Isomeria e Reações Organicas
Isomeria e Reações Organicas
Isomeria e Reações Organicas
ISOMERIA
Isomeria é o fenômeno que consiste em dois ou mais compostos químicos
diferentes apresentarem a mesma fórmula molecular (mesma quantidade de
átomos) e fórmulas estruturais diferentes. Estes compostos são denominados
isômeros (iso = mesmo e meros = partes).
Os isômeros apresentam sempre propriedades físicas diferentes, podendo
apresentar ou não propriedades químicas diferentes.
As propriedades, em geral, são diferentes, porque as distribuições atômicas
nas moléculas são diferentes.
Exemplo
Com a fórmula molecular C2H6O existem dois compostos diferentes.
Portanto
1. Isomeria Plana
É o caso de isomeria em que os isômeros podem ser diferenciados pelas suas
fórmulas estruturais planas.
Isomeria de Função ou Isomeria Funcional
São compostos que apresentam a mesma fórmula molecular e diferentes
fórmulas estruturais e pertencem a funções diferentes.
Exemplos
Cetés - Química Orgânica-C 2
Isomeria de Cadeia
São compostos de mesma fórmula molecular e fórmulas estruturais diferentes que
pertencem à mesma função, porém diferem entre si pelo tipo de cadeia carbônica.
Exemplos
BUT‐2‐ENO (IUPAC/2007)
Isomeria de Posição
É o caso de isomeria plana em que os isômeros são da mesma função química, apresentam o
mesmo tipo de cadeia, porém diferem na posição de um grupo funcional, radical ou uma
insaturação.
Exemplo 1 Diferem pela posição de radical.
Exemplo 2 Diferem pela posição do grupo funcional.
BUTAN‐1‐OL (IUPAC/20007) BUTAN‐2‐OL (IUPAC/2007)
Exemplo 3 Diferem pela posição de insaturação.
Cetés - Química Orgânica-C 3
BUT‐1‐ENO(IUPAC/20007) BUT‐2‐ENO(IUPAC/20007)
Isomeria de Compensação ou Metatéria
É o caso de isomeria plana em que os isômeros são da mesma função química,
apresentam cadeias heterogêneas e diferem entre si pela posição do heteroátomo na
cadeia.
Exemplo
Tautomeria ou Isomeria Dinâmica
É um caso particular de isomeria funcional em que dois ou mais isômeros coexistem em
equilíbrio dinâmico em solução, transformando‐se um no outro, pela mudança de posição
de H na molécula.
A tautomeria também pode ser denominada ceto‐enólica ou aldo‐enólica, pois ocorre
principalmente entre cetonas e enóis ou aldeídos e enóis. Enol é todo composto que
apresenta hidroxila (– OH) em carbono de dupla ligação.
Exemplo:
PROPEN‐2‐OL(IUPAC/20007)
Isomeria Espacial
É o caso de isomeria em que a diferença entre os isômeros só pode ser verificada mediante
o uso de fórmulas espaciais.
Temos dois tipos de isomeria espacial: geométrica e óptica.
Isomeria Geométrica ou Cis‐Trans
I. Isomeria geométrica em compostos de cadeia aberta com dupla ligação
Para que haja esse tipo de isomeria, os compostos deverão ter ligantes diferentes presos a cada
carbono da dupla ligação.
Cetés - Química Orgânica-C 4
Sempre que tivermos satisfeita a condição para existência deste tipo de isomeria, devemos
concluir pela existência de dois isômeros: O isômero cis, que espacialmente nos mostra radicais
maiores do mesmo lado do plano estabelecido pela dupla ligação, e o isômero trans, em que os
radicais maiores estão em lado contrário em relação ao referido plano.
Isomeria geométrica no 2‐buteno
CIS‐BUT‐2‐ENO(IUPAC/2007) TRANS‐BUT‐2‐ENO(IUPAC/2007)
Z‐BUT‐2‐ENO (IUPAC 2007) E‐BUT‐2‐ENO (IUPAC 2007)
Os isômeros geométricos ou cis‐trans diferem entre si pelas suas propriedades físicas (PE, PF,
densidade, solubilidade etc.) e em certas propriedades químicas.
No que diz respeito às propriedades químicas, os isômeros geométricos podem apresentar
ou não diferenças.
Cetés - Química Orgânica-C 5
Exemplo
E‐ácido fumárico
O mesmo não acontece com o ácido fumárico, o que pode ser entendido especialmente pela
distância entre as carboxilas.
E ‐ Ácido fumárico
Isomeria geométrica em compostos de cadeias fechadas
Para que haja este tipo de isomeria, os compostos deverão apresentar pelo menos dois
carbonos do ciclo, contendo ligantes diferentes.
Exemplo
Cetés - Química Orgânica-C 6
Este caso de isomeria também é chamado de isomeria bayeriana e a verificação dos isômeros
sempre é feita em relação ao plano determinado pelo ciclo.
Sendo assim, o isômero cis será aquele que apresentar ligantes iguais do mesmo lado do plano
do ciclo e o isômero trans, quando tais ligantes estiverem em lados opostos em relação ao
plano do ciclo. Exemplo
Podemos representar as seguintes estruturas:
Z‐1,2‐diclorociclopropano E‐1,2‐diclorocicloprpano – (IUPAC ‐ 2007)
Isomeria geométrica no 1,2‐dimetil‐ciclopentano
E‐ 1,2‐dimetilciclopentano
Z‐1,2‐dimetilcicolpentano
Propriedades Físicas dos Isômeros
Observe que os compostos isômeros espaciais apresentam propriedades físicas diferentes,
mesmo apresentando estruturas planas iguais.
Cetés - Química Orgânica-C 7
Isomeria Óptica
A luz natural é uma modalidade de energia radiante. Na luz natural, as vibrações ocorrem em
todos os planos que contêm o eixo x, y; este representa a direção de propagação do raio
luminoso.
Se fosse possível observar os planos de vibração da luz natural, teríamos esquematicamente o
seguinte:
Em que aa1, bb1, cc1, dd1 seriam os planos de vibração da luz natural “vistos de frente”.
Luz polarizada é a luz cujas ondas vibram em um único plano ( aa1, ou bb1, ou cc1, ou dd1 )
ou qualquer outro plano não representado na figura.
Existem certas substâncias que, quando atravessadas pela luz natural, absorvem as ondas
que vibram em todos os planos com exceção das de um.
Tais substâncias transformam a luz natural em luz polarizada e serão denominadas
polarizadoras.
Na prática, o polarizador mais usado é o prisma de Nicol, prisma este construído colocando‐
se dois cristais de calcita “com bálsamo‐do‐canadá.”
Esquematicamente, temos:
Os compostos que apresentam isomeria óptica desviam o plano da luz polarizada
devido a uma assimetria molecular.
O polarímetro é o aparelho utilizado na determinação da atividade óptica das
substâncias opticamente ativas. Esquematizamente, podemos encontrar:
Cetés - Química Orgânica-C 8
Quando a luz atravessa a solução sem sofrer desvio, a substância é opticamente
inativa. Quando a luz atravessa a solução e sofre desvio, a substância é opticamente
ativa e apresenta isometria óptica. Se o desvio foi à direita, o isômero é chamado de dextrogiro; se o
desvio foi à esquerda, o isômero é chamado de levogiro.
A assimetria molecular é encontrada em moléculas que apresentam carbono quiral.
Carbono quiral (C *) é aquele que se liga a quatro átomos ou radicais diferentes entre si.
Isomeria Óptica com 1 Carbono Quiral
Todo composto que apresenta um carbono quiral na molécula será representado sempre
por dois isômeros opticamente ativos: um dextrogiro e outro levogiro, cujas moléculas funcionam
como objeto e imagem em relação a um espelho plano.
A todo isômero dextrogiro corresponde um levogiro, os dois desviam o plano de
vibração da luz polarizada do mesmo ângulo para lados opostos. Assim, o primeiro
desviará de + e, o segundo, de – . Os isômeros que são imagem um do outro num espelho plano
denominam‐se enantiômeros.
As moléculas que não se podem sobrepor às respectivas imagens num espelho
plano são denominadas de quirais (antigamente denominadas de assimétricas).
Portanto, num composto cujas moléculas são quirais, encontramos moléculas
dextrogiras e levogiras (enantiômeros).
Se misturarmos quantidades iguais de enantiômeros, obteremos o racêmico,
q
ue é opticamente inativo (inativo por compensação externa).
Cetés - Química Orgânica-C 9
Outros exemplos de compostos que apresentam um carbono quiral na molécula e que,
por isso, são representados por enantiômeros e por racêmico.
Isomeria Óptica Com 2 Carbonos Quirais Diferentes
Exemplo
Os carbonos de números 2 e 3 são quirais e diferentes, pois um está ligado a – OH e,
outro, ao – Cl.
Os ângulos de desvio produzidos por eles serão, portanto, diferentes.
Suponhamos que um seja responsável por um desvio e, outro, por e
convencionemos, por exemplo:
Se representarmos por sinas + e – os desvios para a direita e para a esquerda,
respectivamente, teremos os seguintes isômeros possíveis:
Se misturarmos quantidades iguais dos enantiômeros d1 e l1, teremos o racêmico r1.
Se fizermos o mesmo para os isômeros d2 e l2, teremos o racêmico r2.
Outros exemplos de compostos com dois carbonos quirais diferentes:
Cetés - Química Orgânica-C 10
Isometria Óptica Com n Carbonos Quirais Diferentes
Fórmulas de Van’t Hoff
Isometria Óptica, com dois Carbonos Quirais Iguais
Seja, por exemplo, o composto:
Os carbonos de números 2 e 3 são quirais, porém iguais. Se considerarmos, portanto, que
um deles é responsável por um desvio a do plano de vibração da luz polarizada, o outro
também o será.
O número de isômeros possíveis será o seguinte:
r = d + l (em quantidades iguais)
Conclusão
Toda fórmula que apresente dois carbonos quirais iguais será responsável por quatro
possibilidades, sendo duas substâncias opticamente ativas, uma substância opticamente
inativa e uma mistura racêmica.
Assim, para o ácido tartárico, as quatro possibilidades são as seguintes:
I) ácido tartárico dextrogiro.
Cetés - Química Orgânica-C 11
II) ácido tartárico levogiro.
III) ácido mesotartárico ou ácido tartárico inativo por compensação interna.
IV) ácido tartárico racêmico ou ácido tartárico inativo por compensação externa.
Outros exemplos de compostos com dois carbonos quirais iguais:
Isometria Óptica em dois compostos Cíclicos
A isomeria óptica também é observada em compostos cíclicos, embora estes não
apresentem carbono quiral. Para que a quantidade de isômeros possa ser determinada,
devemos considerar a existência do carbono quiral.
O composto cíclico que apresenta assimetria molecular deve possuir carbono com
ligantes diferentes. Consideremos o composto 2‐metil‐1‐cloro‐ciclopropano.
Observamos que existem dois carbonos no anel (1 e 2) que podem ser considerados como
quirais. A quantidade de isômeros é calculada da seguinte maneira:
Isômeros opticamente ativos: 2n = 22 = 4
Isômeros opticamente inativos:
As fórmulas estruturais dos isômeros ficam:
Cetés - Química Orgânica-C 12
Quando dois carbonos do anel possuem os ligantes iguais entre si, possui assimetria
molecular somente a forma trans. Consideremos a substância 1,2 dibromo‐ciclopropano.
Compostos com duas duplas ligações
A isomeria ótica é observada nos compostos com duas duplas acumuladas, ou seja, no
mesmo átomo de carbono. Tais compostos são denominados de alênicos. Exemplo:
Mecanismo e Classificação das Reações Orgânicas
1. Classificação das Reações Orgânicas
Existem vários critérios para classificar as reações orgânicas. Para nós interessa classificar
as reações orgânicas quanto ao produto obtido em comparação com o reagente utilizado.
Sob esse aspecto, as reações podem ser de substituição, adição, eliminação, oxidação,
redução ou polimerização.
A. Reação de Substituição
É aquela em que um átomo ou grupo de átomos é substituído por outros.
Cetés - Química Orgânica-C 13
Exemplos
B. Reação de Adição
É aquela em que são incorporados átomos ou grupos de átomos a ligações duplas
ou triplas.
Exemplos
C. Reação de Eliminação
É aquela em que átomos ou radicais são eliminados dando origem a ligações
duplas ou triplas.
Exemplo
D. Reação de Oxidação
É aquela em que ocorre aumento do número de oxigênio na molécula orgânica ou
eliminação de hidrogênio.
Exemplos
E. Reação de Redução
É aquela em que diminuem os oxigênios na molécula orgânica ou aumentam os
hidrogênios.
Cetés - Química Orgânica-C 14
Exemplo
Observação
Na realidade, a oxidação ocorre quando varia o número de oxidação dos átomos
de carbono. Normalmente, a oxidação pode ser provocada pelo aumento do teor de
oxigênio ou diminuição do teor de hidrogênio. Na redução ocorre o inverso.
