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Fichamento 2 - A Revolução Neolítica - Gordon Childe

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11111"11110 1'~IH'C'iallll ntc construido no (111.

1111_ I 1 s símiles na Bíblia, baseados


1'1 \ ozidos a 90Go ou 1000° C, mas ailld I 1111I I1 fato.
m as chamas. Tal recurso não é conlu-cirln IIIIM1111
comunidades ncoliticas. Não é constatado 11.1 I" I1 I, I lilu-ulucle d riação do cera mista não foi,
ou ocidental, até a Idade do Ferro. 1,1",1'11 1111111'1111'u-rula, A imaginação não pode trabalhar
(, '1111' ,'111 rrin d .vc assemelhar-se a alguma coisa
Assim, a arte do ceramista, mesmo \'111 NIIII 1111111 lIll I 111di. so, s potes eram feitos geralmente pelas
crua e generalizada, já era complexa. Envolvin I '1"1 I 111111 , 1'" I I mulher S, c elas são particularmente desco~-
de vários processos distintos, a aplicação de toda 11111111I11" 111 11111, I) a in vnçõcs radicais. Assim, os potes mais
lação de descobertas. Somente umas poucas, dessas di' I "I" 11 I , " illtll,lÇÕI'S evidentes ele vasilhas familiares, feitas de
foram mencionadas. Com o risco de aborrecer o leitor, dl'\I 111" 111li' 11li abaças, bexigas, membranas e peles, de
citar ainda uma. A modelagem do pote, em si, nilO ' I " I1 111,Idos I vime, ou mesmo crânios humanos. Para
fácil como parece. Vasilhas pequenas podem ser Jl1 ddlld,1 11 1 I I uu-Ihs nça, a alça de cipó na qual a cabaça, como
de um só monte de barro, na mão, sem maiores dificuldades. " f, I 11II rnrraía de Chianti, era transportada, os pontos
Ou pode-se passar um revestimento de argila sobre um l'S(O 1)1I IIlt dI' pele, 011 as fibras e:ntrecruzadas de um cesto
ou trançado aberto, ou Uma meia-cabaça; ao secar, a Ionnn 1IIIJII'II11'Ill nte imitados pelos desenhos traçados na ce-
podia ser removida, ficando o prato ou band ja pr nto pUI i 1,1'11 MII/)I" Ia pintados. Assim, a vasilha no novo material
o cozimento. I IIII'IIOS nova e menos exótica à dona de casa pru-
Mas se desejarmos alguma coisa I1I:lÍ()I', 011 11111lI'dpll'llll
com um gargalo cstr ito, . 1110 umu f,Fll'l'ala 011 j 11111, I' "I' 1/,111110, rcs; s d s mais antigas aldeias neolíticas do Egito
processos elementar 'S não basuuu ; 1('('lpil'II(I' (('111 til' ~'I III1HI- I I1 Mr-nnr, encontram s os primeiros indícios de uma
tado. Na Europa e Asiu neoliticns, isso ~l' 1.11.i.1lIdll(IIHhlll'II(' rulu 1111 I xti], R upns rnanufaturadas, tecidas com linha, e
