Guitarras de Elite
Guitarras de Elite
Guitarras de Elite
Outubro 2014
CADERNO TÁTICO
# 01
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OUTUBRO 2014 | GUITARRAS DE ELITE.com.br | 1
GUITARRAS DE ELITE
GUITARRASDE
ELITE.COM.BR
Missões
TRÍADES ABERTAS
MISSÕES
| PARTE 1
FOTO DO
COLUNISTA FLAVIO MATEUS
Flávio Mateus é guitarrista, compositor e produtor musical.
Formação: Bacharelado em Música Popular (UNICAMP); Mestrado em Análise
Musical (UFMG).
É idealizador e editor da GUITARRAS DE ELITE.
A
s Tríades estão entre os prin- Tônica + 3ª maior + 3ª menor
cipais pilares que contam a 2) TRÍADE MENOR:
história da Harmonia na Música. Tônica + 3ª menor + 3ª maior
Com sua herança nos intervalos - que 3) TRÍADE AUMENTADA:
nada mais são do que a relação entre Tônica + 3ª maior + 3ª maior
duas notas musicais -, as tríades [relação 4) TRÍADE DIMINUTA:
de 03 notas] aparecem logo em seguida Tônica + 3ª menor + 3ª menor
com uma regra básica: “a partir de uma
nota em específico - chamada Tônica ou Como resultado intervalar, temos 04 “fór-
Fundamental -, sobrepõem-se, diatoni- mulas” para as tríades - Ex. 01:
camente, dois intervalos consecutivos de
3ªs, sendo esses nomeados como a 3ª e a 1) TRÍADE MAIOR:
5ª da tríade, respectivamente”. Essa “tri- Tônica - 3ª maior - 5ª justa
angulação” tem um caráter sonoro bem 2) TRÍADE MENOR:
específico e tem sido usado à exaustão na Tônica - 3ª menor - 5ª justa
música feita no Ocidente. 3) TRÍADE AUMENTADA:
Tônica - 3ª maior - 5ª aumentada
Basicamente, temos 04 construções ele- 4) TRÍADE DIMINUTA:
mentares de tríades: Tônica - 3ª menor - 5ª diminuta
MISSÕES
O Ex. 01 (anterior) também diz um pouco existir execuções alternativas, que gerem
a respeito da execução de duas ou mais interesse sonoro, seja MELÓDICO ou HAR-
notas musicais, onde no 1° compasso te- MÔNICO.
mos a execução MELÓDICA [arpejada, no
caso] das tríades e, no 2° compasso, te- É neste processo que aparecem as “Tríades
mos a execução das tríades na sua forma Abertas”, que têm por finalidade dilatar
HARMÔNICA: intervalos internos oriundos da disposição
“fechada” da tríade, superando-se o inter-
EXECUÇÃO MELÓDICA: ato ou efeito de valo de 01 oitava entre a nota mais grave
tocar notas musicais de forma sucessiva e a mais aguda de uma mesma tríade. Na
no tempo, uma após a outra. Ex.: linha guitarra moderna, os porta-vozes deste
vocal solo. som rico e “arejado” das “Tríades Aber-
tas” são os mestres Eric Johnson e Steve
EXECUÇÃO HARMÔNICA: ato ou efei- Morse, que serão nossa matéria-prima
to de tocar notas musicais de forma si- para os exemplos musicais desta série.
multânea, todas ao mesmo tempo. Ex.:
blocos de acordes. A teoria para a montagem das “Tríades
Abertas” é muito simples, baseando-se
Aprofundando mais um pouco neste as- no princípio de oitavar (para baixo ou
sunto, a teoria nos mostra desdobramen- para cima; na maior parte das vezes:
tos importantes com relação à disposição para cima) a “nota do meio” da tríade
das notas dentro das tríades, pois apesar “fechada” – Ex. 02 –, seja em seu estado
de na sua concepção teórica essas serem fundamental, seja em suas duas inversões
estudadas na disposição “fechada”, há que (as inversões serão abordadas nas próxi-
se considerar que, na prática, é necessário mas colunas):
!
Os exemplos a seguir possuem referências original, jogue todo o “pan” para o lado es-
em ÁUDIO. Para o acompanhamento e es- querdo do seu sistema de som:
tudo, observa-se que a guitarra foi gravada • Centro e Canal Direito você terá: Guitarra
no canal direito. Desta maneira, para praticar + Playback
os exemplos sem que você ouça a guitarra • Canal Esquerdo: só Playback
MISSÕES
Exemplo 08 | Estudo 3: Tríades Abertas em G maior | AUDIO TRACK: 03
Para fecharmos, vamos de Steve Morse - corda 6 solta -, que é uma marca regis-
nos riffs iniciais da música “The Oz”, do trada dos riffs do hard rock.
disco Coast to Coast (1992), da Steve
Morse Band. Além das “Tríades Abertas”, o trecho se al-
terna com uma série de tríades fechadas
Este trecho está na tonalidade de Mi maior nas cordas graves, o que faz deste riff um
e conta com as “Tríades Abertas” de A, B estudo de composição bastante interes-
e C#m nas cordas mais agudas, sempre sante, no tocante aos motivos melódicos
intercaladas com o baixo-pedal na nota Mi e relações de pergunta e resposta.
