A Arte e A Religião: A Arte Como Expressão de Louvor A Deus
A Arte e A Religião: A Arte Como Expressão de Louvor A Deus
A Arte e A Religião: A Arte Como Expressão de Louvor A Deus
CAMPINAS
2014
A ARTE E A RELIGIÃO: ARTE COMO EXPRESSÃO DE LOUVOR A DEUS
RESUMO
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Para os egípcios a religião era essencial para a existência e organização da
sociedade e norteava a produção artística, uma vez que as representações pictóricas dos
faraós, considerados deuses na terra, eram sempre acompanhadas de figuras dos
próprios deuses, pois criam numa vida após a morte. As pirâmides destinadas ao
sepultamento dos faraós eram construídas a fim de garantir a sua integridade e seu
encaminhamento para a eternidade com toda a glória que teve em vida. Na busca
constante de permanência da sociedade egípcia e sua obsessão pela imortalidade foi
desenvolvida uma cultura impressionante e quase estática por três milênios.
Influenciada pela cultura grega, a sociedade romana muito copiou da sua arte.
Até os deuses romanos foram retirados do panteão grego, porém com seus nomes
alterados, além dos deuses que eram absorvidos da cultura de outras regiões
conquistadas. Na arte eles eram representados com características humanas reais e não
idealizadas como faziam os gregos. Mais tarde, porém, os romanos deram a volta por
cima na arte e filosofia grega e acrescentaram características próprias à sua cultura,
tornando-a mais funcional e secular, legando uma grande contribuição arquitetônica
para a construção de templos religiosos.
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Desde a queda do Império Romano até o Renascimento a Europa viveu um
período em que a arte esteve a serviço da religião, mais especificamente o catolicismo.
O advento do cristianismo havia transformado a sociedade. O artista era rigorosamente
instruído pela igreja tanto na técnica quanto no preparo espiritual. Já que o foco cristão
era dirigido à salvação e à vida eterna, perdeu-se a necessidade da representação
realista. Os nus não eram permitidos e, mesmo nas figuras vestidas, podia-se notar a
falta de conhecimento de anatomia por parte dos artistas. Os mosaicos, pinturas e
esculturas dessa época tinham como objetivo o ensinamento e exaltação dos
sentimentos da religião cristã. Na arquitetura, o grande volume das edificações romanas
deu espaço ao estilo gótico, mais leve e arejado, simples e discretos exteriormente,
porém com o interior adornado por mosaicos, vitrais e afrescos, que refletiam os ideais
cristãos.
Nas culturas tribais, como as indígenas e africanas, arte e religião sempre foram
indissociáveis, mesmo havendo variações de uma tribo para outra. No caso da arte
africana, o objeto era funcional, ligado ao culto dos antepassados e voltado ao espírito
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religioso. Essa característica marcante dos povos africanos perpassou o tempo e ainda
podem ser encontrados na atualidade.
E nos dias de hoje? Por que apesar de tantos avanços tecnológicos, científicos e
superações dos limites do homem, ainda persistem em seu ser, independente de sua
cultura, esses dois elementos tão primitivos: arte e religião?
Segundo Francis A. Schaeffer (2010), (...) “o artista produz uma obra de arte e
esta demonstra sua cosmovisão.” E ainda: (...) “o homem é feito à imagem do Deus
criador e, portanto, pode não apenas amar, pensar e sentir emoções – ele tem também a
capacidade de criar. Sermos criativos ou termos criatividade faz parte da natureza de
Deus em nós.”
Contudo, o ponto em que todos concordam é que tanto a arte como a religião
nasceram juntamente com os primeiros seres humanos que habitaram o planeta Terra.
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vive não é o único possível de se viver e através da religião, novos mundos podem ser
idealizados.
