Workshop Óleos Essenciais Aromaticas Medicinais
Workshop Óleos Essenciais Aromaticas Medicinais
Workshop Óleos Essenciais Aromaticas Medicinais
Junho de 2017
Introdução
O objetivo principal do Projeto de Políticas Públicas em Bioeconomia (PPPBio) é desenvolver um
Roadmap da Bioeconomia para o Brasil, com foco no Estado de São Paulo, mais especificamente na Região
de Campinas. A ideia principal é criar a base para um ecossistema de classe mundial em bioeconomia para
o Brasil, que pode ser replicado para outras regiões e servir de modelo para impulsionar o
desenvolvimento econômico brasileiro.
A economia brasileira, nos próximos 10-35 anos, experimentará uma transição para a bioeconomia
em substituição à economia baseada em petróleo (fóssil). Esta transição ocorrerá com a promoção
de produtos biológicos sustentáveis de alto valor, derivados da agricultura, da alimentação, da
saúde, da bioenergia e da química verde, que terão de ser efetivos, eficientes e vantajosos dos
pontos de vista ambiental, social e econômico, a fim de consolidar a expansão da economia
brasileira e sua participação em todo o mundo.
A partir desta visão, alcançar três objetivos: (i) reduzir a emissão de GEE, (ii) aumentar o número e a
qualidade de empregos formais e (iii) criar novos produtos com alto valor agregado (Cortez, 2016):
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principal objetivo deste Workshop será auxiliar na construção de um roadmap tecnológico para o
desenvolvimento da cadeia produtiva de óleos essenciais e fitoprodutos através da identificação das
oportunidades, gargalos tecnológicos e não-tecnológicos e desafios para o segmento. Espera-se que os
resultados apresentados neste roadmap tecnológico guiem os planejamentos estratégicos da
bioeconomia brasileira, bem como contribua para a aproximação de Instituições do setor público-privado
visando o desenvolvimento de produtos, processos e a inovação. Ademais, espera-se que este esforço seja
uma importante ferramenta para identificação das ações necessárias para o desenvolvimento de Políticas
Públicas que propicie o aumento de competitividade do setor. Este ToR apresenta a primeira versão dos
Produtos desejados, tecnologias ou processos, os Requisitos Críticos do Sistema, Grandes Áreas
Tecnológicas, Drivers de Tecnologia, Recursos Científicos e Tecnológicos Atuais e Lacunas e Barreiras,
que devem ser discutidos, alterados ou mudados pelos oradores ou membros do Workshop, e também
pelos participantes durante os Debates e as Sessão de Análise e Discussão.
A tendência mundial pela substituição de antibióticos e outros produtos químicos usados na saúde
animal é uma realidade em expansão, encorajada ou mesmo exigida em muitos países em vistas da
resistência microbiana a drogas, causada pelo uso indiscriminado de antimicrobianos em vários
segmentos, como agropecuária (defesa vegetal e animal), alimentos e cosméticos, que tem levado ao
surgimento das chamadas “superbactérias”. De fato, o mercado se transforma rapidamente com o avanço
das evidências científicas sobre os efeitos indiretos de tais produtos também na saúde humana e no meio
ambiente, abrindo espaço para alternativas que podem ser contempladas por produtos naturais.
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Europa e mesmo no Brasil. Esta necessidade deverá causar, a curto prazo, uma elevada demanda em
produtos naturais, como óleos essenciais e extratos que possam substituir tais aditivos na produção
animal. Tal aumento deverá evoluir de acordo com a demanda de produção, para atender o aumento da
população.