F. Reação de Polimerização
É aquela em que ocorre reunião de moléculas iguais, com formação de moléculas
maiores.
Neste tipo de reação, os reagentes são chamados monômeros e os produtos, polímeros.
Exemplos
Assim, o polietileno é um polímero, e o benzeno, um trímero.
2. Ruptura de Ligação
Para que uma ligação se efetive, é necessário que haja rompimento nas ligações
entre átomos dos reagentes e posterior formação de ligações entre os átomos dos
produtos.
O tipo de ruptura que irá ocorrer na ligação entre dois átomos é decisivo para a
formação do produto final e depende da natureza dos reagentes que estiverem em
contato, do meio em que ocorrer a reação (tipo de solvente presente) e também das
condições físicas (temperatura, pressão, luminosidade etc.).
O químico deve saber combinar esses itens de modo a obter o tipo de ruptura
necessária para que a reação se processe fornecendo o produto desejado.
A ruptura ou cisão de uma ligação química só poderá se dar de uma das seguintes
maneiras: heterolítica ou homolítica.
A. Cisão Heterolítica
A ligação covalente comum quebrará de modo heterogêneo; um dos átomos fica
com o par de elétrons da ligação.
Esquema geral
Este tipo de ruptura dará origem a dois reagentes distintos:
X1– – reagente nucleófilo (philo = amigo; núcleo = carga positiva): irá sempre atacar a
parte positiva de uma molécula. São bases de Lewis, pois podem oferecer um par de
elétrons.
Exemplos de principais reagentes nucleófilos:
Cl– ; OH– ; CN– ; H2O
Y1+ – reagente eletrófilo (philo = amigo; elétron = carga negativa); irá sempre atacar a
parte negativa de uma molécula. São ácidos de Lewis, pois podem aceitar um par de
elétrons.
Cetés - Química Orgânica-C 15
Exemplos dos principais reagentes eletrófilos:
H+ ; NH ; BF3 ; ALCL3
B. Cisão Homolítica
A ligação covalente comum quebrará ou pode quebrar de modo homogêneo; cada
átomo permanece com 1 elétron da ligação.
Esquema geral
Esse tipo de ruptura dará origem a reagentes que chamamos de radicais livres.
Neles encontramos uma valência livre e carga elétrica zero.
Na verdade, os radicais livres se comportam como eletrófilos, uma vez que apresentam
deficiência de elétrons no átomo que possui a valência livre. Só que, nesse caso, não
podemos classificá‐los como ácido de Lewis, pois os radicais livres necessitam de apenas 1
elétron, e não de 1 par.
Principais exemplos de reagentes radicais livres:
Substituição em Alcanos
Introdução
Os alcanos são hidrocarbonetos alifáticos saturados de fórmula geral: CnH2n + 2. São
conhecidos como parafinas (do latim parum affinis, “pouca afinidade, isto é, pouco
reativo) porque apresentam fraca tendência a se combinarem.
Nos alcanos existem apenas ligações covalentes C – C e C – H, a estrutura dos
carbonos é tetraédrica e os ângulos de ligação são de 109°28’.
Vamos recordar alguns alcanos.
CH4 H3C __ CH3
Metano Etano
(gás dos pântanos)
H3C __ CH2__ CH3 Propano
H3C __ CH2__ CH2__ CH3 Butano
H
|
H3C __ C __ CH3 Metil Propano
| (isobutano)
CH3
Cetés - Química Orgânica-C 16
CH3
|
H3C __ C __ CH2 __ CH __ CH3
| |
CH3 CH3
2,2,4 ‐ Trimetil pentano (isobutano)
1. Propriedades Físicas dos Alcanos
O ponto de ebulição aumenta de 20 a 30 °C para cada carbono adicionado à
cadeia. Em condições ambientais verificam‐se os três estados físicos: gases (de 1 a 4
carbonos), líquidos (de 5 a 18 carbonos) e sólidos (mais de 18 carbonos).
No caso dos alcanos isômeros, quanto mais ramificada a cadeia, mais baixo o
ponto de ebulição.
O ponto de fusão aumenta com o tamanho da cadeia carbônica, porém esse
aumento não é muito regular como o ponto de ebulição.
Para a densidade valem as mesmas considerações feitas para o P.E. Os alcanos são
menos densos que a água, já que as interações entre as moléculas são mais fracas.
Os alcanos são solúveis em solventes apolares, como benzeno, CCl4, CS2, éter etc.
Respeitando a regra: “semelhante dissolve semelhante” (apolar dissolve apolar).
2. Fontes Naturais de Alcanos
A. Petróleo
Maior fonte natural de alcanos, é um líquido escuro, oleoso, constituído de uma
variedade muito grande de compostos orgânicos, predominando hidrocarbonetos de 1 a
30 ou 40 átomos de carbono.
B. Gás Natural
É outra fonte de alcanos. Sua composição varia conforme o lugar onde se forma. É
constituído principalmente do CH4 (metano). Desprende‐se da crosta terrestre nas regiões
petrolíferas, sendo a maior fonte natural de metano.
O metano também aparece em pequenas quantidades nas minas de carvão, o que
constitui sério perigo, pois a sua mistura com o ar (chamada grisu), em dada proporção, é
explosiva, sendo responsável por explosões catastróficas que de vez em quando
acontecem em jazidas de carvão.
O metano faz parte dos gases intestinais especialmente dos herbívoros, pois
resulta de decomposição da celulose.
3. Reações
Os alcanos participam de poucas reações. Estas ocorrem somente em condições rigorosas
e normalmente resultam de misturas de produtos. No final da reação, obtêm‐se produtos
da substituição de átomos de hidrogênio do alcano por outros átomos ou grupos de
átomos.
Substituição em Alcanos
O hidrogênio que sofre mais facilmente substituição é o ligado ao carbono terciário, e o
mais dificilmente substituível é o ligado ao metano. Temos, portanto, a seguinte ordem
decrescente da facilidade de substituição do hidrogênio.
Cetés - Química Orgânica-C 17
A ordem de reatividade apresentada indica a orientação da reação para o alcano.
Com a saída de hidrogênio, verifica‐se a formação de radicais, que são derivados
de um alcano. A estabilidade de um radical está relacionada com o alcano que o originou.
Se a facilidade da retirada de átomos de hidrogênio se coloca pela ordem:
terc. > sec. > prim. > CH4, da mesma maneira, também se deve colocar a ordem
de facilidade de formação dos radicais: Terc. > Sec. > Prim. > ∙ CH3
Portanto, quanto mais estável for um radical, mais facilmente ele será formado.
• Reação de Halogenação
É a reação de substituição que, neste caso, ocorre entre alcanos e halogênios,
principalmente cloro e bromo. Verificam‐se reações com o flúor, desde que este se
encontre diluído com um gás inerte; o iodo não reage.
Na reação de halogênios com alcanos, forma‐se mistura de mono, di, tri ... poli
halogênios alcanos. Na reação com metano e cloro forma‐se uma mistura de derivados
clorados do metano. A velocidade das reações de halogenação pode aumentar na
presença de luz solar ou ultravioleta.
Já os alcanos com 3 ou mais átomos de carbono sofrem esta reação fornecendo
uma mistura de compostos e ocorrendo em maior quantidade a reação que aconteceu no
arbono mais reativo.
Exemplos
Cetés - Química Orgânica-C 18
Observação
As reações de halogenação dos alcanos ocorrem através de uma substituição via
radical livre. O mecanismo pode ser representado da seguinte maneira:
Resumo
– Alcanos: hidrocarbonetos, alifáticos, saturados e pouco reativos.
– Alcanos possuem como fontes naturais o petróleo e o gás natural.
– Alcanos sofrem reações de substituição de hidrogênio. A facilidade de substituição dos
hidrogênios fica:
Cterc. > Csec. > Cprim. > CH4
– Halogenação: reação de substituição envolvendo halogênios. Para alcanos com 3 ou
mais átomos de carbono na cadeia, a reação ocorre formando uma mistura de compostos.
– Nitração: reação de substituição envolvendo o ácido nítrico.
Exercícios
01. (UFPR‐PR)
Considerando a reação de halogenação do metil‐butano em presença de luz e cloro,
responda:
Cetés - Química Orgânica-C 19
a) Quais as fórmulas dos derivados monoclorados obtidos?
b) Dos produtos obtidos, quais os que apresentam isômeros óticos? Dê nome aos
mesmos e justifique sua resposta.
02. (Fuvest‐SP)
Na primeira etapa da reação de alcanos com cloro ocorre a troca de apenas um átomo de
hidrogênio por átomo de cloro. Considerando somente esta etapa, quantos
hidrocarbonetos clorados diferentes podem se formar ao reagirem 2‐metil‐propano e
cloro?
a) 1
b) 2
c) 3
d) 4
e) 5
Substituição em Aromáticos
Introdução
Os hidrocarbonetos aromáticos são o benzeno, seus derivados e outros compostos
que a ele se assemelham.
Alguns aromáticos importantes:
A característica química do núcleo benzênico são as reações de substituição
eletrófila aromática, que consistem na substituição de hidrogênio por outros átomos ou
grupos de átomos:
1. Halogenação no Benzeno
O cloro e o bromo na presença de AlCl3 como catalisador dão reação de
substituição com o benzeno, sendo que o iodo não reage com esse hidrocarboneto.
2. Nitração no Benzeno
Os hidrocarbonetos aromáticos reagem com mistura sulfonítrica (HNO3
concentrado e H2SO4 conc.) formando nitroderivados aromáticos.
Cetés - Química Orgânica-C 20
3. Sulfonação do Benzeno
Os hidrocarbonetos aromáticos reagem com H2SO4 fumegante, com ligeiro
aquecimento por meio de reação de substituição.
4. Alquilação (Reação de Friedel‐Crafts)
São reações que ocorrem envolvendo hidrocarbonetos aromáticos e haletos
orgânicos.
5. Acilação ( Reação de Friedel‐Crafts)
São reações que ocorrem envolvendo hidrocarbonetos aromáticos e haletos de
ácido.
Resumo
• Aromáticos: sofrem reações de substituição eletrofílica.
• Halogenação: reação com cloro ou bromo em presença de AlCl3.
• Nitração: reação com HNO3 em presença de H2SO4.
• Sulfonação: reação com H2SO4 fumegante.
• Alquilação: reação com haletos orgânicos.
• Acilação: reação com haletos de ácido.
Exercícios Resolvidos
01. (Fuvest‐SP) Considere o esquema simplificado de produção da anilina a partir do
benzeno. Neste esquema, A, B, e X correspondem, respectivamente, a:
Cetés - Química Orgânica-C 21
a) HNO2, H2 e redução.
b) HNO3, H2 e redução.
c) HNO3, H2 e oxidação.
d) NO2, H2O e hidrólise.
e) HNO2, H2O e hidrólise.
02. (UEL‐PR) Considere a reação de substituição:
Se, na reação, o I‐CH3 for substituído por I‐C2H5, obter‐se‐á:
a) tolueno.
b) naftaleno.
c) etilbenzeno.
d) o‐etil tolueno.
e) p‐etil tolueno.
03. (Cesgranrio‐RJ) Se, pela síntese de Friedel‐Crafts, se deseja obter etil‐fenil‐cetona,
deve‐se reagir benzeno com cloreto de:
a) propanoíla.
b) benzoíla.
c) fenila.
d) etanoíla.
e) propila.
Adição em Alcenos e Alcadienos
1. Alcenos
São hidrocarbonetos alifáticos insaturados por uma dupla‐ligação de fórmula geral
CnH2n . São também conhecidos como olefinas.
O alceno mais importante é o etileno:
A. Propriedades físicas
Assemelham‐se aos alcanos, sendo insolúveis em solventes polares, são menos
densos que a água e apresentam baixo ponto de fusão e ebulição.
B. Propriedades químicas
A química dos alcenos é a química da ligação dupla. Como a ligação dupla consiste
em uma ligação forte e uma ligação fraca, as reações envolvem a quebra da ligação fraca.
Esta espécie de reação é denominada reação de adição eletrofílica.
C. Adição em alcenos
a) Hidrogenação catalítica (método de Sabatier – Senderens)
É a reação com H2 , na presença de Ni ou Pd como catalisador.
Cetés - Química Orgânica-C 22
Exemplo
É uma adição em que o ataque se dá ao mesmo tempo e de um mesmo lado (CIS).
b) Halogenação em alcenos
Os alcenos adicionam halogênios, formando di‐haletos.
Os produtos das reações de alcenos com halogênios são de consistência oleosa, daí
o nome olefina dado a esses hidrocarbonetos.
c) Halogenidretos em alcenos
Os alcenos adicionam halogenidretos (HCl, HBr, HI, HF), formando haletos de alquila.
1) Regra de Markovnikov
Nas reações de adição, a porção positiva (H+) a adicionar dirige‐se para o carbono
mais hidrogenado da insaturação.
