Modelagem de Estruturas Matheus Rocha
Modelagem de Estruturas Matheus Rocha
Modelagem de Estruturas Matheus Rocha
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Apresentação
OLÁ ALUNO (A), SEJA BEM VINDO (A)!
Toda edificação tem por finalidade propiciar aos seus ocupantes resistência
às intempéries da natureza e proteção contra invasores. Desta forma, seus materiais
constituintes devem permitir a vedação, bem como sua sustentação. Com este
conceito em vista, podemos classificar os elementos construtivos como os
responsáveis pela estabilidade da construção, que serão chamados de elementos
estruturais, ou simplesmente de a estrutura da edificação, e os elementos
responsáveis pela vedação, de alvenaria.
Sendo assim, a disciplina tem por finalidade entender como reage uma
edificação às diferentes ações que esta será imposta, como o peso próprio de sua
estrutura, elementos de vedação e revestimentos, e também às cargas de utilização,
como sua mobília e seus ocupantes.
Este caderno está dividido em três partes, sendo a primeira parte iniciando na
aula 01 e indo até a aula 05, correspondendo à contextualização do aluno quanto aos
conceitos de edificações, principais métodos e materiais construtivos e sistemas
estruturais usuais.
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A terceira e última parte consiste da trecho aplicável e prático de nosso
caderno, que irá comunicar-se com as demais disciplinas do curso, gerando insumos
e abordagens essenciais para a continuidade do arquiteto no estudo do cálculo
estrutural de uma edificação.
BONS ESTUDOS!
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Objetivos
A disciplina tem por finalidade entender como uma edificação reage às
diferentes ações que esta será imposta na natureza, como os pesos próprios da sua
estrutura, dos elementos de vedação e dos revestimentos, e as cargas de utilização,
como sua mobília e seus ocupantes, conhecendo os elementos constituintes da
estrutura, suas funções primárias e posicionamento dentro do projeto.
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Sumário
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Iconografia
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AULA 1
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS EDIFICAÇÕES
APRESENTAÇÃO DA AULA
Desde que as primeiras civilizações abandonaram o nomadismo, a busca por
moradias artificiais tem motivado o desenvolvimento das edificações. Neste contexto,
esta aula visa apresentar ao aluno a evolução histórica das edificações e sua intuitiva
preocupação com segurança, resistência e estabilidade.
OBJETIVOS DA AULA
Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste módulo, você seja capaz
de:
➢ Compreender a evolução histórica das edificações, quanto à sua
motivação e finalidade;
➢ Classificar os elementos construtivos quanto à sua função: estrutura e
vedação.
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Olá aluno!
Seja bem-vindo à disciplina de Modelagem de Estruturas do curso
de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário UniRedentor!
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Figura 2 - Abrigos Naturais, como cavernas, foram as primeiras residências coletivas
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Figura 4 - Ruínas de abrigo em pedra datado do período pré-histórico
Percebendo que blocos de rocha, devido à seu imenso peso, são de difícil
trabalhabilidade, fibras vegetais, como a palha de gramíneas e cerais, foram e ainda
são amplamente utilizadas como solução de cobertura, tendo sua ocorrência em
diversas populações indígenas ao longo do mundo, porém, com maior recorrência em
regiões tropicais, como o Brasil, conforme demonstrado pela Figura 5, por permitirem
a passagem parcial do ar, favorecendo a climatização interior.
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Figura 6 - Tenda indígena típica apache
Figura 7 - Casas semi-subterrâneas dos kaingangs e xockengs utilizadas antes dos europeus chegarem
ao Brasil. Croqui do arquiteto L. F. M. Pomier
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Nesta fase, regiões de grande oferta de madeira, o homem começou a
manejar o material, desenvolvendo as primeiras habitações com troncos justapostos
amarrados por cipós, como demonstrado pela Figura 8. Porém as irregularidades dos
troncos permitiam frestas que possibilitavam a passagem do vento, chuva, insetos e
animais de pequeno porte.
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Figura 9 - Casas de barro em Kandahar, no Afeganistão
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Figura 11 - Modelo de casa de pau-a-pique
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Tal ideia foi consolidada através da democracia grega de tal forma que a
cidade greco-romana clássica, representada na Figura 13, estabelece modelos de
urbanização e de relações entre as edificações que permanecem presentes na
sociedade contemporânea até os dias de hoje, como arruamentos, espaços públicos
como praças e jardins e divisão interna das edificações.
Figura 16 - Villa
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maiores. Através do conceito de cúpula, o arco em três dimensões, como
demonstrado pela Figura 18, grandes construções mantêm-se como símbolo de
rigidez.
Figura 18 - O Panteão romano com seu átrio em forma de cúpula demonstra a eficiência do uso do arco
A grande inovação do arco foi possibilitar o uso de pedras para cobrir grandes
ambientes sem a necessidade de material aglutinante entre os blocos, chamados de
aduelas. Isso se dava devido ao formato trapezoidal de cada elemento, que impedia
que deslizasse devido a seu peso, como podemos observar pela Figura 19. Até que o
último bloco fosse assentado, conhecido como ‘pedra de fecho’, o conjunto deveria
estar escorado.
18
Figura 19 - Arco romano com aduelas trapezoidais
19
Todas as atividades eram realizadas e compartilhadas neste recinto único
(alimentar-se, dormir, trabalhar, entre outros). As casas rurais eram geralmente
executadas em madeira, sendo composta basicamente por troncos, ou frações
destes, mas a superposição de funções dentro de um mesmo cômodo era comum.
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Figura 23 - Construção Clássica do período Colonial e das Navegações, com divisão interna de cômodos
21
Figura 25 - Quartos são exemplos de espaços íntimos
Figura 26 - As lavanderias são espaços de serviço, pois assessoram a vivência dentro do espaço
confinado
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forma, os projetos de edificações passaram a ser planejados para aliar sofisticação e
inovação à necessidade e durabilidade e estabilidade.
Figura 27 - Com os edifícios atingindo maiores alturas, a preocupação com sua resistência e estabilidade
torna-se inevitável
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Figura 28 - Edificações cumprindo sua função social e arquitetônica
A Figura 29, abaixo, ajuda a ilustrar as diferentes cargas que agem sobre um
corpo e serão debatidas ao longo desta disciplina.
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Figura 29 - Ações atuantes sobre a edificação
Porém, este tipo de solução construtiva não permite sua alteração ou remoção
parcial sem que a integridade da edificação seja posta à prova, como podemos
perceber pela Figura 30. A necessidade de adaptação e ampliação das edificações,
através de sua alteração de leiaute e reformas, fez-se necessário o desenvolvimento
e aprimoramento de novos sistemas estruturais.
