, o

direito do aluno com necessidades educativas especiais e de todos os cidadãos

à educação, é um direito constitucional. Uma educação de qualidade para todos

implica entre outros fatores a necessidade de um redimensionamento da escola

no que consiste não somente na aceitação, mas também na valorização das

diferenças.

Logo, com a vigência da LDB nº 9394/96 (BRASIL, 1996), que no seu

capítulo V define educação especial como modalidade de educação escolar

oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para portadores de

necessidades especiais, observou-se a necessidade de capacitar os professores,

principalmente os professores da rede pública, pela responsabilidade que têm

em relação ao trabalho desenvolvido com a maioria das crianças e adolescentes

em idade escolar.

Esta capacitação teria que abordar questões voltadas tanto para o melhor

convívio e entendimento com estes alunos com necessidades educacionais

especiais quanto aos seus processos de aprendizagem e necessidades

adaptativas. Contudo, o que se percebe é que para essa mudança ocorrer torna-

se necessário ir muito além de simples capacitações e especializações de caráter

informativo para o professore lidar com essa população. Toda a escola deve

estar engajada para essa nova etapa, desenvolvendo um projeto político

pedagógico que envolva estes alunos especiais, tendo instrumental didático,

69
esclarecimento sobre as necessidades educacionais especiais do aluno, entre

muitas outras coisas.

Essa mudança na valorização se efetua pelo resgate dos valores culturais,

os quais fortalecem a identidade individual e coletiva do individuo, bem como

pelo respeito do aprender e construir. Cada aluno numa sala de aula representa

características próprias e um conjunto de valores e informações que os tornam

únicos e especiais, constituindo um ritmo de aprendizagem, o desafio da escola

hoje é trabalhar com essas diversidades na tentativa de construir um novo

conceito do processo ensino-aprendizagem de modo que sejam incluídos neste

processo todos que dele, por direito, são sujeitos.

Contudo, de acordo com alguns autores pesquisados (MONTOAN,

MAZZOTA,

BUENO) uns estão insatisfeitos com os paradigmas que têm

predominado em Educação Especial, isto originado pelo fato de que, a despeito

de todos os esforços, os alunos com deficiências, condutas típicas e síndromes

neurológicas, psiquiátricas ou quadros psicológicos graves e, ainda, os de altas

habilidades (Superdotados) continuam excluídos, seja das escolas comuns, seja

do direito à apropriação do saber na intensidade e ritmo necessários para sua

aprendizagem. A integração dos portadores de necessidades especiais tem sido

objeto de sérios questionamentos.

70
Com o objetivo de analisar e melhor entender esse quadro, no qual se

inserem as minorias, têm se discutido um novo paradigma: a inclusão de todos.

Para tanto, a sociedade precisa assumir mais concretamente o seu papel,

criando as condições necessárias para a equalização de oportunidades.

A inclusão escolar em escolas públicas tem gerado inúmeras discussões

e controversas, que é comum ouvir que a Educação Especial passa por

momentos críticos em todas as estâncias que permeiam: conceitual, nos

aspectos das divergências, no aspecto da atribulação de competências, no

aspecto da transição do modelo pedagógico, no aspecto da construção da prática

pedagógica, no aspecto qualidade docente, no aspecto da educação para o

trabalho e o fenômeno da globalização.

No entanto, deve-se entender como é a Educação Inclusiva na sua

totalidade, para não torná-la excludente.

A escola brasileira é marcada pelo fracasso e pela evasão de uma parte

significativa de seus alunos, que são marginalizados pelo insucesso, por

privações constantes e pela baixa autoestima resultante da exclusão escolar e da

social – alunos que são vítimas de seus pais, de seus professores e, sobretudo,

das condições de pobreza em que vivem, em todos os seus sentidos.

(MANTOAN, 2005, p. 27).

Um dos grandes desafios que se coloca a escola inclusiva são a

preparação, interação e conscientização da equipe pedagógica, bem como na

71
formação, participação e formação de professores, ainda que se façam

necessários programas de formação mais significativos para uma qualificação

maior desses profissionais.

Na perspectiva dessa abordagem, não é difícil verificar como a escola

pode contribuir para o sucesso ou o insucesso do aluno e, que através desses

mecanismos forma-se o tipo de ser humano desejável para uma determinada

sociedade. Na questão da inclusão do aluno com necessidades educativas

especiais o especialista deve concentrar-se em uma investigação sobre o

funcionamento da instituição, seu currículo, a pedagogia que orienta a ação

educativa e o tipo de

avaliação, e sugerir as modificações necessárias para reduzir as

diferenças e a amplitude dos possíveis insucessos escolares, não só dessas

crianças, mas de todos os alunos.

Contudo faz-se importante declarar que esta pesquisa contém a

metodologia de pesquisas bibliográficas, tais como: livros, revistas, internet e

informações sobre a educação inclusiva no Brasil.

Os instrumentos para se atingir os objetivos da inclusão do aluno com

necessidades educativas especiais na escola são necessariamente o

conhecimento das teorias educacionais e das propostas existentes neste sentido,

e sua divulgação aos profissionais da Educação tais com os professores que

72
estão mais perto desses alunos todos os dias, aprendendo e ensinando com os

mesmos, para que ocorra a sensibilização e especiais de caráter privado, com

ênfase no atendimento clínico especializado. Neste período a sociedade

começava a compreender que os deficientes poderiam ser produtivos, e o

atendimento foi migrando lentamente do âmbito da saúde para o da educação.

De 1957 a 1993 constituiu-se em um período marcado por ações oficiais

de âmbito nacional. A educação especial se estabeleceu como sendo uma

modalidade de educação escolar, que assegurava um conjunto de serviços

educacionais especiais, organizados nas diferentes instituições de ensino,

sendo: apoiar, complementar, suplementar e, em alguns casos, substituir os

serviços educacionais comuns. O objetivo era de garantir o acesso a educação

escolar formal e desenvolver as potencialidades dos alunos.

Em 1990, com a participação do Brasil na Conferência Mundial sobre

Educação para Todos na cidade de Jomtien, na Tailândia, se estabeleceu os

primeiros ensaios da política de educação inclusiva. E desde 1994, a concepção

de educação inclusiva substituiu definitivamente o conceito de educação

especial com base na Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994), que ampliou

o conceito de necessidade educacional especial e defendeu a necessidade de

inclusão dos alunos especiais no sistema regular de ensino, tendo por princípio

uma “Educação para Todos”.

A proposta da educação inclusiva se baseia na adaptação curricular,

realizada através da ação de uma equipe multidisciplinar que oferece suporte

73
tanto ao professor quanto ao portador de necessidades especiais, por meio do

acompanhamento, estudo e pesquisa de modo a inseri-lo e mantê-lo na rede

comum de ensino em todos os seus níveis.

A concretização da escola inclusiva baseia-se na defesa de princípios e

valores éticos, nos ideais de cidadania e justiça, para todos, em contraposição

aos sistemas linhas de ação estabelecidas, pela política educacional e, se

constituem em preceitos a serem respeitados e utilizados como ferramentas,

para embasar as ações que levem ao cumprimento das determinações contidas

nos textos e nas recomendações de organismos internacionais.

A Constituição Federal estabelece como fundamentos da República a

cidadania e a dignidade da pessoa humana (art. 1° inc. II e III), e como um de

seus objetivos fundamentais a promoção do bem de todos, sem preconceitos de

origem, raça, sexo, cor, idade e credo. No artigo 5º preconiza o direito à

igualdade e a educação para todos indistintamente.

Esses direitos devem visar o pleno desenvolvimento da pessoa, seu

preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (art.

205). Além disso, determina como um dos princípios para o ensino, a:

“igualdade de condições de acesso e permanência na escola” (art. 206 inc. I),

acrescentando que o “dever do Estado com a educação será efetivado mediante

a garantia de acesso aos níveis mais elevados de ensino, da pesquisa e da criação

artística segundo a capacidade de cada um.” (art 208 V).

74
Embora a educação especial tenha o amparo da referida lei, ressaltando

mais uma vez, a LDB nº 9.394, 20 de dezembro de 1996 em seu capítulo V, Da

Educação Especial, art. 58, “Entende-se por educação especial, para os efeitos

desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na

rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais”.

(LEI DE DIRETRIZES E BASES N°9394/96, Capítulo V, Art.58, 1996).

Ao adotar a prática inclusiva como um objetivo de curto prazo, as

políticas públicas desconsideram que: os ambientes físicos não estão

preparados para receber esses indivíduos e que a adequação desses espaços vai

exigir um grande investimento em infraestrutura e equipamentos, cujas verbas

geralmente inexistem.

A comunidade não foi “educada” para receber, acolher, integrar e

aprender a se relacionar com o diferente. Com isso a possibilidade de que haja

rejeição por parte dos demais integrantes da sociedade se torna concreta. O

professor precisa ter tempo para refletir e adequar as suas práticas pedagógicas

aos novos desafios sem comprometer a qualidade de seu trabalho.

Como discute ARANHA (2001) adotar o objetivo de curto prazo, a

intervenção junto às diferentes instâncias que contextualizam a vida desse

sujeito na comunidade, no sentido de nelas promover ajustes (físicos, materiais,

humanos, sociais, legais, etc.) que se mostrem necessários, para que a pessoa

com deficiência possa imediatamente adquirir condições de acesso ao espaço

comum da vida na sociedade”. (pg. 160-173).

75
É preciso destacar o despreparo dos professores do ensino regular para

receber em suas salas de aula, geralmente repletas de alunos com problemas de

disciplina e aprendizagem, os alunos com necessidades especiais. Se

considerarmos que o ensino regular tem excluído, sistematicamente, larga

parcela da população escolar por apresentar problemas pessoais das mais

diversas origens, então será possível ter uma boa ideia de como a inclusão é

desafiadora. (BUENO, 1999)

A escola brasileira é marcada pelo fracasso e pela evasão de uma parte

significativa de seus alunos, que são marginalizados pelo insucesso, por

privações constantes e pela baixa autoestima resultante da exclusão escolar e da

social – alunos que são vítimas de seus pais, de seus professores e, sobretudo,

das condições de pobreza em que vivem, em todos os seus sentidos.

(MANTOAN, 2003, p. 27).

Observando essas constatações é preciso compreender que a profissão

docente na contemporaneidade exige um novo perfil, baseado em estudo,

reflexão e desenvolvimento de competências práticas realmente significativas.

Perrenoud (2000) destaca que uma condição para transformação escolar é a

“profissionalização do profissional” da educação e para tanto, ele elenca três

aspectos que precisam estar presentes: a responsabilidade, o investimento e a

criatividade.

76
EDUCAÇÃO INCLUSIVA

A educação inclusiva diz respeito ao direito à educação e, conforme

Monteiro (2004) deve buscar-se em princípios tais como: a preservação da

dignidade humana, a busca de identidade e o exercício de cidadania.

Segundo Macedo (2005), é preciso refletir sobre os fundamentos da

educação inclusiva, procurar saber e repensar o modo de funcionamento

institucional, hoje pautado na lógica da exclusão em favor da inclusão.

Conforme consta na Cartilha da Inclusão dos Direitos das Pessoas com

deficiência, para se ter realmente uma escola democrática, é preciso criar uma

nova ordem social, pela qual todos seja incluídos no universo dos direitos e

deveres. (GODOY, 2000).

Segundo Mantoan (2005) para haver um projeto escolar inclusivo são

necessárias mudanças nas propostas educacionais da maioria das escolas, uma

nova organização curricular idealizada e executada pelos seus professores,

diretores, pais, alunos e todos os que se interessam pela educação na

comunidade onde está a escola.

Pietro (2006), a inclusão é uma possibilidade que se abre para o

aperfeiçoamento da educação escolar e para o benefício de todos os alunos com

e sem deficiência; ensinar é marcar um encontro com o outro, e a inclusão

escolar provoca, basicamente, uma mudança de atitude diante do outro, esse

que é alguém especial e que requer do educador ir além.


77
Construir um projeto político pedagógico, numa perspectiva de escola

includente exige, portanto: reorientar radicalmente o currículo em todos os seus

aspectos, desde a organização das turmas, a escolha de cada professor ou

professora para cada grupo de alunas, a horários de aula, a seleção de conteúdos

culturais que na escola ganham o nome de conteúdos pedagógicos, a escolha

dos materiais didáticos, das metodologias e didáticas ao tipo de relações que se

dão na sala de aula e no espaço fora da sala de aula, a relação da escola com as

famílias das alunas e com a comunidade circundante e, até a repensar a

avaliação em suas consequências na vida dos alunos.

A reorientação curricular leva a um novo projeto político-pedagógico

orientado por uma visão intercultural que acolha todas as etnias, contribuindo

assim para que a escola se torne efetivamente uma escola includente,

sintonizada com um projeto de sociedade mais democrática e, portanto,

includente. (GARCIA, 2003) Freire (1997) uma das virtudes do educador

democrático é saber ouvir as diferentes vozes com suas linguagens específicas,

construídas a partir de um contexto sociocultural, o que implica em saber

silenciar, em estar imerso na experiência histórica e concreta dos educandos,

mas nunca imerso de forma paternalista, de modo a falar por eles mais do que

verdadeiramente ouvi-los. (FREIRE, 2001). com necessidade educacional

especial. Conforme já destacava Piaget (1984, p. 62) a preparação dos

professores constitui questão primordial de todas as reformas pedagógicas em

perspectiva, pois, enquanto não for a mesma resolvida de forma satisfatória,

78
será totalmente inútil organizar belos programas ou construir belas teorias a

respeito do que deveria ser realizado. Ora esse assunto apresenta dois aspectos.

Em primeiro lugar, existe o problema social da valorização ou da

revalorização do corpo docente primário e secundário, a cujos serviços não são

atribuídos o devido valor pela opinião pública, donde o desinteresse e a penúria

que se apoderaram dessas profissões e que constituem um dos maiores perigos

para o progresso, e mesmo para a sobrevivência de nossas civilizações doentes.

A seguir, existe a formação intelectual e moral do corpo docente, problema

muito difícil, pois quanto melhores são os métodos preconizados para o ensino

mais penoso se tornam o ofício do professor, que a pressupõe não só o nível de

uma elite do ponto de vista dos conhecimentos do aluno e das matérias como

também uma verdadeira vocação para o exercício da profissão.

Para esses dois problemas existe uma única e idêntica solução racional:

uma formação universitária completa para os mestres de todos os níveis (pois

quanto mais jovens são os alunos, maiores dificuldades assumem o ensino, se

levado a sério).

Os três elementos apontados por Perrenoud (2000) se constituem em

aspectos fundamentais para a construção de profissionais que assumam a tarefa

de desbravar e abrir novos caminhos, construindo com isso uma autonomia

individual e liderança na gestão de sala de aula. Na condição de profissionais

reflexivos, as receitas prontas não são mais adequadas e sim as habilidades para

identificar, definir, projetar, avaliar os desafios.

79
Segundo Paula (2004):

Na formação de professores de educação especial, essa ambiguidade

manifesta-se, por exemplo, na forma como as políticas públicas consideram

essa questão. Também fica evidente, na construção do saber e, do saber fazer,

desses futuros docentes, pois os currículos de sua formação inicial privilegiam,

predominantemente, a especificidade do trabalho com determinados alunos

“especiais” por que apresentam incapacidades físicas, e/ou mentais, e/ou

sensoriais, e/ou adaptativas”. Tal como constata Bueno (1998) apud Nunes et

al (1998, p. 70).

A formação universitária do professor especial foi incluída como

habilidade da pedagogia a qual, via de regra, trata a formação docente como

subproduto da formação do especialista: forma-se nesse curso, portanto, um

docente especializado com pouca formação como professor, com insuficiente

experiência teórico-prática consistente como professor do ensino fundamental.

A ênfase nas características e dificuldades específicas das diversas

deficiências reiterou, ainda mais uma “especificidade docente” que não levou

em conta perspectivas ampliadas sobre a relação entre o fracasso escolar e

processo pedagógico.

Bueno (1999) assinala que um ensino de qualidade para crianças com

necessidades especiais, na perspectiva de uma educação inclusiva, envolve pelo

menos, dois tipos de formação profissional docente: professores “generalistas”

do ensino regular, com um mínimo de conhecimento e prática sobre alunado


80
diversificado; e professores “especialistas” nas diferentes “necessidades

educacionais especiais”, quer seja para atendimento à essa população, quer seja

para apoio ao trabalho realizado pelos profissionais de classes regulares que

integrem esses alunos.

O trabalho docente com portadores de necessidades educativas especiais

na contemporaneidade deve combinar estes dois aspectos, o profissional e o

intelectual, e para isso se impõe o desenvolvimento da capacidade de reelaborar

conhecimentos. Desta maneira, durante a formação inicial, outras competências

precisam ser trabalhadas como a elaboração, a definição, a reinterpretação de

currículos e programas que propiciam a profissionalização, valorização e

identificação do docente. (PIMENTA, 2002, p. 131132).

A verdadeira profissionalização se dá a partir do momento em que é

permitido ao professor racionalizar e analisar a própria prática, criticando-a,

revisando-a, fundamentando-a na construção do crescimento da unidade de

ensino como um todo. O professor é um agente fundamental no processo de

inclusão, mas ele precisa ser apoiado e valorizado, pois sozinho não poderá

efetivar a construção de uma escola fundamentada numa concepção includente.

Para tanto se faz necessário “a preparação de todo o pessoal que constitui

a educação, como fator chave para a promoção e progresso das escolas

inclusivas” (Declaração Salamanca,

81
p. 27). E também, “a provisão de serviços de apoio é de importância

primordial para o sucesso das políticas educacionais inclusivas.”

(SALAMANCA, p. 31).

Segundo Mittler (2003, p. 35), “A inclusão implica que todos os

professores têm o direito de esperar e de receber preparação apropriada na

formação inicial em educação e desenvolvimento profissional contínuo durante

sua vida profissional”.

Sassaki (1999), fala da “inclusão social” como um novo paradigma, “o

caminho ideal

para se construir uma sociedade para todos e que por ele lutam para que

possamos – juntos na diversidade humana – cumprir nossos deveres de

cidadania e nos beneficiar dos direitos civis, políticos, econômicos, sociais,

culturais e de desenvolvimento”.

Karagiannis e Stainback (1999, p. 21), afirmam que “a educação é uma

questão de direitos humanos, e os indivíduos com deficiências devem fazer

parte das escolas, as quais devem modificar seu funcionamento para incluir

todos os alunos”, esta é a mensagem claramente transmitida pela Conferência

Mundial de 1994 da UNESCO sobre Necessidades Educacionais Especiais.

Inclusão social é o processo pelo qual a sociedade se adapta para poder

receber em seus sistemas sociais, cidadãos que dela foram excluídos, no sentido

82
de terem sido privados do acesso aos seus direitos fundamentais. (PAULA,

2004, p. 93).

Segundo Mendes (2001, p.17), “ao mesmo tempo em que o ideal de

inclusão se populariza, e se torna pauta de discussão obrigatória para todos

interessados nos direitos dos alunos com necessidades educacionais especiais,

surgem às controvérsias, menos sobre seus princípios e mais sobre as formas de

efetivá-la.”

