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REGIME JURÍDICO DO
CONTRATO DE TRABALHO
EM TIMOR-LESTE
(Employment Contract in East-Timor)
2 015
Título
REGIME JURÍDICO DO CONTRATO DE TRABALHO EM TIMOR-LESTE
(Employment Contract in East-Timor)
Autor
Francisco Liberal Fernandes
Edição de Autor
Execução gráfica
Ana Paula Silva
ISBN
978-989-20-6064-4
REGIME JURÍDICO DO
CONTRATO DE TRABALHO
EM TIMOR-LESTE
(Employment Contract in East-Timor)
2015
Aos alunos da Universidade Nacional de Timor-Lorosa’e
a quem tive o privilégio de conhecer e ensinar
ÍNDICE
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1. A relação laboral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2. A formação do direito do trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
3. Noção e conteúdo do direito do trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
4. Fontes de direito do trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
4.1. Fontes internacionais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
4.2. Fontes internas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
a) Constituição. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
b) Lei e Decreto-lei . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
c) Acordo colectivo de trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
d) O regulamento interno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
e) Os usos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
4.3. O pluralismo das fontes de direito do trabalho. . . . . . . . . . . 29
4.4. Relações entre a lei e o acordo colectivo de trabalho . . . . . . 31
5. Hierarquia das fontes de direito do trabalho e o princípio
do tratamento mais favorável para o trabalhador . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
6. Aplicação da lei laboral no tempo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
7. Aplicação da lei laboral no espaço . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
1. Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
2. O período normal de trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
3. Horário de trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
3.1. Noção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
3.2. Modalidades de horário de trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
3.3. Fixação e alteração do horário de trabalho. . . . . . . . . . . . . . 105
4. Trabalho extraordinário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
4.1. Noção. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
4.2. Regime . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
4.2.1. Limites temporais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
4.2.2. Remuneração do trabalho extraordinário. . . . . . . . . . 107
4.2.3. Obrigatoriedade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
4.2.4. Registo do trabalho suplementar. . . . . . . . . . . . . . . . . 108
4.2.5. Casos especiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
5. Trabalho nocturno. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
6. Trabalho por turnos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
6.1. Noção. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
6.2. Modalidades. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
7. Descanso semanal obrigatório. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
8. Feriados obrigatórios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
9. O direito a férias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
9.1. Constituição do direito a férias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
9.2. Duração das férias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
9.3. Efeitos das faltas sobre as férias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
9.4. Marcação das férias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
9.5. Gozo das férias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
9.6. Retribuição das férias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
9.7. Alteração do período de férias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
9.8. Violação do gozo das férias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
9.9. Efeitos da extinção do contrato sobre as férias. . . . . . . . . . . 120
10. As faltas ao trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120
10.1. Noção de falta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120
10.2. Natureza do regime legal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
10.3. Tipos de faltas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
10.4. Efeitos das faltas justificadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123
10.5. Efeitos das faltas injustificadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
1. Enquadramento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157
2. Suspensão ou redução por motivos ligados ao empregador. . . . . . . . 159
2.1. Caracterização. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159
2.2. Procedimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160
2.3. Efeitos da suspensão do contrato. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161
2.4. Efeitos da redução do contrato. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 162
3. Suspensão por impedimento respeitante ao trabalhador . . . . . . . . 163
4. Suspensão por mútuo acordo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163
5. Suspensão por motivo de greve. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 164
Capítulo IX – Cessação do contrato de trabalho
Venilale
Apresentação
1. A relação laboral
15
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
Dado que este texto versa sobre a Lei do Trabalho, todos os artigos nele referidos
1
16
CAPÍTULO I
O DIREITO AO TRABALHO
3
Veja-se o recente relatório da OIT apresentado na 103ª sessão da Conferência In-
ternacional do Trabalho (2014) sobre o tema “Intensificar a luta contra o trabalho forçado”.
17
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
4
Contudo, do ponto de vista histórico, o enquadramento do trabalho humano na fi-
gura do contrato constituiu uma evolução cujo relevo sócio-jurídico deve ser sublinhado, na
medida em que tornou possível a passagem da relação de trabalho servil (caracterizada pelo
estatuto de submissão pessoal de uma das partes) para uma relação contratual em que as pes-
soas intervenientes beneficiavam no plano jurídico ou formal de uma posição de igualdade.
5
Esse desequilíbrio tem, antes de mais, uma raiz sócio-económica, o que significa que
é prévio ou anterior à própria relação laboral; com efeito, ele decorre do facto de o traba-
lhador carecer de trabalhar para sobreviver e de ser o empregador quem controla o acesso
a esse mesmo trabalho, na medida em que dispõe dos meios de produção indispensáveis à
respectiva realização. Além disso, a mesma desigualdade manifesta-se no interior da própria
relação laboral através do reconhecimento ao empregador de uma posição de supremacia e da
correspondente posição de subordinação do trabalhador (infra).
18
CAPÍTULO I
O DIREITO AO TRABALHO
a única fonte (“a lei”) que definia os direitos e as obrigações das partes
da relação laboral; o Estado limitava-se a garantir o exercício daquelas
liberdades e a adoptar uma posição de neutralidade face às condições
fixadas por aquelas.
Na verdade, as consequências (negativas) decorrentes dessa de-
sigualdade social e contratual conduziram ao reconhecimento de que
o contrato (tal como o direito civil o concebia, isto é, enquanto acordo
baseado na autonomia, igualdade e liberdade das partes) não permitia
operar uma troca justa ou equitativa entre os interesses de quem oferece
trabalho e de quem o procura. Daí a necessidade de os poderes públicos
adoptarem uma política intervencionista (em oposição à neutralidade
precedente), dirigida, no essencial, à fixação imperativa de condições
mínimas de trabalho (com a consequente limitação da liberdade contra-
tual das partes do contrato de trabalho e, com isso, da concorrência en-
tre os próprios trabalhadores), ao reconhecimento da liberdade de acção
colectiva dos trabalhadores e à instituição de organismos públicos com
funções específicas de controlo da aplicação das leis laborais.
O direito do trabalho surgiu assim para garantir condições de tra-
balho e de vida minimamente aceitáveis (determinadas de acordo com
os padrões de referência vigentes em cada sociedade), o que significa que
a sua razão de ser reside na necessidade de assegurar um determinado
nível de garantias em benefício da parte mais débil da relação laboral, o
trabalhador. Aliás, as primeiras intervenções dos Estados (industrializa-
dos) foram no sentido de atenuar ou resolver os problemas sociais mais
graves existentes no mundo do trabalho, em particular os relativos ao
trabalho dos menores e das mulheres, assim como em matéria de tempo
de trabalho e de segurança e higiene nos locais de trabalho.
Por outro lado, o associativismo sindical, em especial através da
greve e da contratação colectiva, passou igualmente a desempenhar um
papel fundamental no desenvolvimento do direito do trabalho, de tal
modo que, presentemente, pode dizer-se que, de uma maneira geral, a
disciplina que regula a relação de trabalho é resultado da acção do Esta-
do e dos parceiros sociais.
Nessa medida, o direito do trabalho veio assim substituir uma de-
terminada ordem jurídica que possibilitava que as condições de trabalho
fossem fixadas num quadro de desigualdade contratual profundamen-
te condicionado pelos interesses (e pelo poder) dos empregadores em
19
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do de que trabalhador e empregador não podem ser considerados sujeitos iguais e com
vontades dotadas do mesmo grau de autonomia contratual.
7
Como manifestações desse intervencionismo podem referir-se o facto de os tra-
balhadores não poderem, por exemplo, aceitar ou acordar condições salariais inferiores a
determinado nível, assim como a limitação dos poderes de despedimento do empregador.
20
CAPÍTULO I
O DIREITO AO TRABALHO
21
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CAPÍTULO I
O DIREITO AO TRABALHO
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ção das Nações Unidas (ONU), à qual Timor-Leste aderiu em 2003 — para
a criação de um direito internacional do trabalho, através da adopção de
regras que se pretendam que sejam comuns aos Estados que a integram9.
A composição da OIT obedece ao chamado princípio do tripartis-
mo, na medida em que têm assento naquele organismo representantes
dos Estados, dos trabalhadores e dos empregadores. A Conferência é ór-
gão deliberativo da OIT, competindo-lhe aprovar, por maioria de dois ter-
ços, Convenções e Recomendações.
As Convenções contêm preceitos de direito do trabalho que se
destinam a ser incorporados no direito interno dos Estados-membros;
essa recepção está dependente da ratificação pela entidade nacional
competente, sendo apenas então que as suas normas passam a ter força
obrigatória a nível nacional.
Por sua vez, as Recomendações limitam-se a incentivar (reco
mendar) os Estados a adoptar determinadas reformas ou medidas no
que respeita às condições ou às relações de trabalho.
De acordo com o art. 9º, n.º 2, da Constituição, dever-se-á en-
tender que, em termos de hierarquia normativa, as convenções inter-
nacionais ratificadas pelo Estado timorense estão situadas num plano
infraconstitucional, mas supra-legislativo. Ou seja, uma vez entradas
no direito nacional, as normas internacionais não só tornam inválidas
as leis internas que se lhe oponham, como impedem o legislador de
fixar posteriormente disciplina que se oponha ao disposto no direito
internacional recebido.
9
Embora as Convenções da OIT sejam a principal fonte internacional do direito
do trabalho, outros textos legais concorrem igualmente para uam aproximação das condi-
ções de trabalho entre os diferentes Estados, como, por exemplo, a Declaração Universal
dos Direitos do Homem (1948), o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos
(1976) e o Pacto Internacional sobre os Direitos Económicos, Sociais e Culturais (1976) —
todos aprovados pela ONU. Aliás, o art. 23º da Constituição estipula que os “direitos fun-
damentais consagrados na Constituição...devem ser interpretados em consonância com a
Declaração Universal dos Direitos Humanos”.
A nível da União Europeia, por exemplo, há igualmente uma importante regulamen-
tação do direito do trabalho que os Estados-membros estão obrigados a dar cumprimento.
24
CAPÍTULO I
O DIREITO AO TRABALHO
a) Constituição
10
Porque a matéria dos direitos fundamentais foi objecto de estudo na cadeira de
direito constitucional, abstemo-nos de lhe fazer aqui qualquer outra referência.
25
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b) Lei e Decreto-lei
11
Parece não oferecer dúvidas que a legislação laboral e, concretamente, a Lei do
Trabalho constitui um factor decisivo para o progressivo desenvolvimento social da so-
ciedade timorense. A demonstrar essa importância está a circunstância de o Parlamento
26
CAPÍTULO I
O DIREITO AO TRABALHO
d) O regulamento interno
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e) Os usos
12
É o elemento relativo à obrigatoriedade que permite distinguir os usos do costu-
me, uma vez que este constitui igualmente uma prática social à qual é atribuída ou reconhe-
cida natureza obrigatória ou vinculativa. Aliás, o art. 2º do Código Civil determina que “os
usos costumeiros que não contrariem a Constituição e as leis são juridicamente atendíveis”.
28
CAPÍTULO I
O DIREITO AO TRABALHO
29
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São vários os princípios previstos na LT que modelam o direito de associação
sindical:
a) Princípio da liberdade de constituição de associações sindicais, incluindo a dife-
rentes níveis (arts. 78º e 83º, n.ºs 4 e 6, da LT);
b) Princípio da liberdade de filiação das associações sindicais em organizações
afins internacionais (art. 80º, alínea d));
c) Liberdade sindical individual — desdobra-se em duas vertentes: a liberdade
de cada trabalhador aderir ao sindicato que o represente (liberdade sindical positiva) e
a liberdade de não se filiar ou de deixar de estar filiado (liberdade sindical negativa), tal
como, respectivamente, se consagra nos arts. 78º e 81º, n.º 1;
d) Liberdade de acção sindical externa — as associações sindicais gozam de liber-
dade para decidir as actividades e adoptar as medidas necessárias para a realização dos
seus objectivos (arts. 79º e 80º);
e) Direito de reunião na empresa — os sindicatos podem realizar reuniões na em-
presa… “com a finalidade de informar e discutir assuntos sindicais de interesse para os
trabalhadores” (art. 82º);
f) Autonomia e independência dos sindicatos — para proteger as organizações
sindicais relativamente a pressões de diferentes origens, susceptíveis de condicionar ou
interferir com a realização dos seus objectivos, a LT assegura a sua independência e au-
tonomia perante o Estado, partidos políticos, empregadores e respectivas associações,
instituições religiosas e associações de outra natureza, sendo proibido qualquer tipo de
interferência a nível da organização e financiamento dos sindicatos (art. 83º);
g) Liberdade de auto-organização e de autorregulamentação interna — consiste no
direito de as associações sindicais elaborarem os seus estatutos e elegerem os seus mem-
bros, regendo-se pelos princípios democráticos (art. 84º).
14
Como se referiu, isoladamente, o trabalhador encontra-se numa posição de fra-
gilidade contratual (e social) perante o empregador; é através das associações sindicais e,
de forma particular, através dos acordos colectivos, que aquela relação de desigualdade é
atenuada, na medida em que, quando associados, os trabalhadores gozam de uma maior
força negocial que não dispõem a título individual, que lhes permite fixar condições de
trabalho mais equitativas.
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CAPÍTULO I
O DIREITO AO TRABALHO
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CAPÍTULO I
O DIREITO AO TRABALHO
15
A existência de uma hierarquia entre as fontes de direito tem a ver com a natu-
reza ou âmbito vinculativo destas; por outro lado, é ela que possibilita estabelecer uma
hierarquia entre as normas e, por esta via, resolver os conflitos resultantes do concurso de
diferentes preceitos, provenientes de fontes hierarquicamente diversas, sobre o mesmo
facto. A regra geral — válida também para o direito do trabalho — é a de que as normas
de hierarquia superior prevalecem sobre as normas de hierarquia inferior.
No que respeita ao direito do trabalho, a hierarquia das fontes de direito é assim
ordenada: 1º - Constituição; 2º - Direito internacional; 3º - Lei e Decreto-lei (entre estas
duas fontes não há diferença de hierarquia, apenas se distinguindo pelo facto de a Cons-
tituição reservar à lei parlamentar a regulação de um determinado conjunto de matérias;
veja-se o art. 95º da Constituição); 4º - Acordo colectivo de trabalho; 5º - Usos. (Não é de
excluir, apesar da omissão da LT, a possibilidade de intercalar o regulamento interno
entre o acordo colectivo de trabalho e os usos).
33
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CAPÍTULO I
O DIREITO AO TRABALHO
16
Aliás, em boa medida, o mesmo regime já se encontra consagrado no n.º 2, se-
gunda parte, do art. 11º do Código Civil, onde se prevê que, sob certas condições, a nova
lei é aplicável aos conteúdos de relações duradoiras, isto é, aos contratos que continuam
a produzir efeitos após a entrada em vigor da nova lei.
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CAPÍTULO II
O Contrato de Trabalho
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a) Prestação de trabalho
17
Estes elementos denominam-se essenciais porque são os que caracterizam e dis-
tinguem o contrato de trabalho dos restantes contratos; por isso, a falta de qualquer deles
implica que o negócio jurídico celebrado não possa ser qualificado como contrato de tra-
balho.
Como veremos, essa actividade deve lícita e apta a satisfazer um interesse do
18
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CAPÍTULO II
O CONTRATO DE TRABALHO
b) Retribuição
c) Subordinação jurídica
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a) Contrato sinalagmático
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CAPÍTULO II
O CONTRATO DE TRABALHO
b) Contrato oneroso
c) Contrato duradouro
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f) Contrato de adesão
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CAPÍTULO II
O CONTRATO DE TRABALHO
3. O trabalho autónomo
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O contrato de agência encontra-se regulado no Decreto-Lei nº 12/2012, de 29 de
Fevereiro.
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CAPÍTULO II
O CONTRATO DE TRABALHO
a) Determinada ou determinável
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Segundo o art. 5º, alínea d), da LT, a categoria profissional define a “posição do
trabalhador pela descrição das funções a serem desempenhadas pelo trabalhador”.
46
CAPÍTULO II
O CONTRATO DE TRABALHO
21
O facto de a LT ser omissa a este respeito, poderia significar que, tratando-se de
um vício de nulidade, esta poderia ser invocada a todo o tempo, como se estipula no art.
277º do Código Civil. Porém, por razões de certeza jurídica e atendendo à natureza da
relação laboral, o prazo para arguir a invalidade deverá ser de um ano.
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CAPÍTULO II
O CONTRATO DE TRABALHO
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6.1.1. Características
Tal como decorre do art. 50º, n.º 3, da Constituição (e dos arts. 11º
e 12º da LT), o contrato de trabalho é, por regra, um contrato de duração
indeterminada. Sendo de aplicação geral, esta norma da lei fundamen-
tal abrange todos os trabalhadores por conta de outrem, incluindo os
trabalhadores do Estado; além disso, consagra um direito que não pode
ser objecto de renúncia, sendo nulo o acordo em que se convencione o
afastamento daquela regra23.
O princípio da duração indeterminada do contrato de trabalho
decorre da proibição constitucional dos despedimentos sem justa cau-
sa ou por motivos políticos, religiosos e ideológicos. Muito embora não
estejam abrangidos os despedimentos por motivos objectivos (como se
estudará no capítulo X), a exclusão do despedimento sem justa causa
consagrada no art. 50º, n.º 3, da lei fundamental significa que o trabalha-
dor só pode ser despedido24 com base em actos por si praticados (e des-
22
Em termos mais gerais, poder-se-á dizer que o princípio da substituição con-
sagrado no art. 9º, n.º 4, da LT é aplicável sempre que as fontes inferiores, com base nas
quais foi adoptada determinada disciplina, se afastam do estabelecido em fontes supe-
riores. Se as normas violadas forem imperativas relativas, a substituição ocorre apenas
quando a fonte inferior fixa condições menos favoráveis para o trabalhador; se se tratar de
normas imperativas absolutas, a substituição tem lugar sempre que a fonte inferior não
respeita o disposto na fonte superior.
23
A proibição de renúncia não se confunde com a cessação do contrato por mútuo
acordo, como se verá no capítulo VIII (art. 48º da LT); nesta situação particular, o contrato
extingue-se por vontade conjunta do trabalhador e do empregador.
24
Atendendo ao prescrito na LT relativamente à cessação do contrato de trabalho,
conclui-se que o conceito de despedimento (que aquele diploma designa por rescisão por
iniciativa do empregador) abrange apenas os casos de extinção do contrato por iniciativa
exclusiva do empregador, muito embora, como se verá, essa competência só pode ser
exercida nas situações previstas na lei.
50
CAPÍTULO II
O CONTRATO DE TRABALHO
de que estes reúnam os pressupostos previstos pela lei), sendo por isso
proibidos (nulos) os despedimentos que não tenham por fundamento
uma infracção disciplinar.