MISSÕES
Nesta transcrição, eu me vali de nossos “sol” para a execução do intervalo de 5ª
estudos preliminares para aqui adotar em cada uma das “Tríades Abertas”.
uma digitação “didática” das tríades aber-
tas, garantindo que você toque algo que Se esta 2ª opção lhes parecer confortável
já esteja familiarizado. e interessante, recomendo refazer o Ex.
04 desta Missão, que é de onde se origi-
Ademais, ao final da página, inseri dois nou as digitações desta música.
compassos comparando duas digitações
possíveis, apresentando-lhes possibili- No mais, bons estudos e até o próximo
dades na permuta entre as cordas “si” e encontro! F.M.
COMPING
MISSÕES
| PARTE 1
FOTO DO
COLUNISTA ADRIANO DE CARVALHO
Adriano de Carvalho é guitarrista e professor de música em diferentes uni-
versidades de São Paulo e Minas Gerais. Desenvolve um intenso trabalho de
pesquisa sobre a evolução da guitarra no Jazz. Possui Mestrado em Perfor-
mance (Unicamp) e Bacharelado em guitarra (FAAM).
Contato: adriano.jazzguitar@gmail.com
O
termo comping se refere a um tipo importantes do repertório jazzístico.
de acompanhamento onde se esta-
belece uma relação mais ativa en- Nascido em 1919, Galbraith foi um dos
tre a seção rítmica e solistas. O músico principais guitarristas de estúdio de Nova
acompanhante tem por objetivo estimu- York, nos anos 1950 e 1960. Como líder,
lar o solista, rítmica e harmonicamente. aparentemente, gravou apenas um dis-
Originalmente, tratava-se de uma forma co, chamado Guitar and the Wind. Ficou
de acompanhamento em que os acordes conhecido por sua excepcional leitura mu-
eram colocados nos espaços deixados pela sical e habilidades como músico acom-
melodia, estabelecendo-se, assim, um panhante.
diálogo entre solista e seção rítmica (comp
= complemento). A técnica do comping Podemos observar que a cifra utilizada
envolve um grande conhecimento de nos exemplos nos mostra a cadência har-
aberturas de acordes, desenvoltura rít- mônica básica, no caso, uma sequência
mica e a necessidade de estar sempre “II – V” [Gm7 – C7] na tonalidade de Fá
atento ao solista para que se possa criar Maior. Esta compreensão do movimento
um diálogo entre as ideias apresentadas harmônico a partir da função do acorde
por ambos no discurso musical. nos dá maior liberdade para utilizarmos as
extensões que julgarmos mais adequadas
Os exemplos a seguir foram ideias para ao contexto musical.
cadências “II – V – I” extraídas do livro
“Guitar Comping” (AEBERSOLD, Jamey. Note que, no Ex. 01, o acorde de Gm7 é
Guitar Comping. New Albany, IN: Aeber- harmonizado com uma tétrade de Bb7M.
sold Publications, 1986) do guitarrista Esse é um tipo de substituição muito uti-
Barry Galbraith, que traz uma série de lizada na harmonização jazzística. Nesse
transcrições de acompanhamentos toca- caso, o acorde resultante é um acorde de
dos por Galbraith em algumas composições Gm7/9:
Exemplo 01 | II - V em Fá maior | AUDIO TRACK: 06
MISSÕES
Já no Ex. 02, o acorde do II grau é “desmembrado” em duas tríades de Bb, gerando
mais movimento na execução do acorde:
Exemplo 02 | II - V em Fá maior | AUDIO TRACK: 07
O Ex. 03 utiliza o acorde de Gm7 com 11ª, criando uma possível variação em relação ao
exemplo 1. Nesse caso, a 11ª deu lugar à 3ª do acorde, o que, em acordes de II grau
cadenciais, não altera sua função:
Exemplo 03 | II - V em Fá maior | AUDIO TRACK: 08
No Ex. 04, temos o uso de um acorde “Sus” [Csus7(9), neste caso] na posição do Domi-
nante – C7:
Exemplo 04 | II - V em Fá maior | AUDIO TRACK: 09
O Ex. 05 nos mostra a possibilidade de Mas este é um recurso que também pode
inserirmos movimentos cromáticos ao to- ser trabalhado na harmonia. Além disso,
carmos acordes. É comum relacionarmos neste exemplo, a cadência é finalmente
o cromatismo a passagens melódicas. resolvida sobre um acorde de F7M(9):
O Ex. 06 é contribuição do nosso editor com a finalidade de darmos uma “revisão geral”
nos nossos estudos: junte os 05 exemplos em sequência e divirta-se!
Exemplo 06 | REVISÃO COMPING: Parte 1 | AUDIO TRACK: 11
MISSÕES
Para praticar nossas atividades desta • Tente, sempre que possível, manter a
Missão, segue também um PLAYBACK de mesma digitação proposta nos exem-
referência - AUDIO TRACK 12. plos.
• Toque os exercícios em diferentes an-
Dicas finais para os seus estudos: damentos.