Exemplo
2) Regra de Karash
Na presença de peróxido (O2)2– ocorre inversão da regra de Markovnikov (o
halogenidreto usado deve ser o brometo de hidrogênio HBr).
d) Hidratação de alcenos
São reações que envolvem o hidrocarboneto alceno e água na presença de
catalisador e em meio ácido.
Adição em Alcenos e Alcadienos
2. Alcadienos ou Diolefinas
São hidrocarbonetos alifáticos insaturados por duas duplas‐ligações, de fórmula
geral CnH2n – 2 . São também denominados de dienos ou diolefinas.
Cetés - Química Orgânica-C 23
A. Classificação
Os alcadienos são classificados conforme a posição das duplas‐ligações.
a) Alcadienos acumulados
Quando as duas duplas estão no mesmo carbono.
Exemplo
H2C = C = CH2 propadieno (aleno)
H2C = C = C – CH3 buta‐ 1,2‐dieno
H
b) Alcadienos conjugados
Quando as duas duplas estão separadas por uma ligação simples.
Exemplos:
H2C = C – C = CH2
H H
buta‐1,3‐ dieno (eritreno)
2 metil buta‐ 1,3‐ dieno (isopreno)
c) Alcadienos isolados
Quando as duas duplas estão separadas por mais de uma ligação simples.
H2C = CH – CH2 – C = CH2
H
penta‐1,4‐dieno
H2C = CH – CH2 – CH2 – CH = CH2
hexa‐1,5‐dieno
Os mais importantes dos alcadienos são conjugados porque possuem maior estabilidade e
grande importância industrial.
B. Propriedades Químicas dos Alcadienos
A exemplo dos alcenos, aqui também ocorre reação de adição eletrofílica.
Evidentemente tendo duas duplas‐ligações, os dienos darão essas reações em
dobro (parcial e total) quando comparadas com os alcenos.
A reação mais interessante, contudo, ocorre com os dienos conjugados, por
exemplo.
A adição 1,2 não tem nada de extraordinário. A grande novidade é o aparecimento
da adição 1,4 onde os bromos se ligam nas extremidades e a dupla pula para a posição
central. A adição 1,4 é típica dos alcadienos conjugados. Porém, é claro que a adição de
mais bromo à reação será de adição total.
Cetés - Química Orgânica-C 24
Exemplo
Mecanismo da Adição 1,4
É um mecanismo iônico do tipo adição eletrófila. Deste modo, a reação entre o
e o bromo será assim explicada:
Aqui surge a novidade: os carbonos (3) e (4) têm um excesso de elétrons que é
representado pela ligação dupla (orbital ). Eles podem, então, ceder esse excesso de
elétrons em socorro ao carbono (2) que ficou positivo (íon de carbônio) e este processo de
transferir o elétron denomina‐se ressonância.
Com isso, a dupla‐ligação pula para o centro da molécula e o carbono (4) fica
positivo. Você poderia perguntar: qual a vantagem disso?
A vantagem é que agora o ônus da carga positiva (que nenhum carbono tolera)
está sendo dividido entre os carbonos (2) e (4) e, deste modo, o conjunto (híbrido de
ressonância) fica mais estável.
Resumo
• Alcenos – Sofrem reação de adição.
• Hidrogenação – Reação com H2 em presença de catalisador.
• Halogenação – Reação com halogênios.
• Halogenidretos – Reação com HCl, HBr, HI, formando haletos.
• Regra de Markovnikov – Adição de hidrogênio ao carbono mais hidrogenado da dupla‐
ligação.
• Regra de Karash – Adição de HBr, em presença de peróxido, ocorre inversão da regra de
Markovnikov.
• Hidratação – Reação com água em meio ácido e uso de catalisador.
• Alcadienos – Sofrem reação de adição eletrofílica, semelhante aos alcenos.
Classificação – Acumulados, conjugados e isolados.
• Reação de adição 1,4 – Ocorre em alcadienos conjugados, onde se verifica a adição aos
carbonos das extremidades que contêm a dupla‐ligação e esta passa para a posição
central.
Exercícios
01. (Fuvest‐SP) Hidrocarbonetos que apresentam dupla‐ligação podem sofrer reação de
adição. Quando a reação é feita com um haleto de hidrogênio, o átomo de halogênio se
adiciona ao carbono insaturado que tiver menor número de hidrogênios, conforme
Cetés - Química Orgânica-C 25
observou Markovnikov. Usando esta regra, dê a fórmula e o nome do produto que se
forma na adição de:
a) HI + CH3CH = CH2
02. (Fuvest‐SP) Os compostos A, B e C são alcenos em que os átomos ou grupo de átomos
estão ligados aos carbonos 1 e 2, conforme indicado na tabela a seguir.
a) A, B e C apresentam isomeria cis‐trans? Explique através de fórmulas estruturais.
b) A reação do composto B com HBr leva à formação de isômeros? Justifique.
03. (Cesgranrio‐RJ) Observe as reações de adição dadas aos seguintes alcenos:
I) CH2 = CH – CH3 + H2 CH3 – CH2 – CH3
II) CH2 = CH – CH3 + H2O CH3 – CH (OH) – CH3
III) CH2 = CH – CH3 + Cl2 CH2Cl – CHCl – CH3
IV) CH2 = CH – CH3 + HCl CH3 – CHCl – CH3
V) CH2 = CH – CH3 + HBr CH2Br – CH2 – CH3
Assinale a opção que contém apenas a(s) reação(ões) que obedece(m) à Regra de
Markovnikov.
a) II d) II e IV.
b) V e) IV e V.
c) I e III.
Adição em Alcinos
Introdução
São hidrocarbonetos alifáticos insaturados por uma única tripla ligação, são
também denominados de hidrocarbonetos acetilênicos. Sua fórmula geral é
CnH2n – 2
Os alcinos podem ser obtidos de várias maneiras, sendo a mais importante a partir
do acetileno, que, por sua vez, é preparado do petróleo, do gás natural ou de carvão,
calcário e água. Este último processo (calcário e água) é especialmente importante por se
tornar uma alternativa, dada a dificuldade de se encontrar petróleo.
Cetés - Química Orgânica-C 26
O acetileno é o ponto de partida de inúmeras sínteses importantes na área
industrial, dando etileno, acetona, ác. acético, acetaldeído, cumeno, benzeno etc.
Alguns alcinos importantes:
1. Classificação dos Alcinos
A. Alcinos Falsos
A tripla ligação está situada no interior da cadeia, isto acarreta comportamento
normal da tripla ligação, isto é, reação de adição semelhante aos alcenos.
Exemplos
B. Alcinos Verdadeiros
A tripla ligação está situada na extremidade da cadeia. Isto acarretará, além do
comportamento normal da tripla ligação, outro, decorrente do fato do hidrogênio
terminal ter caráter ácido. Isto explica por que estes alcinos, além da reação de adição,
também dão reação de substituição no hidrogênio ácido.
Exemplos
2. Propriedades Físicas dos Alcinos
Sendo compostos praticamente apolares, os alcinos têm propriedades físicas
essencialmente iguais às dos alcanos e dos alcenos.
Assim, são insolúveis em água, mas bastante solúveis em solventes orgânicos (éter,
benzeno etc...).
Seu ponto de ebulição aumenta com o número de átomos de carbono e são menos
densos que a água.
Considerando somente os alcinos de cadeia normal, nas condições ambientais, do
acetileno aos butinos, são gases, dos pentinos aos pentadecinos (15 C) são líquidos e dos
hexadecinos (16 C), em diante, são sólidos.
Cetés - Química Orgânica-C 27
3. Propriedades Químicas
A. Reações de Adição à Tripla Ligação
Os alcinos apresentam propriedades químicas regidas pela presença da tripla
ligação.
São mais reativos que os respectivos alcenos, pois têm maior densidade eletrônica,
sendo as das ligações pi ( ) mais vulneráveis.
A reação de adição acontece tanto em alcino falso quanto com os verdadeiros. O
ponto vulnerável é a tripla ligação e, em particular, as duas ligações pi ( ), que podem
sofrer adições gradativas, dependendo do reagente e das condições energéticas da
reação.
I. Hidrogenação
É a reação com hidrogênio, na presença de catalisadores. Por hidrogenação
moderada os alcinos dão alcenos e em condições mais energéticas dão alcanos.
II. Halogenação
É a reação com halogênios (F2, Cl2, Br2, I2) que deve ser feita com cuidado, sendo
difícil de controlar.
III. Adição com HX (Halogenidretos = HCl, HBr, HI, HF)
É a reação com haletos de hidrogênio que pode ocorrer em etapas e segue a regra
de Markovnikov, dando no final di‐haletos gêmeos (halogênio no mesmo carbono).
IV. Adição de Água
Os alcinos reagem com água na presença de H2SO4 e a solução de H+. Essa
reação produzirá enol, que, por tautomerização, produzirá o correspondente composto
carbonílico.
Essa reação também obedece à regra de Markovnikov.
Observação – Em decorrência da regra de Markovnikov, os alcinos falsos ou verdadeiros
produzem cetona, e apenas o acetileno produz aldeído.
Cetés - Química Orgânica-C 28
A adição de água ao acetileno para formar acetaldeído, que pode ser oxidado a
ácido acético (vinagre), é um processo extremamente importante dentro da indústria.
B. Reação de Substituição nos Alcinos Verdadeiros
– Reação com metais alcalinos (Na°)
Os alcinos verdadeiros reagem com esses metais, principalmente com o sódio
metálico, através de uma reação de deslocamento, dando os acetilenos correspondentes.
Não vamos esquecer:
não reage, alcino falso
Essa reação constitui um método rápido de identificação de alcinos verdadeiros.
Resumo
– Alcinos – Fórmula Geral CnH2n –2
– Classificação –
Alcinos falsos = não possuem hidrogênio ligado a carbono na tripla ligação;
Alcinos verdadeiros = possuem hidrogênio ligado a carbono da tripla ligação.
‐ Alcinos sofrem reações de adição que podem ser parciais, quando ocorre quebra
de apenas uma ligação da tripla ligação, ou total, quando ocorre quebra de duas ligações
da tripla ligação.
– Reações de substituição ocorrem somente com alcinos verdadeiros.
Exercícios
01. (UFSC‐SC) Assinale as proposições corretas. Encontre, na relação a seguir, os produtos
da adição de 1 mol de HBr a 1 mol de cada um dos seguintes reagentes:
a) Propeno b) Propino
01. 1,2 – dibromopropano 1 – cloro – 2– bromopropano
02. 2 – bromopropano 1,2,3 – tribromopropano
03. 1,2 – dibromopropeno 1,1,1 – tribromopropano
04. 2 – bromopropeno
02. (Vunesp‐SP) Assinale a alternativa que apresenta um composto orgânico que descora
rapidamente uma solução de bromo em tetracloreto de carbono.
a) 2‐butino
b) Butano
c) Éter etílico
d) Benzeno
e) Clorofórmio
Cetés - Química Orgânica-C 29
Adição e Substituição em Ciclanos
1. Ciclanos ou Cicloalcanos ou Cicloparafinas
A. Definição
São hidrocarbonetos cíclicos saturados, de fórmula geral CnH2n, também
conhecidos como cicloparafinas.
Os mais importantes ciclanos são:
B. Propriedades Químicas dos Ciclanos
a) Hidrogenação
Os ciclanos com três átomos de carbono no ciclo adicionam hidrogênio, na
presença de níquel, à temperatura relativamente baixa (120 °C); os ciclanos com quatro
átomos de carbono no ciclo também adicionam hidrogênio, na presença de níquel, à
temperatura mais alta (200 °C); os ciclanos com cinco átomos de carbono no ciclo
adicionam hidrogênio, na presença de níquel, à temperatura ainda mais alta (300 °C). Os
ciclanos com seis átomos de carbono no ciclo não adicionam hidrogênio.
Em resumo os três primeiros ciclanos (ciclopropano, ciclobutano e ciclopentano)
dão reação de adição e os demais ciclanos, reação de substituição.
Por exemplo:
b) Halogenação
Cetés - Química Orgânica-C 30
c) Reação com Halogenidreto (HCl, HBr, HI)
2. Teoria da Tensão dos Anéis de Bayer
Pelas reações anteriores, conclui‐se que a estabilidade dos ciclanos aumenta do
ciclopropano para o cicloexano.
Foi em 1885 que Adolf von Bayer propôs uma teoria para explicar o
comportamento diferente dos ciclanos.
Cetés - Química Orgânica-C 31
O ângulo formado por ligações simples com duas unidades de covalência do
carbono pode ser matematicamente determinado e seu valor é de 109°28’
Ângulo de Estabilidade Total entre as Ligações
Num ciclo de 3 átomos de carbono, o ângulo formado entre duas unidades de
covalência é de 60°.
Existe, portanto, grande tensão no ciclo e sua tendência são de abrir; daí a
facilidade com que há reação de adição com ruptura do ciclo.
Num ciclo com 4 átomos de carbono, o ângulo formado entre duas unidades de
covalência do carbono no ciclo é de 90°; neste caso, a tensão é menor e a estabilidade do
ciclo é maior que o ciclopropano. Mas a tensão no ciclobutano continua, portanto, da
reação de adição com ruptura do ciclo.