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O Brasil é o país com a maior diversidade genética vegetal do mundo, contando com 43.020
espécies vegetais distribuídas nos diferentes biomas (Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Pampas,
Caatinga e Pantanal), consistindo em importante potencial de desenvolvimento socioeconômico para o
país, como fonte de corantes, óleos vegetais, gorduras, fitoterápicos, antioxidantes e óleos essenciais para
o setor produtivo. Os desenvolvimentos destes produtos já são uma realidade, mas existem muitas plantas
que precisam ser pesquisadas. Industrialmente, os óleos essenciais e/ou produtos derivados são
empregados como matérias-primas/insumos para as indústrias de higiene e limpeza, alimentos, bebidas,
farmacêutica, cosmética e perfumaria. O crescimento mundial e nacional da Indústria de Higiene Pessoal,
Perfumaria e Cosméticos tem aumentado significativamente. O Brasil ocupa a quarta posição de maior
consumidor mundial de Higiene, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC, 2016). Em 2012 o mercado brasileiro
de fragrâncias apresentou faturamento de 700 milhões de dólares, com perspectiva de aumento anual
médio de 5,2% até 2022 (BNDES, 2014). Este fato, associado ao crescente interesse do setor produtivo por
novos produtos nos diferentes segmentos, em especial das áreas cosmética e perfumaria, constitui
importante nicho de mercado para a exploração comercial da flora aromática nacional. Um exemplo disso
pode ser visto no recente esforço desenvolvido por um grupo formado por empresas do segmento de
Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPPC) intitulado “Strategic Roadmap for the Brazilian
Bioeconomy: a contribution from the Cosmetics, Toiletries and Fragance perspective” (Basecamp
Consultoria, 2017), que tem por objetivo identificar uma agenda estratégica colaborativa de
desenvolvimento (Iniciativa Privada, Instituições de Pesquisa e Governo) em prol do aumento da
competitividade do setor de HPPC e o desenvolvimento da bioeconomia brasileira.
Procuramos não abordar o que se convencionou chamar de manejo sustentado. Isto porque o
conceito de manejo sustentado traz em si limitações para a cadeia produtiva. Produtos que exigem
padronização química da matéria prima, como é o caso das plantas tratadas neste workshop, dificilmente
podem ser obtidas por manejo sustentado, uma vez que a variabilidade genética das populações naturais,
as diferenças ambientais onde os indivíduos crescem e a própria diferença de idade entre os indivíduos
influencia a qualidade e a quantidade dos seus componentes químicos. Quanto maior o sucesso de um
produto, maior será a necessidade de uma produção agrícola para que a indústria possa planejar a sua
demanda por este produto. A agricultura é entendida aqui como o plantio e manejo de populações
selecionadas, como as agroflorestas, a permacultura, os adensamentos, etc., podendo ser feito em
qualquer ambiente e em qualquer escala.
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solventes orgânicos para a obtenção de extratos vegetais, este último a partir de processos como
maceração e percolação. A crescente demanda do uso de ingredientes naturais em consonância com a
necessidade do uso de tecnologia limpa a fim de minimizar impactos ao meio ambiente tem demandado
esforços no sentido de desenvolver tecnologias alternativas e/ou aprimorar os processos existentes. Outro
ponto que deve ser considerado é a tendência dos consumidores pelo consumo de produtos fabricados
por marcas que não agridam ao meio ambiente e por processos sustentáveis e socialmente justos. Neste
contexto, o desenvolvimento de produtos inovadores e/ou transformação dos existentes em produtos de
maior valor agregado por via biotecnológica, ou do emprego da química verde tem surgido como
alternativa aos processos convencionais.
A partir da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), a qual foi aberta para assinaturas na
ocasião da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável,
ocorrida no Rio de Janeiro em 1992, o entendimento foi alterado, sendo estabelecido que cada país tem
soberania sobre o acesso aos recursos genéticos localizados em seu território.
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Os componentes do roadmap são direcionadas nesse ToR da seguinte forma:
AGRICULTURA E PROCESSOS
INSUMOS PRODUTOS
INDUSTRIAIS
Fitoprodutos em Saúde Animal
Domesticação e
Melhoramento Fitoprodutos na Cadeia de
Alimentos
Óleos essenciais, plantas aromáticas Cultivo e Processamento
e medicinais Fitoprodutos para Controle de
Transformação e Extração Pragas e Doenças da Agricultura
Em suma, os CSR são os parâmetros críticos de alto nível para resolver o problema: (i) criar novos
produtos de alto valor agregado (ii) reduzir asemissão de GEE e (iii) aumentar o número e a qualidade de
empregos formais, de acordo com a Visão do projeto. Cada CSR reflete o objetivo estratégico (e alvos
correspondentes) definidos na Visão, assim como seus objetivos de curto, médio e longo prazo (hoje, 2030
e 2050).
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Para este TRM os CSRs são:
Obs: O Requerimento Crítico do Sistema significa o indicador ao qual os produtos deverão perseguir. Os
indicadores são apenas direcionadores. *a meta é atingir a totalidade dos produtores.