Com esta limitação constitucional (e reforçada pela LT) protege-se
a manutenção ou continuidade da actividade para a qual o trabalhador
foi contratado, o que significa que o contrato de trabalho (e o direito
ao exercício de uma actividade remunerada que lhe está associado) foi
concebido pelo legislador constituinte como uma relação jurídica de du-
ração indeterminada e, portanto, sem fixação prévia de qualquer limite
temporal. Em face deste princípio, a contratação a termo só poderá ter
lugar para ocorrer a necessidades temporárias da entidade empregadora
e pelo período estritamente necessário à satisfação dessas necessidades.
Na verdade, ao estipular que o recurso ao contrato de duração de-
terminada “só pode ser celebrado para atender a necessidades temporá-
rias do empregador” (art. 12º, n.º 1), o legislador quis afirmar que aquela
modalidade contratual tem carácter excepcional ou especial, reforçando
assim o princípio de que o contrato de trabalho de duração indeterminada
ou sem duração pré-fixada constitui a regra a nível da contratação laboral.
51
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25
O afastamento do período probatório pode ser da iniciativa do empregador ou
resultar do acordo das partes.
26
Assim, o contrato de trabalho é a termo suspensivo se for celebrado, por exem-
plo, num determinado dia do mês de Maio de 2014 para entrar em vigor no 1 do mês de
Agosto do mesmo ano. A liberdade de celebração de um contrato a termo suspensivo (ou
mesmo sujeito a condição suspensiva) não levanta problemas específicos, na medida em
52
CAPÍTULO II
O CONTRATO DE TRABALHO
que não interfere com o disposto no art. 50º, n.º 3, da Constituição que, como se referiu,
apenas é aplicável aos contratos de trabalho que já produzem os seus efeitos normais.
Retomando o exemplo anterior, o contrato será a termo resolutivo se for conven-
27
cionado no momento da sua celebração que tem uma duração de seis meses.
28
Julga-se não ser possível a celebração de contratos de trabalho sujeitos a con-
dição resolutiva, na medida em que a sua aposição afigura-se contrária ao princípio da
segurança no emprego consagrado no art. 50º, n.º 3, da Constituição.
Dado que estes contratos são igualmente conhecidos pelas expressões “contrato
29
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30
“O contrato por tempo determinado deve estabelecer de forma clara…a justifi-
cação invocada e o prazo estipulado...” (art. 12º, n.º 2, da LT).
31
Assim, por exemplo, para um trabalhador ser contratado por cinco meses é necessá-
rio que a tarefa ou obra em causa tenha igualmente uma duração previsível de cinco meses.
54
CAPÍTULO II
O CONTRATO DE TRABALHO
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to, essa renovação e, além disso, que o facto que serviu de fundamento
à contratação inicial continue a verificar-se no momento da renovação
(art. 13º, n.º 1). Como a LT não fixa qualquer prazo para a manifestação
da vontade de renovação, deve entender-se que as partes podem fazê-lo
até ao último dia de vigência do contrato a termo.
Se a renovação não for efectuada de forma escrita não produz
qualquer efeito, devendo, por isso, considerar-se que o contrato caduca
(art. 13º, n.º 2); neste caso, porém, se o trabalhador continuar ao serviço
depois do termo estipulado, verifica-se a formação de um novo contrato
de trabalho (se bem que formalmente inválido32) que a lei considera de
duração indeterminada (art. 12º, n.º 4)33.
No caso de as partes nada disserem relativamente ao prazo da
renovação, deve considerar-se que esta é por período igual ao inicial
(ou ao período anterior, no caso de tratar-se de uma nova renovação).
Como também nada é indicado relativamente ao número de renovações,
dever-se-á entender que não há qualquer limite quanto a esse número, a
não ser o que resulta indirectamente da duração máxima admitida para
o contrato a termo, que, como se sabe, não pode ultrapassar três anos,
incluídas as renovações (arts. 13º, n.º 1, e 11º, n.º 4, ambos da LT).
Por outro lado, o contrato que seja objecto de renovações conside-
ra-se como único (art. 13º, n.º 3).
32
Veja-se o capítulo II, § 4.3. relativamente à forma do contrato de trabalho.
33
Esta natureza do contrato não é afastada ainda que as partes o tratem como
sendo de duração determinada ou mesmo que não tenha sido ultrapassada a duração
máxima prevista para os contratos a termo.
56
CAPÍTULO II
O CONTRATO DE TRABALHO
34
Assim, por exemplo, se um contrato de duração determinada tiver sido cele-
brado há dois anos e meio, no caso de as partes o renovarem por mais oito meses deve
considerar-se que a respectiva conversão se verificou logo no momento da renovação e
não quando o contrato atingir três anos de duração do contrato.
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CAPÍTULO II
O CONTRATO DE TRABALHO
35
Isto significa que as despesas correntes com a formação profissional do trabalha-
dor (art. 20º, alínea b), da LT) não são fundamento suficiente para a celebração (válida) de
um pacto de permanência.
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CAPÍTULO III
MODIFICAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
CAPÍTULO III
Modificação do
Contrato de Trabalho
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Para este efeito, é indiferente que as condições de trabalho sejam fixadas aquan-
do da celebração do contrato de trabalho ou em momento posterior.
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CAPÍTULO III
MODIFICAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
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CAPÍTULO III
MODIFICAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
2. O local de trabalho
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CAPÍTULO III
MODIFICAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
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a) Transferência temporária
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CAPÍTULO III
MODIFICAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
b) Transferência definitiva
ções semelhantes.
41
Como se disse anteriormente, não é de excluir a possibilidade de o mesmo direito
ser exercido quando não sejam observados os restantes requisitos previstos no art. 17º, n.º 2.
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-se a questão de saber se a rescisão pode nesse caso ser imediata, como
deixa pressupor aquele primeiro preceito, ou se apenas é possível desen-
cadeá-la decorridos três meses a contar do início da mudança, como se
estipula no segundo.
Parece-nos que a resposta não poderá ser uniforme, na medida em
que se torna necessário distinguir entre a mudança definitiva e a tem-
porária, e as situações em que as partes excluem no contrato de trabalho
essa possibilidade.
a) Assim, tendo as partes convencionado a não alteração do local
de trabalho42, podem verificar-se as seguintes situações:
i) Se a transferência for definitiva, o trabalhador tem o direito a
rescindir o contrato de forma imediata, com direito a indem-
nização, ainda que não sofra qualquer prejuízo (art. 49º, n.º 3,
alínea a)).
ii) Tratando-se de transferência temporária, parece-nos que o di-
reito de rescindir pode ser exercido de imediato se aquela pro-
vocar uma alteração substancial das condições de trabalho.
Nos outros casos, se foram respeitadas as condições previs-
tas pelo legislador, o trabalhador poderá rescindir o contrato
apenas passados três meses do início da transferência, ainda
que esta não origine uma alteração substancial das condições
de trabalho (art. 49º, n.º 3, alíneas a) e e)).
Em ambas as situações, o trabalhador tem direito a compensação,
nos termos do art. 49º, n.º 5.
42
Não haverá dificuldades em reconhecer que a cláusula contratual que exclui a
possibilidade de o empregador mudar o local de trabalho não compreende as alterações
que se afigurem objectivamente irrelevantes, como, por exemplo, a mudança para um
local que dista umas dezenas ou poucas centenas de metros do anterior.
70
CAPÍTULO III
MODIFICAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
Nos termos do art. 21º da Lei da greve (Lei n.º 5/2012, de 29-2),
“durante o período de pré-aviso, enquanto durar a greve e até 90 dias
após o seu termo, a entidade empregadora não pode transferir nem des-
pedir os trabalhadores grevistas, exceptuando por razões disciplinares
nos termos da legislação laboral”.
Como facilmente se percebe, esta proibição tem por objectivo não
só garantir o exercício da greve, como principalmente impedir que a
entidade empregadora possa exercer represálias (ainda que de forma
indirecta) sobre os trabalhadores aderentes.
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43
Como se compreende, o disposto no art. 18º não se aplica aos trabalhadores cujos
contratos de trabalho cessaram antes da transmissão da empresa ou estabelecimento; o
mesmo acontece em relação aos trabalhadores que, por decisão do transmitente ou por
acordo entre este e o adquirente, continuam ao serviço do primeiro empregador, ainda
que noutro estabelecimento.
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CAPÍTULO IV
Direitos e Deveres das Partes
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medida em que este designa a pessoa que explora uma empresa ainda
que não tenha trabalhadores ao seu serviço; nesta situação específica, o
empresário não é um empregador. O empregador é pois a pessoa que
contrata trabalhadores, que lhes paga a retribuição e que é o credor da
respectiva prestação de trabalho.
De uma forma geral, as partes devem cumprir de boa fé o contrato
de trabalho, assim como respeitar as leis, os acordos colectivos e o con-
teúdo do contrato de trabalho, de modo que a parte que não cumprir as
suas obrigações é responsável pelos danos que causar à outra (art. 19º).
No entanto, dado que há deveres e direitos específicos de cada uma das
partes, convirá analisá-los separadamente.
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CAPÍTULO IV
DIREITOS E DEVERES DAS PARTES
2. Deveres do trabalhador
44
A violação deste dever compreende actos muito diferenciados, como injúrias,
agressões verbais, afirmações humilhantes, ameaças, difusão de calúnias, isolamento do
trabalhador — proibindo-o, nomeadamente, de falar seja com companheiros ou clientes,
ou privando-o das normais condições ambientais no local de trabalho —, atribuição de
tarefas excessivas ou demasiado exigentes para a sua qualificação ou esvaziamento das
funções desempenhadas.
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45
Se o trabalhador tiver dúvidas quanto à licitude da ordem que lhe foi dada deve
informar o empregador (ou o seu superior hierárquico) e executar a ordem sob reservas;
deste modo, não poderá se responsabilizado pelos danos que os seus actos possam even-
tualmente causar.
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CAPÍTULO IV
DIREITOS E DEVERES DAS PARTES
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possa ter outro emprego, mas tão só que não pode entrar em concorrên-
cia desleal com o empregador; com efeito, o pluri-emprego é permiti-
do46, ainda que as normas jurídico-laborais estejam pensadas para uma
situação de emprego único. Por sua vez, o dever de sigilo cessa quando
esteja em causa a prática de um crime, como, por exemplo, no caso de a
empresa não respeitar determinadas normas de higiene que ponham em
causa a saúde ou a vida dos consumidores.
Por outro lado, como se referiu no capítulo II, a LT não proíbe que as partes cele-
46
78
CAPÍTULO IV
DIREITOS E DEVERES DAS PARTES
posto de trabalho (art. 20º, al. b)); daí que a falta de cumprimento desta
obrigação do empregador deve ser tida em conta na apreciação da vio-
lação do dever de produtividade pelo trabalhador.
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3. Garantias do trabalhador
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CAPÍTULO IV
DIREITOS E DEVERES DAS PARTES
4. A antiguidade do trabalhador
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CAPÍTULO IV
DIREITOS E DEVERES DAS PARTES
51
Esta indeterminação (relativa) do poder de direcção está relacionada não só com
as múltiplas circunstâncias que rodeiam a actividade económica, mas principalmente de-
vido ao facto de, não obstante a intervenção da lei e das partes, o contrato de trabalho
apresentar em regra um conteúdo relativamente indeterminado, em especial quando as
funções do trabalhador ou as condições em que presta a sua actividade não estão comple-
tamente definidas ou concretizadas.
83
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CAPÍTULO IV
DIREITOS E DEVERES DAS PARTES
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CAPÍTULO IV
DIREITOS E DEVERES DAS PARTES
54
Por conseguinte, as meras intenções não traduzidas em condutas não constituem
infracção disciplinar; esta pressupõe sempre um comportamento externo do trabalhador.
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CAPÍTULO IV
DIREITOS E DEVERES DAS PARTES
do máximo por cada infracção (art. 23º, n.º 4, alínea c), da LT).
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Como o nome indica, esta sanção não possui uma função preven-
tiva e conservatória da relação de trabalho como é característico das an-
teriores, já que tem como efeito a ruptura do vínculo laboral.
a) Caracterização geral
Para que uma infracção disciplinar possa ser objecto de uma me-
56
Embora a LT seja omissa, a advertência verbal deve igualmente ser fundamenta-
da, ainda que em termos mais simplificados do que a advertência escrita.
90
CAPÍTULO IV
DIREITOS E DEVERES DAS PARTES
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Relativamente ao prazo dos vinte dias, dever-se-á entender que ele não se conta
apenas da data do conhecimento efectivo da infracção, mas a partir da data da sua cog-
noscibilidade, isto é, da data em que o empregador (ou o seu representante) devia ou
podia razoavelmente ter conhecimento dela.
92
CAPÍTULO IV
DIREITOS E DEVERES DAS PARTES
c) Tramitação processual
ii) Acusação
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v) Decisão do empregador
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CAPÍTULO IV
DIREITOS E DEVERES DAS PARTES
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Nos termos do art. 24º, n.º 10, da LT, o trabalhador pode recorrer
da sanção que lhe foi imposta. Este direito é admissível independen-
temente da natureza da sanção aplicada, o que significa que pode ser
exercido mesmo nos casos de advertência.
Se a medida punitiva foi decidida pelo empregador, o trabalhador
pode interpor recurso para a mesma entidade a fim de esta reapreciar
a sua decisão (recurso gracioso); se a sanção foi da responsabilidade do
superior hierárquico, o trabalhador pode recorrer ou para a entidade
empregadora ou para o superior hierárquico imediato àquele que apli-
cou a medida sancionatória (recurso hierárquico).
Quer a sanção tenha sido aplicada pelo empregador ou por um su-
perior hierárquico, o trabalhador pode reclamar a intervenção do servi-
ço de mediação e conciliação (art. 101º, n.º 2), com o objectivo de auxiliar
as partes a solucionarem o recurso de forma amigável ou consensual.
Independentemente do recurso, o empregador (ou o seu repre-
sentante com competência disciplinar) tem sempre a possibilidade de
reduzir ou revogar a sanção, muito embora esta faculdade não possa ser
exercida arbitrariamente, antes deva pautar-se por critérios de igualda-
de de tratamento.
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CAPÍTULO IV
DIREITOS E DEVERES DAS PARTES
esta questão, é evidente a analogia com o disposto no art. 24º, n.º 9, pelo
que nos parece que, a partir da respectiva interposição, dispõe de dez
dias para decidir do recurso.
De qualquer forma, o recurso (gracioso ou hierárquico) suspende
a aplicação da sanção, assim como o decurso do prazo de trinta dias para
a respectiva concretização.
c) Impugnação judicial
Da conjugação dos arts. 24º, n.º 10, e 51º, n.º 2, ambos da LT, de-
duz-se que o direito a recorrer aos tribunais para impugnar a aplicação de
uma medida disciplinar apenas está previsto para a rescisão do contrato
por justa causa. No entanto, julga-se que o trabalhador poderá sempre
recorrer aos tribunais se o procedimento disciplinar enfermar de vícios
de tal modo graves que ponham em causa direitos e garantias que lhe
são reconhecidos pela lei, designadamente o direito ao contraditório e a
garantia de que a decisão do empregador deve ser fundamentada. Assim,
por exemplo, se o empregador aplicou uma sanção diferente da rescisão
sem ter instaurado um processo disciplinar ou sem ter apresentado ao tra-
balhador a nota de culpa, ou se não invocou qualquer fundamento para
punir, o trabalhador terá sempre a possibilidade de recorrer aos tribunais.
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CAPÍTULO V
Tempo de Trabalho,
Férias e Faltas
1. Introdução
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Esta auto-disponibilidade não é apenas assegurada através da limitação da jor-
nada diária e semanal de trabalho, mas igualmente com a fixação de um horário de traba-
lho, do descanso semanal e complementar, das férias ou a limitação das horas extraordi-
nárias. É o conjunto destes institutos que nos permite falar num princípio da limitação da
disponibilidade do trabalhador para trabalhar.
100
CAPÍTULO V
TEMPO DE TRABALHO, FÉRIAS E FALTAS
Caso tenha sido estipulada uma duração superior a estes limites, verifica-se uma
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3. Horário de trabalho
3.1. Noção
De igual modo, os limites previstos para o trabalho suplementar (art. 27º da LT)
61
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CAPÍTULO V
TEMPO DE TRABALHO, FÉRIAS E FALTAS
i) Horário fixo
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CAPÍTULO V
TEMPO DE TRABALHO, FÉRIAS E FALTAS
4. Trabalho extraordinário
4.1. Noção
105
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4.2. Regime
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CAPÍTULO V
TEMPO DE TRABALHO, FÉRIAS E FALTAS
4.2.3. Obrigatoriedade
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5. Trabalho nocturno
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CAPÍTULO V
TEMPO DE TRABALHO, FÉRIAS E FALTAS
6.1. Noção
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6.2. Modalidades
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CAPÍTULO V
TEMPO DE TRABALHO, FÉRIAS E FALTAS
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é ainda necessário que o seu gozo seja regular, isto é, que tenha lugar em
dia certo; por isso, o empregador deve respeitar uma sequência cons-
tante entre os dias de trabalho e o dia de descanso obrigatório; ou seja,
aquele dia deve ser observado obrigatoriamente após seis dias de traba-
lho ou cinco dias e meio, conforme o trabalhador tenha ou não direito a
meio dia de descanso complementar, para além do descanso semanal.
A regra de que o descanso semanal deve ser ao domingo radica na
tradição cristã do País; só poderá deixar de ser neste dia nos seguintes
casos (art. 30º, n.º 2):
i) Quando o trabalhador exerça uma actividade indispensável
para assegurar a continuidade de serviços que não podem ser
interrompidos (assim, os relacionados com a distribuição da
energia ou da água, serviços hospitalares, serviços de segu-
rança, etc.);
ii) Quando a actividade do trabalhador tenha de ser necessaria-
mente prestada ao domingo. É o caso, por exemplo, dos servi-
ços de limpeza ou de trabalhos preparatórios e complementa-
res que devam ser efectuados no dia de descanso dos restantes
trabalhadores.
Assim, enquanto o descanso semanal se afigura um direito neces-
sário, já a obrigação de ser observado ao domingo é passível de algumas
derrogações; nestes casos, o dia de descanso obrigatório pode recair em
qualquer dos outros dias da semana, passando o domingo a constituir
um dia normal de trabalho. No entanto, nestes casos, tem igualmente de
ser observada a sequência atrás referida, isto é, o dia de descanso deve
normalmente ser gozado após seis dias de trabalho consecutivos.
Por acordo colectivo ou por contrato de trabalho pode ainda ser
instituído um dia ou meio dia de descanso semanal complementar, o
qual deve ser gozado juntamente com o descanso obrigatório. Isto sig-
nifica que, relativamente aos trabalhadores que dele beneficiam, o dia
correspondente ao descanso complementar não pode ser considerado
dia útil, o que tem importância, como se verá, para determinar o período
de férias.
