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Portaria GM MS 1508 2005

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PORTARIA GM/MS Nº 1.

508, DE 1 DE SETEMBRO DE 2005 E ANEXOS

Dispõe sobre o Procedimento de Justificação e Autorização da Interrup-


ção da Gravidez nos casos previstos em lei, no âmbito do Sistema Único
de Saúde-SUS.

O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso das atribuições que lhe confere o inciso II do pa-
rágrafo único do art. 87 da Constituição Federal, e
Considerando que o Código Penal Brasileiro estabelece como requisitos para o aborto humani-
tário ou sentimental, previsto no inciso II do art. 128, que ele seja praticado por médico e com o con-
sentimento da mulher;
Considerando que o Ministério da Saúde deve disciplinar as medidas assecuratórias da licitude
do procedimento de interrupção da gravidez nos casos previstos em lei quando realizado no âmbito
do SUS;
Considerando a necessidade de se garantir aos profissionais de saúde envolvidos no referido
procedimento segurança jurídica adequada para a realização da interrupção da gravidez nos casos
previstos em lei; e
Considerando que a Norma Técnica sobre Prevenção e Tratamento dos Agravos Resultantes da
Violência Sexual contra Mulheres e Adolescentes não obriga as vítimas de estupro da apresentação
do Boletim de Ocorrência para sua submissão ao procedimento de interrupção da gravidez no âmbito
do SUS, resolve:
Art. 1º O Procedimento de Justificação e Autorização da Interrupção da Gravidez nos casos
previstos em lei é condição necessária para adoção de qualquer medida de interrupção da gravidez
no âmbito do Sistema Único de Saúde, excetuados os casos que envolvem riscos de morte à mulher.
Art. 2º O Procedimento de Justificação e Autorização da Interrupção da Gravidez nos casos
previstos em lei compõe-se de quatro fases que deverão ser registradas no formato de Termos, arqui-
vados anexos ao prontuário médico, garantida a confidencialidade desses termos.
Art. 3º A primeira fase é constituída pelo relato circunstanciado do evento, realizado pela própria
gestante, perante dois profissionais de saúde do serviço.
Parágrafo único. O Termo de Relato Circunstanciado deverá ser assinado pela gestante ou,
quando incapaz, também por seu representante legal, bem como por dois profissionais de saúde do
serviço, e conterá:
I - local, dia e hora aproximada do fato;
II - tipo e forma de violência;
III - descrição dos agentes da conduta, se possível; e
IV - identificação de testemunhas, se houver.
Art. 4º A segunda fase dá-se com a intervenção do médico que emitirá parecer técnico após
detalhada anamnese, exame físico geral, exame ginecológico, avaliação do laudo ultrassonográfico e
dos demais exames complementares que porventura houver.
§ 1º Paralelamente, a mulher receberá atenção e avaliação especializada por parte da equipe de
saúde multiprofissional, que anotará suas avaliações em documentos específicos.
§ 2º Três integrantes, no mínimo, da equipe de saúde multiprofissional subscreverão o Termo de
Aprovação de Procedimento de Interrupção da Gravidez, não podendo haver desconformidade com a
conclusão do parecer técnico.
§ 3º A equipe de saúde multiprofissional deve ser composta, no mínimo, por obstetra, anestesis-
ta, enfermeiro, assistente social e/ ou psicólogo.
Art. 5º A terceira fase verifica-se com a assinatura da gestante no Termo de Responsabilidade
ou, se for incapaz, também de seu representante legal, e esse Termo conterá advertência expressa
sobre a previsão dos crimes de falsidade ideológica (art. 299 do Código Penal) e de aborto (art. 124 do
Código Penal), caso não tenha sido vítima de violência sexual.
Art. 6º A quarta fase se encerra com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, que obede-
cerá aos seguintes requisitos:
I - o esclarecimento à mulher deve ser realizado em linguagem acessível, especialmente sobre:
a) os desconfortos e riscos possíveis à sua saúde;
b) os procedimentos que serão adotados quando da realização da intervenção médica;
c) a forma de acompanhamento e assistência, assim como os profissionais responsáveis; e
d) a garantia do sigilo que assegure sua privacidade quanto aos dados confidenciais envolvidos,
exceto quanto aos documentos subscritos por ela em caso de requisição judicial;
II - deverá ser assinado ou identificado por impressão datiloscópica, pela gestante ou, se for in-
capaz, também por seu representante legal; e
III - deverá conter declaração expressa sobre a decisão voluntária e consciente de interromper
a gravidez.
Art. 7º Todos os documentos que integram o Procedimento de Justificação e Autorização da In-
terrupção da Gravidez nos casos previstos em lei, conforme Modelos dos Anexos I, II, III, IV e V desta
Portaria, deverão ser assinados pela gestante, ou, se for incapaz, também por seu represen-tante
legal, elaborados em duas vias, sendo uma fornecida para a gestante.
Art. 8º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 9º Fica revogada a Portaria nº 1145/GM, de 7 de julho de 2005, publicada no Diário Oficial
da União nº 130, de 8 de julho de 2005, Seção 1, página 31.

SARAIVA FELIPE

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