● Quais outras ações poderiam ser tomadas para as soluções destes Requerimentos Críticos
do Sistema?
Para alcançar as projeções apontadas anteriormente, a contribuição das seguintes áreas será de
grande importância.
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Domesticação e Melhoramento Genético
Quando se trata de espécies nativas a quase totalidade das espécies é selvagem. É necessário
domesticar as espécies para que possam ser cultivadas. Uma estratégia importante para viabilizar avanços
rápidos é o pré-melhoramento (caracterização da biodiversidade) e o aumento da eficiência no uso de
recursos genéticos. Para isso se faz necessária a utilização de ferramentas biotecnológicas e investimento
na área, assegurando o desenvolvimento sustentável e a aplicação mercadológica. O trabalho de
melhoramento genético das plantas medicinais e aromáticas no Brasil é realizado em grande parte pelas
instituições de pesquisa diferentemente das grandes culturas, que éfeito por empresas privadas. Em
outros países o melhoramento de plantas aromáticas e medicinais é desenvolvido conjuntamente entre
empresas e instituições de pesquisa.
Cultivo e Processamento
Os produtores dos insumos (planta/óleo essencial) juntamente com as empresas transformadoras
(indústria) deverão desenvolver acordos cooperativos de necessidades e exigências, para que o insumo
produzido possa ter qualidade e fornecimento assegurados. As necessidades das diferentes matérias
primas e demandas variáveis, tanto em quantidade como na frequência e o tempo de vida de um produto,
fazem com que o agricultor fique inseguro quanto ao investimento que deve empreender em mão de obra
e estrutura. É preciso assegurar ao produtor a comercialização do seu produto, o que pode ser garantido
através de contratos de produção. Cabe destacar que para as espécies selvagens, aquelas que não
dispõem de tecnologias de cultivo e processamento a obtenção desse tipo de insumo é uma atividade de
alto risco, sendo necessário repartir tais riscos entre todos os envolvidos. A tendência econômica dos
cultivos e de seus processamentos inclui a valorização dos subprodutos e a otimização da energia
requerida.
Transformação e extração
Tradicionalmente, para a obtenção de óleos essenciais e extratos vegetais, independente do
segmento industrial, são empregados os processos de destilação por arraste a vapor e solventes (frio ou a
quente), respectivamente. O alto custo da energia, associado ao efeito nocivo da presença de resíduo de
solventes nos insumos, possibilidade de degradação das substâncias termolábeis, impactando desta forma
sua qualidade, e questões relacionadas ao impacto ambiental, tem demandado esforços do setor público e
privado no desenvolvimento e/ou aprimoramento de processos para a obtenção de produtos naturais a
partir de tecnologia limpa, vindo ao encontro dos princípios da Química Verde. Dentre as temáticas
relacionadas consta o uso de solventes alternativos e desenvolvimento de processos mais seguros e
eficientes (Tsukui et al, 2014). Consideráveis esforços têm sido registrados na substituição de solventes
orgânicos convencionais por etanol e água. Estudos descritos na literatura têm demonstrado o potencial
uso das técnicas de extração assistida por micro-ondas (MAE) e fluídos supercrítico (dióxido de carbono e
água), em escala de laboratório, na extração de óleos essenciais e obtenção de extratos vegetais. O maior
desafio das referidas técnicas consiste na transferência da escala laboratorial para a escala industrial e
custo de investimento, em especial no que tange ao uso da tecnologia supercrítica. Além destes
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processos, a Biotecnologia tem sido apontada como alternativa para o desenvolvimento de ingredientes
aromáticos, a partir da biocatálise e cultivo de células vegetais. Os avanços da engenharia genética tem
propiciado a produção de ingredientes voláteis, a exemplo do patchoulol, componente majoritária do óleo
essencial de Patchouli ,e α-santalol e β-santalol, do óleo essencial de Sândalo, a partir da inserção de
genes de plantas em levedura do gênero Sacchromyces (Schefer et al, 2014).