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Figura 30 - Edificações em que os elementos construtivos são responsáveis em simultaneidade pela
vedação e estabilidade são de difícil reforma ou ampliação
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Nesta disciplina, estudaremos os efeitos das diferentes ações sob a estrutura
das edificações e como devemos projetar elementos que resistam à essas ações,
mantendo a estrutura estabilizada, tendo o menor impacto possível na arquitetura
planejada.
27
/
Resumo
Nesta aula abordamos:
28
Complementar
Assista ao vídeo produzido pelo grupo The Atlantics sobre a evolução das casas nos
últimos 27 mil anos! Muito interessante! https://youtu.be/GoCZnboThfk
Quais os diferentes tipos de casas que existem? Vejamos no vídeo abaixo através do link
https://youtu.be/7pbqkm8QGUM
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Referências Bibliográficas
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Exercícios
Responda as questões discursivas abaixo, sobre o que acabamos de ver:
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AULA 2
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
APRESENTAÇÃO DA AULA
A célebre frase de Heródoto, pensador grego, “Entender o passado para
compreender o presente” norteou nossos estudos da primeira aula. Tendo, portanto,
compreendido como se deu a evolução das edificações ao longo da história,
contextualizemos agora a evolução dos materiais de construção disponíveis à mão do
homem ao longo da história e os principais elementos construtivos que impactam na
modelagem da estrutura de uma edificação.
OBJETIVOS DA AULA
Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste módulo, você seja capaz
de:
➢ Compreender a evolução histórica dos materiais de construção;
➢ Perceber e dialogar sobre a fabricação do cimento;
➢ Entender que a utilização de agregados é uma forma de economia de
aglomerante;
➢ Aprender que os materiais de construção utilizados possuem diferentes
pesos sobre a estrutura;
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Olá aluno!
Para projetarmos uma edificação aplicável, devemos nos ater à
disponibilidade do material em seu local de implantação. Hoje
veremos os principais materiais de construção disponíveis para a
construção civil no Brasil.
Estes materiais podem ser obtidos de forma direta da natureza, como a areia,
demonstrada pela Figura 33, pedra e água, ou serem obtidos por processos industriais
físicos ou processos químicos, como o cimento, tábuas de madeira, pisos e aços.
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Figura 33 - Dragagem de rio para retirada de areia
Figura 34 - Alvenaria de Tijolos com presença de esquadrias de alumínio e vidro: Elementos de Vedação
Porém o grupo que temos especial interesse é composto pelos materiais responsáveis
por suportar as cargas da edificação e transferi-las seguramente para o solo. Estes
são chamados de materiais estruturais e são compostos pelas armações de aço,
cimento, areia, brita, perfis metálicos, blocos estruturais e fôrmas de madeira. Alguns
destes materiais podem ser vistos na Figura 35.
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Figura 35 - Materiais de Construção necessários para o preparo das estruturas de uma edificação:
cimento, brita, areia peneirada e ferramentas
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Porém, estes blocos apenas apoiados, uns sobre os outros, são instáveis, e não
geram a estabilidade necessária para uma edificação de grande porte. Portanto, faz-
se necessário o desenvolvimento de um elemento colante, aqui denominado
aglomerante, que unisse e fixasse um bloco ao outro, na posição desejada.
Figura 37 - Cal
37
Figura 38 - Tijolos Cerâmicos: maciço e furado
Estes tijolos podem ser fabricados para serem exclusivamente utilizados como
elementos de vedação, ou também possuírem função estrutural, sustentando toda a
edificação, assim, denominando-se alvenaria estrutural.
Porém o uso da cal era limitado, devido à grande taxa de impurezas presentes, que
variavam a qualidade do produto, rebaixando sua resistência final e principalmente a
sua reação alérgica ao homem, causando irritação severa quando inalada, ingerida,
ou em contato com os olhos. Também era recorrente a perda da capacidade de
aglutinação dos grãos devido o contato da cal com a umidade do ar, dificultando seu
transporte e armazenamento.
Desta forma, um material construtivo mais eficiente se fez necessário. Desde sua
redescoberta, é o material predominantemente utilizado na construção civil, sendo o
segundo material mais utilizado pelo homem no mundo, ficando apenas atrás da água:
o cimento Portland, apresentado na Figura 39.
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Figura 39 - O segundo material mais utilizado do mundo é o cimento Portland
Logo foi realizada a experiência de testar esta mistura em maior volume e concluíram
que, mantendo-se uma faixa de dosagem de água para uma mesma quantidade de
cinzas, o liquido assumia a consistência de uma pasta, como demonstrado pela Figura
41, e endurecia novamente após cerca de três horas, obtendo inclusive resistências
similares à rocha original depois de totalmente seco. A este material foi dado o nome
de cæmentum, o nosso cimento em português.
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Figura 41 - Pasta de Cimento e Água
A invenção era inovadora e revolucionária, porém havia baixa oferta do produto, pois
não se sabia, até então, como produzir as cinzas a não ser através da coleta manual
e periódica junto ao vulcão, que era de difícil acesso, como podemos perceber pela
representação contida na Figura 42, assim, inviabilizando a construção de grandes
edificações ou seu uso em larga escala na construção civil e militar da época.
Foi experimentado, então, o uso deste novo produto como aglomerante de blocos de
rocha, unindo pedras em uma nova estrutura monolítica, obtendo, então, grande
sucesso e extraordinária economia de cimento. Desta forma, o cimento ganhou fama
como aglomerante e chamou a atenção para sua ampla aplicação, inicialmente
utilizando-se blocos irregulares de pedra, como demonstrado pela Figura 43, para
construções como estradas, muros e fortificações.
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Figura 43 - Muro de Rochas aglomeradas com cimento pozolânico.
Este material teve o auge de sua utilização durante o império romano, sendo
amplamente aplicado na construção de edificações de grande porte e em pontes, uma
vez que dispensava o alto consumo de material trazido pelo formato de arco para a
obtenção de grandes vãos, conforme veremos em outras aulas. Com os construtores
da época dominando a técnica de utilização do cimento com pedras talhadas,
proporcionaram às edificações não só disporem de elevada resistência mas também
melhor estética, trazida pelo acabamento fino obtido. Algumas destas construções,
devido à sua relevância e imponência, se tornaram patrimônio da humanidade, como
o Coliseu, conforme exemplificado pela Figura 44.