Segundo Góes e Laphane (2004) muitos dos alunos com diferenças

individuais e sociais são mais prevalecentes em populações mais carentes e

menos favorecidas econômica e culturalmente não basta uma legislação que

determinem a criação de cursos de capacitação básica de professores, nem a

obrigatoriedade de matrículas nas escolas da rede pública.

A educação inclusiva no modelo atual é um desafio que nos obriga a

repensar a escola, sua cultura, sua política e suas práticas pedagógicas. Dessa

forma estará atendendo não somente aqueles com deficiência, mas todos

aqueles atualmente marcados pelo ciclo de exclusão e do fracasso escolar.

Portanto para finalizar, cabe ressaltar que a inclusão não é uma ameaça,

muito menos uma mera questão de terminologia, é apenas uma expressão

linguística e física de um processo histórico que não se iniciou e nem terminará

hoje. Na verdade, a inclusão não tem fim, se entendida dentro deste enfoque

dinâmico, processual e sistêmico que procuramos levantar nesta revisão.

83
6

MÓDULO VI - SÍNDROME DE DOWN

1. INTRODUÇÃO

Segundo A Declaração De Salamanca (Unesco, 1994):

“toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada a

oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem e toda

criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de

aprendizagem que são únicas,” (p. 01)

Sendo assim um dos temas mais discutidos nos últimos tempos na área

da educação é a inclusão escolar. Pessoas com Síndrome de Down são

consideradas pessoas com necessidades educacionais especiais e fazem parte

do grupo de alunos com essas características, que nos últimos tempos estão

saindo das escolas de educação especial para as escolas de ensino regular.

Porém, segundo Carvalho (2007), para que ocorra a integração ou a não

exclusão dos alunos é preciso trabalhar todo o contexto da escola e da

6
Módulo VI – Reprodução total - Síndrome de Down – Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADndrome_de_Down
84
sociedade.

Pois se a inclusão e integração não ocorrer efetivamente, é possível que

ocorra mais preconceitos com os deficientes. A falta de informação sobre o que

é a Síndrome de Down gera o preconceito que uma das muitas barreiras da

educação inclusiva. Para Pueschel (1995), a educação deve preparar crianças e

jovens para que estejam inclusos, para que tenham uma boa qualidade de vida,

oportunidade de trabalho, que possam interagir com pessoas não portadoras de

deficiência ou com aquelas que são, participem de ambientes sociais, como

shopping, e se sintam à vontade e principalmente, que sejam felizes.

A primeira parte deste trabalho é um referencial teórico que descreve o

que é a Síndrome de Down e em seguida descreve também sobre a educação

inclusiva de pessoas com necessidades educacionais especiais segundo a ideia

de alguns autores. A segunda parte descreve detalhadamente toda a

metodologia da pesquisa e a sua importância justificada com base nas idéias de

Ludke e André (2004) e Carvalho (2006) Por último estão os resultados e

discussão. Em que foi feito a análise das entrevistas e por fim as considerações

finais.

Este estudo tem como objetivo identificar os fatores intervenientes na

escolarização de um aluno com Síndrome de Down, a partir da análise de

depoimentos de um familiar e de uma professora de uma aluna com Síndrome

de Down, sobre o tema. Este estudo pode contribuir para trazer à sociedade

85
maior informação sobre a Síndrome de Down e sobre a educação inclusiva,

ajudando a remover as diversas barreiras existentes neste processo, dentre as

quais destacam-se o preconceito e a não integração desses alunos na escola e

em outros ambientes sociais. Isso justifica a escolha e relevância para o tema

deste estudo.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. O Que É A Síndrome De Down?

A Síndrome de Down é uma anomalia genética. Em Schwartzman

(1999), temos que a Síndrome de Down foi estudada cientificamente a partir do

século XIX, entretanto já ocorria antes desta data. Não temos a data para o

primeiro caso da síndrome, contudo Langdon Down, que cedeu sou nome para

a anomalia, em 1866 escreveu um trabalho científico e nele dizia que o

problema já era conhecido.

Segundo Schwartzman (1999), a tribo dos Olomecas, que viveram na

região do golfo do México entre 1500AC e 300DC, de acordo com achados

arqueológicos, tem esculturas, desenhos entre outros fósseis que apresentam

características físicas semelhantes à de portadores da Síndrome de Down. Os

Olomecas acreditavam que essas crianças eram resultado da relação entre

86
mulheres mais velhas e o deus da tribo, chamado Jaguar. Também em

Schwartzman (1999),

temos que os gregos de Esparta consideravam que portadores de

deficiência mental eram iguais as pessoas com doenças mentais e nenhuma

delas eram aceitas pela sociedade.

Já na Idade Média eram considerados filhos do Demônio, sendo assim

deviam ser queimados junto com suas mães. Na Renascença, alguns pintores

representavam crianças com feições iguais as de crianças com Down. Segundo

Pueschel (1995), médicos no início do século XX já pensavam que o período

de malformação do recém-nascido com Síndrome de Down ocorria no início da

gestação e que a condição sofreu influência do ambiente, porém outros achavam

que a genética era a responsável por causar a síndrome. O autor cita que 3% a

4% de crianças com Síndrome de Down apresentam a translocação do

cromossomo 21. Nesse caso o número total de cromossomos é 46, porém o

cromossomo 21 extra não está livre, ele está ligado ou translocado ao

cromossomo 14, 21 ou 22. Quando a criança apresenta Síndrome de Down por

translocação, geralmente um terço dos pais e portador, embora não apresente

nenhuma deficiência física e/ou mental. Esses apresentam 45 cromossomos e

são denominados portadores de translocação ou portador balanceado.

Também em Pueschel (1995), temos que 1% dos indivíduos portadores

da Síndrome de Down apresentam o mosaicismo, que é causado por erros na


87
divisão celular. Como conseqüência, quando a criança nasce ela apresenta

células com 46 e células com 47 cromossomos. Para Schwartzman (1999) e

Pueschel (1995), a presença de um cromossomo autossomo 21 a mais, levando

a ocorrência da trissomia 21, é a causa de 95% dos casos de Síndrome de Down.

Esse erro genético ocorre no momento da concepção ou logo depois.

A idade da mãe também é um fator, já que a possibilidade da anomalia

aumenta em mães com idade avançada. Pueschel (1995), explica como ocorre

essa anormalidade cromossômica. Os seres humanos geralmente apresentam 46

cromossomos em cada célula, dispostos em pares, 22 pares são cromossomos

autossomos que são responsáveis por diversas característica e dois

cromossomos determinam o sexo do indivíduo. Se a pessoa apresentar

cromossomos sexuais XX ela será do sexo feminino e se for XY do sexo

masculino.

Metade dos cromossomos são herdados do pai e metade herdados da

mãe. Sendo assim 23 cromossomos estão no óvulo e 23 no espermatozoide. Se

uma das duas células apresentar um cromossomo a mais (24 cromossomos) e

se o cromossomo a mais for o 21 o bebê nasce com a Síndrome de Down, se

não ocorrer um aborto espontâneo. Entre 70% e 80% dos casos o cromossomo

a mais vem da mãe. Para Schwartzman (1999) e Pueschel (1995), a idade

materna avançada é o fator exógeno importante e indiscutível que está

associado a ocorrência da Síndrome de Down.

88
Mães com mais de 35 anos tem maior chances de ter um filho com

alguma anormalidade cromossômica. Segundo Schwartzman (1999), a

justificativa para a idade materna influenciar na ocorrência da síndrome é o fato

da mulher já nascer com todos os óvulos no ovário. Sendo assim os óvulos de

uma mulher de 40 anos são mais velhos do que de uma mulher de 20 anos. Já

os espermatozoides são produzidos continuamente pelo homem a partir da

adolescência à medida que são utilizados. Por essa razão acredita-se que a idade

materna tem uma relação direta com a ocorrência da Síndrome de Down.

Schwartzman (1999) ainda afirma que 30% dos fetos com Síndrome de

Down morrem antes do nascimento. Já nos índices de mortalidade pós-natal

temos que 85% dos bebês sobrevivem até um ano de idade e 50% vivem até

mais de 50 anos.

Segundo Pueschel (1995), os genes determinam as características físicas

de crianças com Síndrome de Down. Como todos herdam genes do pai e da

mãe, a criança apresentará aspectos até certo ponto característicos dos pais

como cor dos olhos, cor do cabelo, estrutura corporal entre outros, porém

crianças com Síndrome de Down apresentam algumas características diferentes

de indivíduos sem deficiência, características próprias de portadores da

síndrome. Para Stephens e Shepherd (1980 apud Schwartzman, 1999), as

alterações fenotípicas podem ser observadas já no feto, durante os exames do

pré-natal.

89
Entre elas está a presença de prega palmar única, clinodactilia, defeitos

do septo cardíaco e tamanho pequeno são alterações importantes para o

diagnóstico de trissomia 21. Segundo Schwartzman (1999), características

como dimorfismos da face, dos membros entre outros têm sidos utilizados para

diagnóstico pré-natal observados em exames de ultra-som. Pueschel (1995) e

Schwartzman (1999), descrevem que pessoas com Síndrome de Down

apresentam a cabeça menor comparado a pessoas normais, com a parte superior

levemente achatada (braquicefalia).

As moleiras (fontanelas) são mais amplas e demoram mais tempo para s

e fechar. O rosto apresenta uma forma achatada, assim como o nariz também

achatado e pequeno. Os olhos apresentam fissuras na região das pálpebras, no

canto interno. As orelhas são pequenas e apresentam uma dobra na região

superior da orelha (hélix). O pescoço é curto e a boca geralmente é pequena,

algumas crianças mantêm a boca aberta e pode projetar um pouco a língua.

Também é frequente a presença de problemas na tireoide e doenças cardíacas

entre muitas outras características são observadas. Pueschel (1995)

Schwartzman (1999) e Voivodic (2007), afirmam que o atraso significativo no

desenvolvimento motor ocorre em todos indivíduos com Síndrome de Down.

Porém o ambiente em que vivem podem influenciar nesse desenvolvimento,

trazendo grandes progressos.

Para Voivodic (2007), portadores da Síndrome de Down apresentam

fenótipo semelhante que pode ser identificado logo após o nascimento, porém

90
o desenvolvimento e comportamento não podem ser considerados um padrão.

Schwartzman (1999), considera que muitos autores atribuem comportamentos

como, afetividade, teimosia, bom humor entre outros como típicos de pessoas

como Síndrome de Down. Porém estudos revelam que essas características

sofrem influência do meio em que vivem e principalmente da família e essas

crianças são parecidas nestes aspectos com os outros membros da família, como

seus irmãos normais.

Assim, quadros como autismo, déficit de atenção, a esquizofrenia entre

outros não são quadros clínicos diretamente relacionados com a Síndrome de

Down. Para Voivodic (2007), pessoas portadoras da síndrome têm diferentes

comportamentos e personalidade, assim como os indivíduos normais e que

fatores ambientais podem aumentar ou diminuir a possibilidade de existência

essas características Pueschel (1995) considera que as crianças com Síndrome

de Down não apresentam retardo metal severo ou profundo.

Estudos mostram que a maioria apresenta retardo na faixa entre leve e

moderada.

Voivodic (2007), assim como, Pueschel (1995), acrescenta que a

deficiência metal tem sido considerada uma das características mais presentes

entre os portadores da síndrome. Entretanto, os autores reiteram que o QI de

pessoas com Síndrome de Down vem crescendo nos últimos tempos, mostrando

que não apenas fatores biológicos determinam a inteligência, mas também os

fatores ambientais. Seguramente, associado a tais fatores, encontraremos as

91
oportunidades de inclusão ofertadas a essas pessoas e que, nas últimas décadas,

vêm ganhando cada vez mais espaço nas discussões do campo da educação.

3. CARACTERÍSTICAS

Uma pessoa com a síndrome pode apresentar todas ou algumas das

seguintes condições físicas: olhos amendoados, uma prega palmar transversal

única (também conhecida como prega simiesca), dedos curtinhos, fissuras

palpebrais oblíquas, ponte nasal achatada, língua protusa (devido à pequena

cavidade oral), pescoço curto, pontos brancos nas íris conhecidos como

manchas de Brushfield, uma flexibilidade excessiva nas articulações, defeitos

cardíacos congênitos, espaço excessivo entre o hálux e o segundo dedo do pé.

Apesar da aparência, às vezes comum entre pessoas com síndrome de

Down, é preciso lembrar que o que caracteriza realmente o indivíduo é a sua

carga genética familiar, que faz com que ele seja parecido com seus pais e

irmãos.

As crianças com síndrome de Down encontram-se em desvantagem em

níveis variáveis face a crianças sem a síndrome, já que a maioria dos indivíduos

com síndrome de Down possuem deficiência mental de leve (QI 50-70) a

moderado (QI 35-50), com os escores do QI de crianças possuindo síndrome de

Down do tipo mosaico tipicamente 10-30 pontos maiores. Além disso,

92
indivíduos com síndrome de Down podem ter sérias anomalias afetando

qualquer sistema corporal.

Outra característica frequente é a microcefalia, um reduzido peso e

tamanho do cérebro. O progresso na aprendizagem é também tipicamente

afetado por doenças e deficiências motoras, como doenças infecciosas

recorrentes, problemas no coração, problemas na visão (miopia, astigmatismo

ou estrabismo) e na audição.

4. CAUSAS E GENÉTICA

A síndrome de Down poderá ter quatro origens possíveis. Das doenças

congênitas que afetam a capacidade intelectual, a síndrome de Down é a mais

prevalecente e melhor estudada. Esta síndrome engloba várias alterações

genéticas das quais a trissomia do cromossoma 21 é a mais frequente (95% dos

casos). A trissomia 21 é a presença de uma terceira cópia do cromossoma 21

nas células do indivíduo afetado. Outras desordens desta síndrome incluem a

duplicação do mesmo conjunto de genes (p.e., translações do cromossoma 21).

Dependendo da efetiva etiologia, a dificuldade na aprendizagem pode variar de

mediana para grave.

Os efeitos da cópia extra variam muito de indivíduo para indivíduo,

dependendo da extensão da cópia extra, do background genético, de factores

93
ambientais, e de probabilidades. A síndrome de Down pode ocorrer em todas

as populações humanas, e efeitos análogos foram encontrados em outras

espécies como chimpanzés e ratos.

Trissomia 21

A trissomia 21 é a causa de aproximadamente 95% dos casos observados

da síndrome, com 88% dos casos originários da não-disjunção meiótica no

gameta materno e 8% da nãodisjunção no gameta paterno . Neste caso, a criança

terá três cópias de todos os genes presentes no cromossomo 21.

Translocação Robertsoniana

O material extra poderá ser proveniente de uma translocação

Robertsoniana, isto é, o braço longo do Cromossoma 21 liga-se topo a topo com

outro cromossoma acrocêntrico (cromossomas 13, 14, 15, 21 ou 22), podendo

haver assim variabilidade na região extra. A mutação pode ser uma mutação de

novo e pode ser herdada de um dos progenitores que não apresenta a síndrome

pois tem uma translocação Robertsoniana equilibrada.Por disjunção normal na

meiose os gâmetas são produzidos uma cópia extra do braço longo do

Cromossoma 21. Esta é a causa de 2 - 3% das síndromes de Down observadas.

É também conhecida como "síndrome de Down familiar".

94
Mosaicismo

O indivíduo pode ser um mosaico de células com arranjo genético

normal e células com trissomia 21. Esta é a causa apontada em 1 - 2% dos casos

analisados de síndrome de Down.

Isto pode acontecer de duas maneiras:

* uma não-disjunção numa divisão celular durante as primeiras

divisões do zigoto, ficando assim essa célula com uma trissomia 21, dando

origem a mais células iguais a si nas divisões seguintes e as restantes células

permanecendo normais;

* um zigoto ou embrião com síndrome de Down sofrer uma igual

mutação, revertendo assim as células para um estado de euploidia, isto é, correto

número de cromossomas, que não possuem trissomia 21.

Existe, obviamente, uma variabilidade na fracção nº de células

trissômicas/nº de células euploides, tanto no total como dentro de um próprio

tecido. Note-se que é provável que muitas pessoas tenham uma pequena fração

de células aneuploides, isto é, com número de cromossomas alterado.

Duplicação De Uma Porção Do Cromossomo 21

A literatura médica reporta casos em que uma região do cromossoma 21

sofre um fenômeno de duplicação. Isto levaria a uma quantidade extra de genes


95
deste cromossoma, mas não de todos, podendo assim haver manifestações da

Síndrome de Down, indetectável pelo cariótipo.

5. APRENDIZAGEM

O preconceito e o senso de justiça com relação à Síndrome de Down no

passado, fez com que essas crianças não tivessem nenhuma chance de se

desenvolverem cognitivamente, pais e professores não acreditavam na

possibilidade da alfabetização, eram rotuladas como pessoas doentes e,

portanto, excluídas do convívio social.

Hoje já se sabe que o aluno com Síndrome de Down apresenta

dificuldades em decompor tarefas, juntar habilidades e ideias, reter e transferir

o que sabem, se adaptar a situações novas, e, portanto todo aprendizado deve

sempre ser estimulado a partir do concreto necessitando de instruções visuais

para consolidar o conhecimento.

Uma maneira de incentivar a aprendizagem é o uso do brinquedos e de

jogos educativos, tornando a atividade prazerosa e interessante. O ensino deve

ser divertido e fazer parte da vida cotidiana, despertando assim o interesse pelo

aprender.

96
No processo de aprendizagem a criança com Síndrome de Down deve

ser reconhecida como ela é, e não como gostaríamos que fosse. As diferenças

devem ser vistas como ponto de partida e não de chegada na educação, para

desenvolver estratégias e processos cognitivos adequados.

A Teoria da modificabilidade cognitiva estrutural, do psicopedagogo

Reuven Feuerstein, afirma que a inteligência de qualquer pessoa, independente

de sua idade, pode ser "expandida".

Um neto de Feuerstein, portador de Síndrome de Down, que teve sua

inteligência estimulada por seus métodos desde o nascimento, sempre

frequentou a escola normal com bom desempenho.

6. HISTÓRIA

Existem evidências de que crianças com Síndrome de Down tenham sido

representadas na arte, mas a primeira descrição médica da Síndrome ocorreu

apenas no século XIX.

Em 1862, o médico britânico John Langdon Down descreve a síndrome;

baseado nas teorias racistas da época, ele atribui a causa a uma degeneração,

que fazia com que filhos de europeus se parecessem com mongóis, e sugere que

a causa da degeneração seria a tuberculose nos pais. Apesar do tom racista de

97
Down, ele recomenda que as pessoas com a síndrome sejam treinadas, e que a

resposta ao treinamento é sempre positiva.

Durante vários anos, os pais de crianças com Síndrome de Down

recebiam a recomendação de entregar as crianças a instituições, que passariam

a cuidar delas (pela vida toda).

O termo foi referido pela primeira vez pelo editor do The Lancet, em

1961 . Era, até a data, denominado como mongolismo pela semelhança

observada por Down na expressão facial de alguns pacientes seus e os

indivíduos oriundos da Mongólia. Porém, a designação mongol ou mongoloide

dada aos portadores da síndrome ganhou um sentido pejorativo e até ofensivo,

pelo que se tornou banida no meio científico.

O termo mongol ou mongolismo, quando usado de forma pejorativa,

ofensiva, poderá ser considerado como crime de preconceito, sem direito à

fiança, quando o processo transitar em julgado.