pelo método do aliei; d 'P is de ru ti 'Iatlas u IllLSI', ntu 11 PI' 'pa- 11111.111111 (1111111, I'ClIllI'çnlll n C' n orrer com as roupas de peles
rados anéis de barro do diâmetro desejado. Uni deles era I di 11111111,(011111 JlI' [(',fi entra o frio e o sol. Para
preso à base, e sobre ele colocado outro, e sobre este um outro, "I" I 111,"1 11,1111110 ('olllpl('xo de descobertas e invenções
e assim por diante. É um processo lento. Os anéis devem I" I 111111111111111111111110dI' r nhr imc: [0<; científicos
estar bastante molhados e plásticos quando colocados. Mas I I" 1I1 uiu 1111 '11"11 11111, 1'\1111" illll'il'O IlIg:1f', ra ncccs-
tão logo um anel é posto, será necessário esperar que seque e 11111111111I li 1111'11111111, 111111 uh I llei \ fibrosa Clll per-
endureça - não muito - antes de acrescentar o anel 'seguinte. 1111 '111111' 11 d, 1111 11111)11, OH nlt1t<"h'~ ncolitic s do lago
A fabricação de um único pote pode exigir vários dias. I 111111 II I ~II 1111 II 1111111IlItlIO, </"(' elevem t 'r selecionado
111111 111111 I. ,,111111 I' 1'01111'<;11110
I a .ultivar deliberadamente,
O caráter construtivo da arte da' cerâmica reagiu sobre o 1'111 \('1 11.1111no cultivo d(' 1'(" 'ais, Outra variedade de linho
pensamento humano. Fazer um pote era um exemplo supremo pmk lvr sid dcscol .rta ' plantada na Ásia. Um linho europeu
da criação pelo homem. A argila era perfeitamente plástica: f i ultivado e utilizado na Suíça, em épocas neolíticas.
o homem podia modelá-Ia à sua vontade. ,Ao fazer uma ferra-
Outros materiais devem ter sido tentados. O algodão estava
menta de pedra ou osso, ele estava sempre limitado pelo ta-
sendo plantado, certamente, no vale do Indo, pouco depois
manho eforma do material original; podia, apenas, tirar algumas
de 3000 a. C. A lã, como já observamos, era usada na Meso-
lascas desse material. Nenhuma dessas limitações restringe
potâmia aproximadamente na mesma época. Antes que as
a atividade do ceramista. Ele dá à cerâmica a forma desejada, ovelhas de lã tivessem sido produzidas pela criação seletiva, os
faz-lhe" acréscimos sem ter dúvidas quanto à resistência das pêlos de carneiros e cabras elevem ter servido para a produção
junções .. Ao pensar na "criação", a atividade livre do cera- de uma forma de roupa, pois o pêlo pode ser tecido. A
mista "fazendo a forma onde não havia forma" ocorre COllS- indústria têxtil, portanto, não só exige o conhecimento de