Tecnologias de produto
Um fator importante a ser considerado para o desenvolvimento de produtos contendo óleos
essenciais, ou extratos ativos de plantas aromáticas e medicinais é a formulação a ser empregada. A
natureza volátil e fotodegradável dos compostos presentes nos óleos essenciais e extratos exige o
emprego de formulações, que podem ser barreiras tecnológicas para que a aplicação do produto final seja
viável. Dentre as tecnologias empregadas atualmente, a encapsulação (microencapsulação,
nanoencapsulação) ou a emulsão (microemulsão, nanoemulsão) têm se mostrado eficientes na
preservação das características originais e estabilidade dos óleos essenciais e extratos, porém precisam ser
ainda melhor exploradas e otimizadas.
De forma geral o setor de óleos essenciais e extratos ativos de plantas têm de buscar, produtos
diferenciados que apostem em tecnologia, acrescentados de sustentabilidade e utilização racional dos
recursos naturais à um custo tangível.
O panorama tecnológico descrito acima pode ser modificado ou complementado, o que remete às
seguintes perguntas:
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A equipe de pesquisa apresenta metas para cada um dos drivers de tecnologia identificados, que
correspondem ao CSR que o "produto" deve possuir. Os objetivos do driver de tecnologia especificam
como uma alternativa tecnológica deve avançar em um determinado período de tempo. Em outras
palavras, os objetivos são definidos para o alcance final previsto para o sistema no final do período (Visão -
2050).
Cultivo e processamento
Transformação e extração
Desenvolvimento de Produtos
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Tabela 1: Lista de Instituições brasileiras públicas e privadas envolvidas em P&D na área de óleos
essenciais, plantas aromáticas e medicinais
RIO GRANDE DO SUL Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Universidade Católica de Pelotas
(UCPEL), Universidade de Caxias do Sul (UCS), Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS), Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ), Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC), Universidade Regional
Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), Universidade Federal do Rio
Grande (FURG), Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (FEPAGRO)
SANTA CATARINA Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade do Vale do Itajaí
(UNIVALI), Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE), Universidade do
Oeste de Santa Catarina (UNOESC), Universidade do Sul de Santa Catarina
(UNISUL), Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), Universidade
Regional de Blumenau (FURB)
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ESTADO INSTITUIÇÕES BRASILEIRAS PÚBLICAS e PRIVADAS
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ESTADO INSTITUIÇÕES BRASILEIRAS PÚBLICAS e PRIVADAS
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genéticos.
● Cultivo e processamento: para plantas em estado selvagem, não há tecnologia de cultivo
nem material de propagação disponível.
● Transformação e extração: desenvolvimento e/ou aprimoramento de processos para a
obtenção de produtos naturais a partir de tecnologia limpa; solventes alternativos e processos
mais seguros e eficientes; transferência da escala laboratorial para a escala industrial;
biotecnologia.
● Tecnologias de produto: natureza volátil e fotodegradvel dos compostos presentes nos
óleos essenciais e extratos; otimização de tecnologias de encapsulação e emulsão; acesso às
ferramentas instrumentais necessárias para identificação.
Os gaps tecnológicos e não tecnológicos aqui apresentados também podem ser modificados ou
complementados, o que remete às seguintes perguntas:
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Seção VII – Análise
Com os drivers tecnológicos e seus objetivos especificados anteriormente, e considerando os
gargalos existentes, o objetivo desta seção é identificar possíveis alternativas tecnológicas para atender a
esses objetivos, identificando o tempo de maturação (curva de aprendizado) para cada alternativa
tecnológica a fim de cumprir os objetivos dos drivers. Também tem por objetivo identificar
preliminarmente pontos de decisão – se mais de uma alternativa tecnológica tiver sido identificada - em
que os futuros responsáveis pela implementação das recomendações deste TRM terão que tomar
decisões favoráveis ou não.
No que tange a grande área domesticação e melhoramento genético, podemos notar que os
direcionadores tecnológicos como proteção de cultivar e variedade apontam a evolução de novos
produtos para o mercado. Outros drivers podem ser considerados e podem constituir a realidade
brasileira, como os transgênicos, porém não foram pontuados. Realidades externas, de outros países,
podem complementar essa lacuna, fazendo com que o setor busque ferramentas para melhorar o cenário
hoje existente.