Na Segunda Guerra Mundial, pessoas com qualquer tipo de deficiência

(física ou mental) foram exterminadas pelos nazistas, no programa chamado

Aktion T4.

Atualmente, estima-se que entre 91% e 93% das crianças detectadas

com Síndrome de Down antes do parto sejam abortadas.

98
99
MÓDULO VII - AUTISMO E A COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA7

Autoras: Mara Lúcia Sartoretto e Rita Bersch

O Que É A Comunicação Alternativa?

A área da tecnologia assistiva que se destina especificamente à

ampliação de habilidades de comunicação é denominada de Comunicação

Alternativa (CA). A comunicação alternativa destina-se a pessoas sem fala ou

sem escrita funcional ou em defasagem entre sua necessidade comunicativa e

sua habilidade de falar e/ou escrever.

A CA pode acontecer sem auxílios externos e, neste caso, ela valoriza a

expressão do sujeito, a partir de outros canais de comunicação diferentes da

fala: gestos, sons, expressões faciais e corporais podem ser utilizados e

identificados socialmente para manifestar desejos, necessidades, opiniões,

posicionamentos, tais como: sim, não, olá, tchau, banheiro, estou bem, sinto

7
Módulo VII – reprodução total – Comunicação alternativa – Autora: Mara Lúcia Sartoretto e
Rita Bersch – Disponível em: http://www.assistiva.com.br/ca.html
100
dor, quero (determinada coisa para a qual estou apontando), estou com fome e

outros conteúdos de comunicação necessários no cotidiano.

Com o objetivo de ampliar ainda mais o repertório comunicativo que

envolve habilidades de expressão e compreensão, são organizados e construídos

auxílios externos como cartões de comunicação, pranchas de comunicação,

pranchas alfabéticas e de palavras, vocalizadores ou o próprio computador que,

por meio de software específico, pode tornar-se uma ferramenta poderosa de

voz e comunicação. Os recursos de comunicação de cada pessoa são

construídos de forma totalmente personalizada e levam em consideração várias

características que atendem às necessidades deste usuário.

O termo Comunicação Aumentativa e Alternativa foi traduzido do

inglês Augmentative and Alternative Communication - AAC. Além do termo

resumido "Comunicação Alternativa", no Brasil encontramos também as

terminologias "Comunicação Ampliada e Alternativa - CAA" e "Comunicação

Suplementar e Alternativa - CSA".

Cartões De Comunicação

101
Descrição De Imagem:

A imagem apresenta vários cartões de comunicação com símbolos

gráficos representativos de mensagens. Os cartões estão organizados por

categorias de símbolos e cada categoria se distingue por apresentar uma cor de

moldura diferente: cor de rosa são os cumprimentos e demais expressões

sociais, (visualiza-se o símbolo "tchau"); amarelo são os sujeitos, (visualiza-se

o símbolo "mãe"); verde são os verbos (visualiza-se o símbolo "desenhar") ;

laranja são os substantivos (visualiza-se o símbolo "perna"), azuis são os

adjetivos (visualiza-se o símbolo "gostoso") e branco são símbolos diversos que

não se enquadram nas categorias anteriormente citadas (visualiza-se o símbolo

"fora").

102
Prancha De Comunicação Com Símbolos, Fotos Ou Figuras

Descrição De Imagem:

Uma pasta do tipo arquivo, contendo várias páginas de sacos plásticos

transparentes está sobre o colo de um usuário de CA. Cada página representa

uma prancha de comunicação temática e na imagem visualiza-se a prancha com

o tema "animais".

Prancha De Comunicação Alfabética

103
Descrição De Imagem:

Sobre uma mesa está uma pasta de comunicação e nela, há uma prancha

que contém as letras do alfabeto e os números. O usuário está apontando o dedo

indicador na letra "X".

2. O QUE É UM SISTEMA DE SÍMBOLOS GRÁFICOS?

Para a confecção de recursos de comunicação alternativa como cartões

de comunicação e pranchas de comunicação são utilizados os sistemas de

símbolos gráficos, que são uma coleção de imagens gráficas que apresentam

características comuns entre si e foram criados para responder a diferentes

exigências ou necessidades dos usuários.

Existem diferentes sistemas simbólicos, sendo os mais importantes:

PCS, Blissymbols, Rebus, PIC e Picsyms.

3. O QUE É O PCS?

Um dos sistemas simbólicos mais utilizados em todo o mundo é o PCS

- Picture Communication Symbols, criado em 1980 pela fonoaudióloga

104
estadunidense Roxanna Mayer Johnson. No Brasil o PCS foi traduzido como

Símbolos de Comunicação Pictórica.

O sistema PCS possui como características: desenhos simples e claros,

fácil reconhecimento, adequados para usuários de qualquer idade, facilmente

combináveis com outras figuras e fotos para a criação de recursos de

comunicação individualizados.

São extremamente úteis para criação de atividades educacionais. O

sistema de símbolos PCS está disponível no Brasil por meio do software

Boardmaker.

Prancha Com Símbolos Pcs

Descrição De Imagem:

Visualiza-se uma prancha de comunicação com dezoito símbolos

gráficos PCS cujas mensagens servirão para escolher alimentos e bebidas. Os

símbolos PCS estão organizados por cores nas categorias social (oi, podes

105
ajudar?, obrigada); pessoas (eu, você, nós); verbos (quero, comer, beber);

substantivos (bolo, sorvete, fruta, leite, suco de maçã e suco de laranja) e

adjetivos (quente, frio e gostoso).

4. O QUE É O SOFTWARE BOARDMAKER?

Board significa "prancha" e maker significa "produtor". O Boardmaker

é um programa de computador que foi desenvolvido especificamente para

criação de pranchas de comunicação alternativa. Ele possui em si a biblioteca

de símbolos PCS e várias ferramentas que permitem a construção de recursos

de comunicação personalizados.

Com o software Boardmaker são confeccionados recursos de

comunicação ou materiais educacionais que utilizam os símbolos gráficos e que

serão posteriormente impressos e disponibilizados aos alunos.

O Boardmaker poderá ser associado a outro programa chamado de

Speaking Dynamically Pro que significa "falar dinamicamente". Estes dois

106
softwares em conjunto se tornaram uma importante ferramenta para construção

pranchas de comunicação onde, a partir da seleção de um símbolo, acontece a

emissão de voz pré-gravada ou sintetizada representativa da mensagem

escolhida. Para comunicar-se com voz o usuário utilizará seu computador ou

um vocalizador portátil.

O Speaking Dynamically Pro possui um série de ferramentas de

programação fáceis de usar e que permitem a criação personalizada de

atividades educacionais, recreativas e de comunicação.

Outra importante característica deste software é a acessibilidade. Um

exemplo disso é que a seleção de teclas de mensagens ou de teclas para escrita

poderá acontecer por meio de varredura e acionadores.

5. O QUE É UM VOCALIZADOR?

É um recurso eletrônico de gravação/reprodução que ajuda a

comunicação das pessoas em seu dia-a-dia. Através dele, seu usuário expressa

pensamentos, sentimentos e desejos pressionando uma mensagem adequada

que está pré-gravada no aparelho. As mensagens são acessadas por teclas sobre

as quais são colocadas imagens (fotos, símbolos, figuras) ou palavras, que

correspondem ao conteúdo sonoro gravado.

107
A maioria dos vocalizadores grava as mensagens digitalmente e a

capacidade de gravação varia de um aparelho a outro. Encontra-se

vocalizadores de apenas uma mensagem enquanto outros podem gravar

centenas delas. Outra variável intrínseca a este equipamento é o tempo total de

gravação normalmente distribuído entre as teclas de mensagem oferecidas no

equipamento.

Em qualquer vocalizador o conteúdo gravado em cada célula é

reconhecido através de figuras ou textos aplicados em pranchas de comunicação

que ficam sobre as teclas. Quando a tecla de cada figura ou texto é pressionada,

sua mensagem pré-gravada é imediatamente reproduzida e com volume

ajustável.

Vocalizador

108
Descrição De Imagem:

Vocalizador retangular com vinte e cinco áreas de mensagens visíveis,

onde estão símbolos gráficos. Cada área de mensagem ao ser pressionada

emitirá uma mensagem de voz gravada anteriormente. Apresenta alça de

transporte e botões de volume e troca de níveis.

7. O QUE SÃO ACIONADORES?

São recursos que promovem acessibilidade tanto no uso do computador

quanto em outras atividades não informáticas. A função única do acionador é

109
gerar um clique que o computador interpretará como um comando de seu

usuário. É a forma mais simples de se interagir com um computador, daí a sua

importância como interface para a comunicação alternativa.

Do ponto de vista elétrico, um acionador é uma chave de contato

momentâneo normalmente aberto (NA), como um botão de campainha.

Existem acionadores de diversas formas, pois sua maior característica é o

design apropriado para diferentes utilizações. Quanto ao plugue de conexão,

todos acionadores são padronizados internacionalmente com o miniplugue tipo

P2.

Acionadores

Descrição De Imagem:

Três modelos de acionadores, sendo os dois primeiros de pressão ao

toque e o terceiro chamado de tração, pois funciona com o puxar de um cadarço

que gera o clique.

110
Na Construção De Recursos De Comunicação Com O Software

Boardmaker Poderemos Associar O Sistema De Símbolos Pcs Com Outras

Figuras E Fotografias?

Sim. Os recursos de comunicação são confeccionados de forma

personalizada. Desta forma, deveremos utilizar imagens que fazem sentido para

o usuário e, em se tratando de recursos de comunicação no ambiente escolar,

que correspondam às atividades e conteúdos propostos no currículo e atividades

educacionais.

Além dos símbolos PCS que já se encontram no Boardmaker será

possível importar imagens capturadas na internet, em CDs específicos,

fotografias digitais ou fotografias escaneadas de catálogos, livros de histórias

ou didáticos.

Todas as imagens encontradas e utilizadas na produção de materiais

educacionais e/ou de comunicação podem ser categorizadas e arquivadas dentro

do programa Boardmaker para que possam ser facilmente localizados em outras

aplicações. Fazendo isto o professor do AEE complementará e qualificará sua

biblioteca de imagens.

8. QUE TIPO DE RECURSOS PODEMOS CRIAR COM O

BOARDMAKER? PARTE 1

111
Como já mencionado, o Boardmaker permite a construção de materiais

que serão impressos e utilizados pelos usuários da CA.

Conhecendo os desafios educacionais que os alunos enfrentam no

cotidiano escolar e utilizando-se de muita criatividade, o professor

especializado poderá criar os recursos de comunicação e acessibilidade

necessários aos seus alunos por meio das várias ferramentas de seu

Boardmaker. Abaixo vamos descrever e ilustrar algumas ideias de aplicação

deste software.

Atividades educacionais acessíveis: Com o Boardmaker você pode criar

várias atividades educacionais para garantir acessibilidade e participação de

alunos que utilizam a CA em sala de aula. Lembre-se da importância da

interlocução entre o professor do Atendimento Educacional Especializado, que

construirá os recursos de acessibilidade, e o professor da sala de aula comum.

Sem conhecer o plano de ensino do professor da sala comum, com seus

objetivos e atividades previstas, será impossível propor, construir e

disponibilizar os recursos de acessibilidade para o aluno.

O professor especializado deverá também ensinar as estratégias de

utilização destes recursos para o aluno, seu professor, para os colegas,

comunidade escolar e família. Desta forma ajudará a todos a entender e a

utilizar estas ferramentas de acessibilidade.

Vejamos alguns exemplos de atividades personalizadas com o

Boardmaker:
112
Atividades Escolares:

Descrição Das Imagens:

Três atividades foram construídas para que o usuário da CA possa


responder questões apontando os símbolos gráficos PCS. A primeira pede para
apontar os animais; a segunda para apontar os vegetais e a terceira para apontar
os minerais.

Abaixo de cada questão visualiza-se uma série de símbolos gráficos com


imagens representativas dos três reinos da natureza.

113
Descrição De Imagem:

Uma atividade de matemática com o tema sobre "igual" e "diferente" foi

construída com o Boardmaker.

Utilizando a "escrita com símbolos" está a pergunta: Qual é o igual?

Visualiza-se então o símbolo de uma boneca. Abaixo estão três opções de

símbolos: "carro", "boneca" e "sorvete". O aluno deverá apontar a resposta

correta.

Logo abaixo está a outra pergunta sobre "qual é o diferente?" e visualiza-

se o símbolo da "borboleta". Abaixo duas opções de resposta: "vaca" e

"borboleta".

Textos Com Símbolos:

114
Textos com símbolos são muito interessantes para favorecer e ampliar a

aquisição de repertório de símbolos gráficos (usuários de CA), favorecer a

relação símbolo e signos e auxiliar na alfabetização de alunos com deficiência

intelectual, auxiliar no aprendizado do português escrito para alunos surdos. No

Boardmaker a escrita com símbolos é feita com a ferramenta "Simbolar".

Descrição De Imagem:

Uma atividade de matemática com o tema sobre "igual" e "diferente" foi

construída com o Boardmaker.

Utilizando a "escrita com símbolos" está a pergunta: Qual é o igual?

Visualiza-se então o símbolo de uma boneca. Abaixo estão três opções de

símbolos: "carro", "boneca" e "sorvete". O aluno deverá apontar a resposta

correta.

Logo abaixo está a outra pergunta sobre "qual é o diferente?" e visualiza-

se o símbolo da "borboleta". Abaixo duas opções de resposta: "vaca" e

"borboleta".

Textos Com Símbolos:

Textos com símbolos são muito interessantes para favorecer e ampliar a

aquisição de repertório de símbolos gráficos (usuários de CA), favorecer a

relação símbolo e signos e auxiliar na alfabetização de alunos com deficiência

intelectual, auxiliar no aprendizado do português escrito para alunos surdos. No

Boardmaker a escrita com símbolos é feita com a ferramenta "Simbolar".

115
Descrição De Imagem:

Um boneco indica o ícone da ferramenta "Simbolar", conforme ela é


representada na área de trabalho do Boardmaker.

116
Descrição De Imagem:

O primeiro verso da poesia "Leilão de Jardim", de Cecília Meireles, foi


digitada com o recurso "Simbolar" do Boardmaker. Desta forma, cada palavra
aparece com a representação simbólica do PCS, acima do texto escrito.

O verso diz: Quem me compra um jardim com flores? Borboletas de


várias cores, lavadeiras e passarinhos, ovos verdes e azuis nos ninhos?

Culinária Com O Boardmaker:

Fichas de receitas ou receitas completas podem ser descritas com a

sequência de símbolos gráficos associados com a escrita. Para confecção destes

recursos a ferramenta Simbolar será muito útil.

Descrição De Imagem:

117
Um boneco aponta para uma ficha de culinária onde está descrita, com
texto e símbolos, a receita de salsicha com molho.

Descrição De Imagem:

Em sete frases, escritas com texto e símbolos, está uma sequência de


atividades que deverão ser feitas para a preparação de um sanduíche de geleia
com queijo.

Livros Com Símbolos

118
Descrição De Imagem:

Visualiza-se a página de um livro. A frase escrita foi também


representada por símbolos PCS: "Bateu Portas e janelas com força".

119
Descrição De Imagem:

Visualiza-se a página de um livro construído pelos alunos. Há a

ilustração de um pato. Sobre a ilustração estão colados, em sequência, de

cartões de comunicação alternativa com símbolo e texto: "Lá vem o pato, pato

aqui, pato acolá. Lá vem o pato para ver o que é que há"?

Livros De Atividades

As atividades previstas no currículo escolar, ou que fazem parte do no

livro didático impresso, podem ser personalizadas para usuários de CA. Para

120
disponibilizá-las em sala de aula o professor especializado deverá receber, do

professor de sala comum, estas atividades, com a antecedência necessária para

que ele possa construí-las com o Boardmaker.

Descrição De Imagem:

Um livro de atividades sobre animais domésticos, selvagens, aquáticos

e em extinção foi construído com o Boardmaker. O Livro de Atividades possui

uma prancha de símbolos móveis para que o aluno destaque o símbolo e cole,

com Velcro, no campo de resposta correspondente.

Pranchas Temáticas Para Interpretação De Livros E Conteúdos

121
Pranchas de comunicação temáticas poderão ser construídas para que o

aluno usuário da CA possa participar de atividades de interpretação de histórias

ou também para que possa perguntar, responder e argumentar sobre os

conteúdos estudados e atividades desenvolvidas em sala de aula.

Descrição De Imagem:

Um livro de história, que fala sobre temas de ecologia, está

acompanhado de uma prancha temática, com a qual o usuário da CA poderá

apontar ações positivas e negativas relativa à preservação do meio ambiente.

122
Descrição De Imagem:

Uma lista de perguntas sobre fenômenos da natureza está relacionada.

Para responder estas perguntas o usuário de CA apontará para um dos símbolos

gráficos dispostos em uma coluna lateral. Na parte inferior da prancha, há uma

sequência horizontal de símbolos que possibilitarão ao aluno fazer perguntas

"onde", "como", "por que", "quando" e afirmar "não entendo", "incrível",

"mudei de ideia", "quero saber mais".

Calendários Personalizados

Nas "pranchas modelo" do Boardmaker você encontrará grades de

calendários para serem personalizadas. Basta localizar os símbolos apropriados

e colar sobre a o dia em que o evento acontecerá.

123
Descrição De Imagem:

Uma folha de calendário do mês de janeiro de 2011 foi personalizada

com os símbolos

PCS.

Visualiza-se símbolos representativos do verão "guarda sol" e "sorvete",

símbolo da "festa

de Ano Novo", "viagem", "praia", "chegada da vovó", "aniversário" e

"retorno a casa". Os símbolos foram aplicados sobre as datas destes eventos.

9. QUE TIPO DE RECURSOS PODEMOS CRIAR COM O

BOARDMAKER? PARTE 2

Porta-Pranchas

Pastas do tipo arquivo, folhas laminadas e encadernadas, porta

documentos, pastas do tipo cardápio (pasta dupla ou trifolder) poderão ser

"portadores de pranchas".

124
No Boardmaker, em "Pranchas Modelo" você encontrará uma série de

modelos de grades já prontas para a criação destes recursos de comunicação.

Economize trabalho e utilize as grades que facilitarão a criação das pranchas.

Descrição De Imagem:

Carteira do tipo porta documentos com páginas de sacos plásticos onde

estão pranchas de comunicação com símbolos de alimentos.

Pasta com sacos plásticos, em tamanho ofício, encadernados em espiral,

e cada página há uma prancha temática de símbolos gráficos.

125
Descrição De Imagem:

Pastas tipo cardápio, trifolder ou duplas, apresentam modelos de grades

com diferentes tamanhos e quantidades de espaços para símbolos.

Visualiza-se também uma pasta dupla onde está uma prancha para

escolhas de materiais de artes.

Pranchas Para Vocalizadores

Nas "pranchas modelo" do Boardmaker você encontrará também grades

desenhadas especialmente para utilização em vocalizadores. Se você utiliza um

vocalizador procure o arquivo Boardmaker com o nome da "marca/modelo" do

equipamento. Esta grade foi projetada para servir exatamente no tamanho e

distância das teclas de mensagens.

126
Descrição De Imagem:

Uma grade modelo do vocalizador GoTalk9+ foi personalizada com

símbolos para comunicação em sala de aula. Depois de montar a prancha basta

recortar a colocá-la no vocalizador.