Porém, esse estado de harmonia entre o homem e seu criador foi abalado pela
desobediência do homem. Houve a separação do criador e sua criatura. Talvez seja essa
a razão da sensação de vazio comum a todo ser humano e que promove essa busca
constante por algo mais, independente de tudo que já se tenha alcançado. Segundo
Bacon (1979, apud SCHAEFFER, 2010, p. 19):
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“Uma jovem, muito inteligente, contou seu testemunho em inglês quase
perfeito. Falou de sua luta espiritual para crescer à sombra do comunismo,
onde a doutrina oficial se opunha a qualquer crença em Deus. No entanto,
desde menina teve o coração tocado pela natureza. Descreveu uma série de
manifestações divinas ou epifanias. Primeiro, ao por do sol que tocou sua
alma de um modo tal que não conseguia expressar em palavras. Também
houve um tempo quando a beleza das flores no jardim de sua mãe falava com
ela sobre uma simplicidade pela qual seu coração ansiava. Ao simplesmente
observar a beleza na natureza ela se convenceu da existência não apenas de
um Deus benigno, mas também de um pai amoroso e zeloso.”
As artes na Bíblia
Artes visuais
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Detalhes semelhantes podem ser encontrados no livro de I Crônicas como parte
da orientação do Rei Davi ao seu filho Rei Salomão para a construção do templo na
cidade de Jerusalém. Schaeffer (2010, p.22 e 23) relata:
Pode-se observar através desse detalhe que não havia objetivo prático ou
utilitário para essas orientações. Era apenas arte pela arte, ou beleza pela beleza.
Música
Cantar fazia parte da cultura judaica. O povo hebreu não cantava somente em
momentos de adoração, eles cantavam durante o trabalho, festas, comemorações e até
em suas campanhas militares.
As Escrituras Sagradas fazem menção não somente à música vocal, mas também
aos instrumentos musicais que eram utilizados, como harpa, saltérios, adufes, flautas,
trombetas e tamborins. Segundo Schaeffer (2010, p.35):
“Em 1 Crônicas 23.5 diz-se que havia ‘quatro mil porteiros e quatro
mil para louvarem ao Senhor com os instrumentos que Davi fez para
esse mister’. Quatro mil! Uma canção flui de quatro mil pessoas de
uma só vez. O cronista diz: ‘Davi os repartiu por turnos (...)’. Em
outras palavras, Davi dividiu os cantores em naipes, formando o que
chamamos de coro”.
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Poesia
Teatro e dança
A dança também fazia parte do cenário bíblico. Schaeffer (2010, p. 38) diz:
Considerações finais
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Independentemente de possuir ou não um caráter religioso, a arte por si só tem
um valor inestimável e transcendente, capaz de reunir ideias e conceitos que mexem
profundamente com a percepção, emoção e razão de pessoas de todas as idades,
nacionalidades e classes sociais. Todas as formas de arte tentam transformar o que é
invisível para o que é palpável ou notável.
Fazer arte é o que diferencia o homem dos demais animais. É o que os faz
humanos capazes de ir além do que se pode notar e sentir por meio dos sentidos. Tudo o
que é criado, escrito, cantado, tocado, interpretado ou dançado, pode abrir uma lacuna
no tempo por meio da qual se pode ouvir Deus. Segundo Card (2004, p.19):
“A pintura pode tornar-se uma janela através da qual um mundo confuso olha
e vê a ordem sadia da criação de Deus. A música pode tornar-se um eco
orquestrado da voz que os ouvidos cansados da humanidade há séculos têm
ansiado ouvir. Essa é a arte por meio da qual Deus é visto e ouvido, na qual
Ele é encarnado, é ‘detalhado’ em pintura e tinta, em pedra, em movimento
criativo.”
Assim como a religião está muito além da razão, a arte está além do artista e é
repleta de simbolismos e significados muitas vezes incompreendidos. Tanto uma como
outra não precisa de justificativa, apenas sensibilidade e despojamento para abrir-se para
novas realidades.
Referencias Bibliográficas:
GIL, A.C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6º ed. São Paulo: Atlas, 2008.
MORAES, Roque. Análise de conteúdo. Revista Educação, Porto Alegre, v. 22, n. 37,
p. 7-32, 1999.
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NUNES, Nabor Filho. Arte: a religião de corpo inteiro. In: Diálogo: revista de ensino
religioso. São Paulo: Paulinas, Ano IX, n 03, fevereiro de 2004, p. 08-13.
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