FRASEADO: BEBOP
MISSÕES
| PARTE 1
FOTO DO
COLUNISTA HENRIQUE FILIZZOLA
Henrique Filizzola é guitarrista, compositor e arranjador. Em 2013 foi um
dos selecionados do “BDMG Jovem Instrumentista” além de ter morado um
semestre em NYC estudando na conceituada “The New School for Jazz and
contemporary Music”. Está terminando o Bacharelado em Musica Popular da
UFMG (DEZ/2014). Atua regularmente como guitarrista freelancer em Belo
Horizonte-MG, e atualmente está trabalhando com seu trio de fusion “Trib-Us”
e com a cantora norte-americana Kay-Kay Rosmarin.
O
jeito que você fraseia uma frase mos “Guitarristas de Elite” –, essa articu-
musical é um dos mais importantes lação se dá por meio dos slides e/ou liga-
aspectos da música. As notas espe- dos (hammer-on, pull-off, legato). O jeito
cíficas que você toca não são tão impor- que você liga as notas, ou palheta elas é
tantes quanto o jeito em que você está crucial para chegar ao som de saxofonis-
fraseando elas. O fraseado será diferente tas como Charlie Parker, a não ser, é claro,
no Jazz, no Rock, no Country, no Samba que você seja o Pat Martino. Como não
e o mais interessante, o seu fraseado será somos, vamos ao trabalho...
sempre o seu fraseado. Cada um tem seu
jeito individual e único de frasear algo. É oO braço da guitarra é um touro a ser
seu sotaque naquela linguagem. domado. Nele, há um universo de pos-
sibilidades que se apresentam como um
Nesta Missão, vamos falar um pouco so- desafio para todos nós guitarristas. Pra se
bre o fraseado no Bebop, um estilo do Jazz ter uma noção real do problema, há, pelo
surgido em meados dos anos 40 nos EUA. menos, umas cinco maneiras diferentes de
O fraseado no Bebop veio, quase que em se tocar uma mesma frase musical na gui-
sua totalidade, dos instrumentos de so- tarra. Neste cenário, falamos de diversas
pro, especialmente o Sax escolhas possíveis, seja
e o Trompete. Os demais em termos de região no
instrumentos procura-
“ Pra se ter uma noção real do braço, seja em termos
ram assimilar a lingua- problema, há, pelo menos, umas cinco de escolha da digitação a
gem bebop simulando maneiras diferentes de se tocar uma ser usada. Não se es-
aquela sonoridade, o mesma frase musical na guitarra”. queça da mão direita (ou
que naturalmente é um esquerda pros canho-
desafio, já que cada tos): vai usar palheta?
instrumento possui um idioma particular – Se sim: a 1ª palhetada será pra cima ou
são os chamados “idiomatismos”. pra baixo? E a direção da frase: “faço essa
frase indo em direção ao headstock ou à
A articulação característica do Bebop, pro- ponte?”.
veniente dos sopros, dá-se basicamente
pela diferença entre ligar as notas ou não. Acho que você entendeu a ideia: não
Ou seja, o lugar onde você liga uma nota existe uma opção única e correta. Esta
à outra, ou toca ela de forma “separada”, escolha é individual, mas você pode usar
é que dá o “swing”. No caso da guitarra, seus ouvidos para decidir o que fazer.
que é o que nos interessa – já que so-
MISSÕES
Eu priorizo sempre o “som” antes de qual- objetivo de ter a mesma sonoridade, ou
quer coisa, mas tudo tem um limite, vez quase isso. No primeiro compasso, o desa-
que há situações em que aquele som es- fio é conseguir esse ligado entre os dedos
pecífico fica quase impossível de executar; 3 e 2 da mão esquerda. Esses dedos não
e então a gente precisa achar uma alter- costumam trabalhar bem juntos, mas com
nativa no meio do caminho! um pouco de suor você conseguirá. Já no
segundo compasso, a dificuldade está em
Vamos aos exemplos! No Ex. 01, eu lhes se fazer o slide com o dedo 4, que tam-
apresento 3 maneiras diferentes de tocar bém deve ser fortalecido. Treine-as sepa-
uma mesma frase. Repare que as notas radamente; elas serão muito importantes
são exatamente as mesmas, mas cada nas próximas ideias musicais.
uma tem uma execução diferente com o
Exemplo 01 | 01 frase, 03 formas de tocar | AUDIO TRACK: 13
Agora que os fragmentos do Ex. 03 estão “debaixo dos dedos”, pratique os Exs. 04a e
04b, que nada mais são do que a combinação livre de dois fragmentos do Ex. 03. Todos
eles podem (e devem!) ser mesclados. Descubra diferentes maneiras de combiná-los:
Exemplo 04a e 04b | AUDIOs TRACKs: 20 e 21
MISSÕES
O Ex. 05 é um dos exemplos mais impor- “X”m7(b5), você usará o Ex. 03d.
tantes dessa coluna! Nele, eu combinei um 2. quando esse intervalo for de uma terça
dos fragmentos anteriores com um arpejo menor, como nos arpejos de “X”m7 ou
de tétrade (começando pela sétima) de “X”7, você usará o Ex. 03a, podendo
cada um dos acordes no Campo Harmôni- se estender ao Ex. 03b.
co de Dó maior. Seriam eles: Cmaj7 - Dm7
- Em7 - Fmaj7 - G7 - Am7 - Bm7(b5). Estude os dois tipos o bastante para que
consiga usá-los quando bem entender.