Num ciclo com 5 átomos de carbono, o ângulo formado entre duas unidades de
covalência do carbono no ciclo é de 108°.
Praticamente não há tensão no ciclo, daí então sua grande estabilidade. Porém,
mesmo com esta tensão mínima, pode haver reação de adição com ruptura do ciclo em
condições enérgicas.
A teoria de Bayer não foi satisfatória para explicar a grande estabilidade dos ciclos
com seis ou mais átomos de carbono, porque admitia que os seis ou mais átomos de
carbono do ciclo estavam num mesmo plano, e, sendo assim, haveria tensão no ciclo.
Assim, no cicloexano, se os seis átomos de carbono estivessem num mesmo plano,
o ângulo formado entre duas unidades de covalência do carbono no ciclo seria 120º, e
haveria tensão no ciclo, pois o ângulo normal é 109º 28’.
A partir do ciclo de 6 átomos de carbono, à medida que aumentasse o número de
átomos de carbono no ciclo, deveria diminuir a sua estabilidade, pois aumentaria a
tensão, o que está em desacordo com a prática, pois estes ciclos são muito estáveis.
3. Teoria de Sasche‐Mohr
Em 1890, Sasche admitiu que nos hexaciclos, heptaciclos etc. os átomos de
carbono não estão num mesmo plano, e, sendo assim, o ciclo pode se formar sem tensão.
De fato, com o auxílio dos modelos de átomos de carbono, podem‐se construir os
hexaciclos, heptaciclos etc., e verificar que os átomos de carbono se distribuem em
diversos planos e o ciclo não apresenta tensão alguma. Sasche em sua teoria admitiu que,
num hexaciclo, os seis átomos de carbono podem se dispor espacialmente de duas
maneiras diferentes.
Hexaciclo em forma de C (ou forma de barco) e hexciclo em forma de Z (ou forma
de cadeira).
Cetés - Química Orgânica-C 32
O cicloexano nas duas formas: barco e cadeira
Em ambas as formas não existe tensão no ciclo, pois o ângulo de ligação é 109°28’.
Com a teoria, de Sasche surgiu o problema: deveriam existir dois isômeros do
cicloexano, correspondentes às formas C e Z. Na prática, porém, não se verifica este tipo
de isomeria.
Mohr, com auxílio dos modelos de átomos de carbono, demonstrou que,
facilmente, a forma C passa para a forma Z e vice‐versa com uma ligeira torção no ciclo.
Mohr admitiu então que no cicloexano as moléculas com ciclo na forma C estão
continuamente se convertendo em moléculas com ciclo na forma Z e vice‐versa, não se
podendo isolar uma das formas, que seria um dos isômeros.
Portanto, os ciclanos com 6 ou mais de 6 carbonos são estáveis e por isso não
existe ruptura na ligação do seu ciclo, portanto, só apresentam reação de substituição.
Resumo
– Ciclanos – fórmula geral: CnH2n
– Sofrem reações de adição (ciclopropano e ciclobutano) e reações de subtituição
(ciclopentano e cicloexano).
– Teoria de Bayer: explica a estabilidade de ciclo com três, quatro e cinco átomos de
carbonos, pois são planares. Acima de cinco átomos de carbono, a teoria de Bayer não foi
satisfatória para explicar a estabilidade dos ciclos.
– Teoria de Sasche‐Mohr: admitiu que para ciclos com seis ou mais átomos de carbonos
estes não se encontram num mesmo plano, portanto os ciclos são formados sem tensão
entre as ligações.
Exercícios
01. (PUC‐RJ) O brometo de ciclopentila pode ser obtido pela reação de:
a) pentano + HBr
b) ciclopentano + Br2
c) ciclopentano + HBr
d) brometo de ciclopropila + CH3CH2Br
e) brometo de ciclobutila + CH3Br
Cetés - Química Orgânica-C 33
02. (Fuvest‐SP) Cicloalcanos sofrem reação de bromação conforme mostrado a seguir.
a) Considerando os produtos formados em I, II e III, o que se pode afirmar a respeito da
estabilidade relativa dos anéis com três, quatro e cindo átomos de carbono? Justifique.
b) Dê o nome de um dos componentes orgânicos formados nessas reações.
Reações de Eliminação
1. Desidratação de Álcoois
A. Desidratação Intramolecular de Álcoois
Classificamos os alcoóis em primários, secundários e terciários, conforme o grupo
(–OH) esteja ligado a carbono primário, secundário ou terciário, respectivamente.
A facilidade de desidratação é maior nos álcoois terciários, depois nos secundários
e por último nos primários.
Isso se deve à estabilidade do carbocátion formado na cisão heterolítica que
ocorre no carbono que possuía a hidroxila –OH.
Se esse carbono for terciário, o número de grupos alquila que irão doar elétrons,
dispersando sua carga, será maior e, portanto, o carbocátion será mais estável.
A desidratação intramolecular necessita de catalisador, H2SO4 ou Al2O3 e um
aquecimento maior que a intermolecular.
Exemplos
Quando houver a possibilidade de formar mais de um alceno, é o mais estável que
se forma em maior quantidade. O alceno mais estável é aquele que apresenta o maior
número de radicais orgânicos ligados aos átomos de carbono da dupla ligação.
Cetés - Química Orgânica-C 34
Estabilidade dos alcenos
Portanto, podemos enunciar a regra de Saytzeff:
“Na desidratação de álcool, formar‐se‐á o alceno mais estável”.
Exemplo
Concluindo, podemos dizer que na desidratação intramolecular do álcool forma‐se
alceno.
B. Desidratação Intermolecular dos Álcoois
Com um aquecimento mais brando que o usado para a desidratação
intramolecular e na presença de ácido forte, os álcoois sofrem desidratação
intermolecular, produzindo éteres.
Portanto, desidratação intermolecular dos alcoóis produz éter.
2. Eliminação de HCl, HBr e HI de Haletos Orgânicos
Verifica‐se reação de eliminação, quando haletos orgânicos encontram‐se em
presença de KOH alcoólico.
Nas situações em que pode ser obtido mais de um alceno, seguimos a regra de
Saytzeff. Por exemplo:
3. Desidratação de Ácidos Carboxílicos
Os ácidos desidratam‐se na presença de desidratantes (H2SO4, H3PO4 ou P2O5),
produzindo anidridos de ácidos.
Exemplo
Resumo
– Desidratação intramolecular de álcool:
Formação de alceno
– Regra de Saytzeff:
Cetés - Química Orgânica-C 35
Formação de alceno mais estável
– Desidratação intermolecular de álcool:
Formação de éter.
– Eliminação de HX de haletos orgânicos:
Formação de alceno
– Desidratação de ácidos carboxílicos:
Formação de anidridos.
Exercícios
01. (FEI‐SP) Escreva a equação que permite obter do álcool terciário C5H12O, o alceno
correspondente. Qual o nome do produto obtido?
02. (Vunesp‐SP) O terc‐butilmetiléter, agente antidetonante da gasolina, pode ser obtido
pela reação de condensação entre dois alcoóis, em presença de ácido sulfúrico.
Escreva:
a) a fórmula estrutural do éter;
b) as fórmulas estruturais e os nomes oficiais dos alcoóis que formam o éter por reação
de condensação
03. (Mackenzie‐SP) Na reação de eliminação, que ocorre no 2‐bromobutano com
hidróxido de potássio em meio alcoólico, obtém‐se uma mistura de dois compostos
orgânicos que são isômeros de posição. Um deles, que se forma em menor quantidade, é
o but‐1‐eno. O outro é o:
a) metilpropeno. d) ciclobutano.
b) 1‐butanol. e) but‐2‐eno.
c) butano.
04. (Unitau‐SP) O composto é normalmente obtido pela desidratação
de:
a) duas moléculas iguais de cetona.
b) duas moléculas iguais de ácido carboxílico.
c) duas moléculas iguais de álcool.
d) de uma molécula de álcool e uma de cetona.
Reações de Oxidação (I)
Introdução
As reações de oxirredução são as que ocorrem com mudança do número de
oxidação.
Na oxidação verifica‐se a perda de elétrons e conseqüentemente o aumento do número
de oxidação. Para os compostos orgânicos, verifica‐se reação com o oxigênio e o aumento
do número de oxidação do carbono envolvido.
Cetés - Química Orgânica-C 36
1. Ozonólise de Alcenos
É a reação com ozônio (O3), formando ozonetos ou ozonídeos, seguida por
hidrólise (quebra pela água) do ozoneto formado, o que permite a obtenção de aldeído
e/ou cetona com formação de peróxido de hidrogênio.
O produto obtido depende do tipo de cada carbono que faz a ligação dupla:
A – Se ambos os carbonos que fazem a ligação dupla forem primários ou secundários,
obteremos apenas aldeído.
B – Se ambos os carbonos que fazem a ligação dupla forem terciários, obteremos apenas
cetonas.
C – Se um dos carbonos que fazem a ligação dupla for primário ou secundário e o outro
terciário, obteremos uma mistura de aldeído e cetona.
Exemplos
– Ozonólise do 2‐metilbut‐2‐eno
– Ozonólise do 2‐buteno
– Ozonólise do 2,3‐dimetil‐2‐buteno
Observação
Para evitar a oxidação do aldeído pela água oxigenada, deve‐se utilizar zinco na
reação.
A ozonólise caracteriza‐se pela sua seletividade de não produzir ácidos
carboxílicos.
Aplicação da Ozonólise
1) Método de obtenção de aldeídos e cetonas.
2) Determinação da posição da dupla ligação na molécula. Para isso proceder da seguinte
maneira: eliminar os átomos de oxigênio das duas moléculas resultantes e unir por dupla
ligação os carbonos do radical funcional.
Cetés - Química Orgânica-C 37
Exemplo
Um alceno forneceu por ozonólise aldeído acético e propanona. Qual é o alceno?
O alceno é, portanto:
2‐metilbut‐2‐eno
2. Oxidação Branda de Alcenos
Os alcenos são oxidados pelo KMnO4 (permanganato de potássio) em meio básico
(NaHCO3 ou Na2CO3) ou meio neutro, formando diálcoois vicinais denominados glicóis. O
oxidante brando mais usado é o KMnO4/NaHCO3, conhecido como reativo de Bayer.
Em meio alcalino o KMnO4 é um oxidante brando, dando‐se a seguinte reação:
Exemplo de oxidação branda de alcenos:
Importante!
Em função da cor violeta da solução de KMnO4, a reação de Bayer pode ser
aplicada para se distinguir um alceno do ciclano isômero; com KMnO4 em meio alcalino o
ciclano não reage.
3. Oxidação Enérgica de Alcenos
São exemplos de oxidantes enérgicos: mistura sulfopermangânica (KMnO4/ H2SO4) e
mistura sulfocrômica (K2Cr2O7/ H2SO4).
O KMnO4 , em meio ácido, é um oxidante enérgico, dando‐se a reação:
Um alceno, quando submetido a um oxidante enérgico, sofre oxidação com
ruptura da dupla ligação, podendo haver formação de ácidos carboxílicos, cetonas ou gás
carbônico.
* Haverá formação de gás carbônico em vez de ácido metanóico se a dupla ligação
estiver localizada na extremidade da cadeia; isso acontece porque o ácido metanóico
Cetés - Química Orgânica-C 38
possui a propriedade de ser atacado pelo oxigênio, pois o ácido fórmico apresenta caráter
redutor.
Exemplos
Quando o alceno apresentar ramificações nos carbonos da dupla ligação,
obteremos cetona ao invés de ácido carboxílico.
Aplicação da Oxidação Enérgica
A reação com KMnO4/H2SO4 pode ser empregada na localização da dupla ligação
de um alceno desconhecido, além de se constituir num método para obtenção de cetonas
e/ou ácidos carboxílicos.
Exemplo
Um alceno produz com KMnO4/ H2SO4 , ácido propanóico e butan‐2‐ona.
Alceno é:
3‐metil‐hex‐3‐eno
Observação
A reação de um composto orgânico com oxigênio atômico ou molecular é uma
reação de oxidação do composto orgânico, pois o número de oxidação ou Nox do carbono
aumenta. O permanganato de potássio é chamado de agente oxidante. Outro agente
oxidante muito empregado em Química Orgânica é o dicromato de potássio (K2Cr2O7).
Resumo
– Ozonólise – Reação de alcenos com ozônio, seguida de hidrólise, formando aldeídos e
/ou cetonas.
Cetés - Química Orgânica-C 39
– Oxidação branda – Formação de diálcoois vicinais.
– Oxidação enérgica – Formação de ácido carboxílico, cetona ou gás carbônico.
Exercícios
01. (Fuvest‐SP) Na ozonólise do alqueno de menor massa molecular que apresenta
isomeria cis‐trans, dizer qual é o único produto orgânico formado.