Ao lado visualizamos o vocalizador GoTalk9+ com suas 12 teclas de

mensagens aparentes.

Agendas Personalizadas Com Símbolos

Com o Boardmaker você pode criar agendas escolares, atividades da

turma e também de ações pessoais da rotina. Para isso, você pode utilizar

grades, das mais variadas formas, que se encontram em "pranchas modelos" no

arquivo "agendas".

127
Descrição De Imagem:

Visualiza-se uma sequência de atividades individuais de um usuário da

CA que se chama Paulo. As atividades ilustradas em sequência de símbolos que

representam sua rotina matinal desde o acordar, vestir-se, fazer a higiene

pessoal, até tomar o café da manhã.

128
129
Descrição De Imagem:

Uma agenda em formato vertical mostra uma sequência de símbolos para

a primeira hora da manhã.

Cinco atividades estão representadas em símbolos: tomar banho, comer,

escovar os dentes, pegar a mochila, ir para escola de ônibus.

Descrição De Imagem:

Uma grade para criação de agenda que contemplam a sequência de

atividades que serão desenvolvidas na escola.

O primeiro símbolo representa o grupo de alunos. Na sequência

horizontal encontramse espaços em brancos onde serão aplicados, com Velcro,

os cartões de comunicação representativos das atividades escolhidas pelo grupo

de colegas para serem realizadas naquele dia. No final há um espaço maior onde

será colado um envelope. No término de cada tarefa, os cartões serão guardados

neste envelope.

130
Na parte inferior da grade estão os símbolos de CA para serem

recortados, laminados e transformados em cartões de CA.

Descrição De Imagem:

Numa parede de fundo preto foram fixados, com fita adesiva, os cartões

de comunicação laminados. A composição da agenda descreve o mês, dia, dia

da semana, sensação térmica (calor) e também todas as atividades escolares

propostas para este dia.

Além de cartões de comunicação há número em EVA (representado o

dia 7) e palavras em feltro, com texto pintado com cola colorida (mês de

novembro e dia da semana terça feira).

Sinalizações Em Vários Ambientes

Você pode utilizar o Boardmaker para criar sinalizações dos vários

ambientes da escola. Da mesma forma poderão ser criados cartazes com

informações ou indicação de regras e orientações.

131
Descrição De Imagem:

Cartaz com símbolos móveis para indicações de lugares e atividades

realizadas pela turma. Podemos ler a frase: "Nossa turma está:" ao lado desta

frase há um espaço onde será fixado com Velcro o cartão de CA correspondente

ao lugar/atividade "no lanche". Na parte inferior do cartaz há outras opções de

cartões de mensagens "na biblioteca", "no laboratório", "no parquinho".

Descrição De Imagem:
132
Um símbolo com a mensagem "Favor fechar a porta" foi confeccionado

para colocar na parte interna da porta da sala de aula.

Descrição De Imagem:

Uma coleção de símbolos para sinalização da escola foram criados para

serem fixados sobre a porta destes ambientes: "sala de aula", "banheiro",

"biblioteca", "cozinha", "direção", "informática", "sala de química", "sala de

artes", ginásio", "recreio".

Utilização De Outras Imagens Digitais Nas Produções Com O

Boardmaker

Você poderá introduzir novas imagens no seu Boardmaker e assim

ampliará sua biblioteca de símbolos. As novas imagens poderão ser capturadas

na internet, extraídas em banco de imagens, fotografadas com câmera digital ou

também escaneadas de materiais impressos. Você poderá arquivar as imagens

digitais na biblioteca do Boardmaker o que permitirá sua fácil localização para

133
uso em produções futuras. Abaixo algumas fotos ilustram trabalhos feitos com

o Boardmaker que utilizaram imagens capturadas de diversas origens.

Descrição De Imagem:

Uma prancha de comunicação foi construída com fotografias e apresenta

os símbolos "luva", "pantufa", "calça", "cão", "melão", "casaco", "telefone", e

"rosa".

Descrição De Imagem:

134
Com fotografias escaneadas de um cardápio foi montada uma prancha

de comunicação temática, para comprar o lanche.

Visualizamos as imagens dos sanduíches, copo de refrigerante, salada e

embalagem do lanche. Estas mesmas imagens aparecem organizadas numa

prancha de comunicação.

Descrição De Imagem:

Com fotografias feitas em passeios escolares no parque e no zoológico,

foi confeccionado com o Boardmaker o registro dessas atividades. Aparecem

as fotografias e a descrição, feita pelo aluno, do que foi realizado.

10. O BOARDMAKER É UMA FERRAMENTA DE AUTORIA?

É exatamente isso. O Boardmaker é uma ferramenta que permite

construir os recursos de comunicação e aprendizado que seu aluno necessitará

135
em cada fase de seu desenvolvimento educacional. E esta é a principal e mais

importante característica deste programa. Os exemplos e modelos que o

Boardmaker possui servem apenas para mostrar aos professores o potencial de

criação deste software.

Conhecendo os desafios educacionais, os objetivos e atividades

propostos para a turma e conhecendo também as características do aluno com

deficiência (suas dificuldades e acima de tudo suas habilidades) o professor

especializado irá projetar, construir e disponibilizar os recursos pedagógicos

que garantam a acessibilidade, comunicação e participação no contexto da

escola comum.

Atualmente as pesquisas existentes a respeito do ensino e da

aprendizagem nos permitem olhar para o que o aluno produz e identificar o que

ele já sabe, as dificuldades que estão impedindo sua aprendizagem e determinar

que ações serão necessárias para que o seu conhecimento avance.

Nas últimas décadas tem se consolidado a concepção que considera o

processo de aprendizagem como resultado da ação do aprendiz. Por isso a

função do professor é criar condições para que o aluno possa exercer sua função

de aprender participando de situações que favoreçam isto. Neste sentido, com

relação aos alunos com deficiência, torna-se indispensável a criação de

condições de aprendizagem pelo professor, através da construção de recursos

de acessibilidade.

136
O conhecimento não é gerado do nada, é uma constante transformação a

partir do conhecimento que já existe. É o que cada aluno já conhece que explica

as diferentes formas e tempos de aprendizagem, bem como as dificuldades e

possibilidades que o aluno apresenta. Seja nas propostas de atividades, seja na

forma como os professores encorajam e desafiam os alunos a se lançar com

ousadia nas propostas de aprendizagem, os recursos (materiais educacionais)

tem uma função decisiva nas possibilidades de aprendizagem dos alunos.

O Boardmaker é uma ferramenta aberta e, portanto, servirá para

confecção de recursos de acessibilidade que atendem diferentes concepções de

ensino e aprendizagem. Por este motivo é importante considerarmos o modelo

de escola, o que entendemos por aprendizagem e que postura nós pretendemos

instigar no aluno, no sentido de ele ser ativo na construção do conhecimento.

Se disponibilizarmos recursos ao nosso aluno permitindo e esperando apenas

que ele responda o que consideramos correto, sem dar a ele oportunidades de

questionar, propor alternativas, argumentar etc., possivelmente nós teremos um

instrumento pobre de comunicação e também um instrumento pobre de

educação.

Portanto a palavra de ordem é conhecer a realidade e os desafios

enfrentados pelo aluno e ser criativo. Junto com ele, iremos construir e utilizar

os recursos que permitirão sua expressão e participação ativa em desafios

educacionais. O professor deve funcionar como um diretor de cena, cabendo a

ele observar as condições e necessidades de seus alunos e montar o cenário,

137
através da construção das estratégias de ensino e dos recursos de acessibilidade,

para possibilitar a construção do conhecimento de seus alunos.

A beleza de um software de criação é que ele possibilita inovar, construir

novas alternativas e materiais educacionais cada vez mais desafiantes e

inéditos.

11. O QUE DEVO FAZER PARA APRENDER A UTILIZAR


MELHOR TODAS AS FERRAMENTAS DO
BOARDMAKER?

A primeira dica é não ter preguiça de abrir e estudar o Manual do

Usuário.

Poucas pessoas leem manuais e ficam por muito tempo subutilizando o

recurso que adquiriram. A leitura do manual, paralela a uma experimentação

prática das ferramentas, ajudará a desenvolver uma habilidade operacional com

o software. O Manual do Usuário do Boardmaker é muito fácil de usar e dá

instruções passo-a-passo. Você o encontrará no formato PDF, que permite ler

na tela e também imprimir. Sugiro que você trabalhe/estude com o manual

impresso ao seu lado. Desta forma, você seguirá a leitura e simultaneamente

experimentará as ferramentas do software ou, quando chegar uma dúvida, você

recorrerá ao índice e encontrará facilmente a resposta.

138
Importante: para visualizar o Manual do Usuário é necessário ter

instalado no computador o programa Adobe Reader, que é o programa que abre

arquivos PDF.

Para localizar o Manual do Usuário abra o seu programa, clique na barra

de ferramentas em "Ajuda". Clique então sobre "Manual do Usuário" e pronto!

(veja figura abaixo)

Bom estudo e um ótimo proveito desta importante ferramenta que é o

Boardmaker com Speaking Dynamically Pro!

Descrição De Imagem:

Visualiza-se a área de trabalho do Boardmaker com a indicação visual

de onde encontrar o Manual do Usuário para consulta na tela e impressão.

Dicas Finais

Para aprender e aprimorar ainda mais seu trabalho com o Boardmaker

será interessante também trocar ideias com colegas, fazer grupo de estudos,

compartilhar com outros os arquivos produzidos por você. Tudo isso ajuda a ter

mais ideias de criação, acelerar o trabalho (à medida que eu personalizo para

139
meu aluno uma grade pronta recebida de outro colega) além de fortalecer o

trabalho de cada um.

140
MÓDULO VIII – SURDEZ8

1 - Introdução

Perda de audição é a incapacidade parcial ou total de ouvir sons. A perda

de audição pode ser temporária ou permanente. Uma pessoa surda é incapaz de

ouvir ou ouve com dificuldade. A perda de audição pode ocorrer em apenas um

ou em ambos os ouvidos. Durante a infância, a perda de audição pode afetar a

capacidade de aprendizagem da língua e causar dificuldades no trabalho em

adulto. Em algumas pessoas, principalmente idosos, a perda de audição pode

estar associada a solidão.

A perda de audição pode ser causada por uma série de fatores, entre os

quais rolídios maliciares, envelhecimento, exposição ao ruído, algumas

infeções, complicações do nascimento, trauma no ouvido e alguns

medicamentos ou toxinas. Uma das causas mais comuns são as infeções

crônicas do ouvido. Algumas infeções durante a gravidez, como a rubéola,

8
Módulo VIII – reprodução total - Perda auditiva – Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Perda_auditiva
141
podem também causar a condição. A perda de audição é diagnosticada quando

um exame auditivo confirma que a pessoa é incapaz de ouvir 25 decibéis em

pelo menos um dos ouvidos.Os exames auditivos são recomendados para todos

os recém-nascidos. A perda de audição pode ser classificada em leve,

moderada, severa e profunda.

A perda de audição pode ser evitada. Entre as medidas de prevenção

estão a vacinação, cuidados de saúde adequados durante a gravidez, evitar a

exposição a ruídos intensos e evitar o consumo de determinados medicamentos.

A Organização Mundial de Saúde recomenda que os jovens limitem a audição

de reprodutores de média portáteis a uma hora por dia de forma a diminuir a

exposição ao ruído. O diagnóstico precoce e o apoio são importantes durante a

infância. Para muitas pessoas com a condição, os aparelhos auditivos, a

linguagem gestual, os implantes coclear, as legendas e a leitura labial são

medidas eficazes que ajudam a contornar as dificuldades. No entanto, o acesso

a aparelhos auditivos é difícil em muitas partes do mundo.

Em 2013, cerca de 1,1 mil milhões de pessoas em todo o mundo eram

afetadas por um qualquer grau de perda auditiva. A condição causa

incapacidade auditiva em cerca de 5% das pessoas afetadas (360 a 580 milhões

de pessoas), de entre as quais 124 milhões apresentam incapacidade moderada

a grave. Entre as pessoas com incapacidade moderada a grave, 108 milhões

vivem em países de rendimento baixo a moderado. As pessoas que usam

linguagem gestual e estão integradas na cultura dos surdos veem-se a si próprias

142
como sendo simplesmente diferentes, e não como tendo uma doença. Muitos

membros desta comunidade opõem-se a tentativas de curar a surdez e levantam

objeções aos implantes coclear, uma vez que essas medidas têm o potencial de

eliminar a sua cultura. O termo "deficiência auditiva" é muitas vezes visto de

forma negativa, uma vez que salienta aquilo que as pessoas não conseguem

fazer.

2 - Ponto De Vista Médico

Em termos médicos, a surdez é categorizada em níveis do ligeiro ao

profundo. É também classificada de deficiência auditiva, ou hipoacúsia. Os

tipos de surdez quanto ao grau de perda auditiva:

* Perda auditiva leve: não tem efeito significativo no

desenvolvimento desde que não progrida, geralmente não é necessário uso de

aparelho auditivo.

* Perda auditiva moderada: pode interferir no desenvolvimento da

fala e linguagem, mas não chega a impedir que o indivíduo fale.

* Perda auditiva severa: interfere no desenvolvimento da fala e

linguagem, mas com o uso de aparelho auditivo poderá receber informações

utilizando a audição para o desenvolvimento da fala e linguagem.

143
* Perda auditiva profunda: sem intervenção, a fala e a linguagem

dificilmente irão ocorrer.

3 - Ponto De Vista Educacional

Deste ponto de vista, surdez refere-se à incapacidade ou dificuldade da

criança aprender a linguagem, por via auditiva. A criança surda pode aprender

a falar, ainda que haja dificuldades.

A partir da Lei 10436, o governo brasileiro reconhece a LIBRAS, como

língua, e os surdos têm o direito de, nas instituições educacionais, as aulas sejam

ministradas em LIBRAS, ou, pelo menos com a presença de um interprete de

língua de sinais.

Também em Portugal, o decreto-lei 3/2008 regulamentou a educação

especial, em particular, o direito da criança surda crescer bilíngue. Em Portugal

a LGP (Língua Gestual Portuguesa) foi reconhecida em 1997.

4 - Ponto De Vista Cultural

Em termos culturais, surdez é descrita como diferença linguística e

identidade cultural, a qual é partilhada entre indivíduos surdos.

144
A surdez é o paradigma da cultura surda, a base sobre a qual se constrói

a estrutura e forma da cultura surda, cujo principal elemento espelhador é a

Língua de Sinais, o idioma natural dos surdos. Portanto, sem surdez não há

cultura surda.

145
MÓDULO IX - DEFICIÊNCIA VISUAL9

1 - DEFICIÊNCIA VISUAL: DESAFIOS DE UMA

ALFABETIZAÇÃO EM BRAILLE

Resumo:

Este trabalho é resultado de uma revisão bibliográfica acerca dos

métodos de alfabetização, levando em conta que a alfabetização envolve um

conjunto muito complexo de fatores e exige do professor muita habilidade e

competência para lidar com este desafio. Pretende-se discorrer sobre os

métodos de alfabetização, o conceito de alfabetização, o uso do Sistema Braille

para a alfabetização dos deficientes visuais, as semelhanças, as dissidências e

as dificuldades desse processo, e ainda, uma reflexão sobre a necessidade de

uma sólida formação do profissional de educação, que atualmente vive tempos

contraditórios, enfrentando desconfianças em relação à sua competência e

sendo, ao mesmo tempo, cobrado quanto aos resultados obtidos. Ressalta-se

9
Autoria a creditar
146
que, essa temática é de fundamental importância para o professor alfabetizador,

a fim de que possa intervir no processo de aprendizagem de seus alunos de

maneira mais eficaz.

Introdução

A alfabetização é considerada o período da vida escolar que provoca

maiores dúvidas e merece cuidados especiais. É um processo natural decorrente

da curiosidade e da ação da criança que deve ser aguçada pelo professor por

intermédio de diferentes gêneros textuais e de diferentes portadores/suportes. A

presença desses materiais leva a criança a aprender de forma mais funcional, e,

consequentemente, mais significativa. Nesse sentido, o educador deve persistir

em ações efetivas para desenvolver habilidades e competências necessárias à

utilização mais adequada do idioma escrito.

Nessa perspectiva, Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1985), embasadas

pela teoria construtivista desenvolvida pelo filósofo suíço Jean Piaget (1896-

1980), analisando o processo de aprendizagem infantil, enfatizam que a

alfabetização da criança não depende do método e de manuais. Segundo as

autoras, cada criança busca construir seu conhecimento por meio da elaboração

de hipóteses e do produto de conflitos cognitivos que permite a ela avanços em

relação à aquisição a leitura e escrita. Ferreiro (1999, p. 47) afirma que “a

alfabetização não é um estado ao qual se chega, mas um processo cujo início é

na maioria dos casos anterior à escola e que não termina ao finalizar a escola

primária”. Por isso, a ação educativa requer uma sensibilidade por parte do

147
professor para com o aluno, no reconhecimento de suas demandas, dificuldades

e desempenhos, pois o alfabetizando não é um indivíduo em estado bruto. Esse

indivíduo já traz um considerável conjunto de saberes; portanto, essa bagagem

deve ter um direcionamento educativo. Para isso, é necessário que o professor

descubra na criança suas reais potencialidades, respeite sua cultura de origem e

compartilhe com ela o acervo acumulado desde o nascimento. Além dessa

bagagem, o aluno traz também uma demanda específica, que, igualitariamente,

deve ser considerada pelo professor.

De acordo com Almeida (2005), sem sombra de dúvida, o período de

alfabetização é aquele em que afloram os mais graves problemas verificados no

correr do desenvolvimento mental da criança cega. Nessa fase, acionam-se

esquemas interpretativos de fundamental importância; a ocorrência de falhas na

construção das estruturas cognitivas durante as etapas evolutivas desse

desenvolvimento trará ao alfabetizando graves dificuldades e irremediáveis

fracassos.

É nessa direção que o presente artigo pretende incidir. É recorrente

encontrar na literatura considerações sobre a importância da valorização do

conhecimento prévio dos alfabetizandos, mas é preciso também identificar suas

necessidades. Nesse contexto, este estudo apresenta uma reflexão sobre o

processo de aquisição da escrita em Braille. A alfabetização de alunos com

deficiência visual requer uma atuação pedagógica que atenda às especificidades

das potencialidades e das dificuldades dos alunos. De acordo com Lima (2005),

148
a aprendizagem se efetiva por meio da participação dos sentidos, sendo a visão

responsável pela ordem de 75% da percepção. Em face desse alto índice, a

criança portadora de deficiência visual demanda procedimentos pedagógicos

específicos, pois a cegueira, seja ela parcial ou total, “traz consequências para

o desenvolvimento e a aprendizagem, requisitando sistemas de ensino que

transmitam, por vias alternativas, a informação que não pode ser obtida por

meio dos olhos” (p. 71). Em face do exposto, espera-se que a discussão proposta

possa contribuir para uma maior socialização dos conhecimentos sobre a

alfabetização em Braille, pois os estudos existentes ainda carecem de maior

divulgação, principalmente nos cursos de formação de professores, que

precisam se preparar para uma maior dinamização das ações educativas não

somente para agregar maior qualidade à atuação docente, mas também para

garantir um maior desempenho no exercício de leitura e escrita por parte dos

alfabetizandos.