Conclusão
O Workshop visa o levantamento de subsídios para o planejamento de Políticas Públicas para que
gargalos e barreiras do desenvolvimento da cadeia produtiva de plantas aromáticas e medicinais sejam
ultrapassados. Dentro deste contexto, é imprescindível que o evento contribua para o esclarecimento das
questões descritas abaixo:
● Qual a estratégia a ser adotada para a efetiva aproximação do setor público e privado?
● Como fomentar ações para a criação de uma agenda comum entre empresas, agências de
fomento e instituições de pesquisa (público e privada) para o desenvolvimento da cadeia
produtiva dos óleos essenciais, plantas aromáticas e medicinais?
● Como mensurar o impacto social e ambiental de atividades advindas da exploração da
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biodiversidade?
● Como minimizar as importações de matéria-prima aromática vegetal e óleos essenciais de
uso tradicional?
Objetivos do Workshop
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) define bioeconomia
como: “um mundo onde a biotecnologia contribui com parcela importante da produção econômica. A
bioeconomia envolve três elementos: biotecnologia, conhecimento, biomassa renovável e integração
entre aplicações.”. De acordo com a previsão da referida organização, até 2030 a biotecnologia
contribuirá com US$ 1 trilhão/ano na economia mundial, sendo US$ 260 bilhões/ano na área de saúde,
US$ 380 bilhões/ano na produção primária e US$ 420 bilhões/ano na área industrial (Oborne, M.; 2009).
Este cenário, associado à vocação agrícola e o fato de deter a maior biodiversidade mundial tem
colocado o Brasil em posição de destaque no fornecimento de produtos com maior valor agregado a partir
da bioeconomia. Para tanto, diferentes instituições no país têm desenvolvido ações para o
desenvolvimento da bioeconomia no país. Assim, o Agropolo Campinas-Brasil foi criado, consistindo em
uma plataforma interinstitucional, fundamentada no conceito da inovação colaborativa, que tem por
objetivo desenvolver projetos de cooperação técnica com foco nas áreas de agricultura, alimentação,
bioenergia, química verde e desenvolvimento sustentável e biodiversidade.
Cabe realçar, portanto, a importância de se elaborar como meta, um fiel e atual diagnóstico da
cadeia produtiva, o que irá resultar no encaminhamento de propostas na direção prioritária.
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Sessão 1: Cadeia produtiva: fornecimento seguro de matérias-primas e processamento
sustentável
A tendência mundial pela substituição de antibióticos e outros produtos químicos usados na saúde animal
é uma realidade em expansão encorajada ou mesmo exigida em muitos países. De fato, o mercado se
transforma rapidamente com o avanço das evidências científicas sobre os efeitos indiretos de tais
produtos químicos também na saúde humana abrindo espaço para alternativas que podem ser
contempladas por produtos naturais. Plantas ou seus derivados com atividade antibiótica, antioxidante,
anti-helmíntico, entre outras, são alvos importantes do setor. A Empresa convidada é pioneira no Brasil
no desenvolvimento de tais produtos e tem experiência de projetos em parceria com Instituições de
Pesquisa. São exemplos deste segmento: a ação de óleos essenciais e hidrolatos na saúde animal
(doenças parasitárias, carrapatos)
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Sessão 3: Demanda Global de Novos Fitoprodutos na Cadeia Alimentícia
A terapêutica de patologias de grande ocorrência, tais como: diabetes, estresse, obesidade, problemas
neurológicos, insônia, problemas digestivos, radicais livres, entre outros, contam cada vez mais com os
efeitos coadjuvantes das plantas ou de seus derivados na sua terapêutica. As pesquisas avançam na busca
de tais produtos visando associações que permitam uma terapêutica eficaz com menos efeito colateral
ou mesmo com aspecto preventivo. O grupo convidado apresentará as experiências bem sucedidas
abrindo o modelo para novos produtos. São exemplos deste segmento: a cadeia produtiva do Açaí, da
Romã, da jabuticaba (efeito anti-oxidante), da polpa de caju (diabetes) e de frutos imaturos.
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Sessão 5: Novos ingredientes a partir de óleos essenciais: uma abordagem do sistema
produtivo
O Brasil é o país com a maior diversidade genética vegetal do mundo, contando com 43.020 espécies
vegetais distribuídas nos diferentes biomas (Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Pampas, Caatinga e
Pantanal), consistindo em importante potencial de desenvolvimento socioeconômico para o país, como
fonte de corantes, óleos vegetais, gorduras, fitoterápicos, antioxidantes e óleos essenciais para o setor
produtivo. Industrialmente os óleos essenciais e/ou produtos derivados são empregados como matérias-
primas para as indústrias de higiene e limpeza, alimentos, bebidas, farmacêutica, cosmética e perfumaria.