Repare que todos eles têm como nota-alvo Essa ideia eu peguei literalmente do solo
a quinta da respectiva tétrade [T 3 “5” 7]. do Charlie Parker em “Au Privave” no qual
E existem duas maneiras de chegar até ele usa esse fragmento em Fmaj7 para
elas. As dicas são: começar uma super frase. Que tal ouvir o
1. quando o intervalo entre a quinta e a sé- solo e tentar identificar o exato momento
tima do arpejo for de uma terça maior, em que ele usa esse fragmento? Use ape-
como nos arpejos do tipo “X”maj7 ou nas seus ouvidos como instrumento.
Exemplo 05 | AUDIO TRACK: 22
Os Ex. 06 e 07 são frases que eu criei usando tudo que vimos nessa aula. Elas se apli-
cam em um II - V - I em Bb maior. Você consegue identificar os fragmentos?
Exemplo 06 | AUDIO TRACK: 23
No Ex. 08, temos uma contribuição de mais grave), e se repete 05 vezes utilizan-
nosso editor, valendo-se das articulações do-se de todos os pares formados entre
que apresentei até agora: “trata-se de cordas adjacentes (e+B, B+G, G+D, D+A,
uma adaptação em forma de exercício A+E). Como todo Psicomotor, o objetivo
Psicomotor [os famosos cromáticos 1-2- fundamental é o de “destravar” os dedos
3-4] só que com um caráter mais musical, mas, se você é mais aventureiro, incorpo-
com o “sotaque” do bebop que tanto nos re-o no seu fraseado (por que não?) como
interessa. Ele é apresentado na forma um efeito outside!”.
descendente (da corda mais aguda para a
MISSÕES
Por último (mas não menos importante), extremamente importante para que a fra-
no Ex. 09 eu deixo aqui uma parte de um se soe correta. Os exercícios de articula-
solo do John Scofield na música “House ção dessa coluna, desde que assimilados,
of the Rising Sun”, no qual a articulação é devem lhe ajudar a executar essa frase.
No próximo encontro, vamos nos aprofundar ainda mais nessa questão e analisar frases
de grandes mestres como Charlie Parker, Pat Metheny e Scott Henderson. Até lá! H. F.
LIGADOS
MISSÕES
| PARTE 1
FOTO DO
COLUNISTA RENATO LARANJO
Renato Laranjo é guitarrista profissional e produtor musical.
É graduado pela Pro-Music (Belo Horizonte-MG), onde também atuou como
professor de guitarra e monitor de prática em conjunto.
Atualmente, trabalha como sideman do cantor André Valadão, dá aulas par-
ticulares e realiza workshops.
Apoio: violões Crafter, pedais e amplificadores WGcustom
Contato: renatolaranjogt@hotmail.com
Olá, pessoal da Guitarras de Elite! 2) PULL-OFF é o ligado descendente, do
agudo para o grave - é obrigatório que a
N
este mês, começaremos a estudar a nota-alvo (a 2ª nota) esteja previamente
técnica de ligados. apertada:
MISSÕES
O Ex. 02 apresenta a técnica de PULL-OFF. mente apertada).
Coloque os dedos nas notas que serão to-
cadas. Ataque a nota mais aguda e erga o Faça o mesmo com as seguintes combina-
dedo puxando levemente a corda, fazendo ções: 2-1, 3-1, 4-1, 3-2, 4-2, 4-3:
soar a nota do dedo anterior (essa previa-
Exemplo 02 | PULL-OFF | AUDIO TRACK: 28
Os Exs. 03a, 03b e 03c exploram uma deve ser feita na 1ª nota da sequência, no
sequência cromática utilizando pull-off e dedo 4 (também é possível não palhetar
hammer-on, sob a seguintes combinações nenhuma das notas).
de dedos em loop:
A diferença entre os exemplos está na di-
||: 4-3-2, 3-1-2, 2-1-2, 3-2-3 :|| visão rítmica, sendo que:
• 03a - baseia-se na semínima
Neste caso, a ligadura permeia todas as • 03b - baseia-se na tercina
notas tocadas, sendo que a palhetada só • 03c - baseia-se na sextina
Exemplos 03a, 03b e 03c | AUDIO TRACK: 29
Dicas finais:
• Não se esqueça de alongar seus dedos antes de praticar os exercícios, pois esta téc-
nica concentra especial esforço na mão da escala.
• Ouçam guitarristas como Joe Satriani, Allan Holdsworth e Richie Kotzen, pois eles são
especialistas na técnica de ligados.
MISSÕES
PENTATÔNICA MENOR 7
MISSÕES
| PARTE 1
FOTO DO
COLUNISTA MARCELO FABBRI
Marcelo Fabbri é guitarrista e violonista formado pela Pro-Music (Belo Hori-
zonte-MG).
Estudou com Luis Felipe Souza, Flavio Mateus ,Matt Warnock(USA) , Alesio
Menconi(ITA), Pablo Passini(ARG) e Luis Henrique.
Atua como freelancer na Banda Trilha e acompanha a cantora Dani Ribeiro.
Contato: marcelo.fabbri@gmail.com
Olá leitores!