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Figura 44 - Coliseu em Roma
Portanto, o químico percebeu que existia uma relação exata de água que reagiria com
cada grão de cimento inserido na mistura e que água em quantidade inferior, resultaria
em grãos de cimento sem estarem ativados e que água em quantidade superior,
resultaria em água a ser evaporada, que recebe o nome de água de exsudação.
Joseph, então, estimou a relação do dobro de peso de cimento com relação à água
em uma mistura, como a que retornava resultados economicamente viáveis para a
ampla utilização do cimento, como a que está sendo preparada na Figura 47.
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Porém, para sua fabricação, é necessário a existência de jazida de calcário e de argila
próximas à fábrica, forno especial, denominado alto-forno, mecanismo de trituração e
armazenagem e distribuição adequada, evitando contato com umidade e água. Este
processo é industrial, e como pode ser observado pela Figura 48, possui valor
agregado, onerando o custo do produto final: o cimento.
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Figura 51 - Areia lavada de rios sendo transportada internamente em uma construção
A areia, portanto, foi classificada como agregado miúdo, uma vez que a pedra britada
passou a receber o nome de agregado graúdo. Esta areia possui como origem mineral
o basalto, quartzo, sílica, calcário, granito e gnaisse, possuindo diferentes
granulometrias e sendo classificada em areia fina, média ou grossa. Quando a areia
é adicionada à pasta de cimento, a mistura passa a receber o nome de argamassa e
pode ser visualizada na Figura 52.
Quando se adiciona a pedra britada à argamassa, dizemos que nossa mistura está
completa e fabricamos o concreto, que pode ser observado pela Figura 53. Este
concreto pode possuir outros elementos adicionais que lhe concederão propriedades
especiais, seja na massa fresca, seja no produto final, e estes elementos receberão o
nome de aditivos e podem alterar a fluidez das massas, o tempo de cura e a
impermeabilidade por exemplo. A NBR 6118 estabelece como 20 MPa a resistência
mínima para este concreto.
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Figura 53 - Concreto composto por cimento, areia, brita e água, sendo lançado
O concreto pode ser misturado no local de sua aplicação, podendo ser de modo
manual, através de masseira e ferramentas apropriadas, ou misturado
mecanicamente, através do uso de betoneira, que estão ilustradas através da Figura
54.
Após seu lançamento, deve ser vibrado ou remoído com auxílio de vara de ferro, afim
de se retirar as eventuais bolhas de ar que tenham permanecido dentro da massa.
Para estruturas de grande porte, que consomem altos volumes de concreto, o seu
lançamento pode ultrapassar o tempo de início da reação de endurecimento, ou seja,
o tempo de ‘pega’. Neste caso, faz-se interessante o uso de concreto misturado em
usina específica, denominada concreteira, conforme representado pela Figura 55, que
garantirá, inclusive, maior controle de qualidade, devido a precisão da dosagem dos
componentes do concreto.
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Figura 55 - Usina de Concreto modelo
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Figura 57 - Peça pré-moldada de concreto sendo instalada
Resistindo cerca de 20 vezes mais que o concreto para ser puxado e 200 vezes mais
para se apertado, ele é utilizado como peças pré-moldadas, denominadas perfis,
conforme exemplificado pela Figura 59, que demandam mão de obra especializada
para sua instalação.
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Figura 59 - Viga I de Aço 6 x 3,33 152,4 x 84,6mm
O aço também pode ser utilizado conjugado com o concreto, através da montagem
de armaduras, ou seja, esqueletos de barras de aço, de acordo o dimensionamento
realizado pelo calculista. Esta conjugação é habitualmente chamada de concreto
armado e pode ser observada pela Figura 60.
Estas barras de aço são comercializadas com nervuras, afim de ampliar seu contato
com o concreto, e em diâmetros padronizados, sendo os mais usuais de 5.0, 6.3, 8.0,
10.0, 12.5, e 16.0 milímetros.
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Figura 61 - Blocos de Concreto
Peças de madeira, como as exibidas pela Figura 63, são utilizadas em diversas etapas
da construção de uma edificação, principalmente, as tábuas e sarrafos para as fôrmas
do concreto e os pontaletes como escoras de lajes.
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Figura 63 - Peças de Madeira utilizadas na construção civil
Existem diversos outros materiais de construção, que terão sua devida atenção nas
próximas disciplinas, principalmente a de Materiais e Técnicas, porém devemos ter
em mente que sua escolha impacta na durabilidade dos elementos estruturais, bem
como, pode aumentar ou diminuir o peso de uma edificação. Alguns destes elementos,
serão debatidos a seguir.
As telhas são as peças utilizadas conjuntamente na cobertura dos telhados das casas,
edifícios e barracões, como demonstrado pela Figura 64. São utilizadas em todos os
tipos de telhados, expostos ou embutidos e são responsáveis pela cobertura, proteção
e conforto térmico das construções.
Por último, devemos também nos atentar às esquadrias, que são majoritariamente
compostas pelas portas e janelas, como podemos perceber pela Figura 66. Estas são
as peças que abrem e fecham entradas e saídas dos cômodos, bem como controlam
a entrada e saída da ventilação e iluminação natural. Sua localização dentro do projeto
será observada ao longo de nossos estudos, uma vez que não possuem função de
sustentação da edificação.
Hoje em dia temos materiais inovadores à nossa disposição, como o dry-wall, que são
chapas de gesso fabricadas industrialmente entre duas lâminas de papel-cartão, como
exibida pela Figura 67. Seu contato com a água deve ser evitado e, portanto é
majoritariamente utilizado nos ambientes internos das edificações, principalmente
para áreas comerciais. As paredes de gesso dry-wall permitem instalações elétricas e
hidráulicas embutidas e adaptam-se a qualquer estrutura, como aço, concreto ou
madeira.
53
Figura 67 - Montadores de dry-wall fixando as placas de gesso nos perfis metálicos
54
/
Resumo
Nesta aula compreendemos a evolução histórica dos materiais de
construção, passando pelos blocos de pedra, tijolos cerâmicos, descoberta do
cimento, desenvolvimento da argamassa e do concreto armado.
Por último, aprender que existem diferentes materiais de construção, e que devemos
ter o cuidado de considerar seu peso na análise da estabilidade da estrutura;
55
Complementar
Quer tornar mais interativa o entendimento deste texto? Que tal uma apresentação
Prezi? Segue o link: https://prezi.com/1qfspgjpzinb/a-evolucao-dos-materiais-de-
construcao-ao-longo-dos-tempos/
Há vários blogs voltados para a construção civil que apresentam artigos sobre os
principais materiais de construção. Um dos mais diretos e bem ilustrado é o blog Pra
Construir que pode ser acessado pelo link https://www.praconstruir.com.br/materiais-
de-construcao.