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CAPÍTULO V
TEMPO DE TRABALHO, FÉRIAS E FALTAS
8. Feriados obrigatórios
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9. O direito a férias
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TEMPO DE TRABALHO, FÉRIAS E FALTAS
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com limites; com efeito, julga-se que, em caso de repartição das férias,
deve ser assegurado ao trabalhador o gozo de um período mínimo con-
secutivo correspondente a metade da respectiva duração.
Embora a lei seja omissa, parece-nos que, em determinadas situa-
ções, é de admitir a possibilidade de as férias serem cumuladas, desig-
nadamente quando isso se revele no interesse do trabalhador; será o
caso, por exemplo, se este pretender passar férias num país estrangeiro
para visitar familiares próximos, situação em que o período de doze dias
poderá ser insuficiente, a que deve juntar-se as despesas normalmente
elevadas que são suportadas nessas situações. Ainda assim, por razões
de saúde e de segurança, esse cúmulo não poderá ultrapassar as férias
correspondentes a dois anos consecutivos de trabalho.
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CAPÍTULO V
TEMPO DE TRABALHO, FÉRIAS E FALTAS
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10.3.Tipos de faltas
68
Para além das situações indicadas no art. 33º da LT, é de referir ainda o regime
de ausências relativo à protecção da maternidade e da paternidade do trabalhador pre-
visto no art. 58º e s.
69
No projecto da LT o conceito de família era delimitado aos pais, irmãos, cônjuge,
filhos legítimos e adoptivos considerados como tais nos termos da lei, usos e costumes.
70
Relativamente a estas faltas, o trabalhador apenas tem direito à retribuição corres-
pondente a três dias por ano; se, pelas mesmas razões, faltar mais do que três dias por ano, tais
ausências deverão considerar-se justificadas, embora sem direito a retribuição.
71
Por motivo de doença ou acidente, o trabalhador mantêm o direito à retribuição
(paga pelo empregador) nos seguintes moldes: 100% da retribuição diária nas primeiras
seis faltas, 50% da mesma retribuição nos restantes seis dias.
122
CAPÍTULO V
TEMPO DE TRABALHO, FÉRIAS E FALTAS
72
Quanto aos efeitos das faltas justificadas sobre o direito a férias do trabalhador
(art. 33º, n.º 6, da LT), veja-se que ficou dito no § 3.3. deste capítulo.
123
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CAPÍTULO V
TEMPO DE TRABALHO, FÉRIAS E FALTAS
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CAPÍTULO VI
A Remuneração do Trabalho
a) Perspectiva económica
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b) Perspectiva social
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CAPÍTULO VI
A REMUNERAÇÃO DO TRABALHO
c) Perspectiva jurídica
2. Noção de retribuição
129
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
i) Obrigatoriedade
ii) Patrimonialidade
iii) Correspectividade
76
A lei interfere na fixação dos salários quando, por exemplo, fixa o valor do acrésci-
mo do trabalho extraordinário (art. 27º), do trabalho nocturno (art. 28º) ou quando garante
uma remuneração mínima (art. 38º, n.º 2); os parceiros sociais, através da fixação de um
salário mínimo para as categorias de trabalhadores que abrange ou de condições mais favo-
ráveis para os trabalhadores do que as previstas na lei); os trabalhadores e empregadores,
quando fixam contratualmente o salário de base ou outras prestações complementares.
130
CAPÍTULO VI
A REMUNERAÇÃO DO TRABALHO
131
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CAPÍTULO VI
A REMUNERAÇÃO DO TRABALHO
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CAPÍTULO VI
A REMUNERAÇÃO DO TRABALHO
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136
CAPÍTULO VI
A REMUNERAÇÃO DO TRABALHO
4. Modalidades de retribuição
De acordo com o art. 39º, n.º 1, da LT, «a retribuição pode ser fixa
ou variável». A retribuição fixa (a mais usual) é «o valor certo e definido
no contrato de trabalho a ser pago periodicamente ao trabalhador pela
prestação de trabalho» (art. 39º, n.º 2).
A retribuição fixa é determinada em função do tempo que serve
de referência à prestação de trabalho — o dia, a semana, a quinzena ou
o mês, conforme o estipulado pelas partes. Relativamente aos trabalha-
dores a tempo parcial, a remuneração é proporcional às horas prestadas,
sendo calculada com base no valor da remuneração horária de um traba-
lhador a tempo integral, ocupando o mesmo cargo ou posto de trabalho
137
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
138
CAPÍTULO VI
A REMUNERAÇÃO DO TRABALHO
139
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79
Como se verá no último capítulo, a falta de pagamento na data do vencimento da
retribuição pode constituir motivo de rescisão do contrato por iniciativa do trabalhador
(art. 49º, n.º 2, alínea b), e n.º 4, da LT).
80
Nos casos em que é admitido o pagamento do salário em espécie (por exemplo,
o fornecimento de alojamento, transporte, água, electricidade, telefone ou vestuário), im-
põe-se que tais prestações devam destinar-se à satisfação de necessidades pessoais do tra-
balhador ou da sua família e, além disso, que o valor que lhes seja atribuído pelas partes
não pode ser superior ao valor corrente na região; para além disso, é usual estabelecer que
o valor das prestações em espécie não possa ultrapassar aquele que é pago em dinheiro, o
que significa que o trabalhador tem a garantia de que, pelo menos, receberá em dinheiro
metade da retribuição global convencionada.
81
Esta exigência relativa ao local de trabalho não tem de ser observada quando as
partes convencionam o pagamento da retribuição por transferência bancária. Por outro
lado, o art. 40º admite que a remuneração não seja paga durante o período de trabalho,
mas depois de este terminar.
140
CAPÍTULO VI
A REMUNERAÇÃO DO TRABALHO
7. Protecção da retribuição
82
De uma forma geral, esta proibição legal de compensação tem em vista proteger
a autonomia e a liberdade do trabalhador, constituindo o meio de limitar a eventual prá-
tica de o trabalhador recorrer a empréstimos perante a entidade empregadora e, assim,
prevenir uma situação de maior dependência que daí poderia advir para o trabalhador.
141
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
9. Os descontos na retribuição
142
CAPÍTULO VI
A REMUNERAÇÃO DO TRABALHO
ça social e os determinados por lei ou por decisão judicial (art. 42º, n.º
2), como determina que a sua efectivação está dependente do consenti-
mento, por escrito, do trabalhador (art. 42º, n.º 1); além disso, limita esse
desconto a 30%, em cada mês, do valor total da remuneração a que o
trabalhador tem direito (art. 42º, n.º 3).
143
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
144
CAPÍTULO VII
Regimes Especiais
de Protecção no Trabalho
145
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
83
Artigo 39.º da Constituição (Família, casamento e maternidade): ‹‹1. O Estado
protege a família como célula base da sociedade e condição para o harmonioso desenvol-
vimento da pessoa. ... 4. A maternidade é dignificada e protegida, assegurando-se a todas
as mulheres protecção especial durante a gravidez e após o parto e às mulheres trabalha-
doras direito a dispensa de trabalho por período adequado, antes e depois do parto, sem
perda de retribuição e de quaisquer outras regalias, nos termos da lei››
84
‹‹A mulher e o homem têm os mesmos direitos e obrigações em todos os domí-
nios da vida familiar, cultural, social, económica e política››.
85
O legislador não previu qualquer aumento do período de licença de maternidade em
caso de nascimentos múltiplos.
86
Cf. capítulo V, § 9.7.
146
CAPÍTULO VII
REGIMES ESPECIAIS DE PROTECÇÃO NO TRABALHO
ração conta para efeitos de antiguidade (art. 59º, n.º 1). O empregador é
responsável pelo pagamento dessa remuneração até ao estabelecimento
do sistema de segurança social que assegure a protecção da maternidade
(art. 61º).
Para além desta licença, verificando-se situações de risco clínico
para a trabalhadora ou para o nascituro, que sejam impeditivas ou ex-
cessivamente onerosas para o exercício da actividade laboral, a traba-
lhadora tem direito a gozar, antes do parto, de uma licença pelo período
de tempo que for considerado necessário por prescrição médica para
prevenir o risco existente (art. 59º, n.º 3).
Em caso de interrupção da gravidez (ou em caso de nado-morto),
a trabalhadora tem direito a uma licença com a duração de 4 semanas
(art. 59º, n.º 4); esta licença beneficia das mesmas condições previstas
para a licença de maternidade87.
Finda a licença por maternidade, a trabalhadora tem o direito a ser
readmitida no seu posto de trabalho ou num posto de trabalho equiva-
lente, com a mesma remuneração (art. 65º, n.º 1).
147
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
148
CAPÍTULO VII
REGIMES ESPECIAIS DE PROTECÇÃO NO TRABALHO
91
Relativamente ao direito de a trabalhadora grávida ou lactante não prestar trabalho
nocturno podem surgir alguns problemas quanto o seu exercício. Assim, se a trabalhadora
tiver sido contratada para um horário nocturno, o empregador deverá, na medida do possível,
transferi-la para um horário diurno. Contudo, no caso de, fundamentadamente, não o poder
fazer, a solução para o exercício daquele direito da trabalhadora passa, se necessário, pela
aplicação do regime das faltas justificadas com direito a remuneração (art. 33º, n.º 4) e pela
suspensão do contrato de trabalho por motivo imputável ao trabalhador, apesar de a LT não
prever esta modalidade de suspensão (cf. infra, capítulo VIII, § 3).
149
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
2. O trabalho de menores
150
CAPÍTULO VII
REGIMES ESPECIAIS DE PROTECÇÃO NO TRABALHO
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CAPÍTULO VII
REGIMES ESPECIAIS DE PROTECÇÃO NO TRABALHO
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154
CAPÍTULO VII
REGIMES ESPECIAIS DE PROTECÇÃO NO TRABALHO
4. O trabalhador-estudante
155
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
5. Trabalhador estrangeiro
156
CAPÍTULO VIII
Suspensão e Redução
do Contrato de Trabalho
1. Enquadramento
157
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
158
CAPÍTULO VIII
REGIMES ESPECIAIS DE PROTECÇÃO NO TRABALHO
2.1. Caracterização
159
O C O N T RAT O I N D I V I D UA L D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
2.2. Procedimento
160
CAPÍTULO VIII
REGIMES ESPECIAIS DE PROTECÇÃO NO TRABALHO
A suspensão dos contratos não pode ser superior a dois meses (art.
15º, n.º 2) e a redução do trabalho não pode exceder três meses, nem ser
superior a 40% do período normal de trabalho (art. 15º, nº 3).
O facto de a suspensão ou a redução serem de carácter temporá-
rio não significa que os motivos que lhes deram origem tenham cessa-
do finda a duração estabelecida inicialmente pelo empregador, dentro
dos limites legais. Por isso, no término do período fixado, o empregador
deve proceder a uma nova avaliação da situação da empresa e, caso os
fundamentos se mantenham, desencadear um novo procedimento com
vista a renovar (ou reajustar) a medida da suspensão dos contratos ou
da redução do tempo de trabalho.
i) Manutenção do contrato
97
Por uma questão de lógica jurídica, é de admitir que o decurso do prazo dos
contratos de duração determinada não se suspende ou interrompe durante o decurso
da suspensão do contrato; na verdade, sendo por regra contratos destinados a satisfazer
necessidades temporárias da empresa durante um determinado de tempo, a sua manu-
tenção está ligada ao decurso do período convencionado para a sua duração, de modo
que, vencida esta, o contrato atinge o seu fim e, portanto, deixa de ter razão para existir.
Contudo, para efeitos do decurso do período probatório, o período de suspensão
do contrato não deve contar para o decurso daquele, uma vez que está em causa permitir
ao empregador avaliar as competências profissionais do trabalhador e a este tomar conhe-
cimento das condições de trabalho.
161
O C O N T RAT O I N D I V I D UA L D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
162
CAPÍTULO VIII
REGIMES ESPECIAIS DE PROTECÇÃO NO TRABALHO
163
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
dor, muito embora, como acabou de referir-se, também se julgue não ser
de excluir a aplicação do mesmo regime quando o impedimento para o
trabalho esteja ligado ao trabalhador.
Mas a suspensão do vínculo contratual pode também basear-se
no mútuo acordo, não obstante a omissão da LT. Na verdade, não se
vislumbra qualquer obstáculo quanto à possibilidade de o empregador
conceder ao trabalhador, a pedido deste, uma licença sem retribuição.
Trata-se de uma faculdade discricionária do empregador, que pode ser
usada independentemente do motivo invocado, bastando para tal que
as partes acordem nesse sentido.
Como se compreende, neste caso de suspensão cessam todos os
direitos, deveres e garantias das partes que pressuponham a prestação
efectiva de trabalho.
99
De acordo com o art. 2º, n.º 1, da mesma lei, entende-se por greve “a abstenção
colectiva voluntária, total ou parcial, concertada e temporária, de prestação de trabalho,
contínua ou interpolada, por parte dos trabalhadores”.
164
CAPÍTULO IX
Cessação do
Contrato de Trabalho
165
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
100
Argumenta-se com frequência que a estabilidade no emprego é algo que não se
ajusta facilmente com os princípios da liberdade da iniciativa económica; com efeito, diz-se,
se é o empregador quem suporta os riscos da actividade produtiva e quem dispõe do poder
de direcção da empresa, dever-lhe-ia ser reconhecido o poder de organizar livremente a
empresa, incluindo a liberdade de fazer variar o número de trabalhadores ao seu serviço.
101
A extinção do contrato nos moldes considerados neste capítulo supõe que o
vínculo laboral seja válido e eficaz.
102
Neste sentido, a LT exclui que o exercício da actividade sindical fora do horário
de trabalho (ou dentro deste, com o consentimento do empregador) e as ausências mo-
tivadas pela gravidez e maternidade possam ser qualificadas justa causa de rescisão do
contrato (art. 45º, n.º 2, alíneas a) e e), respectivamente).
166
CAPÍTULO IX
CESSAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
167
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
2.3.1. Caracterização
168
CAPÍTULO IX
CESSAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
169
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
103
Relativamente às prestações que devem ser tidas em conta para determinar o
valor do salário, veja-se o capítulo VI, § 2.3.
104
A declaração de reforma tem de ser emitida pela entidade competente, em regra
os serviços de segurança ou de previdência social.
170
CAPÍTULO IX
CESSAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
105
Muitas vezes a revogação do contrato por acordo constitui uma verdadeira res-
cisão embora negociada.
171
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
106
Conhecida que é a superioridade económica e psicológica da entidade patronal,
a exigência de forma escrita é um meio que contribui para reduzir ou limitar a possibili-
dade de aquela fazer-se valer da sua posição de supremacia ou de influência para condi-
cionar ou induzir o trabalhador a revogar o contrato de trabalho por mútuo acordo. Por
outro lado, no caso de ser obtido por dolo ou coacção, o acordo revogatório pode ser anu-
lado pela parte cuja vontade se encontrava viciada no momento da respectiva celebração,
nos termos gerais do Código Civil.
107
Relativamente às prestações que devem ser tidas em conta para determinar o
valor do salário, veja-se o § 2.3., do capítulo VI.
172
CAPÍTULO IX
CESSAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
Aliás, não pode ignorar-se que as decisões de rescisão por parte do trabalhador
108
173
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
a) Requisitos de forma
109
Relativamente às prestações que devem ser tidas em conta para determinar o
valor do salário, veja-se o capítulo VI, § 2.3.
174
CAPÍTULO IX
CESSAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
O art. 49º, n.º 2, estabelece que o prazo de quinze dias de que o tra-
balhador dispõe para dar a conhecer ao empregador os fundamentos da
sua rescisão do contrato conta-se a partir do acontecimento dos factos, o
que deixa pressupor que a declaração de rescisão deve ser apresentada
logo que os motivos se verifiquem.
Porém, não tem de ser necessariamente assim: não só porque o
trabalhador pode não ter conhecimento dos factos no dia em que se veri-
ficaram, como, após serem do seu conhecimento, deve ser-lhe conferido
um período, ainda que reduzido, para avaliar correctamente as circuns-
tâncias e formar a sua vontade em termos esclarecidos. De modo a poder
abranger todas as situações, julga-se que o referido prazo de quinze dias
deve contar-se a partir da data da entrega ao empregador ou seu repre-
sentante do documento em que o trabalhador formula a rescisão, e não
do dia em que os factos aconteceram.
Questão diferente é a de saber qual o prazo de que o trabalha-
dor dispõe para declarar ou manifestar a sua vontade de rescindir, após
o conhecimento dos factos justificativos. Embora a LT não fixe quan-
to a este aspecto específico qualquer limite temporal, julga-se, por uma
questão de segurança jurídica, que não deverá dispor de um prazo in-
determinado para fazer essa declaração. Por um argumento de analogia
(art. 49º, n.º 2), dever-se-á reconhecer ao trabalhador o prazo de quinze
dias, contados a partir do conhecimento dos factos, para comunicar ao
empregador a sua vontade em fazer cessar o contrato com justa causa,
podendo optar entre rescindir de forma imediata ou fixar um prazo para
que a extinção se verifique.
De facto, o trabalhador não está obrigado a fazer cessar imediata-
175
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
mente o contrato; com efeito, o art. 49º, n.º 1, da LT confere-lhe essa fa-
culdade (“pode fazer cessar”), pelo que não está impedido de fixar uma
data a partir da qual a declaração de rescisão produzirá efeitos; atenden-
do às características da situação em causa, julga-se que esse prazo não
deverá ser superior a quinze dias.
110
Em rigor, nos termos dos arts. 287º e 270º, alínea b), do Código Civil, esses efei-
tos só têm início no dia seguinte àquele em que a declaração foi entregue ao empregador
ou ao seu representante.
De igual modo, o empregador pode recorrer no mesmo prazo aos serviços de
111
mediação e conciliação (art. 49º, n.º 6). No entanto, aquele prazo é único, o que significa
que, ainda que recorra aos serviços de mediação, o empregador deverá durante o período
176
CAPÍTULO IX
CESSAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
177
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
178
CAPÍTULO IX
CESSAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
112
Relativamente à falta de pagamento pontual da retribuição é admissível estabe-
lecer uma distinção entre as situações em que constitui um facto culposo do empregador
daquelas outras em que é uma consequência de situações de força maior ou de mercado.
Neste segundo caso, parece-nos que o trabalhador poderá rescindir com justa causa, embo-
ra sem direito a indemnização; no entanto, compete ao empregador provar que o não paga-
mento pontual da retribuição não foi devido a culpa sua (art. 733º, n.º 1, do Código Civil).