Esta seção tem por objetivos apresentar: as demandas, gargalos (curto, médio e longo prazo) e as etapas
envolvidas no desenvolvimento de ingredientes (óleos essenciais e produtos aromáticos) a partir da
exploração sustentável da biodiversidade brasileira.
Tradicionalmente a extração de produtos naturais de origem vegetal (óleos essenciais e extratos vegetais)
tem sido feita a partir dos processos de destilação por arraste a vapor, caso dos óleos essenciais, e com
solventes orgânicos para a obtenção de extratos vegetais, este último a partir de processos como
maceração e percolação. A crescente demanda do uso de ingredientes naturais em consonância com a
necessidade do uso de tecnologia limpa a fim de minimizar impactos ao meio ambiente tem demandado
esforços no sentido de desenvolver tecnologias alternativas e/ou aprimorar os processos existentes.
Outro ponto que deve ser considerado é a tendência dos consumidores pelo consumo de produtos
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fabricados por marcas que não agridam ao meio ambiente e por processos sustentáveis. Dentro deste
contexto, o desenvolvimento de produtos inovadores e/ou transformação dos existentes em produtos de
maior valor agregado por via biotecnológica tem surgido como alternativa aos processos convencionais.
Esta sessão destina-se a apresentação do estado-da-arte dos processos empregados pela indústria de
cosmética e perfumaria e os avanços no campo da biotecnologia.
1. Como proporcionar melhores condições aos estudos com materiais da flora brasileira?
2. Como promover o incentivo à inovação baseado no desenvolvimento de projetos que contemplem a
flora nacional?
3. Quais as perspectivas para o setor no que tange aos aspectos regulatórios?
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Sessão 8: Papel do setor público e privado para o desenvolvimento da inovação tecnológica
1. Como promover a inovação sem programas de apoio aos diversos setores da cadeia de óleos
essenciais, plantas aromáticas e medicinais?
2. Principais gargalos para a melhoria do desenvolvimento da inovação e sua implementação?
a. Quais as principais barreiras e gargalos tecnológicos para o maior crescimento desta área?
b. Quais as principais barreiras e gargalos não tecnológicos para o maior crescimento desta área?
3. Quais as futuras ações para o incentivo à cadeia produtiva?
Referências
ABIHPEC, Panorama do Setor de HPPC 2016, Disponível em https://www.abihpec.org.br/novo/wp-
content/uploads/2016-PANORAMA-DO-SETOR-PORTUGU%C3%8AS-14jun2016.pdfa, Acesso em:
23/03/2017.
Basecamp Consultoria, Strategic Roadmap for the Brazilian Bioeconomy: a contribution from the
Cosmetics, Toiletries and Fragance perspective, 2017. Disponível em: link. Acesso em: 14/06/17.
BNDES, Potencial de diversificação da indústria química Brasileira, relatório 4 – Aromas, sabores e
Fragrâncias, 2014. Disponível em https://www.bndes.gov.br , Acesso em: 30/05/2016.
Oborne, M., The bioeconomy to 2030: designing a policy agenda, OECD Observer, 2009. In: Dias, R. F.; de
Carvalho, C. A. A.,Bioeconomia no Brasil e no Mundo: Panorama Atual e Perspectivas, Rev. Virtual
Quim., vol. 9 (1), 2017.
Saccaro Jr, N. L., A regulamentação de acesso a recursos genéticos e repartição de benefícios: disputas
dentro e fora do Brasil, Ambient. Soc., vol. XIV, n. 1, 229-244, 2011.
Schefer, R.R. ; Vieira, N.J. Aromáticos por processos biotecnológicos, Disponível em:
http://www.naturacampus.com.br/cs/naturacampus/post/2014-05/aromaticos-por-processos-
biotecnologicos, Acesso em: 28 de maio de 2017.
Tsukui, A.; Rezende, C. M.Extração Assistida por Micro-ondas e Química Verde, Rev. Virtual Quim., 2014, 6
(6), 1713-1725.
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