O Archdaily preparou um post intitulado “16 materiais que todo arquiteto precisa
conhecer”. Vale a leitura em https://www.archdaily.com.br/br/802303/16-materiais-que-
todo-arquiteto-precisa-conhecer.
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Referências Bibliográficas
57
• NIEMEYER, CORBUSIER, TANGI e outros. Exemplos de arquitetura.
Coleção Enciclopédica da Construção. Hemus. 500p. ISBN: 8528902587.
• OTTO, F. Tensile structures: design, structure and calculation.
• RAMALHO, M. A. e CORRÊA M. R. S. Projeto de edifícios de alvenaria
estrutural. Pini, 2003. 188p. ISBN: 8572661476.
• REBELLO Y. C. P. A concepção estrutural e a arquitetura. Editora Zigurate,
2000. 271 p. ISBN: 8585570032.
• RICHARD, W. Materials, form and arquitecture. Editora Laurence King, 2003.
240p. ISBN: 1856692957.
• SCHROEDER, R. Novas tecnologias Egc arquitetura. Ateliê, 2003. 44p. ISBN:
8574802204.
• SILVA, G. G. Arquitetura do ferro no Brasil. Nobel, 1987. 248p. ISBN:
8521304641.
• SILVA, S. F. Zanine, Sentir e Fazer. Agir, 1995.ISBN: 8522003777.
• SOLOT, D.C. Paulo Mendes da Rocha: estrutura - o êxito da forma. Editora
Viana & Mosley, 2004. 124 p. ISBN: 8588721163.
• TOSCANO, J. W. João Walter Toscano. Editora Unesp, 2002. 186 p. ISBN:
8571394091.
• VASCONCELOS A. C. Estruturas da natureza um estudo da interlace entre
biologia e engenharia. Studio Nobel, São Paulo, 2000. 312 p. ISBN
8585445866.
• VASCONCELOS, A. C. Estruturas Arquitetônica: Apreciação intuitiva das
formas estruturais. Studio Nobel, 1991, 115 p.
• YAZIGI, W. A técnica de edificar. Pini, 2003. 670p. ISBN: 8572661468.
• ZANETTINI, S. Arquitetura, razão, sensibilidade. Editora da USP, 2002. 472p.
ISBN: 853140729x.
• ZANI, A. C. Arquitetura em madeira. Imprensa Oficial SP, 2003. 397p. ISBN:
8570601891.
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Exercícios
Responda as questões discursivas abaixo, sobre o que acabamos de ver:
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AULA 3
SISTEMAS CONSTRUTIVOS
APRESENTAÇÃO DA AULA
Visando atender ao cliente e desenvolver um projeto aplicável, devemos
primeiro buscar os materiais disponíveis no local de aplicação do nosso projeto.
OBJETIVOS DA AULA
Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste módulo, você seja capaz
de:
➢ Compreender que diferentes materiais restringem diferentes sistemas
construtivos;
➢ As vantagens e desvantagens dos diferentes sistemas construtivos.
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Olá aluno!
Tendo contextualizado os principais materiais de construção
disponíveis atualmente, nesta aula trataremos dos principais
sistemas de construção que vigoram em nosso país. Boa aula!
61
Figura 68 - Edifício em Concreto Armado moldado in loco
Há diversos tipos de lajes moldadas in loco, sendo a mais comum a laje maciça, que
é a forma tradicional de uma placa apoiada sobre vigas, conforme demonstra a Figura
69; a laje lisa, quando o elemento de placa se apoia diretamente sobre os pilares, sem
o uso de vigas no interior da edificação; e nervurada, com uma malha quadriculada
de vigas. Estes elementos serão melhor detalhados na próxima aula.
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Este sistema construtivo é o mais utilizado em países em desenvolvimento devido ao
fato de que dispensa a necessidade de mão de obra qualificada e especializada.
Porém este método consome maior tempo para sua execução e gera uma alta
quantidade de resíduos.
Este método executivo apresenta algumas vantagens como tolerar grandes vãos
(posteriormente definiremos vãos como a distância entre cada pilar), possuir grande
disponibilidade de mão de obra e materiais, sem distinção da região do país, e
propiciar futuras reformas e mudanças no projeto. Como desvantagens, observamos
seu maior custo, quando comparado à métodos construtivos semelhantes.
O termo ‘in loco’, que significa ‘no local’, é dado a este sistema uma vez que o concreto
armado é fabricado no local, com necessidade de montagem de fôrmas, geralmente
de madeira ou aço, para trabalharem como moldes dos elementos estruturais. Após,
insere-se a armadura de aço na fôrma e assim o concreto é preparado e lançado nos
moldes. Até que sua resistência mínima seja obtida, estas fôrmas devem ficar
escoradas, conforme demonstra a Figura 70.
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comerciais pré-determinadas, seu uso é recorrente na construção de galpões,
indústrias e edificações de serviços, como shoppings e escolas.
64
O projeto de alvenaria estrutural deve ser muito bem detalhado e estar
compatibilizados com os projetos elétrico e hidrossanitário. As dimensões dos
cômodos internos da edificação devem respeitar a modulação do bloco que será
utilizado, para que não haja quebra de blocos.
Desta forma, traz habitualmente maior economia aos construtores, por minimizar o
desperdício de materiais.
Deve-se atentar que todas as paredes devem estar alinhadas, do térreo ao último
pavimento. Sendo assim, esta solução construtiva limita criativamente o projetista,
devendo o arquiteto estar atento a isso.
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O sistema construtivo em estrutura metálica é executado em elementos estruturais
pré-fabricados em indústrias siderúrgicas, denominados perfis, compostos
exclusivamente por metais, principalmente de aço. Um edifício em construção através
deste método construtivo pode ser observado pela Figura 73.
Os perfis são conectados uns aos outros através de ligações, e nestas serão utilizados
solda ou parafusos, como exemplificado pela Figura 74. Diferentemente do concreto
armado moldado in loco, as vigas e pilares metálicos não necessitam de
escoramentos por longos períodos, mas é sempre recomendado estabilizar as peças
até que fiquem adequadamente ligadas e em suas posições definitivas, através de
equipamentos de içamento como gruas. Neste momento devemos perceber que para
a construção através deste método, não apenas a mão de obra especializada é
necessária, mas também disponibilidade de equipamentos e ferramentas específicas
também.
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Figura 74 - Conexão entre peças metálicos por parafusos
Não se deve confundir uma estrutura metálica com barras de aço utilizadas em
estruturas de concreto armado, pois possuem propriedades e comportamentos
distintos.