100 101
substâncias especiais, como linho, algodão "" (111111 I 1111, 111 dI dlll "
da criação de animais especiais e o cultivo dc' 1I1'lcIIIIIIIIII. I" 1111 I
plantas.
Entre as invenções preliminarmente neccssái i'lN c I c fi 111
tO?O de fiar. Os pequenos discos de pedra ou C('C. CIIII " di 111/
minados nozes ou rodelas, que serviam para dar !J(')lO c 111 llci.
dade de um fuso, como pequenos volantes, constituem 11d,llll li
jovem cera-
mente a única prova tangível da existência de uma iculi'c 1I1
scolher a argila adequada,
têx~il, de que. o ~rqueólogo se pode valer. Somente ('()IHIIC.III.
certa de água e areia, etc.
muito excepcIOnaIs podem preservar produtos têxteis reais, ou
os implementos de madeira usados' na sua produção. A im, rcs c, é transmitido, um grande volume de
I IIldt('('illl mto tradicional - de Botânica, de Geologia e Quí-
Dt;sses, o I?ais essencial é o tear. Na verdade, é possível
1111111, pod 'mos dizer. A julgar pelos processos usados pelos
produzir um tipo de tecido com a ajuda de uma armação
, de um processo semelhante ao usado na confecção de' I'"V"K bárbaros ainda hoje existentes, as deduções legítimas da
atra,ves
I 1)('1 iência estão inseparavclmente ligadas ao que poderíamos
esteiras, Cober~ores de pêlo de ,cachorro eram produzidos, dessa
f luunar magia inútil. Toda operação, de qualquer ofício, deve
forma, pelas tnbos coletoras do noroeste do Canadá, no século
IC' acompanhada das mágicas adequadas, e dos atos rituais
passado. Mas no Velho Mundo, o tear verdadeiro remonta
det rminados. Todo esse conjunto de regras, práticas e mágicas
às épocas neolíticas. Ora, o tear é uma peça de, máquina
Inz parte da tradição artesanal. É transmitido de pai para
ba.stante :omplicada - demasiado complicada para ser des-
filho pelo exemplo e pelo ensinamento. A filha ajuda a mãe
cnta a9ul. Também seu uso não é simples. A invenção do
a fazer potes, observa-a de perto, imita-a, e recebe dela a
tear fO! um dos grandes triunfos da engenhosidade humana.
orientação, advertência e conselho. As ciências aplicadas do
Seus inventores são desconhecidos, mas fizeram uma contri-
período neolítico foram transmitidas pelo que hoje chamamos
buição esse.ncial para o estoque de capital do conhecimento
de sistema de aprendizado,
humano, uma aplicação da ciência' que somente para os ana-
listas superficiais parece demasiado trivial para merecer esse Os artesanatos neolíticos foram apresentados como indústrias
nome. domésticas. Não obstante, não constituem tradições individuais,
Todas as indústrias precedentes demandam, para seu exer- mas coletivas. A experiência e o conhecimento de todos
cício, uma habilidade técnica que só pode ser adquirida pelo os membros da comunidade são constantemente reunidos. Numa
treinamento e prática. Não obstante, eram, todas, artesanatos aldeia .africana moderna, a dona de casa não se isola para
d?n:ésti~os. Em nossa hipotética fase neoIítica, não havia espe- construir e cozer seus potes. Todas as mulheres da aldeia
cialização do trabalho - no máximo, uma divisão das atividades trabalham j.umas, conversando e comparando seu trabalho;
entre os sexos. E tal sistema existe ainda hoje. Entre os chegam a ajudar-se mutuamente. A ocupação é pública, suas
regras resultam da experiência comuna!. O mesmo ocorre nas
camponeses de enxada, as mulheres geralmente cuidam dos
épocas,,- pré-históricas ; todos os potes de---uma "determinada
campos, constroem e cozem potes, fiam e tecem; os homens
cuida.m dos animais, caçam e pescam, limpam os campos para aldeia neolítica revelam uma uniformidade monótona. Trazem
plantio, e trabalham de carpinteiro, preparando suas ferramentas a marca de uma longa tradição coletiva, e não da indivi-
e armas. .Mas há, decerto, muitas exceções a essa generalização: dualidade.f
entre os iorubas, por exemplo, a tecelagem está nas mãos dos
homens.
4 Não .o~stante, certas comunidades "neolíticas" de hoje reco-
Todas as indústrias mencionadas, desde a cultura de horta nh~ce:n ,os direitos de proprie~ade de indivíduos ou famílias a padrões,
até a t celagcm, s6 foram possíveis graças à acumulação da cerimornas ou processos particulares,