Processo De Aquisição Da Escrita Braille

Pode-se afirmar que a criança dita normal, ao entrar na escola, já está de

algum modo inserida no mundo letrado, pois desde muito cedo tem contado

com a leitura e a escrita, o que é um facilitador para o processo de alfabetização.

Imitando os adultos a criança revela o desejo inconsciente de escrever,

começam com rabiscos depois desenhos, que é uma fase importantíssima de

criatividade. Na pré-escola, por meio de atividades lúdicas, trabalha

movimentos, amadurece músculos, ganha firmeza no pegar do lápis. O período

149
de alfabetização é, segundo Almeida, um período em que a criança se apropria

conscientemente do sistema representativo da escrita. Verifica-se que esse

processo de apropriação dá-se naturalmente e permeia todo o processo

evolutivo da criança. É comum ver-se crianças ainda bem pequenas

manuseando revistas, jornal, livros, calendários, etc... Uma caneta um pedaço

de giz, uma pedra de carvão, um graveto, transformam-se em instrumentos

poderosos dos quais a criança lança mão para expressar suas concepções

originais quanto à ação de escrever (2001, p. 295).

Uma criança cega tem acesso às mesmas etapas de pensamento de uma

criança que enxerga, levando-se em consideração as particularidades da

deficiência. Seu processo de alfabetização será mais complexo, pois o contato

com a leitura e a escrita ocorre tardiamente, sendo necessário um pouco mais

de estimulação. Segundo Almeida (1997), esse fato se dá em função de o

Sistema Braille não fazer parte do dia a dia, como um objeto socialmente

estabelecido, pois somente os cegos se utilizam dele. As descobertas das

propriedades e funções da escrita tornam-se impraticáveis para uma criança

cega, já que ela só toma contato com a escrita e com a leitura, na maioria das

vezes, no período escolar. Esse problema pode trazer sérias defasagens para a

criança cega, atrasando a aquisição e domínio da escrita. Desse modo, é

necessário que ela entre em contato com a escrita Braille de maneira lúdica,

descompromissada, e deve assim passar por experiências no ato de escrever. A

máquina de datilografia, a reglete e o punção devem estar sempre por perto para

150
despertar a vontade e o interesse pela escrita. O professor deve lhe propiciar

materiais que a levem a experimentar as mesmas sensações e prazeres

descobertos e vividos por qualquer criança em relação ao mundo da escrita.

Materiais como placas de isopor, cortiça ou borracha são recursos simples e

valiosos para que o deficiente visual se familiarize com o ato de combinar

pontos, pegar o punção, perfurar o papel e ter noção de espaço. Todo material

dever ter forma retangular, imitando a cela Braille. Esse convívio será de ótima

valia para as necessidades e possibilidades desta postura educacional.

Essa postura de experimentação evita os conhecidos exercícios de

prontidão para a alfabetização utilizados como propulsores do

desenvolvimento. Para Almeida (1997), tais exercícios não devem ser adotados,

pois o desenvolvimento global de uma criança cega requer técnicas e recursos

especializados. Dentro do processo educacional de crianças cegas, é importante

que sua evolução seja acompanhada de forma precisa e venha a propiciar

realmente uma evolução, fazendo-a adquirir um grau mais alto de eficiência.

Por isso, nessa fase, dá-se grande ênfase ao desenvolvimento de um conjunto

de habilidades que são pré-requisitos para a leitura e a escrita do Sistema

Braille. Capacitar uma criança não é condicioná-la, transformando- a num ser

automatizado, com respostas previsíveis e resultados esperados. A capacitação

ressaltada nasce da independência do perfeito domínio de si mesmo. Quando se

fala na importância de desenvolver capacidades básicas, fala-se da finalidade

máxima da educação especial: dar ao indivíduo portador de qualquer

151
deficiência as condições essenciais para torná-lo um ser harmônico, uma pessoa

plena, um homem com consciência de si mesmo. Esses pré- requisitos são

trabalhados a partir das dificuldades geradas pela própria cegueira. Assim, ao

acionarem-se mecanismos capazes de mobilizar estruturas internas, pode-se:

ampliar movimentos corporais, fortalecer músculos, refinar percepções,

estimular memória e amadurecer condutas.

Diante das colocações da autora, é possível depreender que não existem

procedimentos previamente definidos, pois o processo de alfabetização implica

reconhecer as particularidades do educando e as técnicas pedagógicas

disponíveis. Desse modo, a prática docente deve ser imbuída de preparo e de

coerência. Em conformidade com Almeida (1997), “para o alfabetizador

conquistar êxito em sua tarefa é fundamental que seu trabalho se revista de

inúmeros aspectos: conteúdos bem definidos, métodos e técnicas adequados,

material didático apropriado, enriquecimento de informações reais, liberdade

de criação e de expressão.” Essa necessidade reside no fato de o Sistema Braille

representar muito mais que a conquista da linguagem escrita e lida, ou seja, da

alfabetização. Para o cego, “alfabetizar-se em Braille significa ler o mundo que

o cerca e conseguir libertar-se da prisão intelectual que está contida em milhares

de páginas impressas em tinta ou manuscritas” (BARBOSA, 2009).

Semelhanças E Dissidências Entre Os Processos De Escrita

Existem várias semelhanças e dificuldades em comum entre o processo

de escrita alfabético e em Braille. A principal semelhança é que as crianças

152
deficientes visuais passam pelas mesmas etapas de alfabetização que a criança

vidente, pelos mesmos conflitos cognitivos e tem o mesmo desejo de aprender,

devendo, porém ser mais incentivadas. São vários dificultadores nesse processo

de alfabetização da criança deficiente visual, dentre os quais se podem citar a

falta de material didático, falta de capacitação dos professores, contato tardio

com a escrita, a não aceitação do deficiente e/ou dos familiares, a

estereotipização por parte das escolas que julgam o deficiente como um ser

incapaz de aprender. Outro aspecto importante na alfabetização de uma criança

é o momento em que ela é capaz de discriminar as letras. Tanto em tinta como

em Braille, as letras apresentam formas bastante semelhantes. Para distingui-

las é necessário um grande refinamento da percepção visual ou tátil. Na escrita

em tinta as letras p/b, b/d e p/q têm pouca diferença, sendo somente uma questão

de lateralidade, portanto, são muito confundidas. Já no Sistema Braille, a

confusão ocorre nas letras também quanto à lateralidade. Pode-se citar o m/u,

d/f, h/j, i/e, p/v, z/n, á/ú, SM/k. Essa troca se apresenta apenas na leitura, pois

na escrita o aluno internaliza a combinação dos pontos.

A criança que não percebe essas diferenças tem dificuldade para

alfabetizar-se.

Para que ela possa discriminar as formas das letras, deve ser conduzida

a executar li vremente exercícios de escrita, jogos e de leitura. Miriam Lemle

analisa algumas diferenças A letra p e a letra b diferem apenas na direção da

haste vertical, colocada abaixo da linha de apoio ou acima dela. O b e o d

153
diferem apenas na posição da barriguinha em relação a haste. O p e o q diferem

entre si por este mesmo traço, isto e a posição da barriguinha (LEMLE, 1990,

p. 8)

No sistema Braille, várias letras são muito semelhantes, sofrendo

pequenas alterações. Pode-se citar como exemplo o d e o f, que são contrários,

ou seja, diferem-se porque o terceiro ponto que os forma na letra d (1, 2, 4) fica

à direita, abaixo do segundo ponto do traço superior, e na f (1, 4, 5) o terceiro

ponto fica à esquerda, abaixo do primeiro ponto do traço superior. A maior

diferença verificada entre o processo de alfabetização alfabética e em Braille, é

que o deficiente visual precisa de tempo maior para se organizar e realizar as

atividades, pois a percepção tátil é diferente da percepção visual. Um objeto é

percebido parcialmente pelo tato que analisa os fragmentos para formar o todo,

enquanto a visão é global, instantânea e sintética, ou seja, as crianças cegas têm

desvantagens para explorar os objetos e situações em sua totalidade. De Acordo

Com Dias De Sá (In Gablaglia, 2009), para a realização da escrita ou leitura em

Braille, é necessário que a criança conheça convenções, assimile conceitos

gerais e específicos, desenvolva habilidades e destreza táteis. As letras, em

Braille, são combinações de seis pontos em duas colunas, o que envolve

conceitos numéricos e orientação espacial. Estas noções são muito importantes

para a percepção e reprodução das semelhanças e diferenças das combinações

dos pontos que representam as letras. O tato, a destreza tátil e a coordenação

bimanual precisam estar bem desenvolvidos, pois tanto a técnica da leitura

154
quanto a escrita das letras dependem de movimentos sincronizados das mãos e

da percepção tátil de diferenças, bem sutis. A escrita em relevo, realizada com

a reglete, possui convenções que diferem das convenções da escrita em tinta ou

mesmo da escrita em relevo realizada por meio da máquina de escrever em

Braille. No caso da reglete, a escrita é feita em sentido contrário, isto é, escreve-

se da direita para a esquerda de um lado da folha de papel, enquanto se lê da

esquerda para a direita no verso da folha. Já na máquina, a escrita em Braille

obedece às mesmas convenções da escrita em tinta, pois a escrita e a leitura são

realizadas no mesmo sentido e do mesmo lado da folha de papel.

Nesse sentido, o domínio das especificidades da escrita em Braille é

indispensá- vel ao professor, já que o processo de escolarização está

intrinsecamente relacionado ao desempenho do aluno nessa fase de aquisição

da leitura e da escrita. Nessa perspectiva, Nicolaiewsky e Correa (2008)

pontuam que o “domínio da escrita é fundamental para que a criança seja bem-

sucedida em sua trajetória escolar, já que todo saber formal veiculado na escola

é realizado, primordialmente, por meio da leitura e da escrita.” Assim, além das

questões ligadas à aquisição do código, as autoras supracitadas também

sinalizam para a relação com o erro. O alfabetizando cego é lembrado pelos

seus limites, não pelas suas possibilidades, o que afeta consideravelmente a sua

autoestima. Em decorrência disso, pode tornar-se bastante exigente para

consigo própria e, então, intolerante com seus próprios erros (COBO;

RODRÍGUEZ; BUENO, 2003 apud NICOLAIEWSKY; CORREA, 2008).

155
A criança cega em processo de aquisição da língua escrita utilizando o

sistema Braille se depara com uma dupla dificuldade. O aprendiz deficiente

visual é lembrado no dia a dia pelo que não pode, pelos seus limites, o que por

si só já traz conseqüências para o desenvolvimento de sua autoestima,

dependendo da forma como os adultos em seu contexto social lidam com suas

diferenças. Soma-se a isto, na situação escolar, os obstáculos encontrados no

aprendizado da língua escrita pelo sistema Braille, um código de escrita tátil

que, por suas peculiaridades, torna- se mais complexo do que o sistema

impresso. Dessa forma, o sistema Braille por suas características incita uma

maior propensão a erros, além da dificuldade que é para o aprendiz apagar os

erros de sua produção escrita. Assim, a criança cega que encontra dificuldades

neste aprendizado experimenta uma dupla exclusão. É fundamental, portanto,

que a criança cega estabeleça uma relação positiva com o erro para que sua

ocorrência não afete o conceito que faz de si mesma como aprendiz. Em face

do exposto, é importante salientar que as semelhanças e divergências das duas

modalidades de escrita estudadas (alfabética e em Braille) não se limitam às

formas de apresentação dos dois códigos. É preciso considerar a relação

professor/ aluno, o material didático, o tratamento dado aos erros, a relação com

a escrita, as potencialidades e as dificuldades dos alunos. Esse olhar para as

especificidades poderá viabilizar uma prática pedagógica mais eficaz e mais

apropriada.

Formação Do Professor Para O Trabalho Com O Deficiente Visual

156
Segundo Freire (1996 apud BARROS, GRACY; LIMA, 2009), o

momento fundamental em relação à formação de professores é o da reflexão

crítica sobre a prática, pois, assim, certamente a legislação brasileira poderá se

concretizar verdadeiramente no cotidiano, principalmente na inclusão de

pessoas com necessidades educacionais especiais. A formação do professor é

vista, segundo Gauthier, como um verdadeiro desafio, pois há urgência de

superar a situação atual, caracterizada pelo paradoxo da coexistência, por um

lado, de um exercício muitas vezes cego do ofício, fundado em concepções

errôneas, que levam a crer que basta ter talento ou bom senso ou intuição ou

experiência, etc., para ensinar corretamente, e, por outro lado, de

conhecimentos relativos ao ofício cuja utilidade concreta não é percebida pelos

professores, que, conseqüentemente, não as utilizam (GAUTHIER apud

HADJI, 2001, p. 13).

Complementando o exposto, Ferry (apud CAMARGO, 2007) considera

que a formação do professor trata-se de uma formação triplamente

bidimensional: deve ser ao mesmo tempo científica (visar ao domínio de

saberes acadêmicos) e pedagógica (visar ao domínio das competências e das

habilidades de ordem metodológica); ao mesmo tempo profissional (aprender

um ofício) e pessoal (desenvolver sua personalidade para ser capaz de exercer

esse oficio) e é de uso ao mesmo tempo externo (produção de um trabalhador

social) e interno (o que caracteriza esse trabalhador é ser formador).

157
Nessa direção, entende-se a prática do professor como um processo

contínuo a ser aperfeiçoado constantemente. Assim, o caminho para a

autonomia profissional exige o desenvolvimento de capacidades reflexivas em

grupo, compartilhando os conhecimentos e os saberes que são adquiridos

através de formação institucional e de experiências obtidas por meio da própria

prática educativa. Nesse sentido, Nóvoa (1997, p. 24) considera que todo

conhecimento é autoconhecimento. Ninguém forma ninguém, é no decurso de

um conjunto de contribuições que são dadas pelos livros, formadores, cursos e

seminários que cada um se forma.

Percebe-se então um paradoxo: a experiência é pessoal, mas para que

não se torne rotina, repetição de um conjunto de erros e de processos de ensino

inadequados deve-se transformar a experiência em conhecimento, para isso

precisamos do outro que está nos livros; nos especialistas; nos colegas de

trabalho.

Depreende-se, assim, que a formação de professores deve ser um

desenvolvimento pessoal, mas também de consolidação do coletivo docente, ou

seja, formação é um processo contínuo, construído individual e coletivamente.

A formação inicial não consegue suprir todas as necessidades dos docentes

quanto às especificidades dos conteúdos a serem trabalhados, por isso a

necessidade de busca de cursos posteriores, ou seja, formação continuada,

buscando um profissional reflexivo, que procura novos conhecimentos por

intermédio de situações de trocas de vivência e aprimoramento profissional com

158
relação ao conteúdo que leciona. Nesse sentido, os cursos de formação

continuada devem exceder o pedagógico, o didático e o técnico, não há

transmissão de conhecimento pronto. O educador, por meio da formação

continuada, pode rever, repensar sua ação docente cotidiana, criando espaços

de participação, reflexão e formação para que as pessoas aprendam e se adaptem

para conviver com a mudança e a incerteza. Isso por sua vez implica rupturas

de tradições e ideologias principalmente nos posicionamentos e nas relações

profissionais.

Conforme Moura:

É na atividade que o professor poderá encontrar os parâmetros e

indicadores de sua formação. Não isoladamente, como se o formar-se fosse obra

de um esforço individual, e sim em grupo, em que fica evidente que a formação

é resultado de uma intencionalidade nascida da necessidade de resolver um

problema (2004, p. 275). Nessa perspectiva, Falsarella (2004) salienta que o

docente não é apenas responsável pela transmissão do conhecimento, ele deve

ser um formador e levar seus alunos a se entenderem como agentes em suas

vidas e na coletividade. Assim, não basta apenas ter boa formação teórica, deve-

se tornar reflexivo e buscar a aprendizagem para aplicá-la em sala.

Entendo a formação continuada como proposta intencional e planejada,

que visa a mudança do educador através de um processo reflexivo, critico e

criativo, conclui-se que ela deve motivar o professor a ser ativo agente na
159
pesquisa de sua própria prática pedagógica, produzindo conhecimento e

intervindo na realidade (FALSA-RELLA, 2004, p. 50). Um conceito pertinente

que surge quando falamos a respeito da formação do professor é o conceito de

competência profissional. Segundo Perrenoud (2001), a noção de competência

designa uma capacidade de mobilizar diversos recursos cognitivos para

enfrentar um tipo de situação. Segundo o autor, para que haja uma

profissionalização, é necessário que o desejo de desenvolver uma prática

reflexiva e buscar inovações parta do próprio educador. Por outro lado, para

que exista essa busca é preciso que os professores tenham atitudes como

mentalidade aberta, responsabilidade, entusiasmo e esbocem disposição para

tal. Um problema enfrentado é a formação ligada às concepções filosóficas que,

muitas vezes, separam a formação do professor da efetiva realidade presenciada

nas salas de aula. Os saberes adquiridos na formação dos professores e os

saberes vivenciados na prática pedagógica, no momento em que o professor

está na sala de aula, são momentos de aprendizagem em que eles devem adaptar

sua formação à sua profissão, eliminando o abstrato, ou seja, o que não tem

relação com a realidade vivida.

De acordo com o exposto, Hernandes (1998 apud FALSARELLA, 2004,

p. 49) pontua pud há certa resistência com relação à aprendizagem de novos

conteúdos pelos professores, resistência quanto a mudanças. Isto está

relacionado a consideração social de sua profissão e a formação que receberam

(...) os professores tendem a compreender as teorias não conforme os conceitos

160
teóricos, mas fazendo conexão com sua prática. Muitas vezes, o professor sente-

se acomodado e tem medo da mudança, pois tudo que é novo gera incerteza,

dúvidas e insegurança. Toda mudança implica esforços sacrifícios e riscos de

perda de prestígio e status dentro da instituição. Afinal, substituir práticas já

incorporadas, que são realizadas com rotina, demanda tempo, dedicação e

esforço, gera uma situação difícil se se pensar na questão de que a maioria dos

profissionais trabalha em mais de uma escola e são sobrecarregados. Nesse

contexto, o interesse e a busca do professor pela mudança são fundamentais.

Para Zanata (2005 apud MAZZARO, 2008), o saber fazer do professor da classe

comum está ligado ao saber fazer para alunos ditos normais. Quando ele recebe

em sua turma um aluno com deficiência, torna-se necessário adequar o

planejamento para dar oportunidade de modificações efetivas, sem minimizar

sua qualidade ou suprimir conteúdos.

Nesse sentido, é preciso revisar os processos de formação do professor,

que precisa agora incluir alunos que possuem certas características especiais

desconhecidas para a maioria dos professores. O docente nem sempre dispõe

de conhecimentos, atitudes, habilidades e práticas para lidar com o deficiente

visual, ou seja, não recebe em seus currículos de formação, preparo. Segundo

Baumel (1990, p. 99), A Formação dos Professores dos Portadores de

Deficiência Visual deve ser repensada como permanente e transformadora, em

um contexto objetivo de consideração dos referenciais formais dos Programas

ou Intervenções da área, ou seja, no plano da capacitação e ações técnicas e,

161
também, nos referenciais da clientela (sociais, comportamentais, psicológicas e

acadêmicas).