02. Da ozonólise de um alceno resultam dois compostos, ambos de fórmula molecular
C3H6O e isômeros de função entre si. O alceno é:
a) 2,3‐dimetil‐2‐buteno
b) 3‐hexeno
c) 1,4‐hexadieno
d) 2‐metil‐2‐penteno
e) 2‐metil‐2‐hexeno
03. (FEI‐SP) A oxidação enérgica do metil‐2‐buteno produz:
a) propanona e etanal.
b) etanal e etanóico.
c) metil 2,3 butanodiol.
d) propanona e etanóico.
e) butanona, água e gás carbônico.
4. Oxidação Enérgica
A. Álcool Primário
Os alcoóis primários podem oxidar‐se parcial ou totalmente.
A oxidação parcial de um álcool primário produz aldeído, que é novamente
oxidado e produz ácido carboxílico, o que nos leva a concluir que a oxidação total de um
álcool primário terá como produto final um ácido carboxílico.
A oxidação de um álcool primário a ácido carboxílico é possível porque o carbono
do grupo – OH de um álcool primário possui, no mínimo, 2 ligações com hidrogênio.
Um dos métodos para oxidar álcool primário a aldeído e depois a ácido carboxílico
consiste em usar solução de dicromato de potássio, K2Cr2O7 , como agente oxidante.
Essa solução que possui o íon dicromato tem coloração vermelho‐
alaranjada. Quando esse íon oxida o álcool, o cromo sofre redução, passando a Cr2O3 de
coloração verde (esta reação é a que acontece nos bafômetros).
Exemplo
Cetés - Química Orgânica-C 40
Caso Especial
Oxidação do Metanol
(Possui 3 ligações com hidrogênio e, portanto, 3 pontos a serem oxidados na
molécula.)
B. Álcool Secundário
Os alcoóis secundários são oxidados a cetonas, pois o carbono do grupo – OH,
neste caso, possui apenas 1 ligação com hidrogênio.
Exemplo
C. Álcool Terciário
Como neste caso o carbono do grupo – OH não possui ligações com hidrogênio, os
álcoois terciários não sofrem reação de oxidação.
5. Diferenciação Prática de Aldeídos e Cetonas
Em laboratórios, faz‐se a diferenciação entre aldeído e cetona com base no fato de
Cetés - Química Orgânica-C 41
que os aldeídos são facilmente oxidados e as cetonas não o são.
Para isso, usam‐se reativos especiais que, ao provocarem a oxidação do aldeído e,
conseqüentemente, ao sofrerem redução, produzem um sinal físico facilmente
identificável como, por exemplo, uma mudança de cor.
Uma vez que a cetona não sofre oxidação, seu contato com esses reativos não
produz sinal algum e assim verifica‐se, experimentalmente, se determinado composto é
um aldeído ou uma cetona.
Principais reativos:
A. Reativo de Tollens
Solução Amoniacal de Nitrato de Prata
Os aldeídos produzem um precipitado de prata metálica nas paredes do frasco,
formando um espelho de prata.
As cetonas não reagem com reativo de Tollens.
B. Reativo de Fehling
Mistura de solução alcalina de tartarato duplo de sódio e potássio (sal de
seignette) e solução de CuSO4.
A mistura é um líquido de cor azul escuro que contém o íon cobre II.
Os aldeídos, quando tratados pelo licor de Fehling, dão um precipitado vermelho‐
marrom de óxido cuproso.
As cetonas não reagem com o licor de Fehling.
6. Combustão
É uma reação que corresponde à queima de um composto que é alimentada pelo
gás oxigênio, que recebe o nome de comburente. A combustão completa de compostos
orgânicos, geralmente hidrocarbonetos e álcoois, produz dióxido de carbono (CO2) e água
na forma de vapor.
Se a combustão for incompleta, além de água pode haver a formação de carbono
ou monóxido de carbono.
Exemplo
Combustão Completa
a) CH4 + 2O2 CO2 + 2H2O
b) C2H2 + 5/2 O2 Æ 2CO2 + H2O
c) C2H5OH + 3O2 2CO2 + 3H2O
Observe que o balanceamento da equação deve ser feito considerando‐se a combustão
(queima) de um mol do composto orgânico, iniciando‐se pelo carbono, em seguida
hidrogênio e finalmente oxigênio, se for o caso.
Combustão Incompleta
Cetés - Química Orgânica-C 42
a)
b)
Na combustão incompleta nota‐se a presença de fuligem (carbono) e monóxido de
carbono; isto se deve à quantidade insuficiente de oxigênio molecular (O2) para realizar a
combustão total.
Resumo
• Oxidação do Álcool
Primário – A oxidação parcial produz aldeído e a total produz ácido carboxílico. A oxidação
do metanol produz CO2 e H2O.
Secundário – Produz cetona.
Terciário – Não sofre reação de oxidação.
• Diferenciação prática de aldeídos e cetonas
– realizada através de reações de oxidação. Os aldeídos sofrem oxidação e as cetonas não
sofrem oxidação. Os reativos usados são reativo de Tollens e reativo de Fehling.
• Combustão
Queima de um composto que é alimentada pelo gás oxigênio (comburente). A
combustão pode ser completa (formação de CO2 e H2O) ou incompleta (formação além da
água de carbono ou monóxido de carbono).
Exercícios
01. (Fuvest‐SP) Para distinguir o 1‐butanol do 2‐butanol foram propostos dois
procedimentos:
I) Desidratação por aquecimento de cada um desses compostos com ácido sulfúrico
concentrado e isolamento dos produtos formados. Adição de algumas gotas de solução de
bromo em tetracloreto de carbono (solução vermelha) aos produtos isolados e verificação
da ocorrência ou não de descoramento.
II) Oxidação parcial de cada um desses compostos com dicromato de potássio e
isolamento dos produtos formados. Adição de reagente de Tollens aos produtos isolados e
verificação da ocorrência ou não de reação (positiva para aldeído e negativa para cetona).
Mostre a utilidade ou não de cada um desses procedimentos para distinguir esses dois
alcoóis, indicando os produtos formados na desidratação e na oxidação.
02. (UFRJ‐RJ) A e B são compostos orgânicos de mesma massa molecular que, por
oxidação com permanganato de potássio em meio ácido, geram como produtos,
respectivamente, butanona e ácido butanóico.
a) Qual o tipo de isomeria existente entre os compostos A e B? Justifique sua resposta.
b) Qual o produto orgânico resultante da desidratação do composto B?
03. (Vunesp‐SP) Quais os produtos de oxidação parcial e total (da função álcool) do 1‐
propanol e do 2‐propanol?
Cetés - Química Orgânica-C 43
a) Escrever as equações das oxidações utilizando fórmulas estruturais.
b) Escrever os nomes dos produtos.
04. (Vunesp‐SP) O etanol pode ser submetido às seguintes reações:
I) de desidratação, em presença de ácido sulfúrico;
II) de oxidação, em presença de dicromato de potássio e ácido sulfúrico.
No total, podem se formar quatro produtos diferentes. Indique as fórmulas estruturais e
os nomes oficiais de dois desses produtos.
05. (Vunesp‐SP) Nos carros movidos a etanol (álcool etílico), a combustão completa de 1
mol de álcool produz:
a) 1 mol de CO2 e 6 mols de H2.
b) 2 mols de CO2 e 3 mols de água.
c) 2 mols de monóxido de carbono e 3 mols de água.
d) 3 mols de etanal e 1 mol de metano.
e) 1 mol de metanol e 3 mols de monóxido de carbono.
Reações de Esterificação e Saponificação
1. Reação de Esterificação
Esta reação é a reação reversível de álcool com um ácido na formação de éster e
água. Esta reação é utilizada na indústria para obtenção das essências de frutas (que são
ésteres).
Pode‐se deslocar o equilíbrio para o lado do éster, por exemplo, retirando‐se a
água do equilíbrio, isto é, juntando‐se um desidratante. Foi provado, experimentalmente,
que na reação de esterificação o oxigênio do grupo OH do álcool permanece na molécula
do éster e o oxigênio do grupo OH do ácido é eliminado sob a forma de H2O. Assim,
fazendo a reação de um álcool marcado com ácido, verificou‐se que se forma éster pesado
e não água pesada.
Exemplo de esterificação:
Esta reação é reversível e a reação inversa chama‐se hidrólise do éster.
Curiosidade
A reação de glicerol (glicerina, propanotriol 1, 2, 3) com ácido nítrico concentrado,
Cetés - Química Orgânica-C 44
na presença de H2SO4 concentrado, produz a trinitro glicerina, a qual é muito sensível ao
choque. O engenheiro sueco Alfred Nobel descobriu que absorvendo nitroglicerina em
material poroso, a sensibilidade à explosão diminui bastante, sendo possível o seu
emprego como explosivo.
Dá‐se o nome de dinamite ao trinitrato de glicerina (trinitroglicerina) absorvido no
material poroso (estabilizador, sendo o mais empregado a terra de infusórios ou
Kieselguhr).
2. Reação de Saponificação
(Reação de formação do sabão)
Importante
O sal formado nesta reação será denominado sabão somente se for derivado de
ácido graxo (Ácidos carboxílicos de cadeia longa).
Exemplo
Curiosidade
Os sabões feitos com KOH formarão sais de potássio, que são líquidos. Este
processo é bastante usado por pessoas que fazem sabão caseiro colocando um pouco de
cinza, já que a madeira possui potássio, tornando o sabão mais maleável.
Nota
Os sabões e detergentes são agentes emulsificantes.
Geralmente o nome detergente é reservado para ácidos sulfônicos (–SO3H) e seus
derivados.
Exemplos
Os sabões e detergentes estabilizam uma emulsão.
Por exemplo, uma emulsão de querosene em água, na presença de sabão ou
detergente, é estabilizada, isto é, o querosene não se separa da água.
Resumo
– Reação de Esterificação: reação reversível entre ácido e álcool produzindo éster e água.
Cetés - Química Orgânica-C 45
– Reação de Saponificação: reação de formação de sabão.
Exercícios
01. (Vunesp‐SP) O ácido metilpropiônico reage com 1‐butanol, formando água e um
produto orgânico.
a) Escreva a equação balanceada da reação utilizando fórmulas estruturais para os
compostos orgânicos.
b) Dê o nome do produto orgânico formado na reação e a função a que pertence.
02. (Unicamp‐SP) O éster responsável pelo aroma do rum tem a seguinte fórmula
estrutural:
Escreva as fórmulas estruturais do ácido e do álcool a partir dos quais o éster poderia ser
formado.
03. (Fuvest‐SP) Na reação de saponificação
CH3COOCH2CH2CH3 + NaOH X + Y, os produtos X e Y são:
a) álcool etílico e proprionato de sódio.
b) ácido acético e propóxido de sódio.
c) acetato de sódio e álcool propílico.
d) etóxido de sódio e ácido propanóico.
e) ácido acético e álcool propílico.
Reação de Wurtz – Síntese de Kolbe – Reação de Grignard
1. Reações com Sódio Metálico
Muitos compostos orgânicos reagem com sódio.
Algumas dessas reações são processos de obtenção de substâncias orgânicas, outras são
usadas como processo de diferenciação de várias funções orgânicas. É bom lembrar que
estas reações também são de oxirredução.
A. Síntese de Wurtz
É o processo de obtenção de alcanos.
Consiste na reação de haletos de alquila com sódio metálico, em meio etérico.
B. Reação com Alcinos Verdadeiros
A reação de alcino com sódio é utilizada para diferenciar alcinos verdadeiros de
Cetés - Química Orgânica-C 46
falsos. Os alcinos verdadeiros reagem com sódio, enquanto os falsos não reagem. Assim,
os alcinos verdadeiros, além de apresentarem reações de adição, apresentam também
reações de substituição. Os alcinos falsos apresentam apenas reações de adição.
Com a fórmula C4H6 temos 2 alcinos diferenciáveis pela reação.
C. Reação com Alcoóis
Os metais alcalinos e alcalino‐terrosos deslocam o hidrogênio dos álcoois,
formando alcóxi ou alcóxidos de metais.
A reação é semelhante à que ocorre entre água e esses metais, porém mais
branda. A água reage violentamente com o Na, que pode até explodir, enquanto o álcool
reage brandamente com esse metal.
Exemplo
(reação violenta com possibilidade de explosão)
Essa reação permite diferenciar éteres de álcoois isômeros, pois um éter isômero
não reage com sódio:
H3 C – O – CH3 + Na não há reação
D. Reação com Fenóis
Reagem da mesma forma que os alcoóis.
E. Reação com Ácidos Carboxílicos
Reagem produzindo sais de ácidos.
2. Síntese de Kolbe
Cetés - Química Orgânica-C 47
Trata‐se de um processo de obtenção de alcanos. Ocorre reação de um sal de ácido
carboxílico com água, com o uso de corrente elétrica.
3. Reação de Grignard
A reação de composto de Grignard com aldeído e cetona e posterior hidrólise é um
processo de obtenção de álcool.
O composto de Grignard é um composto organo‐metálico de fórmula R – MgX,
sendo X um halogênio qualquer.