102 103
'"11111 1111111,,1111111 1'" I 11111111
I til li(ld~1J1 ('11'11\
1 til I II I1 di 111111
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hist6rica: as
111111N /, 111-'. 011 t'IlC!lPllLI'S,SrlO I'I'~I"IIINIIII1111 1111
IIIIIIIM • I \ 11M ti I ikk-ius ne IíLicas 110 Jt:Hilll , 1II I 11
111Id, 11111I ~t.'v \11\, diRjJ?Sl~S.-m ordem rcgu ln I, , '11 11 I I' til
111 li' ,~o. J lido ISS signifi a uma forma til' 1111111111
que rd na c ntrola as atividades COIIIIIIIti '1111
'S8n organização jamais poderemos saber ('XII 1;\1111 1111
,
afirmação, porém, parece plausível.
A unidade efetiva da organização social, nas (-,,"1,1" 111"
líticas puras, era geralmente muito pequ na. mu ddl' I
tessaliana típica, já bem avançada no p riodo, CO\)Iin 11111\
área de 100 por 45 metros, ou seja, pou o ll1:1is dI' IIlIl 11'!f'1
Vários cemitérios neolíticos foram L talmcn te explornd» ~I ,
Europa central. Poucos encerravam mais di' vinil' 1'111111111 IR,
(Não sabemos, naturalmente, quanto It'l1lfJtl (1 "ltll'IIIIII'lllo 111
ocupado, nem quantas gerações cSlã l't'fHl'NI'1I1 111111111 I' ItI S as tribos bárbaras de hoje ainda se contentam em
cemitério.) Entre os modernos r('[lI'('~I'I\II\IIII' ti, I 1111"1111' 1IIIII'r a subsistência pelo mesmo método "neolítico" de há dez
de subsistência, a tendência para as nldei \ ,I' di Idill 111 roi lltil anos, não há garantia de que sua vida política e religiosa
observada pelos etn6grafos. Alguns dos hOIlIl'IIK jovl'll (' 1 tenha mantido igualmente estagnada. Pelo contrário, as
"t oluções subseqüentes' tiveram efeitos mundiais, pelas razões
afastam com suas mulheres para criar uma nova ald 'ia, própri ,
Gostam ~a liberdade de sua nova aldeia, na qual estão livr s indicadas no capítulo 7. Cinco mil anos dão um tempo
da autoridade e do controle dos mais velhos. Assim, fundando amplo para que alguns dos resultados da segunda revolução
u~a . nova aldeia, com áreas de terra virgem próximas às resi- heguem mesmo à Austrália. Não há prova positiva de que
dências, poupam-se as longas caminhadas para as hortas que certas realizações materiais devidas à segunda revolução foram
se tornam necessárias quando a aldeia original se torna popu- adotadas por povos cuja organização econômica continuava
losa e as t;rras ~ais próxiI?as já estão cansadas. No conjunto, inalterada, no todo. Todos os cultivadores de enxada típicos,
a separaçao seria conveniente - desde que houvesse terra na África, por exemplo, vêm usando há séculos o ferro. A
disponível, decerto. N as épocas neolíticas, não havia escassez segunda revolução, como iremos ver, criou vigorosos 'sistemas
de terras. de crenças mágico-religiosas. A difusão das grandes sepulturas
de pedra entre os povos neolíticos na Europa ocidental e
" ~e.m "dúvida, as atividades ~ooperat~vas exigidas pela vida
setentrional é explicada, da fonna mais plausível, pelas re-
neolitica encontraram expressao extenor nas instituições so-
percussões das crenças então formuladas no Oriente Antigo.
ciais e políticas. Tais instituições se consolidaram indubitavel-
Algumas autoridades encontram traços de tais crenças até entre
ment:, e fora~' reforçadas por sanções mágico-:eligiosas, por
um SIstema mais .ou menos c?ere.nte de crenças e superstições, os aborígines coletores na Austrália e América. Usar as
pelo que os marxistas chamanam de uma ideologia. As novas religiões dos bárbaros contemporâneos como prova da religião
forç~s. controladas pel? homem, .em conse.qüência da revolução no Egito ou Ásia Menor em 5000 a. C. só seria possível se a
neolitica e do conhecimento obtido e aplicado no exercício de difusão das idéias fôsse totalmente eliminada.
novos ofícios, devem ter reagido sobre as perspectivas do homem. Portanto, .não procuraremos descrever uma "estrutura po-
Devem ter modificado suas instituições e sua religião. Mas é lítica neolitica", n('111 uma "religião neolítica". É realmente

