Código de Ética Dos Profissionais de EF
Código de Ética Dos Profissionais de EF
Código de Ética Dos Profissionais de EF
O PRESIDENTE DO CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA, no uso das atribuições que lhe confere o inciso IX
do art. 43 do Estatuto do Conselho Federal de Educação Física e:
CONSIDERANDO o disposto no inciso XVIII do art. 26 do Estatuto do Conselho Federal de Educação Física, criado
pela Lei nº 9.696, de 1º de Setembro de 1998;
CONSIDERANDO a responsabilidade do Conselho Federal de Educação Física - CONFEF, como órgão formador de
opinião e educador da comunidade para compromisso ético e moral na promoção de maior justiça social;
CONSIDERANDO que um país mais justo e democrático passa pela adoção da ética na promoção das atividades
físicas, desportivas e similares;
CONSIDERANDO a função educacional dos órgãos integrantes do Sistema CONFEF/CREFs, responsáveis pela
normatização e codificação das relações entre beneficiários e destinatários;
CONSIDERANDO a necessidade de mobilização dos integrantes da categoria profissional para assumirem seu
papel social e se comprometerem, além do plano das realizações individuais, com a realização social e coletiva;
CONSIDERANDO ser o Código de Ética dos Profissionais de Educação Física, sobretudo, um código de ética
humano, que contém normas e princípios que devem ser por estes seguidos, e se aplicam às pessoas físicas
devidamente registradas no Sistema CONFEF/CREFs, por adesão, demonstrando, portanto, a total aceitação aos
princípios nele contidos;
CONSIDERANDO as sugestões de alterações propostas no VIII Seminário de Ética da Educação Física, realizado
em conjunto com o 30º Congresso Internacional da FIEP, ocorridos na Cidade de Foz do Iguaçu - PR, em janeiro
de 2015;
RESOLVE:
Art. 1º - Fica aprovado o Código de Ética dos Profissionais de Educação Física, na forma do anexo desta
Resolução.
Art. 2º - Fica revogada a Resolução CONFEF nº 254/2013.
Jorge Steinhilber
Presidente
CREF 000002-G/RJ
PREÂMBULO
No processo de elaboração do Código de Ética para o Profissional de Educação Física tomaram-se por base,
também, as Declarações Universais de Direitos Humanos e da Cultura, a Agenda 21, que conceitua a proteção do
meio ambiente no contexto das relações entre os seres humanos em sociedade, e, ainda, os indicadores da
Carta Brasileira de Educação Física 2000; nesta esteira, repudia-se todas e quaisquer ações que possam incidir
em risco para o contexto ecológico da natureza, da sociedade e do indivíduo, nomeadamente, o uso de todos os
meios que desencadeiem o subjugo da saúde, segundo os princípios assegurados pelas Agências Nacionais e
Internacionais de Controle Anti-dopagem, dentre outros.
Esses documentos, juntamente com a legislação referente à Educação Física e a seus profissionais nas esferas
federal, estadual e municipal, constituem o fundamento para a função mediadora do Sistema CONFEF/CREFs no
que concerne ao Código de Ética.
A Educação Física afirma-se, segundo as mais atualizadas pesquisas científicas, como atividade imprescindível à
promoção e à preservação da saúde e à conquista de uma boa qualidade de vida.
Este Código propõe normatizar a articulação das dimensões técnica e social com a dimensão ética, de forma a
garantir, no desempenho do Profissional de Educação Física, a união de conhecimento científico e atitude,
referendando a necessidade de um saber e de um saber fazer que venham a efetivar-se como um saber bem e
um saber fazer bem.
Assim, o ideal da profissão define-se pela prestação de um atendimento melhor e mais qualificado a um número
cada vez maior de pessoas, tendo como referência um conjunto de princípios, normas e valores éticos
livremente assumidos, individual e coletivamente, pelos Profissionais de Educação Física.
A construção do Código de Ética para a Profissão de Educação Física foi desenvolvida através do estudo da
historicidade da sua existência, da experiência de um grupo de profissionais brasileiros da área e da resposta da
comunidade específica de profissionais que atuam com esse conhecimento em nosso país.
