Fichamento 2 - A Revolução Neolítica - Gordon Childe
Fichamento 2 - A Revolução Neolítica - Gordon Childe
Fichamento 2 - A Revolução Neolítica - Gordon Childe
100 101
substâncias especiais, como linho, algodão "" (111111 I 1111, 111 dI dlll "
da criação de animais especiais e o cultivo dc' 1I1'lcIIIIIIIIII. I" 1111 I
plantas.
Entre as invenções preliminarmente neccssái i'lN c I c fi 111
tO?O de fiar. Os pequenos discos de pedra ou C('C. CIIII " di 111/
minados nozes ou rodelas, que serviam para dar !J(')lO c 111 llci.
dade de um fuso, como pequenos volantes, constituem 11d,llll li
jovem cera-
mente a única prova tangível da existência de uma iculi'c 1I1
scolher a argila adequada,
têx~il, de que. o ~rqueólogo se pode valer. Somente ('()IHIIC.III.
certa de água e areia, etc.
muito excepcIOnaIs podem preservar produtos têxteis reais, ou
os implementos de madeira usados' na sua produção. A im, rcs c, é transmitido, um grande volume de
I IIldt('('illl mto tradicional - de Botânica, de Geologia e Quí-
Dt;sses, o I?ais essencial é o tear. Na verdade, é possível
1111111, pod 'mos dizer. A julgar pelos processos usados pelos
produzir um tipo de tecido com a ajuda de uma armação
, de um processo semelhante ao usado na confecção de' I'"V"K bárbaros ainda hoje existentes, as deduções legítimas da
atra,ves
I 1)('1 iência estão inseparavclmente ligadas ao que poderíamos
esteiras, Cober~ores de pêlo de ,cachorro eram produzidos, dessa
f luunar magia inútil. Toda operação, de qualquer ofício, deve
forma, pelas tnbos coletoras do noroeste do Canadá, no século
IC' acompanhada das mágicas adequadas, e dos atos rituais
passado. Mas no Velho Mundo, o tear verdadeiro remonta
det rminados. Todo esse conjunto de regras, práticas e mágicas
às épocas neolíticas. Ora, o tear é uma peça de, máquina
Inz parte da tradição artesanal. É transmitido de pai para
ba.stante :omplicada - demasiado complicada para ser des-
filho pelo exemplo e pelo ensinamento. A filha ajuda a mãe
cnta a9ul. Também seu uso não é simples. A invenção do
a fazer potes, observa-a de perto, imita-a, e recebe dela a
tear fO! um dos grandes triunfos da engenhosidade humana.
orientação, advertência e conselho. As ciências aplicadas do
Seus inventores são desconhecidos, mas fizeram uma contri-
período neolítico foram transmitidas pelo que hoje chamamos
buição esse.ncial para o estoque de capital do conhecimento
de sistema de aprendizado,
humano, uma aplicação da ciência' que somente para os ana-
listas superficiais parece demasiado trivial para merecer esse Os artesanatos neolíticos foram apresentados como indústrias
nome. domésticas. Não obstante, não constituem tradições individuais,
Todas as indústrias precedentes demandam, para seu exer- mas coletivas. A experiência e o conhecimento de todos
cício, uma habilidade técnica que só pode ser adquirida pelo os membros da comunidade são constantemente reunidos. Numa
treinamento e prática. Não obstante, eram, todas, artesanatos aldeia .africana moderna, a dona de casa não se isola para
d?n:ésti~os. Em nossa hipotética fase neoIítica, não havia espe- construir e cozer seus potes. Todas as mulheres da aldeia
cialização do trabalho - no máximo, uma divisão das atividades trabalham j.umas, conversando e comparando seu trabalho;
entre os sexos. E tal sistema existe ainda hoje. Entre os chegam a ajudar-se mutuamente. A ocupação é pública, suas
regras resultam da experiência comuna!. O mesmo ocorre nas
camponeses de enxada, as mulheres geralmente cuidam dos
épocas,,- pré-históricas ; todos os potes de---uma "determinada
campos, constroem e cozem potes, fiam e tecem; os homens
cuida.m dos animais, caçam e pescam, limpam os campos para aldeia neolítica revelam uma uniformidade monótona. Trazem
plantio, e trabalham de carpinteiro, preparando suas ferramentas a marca de uma longa tradição coletiva, e não da indivi-
e armas. .Mas há, decerto, muitas exceções a essa generalização: dualidade.f
entre os iorubas, por exemplo, a tecelagem está nas mãos dos
homens.