O steel frame, que é exemplificado pela Figura 75, possui estrutura formada por perfis
de aço galvanizado e seu fechamento é feito por meio de placas cimentícias, de
madeira ou mesmo dry-wall. A principal diferença deste método para os outros
sistemas é a limpeza do canteiro de obras, pois a geração de resíduos é mínima e
não há necessidade do uso de água para fabricação dos elementos construtivos.
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Figura 75 - Casa em Steel Frame
68
Conforme acontece com o steel frame, o wood frame também permite um canteiro de
obras organizado e limpo, pois trabalha como construção racionalizada, reduzindo a
geração de resíduos. Possui menor impacto ambiental dentre os métodos construtivos
vigentes, uma vez que utiliza a única matéria prima renovável da construção civil, a
madeira de reflorestamento, sem abrir mão do baixo custo final.
Atualmente voltando a ser muito utilizada, principalmente pela grande velocidade que
impõe a obra, as paredes de concreto consistem em um sistema construtivo em
paredes estruturais maciças de concreto armado, moldadas através de fôrmas de
madeira ou metálica, como demonstrada pela Figura 77. Mesmo possuindo baixo
isolamento acústico e térmico, possuem alta resistência ao fogo.
Por toda parede possuir também função estrutural, este método é limitado quanto a
reformas e demolições.
Sua principal vantagem é a rápida construção, já que o container tem sua estrutura
pré-fabricada, com consequente, fácil instalação, transporte e manutenção.
Devido tanto à sua origem para transporte em navios, os containers têm estruturas
sólidas e resistentes às ações do tempo, quanto à sua linguagem ecológica, que cativa
os jovens projetistas, este método construtivo possibilita criar modelos arquitetônicos
modernos e atuais em aço
Para encontrar o melhor e mais adequado sistema construtivo para cada edificação,
deve-se analisar o desempenho de cada um, a mão de obra disponível na região, a
durabilidade, a disponibilidade de material e a função da construção.
71
Resumo
Nesta aula aprendemos que, utilizando-se os diferentes materiais
de construção, vistos na aula anterior, podemos construir de
diversas formas, ou seja, em diversos sistemas construtivos.
72
Complementar
Vamos entender melhor do que se trata uma construção racionalizada?
https://www.abcp.org.br/cms/imprensa/noticias/sistemas-construtivos-
racionalizados-permitem-obras-mais-rapidas-e-eficientes/
http://www.metalica.com.br/pg_dinamica/bin/pg_dinamica.php?id_pag=1519
http://www.cimentoitambe.com.br/industrializacao-dos-sistemas-construtivos/
http://contrateumarquiteto.blogspot.com/2009/06/um-pouco-sobre-construcao-
racionalizada.html
73
Referências Bibliográficas
74
• NIEMEYER, CORBUSIER, TANGI e outros. Exemplos de arquitetura.
Coleção Enciclopédica da Construção. Hemus. 500p. ISBN: 8528902587.
• OTTO, F. Tensile structures: design, structure and calculation.
• RAMALHO, M. A. e CORRÊA M. R. S. Projeto de edifícios de alvenaria
estrutural. Pini, 2003. 188p. ISBN: 8572661476.
• REBELLO Y. C. P. A concepção estrutural e a arquitetura. Editora Zigurate,
2000. 271 p. ISBN: 8585570032.
• RICHARD, W. Materials, form and arquitecture. Editora Laurence King, 2003.
240p. ISBN: 1856692957.
• SCHROEDER, R. Novas tecnologias Egc arquitetura. Ateliê, 2003. 44p. ISBN:
8574802204.
• SILVA, G. G. Arquitetura do ferro no Brasil. Nobel, 1987. 248p. ISBN:
8521304641.
• SILVA, S. F. Zanine, Sentir e Fazer. Agir, 1995.ISBN: 8522003777.
• SOLOT, D.C. Paulo Mendes da Rocha: estrutura - o êxito da forma. Editora
Viana & Mosley, 2004. 124 p. ISBN: 8588721163.
• TOSCANO, J. W. João Walter Toscano. Editora Unesp, 2002. 186 p. ISBN:
8571394091.
• VASCONCELOS A. C. Estruturas da natureza um estudo da interlace entre
biologia e engenharia. Studio Nobel, São Paulo, 2000. 312 p. ISBN
8585445866.
• VASCONCELOS, A. C. Estruturas Arquitetônica: Apreciação intuitiva das
formas estruturais. Studio Nobel, 1991, 115 p.
• YAZIGI, W. A técnica de edificar. Pini, 2003. 670p. ISBN: 8572661468.
• ZANETTINI, S. Arquitetura, razão, sensibilidade. Editora da USP, 2002. 472p.
ISBN: 853140729x.
• ZANI, A. C. Arquitetura em madeira. Imprensa Oficial SP, 2003. 397p. ISBN:
8570601891.
•
• PEREIRA, Caio. Principais tipos de sistemas construtivos utilizados na
construção civil. Escola Engenharia, 2018. Disponível em:
https://www.escolaengenharia.com.br/tipos-de-sistemas-construtivos/. Acesso
em: 14 de janeiro de 2019.
•
75
Exercícios
Responda as questões discursivas abaixo, sobre o que acabamos de ver:
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77
AULA 4
SISTEMAS ESTRUTURAIS – PARTE I
APRESENTAÇÃO DA AULA
Nesta aula aprenderemos sobre os diferentes sistemas estruturais, sendo
estes os pórticos, membranas, cascas, lâminas, folhas, cúpulas, entre outros, afim de
compreendermos a física por trás destes princípios.
OBJETIVOS DA AULA
Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste módulo, você seja capaz
de:
➢ Compreender os diferentes sistemas estruturais existentes e suas
aplicações;
➢ Detalhar os elementos estruturais necessários para estabilização da
estrutura de uma edificação.
78
Olá alunos (a) !
Os sistemas estruturais possuem diferentes elementos constituintes.
Nesta aula, aprenderemos quais são estes elementos, nos
propiciando avançarmos em nossa disciplina, e entendermos como
os elementos funcionam e reagem as forças a eles impostas.
Devido a extensão deste tema, iremos dividir nossa narrativa em duas aulas. Para
iniciar esta aula, levantemos um questionamento:
Quando se aplica apenas uma força, o cabo modifica seu formato para o funicular,
conforme podemos visualizar pela Figura 82.
80
Figura 82 - O caminho que as forças percorrem ao longo do cabo até chegarem aos seus apoios é o
formato funicular
Figura 83 - A ponte pênsil utiliza o sistema de cabos, devido sua grande resistência à tração, como
veremos nos próximos capítulos
Tão intuitivo quanto, o uso de tábuas de madeira, lascas de pedra e toras, cumpriam
o papel de cobertura plana, como elemento único, em formato de placa, conhecido
tecnicamente como ‘lâmina’.