Assim, foram estabelecidos os 12 (doze) itens norteadores da aplicação do Código de Ética, que fixa a forma pela
qual se devem conduzir os Profissionais de Educação Física registrados no Sistema CONFEF/CREFs:
I - O Código de Ética dos Profissionais de Educação Física, instrumento regulador do exercício da Profissão,
formalmente vinculado às Diretrizes Regulamentares do Sistema CONFEF/CREFs, define-se como um
instrumento legitimador do exercício da profissão, sujeito, portanto, a um aperfeiçoamento contínuo que lhe
permita estabelecer os sentidos educacionais, a partir de nexos de deveres e direitos;
II - O Profissional de Educação Física registrado no Sistema CONFEF/CREFs e, consequentemente, aderente ao
presente Código de Ética, na qualidade de interventor social, deve assumir compromisso ético para com a
sociedade, colocando-se a seu serviço primordialmente, independentemente de qualquer outro interesse,
sobretudo de natureza corporativista;
IIII - Este Código de Ética define, para seus efeitos, no âmbito de toda e qualquer atividade física, como
destinatário, o Profissional de Educação Física registrado no Sistema CONFEF/CREFs e, como beneficiários das
intervenções profissionais os indivíduos, grupos, associações e instituições que compõem a sociedade. O Sistema
CONFEF/CREFs é a instituição mediadora, por exercer uma função educativa, além de atuar como reguladora e
codificadora das relações e ações entre beneficiários e destinatários;
IV - A referência básica deste Código de Ética, em termos de operacionalização, é a necessidade em se
caracterizar o Profissional de Educação Física diante das diretrizes de direitos e deveres estabelecidos
normativamente pelo Sistema CONFEF/CREFs. Tal Sistema deve visar assegurar por definição: qualidade,
competência e atualização técnica, científica e moral dos Profissionais nele incluídos através de inscrição legal e
competente registro;
V - O Sistema CONFEF/CREFs deve pautar-se pela transparência em suas operações e decisões, devidamente
complementada por acesso de direito e de fato dos beneficiários e destinatários à informação gerada nas
relações de mediação e do pleno exercício legal. Considera-se pertinente e fundamental, nestas circunstâncias, a
viabilização da transparência e do acesso ao Sistema CONFEF/CREFs, através dos meios possíveis de informação
e de outros instrumentos que favoreçam a exposição pública;
VI - Em termos de fundamentação filosófica o Código de Ética visa assumir a postura de referência quanto a
direitos e deveres de beneficiários e destinatários, de modo a assegurar o princípio da consecução aos Direitos
Universais. Buscando o aperfeiçoamento contínuo deste Código, deve ser implementado um enfoque científico,
que proceda sistematicamente à reanálise de definições e indicações nele contidas. Tal procedimento objetiva
proporcionar conhecimentos sistemáticos, metódicos e, na medida do possível, comprováveis;
VII - As perspectivas filosóficas, científicas e educacionais do Sistema CONFEF/CREFs se tornam complementares
a este Código, ao se avaliarem fatos na instância do comportamento moral, tendo como referência um princípio
ético que possa ser generalizável e universalizado. Em síntese, diante da força de lei ou de mandamento moral
(costumes) de beneficiários e destinatários, a mediação do Sistema produz-se por meio de posturas éticas
(ciência do comportamento moral), símiles à coerência e fundamentação das proposições científicas;
VIII - O ponto de partida do processo sistemático de implantação e aperfeiçoamento do Código de Ética dos
Profissionais de Educação Física delimita-se pelas Declarações Universais de Direitos Humanos e da Cultura,
como também pela Agenda 21, que situa a proteção do meio ambiente em termos de relações entre os homens
e mulheres em sociedade e ainda, através das indicações referidas na Carta Brasileira de Educação Física (2000),
editada pelo CONFEF. Estes documentos de aceitação universal, elaborados pelas Nações Unidas, e o