104 105
II li 111111111 1 li"
I I 111"I, li I \ \ 1111 P I 01 \"NII
1111.1I, IIlIlIlill Illdo \ ln lilldl; 1 "I" ,
I" \. tio Ctll"tol'I'S tI(, tlillH'1I1111 li"
11111'
" pIIH,~I\I'illnnu-s qll(' <JIIIII'I'II'I ., 11111
\ II'</tl.dos ~ -conouriu III1MI I 1111

flll'" diH 0, l segunda r v luçâ lalv\,z 1" "I II I


Foi pr ivnvclm nte a ausência m 'Sllltl dI' Itll "li, I1
jl\lIlilui ~ 'S profundarn nte arraigadas CjLll' 111'111\ 111111 I fi
pr gl' SSO de aldeias auto-suficientes; transforuuuuln U 111\ I 11"I,
industriais e comerciais, em menos de ti is 11til 1111fi ,
Instituições firmemente arraigadas, sup '\'sliçõl'H 111,1111
!tll
apaixonadamente, são notoriamente inimigas ela f1lo(\ilit' i\ ti
social e do progresso científico que a torna ncccssárin. g \
força dessa reação numa comunidade par 'ser inv('rS;1I11l'11!11 N (I obstante, são encontráveis certas indicações quanto
proporcional à segurança econômica. Um grupo sempre 11 \ II~Iltui õ s que sobreviveram ou não nas épocas neolíticas.
iminência da fome não se arris a a realizar mo liri('açiÍl'~, 1'111 voz S, parecem ter reagido contra a forma tomada pela
O menor afastamento dos processos Imeli i nuis '111(' f.(nt'm\(('tll I IllItl revolução. É natural que muitas instituições da velha
o mínimo de subsistência pode pôr em risrn lodo o Hl'I'I)()' "Id"1I1 ontinuassem. No vale do Nilo, há provas indiretas da
Seria tão perigoso antagonizar os lllislt'l'iosos POdl'I('~ 111:'1if'm obr vivência de um sistema de clãs totêmicos. As últimas
que controlam as condiçõ S \0 tempo, olllilindo 111111ito IIlf uu: dei iias neolíticas parecem ter sido aldeamentos pertencentes a
sacrifício, como esquecer o env('n('I1<1I1]('1110 tk uuut fllIlIl I di t is clãs. Quando, nos tempos históricos, as aldeias se tornaram
flecha que deve abater um clcíam '. . pitais de paróquias (nomarquias) tinham nomes como Ele-
Iantina e Cidade do Falcão (Hierakonpolis), tomados ao totem
Mesmo depois da primeira revolução, a vida continuava
do clã local, o elefante e o falcão. As bandeiras das paróquias
muito precária para os pequenos grupos de camponeses auto-
eram emblemas do clã, e mesmo em tempos pré-históricos tais
-suficientes. Uma 'seca, uma tempestade, uma nevada, podiam
emblemas figuram nos vasos. Tal sistema de clãs não é raro
significar a fome. Esses camponeses não tinham um mercado
entre os produtores de alimentos simples, de hoje, constituindo
mundial a que recorrer de modo que as deficiências de colheita
talvez uma autêntica sobrevivência do período neolítico. Mas
numa área pudessem ser compensadas pelos excedentes de outra.
não se pode afirmar que todas as comunidades neolíticas se
Suas fontes ele alimentos eram ainda muito limitadas. Todas
tivessem organizado como clãs totêmicos.
as suas plantações, seus rebanhos e sua caça podiam ser facil-
mente afetados pela mesma catástrofe. As reservas jamais Não há provas definidas da existência de ~s-,) nos pri-
eram grandes. Uma comunidade camponesa auto-suficiente meiros cemitérios e aldeias neoliticos, Ou seja, não há túm~los
tem, inevitavelmente, plena consciência de sua dependência que se destaquem pela imponência ou riqueza, pertencentes
imediata dos poderes que causam a chuva e o sol, o trovão eVldenfemente a pessoas de posição, nem moradias que possam.
e o furacão. São poderes caprichosos e terríveis, que devem ser consideradas como palácios. As grandes lápides da Europa
ser, a qualquer preço, forçados, lisonjeados ou conciliados. ocidental e setentrional, que têm realmente aparência princi-
pesca, pertencem a uma época na qual as idéias próprias da
Assim, quando um povo acredita ter descoberto um sistema segunda revolução se estavam difundido, e foram provavelmente
de magia para forçar tais poderes, ou um ritual para con- inspiradas por ela. Casas de tamanho superior ao normal foram
ciliá-Ios, tal crença se transforma num consolo em meio aos encontradas em certas aldeias neoliticas da Europa, mas podem
terrores da vida, consolo esse que ninguém ousa abandonar. ser casas comunais ou clubes, como as casas de solteiros das