179
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
180
CAPÍTULO IX
CESSAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
f) Impugnação do empregador
181
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5.1. Enquadramento
182
CAPÍTULO IX
CESSAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
183
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184
CAPÍTULO IX
CESSAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
115
Esta concepção subjectiva ou disciplinar de justa causa não permite esta noção
como possa ser definida como abrangendo qualquer facto ou circunstância que torne pra-
ticamente impossível a subsistência da relação de trabalho. Assim, por exemplo, a inca-
pacidade ou inaptidão do trabalhador em exercer as funções para que foi contratado ou
a existência de dificuldades económicas da empresa não poderão ser qualificadas como
justa causa de rescisão do contrato de trabalho, o que não significa que essas situações não
possam desencadear outro tipo de consequências jurídico-laborais.
116
Esta prevalência dos interesses do empregador não quer dizer que não sejam
tidos em atenção os interesses dos trabalhadores na conservação do seu posto de trabalho.
Aliás, esses interesses são atendidos pela lei quando esta faz depender a rescisão por justa
causa da verificação de um comportamento de tal modo grave que deixe de ser exigível
ao empregador manter ao seu serviço o trabalhador que o praticou.
185
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
117
Ou seja, não é necessário que o trabalhador tenha conhecimento ou percepção
de que a sua conduta é efectivamente contrária aos seus deveres laborais, bastando para
tal que, ao tempo em que aquela foi praticada, estivesse em condições normais que lhe
permitissem perceber que o seu acto constituía ou poderia constituir uma infracção dis-
ciplinar.
186
CAPÍTULO IX
CESSAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
187
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Aliás, nem poderia ser de outro modo, já que é impossível ao legislador abarcar
118
188
CAPÍTULO IX
CESSAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
a) Caracterização geral
189
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190
CAPÍTULO IX
CESSAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
que o comportamento que enuncia não carece de ser apreciado à luz dos
elementos que integram a noção de justa causa. Por outro lado, dir-se-ia
que a rescisão com justa causa só seria possível se, em cada mês, o traba-
lhador faltasse mais de três dias seguidos ou cinco dias intercaladas.
Ora, ambas as afirmações não podem ser interpretadas de forma
literal. Relativamente à primeira questão — isto é, a de saber se três faltas
seguidas ou cinco interpoladas podem constituir sem mais justa causa
de rescisão —, a resposta é negativa, uma vez que a LT submete ao mes-
mo regime (art. 50º, n.ºs 1 e 2) todos os comportamentos enumerados no
n.º 3 do art. 50º. Por outro lado, essa exclusão significaria a não aplicação
do disposto no n.º 2 daquele artigo, o que conferiria neste caso particular
ao empregador uma liberdade de decisão susceptível de originar dife-
renças de tratamento entre os trabalhadores.
Por conseguinte, na apreciação da justa causa por motivo de faltas
injustificadas é indispensável avaliar a culpa do trabalhador, a gravida-
de do comportamento e as consequências que as mesmas causaram120.
Por outro lado, pode haver lugar à rescisão com justa causa por
faltas injustificadas ainda que o trabalhador falte menos dias do que os
estabelecidos no art. 50º, n.º 3, alínea b). Do mesmo modo que a ausência,
em cada mês, de três dias seguidos ou de cinco interpoladas pode não
ser considerada justa causa sem que se atenda a outros elementos de
qualificação, também é possível que a ausência injustificada de um ou
dois dias consecutivos, por exemplo, possa constituir justa causa de res-
cisão, se for especialmente censurável e causar prejuízos sérios ao em-
pregador, a avaliar de acordo com as circunstâncias do caso.
120
Embora sejam injustificadas, devem ser apreciadas de forma diferente as faltas
por motivo de doença em que o trabalhador não apresentou atestado médico, daquelas
outras que foram causadas por um motivo não sério. No primeiro caso, o comportamento
do trabalhador não tem a mesma gravidade, nem merece o mesmo grau de censura da
segunda situação.
De igual modo, a falta injustificada dada para ir a um funeral de uma pessoa
amiga também não pode ser censurada do mesmo modo que uma falta dada por um
motivo irrelevante.
191
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CAPÍTULO IX
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124
Em face desta alínea i), deixa de ser relevante determinar se as faltas do traba-
lhador por motivo de prisão são justificadas ou injustificadas; contudo, de acordo com o
art. 33º da LT, as faltas por motivo de prisão deverão ser qualificadas como injustificadas.
Embora o legislador não distinga para este efeito as faltas por condenação definitiva ou
por prisão preventiva do trabalhador, julga-se que o princípio da presunção da inocência,
consagrado no art. 34º, n.º 1, da Constituição, devia conduzir a outra solução, designada-
mente à suspensão do contrato durante aquele período, por motivo imputável ao traba-
lhador (capítulo VIII, § 3).
196
CAPÍTULO IX
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CAPÍTULO IX
CESSAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
6.1. Caracterização
199
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200
CAPÍTULO IX
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gido a rescisão, indicando a data em que esta produz efeitos, os motivos que
a justificam e o montante da indemnização a receber (art. 53º, n.º 1).
Aquela comunicação deve ser enviada com a antecedência mínima
de 15 ou 30 dias da data prevista para a extinção do contrato, conforme
a antiguidade do trabalhador seja igual ou inferior a dois anos, ou su-
perior a dois anos, respectivamente (art. 53º, n.º 2). O não cumprimento,
total ou parcial, do pré-aviso implica para o empregador o pagamento a
cada trabalhador da remuneração correspondente aos dias de pré-aviso
em falta (art. 53º, n.º 3).
202
CAPÍTULO IX
CESSAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
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127
Sempre poderia dizer-se que este direito de oposição seria um expediente que a
lei quis conferir ao empregador para os casos em que a rescisão é declarada nula por mo-
tivos processuais e, portanto, em que as dificuldades económicas da empresa se mantêm.
Muito embora a lei não estabeleça qualquer tipo de diferenciação quanto aos motivos
da nulidade, importa reconhecer que, na situação actual das relações laborais no país, o
legislador poderia ser mais condescendente relativamente aos vícios de processo relacio-
nados com a rescisão por motivos económicos, desde que consagrasse medidas especiais
de compensação para os trabalhadores.
204
CAPÍTULO IX
CESSAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
128
Cf. o que ficou dito a este propósito no § 2.3. do capítulo VI.
205
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
206
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS*
207
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
208
ANEXO
LEGISLAÇÃO DO TRABALHO
209
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
210
ANEXO
LEGISLAÇÃO DO TRABALHO
Constituição da República
Artigo 9.º
Recepção do direito internacional
Artigo 16.º
Universalidade e igualdade
Todos os cidadãos são iguais perante a lei, gozam dos mesmos
direitos e estão sujeitos aos mesmos deveres.
Ninguém pode ser discriminado com base na cor, raça, estado civil,
sexo, origem étnica, língua, posição social ou situação económica, convicções
políticas ou ideológicas, religião, instrução ou condição física ou mental.
Artigo 17.º
Igualdade entre mulheres e homens
A mulher e o homem têm os mesmos direitos e obrigações em to-
dos os domínios da vida familiar, cultural, social, económica e política.
211
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
Artigo 21.º
Cidadão portador de deficiência
1. O cidadão portador de deficiência goza dos mesmos direitos e
está sujeito aos mesmos deveres dos demais cidadãos, com res-
salva do exercício ou do cumprimento daqueles para os quais
se encontre impossibilitado em razão da deficiência.
2. O Estado, dentro das suas possibilidades, promove a protecção
aos cidadãos portadores de deficiência, nos termos da lei.
Artigo 23.º
Interpretação dos direitos fundamentais
Os direitos fundamentais consagrados na Constituição não ex-
cluem quaisquer outros constantes da lei e devem ser interpretados em
consonância com a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Artigo 24.º
Leis restritivas
1. A restrição dos direitos, liberdades e garantias só pode fazer-se
por lei, para salvaguardar outros direitos ou interesses consti-
tucionalmente protegidos e nos casos expressamente previstos
na Constituição.
2. As leis restritivas dos direitos, liberdades e garantias têm, ne-
cessariamente, carácter geral e abstracto, não podem diminuir
a extensão e o alcance do conteúdo essencial dos dispositivos
constitucionais e não podem ter efeito retroactivo.
Artigo 26.º
Acesso aos tribunais
1. A todos é assegurado o acesso aos tribunais para defesa dos
seus direitos e interesses legalmente protegidos.
2. A justiça não pode ser denegada por insuficiência de meios
económicos.
212
ANEXO
LEGISLAÇÃO DO TRABALHO
Artigo 39.º
Família, casamento e maternidade
1. O Estado protege a família como célula base da sociedade e
condição para o harmonioso desenvolvimento da pessoa.
4. A maternidade é dignificada e protegida, assegurando-se a to-
das as mulheres protecção especial durante a gravidez e após o
parto e às mulheres trabalhadoras direito a dispensa de traba-
lho por período adequado, antes e depois do parto, sem perda
de retribuição e de quaisquer outras regalias, nos termos da lei.
Artigo 50.º
Direito ao trabalho
1. Todo o cidadão, independentemente do sexo, tem o direito e o
dever de trabalhar e de escolher livremente a profissão.
2. O trabalhador tem direito à segurança e higiene no trabalho, à
remuneração, ao descanso e às férias.
3. É proibido o despedimento sem justa causa ou por motivos po-
líticos, religiosos e ideológicos.
4. É proibido o trabalho compulsivo, sem prejuízo do disposto na
legislação sobre a execução de penas.
5. O Estado promove a criação de cooperativas de produção e
apoia as empresas familiares como fontes de emprego.
Artigo 51.º
Direito à greve e proibição do lock-out
1. Os trabalhadores têm direito a recorrer à greve, sendo o seu
exercício regulado por lei.
2. A lei define as condições de prestação, durante a greve, de ser-
viços necessários à segurança e manutenção de equipamentos
e instalações, bem como de serviços mínimos indispensáveis
para acorrer à satisfação de necessidades sociais impreteríveis.
3. É proibido o lock-out.
213
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
Artigo 52.º
Liberdade sindical
1. O trabalhador tem direito a organizar-se em sindicatos e asso-
ciações profissionais para defesa dos seus direitos e interesses.
2. A liberdade sindical desdobra-se, nomeadamente, na liberda-
de de constituição, liberdade de inscrição e liberdade de orga-
nização e regulamentação interna.
3. Os sindicatos e as associações sindicais são independentes do
Estado e do patronato.
Artigo 56.º
Segurança e assistência social
1. Todos os cidadãos têm direito à segurança e à assistência so-
cial, nos termos da lei.
2. O Estado promove, na medida das disponibilidades nacionais,
a organização de um sistema de segurança social.
3. O Estado apoia e fiscaliza, nos termos da lei, a actividade e o
funcionamento das instituições de solidariedade social e de ou-
tras de reconhecido interesse público sem carácter lucrativo.
214
ANEXO
LEGISLAÇÃO DO TRABALHO
215
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
216
ANEXO
LEGISLAÇÃO DO TRABALHO
LEI DO TRABALHO
Lei n.º 4 /2012, de 21 de Fevereiro
217
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
PARTE I
DISPOSIÇÕES INTRODUTÓRIAS E PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
CAPÍTULO I
OBJETO E ÂMBITO DE APLICAÇÃO
Artigo 1.º
Objeto
1. A presente lei estabelece o regime jurídico aplicável às relações
individuais e às relações coletivas de trabalho.
2. As disposições desta lei não podem ser afastadas por contrato
individual ou acordo coletivo de trabalho, salvo para estabele-
cer condições mais favoráveis ao trabalhador.
3. Excecionam-se do disposto no número anterior as normas im-
perativas previstas na lei.
Artigo 2.º
Âmbito de aplicação
1. A presente lei é aplicável no território nacional, aos trabalha-
dores e empregadores e respetivas organizações de todos os
setores de atividade.
2. A presente lei não se aplica aos funcionários públicos, aos
membros das Forças Armadas e da Polícia.
3. O trabalho doméstico é regulado em legislação especial.
4. Excetuam-se ainda da aplicação desta lei as relações de tra-
balho desenvolvidas pelos membros da família, no âmbito da
exploração de pequenas propriedades familiares, agrícolas ou
industriais, e cujo resultado se destine à subsistência familiar.
218
ANEXO
LEGISLAÇÃO DO TRABALHO
Artigo 3.º
Aplicação no tempo
Ficam sujeitos ao regime estabelecido na presente lei os contratos
individuais de trabalho e os acordos coletivos celebrados antes da sua
entrada em vigor, salvo quanto às condições de validade e aos efeitos de
factos ou situações já constituídas antes da sua entrada em vigor.
Artigo 4.º
Contagem de prazos
Salvo disposição expressa em contrário, os prazos determinados
na presente lei contam-se em dias seguidos.
Artigo 5.º
Definições
Para os efeitos previstos nesta lei, entende-se por:
a) Acidente de trabalho, aquele que ocorre pelo exercício do tra-
balho, ou no percurso do trabalhador entre a sua casa e o local
de trabalho e vice-versa, a serviço do empregador, provocando
lesão corporal, perturbação funcional ou doença da qual resul-
te a morte ou a redução, permanente ou temporária, da capaci-
dade para o trabalho;
b) Acordo coletivo, o acordo celebrado entre um sindicato e um
empregador ou organização de empregadores, com o objetivo
principal de fixar as condições de trabalho para um grupo de
trabalhadores ou categoria profissional;
c) Antiguidade, o tempo de trabalho contado desde a data do iní-
cio da execução do contrato de trabalho até à sua cessação;
d) Categoria profissional, definição da posição do trabalhador
pela descrição das funções a serem desempenhadas pelo traba-
lhador;
e) Cessação do contrato, a extinção da relação de trabalho entre o
trabalhador e empregador;
f) Contrato de aprendizagem, contrato de trabalho celebrado com
participantes de programas de formação ou de qualificação
profissional ou com pessoas à procura do primeiro emprego;
219
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
220
ANEXO
LEGISLAÇÃO DO TRABALHO
221
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
CAPÍTULO II
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Artigo 6.º
Princípio da igualdade
1. Todos os trabalhadores, homens e mulheres, têm direito a
igualdade de oportunidades e de tratamento no que se refere
ao acesso ao emprego, à formação e capacitação profissionais,
às condições de trabalho e à remuneração.
2. Nenhum trabalhador ou candidato a emprego pode ser, direta
ou indiretamente, beneficiado, prejudicado, privado de qual-
quer direito ou isento de qualquer dever em razão, nomeada-
mente, de cor, raça, estado civil, sexo, nacionalidade, ascen-
dência ou origem étnica, posição social ou situação económica,
convicções políticas ou ideológicas, religião, instrução ou con-
dição física ou mental, idade e estado de saúde.
3. Qualquer distinção, exclusão ou preferência com base em qua-
lificações exigidas para o acesso ou a execução de um determi-
nado trabalho não constitui discriminação.
4. Não são consideradas discriminatórias as medidas de caráter
temporário, concretamente definido, de natureza legislativa,
que beneficiem certos grupos desfavorecidos, designadamente
em função do sexo, capacidade de trabalho reduzida ou defi-
ciência, com o objetivo de garantir o exercício, em condições de
igualdade, dos direitos previstos nesta lei.
5. As diferenças retributivas não constituem discriminação se as-
sentes em critérios objetivos, comuns a homens e mulheres, no-
meadamente, distinção em função do mérito, produtividade,
assiduidade ou antiguidade dos trabalhadores.
6. Cabe a quem alegar a discriminação fundamentá-la, indicando
em relação a qual candidato ou trabalhador se considera discri-
minado, incumbindo ao empregador provar que a preferência
no acesso ao emprego ou as diferenças nas condições de traba-
lho não assentam em nenhum dos fatores indicados no n.º 2.
222
ANEXO
LEGISLAÇÃO DO TRABALHO
Artigo 7.º
Assédio
1. É proibido o assédio ao candidato a emprego e ao trabalhador.
2. Entende-se por assédio todo o comportamento indesejado que
afete a dignidade de mulheres e homens ou que seja conside-
rado ofensivo, sob a forma verbal, não verbal ou física, ou que
crie um ambiente de trabalho intimidativo, hostil, humilhante
e desestabilizador à pessoa assediada.
3. Constitui assédio sexual todo o comportamento indesejado de
caráter sexual, que afete a dignidade de mulheres e homens ou
que seja considerado ofensivo, sob a forma verbal, não verbal
ou física, como o contacto ou insinuações, comentários de índo-
le sexual, exibição de pornografia e exigências sexuais, ou que
crie um ambiente de trabalho intimidativo, hostil, humilhante
e desestabilizador à pessoa assediada.
4. O empregador deve tomar todas as medidas necessárias para
prevenir casos de assédio, designadamente assédio sexual, no
local de trabalho.
Artigo 8.º
Proibição do trabalho forçado
1. É proibido o trabalho forçado ou compulsivo.
2. Entende-se por trabalho forçado ou compulsivo todo o traba-
lho ou serviço exigido de uma pessoa sob ameaça ou coerção e
que não seja oferecido voluntariamente, nomeadamente:
a) O trabalho desempenhado para pagamento de uma dívida
pessoal ou alheia;
b) O trabalho desempenhado como meio de coerção ou edu-
cação política, ou punição por exprimir determinadas opi-
niões políticas ou ideológicas;
c) O trabalho desempenhado como método de mobilização e
de utilização da mão-de-obra para fins de desenvolvimento
económico;
d) O trabalho desempenhado como medida de discriminação
racial, social, nacional ou religiosa.
223
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
224
ANEXO
LEGISLAÇÃO DO TRABALHO
PARTE II
RELAÇÕES INDIVIDUAIS DE TRABALHO
CAPÍTULO I
CONTRATO DE TRABALHO
SECÇÃO I
REGRAS DO CONTRATO DE TRABALHO
Artigo 9.º
Contrato de Trabalho
1. O contrato de trabalho é o acordo pelo qual uma pessoa singu-
lar, o trabalhador, se obriga a prestar a sua atividade a outra
pessoa, o empregador, sob a autoridade e direção deste, me-
diante o pagamento de remuneração.
2. As cláusulas constantes do contrato de trabalho que contrariem
disposições imperativas desta lei ou demais legislação aplicá-
vel são nulas.
3. A invalidade parcial do contrato de trabalho não determina a in-
validade de todo o contrato, salvo quando se mostre que o con-
trato não teria sido celebrado sem a parte afetada pela invalidade.
4. As cláusulas nulas consideram-se substituídas pelas disposi-
ções correspondentes previstas na legislação aplicável.
Artigo 10.º
Forma e requisitos
1. O contrato de trabalho deve ser celebrado por escrito, numa
das línguas oficiais, e assinado por ambas as partes, devendo
conter, no mínimo, as seguintes cláusulas:
a) A identificação do empregador e do trabalhador;
b) O cargo e a atividade a serem desempenhados pelo traba-
lhador;
225
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
c) O local de trabalho;
d) O horário normal de trabalho e os períodos de descanso;
e) O valor, forma e a periodicidade da remuneração;
f) A categoria profissional do trabalhador;
g) A data da celebração do contrato e a data de início de exe-
cução, caso esta seja diferente;
h) A duração do período probatório;
i) A duração do contrato e respetiva justificação, caso se trate
de contrato de trabalho por tempo determinado;
j) O acordo coletivo de trabalho aplicável, caso exista.
