Davi e Jônatas
Davi e Jônatas
Davi e Jônatas
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Jônatas e Davi
por Gottfried Bernhard Goez, 1708-1774. A cabeça de Golias no canto inferior
direito
Os evangélicos fundamentalistas que estão por trás (opa) de
todas as batalhas pelo obscurantismo no Brasil usam a Bíblia
a seu bel prazer.
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(1SM 20:3) “Então Davi tornou a jurar, e disse: Teu pai sabe
muito bem que achei graça em teus olhos; por isso disse: Não
saiba isto Jônatas, para que não se magoe. Mas, na verdade,
como vive o Senhor, e como vive a tua alma, há apenas um
passo entre mim e a morte. E disse Jônatas a Davi: O que
disser a tua alma, eu te farei.”
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/passagem-gay-da-biblia-que-
os-evangelicos-fingem-desconhecer-por-kiko-nogueira/
O fato de Jônatas ter lançado suas vestes e suas armas aos pés de Davi
não era um indicativo de que ele estava armando um sexo gostoso, mas
que ele estava dando tudo aquilo de presente a Davi (o "deu" não tem
segundo sentido!), já que neste momento supracitado Davi tinha
acabado de matar Golias. Tanto que não há relato disto, nem com a
palavra "coabitar", nem "dormir", que são os termos mais comuns para a
Bíblia indicar que houve relação sexual.
Ah, e o beijo?
Judas beijou Jesus (Lc 22:48). Isaque beijou Abraão (Gn 27:26). Paulo
recomendava que os cristãos se cumprimentassem com "ósculo santo"
(1Ts 5:26, 2Co 13:12, 1Co 16:20). Por acaso algum deles tem algum
indicativo de que fosse na boca? O beijo era um cumprimento comum, e
quando era na boca a Bíblia especificava, como em Cânticos 1:2. E
mesmo assim nem pode ser literal, mas uma linguagem superlativa,
como em Pv 24:26. Coisa que eles adoravam usar, apenas perguntem a
qualquer tradutor de hebraico.
Embora o relato pareça esquisito para nós, que vemos a malícia, eu não
vejo razões fortes para dizer que Davi era gay, ou ainda Jônatas (que
morreu pouco tempo depois e levou Davi a dizer que o amor deles era
maior que o amor de mulheres - o que qualquer bêbado diria numa mesa
de bar a respeito de um amigo. Superlativo, lembram?)
Atenção, isto não significa que a Bíblia diga que os crentes deveriam
matar homossexuais ou desprezá-los. Muito pelo contrário, os chamados
"fracos na fé" deveriam receber tolerância por parte dos cristãos (Rm
14:1), e nisto estão incluídos quaisquer pessoas que estejam em
desacordo com aquilo que o cristão considera como conduta correta.
Mas também não induz que o cristão deveria aceitar tais atitudes (Isaías
5:20).
Uma coisa é tratar outros com respeito e amor, assim como Cristo nos
amou e recomendou para que amássemos as pessoas como amamos a
nós mesmos (ora, Jônatas fez exatamente isto! Por isto é descrito que ele
amou Davi "como à sua própria alma"). Outra coisa é menear a cabeça
para tudo que os outros fazem, ninguém é obrigado a concordar com o
que outros fazem - mas os outros estão no direito deles. Seja você
cristão ou não.
Se leu até aqui, parabéns pela paciência! kkkkkkkkk. Espero que eu
tenha sido claro. Bem, claro do ponto de vista do crente... :/
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Feliciano Júnior Carlos Altavista • 11 horas atrás
A raiz hebraica que dá origem ao verbo é "a'hav", que significa
"amar", "gostar", não especificando o objeto da transição verbal,
segundo o Dicionário Hebraico-Português/Aramaico-Português
editado pela Sinodal/Vozes. O subastantivo derivado dessa raiz ,
"a'havá", significa "amor", "amizade", e a flexão "a'havim",
"deleites ou delícias do amor". A abordagem linguística é
insuficiente para se ter uma real dimensão de qual era o real
valor desse "amor" entre Davi e Jônatas. O que nos resta é a
hermenêutica mais poderosa para a interpretação de textos
antigos: a sua contextualização histórica. Mesmo assim, a
interpretação fica em aberto,mas há um forte indício, levando-se
em consideração que o homossexualismo é tão antigo quanto a
própria história humana, de que poderia, de fato, pelas imagens
poeticamente emanadas dos mais antigos textos da Bíblia que
são esses textos do livro de Samuel, que um amor homossexual
possa ter havido entre esses dois personagens tão icônicos,
considerando a naturalidade que havia entre líderes militares e
políticos, como Alexandre Magno, de cultivarem efebos na
diversidade de seus haréns. Mas tudo são conjecturas. E a
interpretação moderna, corroída pelas idiossincrassias de nosso
tempos, prevalece. Seja entre os fundamentalistas cristãos ou
dos que procuram à forceps encontrar uma bela narrativa
homoerótica envolvendo um herói nacional de Israel, como o
texto do DCM transparece.