Nesta nossa 1ª Missão, iremos trabalhar
A
PENTATÔNICA MENOR 7, como a “PENTA m7” no tom de Mi menor. Tal
o próprio nome diz, é uma es- qual o exemplo anterior que apresentamos
cala composta de 5 notas. Pen- para o tom de Lá menor, segue aqui nossa
sando nas notas naturais (aquelas no- tabela com as notas da escala, agora
tas que não possuem sustenidos ou transpostas para a “PENTA de Em 7”:
bemóis), e adotando a nota Lá como a
Tônica, nós temos a seguinte formata-
ção intervalar para a “PENTA de Am7” :
MISSÕES
Os 05 Exemplos musicais a seguir são longo de 02 compassos, sobretudo enfa-
sugestões de como praticar os modelos tizando a tônica da escala – nota Mi. No
da “Penta de Em7”, para garantir uma metrônomo, comece em 60bpm e então
boa memorização deste conteúdo. São vá se superando até conquistar uma velo-
estudos de “escala + lick”, construídos ao cidade que lhe garanta fluência.
No Ex. 06, segue o lick final desta Missão. soltas e incluí a “blue note” (#4 – nota
Construí esse lick todo na Penta de Em7 Lá#) para descer a Pentatônica até a corda
usando recursos como hammer-on, pull- E-grave solta. Em seguida, fiz um movi-
off e slide, que servem como conectores mento ascendente conectando os modelos
entre os modelos da escala ao longo do da escala através das cordas E-grave e A
braço. Nos 02 primeiros compassos, as até chegarmos na 12ª casa da corda E-
conexões são apenas nas cordas E-aguda grave, onde finalizo o lick.
e B. No terceiro compasso, utilizo cordas
Exemplo 06 | LICK FINAL - CONEXÕES | AUDIO TRACK: 36
MISSÕES
APLICAÇÃO
Sugiro você aplicar todos o 06 exemplos • AUDIO TRACK 39: Playback pra você
[ 05 exercícios de fixação + 01 lick ] sobre praticar o que vimos. Dê vazão à sua
bases simples que dão ênfase ao acorde criatividade e invente outras conexões!
de Mi menor; é o caso de músicas como
“Wasted Years”, do Iron Maiden, “Nothing A base (riff) do Playback é esta:
Else Matters”, do Metallica, “Que país e
esse?”, da banda Legião Urbana, e outras
tantas músicas do universo do rock.
GUITARRASDE
ELITE.COM.BR
Transcrições
| HIRAM BULLOCK
FOTO DO
COLUNISTA LUCIANO SOARES
Luciano Soares é guitarrista, violonista, produtor e arranjador.
Formação: Bacharel em Música Popular (UFMG).
Contato: musica.luciano@gmail.com
L
ogo após o fim do grupo The Police, drix, apesar de não ter acontecido ne-
Sting iniciou uma carreira solo ex- nhuma re-harmonização para a melodia
tremamente produtiva; já no seu 1º original. A música foi para um ambiente
disco solo de estúdio, The Dream of Blue diferente por conta do arranjo de Gil Ev-
Turtles (1985), ele “flertou” com o jazz ans, que criou uma atmosfera “bem via-
de maneira bem significativa, sendo que, jante” e que traduz bem o tema da canção.
nesse álbum, ele contou com a partici-
pação de músicos do universo jazzístico: Hiram Bullock (11/09/1955 – 25/07/2008)
Omar Hakkin (Weather Report), Darryl é um guitarrista norte-americano que ini-
Jones (Miles Davis, Herbie Hancock, Steps ciou a carreira nas décadas de 1970/1980
Ahead) Kenny Kirkland (Dizzy Gillespie, tocando com vários artistas, de Gil Evans
Michael Brecker) e Branford Marsalis (Li- a David Sanborn, passando por Billy Joel e
onel Hampton, Herbie Hancock). Esse 1º James Brown. Seu estilo não é facilmente
disco gerou o documentário Bring on The categorizado, já que sua forma de tocar era
Night, no qual é mostrado todo o processo uma mistura criativa de rock, funk, blues
de composição, ensaios, etc, tudo sobre e jazz. Hiram era multi-instrumentista, to-
a construção dessa nova fase da carreira. cou piano e saxofone quando criança e,
aos 16 anos, optou pela guitarra, vindo a
No segundo álbum de estúdio, Nothing Like estudar na Universidade de Miami, onde
The Sun (1987), Sting manteve grande parte foi colega de Pat Metheny, Steve Morse
da ideia de flerte entre o jazz e a música pop. e Jaco Pastorius (só para citar alguns!).
Nesse álbum, o clássico de Jimi Hen-
drix, Little Wing, recebeu um arranjo es- Ele também fez parte das bandas dos talk
pecial feito por Gil Evans e sua orques- shows “Late Night with David Letterman”,
tra e, naquela ocasião, o guitarrista que “Saturday Night Live” e o “The Night Mu-
tocava com Gil Evans era Hiram Bull- sic Show” (esse último também conhecido
ock, cujos solos, nesta versão, são nos- como “Sunday Night”). O “The Night Music
sos objetos de estudo desta edição. Show” foi um programa de TV que promo-
via o encontro de músicos dos mais varia-
Regravar um clássico pode ser um dos estilos com a banda fixa do programa;
grande problema, por conta das reações essa era formada por: Omar Hakim (bate-
daqueles fãs apegados à versão original ria), Marcus Miller (baixo), Philippe Saisse
da música, contudo, a versão no álbum (teclados), David Sanborn (sax), Hiram
do Sting é bem consistente e traz uma Bullock (guitarra), e Jools Holland (piano).
nova roupagem para a música de Hen-
TRANSCRIÇÕES
Guitarras: Efeitos:
Cort Hiram Bullock Signature Super Shifter
Guitarra Custom (Kanji - Luthier de Tokio) Blues Driver,
Compressor Sustainer,
Amplificadores: Octave
Mark Bass VHRelief “Andy´s Vintage 9 – Overdrive
Mxr Stereo Chorus
Line 6 DL 4
(fonte: www.hirambullock.com)
TRANSCRIÇÃO
!