2. Sem prejuízo do disposto no n.º 1, a falta de forma escrita não
afeta a validade do contrato de trabalho nem os direitos e deve-
res do trabalhador e do empregador, designadamente os pre-
vistos nos artigos 20.º e 21.º, presumindo-se que a sua falta é
imputável ao empregador o qual fica automaticamente sujeito
a todas as suas consequências legais.
3. Nada sendo dito quanto à data de início da execução do contra-
to, presume-se que o contrato de trabalho vigora desde a data
da sua celebração.
Artigo 11º
Duração do contrato de trabalho
1. O contrato de trabalho pode ser celebrado:
a) Por tempo indeterminado, ou
b) Por tempo determinado.
2. O contrato de trabalho que não adote a forma escrita é sempre
considerado contrato de trabalho por tempo indeterminado.
3. Presume-se por tempo indeterminado o contrato de trabalho
que não estabeleça o respetivo prazo de duração, podendo o
empregador ilidir essa presunção mediante a prova da tempo-
ralidade ou transitoriedade das atividades que constituem o
objeto do contrato de trabalho.
4. O contrato de trabalho por tempo determinado não pode, in-
cluindo renovações, exceder o período de três anos.
226
ANEXO
LEGISLAÇÃO DO TRABALHO
Artigo 12.º
Contrato de trabalho por tempo determinado
1. O contrato de trabalho por tempo determinado só pode ser ce-
lebrado para atender a necessidades temporárias do emprega-
dor, nomeadamente:
a) Substituição do trabalhador ausente ou que, por qualquer
razão, se encontre impedido de prestar trabalho;
b) Atividades sazonais;
c) Trabalho em obra, projeto ou outra atividade determinada
e temporária.
2. O contrato por tempo determinado deve estabelecer de forma
clara o motivo justificativo para a sua celebração, bem como a
relação entre a justificação invocada e o prazo estipulado, sob
pena de a justificação ser considerada nula e o contrato de tra-
balho considerado como contrato de trabalho por tempo inde-
terminado.
3. Sem prejuízo do disposto no número 1, podem ainda ser cele-
brados, por tempo determinado, contratos de aprendizagem.
4. Considera-se por tempo indeterminado o contrato de trabalho
por tempo determinado celebrado com base no mesmo motivo
justificativo e com o mesmo trabalhador com o qual haja sido
celebrado anteriormente contrato de trabalho por tempo deter-
minado, antes de decorridos 90 dias entre o fim do primeiro
contrato e o início do segundo contrato.
5. Considera-se igualmente por tempo indeterminado o contra-
to de trabalho celebrado inicialmente por tempo determinado
que ultrapasse o período máximo de duração.
6. O contrato de aprendizagem celebrado com participantes dos
programas de formação ou qualificação profissionais não pode
exceder seis meses.
7. Caso um contrato por tempo determinado seja declarado como
por tempo indeterminado, a antiguidade do trabalhador conta-
-se desde o início da prestação de trabalho.
227
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
Artigo 13.º
Renovação do contrato
1. O contrato de trabalho por tempo determinado, nos casos pre-
vistos no n.º 1 do artigo anterior, pode ser renovado, por acor-
do escrito entre as partes, desde que se mantenham os factos
que justificaram a sua celebração inicial, não podendo exceder
o período máximo estabelecido no número 4 do artigo 11.º.
2. O contrato de trabalho por tempo determinado caduca quando
decorrido o prazo nele estipulado, exceto se as partes acorda-
rem a sua renovação.
3. Considera-se como um único contrato de trabalho o contrato
de trabalho determinado e a respetiva renovação.
Artigo 14º
Período probatório
1. Os contratos de trabalho estão sujeitos a um período probató-
rio, durante o qual qualquer das partes pode rescindir o contra-
to sem aviso prévio nem invocação de justa causa, não havendo
direito a indemnização, salvo acordo por escrito em contrário.
2. Nos contratos de trabalho por tempo indeterminado a duração
do período probatório pode ser de até 1 mês, salvo em relação a
trabalhadores que exerçam cargos de elevada complexidade téc-
nica ou responsabilidade, ou que desempenhem funções de con-
fiança, em que o período probatório pode ser fixado até 3 meses.
3. Nos contratos de trabalho por tempo determinado cuja dura-
ção seja:
a) Igual ou inferior a 6 meses, o período probatório não pode
exceder 8 dias;
b) Superior a 6 meses o período probatório não pode exceder
15 dias.
4. A antiguidade do trabalhador conta-se desde o início do perío-
do probatório.
228
ANEXO
LEGISLAÇÃO DO TRABALHO
Artigo 15º
Suspensão do contrato ou redução do período normal de trabalho
1. O empregador pode suspender, temporariamente, os contratos
de trabalho ou reduzir o período normal de trabalho, por mo-
tivos de mercado, tecnológicos, estruturais, desastres ou outras
ocorrências alheias à sua vontade, que tenham afetado grave-
mente a atividade normal da empresa, sempre que tais medi-
das se mostrem indispensáveis para assegurar a viabilidade da
empresa e a manutenção dos contratos de trabalho.
2. A suspensão dos contratos de trabalho não pode ser superior a
2 meses.
3. A redução temporária do período de trabalho não pode ser su-
perior a 40 por cento do período normal de trabalho, nem ser
superior a 3 meses de duração.
4. O empregador deve comunicar, por escrito, aos trabalhadores
a abranger pela suspensão ou pela redução dos períodos nor-
mais de trabalho, ao sindicato que os represente e ao Serviço de
Mediação e Conciliação, a sua intenção de adotar alguma das
medidas referidas nos números anteriores e as razões justifica-
tivas da sua adoção, com a antecedência mínima de 15 dias em
relação à data prevista para o início da suspensão ou redução
temporária.
5. Durante os períodos de suspensão ou redução do período nor-
mal de trabalho, mantém-se em vigor os direitos e deveres dos
trabalhadores e dos empregadores que não pressuponham a
efetiva prestação de trabalho.
6. O período de suspensão ou redução conta para efeitos de an-
tiguidade e não afeta o vencimento e a duração do período de
férias.
7. Durante o período de suspensão do contrato de trabalho, o tra-
balhador tem direito a receber metade da respetiva remunera-
ção.
8. Durante o período de redução do contrato de trabalho, o traba-
lhador tem direito a receber um valor proporcional ao número
de horas prestadas.
229
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
SECÇÃO II
ALTERAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
Artigo 16.º
Alteração do objeto do contrato de trabalho
1. O trabalhador deve exercer as atividades concernentes ao car-
go para o qual foi contratado ou promovido, não podendo ser
colocado em categoria inferior ou despromovido, exceto se tal
mudança for imposta por necessidades imperativas da empre-
sa ou por estrita necessidade do trabalhador e por este aceite.
2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, o empregador
pode, em caso de força maior ou de necessidades imprevisíveis
e prementes da empresa, atribuir ao trabalhador, pelo tempo
necessário, atividades não compreendidas no objeto do contra-
to, desde que tal não acarrete diminuição da remuneração ou
de quaisquer outros direitos e garantias do trabalhador.
3. O trabalhador pode, por tempo determinado, exercer ativida-
des concernentes a cargo superior àquele para o qual foi con-
trato devendo, por esse facto, ser remunerado de acordo com o
valor e as regalias atribuídos a esse cargo.
Artigo 17.º
Transferência do trabalhador para outro local de trabalho
1. O trabalhador exerce as suas funções no local de trabalho esta-
belecido no contrato de trabalho, salvo o disposto nos números
seguintes.
2. Salvo disposição em contrário prevista no contrato de trabalho,
o empregador pode transferir o trabalhador para outro local de
trabalho desde que haja necessidade comprovada da empresa,
230
ANEXO
LEGISLAÇÃO DO TRABALHO
Artigo 18.º
Transmissão da Empresa ou Estabelecimento
1. A mudança de titularidade da empresa ou estabelecimento não
implica a rescisão dos contratos de trabalho, transferindo- se
para o novo titular os direitos e deveres do anterior emprega-
dor estabelecidos nos contratos de trabalho dos respetivos tra-
balhadores.
2. O novo titular é solidariamente responsável pelas obrigações
do trabalho vencidas até os dois meses anteriores à transmis-
são, ainda que sejam obrigações respeitantes a trabalhadores
cujo contrato de trabalho já tenha cessado.
231
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
CAPÍTULO II
PRESTAÇÃO DO TRABALHO
SECÇÃO I
DIREITOS E DEVERES DAS PARTES
Artigo 19.º
Deveres mútuos
1. Os empregadores e os trabalhadores devem respeitar e fazer
respeitar as leis e os acordos coletivos que lhes sejam aplicáveis
e colaborar para a obtenção de níveis elevados de produtivida-
de da empresa e na promoção humana e social do trabalhador.
2. A parte que, culposamente, desrespeitar os seus deveres é res-
ponsável pelo prejuízo que causar à outra parte.
Artigo 20.º
Deveres do empregador
Sem prejuízo de outras obrigações previstas na lei, no acordo cole-
tivo ou no contrato de trabalho, o empregador deve:
a) Proporcionar ao trabalhador boas condições de trabalho, tanto
do ponto de vista físico como moral, em particular, no que res-
peita à saúde, higiene e segurança no trabalho;
b) Contribuir para a elevação do nível de produtividade do traba-
lhador, proporcionando-lhe, na empresa ou fora dela, oportu-
nidade de formação profissional adequada ao posto de traba-
lho;
c) Pagar pontualmente uma remuneração justa em função da
quantidade e qualidade do trabalho prestado;
d) Permitir ao trabalhador o exercício de cargos de representação
em organizações de trabalhadores e da atividade sindical, não
o prejudicando por esse exercício;
e) Prevenir riscos de doenças e acidentes profissionais, fornecen-
do ao trabalhador a informação e os equipamentos necessários
à prevenção;
232
ANEXO
LEGISLAÇÃO DO TRABALHO
Artigo 21.º
Deveres do trabalhador
Sem prejuízo de outras obrigações previstas na lei, no acordo cole-
tivo ou no contrato de trabalho, o trabalhador deve:
a) Comparecer ao trabalho com pontualidade e assiduidade e
prestar o trabalho com zelo e diligência;
b) Cumprir as ordens e instruções do empregador, ou de seu re-
presentante, em tudo o que diz respeito à execução e disciplina
no trabalho, salvo se forem contrárias aos seus direitos e garan-
tias;
c) Participar nas ações de formação profissional que lhe sejam
proporcionadas pelo empregador, salvo se existir motivo rele-
vante impeditivo;
d) Guardar lealdade ao empregador não negociando, por conta
própria ou alheia, em concorrência com ele, nem divulgando
informações referentes à sua organização, métodos de produ-
ção ou negócios;
e) Zelar pela conservação e boa utilização dos instrumentos de
trabalho que lhe forem confiados pelo empregador;
f) Promover e executar todos os atos tendentes a melhorar a pro-
dutividade da empresa;
g) Cooperar com a melhoria do sistema de segurança, higiene e
saúde no trabalho implementado pela empresa e respeitar as
prescrições estabelecidas, na lei ou no acordo coletivo, e as or-
dens do empregador nesta matéria;
h) Tratar o empregador, os superiores hierárquicos e os colegas de
trabalho com respeito, não atentando contra a sua honra, bom
nome, imagem pública, vida privada e dignidade.
233
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
Artigo 22.º
Garantias do trabalhador
Sem prejuízo de outras garantias previstas na lei, no acordo coleti-
vo ou no contrato de trabalho, é proibido ao empregador:
a) Opor-se, por qualquer forma, a que o trabalhador exerça os seus
direitos, rescindindo o seu contrato, aplicando outras sanções,
ou tratando-o desfavoravelmente por causa desse exercício;
b) Impedir, injustificadamente, a prestação efetiva do trabalho;
c) Diminuir a remuneração, salvo nos casos previstos na lei ou no
acordo coletivo;
d) Baixar a categoria do trabalhador, salvo nos casos previstos na
lei ou no acordo coletivo;
e) Obrigar o trabalhador a adquirir bens ou serviços fornecidos
pelo empregador ou por pessoas por ele indicadas.
Artigo 23.º
Poderes do empregador e poder disciplinar
1. Dentro dos limites decorrentes da lei, do acordo coletivo ou do
contrato de trabalho, o empregador, ou o seu representante,
tem o direito de fixar os termos em que deve ser prestado o
trabalho.
2. O empregador tem poder disciplinar sobre o trabalhador en-
quanto vigorar o contrato de trabalho.
3. O poder disciplinar pode ser exercido pelo empregador ou pelo
seu representante nos termos estabelecidos pelo empregador.
4. Em caso de violação pelo trabalhador dos deveres previstos na
lei, no contrato de trabalho ou no acordo coletivo, o emprega-
dor pode aplicar as seguintes medidas disciplinares:
a) Advertência verbal numa língua acessível ao trabalhador;
b) Advertência escrita, com a indicação dos motivos que a fun-
damentam, numa língua acessível ao trabalhador;
c) Suspensão do trabalhador, por um período máximo de três
dias, com perda da remuneração, após 3 advertências es-
critas;
d) Rescisão do contrato de trabalho por justa causa, sem qual-
234
ANEXO
LEGISLAÇÃO DO TRABALHO
Artigo 24.º
Processo disciplinar
1. O processo disciplinar deve ser elaborado por escrito, devendo
iniciar-se no prazo máximo de 20 dias subsequentes à data em
que o empregador, ou o seu representante com competência
disciplinar, teve conhecimento da infração.
2. O processo disciplinar prescreve se, após decorrido o período
de seis meses desde a data da sua instauração, o trabalhador
não tiver sido notificado da decisão final.
3. O empregador deve notificar o trabalhador, por escrito, dos
factos pelos quais é acusado, devendo a notificação conter a
descrição detalhada dos factos imputados.
4. Ao trabalhador é assegurado o direito de defesa, o qual deve
ser exercido no prazo de 10 dias a contar da notificação dos
factos que lhe são imputados.
5. O trabalhador deve apresentar a sua defesa por escrito, poden-
do apresentar documentos, requerer a sua audição e outras di-
ligências de prova.
6. Se o trabalhador se recusar a receber a notificação dos factos
pelos quais está acusado, tal recusa deve ser registada na pró-
pria notificação e confirmada por duas testemunhas, as quais
devem ser trabalhadores.
235
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
Secção II
Duração do tempo de trabalho
Artigo 25.º
Período normal de trabalho
1. O período normal de trabalho não pode ultrapassar 8 horas por
dia, nem 44 horas por semana.
2. Após um período de 5 horas de trabalho ininterrupto, o tra-
balhador tem direito a um intervalo, para descanso, de, pelo
menos, 1 hora.
236
ANEXO
LEGISLAÇÃO DO TRABALHO
Artigo 26.º
Horário de trabalho
Compete ao empregador definir o horário de trabalho do trabalha-
dor dentro das regras fixadas na lei, no acordo coletivo ou no contrato
de trabalho.
Artigo 27.º
Horas extraordinárias
1. O trabalho prestado em horas extraordinárias é remunerado
com a remuneração horária normal, acrescida de 50 por cento.
2. O trabalho prestado em dia de descanso semanal ou em dia de
feriado obrigatório é remunerado com a remuneração horária
normal acrescida de 100 por cento.
3. A duração do trabalho prestado em dia de descanso semanal
ou em dia de feriado obrigatório não pode ultrapassar 8 horas
por dia.
4. Cada trabalhador não pode prestar mais do que 4 horas de tra-
balho extraordinário por dia ou 16 horas por semana.
5. Excecionam-se dos limites previstos nos nºs 3 e 4, os trabalhos
prestados em casos de força maior ou que sejam indispensáveis
para prevenir ou reparar prejuízos graves para a empresa ou
para a sua viabilidade.
6. O empregador deve possuir um registo em relação a cada tra-
balhador, do qual consta o início e o termo das horas extraordi-
nárias de trabalho.
Artigo 28.º
Trabalho noturno
A prestação de trabalho noturno, entre as 21 horas de um dia e as 6
horas do dia seguinte, é remunerada com a remuneração horária normal
acrescida de 25 por cento.
237
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
Artigo 29.º
Trabalho por turnos
1. Devem ser organizados turnos de pessoal diferente sempre que
o período de funcionamento da empresa ultrapasse o período
normal de trabalho, nos termos previstos no artigo 25.º.
2. A duração de trabalho de cada turno não pode ultrapassar os
limites máximos do período normal de trabalho.
Secção III
Suspensão da prestação do trabalho
Artigo 30.º
Descanso semanal
1. O trabalhador tem direito a um período de descanso semanal
remunerado de, no mínimo, 24 horas consecutivas.
2. O dia de descanso semanal só pode deixar de ser ao domingo
quando o trabalhador preste trabalhos indispensáveis à conti-
nuidade de serviços que não podem ser interrompidos ou que
tenham, necessariamente, de ser prestados ao domingo.
Artigo 31.º
Feriados obrigatórios
1. São considerados feriados obrigatórios os estabelecidos na lei.
2. A não prestação de trabalho nos dias de feriado obrigatório não
determina a perda de remuneração ou de quaisquer outros di-
reitos do trabalhador.
Artigo 32.º
Férias
1. O trabalhador tem direito a férias remuneradas por cada ano
de trabalho prestado.
2. O período de férias não pode ser inferior a 12 dias úteis.
238
ANEXO
LEGISLAÇÃO DO TRABALHO
Artigo 33.º
Faltas
1. As faltas podem ser justificadas ou injustificadas.
2. As faltas justificadas devem ser comunicadas antecipadamente
ou logo que possível ao empregador, não implicando a perda
da remuneração ou de quaisquer outros direitos.
3. O trabalhador pode faltar justificadamente 3 dias por ano em
caso de casamento, morte de membros da família e eventos co-
munitários e religiosos.
4. O trabalhador pode igualmente faltar justificadamente ao tra-
balho por motivo de doença ou acidente, mediante a apresen-
tação de atestado médico, até 12 dias por ano, dos quais 6 são
remunerados por inteiro e os 6 dias restantes remunerados a 50
por cento do valor da remuneração diária.
5. As faltas injustificadas constituem violação do dever de assi-
duidade determinando a perda da remuneração corresponden-
te ao período em falta, sendo descontado na antiguidade do
trabalhador, assim como podem ser fundamento para rescisão
do contrato de trabalho, nos termos do artigo 50.º.
6. As faltas justificadas não têm efeito sobre o direito a férias do
trabalhador.
7. O empregador pode exigir que o trabalhador faça prova dos
factos alegados para a justificação da falta.