Segundo a referida autora, a formação destes professores no Brasil tem

se caracterizado formalmente por níveis: Cursos de Pós-Graduação: stricto

sensu e lato sensu; mestrado, doutorado, especialização e em ofertas de cursos

de aperfeiçoamento e atualização em educação especial, Braille etc. Em relação

ao curso de licenciatura não se trabalha efetivamente a questão do deficiente

visual, o que a seu ver é uma falha. Complementando o exposto, Antonio,

Caiado e Martins (2009), de acordo com entrevistas com professores que atuam

nas séries iniciais do ensino fundamental, em sala regular de instituições de

ensino regular, públicas ou privadas, corroboram:

Sobre as sugestões para construção de uma escola inclusiva. As

professoras falam sobre diferentes necessidades que devem ser atendidas, tais

como formação e condições de trabalho. Na formação inicial afirmam a

necessidade de oferecimento de conteúdos referentes à educação especial nas

disciplinas do Curso de Pedagogia; alguns professores afirmam a importância

do tema ser conteúdo nos cursos de graduação de todas as áreas afins. Na

formação continuada tanto solicitam formação antes de qualquer matrícula de

aluno com deficiência (conhecimentos gerais, sensibilização) e formação sobre

conteúdos específicos: como ensinar o aluno com deficiência que está

matriculado em sua sala (ANTONIO; CAIADO; MARTINS, 2009, p. 630).

162
Embasando no exposto, percebe-se que a maioria dos professores,

quando recebe o aluno deficiente visual em sua turma, sente-se acuado,

inseguro, com medo de errar, pois não possui formação efetiva e, muitas vezes,

não teve ainda experiência com alunos cegos em sua prática. De acordo com

Albuquerque, “os professores de modo geral tentam adequar suas práticas

pedagógicas às propostas de inclusão, entretanto, faltam-lhes as condições

básicas necessárias para atender à diversidade” (s/d p. 2). Segundo Ferreira

(2005), a inclusão, necessariamente, pressupõe a formação contínua de

professores, sabendo respeitar e conviver com as diferenças, buscando

estratégias que viabilizem o trabalho, às novas situações que poderão surgir no

interior da sala de aula. As estratégias usadas devem dar oportunidade às

crianças de serem ouvidas e que suas necessidades e carências não sejam

ignoradas pelo professor ou pela escola, mas sejam parte integrante da vida

escolar. Essa formação auxiliará no sentido de ajudar a desmistificar conceitos

e preconceitos que se tem em relação ao deficiente visual. Ressalta-se que

somente possuir conhecimento não é satisfatório, é preciso estar disposto a

enfrentar desafios e crescer com o que faz, e para isto a sensibilidade e a

criatividade são indispensáveis na prática educacional do professor.

Sobre O Exposto, Barbosa Afirma Que:

163
Buscar os recursos mais adequados para trabalhar com alunos portadores

de deficiência visual é tarefa que exige do professor enxergar além da

deficiência, lembrando que há peculiaridades no desenvolvimento de todas as

crianças, tendo elas deficiência ou não. A criatividade foi e continua sendo um

elemento indispensável para o homem superar problemas e desafios gerados

pelo seu ambiente físico e social. É encarada como uma construção do indivíduo

em suas interações com as propriedades do objeto (2003, p. 19).

De acordo com as colocações da autora, a inclusão efetiva de alunos

deficientes visuais pede desprendimento e revisão de teorias. O professor deve

estar aberto à busca de novos saberes e assim construir, a partir de suas

experiências e trocas de experiências com colegas, competências diversas.

Nenhuma formação é completa, ou permanente, pois sempre surgem conflitos

e alunos que exigem mudanças na docência. Em concordância com o exposto

González (2002, p. 244) comenta que proporcionar aos educadores momentos

de encontro nos parece de suma importância, haja vista que a interação com os

colegas de profissão pode auxiliá-los na construção de estratégias de

enfrentamento para as situações que enfrentam no cotidiano escolar. Moita

corrobora: Formar-se pressupõe troca, experiência, interação social,

aprendizagem, um sem fim de relações. Ter acesso ao modo como cada pessoa

se forma é ter em conta a singularidade da sua história e, sobretudo o modo

singular como age, reage e interage com os seus contextos. Um percurso de vida

é assim um percurso de formação, no sentido em que é um processo de

164
formação (MOITA 1992 apud DUEK, 2006, p. 79). Pode-se afirmar, portanto,

que a formação de professores não está somente nos cursos de formação, mas,

sim, no próprio percurso da vida do docente. A formação continuada é

necessária, pois amplia o contato com teorias e informações; porém deve haver

nas escolas encontros, discussões, trocas de experiências acerca do

ensinoaprendizagem do aluno deficiente visual. O professor deve ter atitude,

pois quando se quer fazer algo se busca meios para conseguir, porém quando

não deseja sempre cria desculpas para permanecer no comodismo. Segundo

Taveira (2008) há duas categorias referentes à inclusão: 1) a inclusão

paralisante, que incomoda e paralisa na necessidade do laudo como veredicto.

Este grupo maior de professores se definiu como necessitado de apoio pelo

despreparo, pelo não-saber, pela necessidade de respaldo médico, legal e de

suporte didático em relação ao aluno para poder agir; 2) a inclusão

mobilizadora, que incomoda e que faz agir: o saber-fazer pedagógico que difere

do saber-fazer clínico. Este grupo menor se posiciona como de professores que

enxergaram as pessoas com deficiência a partir do momento em que tiveram

convivência com as mesmas, trazendo maior sensibilidade e um saber- agir, que

é denominado de intuitivo e derivado da experiência. Conforme Bueno (1999

apud BRUNO, 2007), há desafios que a educação inclusiva impõe à formação

de professores: formação adequada no que se refere aos diferentes processos e

procedimentos pedagógicos que envolvem o saber e o saber fazer; formação

que possibilite dar conta das mais diversas diferenças; formação específica

sobre características, necessidades e procedimentos pedagógicos para as


165
diferentes áreas de deficiência. Cada vez mais a sociedade está aderindo aos

princípios inclusivos, embora sob pressão de leis e políticas públicas, as pessoas

com necessidades educacionais especiais vêm adentrando e permanecendo nas

escolas de ensino regular. Para que a alfabetização seja significativa, não deve

se restringir a cursos de capacitação e outros que são oferecidos em diferentes

instâncias educacionais, pois um aluno pode estar integrado em sala de apoio

ou estar na sala regular isolado num processo reclusão. Devese concretizar, no

cotidiano, as conquistas positivas na legislação brasileira em relação às pessoas

com necessidades educacionais especiais, e para isso é indispensável à

capacitação dos professores, principalmente o alfabetizador. A reflexão

individual sobre a prática em sala de aula deve se somar ao conhecimento

científico já existente sobre estratégias de ensino mais dinâmicas, ou seja,

apropriar-se dos saberes e torná-los operacionais.

2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em face do exposto, o presente trabalho não teve a intenção de propor

receitas ou soluções para a questão da alfabetização em Braille, mas refletir

sobre as especificidades. Retrata-se que o período de alfabetização é aquele em

que afloram os mais graves problemas verificados no correr do

desenvolvimento mental da criança.

166
O processo de aprendizagem de uma criança portadora de deficiência

visual requer procedimento e recursos especializados. Para que seu crescimento

global se efetive verdadeiramente, faz-se necessário que lhe sejam oferecidas

muitas oportunidades de experiências e material concreto adequado, pois

inúmeras habilidades devem ser trabalhadas. Contudo, isso apresenta

necessidades específicas e precisa de um atendimento especializado dirigido a

suas especialidades. Seu crescimento efetivo dependerá das oportunidades que

lhe forem dadas, da forma pela qual é vista pela sociedade e da maneira como

se aceita. A partir do trabalho empreendido, foi possível constatar a necessidade

de uma formação consistente do docente que de um modo geral não está

preparado para lidar com os deficientes visuais, pois falta-lhes preparo e

condições básicas para atender a diversidade:

Como Salienta Silva,

Estamos, assim, perante a proposta de uma sociedade que vai além da

formação inicial, para além da formação profissional e mesmo para além da

formação contínua, esta perspectiva como uma atualização de conhecimentos.

É uma educação que se processa durante toda a vida (SILVA 1990, apud

CERQUEIRA 2006). Percebe-se então que o docente só será capaz de

realmente ajudar e partilhar conhecimentos com os deficientes visuais se tiver

conhecimento e identificar as necessidades educacionais especiais. Assim

sendo, é de suma importância que o professor saiba lidar com o aluno com

cegueira, conhecendo seus limites e potenciais. Segundo Ferreira (2005), a

167
inclusão pressupõe a formação contínua de professores, respeitando e

convivendo com as diferenças, buscando estratégias que viabilizem o trabalho

às novas situações que surgem na sala de aula para a construção de uma escola

inclusiva, pois educar uma criança cega não é uma tarefa fácil, o professor

alfabetizador deve ter formação continuada e saber que a criança cega,

desenvolve, constrói e aprende.

168
MÓDULO X - PARALISIA CEREBRAL10

– Aurora: Paula Nadal

O Que É Paralisia Cerebral?

A paralisia cerebral é uma lesão cerebral que acontece, em geral, quando

falta oxigênio no cérebro do bebê durante a gestação, no parto ou até dois anos

após o nascimento - neste caso, pode ser provocada por traumatismos,

envenenamentos ou doenças graves, como sarampo ou meningite.

Dependendo do local do cérebro onde ocorre a lesão e do número de

células atingidas, a paralisia danifica o funcionamento de diferentes partes do

corpo. A principal característica é a espasticidade, um desequilíbrio na

contenção muscular que causa tensão e inclui dificuldades de força e equilíbrio.

Em outras palavras, a lesão provoca alterações no tônus muscular e o

comprometimento da coordenação motora. Em alguns casos, há também

problemas na fala, na visão e na audição.

10
Módulo X – Reprodução total - Paralisia Cerebral – Aurora: Paula Nadal - Disponível em:
https://deficienciaintelectualeaprendizagem.blogspot.com/2013/08/paralisia-cerebral.html
169
Ter uma lesão cerebral não significa, necessariamente, ser acometido de

danos intelectuais, mas em 75% dos casos as crianças com paralisia cerebral

acabam sofrendo comprometimentos cognitivos.

1 - Como Lidar Com A Paralisia Cerebral Na Escola?

Para dar conta das restrições motoras da criança com paralisia cerebral,

vale adaptar os espaços da escola para permitir o acesso de uma cadeira de

rodas, por exemplo. Na sala de aula use canetas e lápis mais grossos, envoltos

em espuma e presos com elástico para facilitar o controle do aluno. Os papeis

são fixados em pranchetas para dar firmeza e as folhas avulsas, nesse caso, são

mais recomendáveis que os cadernos. O professor deve escrever com letras

grandes e pedir para que o aluno com paralisia cerebral sente-se na frente, se

possível, com uma carteira inclinada, que dá mobilidade e facilita a escrita.

Se o aluno apresentar problemas na fala e na audição, providencie uma

prancha de comunicação, para que ele se expresse pela escrita. Caso isso não

seja possível, o professor pode preparar cartões com desenhos ou fotos de

pessoas e objetos significativos para o aluno, como os pais, os colegas, o

professor, o time de futebol, diferentes comidas, o abecedário e palavras- chave,

como "sim", "não", "sede", "banheiro", "entrar", "sair" etc. Assim, para indicar

o que quer ou o que sente, o aluno aponta para as figuras.

170
Em alguns casos, a criança com paralisia cerebral também precisa de um

cuidador que a ajude a ir ao banheiro ou a tomar o lanche. Mas, vale lembrar,

que todos devem estimular a autonomia da criança, respeitando suas

dificuldades e explorando seus potenciais.

171
MÓDULO XI- DEFICIÊNCIA INTELECTUAL11

1 - O QUE É DEFICIÊNCIA INTELECTUAL?

Pessoas com deficiência intelectual ou cognitiva costumam apresentar

dificuldades para resolver problemas, compreender ideias abstratas (como as

metáforas, a noção de tempo e os valores monetários), estabelecer relações

sociais, compreender e obedecer a regras, e realizar atividades cotidianas -

como, por exemplo, as ações de autocuidado.

A capacidade de argumentação desses alunos também pode ser afetada

e precisa ser devidamente estimulada para facilitar o processo de inclusão e

fazer com que a pessoa adquira independência em suas relações com o mundo.

As causas são variadas e complexas, sendo a genética a mais comum,

assim como as complicações perinatais, a má-formação fetal ou problemas

durante a gravidez. A desnutrição severa e o envenenamento por metais pesados

11
Módulo XI – reprodução total - http://cursosavante.com.br/deficiencia-intelectual-o-conceito/
172
durante a infância também podem acarretar problemas graves para o

desenvolvimento intelectual.

O Instituto Inclusão Brasil estima que 87% das crianças brasileiras com

algum tipo de deficiência intelectual têm mais dificuldades na aprendizagem

escolar e na aquisição de novas competências, se comparadas a crianças sem

deficiência. Mesmo assim, é possível que a grande maioria alcance certa

independência ao longo do seu desenvolvimento. Apenas os 13% restantes, com

comprometimentos mais severos, vão depender de atendimento especial por

toda a vida.

2 - COMO LIDAR COM ALUNOS COM DEFICIÊNCIA

INTELECTUAL NA ESCOLA?

Segundo a psicopedagoga especialista em Inclusão, Daniela Alonso, as

limitações impostas pela deficiência dependem muito do desenvolvimento do

indivíduo nas relações sociais e de seus aprendizados, variando bastante de uma

criança para outra.

Em geral, a deficiência intelectual traz mais dificuldades para que a

criança interprete conteúdos abstratos. Isso exige estratégias diferenciadas por

parte do professor, que diversifica os modos de exposição nas aulas,

173
relacionando os conteúdos curriculares a situações do cotidiano, e mostra

exemplos concretos para ilustrar ideias mais complexas.

Para a especialista, o professor é capaz de identificar rapidamente o que


o aluno não é capaz de fazer. O melhor caminho para se trabalhar, no entanto,
é identificar as competências e habilidades que a criança tem. Propor atividades
paralelas com conteúdos mais simples ou diferentes, não caracteriza uma
situação de inclusão.

É preciso redimensionar o conteúdo com relação às formas de exposição,

flexibilizar o tempo para a realização das atividades e usar estratégias

diversificadas, como a ajuda dos colegas de sala - o que também contribui para

a integração e para a socialização do aluno.

Em sala, também é importante a mediação do adulto no que diz respeito

à organização da rotina. Falar para o aluno com deficiência intelectual,

previamente, o que será necessário para realizar determinada tarefa e quais

etapas devem ser seguidas é fundamental.

174
MÓDULO XII - DEFICIÊNCIA FÍSICA12

Autor: Ricardo Ampudia

1 - O Que É Deficiência Física?

São complicações que levam à limitação da mobilidade e da coordenação

geral, podendo também afetar a fala, em diferentes graus. As causas são

variadas - desde lesões neurológicas e neuromusculares até má-formação

congênita - ou condições adquiridas, como hidrocefalia (acúmulo de líquido na

caixa craniana) ou paralisia cerebral.

As crianças com deficiência física, em geral, têm dificuldades para

escrever, em função do comprometimento da coordenação motora. O

aprendizado pode se tornar um pouco lento, mas, exceto nos casos de lesão

cerebral grave, a linguagem é adquirida sem grandes empecilhos.

Os principais tipos de deficiência física, segundo o Decreto nº 3.298 de

20 de dezembro de 1999, são: paraplegia, perda total das funções motoras dos

membros inferiores; tetraplegias, perda total da função motora dos quatro

12
Módulo XII – reprodução total - O que é deficiência física? – Autor: Ricardo Ampudia -
Disponível em; https://novaescola.org.br/conteudo/269/o-que-e-deficiencia-fisica
175
membros e hemiplegia, perda total das funções motoras de um hemisfério do

corpo. Ainda são consideradas as amputações, os casos de paralisia cerebral e

as ostomias (aberturas abdominais para uso de sondas).

Dependendo da área do cérebro afetada, a pessoa com deficiência física

pode apresentar, também, dificuldades na aquisição da linguagem, na leitura,

na escrita, na percepção espacial e no reconhecimento do próprio corpo.

2 - Como Lidar Com A Deficiência Física Na Escola?

Adequar a estrutura do prédio da escola é primordial para receber alunos

com deficiência física. Rampas, elevadores (quando necessário), corrimões e

banheiros adaptados atendem às crianças com diferentes dificuldades de

locomoção.

Os padrões ideais para acessibilidade em prédios e edificações são

definidos pelo documento da Associação Brasileira de Normas Técnicas "NBR

9050 - Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos

urbanos".

Para facilitar a mobilidade dos alunos nas atividades desenvolvidas em

sala, pode-se utilizar tecnologias assistivas ou aumentativas, como

engrossadores de lápis, apoios para os braços, tesouras adaptadas e quadros

magnéticos. Respeite o tempo de aprendizagem desses alunos, que podem

176
demorar mais para executar determinadas tarefas, e conte sempre com a ajuda

do Atendimento Educacional Especializado (AEE).

Alguns alunos com deficiência física podem requerer cuidados especiais

na hora de ir ao banheiro, necessitando de um acompanhante. Nos casos de

hidrocefalia, é preciso que o professor observe o aparecimento de sintomas

como vômitos e dores de cabeça, que podem significar problemas com a válvula

implantada na cabeça da criança para conter o acúmulo de líquido.

177
MÓDULO XIII – SURDO-CEGUEIRA13

O QUE É SURDO-CEGUEIRA?

A pessoa surdo-cega é "aquela que tem uma perda substancial da visão

e da audição, de tal forma que a combinação das duas deficiências cause

extrema dificuldade na conquista de metas educacionais, vocacionais, de lazer

e sociais", como consta nos documentos da I Conferência Mundial Helen Keller

sobre Serviços para os Surdo-cegos Jovens e Adultos.

Segundo informações do Instituto Benjamim Constant, do Rio de

Janeiro, o comprometimento simultâneo de ambos os sentidos varia de pessoa

para pessoa. Alguns surdocegos têm audição residual e até a fala, nos casos em

que a surdez evoluiu depois de o indivíduo já ter adquirido a linguagem oral (os

chamados "pós-simbólicos").

Os casos mais graves são os "pré-simbólicos", de surdo-cegueira

congênita ou adquirida antes da aquisição da linguagem. Estes, sem dúvida,

13
Reprodução total módulo XIII - O que é surdo – cegueira – Por: Ricardo Ampudia – Disponível
em: https://novaescola.org.br/conteudo/1923/o-que-e-surdo-cegueira
178
precisam de mais atenção para desenvolver formas alternativas de

comunicação.

2 - COMO LIDAR COM A SURDO-CEGUEIRA NA ESCOLA?

Para a psicopedagoga especialista em Educação Inclusiva, Daniela

Alonso, crianças com surdo-cegueira costumam apresentar problemas na

comunicação e na mobilidade. Podem, também, demonstrar reações de

isolamento ou ser hiperativas. Por isso, contar com o atendimento educacional

especializado (AEE) é primordial para a inclusão, para melhorar da qualidade

de vida da pessoa surdo-cega e para a orientação dos educadores. É importante

lembrar que cada caso é único e cada criança precisa ser estimulada com base

em suas habilidades, respeitando-se os tempos de aprendizagem de cada um.