Os exemplos a seguir possuem referências original, jogue todo o “pan” para o lado es-
em ÁUDIO. Para o acompanhamento e es- querdo do seu sistema de som:
tudo, observa-se que a guitarra foi gravada • Centro e Canal Direito você terá: Guitarra
no canal direito. Desta maneira, para praticar + Playback
os exemplos sem que você ouça a guitarra • Canal Esquerdo: só Playback
Durante este solo - EX 04 - , Bullock utili- A forma como ele conduz o solo é um
za basicamente notas diatônicas. Somente bom exemplo de como começar a utilizar
nos acordes “estranhos” à tonalidade é outras escalas dosando o inside com o
que o guitarrista “entorta”, utilizando a outside, afinal de contas, temos que lem-
possibilidade de novas tonalidades que brar que a música está no álbum de um
esses acordes sugerem. artista pop:
TRANSCRIÇÕES
TRANSCRIÇÕES
Exemplo 05 | 2° Solo de guitarra | AUDIO TRACK: #[VER]
No final da música, acontece o segundo Com relação ao timbre, o guitarrista utiliza
solo de guitarra, que considero ser de também neste solo um oitavador. É pos-
execução um pouco mais fácil que o pri- sível notar um som sintetizado dobrando
meiro solo. Hiram Bullock abre seu chorus as frases iniciais do solo (eu não poderia
usando a clássica frase do solo original da afirmar se ele estava usando algum sin-
versão de Jimi Hendrix. tetizador na guitarra ou se foi uma dobra
feita pelo tecladista).
TRANSCRIÇÕES
“AGORA VAI!”
TRANSCRIÇÕES
| PARTE 1
FOTO DO
COLUNISTA BETO KOBAYASHI
Beto Kobayashi é guitarrista, compositor, arranjador e produtor musical.
Formação: Bacharelado em Música Popular (UNICAMP).
É professor da EM&T Campinas (IG&T) desde 2008 e do Colégio Notre Dame
(Campinas-SP). Possui dois álbuns solo lançados (“Sal e açúcar” e “A alma
da sua história”) e integra o PROJETO PENDULUM, com o qual tem um cd
lançado (“Impermanência).
P
rimeiramente, é um imenso prazer choro, eu queria dar uma sofisticação de
poder participar dessa grande re- um tema de bebop, ainda sim sem deixar
alização didática e cultural! Suces- de lado as características estilísticas da
so a toda equipe da Guitarras de Elite! música brasileira. Finalmente, em 2011,
eu terminei a composição! Imediatamente
Nessa nossa primeira Missão, eu gostaria após terminar a última nota do tema, eu
de começar a lhes mostrar um tema meu falei: “Agora vai!!” ...E assim ficou o nome!
que está no último álbum
que lancei, intitulado “A Basicamente, o tema
alma da sua história” é construído em arpe-
(Duplo cd – Tratore – Fá- jos de tríades maiores
brica Discos), lançado e patterns sobre a es-
em 2012. A música se cala maior, alternan-
chama “Agora vai!” e a do-se com alguns mo-
considero, entre todas as mentos de cromatismos
minhas composições já para retardar a chegada
gravadas, uma das mais às notas de resolução.
difíceis para se executar.
A transcrição se refere Pratique primeiro em
aos primeiros 11 com- um andamento lento,
passos do tema; vamos algo em torno de 70
destrinchando-o ao lon- bpm e, quando se sentir
go de nossos encontros. mais confortável, suba
a velocidade do metrônomo até chegar
O áudio segue junto à transcrição e tam- a um valor aproximado de 110bpm.
bém lhes convido a visitar meu You-
tube para assisitir ao vídeo com a per- Neste primeiro trecho, predomi-
formance desta música: https://www. na a Palhetada Alternada, mas fique
youtube.com/watch?v=x0uj3VzhK6k à vontade para criar novas manei-
ras de se tocar – articulações, dinâmi-
A “Agora vai!” começou a dar seus pri- cas, etc. Faça do meu som o “seu som”!
meiros sinais de vida na época em que eu
ainda cursava Música Popular na UNICAMP, Boa diversão e até a próxima! Abração! B. K.
TRANSCRIÇÕES
| HIGHER
FOTO DO
COLUNISTA GUSTAVO SCARANELO
Gustavo Scaranelo é guitarrista e violonista formado em Música Popular pela
Unicamp. Professor de violão e guitarra da EM&T Campinas. É membro fun-
dador da banda Higher e também atua como músico de jazz.