106 107
IIIJ.I 111111111'JlICI'tiad(»),:ls
1111,1dI) Pndfi o, 'nií rcsidên i I pllllr 'l" I j ,
prov clarn cI guerra. As anlla~ N1'ío ('111'111111.111111.
I

j II'qtl llria lias nldcias ' nos llltlutlos 111'(111111(1 ,+)1 r \ tun p' i cli amcnte,
nl'III1'~ d(' f~ll('l'ra ali simples instrumonu» di' I' li' 11' 111 11 11 li 1111'I, 11111 "I 1 1IIII'I!lO Igmc1o", a união nupcial
Pllllkil,l"C;fio da mulh 'r no abr stc imcnto d,' '1111111'11111 I' 11I , 111111'I uulu.", 1]111'('1111111 asiã representavam
comunklnde 1 d ter levado também a sillli\(; 111 "'11 ItI lill 1111 • 11 11\11 ) ftilldmliz va, mas também asse-
, exo, Mas taml érn isso é incerto. 11111'"11111111(', a f .rtilização da terra, para que
I 11 1111\0 nn 'slaçflo sperada, Mas a semente
Quanto às noções mágico-religiosas que 11I:tlllillli1I111111 t11~
111I I ., I 1'1IlI'na la ani s que possa brotar e multipli-
rIs t:l'luniclades neolíticas, algumas suposições !l0d"1I1 "I' II il I
11111II'PI·I'S('nt.nt humano do grão,. o "rei grão", era
O CUIdado dos mortos, remontando à V lha Idach- d \ 1','tI'll,
'ol 'nado. Seu lugar era tomado por um
p~c~e ler adquirido maior significação na Nova. No (' I (, til
1)1', qu devia representar a plantação em cresci-
varias grupos neolíticos, na verdade não se d .sc hrirruu ,'111,,\
qu também ele tinha de morrer, como a semente
I

ra~entos cerimoniais. Mas, de modo geral, os mortos C'I'li'


I~sscs ritos mágicos, essas' representações dramáticas
cuidadosamente enterrados em túmulos construidos 011cs :\V:UIIlM
111111
I1 renascimento do grão, eram freqüentemente ame-
agrupados. en: :emi~érios próximos ela aldeia u abertos pl'6xillll:
111", un prática, já nas épocas históricas. Podem, porém,
das casas individuais, Normalmente, os mort fi silo abastecidr«
, .h-ntificados através de muitos mitos antigos, e na época neo-
de. utensílios ou. armas: ,:as?s. para. b I ida c c mida, nrtig}s d,' I III I talvez fossem observados literalmente. Não obstante,
toilet. .No Egito pré-histórico, Iigur: s d aninu is hjctoa
11111'111o caminho para o poder político. O "rei grão" pode
foram pmt~do: .nos _vasos f~tner:íJ'ios, Tinham, PI'(\~1I1llidntrWIlI,',
1"1'll'nder, pela mágica, ter alcançado a imortalidade. E é
a mesma significação mágica <Ias pinruras cln~ rI1V"11111~ (' r-u-
t .unbém um rei secular, com direito à dignidade de um deus .
. talhe na rocha dos caçadores da V{'IIt, It].ldl' dI\, P,'cll'Il N(1~
tempos históricos, tais pinturas Iorrun translr-rid: K palll ()~'1111110 Finalmente, a agricultura pode ter exigido uma observação
das. tumbas, e os textos a ('I;)~ :lCI' sccntados 1I10sll':11l1'lw' M(' mais detalhada das estações, uma divisão mais exata do tempo,
destmav~m realmente a garanur ao morto o gozo P .rrnancntc do ano. As operações agrícolas são essencialmente sazonais,
dos serviços que retratam. , seu êxito depende muito da época de sua execução. Mas a
stação adequada é determinada pelo Sol, não pelas fases da
Ess~s tendências indicam uma atitude para com os espíritos
Lua, que proporciona um calendário aos caçadores. Nas lati-
ancestrais que remontam a períodos muito mais antigos. Mas
tudes setentrionais, as modificações na trajetória do Sol, entre os
a terra na. qual os restos elos ancestrais foram, enterrados passa
solstícios, são bastante evidentes para proporcionar chaves quanto
a. ser considerada como o solo do qual o alimento da comu-
às estações. A observação dessas chaves ressaltaria o papel
mdade nasce r:r;a~icamente .todos os. anos. Os espíritos ancestrais
do Sol como regente das estações e lhe garantiria a divin-
devem, ~em _duvIda, ter SIdo considerados como colaboradores
na germmaçao das plantações . dade.