Exemplo
O composto de Grignard é obtido pela reação de derivado halogenado com
magnésio em meio etéreo.
H3C – Cl + Mg H3C – MgCl
Os compostos de Grignard reagem com água produzindo alcano.
CH3MgBr + HOH CH4 + Mg(OH)Br
CH3 – CH2MgBr + HOH CH3 – CH3 + Mg(OH)BR
A. Grignard com Metanal (Aldeído Fórmico)
Neste caso, obtemos álcool primário
B. Grignard com Aldeído Qualquer
Ocorre obtenção de álcool secundário
C. Grignard com Cetonas
Ocorre formação de álcool terciário
Portanto:
Metanal + Grignard Álcool Primário
Outro Aldeído + Grignard Álcool Secundário
Cetona + Grignard Álcool Terciário
Cetés - Química Orgânica-C 48
Resumo
• Síntese de Wurtz – Processo de obtenção de alcanos através da reação de haletos de
alquila com sódio metálico.
– Ocorre reação somente de alcinos verdadeiros com sódio metálico.
– A reação com sódio metálico permite diferenciar álcool de um éter isômero.
• Síntese de Kolbe – Processo de obtenção de alcanos através de reação de sal de ácido
carboxílico com água, com o uso de corrente elétrica.
• Compostos de Grignard: São compostos organometálicos.
Exercícios
01. (Vunesp‐SP) Um dos métodos de obtenção de alcanos é a síntese de Wurtz, que
consiste na reação de haletos orgânicos com sódio metálico. Uma mistura de
2‐cloro‐propano e cloro‐metano foram tratados com sódio, observando‐se a ocorrência
de três reações, que deram origem a três alcanos diferentes.
Escreva:
a) As equações balanceadas das três reações.
b) Os nomes dos três hidrocarbonetos formados.
02. (Fuvest‐SP) Apresentar as reações do etanal com cloreto de metil magnésio e posterior
hidrólise.
03. (FEI‐SP) A propanona reage com brometo de etil magnésio e o produto obtido é
hidrolisado. Equacione as reações e dê o nome do produto final.
Petróleo – Hulha
1. Petróleo
Introdução
O petróleo (óleo de pedra) é um líquido oleoso, insolúvel em água, mais leve que
ela, de cor variando entre amarelo e negro, encontrado em jazidas, no subsolo da crosta
terrestre.
O petróleo é uma mistura de compostos orgânicos, predominando nitidamente os
hidrocarbonetos.
O petróleo é retirado das jazidas por meio de perfurações na crosta terrestre,
através das quais se atinge o poço petrolífero.
Inicialmente, o petróleo jorra espontaneamente, em razão da grande pressão de seus
gases; depois de certo tempo, a pressão interna torna‐se insuficiente para levar o petróleo
à superfície da crosta terrestre, e a extração é feita por meio de bombas. Obtém‐se, assim,
o petróleo bruto.
A seguir, o petróleo bruto é submetido a processos mecânicos de purificação: por
decantação, é separada a água salgada bem como a matéria em suspensão
(particularmente areia e argila) etc. Após o tratamento mecânico, o petróleo é submetido
a um processo de fracionamento.
A. Fracionamento do Petróleo
Por meio de destilação fracionada em grandes colunas de fracionamento, obtêm‐se
Cetés - Química Orgânica-C 49
diversas frações de petróleo.
Segue‐se um esquema das principais frações obtidas e os respectivos intervalos de
temperatura em que destilam.
Fração Gasosa (Gases de Petróleo)
– Gás Natural: C1 e C2
– Gás Engarrafado: C3 e C4
Fração Benzina ou Gasolina (até 150° C)
– Éter de Petróleo
– Gasolina Especial ou de Aviação
– Benzina Especial
– Ligroína
Fração Querosene (150° C a 300° C)
Fração Óleos Lubrificantes (300° C a 400° C)
– Gas Oil ou Óleo Diesel
– Óleos Lubrificantes Propriamente Ditos
– Parafinas
Resíduos
– Parafinas
– Vaselinas
– Asfalto
– Piche de Petróleo
Observações: Tomando por base, por exemplo, o petróleo americano, a composição
química das diversas frações do petróleo é a seguinte: os gases do petróleo são
constituídos de CH4, C2H6, C3H8 e C4H10; o éter de petróleo é constituído de pentanos e
hexanos; a gasolina, de C6H14 a C10H22; a benzina, especialmente de heptanos e octanos; a
ligroína, de octanos e nonanos. O querosene contém alcanos com 10 a 16 átomos de
carbono, e as frações menos voláteis (com ponto de ebulição mais alto) contêm
hidrocarbonetos superiores.
Portanto, podemos construir a seguinte tabela:
B. Principais Aplicações das Diversas Frações do Petróleo
Os gases do petróleo têm grande emprego como combustível (gás engarrafado). A
gasolina é a fração de maior consumo pela sua aplicação como combustível nos motores
de explosão. O éter de petróleo, a benzina especial e a ligroína têm grande aplicação
Cetés - Química Orgânica-C 50
como dissolventes orgânicos. O querosene é empregado na iluminação; porém, hoje em
dia, este emprego é bem restrito.
O gas oil ou óleo diesel tem grande aplicação como combustível dos motores a diesel. Os
óleos lubrificantes, como indica o nome, têm grande aplicação como lubrificantes em
geral. A parafina tem grande aplicação na fabricação de velas, graxas para sapatos, ceras
para assoalho etc. O asfalto e o piche de petróleo são muito utilizados na pavimentação
de vias públicas.
C. Índice de Octanos
Nos motores a explosão, a mistura de gasolina e ar (combustível e comburente) é
submetida à compressão, que varia com a potência do motor: quanto maior for a potência
do motor, maior tem que ser a compressão. A simples compressão da mistura pode
produzir sua detonação; esta detonação prematura, isto é, por compressão e não pela
faísca produzida pela vela, deve ser evitada, pois diminui a potência do motor.
Este fenômeno de detonação prematura da mistura de gasolina e ar é conhecido
com o nome de knocking. A qualidade de uma gasolina depende da sua maior ou menor
resistência à compressão sem detonação, quando em mistura com ar. Evidentemente,
quanto maior a sua resistência à compressão, melhor sua qualidade.
Entre os constituintes da gasolina, o normal heptano oferece baixíssima resistência
à compressão, isto é, apresenta o fenômeno do knocking a pressões muito baixas; por
outro lado, o isoctano (2, 2, 4‐trimetil pentano) oferece grande resistência à compressão,
isto é, só apresenta o knocking a pressões muito altas. Esses dois hidrocarbonetos
foram tomados como padrão para a determinação da resistência da gasolina à
compressão sem detonação, quando em mistura com o ar.Foi, então, estabelecido o
índice de octanos.
Ao normal heptano foi arbitrariamente dado o valor zero e ao isoctano o valor 100.
Quando se diz que uma gasolina tem X octanos (octanagem X, número de octanos X,
índice de octanos X), quer‐se dizer que a mistura dessa gasolina com o ar no motor de
explosão resiste à mesma compressão sem detonação que uma mistura X% de isoctano e
(100 – X%) do normal heptano.
n – heptano (octanagem zero)
Assim, uma gasolina de 80 octanos (octanagem 80, número de octanos 80) é
aquela que se comporta no motor como mistura contendo 80% de isoctano e 20% de
normal heptano; uma gasolina de 42 octanos é aquela que se comporta no motor como
uma mistura contendo 42% de isoctano e 58% de normal heptano.
Evidentemente, quanto maior o índice de octanos, melhor a qualidade da gasolina,
pois resiste a maiores compressões sem detonação prematura (knocking ou batida de
pino).
Antidetonadores (ou anti‐knocking) são substâncias adicionadas à gasolina para
elevar a sua octanagem, isto é, aumentar a sua resistência à compressão.
Os antidetonantes mais empregados são o chumbo tetraetila ou tetra etilchumbo
(Pb (C2H5)4 ) de uso proibido por causa da poluição ambiental e o cloreto de etileno, (Cl –
Cetés - Química Orgânica-C 51
CH2 – CH2 – Cl).
Há ainda o caso particular da gasolina com índice de octanos superior a 100.
Adicionando antidetonante a uma gasolina de índice de octanos próximo de 100, esse
índice poderá ultrapassar o valor citado, caso em que será obtida uma gasolina que
resistirá à compressão mais elevada que o isoctano.
D. Cracking
A fração de maior consumo obtida no fracionamento do petróleo é a fração
gasolina. A porcentagem de gasolina no petróleo varia com a procedência do mesmo, mas
em média é de 10 %.
Pode‐se, porém, obter maior rendimento em gasolina no petróleo. Isto é feito pelo
processo de cracking do petróleo, que consiste no aquecimento entre 450 °C a 700 °C das
frações menos voláteis que a gasolina. Estas frações contêm hidrocarbonetos com maior
cadeia carbônica e durante o processo dá‐se a pirólise dos mesmos, formando‐se
hidrocarbonetos com menores cadeias carbônicas, constituintes da gasolina. No cracking
empregam‐se catalisadores especiais que aumentam o rendimento da gasolina.
Simultaneamente com o cracking faz‐se a hidrogenação catalítica para transformar
os alcenos em alcanos.
O processo de cracking é bastante complexo, podendo originar uma mistura de
produtos.
2. Hulha
O carvão mineral é formado por materiais ricos em carbono que ocorrem na crosta
terrestre em forma de depósitos e que resultam da fossilização da madeira. Observe o
teor de carbono encontrado em diferentes fontes:
madeira – 40% de carbono
turfa – 60% de carbono
linhito – 70% de carbono
hulha – 80% de carbono
antracito – 90% de carbono
Destilação Seca da Hulha
Na prática, a destilação seca da hulha é feita pelo seu próprio aquecimento a 1.000
°C em retortas de ferro, ao abrigo do ar. São obtidas as seguintes frações:
a) Fração gasosa
– gás de rua ou gás de iluminação
b) Fração líquida
– águas amoniacais
– alcatrão da hulha
c) Fração sólida ou resíduo
– carvão coque
O gás de rua é constituído de H2 (50%), CH4 (35%), CO (7%) e outros componentes.
As águas amoniacais contêm NH3, sais de amônio, aminas e outros componentes
orgânicos em solução aquosa. A partir das águas amoniacais são fabricados sais de amônio
de grande aplicação como fertilizantes na agricultura.
Cetés - Química Orgânica-C 52
O carvão coque é usado como redutor em metalurgia e, em particular, na
siderurgia na fabricação de carbureto, gás d’água etc...
Na química orgânica, a fração mais importante obtida da destilação seca da hulha é
o alcatrão, que representa a fonte natural mais importante para a obtenção dos
compostos aromáticos.
As principais frações obtidas pela destilação fracionada do alcatrão da hulha são as
seguintes:
a) Óleos Leves
até 150 °C: Benzeno, Tolueno, Xileno.
b) Óleos Médios
de 150 °C a 220 °C: Fenol, Naftaleno.
c) Óleos Pesados
de 220 °C a 270 °C: Cresóis, Anilina.
d) Óleos Verdes
de 270 °C a 400 °C: Antraceno, Fenantreno.
e) Resíduos ou Piche
Resumo
Petróleo (óleo de pedra):
Mistura de hidrocarbonetos por meio da destilação fracionada, separamos os
componentes do petróleo: fração gasosa, fração benzina ou gasolina, fração querosene,
fração óleo lubrificante e resíduos.
Cracking: hidrocarbonetos de cadeias maiores são aquecidos formando hidrocarbonetos
de cadeias menores. O processo é utilizado para aumentar a quantidade de gasolina.
Carvão mineral: são materiais ricos em carbono.
Turfa: 60% carbono
Linhito: 70% carbono
Hulha: 80% carbono
Antracito: 90% carbono
Exercício
Na questão a seguir, escreva nos parênteses a soma dos itens corretos.
01. (UFBA‐BA) O petróleo é uma das mais importantes fontes naturais de compostos
orgânicos. Por destilição fracionada obtêm‐se as frações do petróleo, que são misturas de
diferentes hidrocarbonetos.
A tabela a seguir indica algumas dessas frações, com os respectivos pontos de ebulição, e
o diagrama representa uma torre de destilação de petróleo.
Com base nas informações anteriores e nos conhecimentos sobre hidrocarbonetos, pode‐
se afirmar que:
Cetés - Química Orgânica-C 53
(01) o petróleo é uma substância composta.
(02) a fração que sai no nível 2 da torre é a gasolina.
(04) o óleo diesel saida torre num nível mais baixo que o da gasolina.
(08) o composto de fórmula molecular C7H16, um dos componentes da gasolina, é um
alceno.
(16) os hidrocarbonetos são compostos orgânicos formados de carbono, hidrogênio e
oxigênio.
(32) propano e butano, gases do petróleo, são hidrocarbonetos saturados.
Soma ( )
Leitura Complementar
1. Cauchu
É obtido na Amazônia, a partir da hevea brasiliensis, conhecida como seringueira.