4 Não .o~stante, certas comunidades "neolíticas" de hoje reco-
Todas as indústrias mencionadas, desde a cultura de horta nh~ce:n ,os direitos de proprie~ade de indivíduos ou famílias a padrões,
até a t celagcm, s6 foram possíveis graças à acumulação da cerimornas ou processos particulares,
102 103
'"11111 1111111,,1111111 1'" I 11111111
I til li(ld~1J1 ('11'11\
1 til I II I1 di 111111
11111 1" 111,," I I
I I 11 11111li 1111110111'\'1'.,., 11111
'lIql
I'" 1\1'1'pri d a uma
11,111111.clt, dll'l\() , \ tllll.1 "I II
hist6rica: as
111111N /, 111-'. 011 t'IlC!lPllLI'S,SrlO I'I'~I"IIINIIII1111 1111
IIIIIIIM • I \ 11M ti I ikk-ius ne IíLicas 110 Jt:Hilll , 1II I 11
111Id, 11111I ~t.'v \11\, diRjJ?Sl~S.-m ordem rcgu ln I, , '11 11 I I' til
111 li' ,~o. J lido ISS signifi a uma forma til' 1111111111
que rd na c ntrola as atividades COIIIIIIIti '1111
'S8n organização jamais poderemos saber ('XII 1;\1111 1111
,
afirmação, porém, parece plausível.
A unidade efetiva da organização social, nas (-,,"1,1" 111"
líticas puras, era geralmente muito pequ na. mu ddl' I
tessaliana típica, já bem avançada no p riodo, CO\)Iin 11111\
área de 100 por 45 metros, ou seja, pou o ll1:1is dI' IIlIl 11'!f'1
Vários cemitérios neolíticos foram L talmcn te explornd» ~I ,
Europa central. Poucos encerravam mais di' vinil' 1'111111111 IR,
(Não sabemos, naturalmente, quanto It'l1lfJtl (1 "ltll'IIIIII'lllo 111
ocupado, nem quantas gerações cSlã l't'fHl'NI'1I1 111111111 I' ItI S as tribos bárbaras de hoje ainda se contentam em
cemitério.) Entre os modernos r('[lI'('~I'I\II\IIII' ti, I 1111"1111' 1IIIII'r a subsistência pelo mesmo método "neolítico" de há dez
de subsistência, a tendência para as nldei \ ,I' di Idill 111 roi lltil anos, não há garantia de que sua vida política e religiosa
observada pelos etn6grafos. Alguns dos hOIlIl'IIK jovl'll (' 1 tenha mantido igualmente estagnada. Pelo contrário, as
"t oluções subseqüentes' tiveram efeitos mundiais, pelas razões
afastam com suas mulheres para criar uma nova ald 'ia, própri ,
Gostam ~a liberdade de sua nova aldeia, na qual estão livr s indicadas no capítulo 7. Cinco mil anos dão um tempo
da autoridade e do controle dos mais velhos. Assim, fundando amplo para que alguns dos resultados da segunda revolução
u~a . nova aldeia, com áreas de terra virgem próximas às resi- heguem mesmo à Austrália. Não há prova positiva de que
dências, poupam-se as longas caminhadas para as hortas que certas realizações materiais devidas à segunda revolução foram
se tornam necessárias quando a aldeia original se torna popu- adotadas por povos cuja organização econômica continuava
losa e as t;rras ~ais próxiI?as já estão cansadas. No conjunto, inalterada, no todo. Todos os cultivadores de enxada típicos,
a separaçao seria conveniente - desde que houvesse terra na África, por exemplo, vêm usando há séculos o ferro. A
disponível, decerto. N as épocas neolíticas, não havia escassez segunda revolução, como iremos ver, criou vigorosos 'sistemas
de terras. de crenças mágico-religiosas. A difusão das grandes sepulturas
de pedra entre os povos neolíticos na Europa ocidental e
" ~e.m "dúvida, as atividades ~ooperat~vas exigidas pela vida
setentrional é explicada, da fonna mais plausível, pelas re-
neolitica encontraram expressao extenor nas instituições so-
percussões das crenças então formuladas no Oriente Antigo.
ciais e políticas. Tais instituições se consolidaram indubitavel-
Algumas autoridades encontram traços de tais crenças até entre
ment:, e fora~' reforçadas por sanções mágico-:eligiosas, por
um SIstema mais .ou menos c?ere.nte de crenças e superstições, os aborígines coletores na Austrália e América. Usar as
pelo que os marxistas chamanam de uma ideologia. As novas religiões dos bárbaros contemporâneos como prova da religião
forç~s. controladas pel? homem, .em conse.qüência da revolução no Egito ou Ásia Menor em 5000 a. C. só seria possível se a
neolitica e do conhecimento obtido e aplicado no exercício de difusão das idéias fôsse totalmente eliminada.