Este formato é identificado como um elemento em que uma das suas dimensões,
denominada espessura, é muito menor do que as outras duas, que serão sua base,
como podemos observar pela Figura 84. Esta espessura é a principal responsável
pela resistência da peça.
81
Figura 84 – Elemento em formato de Placa ou Lâmina
82
Figura 86 - A rodoviária de Itaperuna possui cobertura em folha, favorecendo o escoamento da água e
aumentando sua resistência
O arco pode ser pleno, quando for um semicírculo perfeito, ou seja, quando possuir
altura idêntica à metade do vão livre ou também pode ser executado como arco
abatido, quando possuir altura inferior à metade do vão livre. Estes conceitos voltarão
a ser pauta de nossos estudos quando alcançarmos as próximas aulas.
83
Porém, algumas consequências indesejáveis apresentaram-se durante o uso do arco
como sistema construtivo, como o elevado consumo de material, que demandava um
assentamento artesanal, bloco a bloco.
O elevado peso de material sobre a estrutura das paredes, uma vez que eram
utilizados blocos de rocha ou de argila e cal e necessidade de escoramento de toda a
cobertura, até que todo teto estivesse concluído tornavam a execução por este
método onerosa.
Para dar a forma final de arco, cada elemento, chamado de aduela, era talhado em
formato trapezoidal, que impedia que o bloco deslizasse devido a seu peso, como
podemos visualizar pela Figura 89.
84
Figura 89 - Modelo de arco pleno, com formato semicircular
85
Quando esta casca é executada com material flexível, que só trabalhe estirado,
ou seja, esticado ou tracionado, receberá o nome de membrana, como exemplificado
pela ilustração da Figura 91.
86
A necessidade de uma cobertura que resistisse às intempéries da natureza, como o
calor, vento, chuva e neve, evitando, inclusive, o acúmulo de resíduos sobre ela,
através da utilização de uma superfície inclinada, aumentando sua estanqueidade,
ficou conhecida como telhado e foi amplamente reproduzida por diversas civilizações.
Para obter o desejado formato de dois planos inclinados, as barras são conectadas
em formato triangular. Aumentar a estabilidade do sistema, cada barra externa é
contraventada, ou seja, interligada por barras intermediárias. Esta estrutura possui
grande resistência e rigidez, desde que todas os pesos de telhas e outros elementos
estejam aplicados apenas nas conexões entre barras, conhecidas como nós. Este
mecanismo está simplificado pela Figura 94.
Figura 97 - É sob a laje que a habitação propicia sua principal função, fornece abrigo e proteção.
Deve ser implantada uma laje, conforme a altura prevista em projeto para cada
pavimento. Mas para que esta permaneça na posição desejada, deverá estar apoiada
por suportes, que inicialmente, eram utilizadas as próprias alvenarias, funcionando,
portanto, como alvenarias estruturais, como exemplificado pela Figura 98.
Devido ao seu peso distribuído, as alvenarias tinham apenas sua base reforçada com
entulho, pedras, concreto ou outros tijolos, através da técnica conhecida como
baldrame ou eram simplesmente apoiadas sobre uma placa de concreto armado,
denominada radier, como podemos observar pela Figura 99.
89
Figura 99 - Placa de concreto servindo como base para construção de uma edificação
Porém, logo foi percebido que quanto maior o ambiente interno a ser coberto pela laje,
ou seja, quanto maior era a distância entre os suportes da laje, maior a espessura de
laje necessária, para que esta se mantivesse estável e segura para um próximo
pavimento acima ser utilizado, até tal ponto que o sistema já não suportava seu próprio
peso e ruía.
Portanto, esta solução ficou restrita às edículas e casas de pequeno porte, sendo
composta majoritariamente pelas casas unifamiliares, feitas apenas alvenaria de
tijolos cerâmicos comuns, com a laje apoiada diretamente sobre estes.
90
Estes elementos deveriam possibilitar que todas demais alvenarias fossem
unicamente de vedação, podendo, assim, serem modificadas sem maiores prejuízos.
Logo, demandou-se elementos horizontais em formato de barras para a sustentação
das lajes, em substituição às paredes de alvenaria. Estes elementos ficaram
conhecidos como vigas e podem ser visualizados pela Figura 100.
Figura 100 - Vigas de concreto permitem apoiar a laje sem a necessidade de alvenarias embaixo
Quando são utilizadas vigas pré-moldadas, outros formatos, mais eficientes, são
preferíveis, como os demonstrados pela Figura 101. O grande empecilho da utilização
em pequenas obras é a necessidade de padronização do tamanho de cada elemento,
dificultando a aplicabilidade dos projetos, bem como a logística de transporte e
entrega das vigas no local da obra, uma vez que são transportadas inteiriças. Imagine
a entrega de oito vigas de 10 metros de comprimento, cada, no centro histórico de
Ouro Preto, MG. Inviável, uma vez que a largura das ruas impediria qualquer veículo
de acessar o local da obra, tendo em vista as manobras necessárias.
91
Figura 101 - Vigas pré-moldadas propiciam a utilização de formatos mais eficientes que o retangular
Desta forma, afim de sustentar estas vigas e mantê-las estáveis em suas posições, a
utilização de elementos em barras verticais, conforme demonstrado pela Figura 102,
denominados pilares, se fizeram necessário para apoiá-las.
Figura 102 - Elementos de barra verticais que suportam vigas e/ou lajes são chamados de pilares
92
Neste momento, pode-se diferenciar os elementos chamados de pilares para os
elementos que recebem o nome coloquial de ‘coluna’. Pilar é o elemento em barra que
possui como única função transmitir verticalmente o peso do edifício. Possui, portanto,
com objetivo exclusivamente estrutural, porém, em circunstâncias específicas, pode
contem também uma função estética, porém secundária.
Figura 103 - As colunas dos templos gregos possuíam função concomitante de sustentar a cobertura e
produzir ornamento estético
Com certeza você já ouviu estes dois termos, pilar e coluna, mas uma terceira palavra,
às vezes é escutada no canteiro de obras: a pilastra. Mas o que seria este elemento?
Percebeu-se que os pilares em contato com o solo, muita das vezes cravava a terra
em que estavam apoiados, com um movimento análogo ao de uma faca entrando no
solo, devido à grande carga que concentravam e a pequena área de contato destes
com solo. Para evitar este problema, ampliou-se a base dos pilares, aumentando seus
pés, através de elementos de blocos e compondo as fundações.