São feitas incisões oblíquas no caule da seringueira de onde escorre o látex que é coloidal
(emulsão de borracha em água).
Na extração do látex procede‐se à coagulação do colóide. Para isso seca‐se o látex,
isto é, evapora‐se a água, deixando finas camadas de látex em tanques abertos. Para
facilitar a coagulação, adiciona‐se ácido acético.
No Brasil usa‐se a defumação para coagular o látex e pôr “que” é exposto à
fumaça, vai perdendo água e ao mesmo tempo coagula pela ação do acido acético
proveniente da madeira verde queimada.
A borracha obtida é impura e chamada de borracha bruta.
2. Vulcanização
A borracha bruta, mesmo depois de purificada, apresenta certos inconvenientes.
Sob temperaturas um pouco mais altas (verão) torna‐se pegajosa e, em temperaturas
mais baixas, (inverno), quebradiça e pouco resistente à tração e ao desgaste (abrasão).
Em 1838, Hanconck e Goodyear descobriram um processo para melhorar as
propriedades físicas da borracha natural. Esse processo recebeu o nome de vulcanização e
consiste no tratamento do cautchu com enxofre.
Ao que parece, com a vulcanização, as extensas moléculas lineares se unem
através de pontes de enxofre, tornando a borracha mais dura e menos elástica.
Dependendo da porcentagem de enxofre, o produto poderá ter diferentes propriedades.
A ebonite (cautchu com mais de 32% de enxofre) é um sólido inelástico, usado
como isolante elétrico.
Exemplo de cautchu vulcanizado:
Cetés - Química Orgânica-C 54
POLÍMEROS
Introdução
São macromoléculas (moléculas grandes) obtidas pela combinação de um número
muito grande de moléculas menores denominadas monômeros. O processo em que isso é
feito chama‐se polimerização.
Esse processo é conhecido em laboratório desde 1860, mas foi em 1864 que se
desenvolveu o primeiro polímero com aplicações práticas: o celulóide.
1. Classificação dos Polímeros
Os polímeros podem ser classificados pelo método de preparação:
• Polímeros por Adição
• Copolímeros
• Polímeros por Condensação
2. Polímeros por Adição
São os polímeros formados a partir de um monômero que deve ser um composto
insaturado. A polimerização se dá por meio de reação de adição. Observe os exemplos:
A. Polietileno
Os polímeros do etileno chamam‐se polietilenos. Os polímeros de massa molecular
relativamente baixa são ótimos óleos lubrificantes. Os de massa molecular média
assemelham‐se às ceras. Os de cadeia maior são duros e resistentes à temperatura.
Empregando‐se catalisadores especiais, consegue‐se a polimerização em uma pressão
próxima a da atmosfera.
O polietileno é insolúvel, isolante elétrico e inatacável por ácido ou base. É usado
no recobrimento de cabos para velas de ignição, em fios telefônicos, na fabricação de
tubos plásticos, recipientes domésticos etc...
B. Teflon (Politetrafluor etileno)
A polimerização do tetrafluoretileno a 50 atmosferas de pressão, em presença de
catalisadores à base de peróxido, resulta em um produto conhecido como teflon (massa
molecular de 500.000 a 2.000.000).
A característica do teflon é a sua extrema inércia química, resistindo ao ataque de
todos os reativos com exceção dos materiais alcalinos fundidos. Como apresenta a
superfície extremamente lisa e resiste à alta temperatura sem fundir, o teflon é usado no
revestimento de panelas, frigideiras etc...
C. PVC
O cloreto de vinila é um gás que polimeriza rapidamente em presença de peróxido,
resultando em uma resina chamada cloreto de polivinila (PVC).
Cetés - Química Orgânica-C 55
É usado em toalhas de mesa, garrafas d’água, cortina para banheiros, tubos, couro
artificial para estofamento etc.
D. Benzeno
Uma polimerização importante é a trimerização do acetileno na obtenção do
benzeno.
Essa reação constitui o método histórico de Berthelot para a preparação do
benzeno.
E. Polimerização dos Alcadienos
3. Copolímeros
É o polímero formado por mais de um tipo de monômero, possuindo estrutura variada.
A. Buna‐s
É obtido pela copolimerização do butadieno 1,3 com o vinil benzeno, sendo o sódio
metálico usado como catalisador.
Esse polímero, por ser muito resistente ao atrito, é usado nas bandas de rodagem
dos pneus.
B. Buna‐n
É obtido pela copolimerização do 1,3 butadieno com o propeno‐nitrilo, sendo o
sódio metálico usado como catalisador.
Cetés - Química Orgânica-C 56
4. Polímeros por Condensação
Condensação é a reação entre moléculas de um ou mais compostos que origina um
único composto. Na polimerização por condensação tem‐se a liberação de uma
substância, geralmente água, que não se torna parte do polímero final. Observe a
condensação da glicose com produção de amido:
A. Baquelite (Polifenol)
É preparada por condensação de aldeído fórmico com fenol comum. A baquelite é
muito usada como isolante na fabricação de materiais elétricos (pinos, tomadas, plugues
etc).
B. Náilon (Poliamida)
É um polímero obtido por condensação do ácido adípico HOOC – (CH2)4 – COOH e
hexametilenodiamina
H2N – (CH2)6 – NH2.
Por estiramento, os fios de náilon adquirem grande resistência à tração. Queima
com dificuldade, tem boa resistência aos agentes químicos, à água quente e aos óleos.
O grupo é uma ligação amídica, diz‐se que o náilon é uma poliamida.
C. Dácron (Poliéster)
A condensação de ácido tereftálico com etilenoglicol produz um polímero
chamado terilene ou dácron, que é usado na fabricação de fibras sintéticas de grande
resistência à tração, filmes etc.
5. Silicones
São polímeros com silício e são obtidos pela condensação do dimetilsiloxana.
Cetés - Química Orgânica-C 57
São usados em lubrificações de moldes, borrachas, laminados, resinas, agentes
antiespumantes, cirurgias plásticas.
Resumo
Polímeros – São macromoléculas obtidas pela combinação de um grande número de
moléculas menores denominadas de monômeros.
Os polímeros podem ser classificados em:
– Polímeros por adição: a polimerização ocorre através de reações de adição.
– Copolímeros: formados por mais de um tipo de monômero.
– Polímero por condensação: formado pela reação entre moléculas de um ou mais
compostos, originando um único composto. Ocorre formação de água como subproduto
da reação.
Exercícios
01. (Fuvest‐SP) Considere a estrutura cíclica da glicose, em que os átomos de carbono
estão numerados:
O amido é um polímero formado pela condensação de moléculas de glicose, que se ligam,
sucessivamente, através do carbono 1 de uma delas com o carbono 4 de outra (ligação “1‐
4”)
a) Desenhe uma estrutura que possa representar uma parte do polímero, indicando a
ligação “1‐4” formada.
b) Cite uma outra macromolécula que seja polímero da glicose.
02. (UFRJ‐RJ) Um dos maiores problemas ambientais da atualidade é o do lixo urbano e,
em especial, do lixo plástico. Dentre os plásticos encontrados no lixo podemos citar o
polietileno (sacos e garrafas) e o politereftalato de etileno, conhecido como PET (garrafas
de refrigerantes). A síntese do polietileno se dá pela reação de polimerização do eteno,
segundo a equação:
Já o PET é um poliéster formado por unidades condensadas de dois monômeros,
um diálcool e um diácido, conforme a estrutura a seguir.
Um dos processos de reciclagem das garrafas de PET é a decomposição do
polímero em seus monômeros por intermédio de uma reação de hidrólise.
Com base na estrutura do PET, escreva as fórmulas estruturais dos seus monômeros.
Cetés - Química Orgânica-C 58
03. (Unesp‐SP) Compostos insaturados do tipo
podem polimerizar segundo a reação representada pela equação geral:
Com n > 2.000
A borracha natural é obtida pela polimerização do composto para o qual R e R’ são,
respectivamente, H e CH3.
a) Escreva o nome oficial do monômero que dá origem à borracha natural.b) A reação de
polimerização pode dar origem a dois polímeros com propriedades diferentes. Escreva as
fórmulas estruturais dos dois polímeros que podem ser formados na reação, identificando
o tipo de isomeria existente entre eles.
04. (Fuvest‐SP) O petróleo, por destilação fracionada e craqueamento, fornece compostos
de grande utilidade.
a) Indique três frações da destilação do petróleo em ordem crescente das suas faixas de
temperatura de ebulição, sob mesma pressão. Cite um composto (nome ou fórmula) de
cada uma dessas frações.
b) No craqueamento pode‐se obter C2H4, matéria prima para produção de polietileno.
Escreva uma fórmula estrutural que pode representar o polímero.
c) O descoramento de uma solução aquosa de bromo (água de bromo) serve para
diferenciar eteno de etano. Explique esse fato, utilizando equações químicas.
Obs. – O etano pode reagir com Br2, porém só em condições específicas (calor e luz
ultravioleta).
Lipídios e Proteínas
1. Lípides ou Lipídios
São ésteres elaborados pelos organismos vivos que, por hidrólise, fornecem ácidos
graxos ao lado de outros compostos.
As características dos lípides são: brancos ou levemente amarelados, untuosos ao
tato, pouco consistentes, sendo alguns líquidos, e deixam sobre o papel uma mancha
translúcida que não desaparece com aquecimento, são insolúveis na água.
Os lípides são classificados em céridos e glicéridos.
A. Céridos
São ésteres formados a partir de um ácido graxo e um álcool superior.
Os céridos são conhecidos como ceras e podem ser de origem animal ou vegetal.
São usados na fabricação de ceras de assoalhos, graxa de sapato, cosméticos, velas, etc.
Cetés - Química Orgânica-C 59
Exemplo
B. Glicéridos
São ésteres de glicerol com ácidos graxos. Os óleos e gorduras animais e vegetais
são misturas de glicérides.
O glicérido formado pode ser um óleo ou uma gordura; será um óleo se for
derivado predominantemente de ácidos graxos insaturados. Será uma gordura se for
derivado predominantemente de ácidos graxos saturados.
Já que a única diferença química entre um óleo e uma gordura está na presença ou
ausência de insaturações, podemos compreender facilmente como a indústria transforma
óleos em gordura pela simples adição de H2.
A hidrogenação modifica não só as propriedades físicas como também as
propriedades químicas. As gorduras hidrogenadas tornam‐se rançosas com menos
facilidade do que as não hidrogenadas. A rancidez deve‐se à presença de ácidos e aldeídos
voláteis, de mau odor, obtidos através da reação do oxigênio do ar com carbonos
próximos das duplas ligações, na cadeia carbônica. A hidrogenação reduz o número de
insaturações na cadeia carbônica, o que retarda o desenvolvimento do ranço.
Fisicamente, os óleos se apresentam no estado líquido à temperatura e pressão
ambientes (25 °C e 1 atm) enquanto as gorduras se apresentam no estado sólido.
Gorduras e óleos podem derivar tanto de animais como de vegetais.
Cetés - Química Orgânica-C 60
2. Proteínas
São polímeros de até 20 aminoácidos naturais que se diferenciam pelas cadeias
laterais. Uma única molécula de proteína pode conter milhares de unidades de
aminoácidos.
Os aminoácidos são ácidos 2 – amino carboxílicos.
Esta característica comum confere aos aminoácidos a capacidade de formar longas
cadeias de poliamida que constituem as proteínas.
Uma molécula formada a partir de dois ou mais aminoácidos é chamada de
peptídio e a ligação entre eles é denominada de ligação peptídica. Cada aminoácido
presente em um peptídio é chamado de resíduo. Conforme o número de resíduos, as
peptidas recebem o nome de dipeptidas, tripeptidas, etc. Para as proteínas (cadeia
polipeptídica), encontramos mais de cem resíduos unidos por ligações peptídicas.
As ligações peptídicas podem ser representadas:
A denaturação corresponde à precipitação irreversível de uma proteína, causada
pela ação do calor, ácidos ou bases fortes.
Observação – O termo denaturação também é encontrado como desnaturação.
Resumo
– Lípides ou Lipídios: são ésteres produzidos pelos organismos vivos que, por hidrólise,
fornecem ácidos graxos ao lado de outros compostos.
Classificação
Proteínas: são polímeros de até 20 aminoácidos naturais.
Ligação peptídica: ocorre entre aminoácidos para a formação das proteínas.
Exercícios
01. (Fuvest‐SP)
A composição de óleos comestíveis é, usualmente, dada pela porcentagem em massa dos
Cetés - Química Orgânica-C 61
ácidos graxos obtidos na hidrólise total dos triglicerídeos que constituem tais óleos.
Segue‐se esta composição para os óleos de oliva e milho.
Um comerciante comprou óleo de oliva, mas, ao receber a mercadoria, suspeitou
tratar‐se de milho. Um químico lhe explicou que a suspeita poderia ser esclarecida,
determinando‐se o índice de iodo, que é a quantidade de iodo, em gramas, consumida por
100 g de óleo.
a) Os ácidos graxos insaturados da tabela têm cadeia aberta e consomem iodo.