Documento de Referência da qualidade de atuação dos Profissionais de Educação Física, juntamente com a
legislação pertinente à Educação Física e seus Profissionais nas esferas federal, estadual e municipal, constituem
a base para a aplicação da função mediadora do Sistema CONFEF/CREFs no que concerne ao Código de Ética;
IX – Além, da ordem universalista internacional e da equivalente legal brasileira, o Código de Ética deverá levar
em consideração valores que lhe conferem o sentido educacional almejado. Em princípio, tais valores como
liberdade, igualdade, fraternidade e sustentabilidade com relação ao meio ambiente, são definidos nos
documentos já referidos. Em particular, o valor da identidade profissional no campo da atividade física - definido
historicamente durante séculos - deve estar presente, associado aos valores universais de homens e mulheres
em suas relações socioculturais;
X - Tendo como referências a experiência histórica e internacional dos Profissionais de Educação Física no trato
com questões técnicas, científicas e educacionais, típicas de sua profissão e de seu preparo intelectual,
condições que lhes conferem qualidade, competência e responsabilidade, entendidas como o mais elevado e
atualizado nível de conhecimento que possa legitimar o seu exercício, é fundamental que desenvolvam suas
atuações visando sempre preservar a saúde de seus beneficiários nas diferentes intervenções ou abordagens
conceituais;
XI - A preservação da saúde dos beneficiários implica sempre na responsabilidade social dos Profissionais de
Educação Física, em todas as suas intervenções. Tal responsabilidade não deve e nem pode ser compartilhada
com pessoas não credenciadas, seja de modo formal, institucional ou legal;
XII - Levando-se em consideração os preceitos estabelecidos pela bioética, quando de seu exercício, os
Profissionais de Educação Física estarão sujeitos sempre a assumirem as responsabilidades que lhes cabem.
CAPÍTULO I
Disposições Gerais
Art. 1º - O exercício da profissão exige do Profissional de Educação Física conduta compatível com os preceitos
da Lei nº. 9.696/1998, do Estatuto do CONFEF, deste Código, de outras normas expedidas pelo Sistema
CONFEF/CREFs e com os demais princípios da moral individual, social e profissional.
Parágrafo Único - Este Código de Ética constitui-se em documento de referência para os Profissionais de
Educação Física, no que se refere aos princípios e diretrizes para o exercício da profissão e aos direitos e deveres
dos beneficiários das ações e dos destinatários das intervenções.
Art. 3º - O Sistema CONFEF/CREFs reconhece como Profissional de Educação Física, o profissional identificado
consoante as características da atividade que desempenha nos campos estabelecidos da profissão.
CAPÍTULO II
Dos Princípios e Diretrizes
Art. 5º - São diretrizes para a atuação dos órgãos integrantes do Sistema CONFEF/CREFs e para o desempenho
da atividade profissional em Educação Física:
I - comprometimento com a preservação da saúde do indivíduo e da coletividade, e com o desenvolvimento
físico, intelectual, cultural e social do beneficiário de sua ação;
II - aperfeiçoamento técnico, científico, ético e moral dos Profissionais registrados no Sistema CONFEF/CREFs;
III - transparência em suas ações e decisões, garantida por meio do pleno acesso dos beneficiários e
destinatários às informações relacionadas ao exercício de sua competência legal e regimental;
IV - autonomia no exercício da profissão, respeitados os preceitos legais e éticos e os princípios da bioética;
V - priorização do compromisso ético para com a sociedade, cujo interesse será colocado acima de qualquer
outro, sobretudo do de natureza corporativista;
VI - integração com o trabalho de profissionais de outras áreas, baseada no respeito, na liberdade e
independência profissional de cada um e na defesa do interesse e do bem-estar dos seus beneficiários.