É
com grande prazer que venho di-
vidir com vocês um pouco do ma- Utilize palhetada alternada na execução
terial composto para a gravação integral dos dois riffs. Caso queira trazer
do primeiro disco do Higher. Para abrir maior impacto para a sonoridade, execute
esse assunto, escolhi dois riffs que es- usando somente palhetadas para baixo. Isso
tão presentes na música “Like The Wind”: trará uma menor agilidade na execução,
mas vale o esforço caso queira esse efeito.
• Primeiro riff – Ex. 01: divide os
dois primeiros cantos da música. Uma sugestão bem legal de estudo é
• Segundo riff – Ex. 02: este memorizar os oito compassos de cada
prepara o início do solo. riff e depois estudar com o metrônomo,
tocando o riff em “loop”. Dessa forma,
A ideia era brincar com as notas, pre- você trabalhará o controle na execução
dominantemente na região grave, tra- de frases complexas, longas e sem pausa.
balhando alguns saltos, sem alte-
ração da figura rítmica, mas alterando o Apesar de originalmente escrito para
apoio rítmico das frases. A intenção é a guitarra de 7 cordas, o primeiro riff
construção de uma ideia harmônica de for- pode ser executado na guitarra de 6
ma um pouco menos clara, conduzindo a cordas normalmente. Neste caso,
uma sensação diferente em cada audição. teremos a alteração do tom para Em.
TRANSCRIÇÕES
Exemplo 02 | RIFF 2 | AUDIO TRACK:
GUITARRASDE
ELITE.COM.BR
Guitarra
Café
com
OUTUBRO 2014 | GUITARRAS DE ELITE.com.br | 81
GUITARRAS DE ELITE
VIDA DE ESTÚDIO
CAFÉ COM GUITARRA
| PARTE 1
FOTO DO
COLUNISTA ARTHUR DAMÁSIO
Arthur Damásio é guitarrista, técnico de gravação e mixagem e produtor mu-
sical.
Formação: Engenharia de Áudio e Produção Musical na Universidade de Músi-
ca Popular de Barbacena - BITUCA.
I
naugurando a coluna “Café com Guitar- so do outro, mesmo que em nível básico.
ra”, um espaço para o relato de causos e
reflexões enquanto você faz uma pausa Como músico e técnico de áudio, pos-
para o café ou para trocar as cordas da gui- so falar das vantagens em conhecer
tarra, vamos adentrar um pouco no ambi- o melhor dos dois mundos (por mais que
ente musical de um estúdio de gravação. nosso conhecimento sempre esteja em
construção ao longo da vida). Quando
Apesar de ser um local cujas particu- preciso tocar algum instrumento que será
laridades são um pouco mais específi- gravado, o fato de estar familiarizado com
cas dentro da área da Música, o estúdio os conceitos e propriedades do áudio,
de gravação é um servo dessa majestosa microfones, níveis de sinais, signal flow,
arte que nos hipnotiza e encanta, e serve pré-amplificadores, conversores e tudo
a ela da mesma for- mais, ajuda-me muito em
ma que a guitarra e os tirar o melhor som pos-
outros instrumen-
“ Enquanto técnico, quando vou sível para a gravação. Se
tos, que as escalas e gravar outro músico, o fato de eu você já tentou se gravar
acordes, que o estudo entender musicalmente o que será e passou horas tentando
da forma e da produção registrado faz com que o trabalho descobrir a melhor forma
musical e tudo mais que seja mais leve, eficiente e produtivo”. de timbrar o seu som,
pudermos listar. Afinal, posso garantir que algum
sem o ofício quase arte- conhecimento técnico a
sanal dos estúdios, como chegariam aos mais sobre os processos de gravação faz
nossos ouvidos a boa música de Tom Jo- com que a performance seja ainda mais
bim, Michael Jackson, Toninho Horta, Pat prazerosa, pois o som que você quer vem
Metheny, Lenine, Eric Johnson, e outros mais rápido. Neste processo como um
tantos gênios cuja música nos inspira? todo, nunca é demais lembrar que, apesar
de conseguirmos no mundo digital conser-
No estúdio, muitas vezes, é comum tanto tar muitas coisas que passaram desperce-
para o músico não conhecer com um cri- bidas durante a gravação, a performance
tério mínimo os processos (que vão desde ainda sim é uma característica pessoal e
a captação da fonte sonora até o registro “cem por cento analógica”. Enquanto téc-
digital ou analógico do som), quanto para nico, quando vou gravar outro músico, o
o técnico de áudio não saber interpretar fato de eu entender musicalmente o que
o conteúdo musical do que será gravado. será registrado faz com que o trabalho
Neste cenário, penso que o ideal é que am- seja mais leve, eficiente e produtivo.
bos os lados tenham uma noção do univer-
DISCO DO MÊS
CAFÉ COM GUITARRA
| RAMATAM
FOTO DO
COLUNISTA GUSTAVO HENRIQUE
Gustavo Henrique é colecionador de filmes, discos e é apaixonado por música.
É especialista em lasers de intensidade amorfa, ditos e trocadilhos popula-
res, meniscos e Terapia da Resiliência.