239
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
SECÇÃO IV
SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO
Artigo 34.º
Princípios gerais
1. O trabalhador tem direito a prestar trabalho em condições dig-
nas de segurança, higiene e saúde as quais devem ser assegu-
radas pelo empregador.
2. O trabalhador tem direito a indemnização para reparação dos
danos decorrentes de acidente de trabalho ou de doença pro-
fissional, ocorridos durante o exercício normal de suas funções,
e que sejam causados pela omissão de informação ou pelo não
fornecimento de equipamento adequado ao trabalhador.
3. Se do acidente de trabalho ou da doença profissional referidos
no número anterior resultar a morte do trabalhador, a indem-
nização é atribuída ao cônjuge do trabalhador, na falta deste
aos filhos do trabalhador, na falta deste aos pais do trabalhador
e, na falta deste, aos irmãos do trabalhador.
Artigo 35.º
Obrigações gerais do empregador
1. O empregador é obrigado a assegurar aos trabalhadores con-
dições dignas de segurança, higiene e saúde no trabalho, pre-
venindo os acidentes e os perigos resultantes do trabalho, quer
estejam relacionados com o trabalho, quer ocorram durante o
trabalho, e reduzindo ao mínimo as causas dos riscos inerentes
ao ambiente de trabalho.
2. Para o efeito do estabelecido no número anterior, o emprega-
dor deve adotar as seguintes medidas:
a) Identificação e avaliação dos riscos profissionais;
b) Eliminação ou, quando não for possível, redução dos fato-
res de risco ou de acidentes;
c) Planeamento e organização na empresa ou estabelecimen-
to de um sistema de prevenção de riscos profissionais, de
240
ANEXO
LEGISLAÇÃO DO TRABALHO
Artigo 36.º
Obrigações gerais do trabalhador
1. Para o efeito do estabelecido nesta secção, é dever do trabalhador:
a) Cumprir as prescrições de segurança, higiene e saúde no
trabalho estabelecidas nas disposições legais e nos acordos
coletivos, bem como as instruções do empregador, ou dos
seus representantes, adotadas com o mesmo objetivo;
b) Zelar pela sua segurança e saúde, bem como pela seguran-
ça e saúde das outras pessoas que possam ser afetadas pe-
las suas ações ou omissões no trabalho;
c) Utilizar corretamente, e segundo as instruções transmitidas
pelo empregador ou por quem o represente, as máquinas,
aparelhos, instrumentos, substâncias perigosas e outros
meios, em especial, os equipamentos de proteção indivi-
dual e coletiva postos à sua disposição;
d) Cooperar no estabelecimento e melhoria do sistema de se-
gurança, higiene e saúde no trabalho da empresa.
2. As medidas e atividades relativas à segurança, higiene e saúde
no trabalho não implicam quaisquer encargos financeiros para o
trabalhador, sem prejuízo da responsabilidade disciplinar e civil
emergente do incumprimento culposo das respetivas obrigações.
241
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
Artigo 37.º
Comissão paritária
1. É obrigatória a constituição de uma comissão paritária nas em-
presas com mais de 20 trabalhadores ou nas empresas, inde-
pendente do número de trabalhadores, cuja atividade repre-
sente riscos especiais para a saúde, segurança e higiene dos
trabalhadores.
2. A comissão paritária deve ser composta por:
a) 2 membros, sendo 1 representante dos trabalhadores e 1
representante do empregador, nas empresas com número
igual ou inferior a 20 trabalhadores;
b) 4 membros, sendo 2 representantes dos trabalhadores e 2
representantes do empregador, nas empresas com mais de
20 trabalhadores.
3. Os membros da comissão paritária são responsáveis por pro-
mover, periodicamente, a consciencialização dos trabalhadores
sobre os riscos inerentes ao trabalho, bem como sobre as medi-
das para sua eliminação ou diminuição.
4. Os representantes dos trabalhadores devem ser eleitos em assem-
bleia de trabalhadores expressamente convocada para o efeito.
CAPÍTULO III
REMUNERAÇÃO DO TRABALHO
Artigo 38.º
Princípios gerais
1. Todo o trabalhador, sem qualquer distinção, tem direito a re-
ceber uma remuneração justa, que tenha em conta a quantida-
de, natureza e qualidade do trabalho prestado, observando-se
o princípio de que para trabalho igual ou de mesmo valor é
devido um salário igual.
2. A remuneração do trabalhador não pode ser inferior ao valor
mínimo definido por lei ou acordo coletivo da categoria.
242
ANEXO
LEGISLAÇÃO DO TRABALHO
Artigo 39.º
Modalidades da remuneração
1. A remuneração pode ser fixa ou variável.
2. Entende-se por remuneração fixa o valor certo e definido no
contrato de trabalho a ser pago periodicamente ao trabalhador
pela prestação de trabalho.
3. Entende-se por remuneração variável aquela que, além da re-
muneração fixa, é paga ao trabalhador com base no seu desem-
penho ou produtividade.
4. Não são consideradas parte da remuneração:
a) Os valores pagos a título de ajuda de custo, incluindo trans-
porte, alimentação, alojamento ou os valores pagos em ra-
zão de transferência do trabalhador para outro local de tra-
balho;
b) As gratificações ou participação em lucros concedidas em
razão do desempenho económico da empresa ou estabele-
cimento;
c) Os valores pagos pela prestação de trabalho extraordinário;
d) Outros benefícios extraordinários concedidos pelo empre-
gador.
Artigo 40.º
Forma, lugar e tempo do pagamento da remuneração
1. A remuneração é paga em dinheiro, devendo o pagamento ser
feito em moeda com curso legal no país, através de cheque ou
mediante transferência bancária.
2. O pagamento da remuneração deve ser feito em dia de traba-
lho e no local onde o trabalhador exerça as suas atividades, po-
dendo, excecionalmente, ser acordado outro local se for mais
favorável ao trabalhador.
3. A remuneração deve ser paga diretamente ao trabalhador e em
243
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
Artigo 41.º
Remuneração do trabalho a tempo parcial
1. O trabalhador que preste trabalho a tempo parcial é remunera-
do, proporcionalmente, pelas horas de trabalho prestadas.
2. O valor da remuneração do trabalhador a tempo parcial é cal-
culado com base no valor da remuneração horária de um tra-
balhador a tempo inteiro, ocupando o mesmo cargo ou posto
de trabalho.
Artigo 42.º
Descontos na remuneração
1. O trabalhador deve autorizar por escrito quaisquer descontos
ou retenções que incidam sobre a remuneração.
2. Sem prejuízo do previsto no número anterior, o empregador
está autorizado a efetuar descontos ou retenções para o Sistema
de Segurança Social, bem como noutros casos determinados
por lei ou por decisão judicial.
3. Os descontos efetuados não podem exceder, por mês, 30 por
cento do valor total da remuneração recebida pelo trabalhador.
4. O empregador deve indicar no recibo da remuneração todos os
descontos e retenções efetuados.
244
ANEXO
LEGISLAÇÃO DO TRABALHO
Artigo 43.º
Proteção da remuneração
1. Salvo nos casos expressamente previstos na lei, o empregador
não pode, através da remuneração, compensar créditos que te-
nha sobre o trabalhador.
2. O pagamento dos créditos emergentes da remuneração do tra-
balhador já vencida e respetivos juros de mora ou de indemni-
zações decorrentes da cessação do contrato de trabalho gozam
de preferência, mesmo em relação aos créditos do Estado, em
caso de declaração de falência ou de liquidação da empresa ou
do estabelecimento.
Artigo 44.º
Subsídio Anual
1. O trabalhador tem direito a um subsídio anual de valor não
inferior a 1 salário mensal, que deve ser pago pelo empregador
até ao dia 20 de Dezembro de cada ano civil.
2. O cálculo do subsídio anual é proporcional aos meses de traba-
lho prestado em cada ano civil.
CAPÍTULO IV
CESSAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
Artigo 45.º
Proibição do despedimento sem justa causa
1. 1. É proibido o despedimento sem justa causa ou por motivos
políticos, religiosos e ideológicos, bem como com base nos mo-
tivos elencados no n.º 2 do artigo 6º.
2. 2. Não é, também, considerada como justa causa para o despe-
dimento:
a) Ser membro de um sindicato ou participar em atividades
sindicais fora do horário normal de trabalho, ou, com o con-
sentimento do empregador, dentro do horário de trabalho;
245
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
Artigo 46.º
Formas de cessação do contrato de trabalho
O contrato de trabalho cessa por:
a) Caducidade;
b) Acordo entre as partes;
c) Rescisão por iniciativa do trabalhador;
d) Rescisão por iniciativa do empregador com fundamento
em justa causa;
e) Rescisão por razões de mercado, tecnológicas ou estrutu-
rais relativas à empresa ou estabelecimento.
Artigo 47.º
Cessação por caducidade
1. 1. O contrato de trabalho caduca:
a) Com a verificação do prazo do contrato de trabalho por
tempo determinado;
b) Verificando-se impossibilidade superveniente, absoluta
e definitiva do trabalhador prestar o trabalho ou do em-
pregador de o receber, tais como, morte do trabalhador ou
246
ANEXO
LEGISLAÇÃO DO TRABALHO
Artigo 48.º
Cessação do contrato de trabalho por acordo das partes
O empregador e o trabalhador podem fazer cessar o contrato de
trabalho por acordo, o qual deve ser celebrado por escrito e assinado por
ambos, mencionando os termos em que se dá a cessação, a data da cele-
bração do acordo, o início da produção dos efeitos, bem como, se couber,
a compensação a receber pelo trabalhador.
Artigo 49.º
Rescisão por iniciativa do trabalhador
1. Ocorrendo justa causa, o trabalhador pode fazer cessar imedia-
tamente o contrato de trabalho.
2. A comunicação de rescisão deve ser feita por escrito e apresen-
tar os factos que a justificam, dentro dos quinze dias seguintes
ao acontecimento desses factos.
3. Constitui justa causa de rescisão do contrato pelo trabalhador:
a) Violação culposa dos direitos e garantias do trabalhador
estabelecidos na lei, no contrato de trabalho ou no acordo
coletivo;
b) Falta de pagamento pontual da remuneração;
c) Ofensas à integridade física ou moral, liberdade, honra ou
dignidade do trabalhador, praticadas pelo empregador ou
por seu representante;
d) Necessidade de cumprimento de obrigações legais incom-
patíveis com a execução do contrato de trabalho;
e) Alteração substancial e duradoura das condições de traba-
lho no exercício legítimo de poderes do empregador, quan-
do ultrapassado um período de 3 meses.
247
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
Artigo 50.º
Rescisão por iniciativa do empregador com fundamento em justa causa
1. Constitui justa causa para a rescisão do contrato de trabalho o
comportamento culposo do trabalhador que, pela sua gravida-
de e consequências, torne imediata e praticamente impossível
a manutenção da relação do trabalho.
2. Na apreciação da justa causa deve ser tido em conta o grau
de lesão dos interesses do empregador, o caráter das relações
entre as partes, ou entre o trabalhador e colegas de trabalho e
demais circunstâncias que no caso se mostrem relevantes.
3. Constituem justa causa para a rescisão, sem necessidade de
aviso prévio, nomeadamente, os seguintes comportamentos do
trabalhador:
a) Desobediência ilegítima e repetida às ordens dadas pelo
empregador ou pelos seus superiores hierárquicos;
248
ANEXO
LEGISLAÇÃO DO TRABALHO
Artigo 51.º
Ilicitude da rescisão por iniciativa do empregador com fundamento
em justa causa
1. A rescisão por iniciativa do empregador com fundamento em
justa causa é ilícita quando:
a) O motivo justificativo para a rescisão for considerado im-
procedente;
b) Não tenha sido precedida do processo disciplinar;
c) No decurso do processo disciplinar não tenha sido respei-
tada alguma das formalidades previstas na lei, nomeada-
mente a falta de audição do trabalhador e a falta de funda-
mentação da decisão;
249
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
Artigo 52.º
Rescisão por motivos de mercado, tecnológicos e estruturais
1. O empregador pode rescindir contratos de trabalho com fun-
damento em motivos de mercado, tecnológicos ou estruturais
desde que a rescisão seja indispensável para a viabilidade eco-
nómica ou reorganização da empresa.
2. A rescisão do contrato de trabalho nos termos do número an-
terior só pode ter lugar após recurso às medidas previstas no
artigo 15.º.
3. O empregador pode, com os fundamentos referidos no número
1, rescindir um ou mais contratos de trabalho.
4. Sempre que o empregador pretenda proceder à rescisão de
contratos de trabalho nos termos deste artigo, deve comunicar
essa intenção, por escrito, aos trabalhadores afetados e aos seus
representantes, caso existam, remetendo ainda uma cópia ao
Serviço de Mediação e Conciliação.
5. Da comunicação referida no número anterior devem constar os
seguintes dados:
a) Os fundamentos para a rescisão;
b) O número, identificação e as categorias dos trabalhadores
abrangidos;
c) Os critérios com base nos quais foram selecionados os tra-
balhadores cujos contratos devem ser rescindidos;
d) O período de tempo durante o qual vão ser efetuadas as
rescisões.
6. No prazo de cinco dias após o envio da comunicação indicada
250
ANEXO
LEGISLAÇÃO DO TRABALHO
Artigo 53.º
Comunicação da rescisão
1. Concluído o processo de negociação entre as partes, sem que
tenha sido possível evitar rescisões contratuais, o empregador
comunica a cada trabalhador afetado, por escrito, com cópia
para a comissão representativa, caso exista, e para o Serviço de
Mediação e Conciliação, a decisão de rescisão com indicação
expressa do motivo que a fundamenta, da data de cessação do
contrato e do montante da indemnização a receber.
2. A comunicação referida no número anterior deve ser comuni-
cada com a antecedência mínima de 15 dias em relação à data
de cessação do contrato caso o trabalhador tenha uma antigui-
dade inferior ou igual a 2 anos, e com a antecedência mínima
de 30 dias caso o trabalhador tenha uma antiguidade superior
a 2 anos.
3. O não cumprimento do aviso prévio referido no número ante-
rior implica o pagamento da remuneração correspondente aos
dias em falta.
4. Durante o período de aviso prévio, o trabalhador tem direito
a utilizar um crédito de horas correspondente a dois dias de
trabalho por semana sem prejuízo do direito à correspondente
remuneração.
5. O trabalhador deve comunicar ao empregador o modo de uti-
lização do crédito de horas, com antecedência mínima de 1 dia.
251
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
Artigo 54.º
Ilicitude da rescisão por motivos de mercado, tecnológicos e estruturais
1. A rescisão por motivos de mercado, tecnológicos e estruturais
é ilícita quando:
a) As razões invocadas para a rescisão forem manifestamente
inexistentes;
b) Não forem observados os procedimentos ou os prazos pre-
vistos nos artigos 52.º e 53.º.
2. A ilicitude da rescisão é declarada pelos tribunais, devendo a
competente ação judicial ser interposta no prazo de sessenta
dias a contar da sua notificação ao trabalhador, sem prejuízo
do recurso aos serviços de mediação e conciliação nos termos
do artigo 97.º.
3. A declaração de ilicitude pelo tribunal confere ao trabalhador
os direitos previstos no artigo 55.º.
Artigo 55.º
Reintegração e Indemnização
1. Caso a decisão de rescisão do contrato de trabalho com funda-
mento em justa causa ou com fundamento em motivos de mer-
cado, tecnológicos ou estruturais, seja declarada ilícita, o traba-
lhador tem direito a ser reintegrado no seu posto de trabalho e
a receber as remunerações devidas desde a data da rescisão do
contrato até à data da reintegração.
2. O período que decorrer entre a data da rescisão do contrato e a
reintegração do trabalhador conta para efeitos da antiguidade
deste.
3. Sem prejuízo do disposto no número 1, se o trabalhador decla-
rar expressamente que não pretende a reintegração, ou se o tri-
bunal considerar, a requerimento fundamentado do emprega-
dor, que a reintegração é prejudicial para o funcionamento da
empresa, o trabalhador tem direito ao pagamento da seguinte
indemnização:
a) Metade de 1 mês de salário no caso em que a duração do
contrato de trabalho tenha sido superior a 1 mês mas infe-
rior a 6 meses;
252
ANEXO
LEGISLAÇÃO DO TRABALHO
Artigo 56.º
Compensação por tempo de serviço
Independentemente do motivo, em caso de cessação do contrato
de trabalho o trabalhador tem direito a uma compensação por tempo de
serviço no valor correspondente a 1 mês de salário por cada período de
5 anos de trabalho ao serviço do empregador.
Artigo 57.º
Certificado de trabalho
1. Em caso de cessação do contrato de trabalho, independente-
mente da causa que a motivou, o empregador deve emitir um
certificado de trabalho do qual deve constar o nome do traba-
lhador, o início e fim do contrato de trabalho e as funções de-
sempenhadas pelo trabalhador.
2. O empregador deve ainda entregar ao trabalhador documento
que contenha os dados dos descontos e retenções efetuados no
âmbito do sistema de Segurança Social e outros determinados
por lei ou por decisão judicial.
253
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
CAPÍTULO V
REGIMES ESPECIAIS DE PROTEÇÃO NO TRABALHO
SECÇÃO I
PROTEÇÃO DA MATERNIDADE E DA PATERNIDADE
Artigo 58.º
Princípios gerais
A maternidade e a paternidade constituem um valor social emi-
nente, sendo garantidos à mãe trabalhadora e ao pai trabalhador todos
os direitos relacionados com a maternidade e paternidade.
Artigo 59.º
Licença por maternidade
1. A trabalhadora tem direito a uma licença remunerada por ma-
ternidade pelo período mínimo de 12 semanas, sendo que 10
semanas devem, necessariamente, ser gozadas após o parto,
sem perda da remuneração e direitos de antiguidade.
2. O período de licença de maternidade não afeta o vencimento e
a duração do período de férias.
3. Sem prejuízo da licença por maternidade prevista no número
1, a trabalhadora goza do direito a licença anterior ao parto,
nas situações de risco clínico para a trabalhadora ou nascitu-
ro, impeditivo do exercício de funções, pelo período de tempo
necessário para prevenir o risco, fixado por prescrição médica.
4. Em caso de interrupção da gravidez a trabalhadora tem direito
a uma licença com a duração de 4 semanas.
Artigo 60.º
Licença por paternidade
1. O trabalhador tem direito a uma licença remunerada de 5 dias
úteis por paternidade, a seguir ao nascimento do seu filho, sem
perda do direito de antiguidade.
254
ANEXO
LEGISLAÇÃO DO TRABALHO
Artigo 61.º
Responsabilidade
É da responsabilidade do empregador o pagamento da remunera-
ção aos trabalhadores durante o período das licenças de maternidade e
de paternidade, até ao estabelecimento do sistema de segurança social.