. Os cultos da fertilidade, os ritos mágicos para ajudar ou Mas, nas proximidades dos trópicos, o movimento do Sol
obrigar as forças da reprodução, podem-se ter tornado mais é menos observável. Ali as estrelas, sempre visíveis nos céus limpos,
destacados do que nunca no período neolítico. Pequenas esta- proporcionam um meio mais fácil de determinar e dividir o
tueta~ de mulheres, de pedra ou marfim, com as características ano solar. Notamos que certas estrelas ou constelações tomam
sexuais bastante acentuadas, foram encontradas nos campos posição significativa no céu, na época em que a experiência
da Velha Idade da Pedra. Mas figuras semelhantes, geralmente ensinou que a plantação deve ser semeada, e outras quando
modeladas em argila, são muito comum nas aldeias e túmulos é o momento de colhê-Ias. Assim usando as estrelas como guias,
neolíticos. Recebem, freqüentemente, o nome de "deusas-mães". os homens passaram a acreditar que elas realmente influíam
Teria sido a terra, de cujo ventre nasciam as sementes, vista sôbre as questões terrestres. Confundiram a ligação no tempo

108 109
P I'qlH
qlltln 10
Ia pr v av
Ir Aia I aR .ia-s n sse upo de confu ilO,
siAI1 da divindade era a str Ia, )s
'str 'Ias er se ram dessa forma, no p ri d )woll(i<'o, M I.111
r .alidad não sabemos até que ponto o h mcin j{t huvln ('111111
bido qualquer idéia de divindade. :t difí il dislilll-\\lir' d
surgidas e difundidas depois da segunda r v IlIÇÜO, coru
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noções desenvolvidas pela primeira.
I 111(llfNDA HEYOLUÇAO

I 111 •• 1 I 1 1 'lu
acabamos de descrever foi o
1"" 1"11'11 1'"11'1 Deve ser apresentada como um
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11111111111 11111111 por [uc a Arqueologia só pode reconhecer


d, ,,111 11 v:'tl'i s passos que levam até eles estão fora
ti i )bs rvação direta. Uma segunda revolüçâo
I 'lu nas aldeias de agricultores auto-suficientes
1 pulosas, alimentadas pelas indústrias secundárias
xterior, e regularmente organizadas como Estados.
I 1111 1 s episódios que provocaram tal transformação podem
I I 1'1 )('('l>idos, embora obscuramente, na pré-história. O cenário
I•• til 1111 \ stá na faixa de países sem i-áridos entre o Nilo e o
I: 111 I. Invenções que fizeram época parecem ter-se seguido
11111 I S outras, ali, com grande rapidez, se nos lembrarmos
ti •• rluno lento do progresso no milênio anterior à primeira
n-vuluçâo, ou mesmo nos quatro milênios entre a segunda revo-
lu l e a revolução industrial dos tempos modernos.
Entre 6000 e 3000 a. C., o homem aprendeu a usar a
força do boi e dos ventos, inventou o arado, o carro de rodas,
o barco a vela, descobriu os processos químicos da fundição
dos minérios de cobre e as propriedades físicas dos metais, e
começou a desenvolver um calendário solar aperfeiçoado. Equi-
pou-se, com isso, para a vida urbana, e preparou o caminho
para a civilização que exigirá a escrita, processos de contagem
e padrões de mensuração - instrumentos de uma nova forma
de transmitir o conhecimento e das Ciências Exatas. Em ne-
nhum período da história, até a época de Galileu, o progresso
do conhecimento foi tão rápido ou descobertas de grande alcance
tão freqüentes.

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