94
Figura 105 - Estruturas em pórtico possuem elevada rigidez e propiciam a demolição e construção de
alvenaria sem impactar na estabilidade da construção
95
/
Resumo
Nesta aula, compreendemos os diferentes sistemas estruturais por
trás da construção das edificações.
96
Complementar
Geometria dos elementos estruturais: Uma chave para a compreensão do
comportamento estrutural
http://wwwo.metalica.com.br/geometria-dos-elementos-estruturais
Elementos Estruturais
http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/concreto1/Elem.%20Estrut.pdf
97
Referências Bibliográficas
98
Exercícios
De posse de uma folha de papel A4, estique seus braços para frente, afastados
cerca de um palmo (23 cm) e apoie a folha sobre eles, como estivesse fazendo
uma ponte, de modo que o papel esteja na posição horizontal (paisagem) para
você.
Perceba que logo após soltar a folha, ela se torna instável, não suporta seu
próprio peso, e vai ao chão.
Note que desta vez a folha se manteve em sua posição. Apenas aumentando
a altura útil do elemento, sem adicionar ou retirar massa, houve um ganho
exponencial de resistência. Ao longo das próximas aulas iremos entender como
isto funciona.
99
Agora vamos treinar nossa percepção e análise crítica, classificando as imagens de
acordo com seu sistema estrutural
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100
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101
AULA 5
SISTEMAS ESTRUTURAIS – PARTE II
APRESENTAÇÃO DA AULA
Tendo compreendido com o que construir, que foram os materiais de
construção e como construir, onde estudamos os sistemas construtivos, na última aula
compreendemos os diferentes modelos de estruturas, visando a estabilidade da
construção pretendida.
Boa aula!
.
OBJETIVOS DA AULA
Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste módulo, você seja capaz
de:
➢ Compreender os diferentes sistemas estruturais existentes e suas
aplicações;
➢ Detalhar os elementos estruturais necessários para estabilização da
estrutura de uma edificação.
102
Olá aluno!
Retornando ao estudo do sistema estrutural em pórtico
interrompemos a aula passada discutindo a dissipação das cargas
dos pilares no solo através de mecanismos chamados de fundação.
Inicialmente estas fundações eram executadas nas camadas superficiais do solo, com
até dois metros de profundidade, através de escavação manual, mediante a execução
dos blocos, sendo conhecido como fundação rasa.
103
Figura 108 - Perfil esquemático do solo
Existem diversos tipos de fundações profundas, com cada região adotando a mais
aplicável a seu solo, porém as principais são as estacas, e estas se dividirão também
em duas classes, assim como os demais elementos de concreto, sendo moldadas in
loco ou pré moldadas.
Para as moldadas na própria obra, as mais usuais são a própria estaca escavada
mecanicamente, a hélice contínua, demonstrada pela Figura 109 e os tubulões
(escavados à mão).
104
Figura 109 - Esquema de execução de Estaca Hélice Contínua
Figura 110 - Estacas metálicas são majoritariamente perfis robustos de aço. Em alguns casos de menor
porte, trilhos de trem em desuso podem ser reaproveitados
105
O bloco pode conter uma ou mais estacas por pilar, uma vez que, quando o peso
transferido do pilar para o solo é relevante, é possível que apenas uma estaca por
pilar não seja suficiente para sua estabilidade, como podemos observar pela Figura
111.
106
Figura 112 - No sistema estrutural em pórtico predomina o aparecimento da tríade laje-viga-pilar
Do primeiro grupo, das moldadas no local da obra, a mais recorrente em nosso país
é a laje maciça, que é o método tradicional de um elemento de placa apoiado sobre
vigas, conforme demonstra a ilustração Figura 113.
107
Figura 113 - Laje maciça é o sistema estrutural mais utilizado no Brasil por dispensar o uso de mão de
obra especializada
Na construção deste tipo de laje, primeiro prepara-se os moldes de fundo e lateral das
vigas e laje, podendo estar apoiada por vigas em qualquer dos quatro lados. Após
instala-se a armadura de aço na viga e nas lajes, e lança-se o concreto, conforme
observamos pela Figura 114.
Neste modelo estrutural, as vigas podem se apoiar diretamente em pilares ou, quando
dimensionadas para tal, apoiar-se em outras vigas, como sugerido pela Figura 115.
108
Figura 115 - Modelo Esquemático representando vigas apoiadas em pilares e em outras vigas
Importante neste momento preservar que todas as barras de aço estejam cobertas de
concreto com uma espessura mínima, geralmente de 2 a 3 centímetros, denominado
cobrimento, afim de se evitar a corrosão das barras, de acordo com o que podemos
perceber através da Figura 116.
Figura 116 - Patologias no concreto armado devido ao pequeno cobrimento, que acarretou a corrosão do
aço e consequente desplacamento do concreto
109
Quando desejamos suprimir a utilização de vigas internas, devido à limitação do pé
direito de projeto, ou visando a facilidade construtiva, adota-se o sistema estrutural de
placa, conforme observado pela Figura 117.
Figura 117 - Sistema Estrutural em Placa, os pilares sustentam a laje, e tem o benefício da padronização
da altura de fôrma e escoramento
O primeiro tipo que veremos deste sistema é a solução em laje lisa, que permite o
apoio da laje diretamente sobre os pilares, como demonstrado pela Figura 118. É
utilizada em construções horizontais, geralmente para lajes de maior porte, uma vez
que facilitam as instalações elétricas, hidráulicas e sanitárias.
Figura 118 - O sistema de laje lisa dispensa o uso de vigas, porém aumenta o consumo de concreto e aço
na edificação
110
exclusivamente pela laje, fazendo com que esta possua espessuras maiores que as
lajes maciças, aumentando consideravelmente o consumo de concreto e aço na obra.
As lajes lisas, quando bem empregadas, possuem grande apelo arquitetônico, pois
permitem a utilização do concreto aparente, tornando desnecessária a utilização de
forros, como podemos perceber pela Figura 119.
Figura 119 - A diferença entre colunas e pilares está em sua função estética
Deve se atentar para não exceder o peso máximo projetado para esta laje, pois
quando optarmos por este sistema, uma vez que o elemento de placa se apoia
diretamente sobre os pilares, surge uma tendência de rasgamento da laje ao redor do
pilar, chamada de punção, conforme pode ser percebido pela Figura 120.