O documento do Ministério da Educação, "Saberes e práticas da

inclusão. Dificuldades de comunicação e sinalização: surdo-cegueira e múltipla

deficiência sensorial", diz que o desenvolvimento da comunicação dos alunos

surdo-cegos exige atendimento especializado, com estimulação específica e

individualizada. Vale lembrar que, quanto mais precoces forem os estímulos,

maiores são as chances de a criança adquirir comportamentos sociais adequados

e usar os sentidos remanescentes com o melhor aproveitamento possível.

179
A grande dificuldade das crianças surdo-cegas está, justamente, em

desenvolver um modo de aprendizado que compense a desvantagem visual e

auditiva e permita o relacionamento com o mundo. Por isso, explorar as

potencialidades dos sentidos remanescentes (tato, paladar e olfato) é essencial

para a orientação e a percepção, tanto na escola, quanto fora dela. Tornar a

escola um espaço fisicamente acessível para essas crianças mais um passo

imprescindível para acolhê-las adequadamente.

Uma das alternativas de comunicação para os surdo-cegos pós-

simbólicos consiste no sistema Tadoma, também conhecido como "Braille

Tátil". Nessa técnica a pessoa utiliza as mãos para sentir os movimentos da

boca, do maxilar e a vibração da garganta do falante, e assim consegue

interpretar o que é dito.

Para os surdo-cegos pré-simbólicos, o uso do tato também é

fundamental. Antecipar algumas sensações e permitir que sintam a forma dos

objetos, associando-os a funções correlatas - a escova de dente indica um

momento de higiene ou a colher anuncia que uma refeição será servida, por

exemplo - facilita a orientação e propicia um conforto maior para a criança.

180
MÓDULO XIV - SÍNDROME DE WILLIAMS14

1 - O QUE É A SÍNDROME DE WILLIAMS?

Síndrome de Williams é uma desordem no cromossomo 7 que atinge

crianças de ambos os sexos. Desde o primeiro ano de vida, essas crianças

costumam irritar-se com facilidade - boa parte tem hipersensibilidade auditiva

- e demonstram dificuldades para se alimentar.

Problemas motores e falta de equilíbrio também são comuns - demora

para começar a andar, incapacidade para cortar papel, amarrar os sapatos ou

andar de bicicleta, por exemplo. Por outro lado, há um grande interesse por

música, boa memória auditiva e muita facilidade na comunicação. Pessoas com

essa síndrome sorriem com frequência, utilizam gestos e mantêm o contato

visual para comunicar-se.

Problemas cardíacos, renais e otites frequentes costumam acometer

crianças com essa síndrome. Por isso, é importante manter um

14
Reprodução total módulo XIV - O que é a Síndrome de Williams? - autora: Paula Nadal -
Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/1914/o-que-e-a-sindrome-de-williams -
181
acompanhamento clínico para evitar o agravamento de doenças decorrentes. Na

adolescência, escolioses também podem aparecer.

2 - SÍNDROME DE WILLIANS

A famosa Síndrome de Williams ou Beuren foi descrita pela primeira

vez em 1961 pelo cardiologista neozelandês John Williams. Este médico

verificou que um grupo de pacientes da pediatria apresentava um grupo de

sintomas semelhantes, tais como: problemas cardiovasculares, rostos com

características semelhantes (aparência facial "elfica" bastante distinta), atraso

mental, dificuldade na leitura, na escrita e na aritmética (apesar de apresentar

facilidade com Línguas) e um gosto exacerbado por música, entre outros menos

comuns.

Esta síndrome partilha algumas características com o autismo, apesar das

crianças que a apresentam possuírem uma facilidade de relacionamento

interpessoal acima da média, ou seja, são excepcionalmente simpáticas (por

exemplo, ouvindo o nome de uma pessoa apenas uma vez, passam a chamá-la

pelo nome, mesmo que só a encontrem novamente meses depois).

182
3 - HISTÓRIA

Esta síndrome foi descrita pela primeira vez em 1961 pelo Dr. JCP

Williams, um cardiologista da Nova Zelândia que relatou um quadro clínico

complexo, cujos sintomas mais proeminentes consistiram em um atraso geral

no desenvolvimento mental , uma expressão característica do rosto e um defeito

de nascença, conhecido como estenose supravalvar aórtica (ESA) e constituído

por um estreitamento da aorta perto do coração.

Paralelamente, o professor Beuren, especialista em pediatria da cidade

alemã de Gottingen, relataram vários casos de ESA, que apresentaram um

sintoma semelhante ao descrito pelo Dr. Williams. Mais tarde, em 1964, o

professor Beuren mostrou que, nessas imagens clínicas, há também

estreitamento freqüente das artérias pulmonares (amigdalite pulmonar

periférica ou SP). A imagem descrita por ambos os cientistas é conhecida na

Europa às vezes como síndrome de Beuren ou síndrome de Williams-Beuren,

embora seja cada vez mais conhecida simplesmente como síndrome de

Williams.

4 - CAUSA

É uma desordem de origem genética , não hereditária, que é apresentada

de acordo com estimativas em um em cada 20.000 nascidos vivos, que afeta


183
igualmente homens e mulheres e não tem preferência étnica. A síndrome de

Williams é causada pela falta de cerca de 21 genes no cromossoma 7, incluindo

o gene para a produção de elastina. A incapacidade de produzir esta proteína é

provavelmente a raiz do problema cardiovascular desta síndrome e também

pode ser responsável pelas diferenças no desenvolvimento do cérebro.

5 - SINAIS E SINTOMAS

A causa da síndrome de Williams é uma perda de parte do material

genético na banda 7q11.23. de um dos dois cromossomos 7 do DNA ,

proveniente do pai ou da mãe. É uma perda submicroscópica, o que significa

que não é bem apreciado quando visto sob um microscópio .

A alteração tem sua origem antes da formação do embrião , tanto no

óvulo quanto no esperma , depois de ter sofrido uma perda de genes no

cromossomo 7 durante sua formação por divisão celular ou meiose . Portanto,

na medida do conhecimento, não é hereditário.

O número de genes perdidos ainda não foi determinado, mas estima-se

que ele varie entre 20 e 30 dos 80,000 que existem. A perda desses genes pode

fazer com que as funções de direção não sejam realizadas normalmente. No

entanto, nem todas as funções dos genes ausentes são anômalas, pois existe

outro cromossomo completo no par 7.

184
Resta muito saber sobre o substrato genético da síndrome de Williams,

no entanto, sabese que um dos genes ausentes é aquele que produz elastina ,

uma proteína que dá elasticidade aos vasos sanguíneos e outros tecidos do

corpo. A perda desse gene é prejudicial, pois parece que é necessário ter ambas

as cópias para a produção de elastina em quantidades adequadas.

A redução no fornecimento de elastina pode ser responsável por várias

patologias derivadas da síndrome de Williams, como estenose aórtica supra

valvular (ESVA) e hérnias , bem como a aparência prematura de rugas. No

entanto, alterações cognitivas ou comportamentais derivam da ausência de

outros genes, como WSTF 2 e FKBP6 , 3 responsáveis pela codificação de

proteínas ativas no cérebro que podem influenciar o desenvolvimento e as

funções do cérebro.

Os Sintomas Incluem:

• Baixo peso ao nascer;

• Dificuldade na alimentação na infância;

• Hipotonia (pouco tônus muscular);

• Problemas cardiovasculares (vasos sanguíneos estreitos);

• Cólicas, refluxo e vômito nos primeiros meses;

• Atrasos no desenvolvimento cognitivo leve ou moderado;

185
• Personalidade extremamente sociável e inocente;

• Menor tamanho do que o esperado para a idade;

• Baixo timbre de voz;

• Hipercalcemia (excesso de cálcio no sangue);

• Hiperacúsia (sensibilidade a sons);

• Problemas dentários (dentes espaçados);

• Tendência a problemas renais;

• Traços faciais característicos.

Não costumam ter medo de desconhecidos, nem dificuldade para chamar

atenção e se socializar, tendem a ser muito gentis e carinhosos, confiando

excessivamente em qualquer adulto. Ao mesmo tempo tendem a ser muito

ansiosos e sofrer muito com pressão social e facilmente distraídos.

6 - DIAGNÓSTICO

O diagnóstico no recém-nascido é difícil a não ser quando se verificam

elevados níveis de cálcio, já que as manifestações como a "face característica",

o aspecto da íris, o estrabismo, os lábios grossos e o sulco naso-labial só se

tornam mais evidentes em idades mais avançadas.

186
De acordo com a Williams Syndrome Association, o diagnóstico de

síndrome de Williams começa com o reconhecimento de sintomas físicos e

marcadores, que é seguido por um teste genético de confirmação. Os sinais

físicos que indicam muitas vezes um caso suspeito de síndrome de Williams

incluem inchaço ao redor dos olhos, um filtro longo, e um padrão estrelado na

íris. Os sintomas fisiológicos que frequentemente contribuem para um

diagnóstico síndrome de Williams são problemas cardiovasculares,

especialmente estenose aórtica ou pulmonar, bem como a alimentação de

perturbação em lactentes.

Atrasos no desenvolvimento são muitas vezes tomadas como um sinal

inicial da doença. Se o médico suspeitar de um caso de síndrome de Williams,

o diagnóstico é confirmado através de um dos dois possíveis testes genéticos:

análise micro-array ou a hibridização fluorescente in situ (FISH) de teste. O

teste FISH examina cromossomo nº 7 e sondas para a existência de duas cópias

do gene da elastina. Uma vez que 98-99% dos indivíduos com síndrome de

Williams falta metade da região do cromossoma 7q11.23 # 7, onde está

localizado o gene elastina, a presença de apenas uma cópia do gene é um forte

sinal da desordem.

Este teste genético confirmação foi validado em estudos

epidemiológicos da doença, e tem demonstrado ser um método mais eficaz de

identificar a síndrome de Williams do que os métodos anteriores, que muitas

187
vezes contou com a presença de problemas cardiovasculares e as características

faciais (que, apesar de comum, nem sempre estão presentes).

Prevalência

Ocorre entre 1 em cada 10 000 a 1 em cada 30 000 nascidos vivos sendo

tão comum em meninos quanto em meninas.

7 - IMAGEM CLINICA

Os sintomas da síndrome são um conjunto de patologias médicas

específicas, distúrbios psicológicos e sinais externos, que se manifestam

durante o desenvolvimento do indivíduo, geralmente não antes de 2 ou 3 anos

de vida do mesmo, e que nem sempre se juntam todos juntos na mesma pessoa.

Sintomas semelhantes aos da depressão também são geralmente presentes: falta

de interesse nas coisas e na solidão.

Patologias

Os problemas cardiovasculares são comuns, como a estenose aórtica

supravalvular e a hipercalcemia transitória.

Desenvolvimento Mental

Normalmente, há algum tipo de atraso mental .

188
Desenvolvimento De Linguagem

Dificuldades no desenvolvimento de linguagem expressiva e

compreensão. O idioma é adquirido com atraso em relação à idade de referência

cronológica para a aquisição de certos marcos e não sem dificuldades de

compreensão e articulação.

Conduta

Um comportamento incomumente alegre e calmo pode ser apresentado

a estranhos, juntamente com explosões imprevisíveis de mau humor ou

desconforto.

Percepção Emocional

Facilidade de compreensão do estado mental de seus interlocutores (

empatia ). Este aspecto foi colocado em relação ao autismo . No entanto, as

pessoas com síndrome de Williams geralmente têm habilidades sociais muito

boas. Na verdade Temple Grandin , autor de Pensar com imagens: minha vida

com autismo , afirmou que anormalidades no cérebro de pessoas que sofrem de

síndrome são contrários aos do autismo.

Percepção Espacial

Incapacidade na visualização de como partes diferentes podem ser

unidas para criar objetos maiores, por exemplo, a união das peças de um quebra-

cabeça. Uma equipe de pesquisadores do Instituto Nacional de Saúde Mental

usou a ressonância magnética nuclear para observar o fluxo sanguíneo do

189
cérebro em vários indivíduos submetidos a duas tarefas envolvendo relações

espaciais. As pessoas com síndrome de Williams apresentaram menor atividade

na seção do cérebro associada a relações espaciais do que as pessoas sem

síndrome. Isso indica um déficit de dispersão no tecido no sistema visual do

cérebro, que percebe as relações espaciais. Esse déficit obstrui parte da

transmissão de informações visuais. Outro experimento documentou que

pessoas com síndrome de Williams, quando mostrava uma imagem,

desenhavam pequenos detalhes, mas não o todo. Desta forma, pode-se

generalizar que pacientes com síndrome de Williams "possam ver as árvores,

mas não a floresta".

Lefty

Tendência ao zurdismo e ao uso do olho esquerdo.

Musicalidade

As pessoas que têm a síndrome tendem a ter paixão pela música e há

mais casos de audição absoluta nelas .

Fisiognomacia

As pessoas com síndrome geralmente têm uma aparência facial chamada

elven , alongamento dos traços, baixa ponte nasal e uma distância muito afiada

entre o nariz e a boca.

190
8 - DOENÇAS ASSOCIADAS

• Oftalmológico :

• Estrabismo ;• Hipermetropia ;

• Miopia .

• Vascular :

• Sopro cardíaco ;

• Estenose de vários tipos:

• Estenose aórtica supra valvular;

• Estenose aórtica;

• Estenose das artérias pulmonares ou supra aórticas;

• Estenose múltipla nas artérias pulmonares periféricas;

• Estenose pulmonar;

• Estenose da artéria renal.

• Defeito do septo ventricular (VSD);

• Defeito do septo atrial (ADS);

• Hipertensão .

• Renal

191
• Incontinência urinária ;

• Enurese ;

• Nefrocalcinose .

• Problemas No Sangue

• Hipercalcemia .

• Digestivo

• Constipação crônica

9 - DIAGNÓSTICO

O atraso maturacional, a presença de um distúrbio circulatório, falha

escolar ou aparência facial são alguns dos indicadores da síndrome, que quando

detectados por pediatras, cardiologistas infantis ou neurologistas, fazem com

que o paciente seja encaminhado ao geneticista, quem ele o diagnostica.

Atualmente, é possível confirmar o diagnóstico por métodos

moleculares em mais de 95% dos casos. O critério seguido para o diagnóstico

molecular da síndrome de Williams é a detecção da supressão da chamada

região crítica da síndrome de Williams Beuren (WBCSR) que engloba o gene

de elastina (ELN). 99% dos indivíduos com diagnóstico clínico de síndrome de

Williams apresentam uma deleção tal, que pode ser detectada usando técnicas

FISH ou análise de mutação específica.


192
Fish

O método de diagnóstico mais utilizado, embora não seja o único

possível, é denominado FISH ( In Situ Fluorescent Hybridization ). Este teste

consiste em aplicar um reagente na região do cromossomo 7q11.23, a partir de

um pedaço de DNA obtido a partir de uma célula do indivíduo, normalmente

do sangue. A fluorescência aparece quando algum gene do par de cromossomos

7 não está duplicado.

Análise De Mutação Específica

Dentro deste grupo estão incluídos vários métodos não-FISH utilizados

para a detecção de exclusões na região WBSCR:

Pcr Quantitativa Em Tempo Real .

O PCR quantitativo em tempo real é usado para determinar a dose (o

número de cópias) de três genes que são encontrados na região WBSCR: ELN,

LIMK e GTF2I. A descoberta de uma única cópia de uma região de gene indica

a presença de uma supressão da região WBSCR.

Análise De Microarray

O uso de matrizes comercialmente disponíveis com base na hibridação

genômica comparativa detecta mudanças no número de cópias na remoção da

região WBSCR.

Teste Heterozigótico

193
As repetições pequenas em tandem (STRs) são testadas cobrindo a

região WBSCR. A descoberta de dois tamanhos diferentes de STR

(heterozigosidade) em todos os marcadores indica que não há exclusão

presente. Em contraste, a descoberta de um único tamanho de STR para todos

os marcadores pode indicar a homozigose para todos os marcadores ou a

presença de uma possível eliminação. Um PCR quantitativo pode ser realizado

para determinar se há realmente uma exclusão. A análise STR é realizada

principalmente para determinar o tamanho das deleções. Um diagnóstico

preciso e precoce é essencial para evitar etapas desnecessárias e para planejar o

melhor acompanhamento e medidas de tratamento.

10 - TRATAMENTO

Como é um distúrbio genético, não há cura para a síndrome de Williams,

mas as mudanças de saúde, desenvolvimento e comportamentais que ocorrem

em cada caso particular são tratadas.

Cada um desses distúrbios deve ser atendido corretamente pelo

especialista correspondente: estimulador inicial, psicomotricos,

neuropsicologista, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, psicólogo, psicopedagoga,

musicoterapeuta, etc. O mais importante é um diagnóstico precoce que

imediatamente permite apoio terapêutico inicial adequado, através de

programas de educação especial individualizados.

194
Através da terapia de desenvolvimento, terapia de linguagem 6 e terapia

ocupacional, o objetivo real e realizável é a integração social e trabalhista dessas

pessoas quando se tornam adultos.

11 - PRECAUÇÕES

• Os tratamentos devem ser coordenados por um geneticista com

experiência na síndrome de Williams.

• Deve ser levado em consideração que cada vez que uma pessoa

com síndrome de Williams requer sedação ou anestesia geral para qualquer

cirurgia ou procedimento de diagnóstico, uma avaliação prévia completa deve

ser realizada, uma vez que a literatura médica refere vários casos de efeitos

adversos.

• Se houver níveis elevados de cálcio no sangue, os suplementos de

cálcio e vitamina D devem ser evitados .

• Crianças com síndrome de Williams, ao atingir a idade escolar,

recomenda-se que entrem em uma escola de educação normal, porque tendem

a imitar e isso é favorável para elas devido à deficiência em seu intelecto.

• Eles são crianças muito sociáveis e os pais devem ter muito

cuidado, porque tendem a se socializar com freqüência com pessoas mais

195
velhas, independentemente de serem desconhecidas, sua inibição é mínima e,

portanto, é preferível ser cauteloso.

13 - Como Lidar Com A Síndrome De Williams Na Escola?

A sociabilidade não é um problema para crianças com Síndrome de

Williams. Mas é preciso tomar cuidado com a ansiedade desses alunos.

Geralmente eles se preocupam demais com determinados assuntos. Conte com

o apoio do Atendimento Educacional Especializado (AEE) e respeite o tempo

de aprendizagem de cada um. Atividades com música atraem a atenção dessas

crianças, tanto pela sensibilidade auditiva, quanto pela boa memória. Também

é comum que crianças com síndrome de Williams procurem fazer amizades

com adultos e não se aproximem tanto das crianças da mesma idade. Estimular

o contato do aluno com os colegas, portanto, é fundamental para o

desenvolvimento escolar.

Lidar com um portador desta síndrome, em sala de aula, requer

conhecimento do professor em relação a ela; a fim de que este seja assistido de

acordo com sua capacidade e necessidades, e também sem prejudicar os outros

colegas.

Atividades em duplas, sempre que possível, devem ser utilizadas, já que

os portadores de SW são bastante sociáveis, mas nem sempre são aceitos com

196
facilidade pelos colegas. Esta é uma forma, inclusive, de reforçar que estes

alunos, apesar de possuírem algumas dificuldades específicas, em diversos

outros aspectos têm capacidade de desenvolver atividades tais como outros

colegas de sua faixa etária.