Artigo 62.º
Dispensas para consulta médica e amamentação
1. A trabalhadora grávida tem direito a ausentar-se do trabalho,
sem perda de remuneração ou de quaisquer direitos, para efe-
tuar exames médicos, pelo tempo e número de vezes necessá-
rios, mediante apresentação ao empregador da correspondente
justificação.
2. A trabalhadora tem direito a dispensa de trabalho para ama-
mentar ou aleitar o filho até este perfazer seis meses de idade,
sem perda de remuneração ou de quaisquer direitos.
3. Para o efeito do disposto no número anterior, a trabalhadora tem
direito a dois períodos diários, com a duração de uma hora cada.
Artigo 63.º
Proteção da saúde e segurança
1. A trabalhadora grávida ou a amamentar tem direito, sem di-
minuição da remuneração, a não desempenhar trabalhos clini-
camente desaconselháveis ao seu estado, designadamente que
impliquem esforço físico ou exposição a substâncias perigosas
para si ou para o filho.
2. A trabalhadora grávida ou a amamentar tem direito a não pres-
255
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
Artigo 64.º
Falta para assistência a filhos
1. Os trabalhadores com filhos menores de 10 anos têm direito
a faltar ao trabalho, até ao limite máximo de 5 dias por ano,
para prestar assistência, inadiável e imprescindível, em caso de
doença ou acidente daquele, devendo apresentar justificação.
2. O direito a faltar atribuído no número anterior determina ape-
nas a perda de remuneração relativa aos dias em causa.
Artigo 65.º
Proteção contra o despedimento
1. A trabalhadora, finda a licença por maternidade, tem o direito
a ser readmitida no seu posto de trabalho ou num posto de tra-
balho equivalente, com a mesma remuneração.
2. É proibido o despedimento da trabalhadora por motivo de gra-
videz, amamentação ou aleitação.
3. Cabe ao empregador que despedir a trabalhadora grávida, a
amamentar ou a aleitar, provar que o despedimento não teve
como fundamento estes factos.
SECÇÃO II
TRABALHO DE MENORES
Artigo 66.º
Princípios gerais
1. O empregador deve proporcionar aos menores que, nos ter-
mos da lei, podem trabalhar, condições de trabalho adequadas
à respetiva idade e que acautelem a sua segurança, saúde, de-
senvolvimento físico, psíquico e moral, educação e formação,
prevenindo, especialmente, qualquer risco resultante da falta
256
ANEXO
LEGISLAÇÃO DO TRABALHO
Artigo 67.º
Proteção especial
1. É proibida a contratação de menor para a realização de traba-
lho perigoso ou capaz de comprometer a sua educação, pre-
judicar a sua saúde ou o seu desenvolvimento físico, mental,
moral ou social.
2. São também proibidas:
a) Todas as formas de escravidão ou práticas análogas à es-
cravidão, como venda e tráfico de crianças, sujeição por dí-
vida, servidão, trabalho forçado ou compulsório, inclusive
recrutamento forçado ou compulsório de crianças para se-
rem utilizadas em conflitos armados;
b) A utilização, demanda e oferta de crianças para fins de pros-
tituição, produção de material pornográfico ou espectácu-
los pornográficos;
c) A utilização, demanda e oferta de crianças para atividades
ilícitas, particularmente para a produção e tráfico de dro-
gas conforme definidos nos tratados internacionais perti-
nentes;
d) Os trabalhos que, pela sua natureza ou pelas condições em
que são exercidos, são suscetíveis de prejudicar a saúde, a
segurança ou moralidade da criança.
Artigo 68.º
Idade mínima de admissão ao trabalho
1. A idade mínima de admissão ao trabalho é de 15 anos.
2. Não pode ser admitido a prestar trabalho o menor que não te-
nha completado a idade mínima de admissão ao trabalho, com
exceção da prestação de trabalho leve, bem como a participa-
257
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
Artigo 69.º
Trabalho leve
1. Entende-se por trabalho leve a atividade constituída por tare-
fas simples e definidas, que pressuponham conhecimentos ele-
mentares e não exijam esforços físicos e mentais que ponham
em risco a saúde e o desenvolvimento do menor e que não pre-
judiquem os estudos ou a participação em programas de for-
mação profissional aprovados pelo Governo.
2. Não se considera trabalho leve, nomeadamente:
a) O trabalho que exceda 5 horas por dia e 25 horas semanais;
b) O trabalho noturno;
c) O trabalho que implique um descanso semanal inferior a
dois dias;
d) O trabalho que implique um período de mais de 3 horas se-
guidas sem ser interrompido por um intervalo não inferior
a 1 hora.
3. 3. É proibido exigir ou permitir trabalho extraordinário execu-
tado por menor contratado para prestar trabalho leve.
Artigo 70.º
Exame médico
1. O menor só pode ser admitido a prestar trabalho após ter sido
submetido a exame médico que certifique a sua capacidade fí-
sica e psíquica para o exercício das funções, a ser obrigatoria-
258
ANEXO
LEGISLAÇÃO DO TRABALHO
SECÇÃO III
TRABALHADOR PORTADOR DE DEFICIÊNCIA OU
DOENÇA CRÓNICA
Artigo 71.º
Princípios gerais
O trabalhador, ou candidato a emprego, com deficiência ou doen-
ça crónica, goza dos direitos previstos nesta lei, não podendo ser discri-
minado no acesso ao emprego, à formação e promoção profissionais e
às condições de trabalho, não podendo o seu contrato de trabalho cessar
com fundamento nesse motivo.
Artigo 72.º
Exames médicos
1. O empregador não pode exigir do candidato a emprego ou do
trabalhador a realização de testes médicos, incluindo testes de
deteção do VIH, salvo se os exames forem indispensáveis para
proteção e segurança do trabalhador e mediante consentimen-
to escrito deste.
2. Para os efeitos do número anterior, o empregador não deve
pressionar, direta ou indiretamente, o candidato a emprego ou
o trabalhador a consentir por escrito na realização de testes mé-
dicos.
3. É nulo e sem qualquer efeito, todo e qualquer ato do emprega-
dor pelo qual o candidato a emprego ou o trabalhador sejam
pressionados, direta ou indiretamente, a consentir na realiza-
ção de testes médicos.
4. O médico responsável pela realização dos exames médicos
apenas deve comunicar ao empregador se o trabalhador está
259
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
Artigo 73.º
Confidencialidade
Ao trabalhador ou ao candidato a emprego é garantido o direito à
confidencialidade das informações relacionadas com as suas condições
de saúde.
Artigo 74º
Precauções no local de trabalho
O empregador deve garantir que os trabalhadores não são expos-
tos a riscos prejudiciais à sua saúde, nomeadamente riscos de contami-
nação no local de trabalho, devendo promover programas de conscien-
cialização e, se necessário, fornecer equipamentos para salvaguardar a
segurança dos trabalhadores.
Artigo 75.º
Adequação do tipo de trabalho e horário
O posto de trabalho e o horário de trabalho devem ser adequados
e adaptados ao estado de saúde do trabalhador com deficiência ou doen-
ça crónica.
SECÇÃO IV
TRABALHADOR-ESTUDANTE
Artigo 76.º
Proteção do trabalhador-estudante
1. Considera-se trabalhador-estudante o trabalhador que frequen-
te qualquer nível de ensino oficial ou equivalente reconhecido
pelo órgão do Governo competente.
2. Na organização dos horários de trabalho o empregador deve
facilitar ao trabalhador-estudante a frequência nas aulas ou em
260
ANEXO
LEGISLAÇÃO DO TRABALHO
SECÇÃO V
TRABALHADOR ESTRANGEIRO
Artigo 77.º
Trabalhador estrangeiro
1. O trabalhador estrangeiro a exercer atividade profissional goza
dos mesmos direitos e está sujeito aos mesmos deveres aplicá-
veis aos trabalhadores nacionais, nos termos do presente Lei
e das Convenções Internacionais do Trabalho ratificadas por
Timor-Leste.
2. O contrato de trabalho celebrado com trabalhador estrangeiro
deve ser escrito e ser autorizado pela autoridade competente,
observando-se as regras previstas em legislação especial.
261
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
PARTE III
RELAÇÃO COLETIVA DE TRABALHO
CAPÍTULO I
LIBERDADE DE ASSOCIAÇÃO E LIBERDADE
SINDICAL
Artigo 78.º
Princípios gerais
Todos os trabalhadores e empregadores, sem qualquer discri-
minação e sem necessidade de autorização prévia, podem constituir e
filiar-se em organizações com a finalidade de promover e defender os
seus direitos e interesses.
Artigo 79.º
Objetivos
As organizações sindicais e as organizações de empregadores, no
desempenho das suas atividades, têm como objetivo:
a) Promover e defender os direitos e interesses dos seus mem-
bros;
b) Colaborar com o Governo no desenvolvimento e realização
dos objetivos previstos na política do trabalho;
c) Exercer o direito de negociação coletiva;
d) Colaborar com a Inspeção do Trabalho, no respeitante à aplica-
ção das regras previstas na lei e no acordo coletivo;
e) Participar, nos termos legalmente estabelecidos, no processo
de elaboração da legislação laboral.
262
ANEXO
LEGISLAÇÃO DO TRABALHO
Artigo 80.º
Direitos
As organizações sindicais e as organizações de empregadores, de-
vidamente registadas, têm direito a:
a) Negociar e celebrar acordos coletivos de trabalho, nos termos
estabelecidos na lei;
b) Prestar serviços aos seus filiados;
c) Iniciar e intervir em processos administrativos para defender
os direitos e interesses de seus filiados, nos termos da lei;
d) Filiar-se em organizações de nível internacional.
Artigo 81º
Liberdade e proteção sindical
1. Nenhum trabalhador pode ser obrigado a filiar-se, a não se fi-
liar ou a deixar de estar filiado numa organização sindical.
2. O trabalhador não pode filiar-se em mais do que um sindicato
do mesmo nível e mesmo ramo de atividade, simultaneamente,
a título da mesma profissão ou atividade.
3. São nulos todos e quaisquer atos que tenham como objetivo:
a) Condicionar o acesso ao emprego à filiação ou não a uma
determinada organização sindical;
b) Despedir, transferir ou prejudicar o trabalhador por estar
filiado ou não numa organização sindical, ou por exercer
atividades relativas à sua liberdade sindical.
Artigo 82.º
Direito de reunião e afixação
1. O sindicato pode realizar reuniões na empresa ou estabeleci-
mento com a finalidade de informar e discutir assuntos sindi-
cais de interesse para os trabalhadores.
2. As reuniões devem ser realizadas fora do horário normal de
trabalho, salvo por autorização expressa do empregador.
3. A convocação para as reuniões deve ser feita, no mínimo, com
48 horas de antecedência
263
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
Artigo 83.º
Independência e autonomia
1. As organizações de trabalhadores e as organizações de empre-
gadores são independentes e autónomos, entre si, do Estado,
de partidos políticos, das instituições religiosas e de quaisquer
associações de outra natureza, sendo proibida qualquer inter-
ferência destes na sua organização, bem como o seu financia-
mento.
2. Os empregadores não podem, individualmente ou através de
outra pessoa, promover a constituição, manutenção ou finan-
ciamento do funcionamento, por quaisquer meios, das organi-
zações de trabalhadores ou, porque qualquer meio, intervir na
sua organização ou direção, ou impedir e dificultar o exercício
dos seus direitos.
3. As autoridades públicas devem abster-se de qualquer inter-
venção que possa limitar o exercício dos direitos sindicais pre-
vistos na lei ou de impedir o seu exercício legal.
4. As organizações de trabalhadores podem constituir-se em:
a) Sindicato;
b) Federação — associação de três ou mais sindicatos de uma
mesma profissão ou mesmo ramo de atividade; ou
c) Confederação — associação nacional de sindicatos.
5. As organizações de empregadores podem constituir-se em:
a) Organização de empregadores;
b) Federação, composta pela associação de três ou mais organi-
zações de empregadores de um mesmo ramo de atividade;
c) Confederação, composta pela associação nacional das orga-
nizações de empregadores.
6. Os sindicatos e as organizações de empregadores podem cons-
tituir organizações de nível regional e nacional.
264
ANEXO
LEGISLAÇÃO DO TRABALHO
Artigo 84.º
Direito à autorregulamentação
As organizações sindicais e as organizações de empregadores têm
o direito de elaborar os seus estatutos e eleger os seus membros, regendo-
-se pelos princípios democráticos e de direito vigentes nos termos da lei.
Artigo 85.º
Registo, personalidade jurídica e responsabilidade
1. O requerimento de registo de um sindicato ou organização de
empregadores deve ser instruído com os seguintes documen-
tos:
a) Requerimento de registo assinado pelo presidente da mesa
da assembleia constituinte, dirigido ao órgão governamen-
tal competente;
b) Ata da assembleia constituinte;
c) Estatutos aprovados;
d) Lista nominativa dos membros fundadores.
2. Constatados os requisitos necessários para o registo, o mem-
bro competente do Governo deve transcrever o registo em li-
vro próprio e fazer publicar os estatutos, no prazo máximo de
30 dias, no Jornal da República e um aviso em dois jornais de
grande circulação no país, informando o público da emissão do
certificado em nome da organização.
3. Os sindicatos e as organizações de empregadores adquirem
personalidade jurídica com o registo dos seus estatutos junto
ao órgão do governo responsável pela área do trabalho.
4. Com a aquisição da personalidade jurídica, os sindicatos e as
organizações de empregadores têm capacidade para contratar,
adquirir e dispor de bens imóveis e móveis e ser parte em pro-
cesso judicial.
5. Os sindicatos e as organizações de empregadores só podem
iniciar o exercício da sua atividade depois da publicação dos
seus estatutos ou, na falta destas, depois de decorridos 30 dias
após o registo.
6. Nenhum membro ou dirigente de sindicato ou organização
265
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
Artigo 86.º
Conteúdo dos estatutos
1. Os estatutos das organizações sindicais e das organizações de
empregadores devem conter e regular expressamente:
a) A denominação, a sede e o ramo de atividade que repre-
senta;
b) Os objetivos da organização e o seu nível geográfico de
atuação;
c) Os requisitos para a aquisição e perda da qualidade de filia-
do;
d) Os direitos e deveres dos filiados;
e) A forma de cobrança de quotas;
f) O regime disciplinar;
g) Os órgãos que compõem a instituição, suas competências,
as regras para sua eleição e o período do mandato;
266
ANEXO
LEGISLAÇÃO DO TRABALHO
Artigo 87.º
Cancelamento do registo
1. O registo de um sindicato ou organização de empregadores só
pode ser cancelado por decisão da assembleia nos termos de
seus estatutos internos ou por decisão judicial.
2. A extinção voluntária ou judicial do sindicato ou organização
de empregadores deve ser notificada ao órgão governamental
competente para que proceda ao cancelamento do registo e pu-
blicação, nos termos do n.º 3 do artigo 86º.
Artigo 88.º
Legislação subsidiária
O regime jurídico das associações é aplicável, com as devidas adap-
tações, às organizações sindicais e às organizações de empregadores.
Artigo 89.º
Sistema de cobrança de quotas
1. O trabalhador não é obrigado a pagar quotas ao sindicato em
que não esteja inscrito.
2. O trabalhador deve autorizar por escrito a cobrança de quotas
a serem deduzidas diretamente do seu salário, mencionando o
nome do sindicato, o valor a ser descontado e a periodicidade
do desconto.
3. Caso o trabalhador não saiba ler e escrever ou seja portador de
deficiência visual, a autorização deve conter a sua impressão
digital, bem como a assinatura de duas testemunhas devida-
mente identificadas.
4. O valor das quotas cobradas pelo sindicato não deve ultrapas-
sar 2 porcento do salário do trabalhador.
5. O empregador deve proceder às deduções autorizadas e reme-
ter imediatamente os valores cobrados ao sindicato, informan-
do a lista com os nomes dos empregados, o valor das quotas
pagas individualmente e o valor total descontado.
267
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
Artigo 90.º
Relatório Anual
1. As organizações de trabalhadores e organizações de emprega-
dores devem apresentar ao órgão governamental competente,
no prazo de dois meses após o fim de cada ano fiscal, um rela-
tório contendo:
a) Os balanços financeiros;
b) A identificação dos seus representantes eleitos; e
c) O número de membros registados.
2. As organizações de trabalhadores e organizações de emprega-
dores devem colocar os relatórios financeiros à disposição de
todos os seus membros.
CAPÍTULO II
DIREITO DE NEGOCIAÇÃO COLETIVA
Artigo 91º
Princípios Gerais
1. A negociação coletiva tem como finalidade o estabelecimento
e a estabilização das relações coletivas de trabalho, regulando
designadamente:
a) Direitos e deveres mútuos dos trabalhadores e empregado-
res vinculados por um contrato individual de trabalho;
b) Revisão ou extensão de acordo coletivo previamente cele-
brado.
2. O direito de negociação coletiva é garantido a todos os traba-
lhadores e empregadores, nos termos do disposto no artigo se-
guinte.
3. As partes envolvidas no processo de negociação coletiva de-
vem respeitar durante o processo o princípio da boa fé.
4. As partes devem responder o mais brevemente possível às
propostas e contrapropostas apresentadas durante a negocia-
ção coletiva, bem como comparecer às reuniões marcadas para
essa finalidade.
268
ANEXO
LEGISLAÇÃO DO TRABALHO
Artigo 92.º
Partes na negociação coletiva
1. São partes na negociação coletiva:
a) As organizações sindicais, nos termos da alínea a) do artigo
80º, e as que estejam devidamente autorizadas a negociar
em nome dos trabalhadores;
b) Empregador ou a organização de empregadores, nos ter-
mos da alínea a) do artigo 80º, e que esteja devidamente
autorizada a negociar em nome do empregador ou dos em-
pregadores;
2. Os empregadores devem permitir aos representantes dos tra-
balhadores que se ausentem do local de trabalho durante as
horas normais de funcionamento da empresa, sem perda da
remuneração, de forma a poderem participar em negociações
coletivas.
Artigo 93.º
Processo negocial
1. O processo de negociação coletiva inicia-se com a apresentação
à outra parte da proposta de celebração ou revisão de acordo
coletivo.
2. A proposta negocial deve revestir a forma escrita, ser devida-
mente fundamentada e conter, no mínimo:
a) A designação da entidade proponente que a subscreve;
b) A matéria sobre a qual incidirá a negociação.
3. A parte que receber a proposta de negociação coletiva deve
marcar a primeira reunião dentro dos quinze dias seguintes à
receção da mesma.
4. No dia da reunião, deve ser entregue a resposta exprimindo
uma posição relativa a cada cláusula da proposta, aceitando,
269
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
recusando ou contra-propondo.