CAPÍTULO III
Das Responsabilidades e Deveres
Art. 8º - No relacionamento com os colegas de profissão, com outros profissionais nos diversos espaços de
atuação profissional, a conduta do Profissional de Educação Física será pautada pelos princípios de consideração,
apreço e solidariedade, em consonância com os postulados de harmonia da categoria profissional, sendo-lhe
vedado:
I - fazer referências prejudiciais ou de qualquer modo desabonadoras a colegas de profissão, ou a outros
profissionais nos diversos espaços de atuação profissional;
II - aceitar encargo profissional em substituição a colega que dele tenha desistido para preservar a dignidade ou
os interesses da profissão, desde que permaneçam as mesmas condições originais;
III - apropriar-se de trabalho, iniciativa ou solução encontrados por terceiros, apresentando-os como próprios;
IV - provocar desentendimento com colega que venha o substituir no exercício profissional;
V - pactuar, em nome do espírito de solidariedade, com erro ou atos infringentes das normas éticas ou legais
que regem a profissão.
CAPÍTULO IV
Dos Direitos e Benefícios
Parágrafo Único - As falhas e/ou irregularidades apontadas de acordo com o inciso VI deste artigo, quando não
atendidas, deverão ser transformadas em denúncia que será formulada ao CREF, por escrito.
Art. 11 - As condições para a prestação de serviços do Profissional de Educação Física serão definidas
previamente à execução, de preferência, por meio de contrato escrito e, com pertinência na legislação vigente,
sua remuneração será estabelecida em função dos seguintes aspectos:
I - a relevância, o vulto, a complexidade e a dificuldade do serviço a ser prestado;
II - o tempo que será consumido na prestação do serviço;
III - a possibilidade do Profissional ficar impedido ou proibido de prestar outros serviços no mesmo período;
IV - o fato de se tratar de serviço eventual, temporário ou permanente;
V - a necessidade de locomoção na própria cidade ou para outras cidades do Estado ou do País;
VI - a competência e o renome do Profissional;
VII - os equipamentos e instalações necessários à prestação do serviço;
VIII - a oferta de trabalho no mercado onde estiver inserido;
IX - os valores médios praticados pelo mercado em trabalhos semelhantes.
§ 1º - O Profissional de Educação Física poderá transferir a prestação dos serviços a seu encargo a outro
Profissional de Educação Física, com a anuência do beneficiário.
CAPÍTULO V
Das Infrações e Penalidades
Art. 12 - O descumprimento do disposto neste Código constitui infração ética, ficando o infrator sujeito a uma
das seguintes penalidades, a ser aplicada conforme a gravidade da infração:
I - advertência escrita, com ou sem aplicação de multa;
II - censura pública;
III - suspensão do exercício da Profissão;
IV - cancelamento do registro profissional e divulgação do fato.
Art. 13 - Incorre em infração ética o Profissional que tiver conhecimento de transgressão deste Código e omitir-
se de denunciá-la ao respectivo Conselho Regional de Educação Física.
Art. 14 – As Comissões de Ética, as Juntas de Instrução e Julgamento, os Tribunais Regionais de Ética e o Tribunal
Superior de Ética são órgãos do Sistema CONFEF/CREFs com suas áreas de abrangência e competências
elencadas no Código Processual de Ética do Sistema CONFEF/CREFs.
Parágrafo Único - O documento mencionado no caput deste artigo corresponde ao ordenamento adjetivo no
que respeita a materialidade do fenômeno ético no âmbito do exercício profissional da Educação Física e,
garante os princípios norteadores da justiça alicerçados no devido processo legal, na ampla defesa, no
contraditório e, no duplo grau de jurisdição.
CAPÍTULO VI
Disposições Finais
Art. 15 - O registro no Sistema CONFEF/CREFs implica, por parte dos Profissionais de Educação Física, total
aceitação e submissão às normas e princípios contidos neste Código.
Art. 16 - Com vistas ao contínuo aperfeiçoamento deste Código, serão desenvolvidos procedimentos metódicos
e sistematizados que possibilitem a reavaliação constante dos comandos nele contidos.
Art. 17 - Os casos omissos serão analisados e deliberados pelo Conselho Federal de Educação Física.
Publicada no DOU nº 221 de 19 de novembro de 2015 – Seção 1 – fls. 129 e 130