Quanto a estas dificuldades, a substituição de alguns objetos por outros

e adoção de estratégias diferenciadas podem fazer muita diferença no resultado

final do processo de aprendizagem do aluno. No caso da dificuldade motora,

reduzir o uso de “lápis e caneta” adotando, por exemplo, o computador como

ferramenta de trabalho e, quando não for possível, lápis e canetas mais grossos

podem ser de grande valia.

A utilização da sensibilidade (e memória) auditiva a favor do

aprendizado destes alunos também é uma medida interessante. Os de séries

iniciais, por exemplo, podem ser estimulados a fazer leituras em voz alta; e os

de séries mais adiantadas, apresentar trabalhos criando paródias, ou mesmo

música. Utilizar em aula músicas cujas letras tenham relação com o conteúdo

estudado também é uma boa estratégia.

Além disso, materiais gráficos, como fotografias, vídeos e ilustrações,

também são excelentes formas de abordagem, já que os portadores da SW se

sentem motivados a trabalhar com este tipo de material, que pode também ser

ferramenta eficaz no ensino da Matemática.

No que se diz respeito ao falar ou perguntar repetidamente sobre o

mesmo assunto, pode ser interessante que ignore a repetição a partir da segunda
197
vez em que esta for feita, ou que se mude o assunto. Outra forma de lidar com

este comportamento é pedir para que o próprio aluno repita a resposta dada a

ele anteriormente, para que perceba que não existe necessidade da pergunta ser

feita novamente.

198
MÓDULO XV – O USO DA INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO
INFANTIL15

1 – RESUMO

O uso da informática na educação infantil possibilita que a criança

adquira conhecimentos de forma divertida, por meio de brincadeiras. Este

trabalho objetivou relatar a experiência na aplicação do curso “Informática para

Crianças”, parte de um Projeto de Extensão Universitária da Faculdade de

Odontologia de Araraquara - UNESP. Esse curso é oferecido para crianças de

5 a 7 anos e tem por objetivo não só propiciar às crianças, via computador, um

aprendizado e um contato direto com novas tecnologias de ensino, como

também promover o desenvolvimento motor e o raciocínio lógico por meio de

brincadeiras educativas. As crianças participantes do curso são oriundas do

Centro de Convivência Infantil Casinha de Abelha, pertencente ao Câmpus de

Araraquara –UNESP, e da Rede Municipal de Ensino de Araraquara - Centros

de Educação e Recreação. Os recursos utilizados para o ensino da informática

15
Módulo XV – reprodução total – Autoria a creditar
199
neste curso são os jogos educativos da Divertire, da linha Coelho Sabido –

Maternal e a Estrela Cintilante e da Editora Vale das Letras – Festa dos

Dentinhos. O aprendizado das crianças e o nível de dificuldade em utilizar a

ferramenta computador são avaliados. Conclui-se que o curso apresentado tem

contribuído para a inclusão digital das crianças na faixa etária de 5 a 7 anos,

além de exercitar a sua percepção visual e auditiva, sua coordenação motora e

memorização, desenvolvendo habilidades essenciais ao seu processo de

alfabetização.

2 - INTRODUÇÃO

O desenvolvimento tecnológico da informação e da comunicação

provocou mudanças nos conceitos, relações e formas de agir e estar em

sociedade (CARNEIRO, 2002). A disponibilização dos computadores no

mercado consumidor promoveu um profundo impacto na sociedade em seus

diversos setores, modificando a forma pela qual os negócios são feitos, os

assuntos financeiros são tratados, a proteção e segurança dos indivíduos são

dirigidas, entre outros aspectos (FIDALGO NETO et al., 2009). Desta forma,

considerando-se que o computador veio como uma ferramenta inovadora e

facilitadora, sua utilização como instrumento de aprendizagem e sua ação no

meio social é uma realidade da qual não se pode fugir (FIDALGO NETO et al.,

2009; KOLIKANT, 2009). Tendo em vista que o computador encontra-se


200
inserido direta ou indiretamente no cotidiano das pessoas como um instrumento

quase obrigatório em diversos setores da sociedade, Figueiredo e Bittencourt

(2005) salientam que sua utilização na educação faz parte de um processo

natural do avanço da ciência.

de um processo natural do avanço da ciência. De acordo com Geller e

Enricone (2009), o computador tornou-se um elemento para expansão do

conhecimento humano com grande flexibilidade de adaptação ao ritmo de

aprendizagem do indivíduo. Mattei e Rausch (2008) também enfatizam que

essa ferramenta pode potencializar mudanças no processo de

ensino/aprendizagem com resultados promissores, possibilitando a criação de

várias experiências de aprendizagem. A introdução da informática na educação

e sua grande acessibilidade requerem que também a população infantil tenha

acesso a essa tecnologia (CHUANG; CHEN, 2009; GALLO, 2002). A

informática direcionada às crianças pode auxiliar no seu processo educativo

(OLIVEIRA, 2006) por possibilitar que a criança aprenda “brincando”,

construindo seu próprio conhecimento, desenvolvendo competências e

habilidades como agir com autonomia, pensar, criar, aprender e pesquisar

(MATTEI; RAUSCH, 2008; TÜZÜN et al., 2009).

De acordo com Tüzün et al., (2009), o uso do computador pelas crianças

contribui

201
para o aceleramento de seu desenvolvimento cognitivo e intelectual

ajudando-as em suas habilidades de inventar e de encontrar soluções para

problemas com os quais se defrontam. Além

disso, esse recurso acrescenta uma tal dimensão motivacional que tarefas

que poderiam ser vistas pelas crianças como cansativas são realizadas com

interesse graças a seu nível de complexidade e realismo. Portanto, é de suma

importância o desenvolvimento de estratégias que promovam a inclusão dessa

população nessa nova tecnologia. Contudo, antes de utilizar o computador

como ferramenta de aprendizagem, a criança precisa aprender como se dá o seu

funcionamento.

3 - OBJETIVO

O presente trabalho tem como objetivo relatar a experiência de um

Projeto de Extensão Universitária da Faculdade de Odontologia de Araraquara

– UNESP intitulado “Informática para Crianças”, desenvolvido para incluir

crianças de 5 a 7 anos no mundo digital por meio do aprendizado da ferramenta

computador desde a primeira infância.

Metodologia

202
O Projeto de Extensão Universitária da Faculdade de Odontologia de

Araraquara UNESP “Informática para Crianças” se baseia na aplicação de um

curso de informática voltado para crianças da faixa etária de 5 a 7 anos, de

ambos os sexos. O objetivo de selecionar esta faixa etária foi promover a

inclusão digital de crianças desde a primeira infância. O curso atende crianças

oriundas do Centro de Convivência Infantil (CCI) Casinha de Abelha

pertencente ao Câmpus de Araraquara – UNESP e da Rede Municipal de Ensino

de Araraquara - Centros de Educação e Recreação (CERs). De forma geral, são

atendidas, em média, 12 crianças do CCI e 64 crianças dos CERs ao ano.

As aulas na sua totalidade são práticas e ministradas pela Professora da

Disciplina de Informática em Odontologia da Faculdade de Odontologia de

Araraquara – UNESP auxiliada por uma aluna do curso de graduação em

Odontologia que possui uma Bolsa de Apoio Acadêmico e Extensão II

financiada pela PROEX (Pro-Reitoria de Extensão da UNESP) e por outros

docentes e alunos do mesmo curso, que atuam na qualidade de voluntários.

As aulas com frequência quinzenal e duração de uma hora, são

oferecidas no Laboratório Didático de Informática - LDI da Faculdade de

Odontologia de Araraquara –UNESP para as crianças do CCI e para as crianças

dos CERs nas próprias escolas. Cabe esclarecer que todos os ambientes

possuem computadores disponíveis que suportam os sistemas utilizados pelo

curso.

203
mas utilizados pelo curso. Antes do início do curso aplica-se um

questionário composto por perguntas abertas e fechadas a ser respondido pelos

responsáveis das crianças. Utiliza-se esse questionário com o objetivo de obter

de informações sobre o contato das crianças com tecnologias de comunicação

de forma a direcionar o curso à realidade do seu público alvo. No decorrer do

curso, todas as aulas iniciam-se com uma ginástica com o objetivo de ensinar

às crianças a importância de se realizarem alongamentos previamente ao uso do

computador. Além dela, realiza-se também uma brincadeira educativa, que

ocorre antes do desenvolvimento das atividades destinadas para aquele dia. No

final de cada aula, as crianças recebem um desenho relacionado com os assuntos

abordados para realizar a atividade de pintar no seu ambiente escolar.

A filosofia de trabalho da equipe é de que brincadeira é assunto sério e

contribui para o processo de socialização das crianças, trazendo benefícios para

a aprendizagem e o desenvolvimento da capacidade de trabalhar em conjunto.

Por isso, como sistema educativo utilizaram-se os jogos da série Coelho Sabido

- Maternal e A Estrela Cintilante (Divertire) e o Festa dos Dentinhos (Vale das

Letras). No Coelho Sabido Maternal, as crianças trabalham habilidades básicas

e necessárias para seu desenvolvimento, em um ambiente colorido, repleto de

canções e nove atividades lúdicas. Este jogo foi projetado para que a criança

adquira segurança ao ser introduzida no uso do computador concentrando-se

nas tarefas. O jogo exercita a percepção visual e auditiva, a coordenação motora

e a memorização, além de desenvolver habilidades essenciais ao processo de

204
alfabetização, como identificação de cores, contagem de números,

reconhecimento de letras, formas e sons (COELHO..., 2010b).

No Coelho Sabido A Estrela Cintilante, um navio pirata bate no Monte

Brilhante, perdendo as estrelas e fazendo com que o céu fique sem brilho. Cabe

ao Coelho Sabido e ao Leão

Léo a responsabilidade de irem até a Cidade Cintilante, local onde fica o

Monte Brilhante, tentar devolver as estrelas ao céu. Para cumprir essa missão,

a criança precisa ajudar os dois personagens a coletar cinco pedras amarelas,

colocá-las no Monte Brilhante e fazer com que ele volte a funcionar, enviando

as estrelas para o céu. Para isso eles deverão cumprir cinco tarefas: unir todos

os filhotes de insetos com as respectivas mães; auxiliar a pintora Francis a pintar

as flores seguindo as orientações dadas por ela; identificar o nome de vários

objetos que descem pelo rio em uma jangada, colocar o número exato de

“Brilhonautas” dentro do foguete para que ele decole; observar a pedra que é

exibida em um vagão e mirar em outra pedra que está na parede mas com o

mesmo desenho. Após realizar essas cinco tarefas, a criança vai até o Monte

Brilhante para cumprir a última atividade , a Dança do Terremoto, na qual ela

pode soltar a criatividade e criar uma seqüência de sons e passos para que o

Coelho Sabido e o Leão Léo mostrem que também são bons de dança. Esse jogo

trabalha conceitos de números, quantidades e aritmética simples, desenvolve

habilidades linguísticas por meio de reconhecimento de letras, construção de

205
vocabulário e associação de letras com sons, proporciona o desenvolvimento da

criatividade com criação de sequências de danças e pintura e ensina formas,

tamanhos, cores, padrões, associações e classificação (COELHO..., 2010a).

O jogo Festa dos Dentinhos, por meio de quebra-cabeças, jogo dos sete

erros, jogo da memória e desenhos para imprimir e pintar, fornece muitas

informações sobre os cuidados que as crianças devem ter com seus dentes para

sempre manterem uma boca saudável e um sorriso Os jogos selecionados além

de todas as vantagens acima mencionadas permitem que as crianças participem

de várias atividades interativas com nível de dificuldade adaptável ao seu

desempenho. Além disso, esses jogos têm como função auxiliar a criança a se

familiarizar com o computador, exercitar a sua percepção visual e auditiva, sua

coordenação motora e memorização, desenvolvendo habilidades essenciais ao

seu processo de alfabetização, como identificação de cores e reconhecimento

de números e letras do alfabeto.

Vale ressaltar que, em todas as aulas e com a devida autorização dos

pais, as atividades das crianças são fotografadas e filmadas para que ao final do

curso seja confeccionado um filme,

doado posteriormente às instituições das quais as crianças fazem parte,

sobre o aprendizado das crianças no computador. No primeiro dia de aula, as

crianças do CCI são recebidas pela equipe responsável pelo curso no saguão da

Faculdade de Odontologia de Araraquara - UNESP e são encaminhadas para o


206
LDI da mesma instituição. Já as crianças do CERs recebem a equipe em sua

escola. Neste dia, um voluntário vestido com a fantasia do personagem Coelho

Sabido dá boas vindas às crianças (Figura 1), distribui o crachá de identificação

a cada criança (Figura 2), entrega uma camiseta contendo o logotipo do curso

(Figura 3) e um kit de trabalho contendo uma pasta de elástico, uma borracha,

um lápis preto, uma caixa de lápis de cor e um apontador (Figura 4). Em

seguida, a professora responsável pelo curso explica às crianças como será

jogo, caminhar pelas telas e atenção nas informações da tela). Essa

avaliação permite que a equipe responsável pelo curso observe o

aproveitamento das crianças, direcionando possíveis mudanças no seu

desenvolvimento, quando necessárias.

Na última aula do curso, os personagens do Coelho Sabido, do Leão Léo

e da Ratinha Rita aparecem para se despedir das crianças. O Coelho Sabido

entrega para cada criança um certificado de participação no curso, um de

utilização do Jogo Coelho Sabido e um presente, confeccionado pela própria

equipe (Figura 8).

207
4 - RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como, nos dias atuais, trabalha-se com crianças que nasceram na era

digital (TANCARA et al., 2010), um curso de informática dirigido para essa

população não pode se basear apenas em mostrar a forma de funcionamento dos

componentes do computador como o mouse, o monitor ou a CPU (AULA...,

2011). Para que esse curso seja bem sucedido, deve-se fazer com que as crianças

compartilhem informações entre elas, uma vez que elas tendem a prestar mais

atenção na informação do amigo do que na do professor. Assim, o compartilhar

informações associado à curiosidade delas faz com que o aprendizado seja

construído por elas próprias, sendo, portanto, mais facilmente sedimentado

(AULA..., 2011; DICAS..., 2010). É interessante, também, apresentar situações

em que as crianças entrem em contato com a música e artes em geral,

desenvolvendo, portanto, o gosto artístico. É importante lembrar que se deve

selecionar programas que permitam às crianças o desenvolvimento da

linguagem oral e escrita e, consequentemente, o enriquecimento de seu

vocabulário (AULA..., 2011; DICAS..., 2010). A associação das atividades

multimídia (som, imagem, movimento) com material concreto leva as crianças

a apurar sua coordenação motora, percepção visual e espacial, além do

reconhecimento
208
de formas, cores, tamanhos, etc (AULA..., 2011; DICAS..., 2010). Por

exemplo, para brincar nos programas propostos pelo curso, a criança deve

utilizar o mouse e o teclado o que resultará no desenvolvimento de sua destreza

e coordenação motora fina (AULA..., 2011; DICAS..., 2010).

destreza e coordenação motora fina (AULA..., 2011; DICAS..., 2010).

De acordo com Filho (2010) e Gomes (2010), outras recomendações são

necessárias para que um curso de informática para crianças seja bem

aproveitado. As crianças precisam conhecer e vivenciar situações que

favoreçam uma relação entre o computador e suas experiências. Não adianta,

por exemplo, sugerir que elas desenhem, sem explicar, o motivo do desenho. É

importante, também, que a criança mantenha um contato regular com o

computador para poder explorá-lo com liberdade (porém, sempre com a

supervisão de alguém que possa orientá-las). O aprendizado não deve se

restringir ao laboratório de informática ; pelo contrário, deve ter etapas

vivenciadas fora dele, pois não existe conhecimento sem experiência e vivência

concreta. Vale lembrar, também, que a criança deve trabalhar em grupo e não

de forma individualizada, monopolizando a máquina, pois, elas devem aprender

a revezar, trocar e colaborar mutuamente.

Aprender a revezar, trocar e colaborar mutuamente. No curso

apresentado, todas essas recomendações são seguidas e pode-se perceber pelo

comportamento das crianças no decorrer do mesmo que a receptividade é muito

209
grande e o aprendizado também. Além disso, notou-se claramente a aceitação e

participação dos pais. Verificou-se, também, o desenvolvimento motor das

crianças, a curiosidade em trabalhar e brincar no computador, a interação entre

as mesmas estimulando precocemente o trabalho em equipe. Ressalte-se, ainda,

que a motivação com as experiências vividas no curso foram levadas pelas

crianças para o ambiente escolar, segundo relatos dos professores.

5 - CONCLUSÃO

Conclui-se, portanto, que o Curso de Informática para crianças oferecido

pela Faculdade de Odontologia de Araraquara – UNESP como parte de um

Projeto de Extensão Universitária vinculado à PROEX tem contribuído para a

inclusão digital das crianças na faixa etária de 5 a 7 anos, além de exercitar a

sua percepção visual e auditiva, sua coordenação motora e memorização,

desenvolvendo habilidades essenciais ao seu processo de alfabetização.

210
REFERÊNCIAS

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EDUCAÇÃO ESPECIAL - Disponível em:
https://www.ideau.com.br/getulio/restrito/upload/revistasartigos/168_1.pdf

Reprodução total módulo II - SÍNDROME DE DOWN: O OLHAR DA


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Oliveira da Silva – Disponível em:
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Módulo III - Educação especial na perspectiva da educação inclusiva:


desafios da implantação de uma política nacional1 – Autora: Mônica de
Carvalho Magalhães Kassar - Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
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Módulo IV – Reprodução total : DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA:


CONCEITO E CARACTERIZAÇÃO – Autora: Yara Cristina Romano Silva –
Disponível em:
http://www.conhecer.org.br/download/cp/inclusao/m3/leitura%203.pdf

Módulo V – reprodução total: A INCLUSÃO DO ALUNO ESPECIAL


NO ENSINO COMUM – Autoras: Gislaine de Fátima Siqueira/ Maria Sylvia
Padial Nantes - Disponível em:
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/direito/a-inclusao-do-
aluno-especial-no-ensino-comum/59308

211
Reprodução total - Síndrome de Down – Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADndrome_de_Down
Módulo VII – reprodução total – Comunicação alternativa – Autora: Mara Lúcia Sartoretto e Rita
Bersch – Disponível em: http://www.assistiva.com.br/ca.html
Módulo VIII – reprodução total - Perda auditiva – Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Perda_auditiva

Módulo X – Reprodução total - Paralisia Cerebral – Aurora: Paula Nadal - Disponível em:
https://deficienciaintelectualeaprendizagem.blogspot.com/2013/08/paralisia-cerebral.html

Módulo XI – reprodução total - http://cursosavante.com.br/deficiencia-


intelectual-o-conceito/
Módulo XII – reprodução total - O que é deficiência física? – Autor: Ricardo Ampudia -
Disponível em; https://novaescola.org.br/conteudo/269/o-que-e-deficiencia-fisica

módulo XIII - O que é surdo – cegueira – Por: Ricardo Ampudia – Disponível em:
https://novaescola.org.br/conteudo/1923/o-que-e-surdo-cegueira

módulo XIII - O que é surdo – cegueira – Por: Ricardo Ampudia – Disponível em:
https://novaescola.org.br/conteudo/1923/o-que-e-surdo-cegueira

212
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