novos ofícios, devem ter reagido sobre as perspectivas do homem. Portanto, .não procuraremos descrever uma "estrutura po-
Devem ter modificado suas instituições e sua religião. Mas é lítica neolitica", n('111 uma "religião neolítica". É realmente
104 105
II li 111111111 1 li"
I I 111"I, li I \ \ 1111 P I 01 \"NII
1111.1I, IIlIlIlill Illdo \ ln lilldl; 1 "I" ,
I" \. tio Ctll"tol'I'S tI(, tlillH'1I1111 li"
11111'
" pIIH,~I\I'illnnu-s qll(' <JIIIII'I'II'I ., 11111
\ II'</tl.dos ~ -conouriu III1MI I 1111
106 107
IIIJ.I 111111111'JlICI'tiad(»),:ls
1111,1dI) Pndfi o, 'nií rcsidên i I pllllr 'l" I j ,
prov clarn cI guerra. As anlla~ N1'ío ('111'111111.111111.
I
j II'qtl llria lias nldcias ' nos llltlutlos 111'(111111(1 ,+)1 r \ tun p' i cli amcnte,
nl'III1'~ d(' f~ll('l'ra ali simples instrumonu» di' I' li' 11' 111 11 11 li 1111'I, 11111 "I 1 1IIII'I!lO Igmc1o", a união nupcial
Pllllkil,l"C;fio da mulh 'r no abr stc imcnto d,' '1111111'11111 I' 11I , 111111'I uulu.", 1]111'('1111111 asiã representavam
comunklnde 1 d ter levado também a sillli\(; 111 "'11 ItI lill 1111 • 11 11\11 ) ftilldmliz va, mas também asse-
, exo, Mas taml érn isso é incerto. 11111'"11111111(', a f .rtilização da terra, para que
I 11 1111\0 nn 'slaçflo sperada, Mas a semente
Quanto às noções mágico-religiosas que 11I:tlllillli1I111111 t11~
111I I ., I 1'1IlI'na la ani s que possa brotar e multipli-
rIs t:l'luniclades neolíticas, algumas suposições !l0d"1I1 "I' II il I
11111II'PI·I'S('nt.nt humano do grão,. o "rei grão", era
O CUIdado dos mortos, remontando à V lha Idach- d \ 1','tI'll,
'ol 'nado. Seu lugar era tomado por um
p~c~e ler adquirido maior significação na Nova. No (' I (, til
1)1', qu devia representar a plantação em cresci-
varias grupos neolíticos, na verdade não se d .sc hrirruu ,'111,,\
qu também ele tinha de morrer, como a semente
I
. Os cultos da fertilidade, os ritos mágicos para ajudar ou Mas, nas proximidades dos trópicos, o movimento do Sol
obrigar as forças da reprodução, podem-se ter tornado mais é menos observável. Ali as estrelas, sempre visíveis nos céus limpos,
destacados do que nunca no período neolítico. Pequenas esta- proporcionam um meio mais fácil de determinar e dividir o
tueta~ de mulheres, de pedra ou marfim, com as características ano solar. Notamos que certas estrelas ou constelações tomam
sexuais bastante acentuadas, foram encontradas nos campos posição significativa no céu, na época em que a experiência
da Velha Idade da Pedra. Mas figuras semelhantes, geralmente ensinou que a plantação deve ser semeada, e outras quando
modeladas em argila, são muito comum nas aldeias e túmulos é o momento de colhê-Ias. Assim usando as estrelas como guias,
neolíticos. Recebem, freqüentemente, o nome de "deusas-mães". os homens passaram a acreditar que elas realmente influíam
Teria sido a terra, de cujo ventre nasciam as sementes, vista sôbre as questões terrestres. Confundiram a ligação no tempo
108 109
P I'qlH
qlltln 10
Ia pr v av
Ir Aia I aR .ia-s n sse upo de confu ilO,
siAI1 da divindade era a str Ia, )s
'str 'Ias er se ram dessa forma, no p ri d )woll(i<'o, M I.111
r .alidad não sabemos até que ponto o h mcin j{t huvln ('111111
bido qualquer idéia de divindade. :t difí il dislilll-\\lir' d
surgidas e difundidas depois da segunda r v IlIÇÜO, coru
I.
noções desenvolvidas pela primeira.
I 111(llfNDA HEYOLUÇAO
I 111 •• 1 I 1 1 'lu
acabamos de descrever foi o
1"" 1"11'11 1'"11'1 Deve ser apresentada como um
(1.
lIO 111