Quais são esses ácidos? Justifique.
b) Analisando‐se apenas os dados da tabela, qual dos dois óleos apresentará maior índice
de iodo? Justifique.
02. (Vunesp‐SP)
Alcoóis reagem com ácidos carboxílicos para formar ésteres e água. Triglicerídios
(gorduras e óleos) sintéticos podem ser obtidos pela reação de glicerol com ácidos
carboxílicos.
a) Escreva a equação química, utilizando fórmulas estruturais, da reação de 1 mol
de glicerol com 3 mols de ácido n‐hexanóico.
b) Quando submetido a hidrólise alcalina (saponificação), o triglicerídeo
dissolve‐se com regeneração do glicerol e formação de sal. Escreva a
reação de hidrólise do éster, utilizando NaOH. Dê o nome do produto que se forma
junto com o glicerol.
03. (Fuvest‐SP)
O aspartame, adoçante artificial, é um éster de um dipeptídeo.
Esse adoçante sofre hidrólise, no estômago, originando dois aminoácidos e uma terceira
substância.
a) Escreva as fórmulas estruturais dos aminoácidos formados nessa hidrólise.
b) Qual é a terceira substância formada nessa hidrólise? Explique de qual grupo funcional
se origina essa substância.
Carboidratos
São compostos de função mista poliálcool‐aldeído ou poliálcool‐cetona, assim
como todos os compostos que, por hidrólise, produzem os referidos compostos de função
mista.
Os carboidratos são assim chamados porque freqüentemente apresentam fórmula
mínima CH2O, que sugere um hidrato de carbono.
Cetés - Química Orgânica-C 62
A. Podemos classificar os carboidratos em:
‐ Oses: Monossacarídeos
‐ Osídeos
‐ Oses
Açúcares que não se hidrolisam.
Ex.: glicose, frutose, galactose.
a1) Aldoses: apresentam o grupo aldeído. De acordo com o número de átomos de
carbono, classificam‐se em aldotriose (3C); aldotetrose (4C); aldohexose (6C)...
a2) Cetoses: apresentam o grupo cetônico, classificam‐se também em cetotriose (3C);
cetohexose (6C)...
Costuma‐se representar as fórmulas das aldoses e cetoses na vertical. Nestas
fórmulas, um círculo representa o grupo aldeído, o sinal representa o grupo cetona e um
traço, o grupo hidroxila.
Assim, as fórmulas de aldotriose e da cetotriose:
são representadas por
Osídeos
Açúcares que hidrolisam produzindo oses. Classificam‐se em:
b1) Holosídeos: osídeos que, por hidrólise, fornecem somente oses.
Subdividem‐se em:
Dissacarídeos
Açúcares que se hidrolisam, fornecendo duas moléculas de monossacarídeos.
Ex.:
Polissacarídeos
Açúcares que se hidrolisam, formando mais de duas moléculas de
monossacarídios.
Ex.:
b2) Heterosídeos: Osídeos que, por hidrólise, fornecem outros compostos além das oses.
(semente de amêndoas amargas)
Cetés - Química Orgânica-C 63
B. Isomeria nos Açúcares
Uma aldose com n átomos de carbono apresenta (n – 2) átomos de carbono quirais
diferentes e, portanto, 2n – 2 isômeros opticamente ativos.
Uma cetose com n átomos de carbono apresenta (n – 3) átomos de carbono quirais
diferentes e, portanto, 2n – 3 isômeros opticamente ativos.
Uma cetohexose apresenta três átomos de carbono quirais diferentes. São
possíveis, portanto, oito isômeros. Destes oito isômeros, apenas a frutose é abundante na
natureza.
Uma aldohexose apresenta quatro átomos de carbono quirais diferentes. São
possíveis, portanto, 16 isômeros. Na natureza são abundantes apenas três: glicose,
manose e galactose.
C. Estrutura dos Monossacarídeos
Por convenção, o estudo das estruturas das oses é feito a partir da aldose mais
simples, que é o aldeído glicérico (aldotriose)
Como vemos, o aldeído glicérico apresenta 1 átomo de C quiral e, como tal, pode
ser representado por dois antípodas ópticos: o dextrogiro (ald. d glicérico) e o levogiro
(ald. l glicérico).
Inicialmente, representaremos as fórmulas de projeção dos antípodas dos aldeídos
glicéricos, na vertical:
Cetés - Química Orgânica-C 64
As oses têm suas estruturas convencionadas a partir dos aldeídos glicéricos.
A cadeia carbônica poderá ser aumentada a partir do grupo aldeídico.
Assim, obteremos, a partir do aldeído d glicérico, uma aldotetrose em que a base
(os últimos carbonos) da cadeia será idêntica à da aldotriose inicial.
As duas aldotetroses levarão a letra d em sua nomenclatura, pois são provenientes
do aldeído d glicérico.
Da mesma forma, as aldotetroses, provenientes do ald. l glicérico, levarão a letra l
em sua nomenclatura oficial.
Cetés - Química Orgânica-C 65
Seguindo o mesmo raciocínio, poderemos obter aldopentose a partir do
aldotetrose, ou ainda, aldohexose a partir de aldopentose, e assim sucessivamente.
Portanto, uma ose levará a letra d e l em seu nome, de acordo com a origem, isto
é, se pertencer à série do aldeído d ou l glicérico, respectivamente.
Reconhecemos pela estrutura a série a que pertence uma ose pela posição da
penúltima oxidrila: se estiver à direita da cadeia, convencionamos pertencer à série d e
levará tal letra em sua nomenclatura e, se estiver à esquerda da cadeia, a ose levará a
letra l e pertencerá, portanto, à série l.
Outros exemplos
Pelas representações anteriores, notamos que a glicose e a frutose pertencem à
série d das oses, porém a primeira é dextrogira (+) e a segunda é levogira (–). Portanto, as
letras d e l no nome das oses nada têm a ver com a rotação do plano da luz polarizada.
D. Simplificação das Fórmulas Estruturais das Oses
Pode ser feita representando‐se a cadeia principal por uma linha vertical e as
hidroxilas por pequenos traços à direita ou à esquerda dessa vertical.
E. Propriedades Físicas dos Glicídios
As oses são compostos cristalinos, incolores, solúveis na água e pouco solúveis em
solventes orgânicos. Apresentam sabor adocicado. Os dissacarídeos apresentam
propriedades semelhantes.
Os polissacarídeos são amorfos insolúveis em água sem sabor.
Oses Epímeras
São oses que diferem somente na configuração de um único carbono quiral.
Cetés - Química Orgânica-C 66
Exemplo
F. Estudo Geral das Oses e Osídeos
Glicose
C6H12O6 glucose dextrogira, açúcar da uva
Ocorre no mel e frutos doces; é obtida pela hidrólise do amido em meio ácido.
Sua aplicação é na fabricação de álcool etílico, alimentação de crianças, de atletas
(após as competições).
Frutose
C6H12O6 levulose (ocorre no mel, nos frutos doces, sempre na forma d (–).
Sacarose
C12H22O11 açúcar de cana, açúcar comum: ocorre em plantas, principalmente, a cana‐de‐
açúcar e a beterraba.
Sua obtenção obedece à seqüência:
a) obtenção da garapa;
b) precipitação das proteínas e ácidos livres, por tratamento com hidróxido de cálcio;
c) eliminação do excesso de Ca(OH)2 borbulhando CO2 (precipita CaCO3);
d) filtração e cristalização por centrifugação, separando‐se o melaço do açúcar.
Sua aplicação é na alimentação e na fabricação de álcool etílico.
Celulose
(C6H10O5)n ocorre em todos os vegetais. O algodão é praticamente celulose (95%).
– A sua massa molecular média é de 400.000. A celulose praticamente não é digerível pelo
organismo humano.
– Sua aplicação é na fabricação do papel e no tecido de algodão.
– Usado na preparação do algodão, pólvora (explosivo potente); na fabricação de
celulóides, filmes, sedas artificiais e na fabricação de vidros de segurança para carros (dois
vidros colados com acetato de celulose).
Amido
(C6H10O5)n ocorre nas reservas dos vegetais; sua aplicação é na alimentação e na
fabricação de cola.
Resumo
– Carboidratos são compostos de função mista poliálcool‐aldeído ou poliálcool‐cetona.
– Classificação
– Oses: açúcares que não se hidrolisam.
– Osídeos: açúcares que hidrolisam produzindo oses.
Exercícios
01. (Unicamp‐SP) Os nossos heróis estranharam a presença dos dois copos sobre a mesa,
Cetés - Química Orgânica-C 67
indicando que teria passado mais alguém por ali. Além disso, havia leite e, pela ficha
cadastral, eles sabiam que o guarda não podia tomá‐lo, pois sofria de deficiência de
lactase, uma enzima presente no intestino delgado. Portanto, se o guarda tomasse leite,
teria diarréia. Na presença de lactase, a lactose, um dissacarídeo, reage com água dando
glicose e galactose, monossacarídeos.
a) Complete a equação a seguir, que representa a transformação do dissacarídeo em
glicose e galactose:
C12H22O11 + ... = ... + C6H12O6
b) Se, com a finalidade de atender às pessoas deficientes em lactase, principalmente
crianças, um leite for tratado com a enzima lactase, ele terá o seu “índice de doçura”
aumentado ou diminuído? Justifique. Lembre‐se de que o “poder edulcorante” é uma
propriedade aditiva e que traduz quantas vezes uma substância é mais doce do que o
açúcar, considerando‐se massas iguais. A lactose apresenta “poder edulcorante” 0,26, a
glicose 0,70 e a galactose 0,65.
02. (UFG‐GO) No rótulo de alguns refrigerantes light encontram‐se as informações “sem
açúcar” e “contém fenilalanina”. As fórmulas estruturais planas da fenilalanina e do
açúcar, às quais o rótulo se refere, são representadas, a seguir:
a) A qual classe de biomoléculas pertence I e II?
b) Circule, nas estruturas I e II, três grupos funcionais diferentes, citando seus nomes.
c) Cite uma propriedade química comum às substâncias I e II.
Caráter Ácido‐Básico
1. Ácido Carboxílico
Os ácidos carboxílicos são ácidos fracos. Em solução aquosa ionizam, liberando o
íon H (H3O+) e o ânion carboxilato.
+
Verifica‐se aumento ou redução na força ácida, conforme o grupo que se encontra
ligado à carboxila (–COOH).
Grupos retiradores de elétrons aumentam a força ácida, pois facilitam a ionização
do ácido diminuindo a densidade eletrônica da carboxila.
São considerados grupos retiradores de elétrons: halogênios, – NO2, – OH,
Cetés - Química Orgânica-C 68
Exemplos
Observamos que os valores de Ka aumentam; conseqüentemente, aumenta a força
ácida, à medida que são colocados grupos retiradores de elétrons.
Grupos doadores de elétrons diminuem a força ácida, pois aumentam a densidade
eletrônica da carboxila, dificultando a saída do H+ (ionização).
São considerados grupos doadores de elétrons:
– CR3; – CHR2; – CH2R; – CH3; – O–.
Exemplos
Observamos que à medida que aumenta a cadeia carbônica, diminui a força ácida,
pois ocorre redução no valor de Ka.
2. Fenol
Os fenóis são ácidos que possuem constante de ionização em torno de 10–10, portanto
ácidos mais fracos que os ácidos carboxílicos. Em água, ocorre a ionização:
Cetés - Química Orgânica-C 69
3. Amina
As aminas apresentam caráter básico, pois em solução aquosa produzem ânion
–
OH .
R – NH2 + H2O R – + OH–
As aminas alifáticas são bases mais fortes que as aminas aromáticas, pois o anel
benzênico dificulta a ligação do par de elétrons do nitrogênio com o íon H+.
As aminas reagem com ácidos formando sais de amina.
Exemplos
Resumo
– Ácido carboxílico: ácidos mais fracos que os inorgânicos. Ocorre aumento da força ácida
com a introdução de grupos retiradores de elétrons e redução na força ácida com grupos
doadores de elétrons.
– Fenol: são ácidos mais fracos que os ácidos carboxílicos.
– Amina: são bases fracas. Aminas aromáticas são bases mais fracas que as alifáticas.
Reagem com ácidos produzindo sais de amina.
Exercícios
01. (PUC‐RS) Identifique a opção que apresenta a ordem crescente de acidez para o grupo
de substâncias a seguir:
a) I, II, III, IV
b) II, IV, III, I
c) II, III, IV, I
d) I, IV, III, II
e) I, III, IV, II
02. (Ufes‐ES) Dentre os ácidos a seguir, o que apresenta maior constante de ionização (Ka)
é:
Cetés - Química Orgânica-C 70
03. (Fuvest‐SP) A seguir estão tabeladas as constantes de ionização de uma série de ácidos
carboxílicos:
a) Justifique a ordem relativa dos valores de Ka.
b) Considerando soluções equimolares desses ácidos, qual tem maior pH? Justifique.