O
cortante riff de “Whiskey Place”,
música de abertura do debut homôni- O rock’n’roll chegava à idade madura com
mo do RAMATAM, de 1971, poderia peso e atitude, longe da ingênua preten-
gerar no ouvinte apenas aquele sentimen- são de servir de porta-voz da geração an-
to de pesar por não ter despertado antes tiguerra, mas como um gênero musical
para mais uma boa banda de rock dos de alma e voz própria e que arrebanhava,
profícuos anos 70. Mas, o interesse por esta a cada dia, multidões de apaixonados.
banda transcende rótulos ou movimentos.
Envolvida por uma linha de baixo ener-
O ego havia condenado os Beatles; os gética, sopros e a bateria sempre compe-
excessos consumiram Hendrix, Joplin, tente de Mich Michell (ex-Jimmi Hendrix),
Morrison e Brian Jones. o som do RAMATAM soava
A c o l o r i d a contracul- como uma mistura de tudo
tura de São Francisco te- do que se produzia no início
ria afogado, como todo o da década. Uma pitada do
movimento hippie, na lama psicodelismo do Iron But-
de Woodstock. Os pri- terfly (influências de seu
meiros anos do pós flower mentor) – “Strange Place”
power não pareciam muito –, variações rítmicas a la
animadores para o rock. Captain Beyond – “Whis-
key Place” – e guitarras
Mas, a resposta ao pes- agressivas e dominantes de
simismo da virada da tantos outros como Mark
década viria nos dedil- Farner e seu Grand Funk
hados de Jimmy Page na Railroad – “Ask Brother Ask”.
antológica “Stairway to
Heaven”. O Led Zeppelin dominaria as A ideia original, não incomum para
vendas com o seu quarto disco de estúdio, a época, de formar um super-grupo
os S t o n e s m o s t r a va m vigor com de rock, à luz de Crosby, Stills, Nash e
“Stick Fingers”; Black Sabbath e The Who Young e o Cream, não se sustentou pela
lotavam seus shows e lançavam, nos falta de identidade musical e de hits que
primeiros anos da década, discos con- pudessem elevar o interesse no RAMA-
ceituais. George, Paul e John voltariam a TAM, além da beleza alva de sua solista.
se engalfinhar, não mais como quarteto,
mas agora por espaço no topo das para-
A TÃO SONHADA
CAFÉ COM GUITARRA
CARREIRA MUSICAL
FOTO DO
COLUNISTA LUCAS RINOR
Lucas Rinor é empresário, professor de música e músico com interesse em
Performance Musical e Gestão.
É formado em Guitarra pela Pro-Music (Belo Horizonte-MG). Possui gradu-
ação em História pela (PUC-MINAS) e pós-graduação em História da Arte
(UFMG) e em Gestão Estratégica da Comunicação (PUC-MINAS).
É proprietário da escola de Música Estação Floresta, em Belo Horizonte-MG.
N
essa primeira matéria, vou Horizonte, uma capital conceituada, conhe-
me apresentar e falar so- cida por ser um dos berços do rock no Brasil.
bre o tema: Carreira Musical.
Depois de alguns meses em BH, percebi
Sou de Vitória da Conquista (BA) e resi- limitações ainda maiores. Era muito difícil
do há mais de 12 anos em Belo Horizon- encontrar bons músicos para tocar, pois
te (MG). Sou casado, pai de duas filhas, parecia que todos já estavam comprometi-
professor, empresário, músico atuante dos com algum trabalho. Já que a primeira
com interesse em Performance e Gestão. alternativa não era viável, resolvi aproveit-
ar os excelentes professores e escolas da
As idéias que vou expor aqui são reflexo da cidade. Demorei alguns anos nesse estágio
minha observação e investigação na área e, de certa forma, ainda me encontro nele.
da música. Trata-se de uma interpretação
pessoal sobre diversas questões que per- Mas e a tal grande banda? Quando iria
meiam o universo do músico que almeja de- acontecer? Eu descobri que ela não
senvolver uma carreira musical e artística. existe. Deveria partir de mim uma pos-
tura proativa de criar meios para fazer
Lembro-me dos primeiros acordes que to- o meu sonho acontecer. A estrada ficou
quei no violão: ao primeiro dedilhado, tive ainda maior, mas mais clara, pois per-
a certeza de que era aquilo que eu queria cebi que precisava me qualificar mais
para a minha vida; a partir dali, nada foi e mais para alcançar meu objetivo.
fácil, e nem deveria ser. Os obstáculos fa-
ziam parte do aprendizado e cada ponto Hoje, tenho um trabalho do ta-
deveria ser colocado em consideração. manho que preciso. Possuo uma escola de
música em Belo Horizonte e faço shows
Como vocês agora sabem, vim de uma ci- regularmente por toda Minas Gerais.
dade pequena, que me oferecia poucos re- Sinto-me realizado, tal como sonhei.
cursos para transformar o meu sonho em
um meio de vida. Neste lugar, eu convivi Quando falamos em carreira musical,
com várias pessoas talentosíssimas, muitos transportamo-nos para o universo dos nos-
até mais do que eu. Mas os anos passavam sos ídolos. Pensamos em turnês, shows e
e, apesar do esforço, pouca coisa mudava. badalação. Quando olhamos por essa per-
Aos vinte anos, percebi que teria que sair spectiva, acabamos condenados a acredi-
dali para aprender mais e ter um ambien- tar em soluções mágicas e caminhos