5. Nos casos em que a parte não marque a reunião dentro do pra-
zo determinado no número 3, seja pela falta de vontade de uma
das partes ou pelo não reconhecimento de um sindicato pelo
empregador, ou quando não haja sido alcançado um acordo,
qualquer das partes pode recorrer ao Serviço de Mediação e
Conciliação requerendo a instauração do processo de media-
ção das negociações.
6. O Serviço de Mediação e Conciliação deve iniciar o processo de
mediação e convocar uma reunião dentro de 48 horas, devendo
concluir o processo dentro de no máximo 10 dias.
Artigo 94.º
Acordo coletivo de trabalho
1. O acordo coletivo deve revestir a forma escrita, não podendo
contrariar a legislação vigente, salvo para estabelecer condi-
ções mais favoráveis aos trabalhadores.
2. O acordo coletivo deve conter, no mínimo:
a) O nome das partes que o celebram;
b) A categoria profissional e setor de atividade a que se aplica;
c) As matérias reguladas;
d) As relações entre as organizações sindicais e os emprega-
dores que participaram no processo de negociação coletiva;
e) A forma de resolução de conflitos que surjam da interpreta-
ção do acordo;
f) A data da celebração e o prazo de vigência do acordo.
3. O acordo coletivo deve ser registado no órgão governamental
competente.
4. O registo do acordo coletivo pode ser recusado se não obedecer
ao disposto nos n.º 1 e 2 e se violar o regime legal imperativo de
tutela dos direitos dos trabalhadores.
5. Expirado o prazo do acordo coletivo sem que sejam requeridas
novas negociações, o mesmo renova-se automaticamente pelo
mesmo período.
6. O acordo coletivo obriga apenas as partes celebrantes.
270
ANEXO
LEGISLAÇÃO DO TRABALHO
CAPÍTULO III
DIREITO DE GREVE E LOCKOUT
Artigo 95.º
Direito à greve e lockout
1. O direito à greve goza de proteção do Estado, nos termos pre-
vistos na Constituição.
2. É proibido o lockout.
3. O exercício do direito à greve e o lockout são objeto de legisla-
ção específica.
PARTE IV
CONFLITOS DE TRABALHO
Artigo 96.º
Princípios
1. Nos processos de resolução dos conflitos de trabalho as partes
devem agir em conformidade com o princípio da boa fé.
2. Os órgãos responsáveis pela resolução de conflitos de trabalho
devem obedecer aos princípios da imparcialidade, indepen-
dência, celeridade processual e justiça.
Artigo 97.º
Resolução de conflitos
1. Os conflitos que surjam das relações individuais e coletivas
previstas na presente lei podem ser resolvidos pelas partes, por
via de conciliação, mediação ou arbitragem, através do Serviço
de Mediação e Conciliação e do Conselho de Arbitragem do
Trabalho, sem prejuízo da intervenção dos tribunais.
2. Os conflitos individuais de trabalho devem ser obrigatoria-
mente submetidos a conciliação e mediação antes do recurso
aos tribunais.
271
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
PARTE V
FISCALIZAÇÃO E REGIME SANCIONATÓRIO
Artigo 98.º
Controlo da legalidade
A fiscalização e o controlo da legalidade do trabalho são realiza-
dos pela Inspeção do Trabalho, cuja natureza e estatuto são determina-
dos em diploma próprio.
Artigo 99.º
Sanções
1. A violação das normas constantes da presente lei é punível
com coimas e outras sanções acessórias, tendo em conta a re-
levância dos interesses violados, nos termos a determinar em
legislação específica.
2. A violação dos direitos das crianças e a exigência de trabalho
forçado, conforme previstos nesta lei e nas convenções interna-
cionais ratificadas por Timor-Leste, devem ser comunicadas ao
Ministério Público com vista à instauração de processo judicial
para apuramento das responsabilidades civil e criminal dos en-
volvidos.
272
ANEXO
LEGISLAÇÃO DO TRABALHO
PARTE VI
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Artigo 100.º
Conselho Nacional do Trabalho
O Governo promove a criação do Conselho Nacional do Traba-
lho, composto por três representantes do Governo, dois representantes
das organizações de empregadores e dois representantes dos sindicatos,
com competência para:
a) Promover o diálogo social e concertação entre os parceiros so-
ciais;
b) Emitir parecer sobre a elaboração das políticas e legislação con-
cernentes às relações de trabalho;
c) Propor o salário mínimo nacional;
d) Quaisquer outras funções que lhe sejam atribuídas por lei.
Artigo 101.º
Resolução de Conflitos e Conselho de Arbitragem do Trabalho
1. O procedimento aplicável à resolução de conflitos do trabalho
e a criação dos organismos por esta responsáveis são definidos
em diploma próprio aprovado pelo Governo.
2. Os Serviços de Mediação e Conciliação e o Conselho de Ar-
bitragem do Trabalho devem ter representações em todos os
distritos.
3. O Conselho de Arbitragem do Trabalho é composto por, no
mínimo, um representante do Governo, um representante das
organizações de empregadores e um representante dos sindi-
catos.
4. O Conselho de Arbitragem do Trabalho tem competência, no-
meadamente, para:
a) Apreciar e decidir os conflitos de trabalho que lhe sejam
submetidos;
273
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
Artigo 102.º
Regulamentação
Os direitos, deveres, limites, e os procedimentos a serem aplicados
pela Inspeção do Trabalho, bem como o regime de aplicação de sanções
são regulados por instrumento legislativo próprio
Artigo 103.º
Norma revogatória
É revogado o Regulamento da UNTAET n.º 2002/5, de 1 de Maio,
e demais legislação que contrarie as normas da Lei do Trabalho.
Artigo 104.º
Entrada em vigor
A presente lei entra em vigor 120 dias após a sua publicação no
Jornal da República.
274
ANEXO
LEGISLAÇÃO DO TRABALHO
LEI DA GREVE
275
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
CAPÍTULO I
Disposições gerais
Artigo 1.º
Objeto
A presente lei estabelece o regime jurídico da greve.
Artigo 2.º
Noção
1. Para efeitos da presente lei, greve é a abstenção coletiva volun-
tária, total ou parcial, concertada e temporária, da prestação de
trabalho, contínua ou interpolada, por parte dos trabalhadores.
2. Não é considerada greve qualquer forma de redução ou altera-
ção, coletiva, concertada e temporária, dos ritmos e métodos de
trabalho, que não impliquem abstenção de trabalho, as quais
são passíveis de responsabilidade disciplinar nos termos da le-
gislação laboral.
Artigo 3.º
Âmbito de aplicação
A presente lei é aplicável a todos os trabalhadores, incluindo os
funcionários e agentes da administração pública, salvo o disposto no
artigo 6.º.
Artigo 4.º
Direito à greve
1. A greve constitui, nos termos da Constituição, um direito dos
trabalhadores.
2. O direito à greve é exercido pelos trabalhadores para defesa e
promoção de interesses sócio-profissionais.
3. Compete aos trabalhadores definir o âmbito e a natureza dos
interesses a defender através da greve.
276
ANEXO
LEGISLAÇÃO DO TRABALHO
Artigo 5.º
Liberdade de adesão à greve
1. Os trabalhadores são livres de individualmente aderir ou não
à greve.
2. Os trabalhadores não podem sofrer discriminação nem, por
qualquer forma, ser prejudicados, nomeadamente nas suas re-
lações com a entidade empregadora ou nos seus direitos sindi-
cais, por motivo de adesão ou não adesão a uma greve.
3. São nulos os atos, de qualquer natureza, que contrariem o dis-
posto no número anterior.
Artigo 6.º
Proibição do exercício do direito à greve
Não é permitido o exercício do direito à greve nas seguintes áreas
e aos seguintes trabalhadores:
a) Forças Militares;
b) Forças Policiais;
c) Serviço Nacional de Inteligência;
d) Agentes e trabalhadores da administração prisional.
Artigo 7.º
Limitações ao exercício do direito à greve
1. O direito à greve por parte dos trabalhadores dos portos, ae-
roportos, transportes aéreos e marítimos, bem como de outros
serviços que produzam bens ou prestem serviços indispensá-
veis às Forças Armadas e às Forças Policiais, deve ser exercido
de modo a não pôr em causa a defesa e o interesse nacional.
2. Com vista à preservação desses objetivos, o exercício do direito
à greve por parte dos trabalhadores referidos no número ante-
rior, obedece ao seguinte regime:
a) O prazo de negociações a que se refere o n° 4 do artigo 8.° é
dilatado para 30 dias;
b) A intervenção da Comissão da Função Pública, adiante de-
signada de CFP, e da Inspeção Geral do Trabalho, adiante
277
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
CAPÍTULO II
Declaração e proteção da greve
Artigo 8.º
Negociações para tentativa de acordo
1. Os trabalhadores não devem recorrer à greve sem previamente
tentarem resolver o conflito por via de acordo.
2. A declaração de greve deve ser obrigatoriamente precedida da
apresentação à entidade empregadora respetiva, por escrito,
das reivindicações dos trabalhadores.
3. A entidade empregadora deve apresentar aos representantes
dos trabalhadores, por escrito, a sua resposta às reivindicações,
no prazo de cinco dias, salvo se prazo superior for concedido
pelos trabalhadores.
4. Se o não fizer durante esse prazo, ou, caso o faça, se após um
período de negociações de vinte dias não se chegar a acordo,
os trabalhadores são livres de declarar a greve nos termos do
artigo seguinte.
278
ANEXO
LEGISLAÇÃO DO TRABALHO
Artigo 9.º
Competência para declarar a greve
1. O recurso à greve é decidido pelos trabalhadores e respetivas
organizações sindicais.
2. Sem prejuízo do direito reconhecido às organizações sindicais
no número anterior, as assembleias de trabalhadores podem
decidir do recurso à greve, por voto secreto, desde que na res-
petiva empresa, órgão ou serviço, a maioria dos trabalhadores
não esteja representada por organizações sindicais e que a as-
sembleia seja expressamente convocada para o efeito por 20%
dos trabalhadores.
3. As assembleias referidas no número anterior deliberam valida-
mente desde que participe na votação a maioria dos trabalha-
dores da empresa e que a declaração de greve seja aprovada
pela maioria absoluta dos votantes.
Artigo 10.º
Representação dos trabalhadores
1. Os trabalhadores em greve são representados pela organização
ou organizações sindicais ou por uma comissão eleita para o
efeito, no caso a que se refere o nº 2 do artigo 9.°.
2. Cabe à organização, ou organizações sindicais, ou à comissão
eleita representar os trabalhadores grevistas junto da entidade
empregadora e da CFP e da IGT.
Artigo 11.º
Pré-aviso de greve
1. Decidida a greve, nos termos do artigo 9°, a organização sindi-
cal ou a assembleia de trabalhadores, consoante os casos, de-
vem dirigir à entidade empregadora e às estruturas competen-
tes da CFP e da IGT, por meios idóneos, nomeadamente por
escrito, um pré-aviso de greve, com um prazo mínimo de cinco
dias.
2. O pré-aviso deve conter, no mínimo, os seguintes elementos:
279
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
Artigo 12.º
Formalidade dos atos
A apresentação dos documentos referidos na presente lei, nomea-
damente as reivindicações e a respetiva resposta, a comunicação da con-
vocação da assembleia de trabalhadores, e a comunicação da declaração
de greve, deve ser certificada pela entidade a que se destina, com a passa-
gem de documento comprovativo, mencionando a data da prática do ato.
Artigo 13.º
Conciliação e mediação
1. Os serviços competentes da CFP e da IGT ou do organismo
administrativo de coordenação do setor em que se enquadra a
atividade da empresa, órgão ou serviço podem proceder, por
sua iniciativa ou a pedido de qualquer das partes, a diligências
com vista à solução do conflito, bem como à garantia de funcio-
namento dos serviços essenciais referidos no artigo 18.°.
2. Nas reuniões de conciliação é obrigatória a presença de todas
as partes envolvidas no conflito.
Artigo 14.º
Proibição de mudança de equipamentos
Durante o período de pré-aviso e enquanto durar a greve, não é
permitido às entidades empregadoras retirar do local de trabalho quais-
280
ANEXO
LEGISLAÇÃO DO TRABALHO
Artigo 15.º
Piquetes de greve
1. A organização sindical ou a comissão de greve podem organi-
zar piquetes, devidamente identificados, que funcionarão nos
limites exteriores dos locais de trabalho, para desenvolver ati-
vidades tendentes a persuadir os trabalhadores a aderirem à
greve, por meios pacíficos, sem prejuízo do reconhecimento da
liberdade de trabalho dos não aderentes.
2. Os grevistas que impedirem a prestação de trabalho pelos tra-
balhadores que não tenham aderido à greve, ou que contra es-
tes exerçam intimidações ou violência, estão sujeitos a respon-
sabilidade penal nos termos da lei.
Artigo 16º
Proibição de substituição dos grevistas
A entidade empregadora não pode, durante a greve, substituir os
grevistas por pessoas que à data da apresentação das reivindicações, nos
termos do artigo 8º, não trabalhassem no respetivo estabelecimento ou
serviço, nem pode, desde aquela data, admitir novos trabalhadores para
esse fim, sem prejuízo do disposto no n° 8 do artigo 18.°.
CAPÍTULO III
Obrigações dos trabalhadores durante a greve
Artigo 17º
Proteção e acesso às instalações
1. Durante a greve, as organizações sindicais e os trabalhadores
são obrigados a garantir os serviços necessários à segurança,
proteção e manutenção dos equipamentos e instalações da em-
281
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
Artigo 18.º
Obrigações durante a greve
1. Nas empresas ou estabelecimentos que se destinem à satisfação
de necessidades sociais impreteríveis, bem como em todos os
setores, órgãos ou serviços da Administração Pública, ficam as
organizações sindicais e os trabalhadores obrigados a assegu-
rar, durante a greve, a prestação dos serviços mínimos indis-
pensáveis para garantir a satisfação daquelas necessidades.
2. Para efeitos do disposto no número anterior, consideram-se,
nomeadamente, empresas ou estabelecimentos que se desti-
nam à satisfação de necessidades impreteríveis, os relativos a:
a) Telecomunicações;
b) Farmácias e transporte de medicamentos;
c) Serviços de abastecimento e distribuição de combustíveis;
d) Transportes coletivos de passageiros, cargas e descargas de
animais, géneros alimentares deterioráveis e de bens essen-
ciais;
e) Meios de comunicação social;
f) Serviços médicos e hospitalares;
g) Bombeiros;
h) Segurança civil;
i) Serviços bancários;
j) Serviços funerários;
k) Recolha de lixo;
l) Serviços de atendimento ao público que assegurem a satis-
fação de necessidades cuja prestação incumba ao Estado.
3. Os serviços mínimos previstos no n° 1 podem ser definidos por
convenção coletiva ou por acordo com os representantes dos
trabalhadores.
282
ANEXO
LEGISLAÇÃO DO TRABALHO
283
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
Artigo 19.º
Termo da greve
A greve termina por deliberação das entidades que a tiverem de-
clarado, por acordo entre as partes ou automaticamente pelo final do
prazo para que foi declarada, cessando imediatamente os efeitos previs-
tos no artigo 20.°.
CAPÍTULO IV
Efeitos da greve
Artigo 20.º
Suspensão da relação jurídico-laboral
1. A greve suspende, durante o tempo em que se mantiver, a rela-
ção jurídico-laboral, nomeadamente no que se refere ao direito
à remuneração e ao dever de obediência, mantendo-se, contu-
do, os deveres de lealdade e respeito mútuos.
2. A suspensão da relação jurídico-laboral, por motivo de greve,
não prejudica os direitos dos trabalhadores relativamente a:
a) Férias;
b) Segurança social;
c) Antiguidade e efeitos dela decorrentes.
3. Os efeitos suspensivos da greve não se verificam em relação aos
trabalhadores que se encontrem a prestar serviços mínimos.
Artigo 21.º
Proibição de transferência e despedimento
Durante o período de pré-aviso, enquanto durar a greve e até 90
dias após o seu termo, a entidade empregadora não pode transferir nem
despedir os trabalhadores grevistas, excetuando por razões disciplina-
res nos termos da legislação laboral.
284
ANEXO
LEGISLAÇÃO DO TRABALHO
Artigo 22.º
Suspensão de prazos
Durante a greve, suspendem-se os prazos relativos a:
a) Prescrição das sanções disciplinares;
b) Instauração e prática de atos de processo disciplinar;
c) Estágio de trabalhadores.
CAPÍTULO V
Lock-out
Artigo 23º
Proibição do “lock-out”
1. É proibido o lock-out.
2. Considera-se lock-out qualquer decisão unilateral da entidade
empregadora, que se traduz na paralisação total ou parcial da
empresa, do órgão ou serviço, ou na interdição do acesso aos
locais de trabalho a alguns ou à totalidade dos trabalhadores
e, ainda, na recusa em fornecer-lhes trabalho, condições e ins-
trumentos de trabalho, que determine ou possa determinar a
paralisação de todos, ou alguns setores da empresa, do órgão
ou serviço ou que, em qualquer caso, vise atingir finalidades
alheias à normal atividade da empresa, do órgão ou serviço.
CAPÍTULO VI
Infrações e sanções
Artigo 24.º
Inobservância da lei
1. A greve declarada ou executada com inobservância do dispos-
to na presente lei faz incorrer os trabalhadores grevistas no re-
285
R E G I M E J U R Í D I C O D O C O N T RAT O D E T RA B A L H O E M T I M O R- L E S T E
Artigo 25.º
Ameaças ou coação à greve
Aquele que declarar, exercer ou impedir a efetivação de uma gre-
ve por meios violentos, ameaças, coação ou qualquer meio fraudulento,
é punido com pena de multa de USD 1,000.00 (mil dólares americanos)
a USD 5,000.00 (cinco mil dólares americanos), se pena mais grave não
couber nos termos da lei.
Artigo 26.º
“Lock-out” e violação dos direitos dos trabalhadores
1. A violação do disposto no n.º 2 do artigo 5.º, nos artigos 14.°,
16.°, e 21.° da presente lei é punida com pena de multa de USD
5,000.00 (cinco mil dólares americanos) a USD 50,000.00 (cin-
quenta mil dólares americanos), sem prejuízo da aplicação de
sanção mais grave se por lei a ela houver lugar.
2. A violação do disposto no artigo 23.º é punida com pena de pri-
são até 1 ano ou com pena de multa de USD 5,000.00 (cinco mil
dólares americanos) a USD 50,000.00 (cinquenta mil dólares
americanos), sem prejuízo da aplicação de sanção mais grave
se por lei a ela houver lugar.
Artigo 27.º
Tribunais competentes
Compete aos tribunais judiciais competentes, nos termos gerais do
direito, julgar todos as questões decorrentes da aplicação desta lei.
286
ANEXO
LEGISLAÇÃO DO TRABALHO
CAPÍTULO VII
Disposições finais
Artigo 28.º
Entrada em vigor
A presente lei entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.
287