Figura 120 - O efeito de punção é a tendência de rasgamento da laje junto ao pilar pelo excesso de cargas
verticais
111
Para evitar este efeito, reforços podem ser colocados próximos aos pilares da
edificação, como a execução de blocos no encontro do pilar com a laje, chamados de
capitel, conforme demonstrado pela Figura 121.
Figura 121 - O capitel trabalha para distribuir as cargas da laje no pilar, evitando o aparecimento de
punção
É o mesmo efeito de pressionarmos uma caneta contra uma folha de papel esticada
no ar. Até certa intensidade de aplicação de força com a ponta da caneta, a folha de
papel apenas se curva, mas enquanto aumentarmos a força, em um determinado
momento a ponta da caneta furará a folha, que consequentemente inicia seu processo
de rasgamento. A Figura 122 ilustra melhor a diferença entre lajes lisas e lajes
cogumelos.
112
Figura 122 - A principal diferença entre lajes lisas e cogumelos está na junção da laje com o pilar
Figura 123 - Com o mesmo propósito de dissipar as cargas laje nos pilares e evitar a punção, no método
construtivo de lajes nervuradas é comum o uso de capitéis
Perceba que neste sistema construtivo, as vigotas não possuem fôrmas preparadas
individualmente, como as lajes maciças. Elas se formam devido ao preenchimento de
113
concreto entre os espaços de bacias posicionadas sobre um tabuleiro, como podemos
observar através da Figura 124.
Figura 124 - Lajes nervuradas são moldadas em função do tamanho de suas cubas
Esta laje possui a armadura de aço em forma de uma treliça triangular espacial, e a
peça é pré-concretada até a altura suficiente para que suporte seu peso-próprio,
deixando exposta boa parte desta treliça, viabilizando seu transporte e manuseio,
devido à redução do peso.
Estas vigotas são posicionadas acima das vigas ou mesmo paredes de alvenaria,
sempre transversais à menor dimensão do cômodo, com um afastamento entre elas
que varia de 25cm a 125 cm. Para preencher o espaço entre estas vigotas, é comum
a utilização de tijolos cerâmicos ou blocos de isopor, conforme pode ser observado
pela Figura 125,
114
Figura 125 - As lajes pré-moldadas em treliça dão agilidade e velocidade a obra
Existem também as lajes pré-moldadas em forma de vigota “T”, onde as nervuras são
pré-fabricadas com aço protendido, ou seja, aço que foi esticado durante o processo
de cura do concreto, potencializando sua resistência e são posicionadas da mesma
forma que as vigas treliçadas, como exposto pela Figura 126
115
Assim encerramos os principais sistemas estruturais! Vamos revisar o que vimos até
agora? Iniciamos nosso curso discutindo a evolução das edificações ao longo da
história, e chegamos aos dias de hoje apresentando o cenário em que o aluno se
encontra para projetar. Para isto, apresentamos os materiais de construção
disponíveis e os métodos usuais de se construir com eles.
Nesta aula, compreendemos os diferentes sistemas estruturais por trás dos modelos
construtivos. O sistema estrutural é a metodologia de sustentação da edificação,
enquanto o sistema construtivo trata-se da forma de se edificar a modelagem
proposta.
116
/
Resumo
Nesta aula abordamos as fundações dos elementos estruturais
aporticados, bem como suas mais principais lajes, como maciça, lisa, cogumelo,
nervurada e pré-moldada.
117
Complementar
Sistemas Estruturais e concepção arquitetônica
http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=7&Cod=729
Sempre bom recomendar, este livro já esteve presente em algumas outras aulas:
https://www.ebah.com.br/content/ABAAAfEY0AH/apostila-sistemas-estruturais
Tipos de Estruturas
https://profmarcopadua.net/estruturas.pdf
118
Referências Bibliográficas
119
• NIEMEYER, CORBUSIER, TANGI e outros. Exemplos de arquitetura.
Coleção Enciclopédica da Construção. Hemus. 500p. ISBN: 8528902587.
• OTTO, F. Tensile structures: design, structure and calculation.
• RAMALHO, M. A. e CORRÊA M. R. S. Projeto de edifícios de alvenaria
estrutural. Pini, 2003. 188p. ISBN: 8572661476.
• REBELLO Y. C. P. A concepção estrutural e a arquitetura. Editora Zigurate,
2000. 271 p. ISBN: 8585570032.
• RICHARD, W. Materials, form and arquitecture. Editora Laurence King, 2003.
240p. ISBN: 1856692957.
• SCHROEDER, R. Novas tecnologias Egc arquitetura. Ateliê, 2003. 44p. ISBN:
8574802204.
• SILVA, G. G. Arquitetura do ferro no Brasil. Nobel, 1987. 248p. ISBN:
8521304641.
• SILVA, S. F. Zanine, Sentir e Fazer. Agir, 1995.ISBN: 8522003777.
• SOLOT, D.C. Paulo Mendes da Rocha: estrutura - o êxito da forma. Editora
Viana & Mosley, 2004. 124 p. ISBN: 8588721163.
• TOSCANO, J. W. João Walter Toscano. Editora Unesp, 2002. 186 p. ISBN:
8571394091.
• VASCONCELOS A. C. Estruturas da natureza um estudo da interlace entre
biologia e engenharia. Studio Nobel, São Paulo, 2000. 312 p. ISBN
8585445866.
• VASCONCELOS, A. C. Estruturas Arquitetônica: Apreciação intuitiva das
formas estruturais. Studio Nobel, 1991, 115 p.
• YAZIGI, W. A técnica de edificar. Pini, 2003. 670p. ISBN: 8572661468.
• ZANETTINI, S. Arquitetura, razão, sensibilidade. Editora da USP, 2002. 472p.
ISBN: 853140729x.
• ZANI, A. C. Arquitetura em madeira. Imprensa Oficial SP, 2003. 397p. ISBN:
8570601891.
• PEREIRA, Caio. Fundações Rasas ou Superficiais. Escola Engenharia, 2017.
Disponível em: https://www.escolaengenharia.com.br/fundacoes-rasas/.
Acesso em: 17 de janeiro de 2019.
120
Exercícios
Para esta aula, visando concluir esta primeira etapa de estudos, teremos um exercício
diferente.
Faça uma pesquisa e descubra qual foi a primeira edificação no Brasil a ser construída
com cada modelo estrutural indicado abaixo, evidenciando a data do término da
construção, quantos andares possuía o edifício e qual foi o principal material de
construção utilizado.
Após, faça uma pesquisa semelhante e descubra, agora, qual foi a primeira edificação
no mundo a ser construída com cada modelo estrutural indicado, evidenciando a data
do término da construção, o país de origem, quantos andares possuía o edifício, e
também qual foi o principal material de construção utilizado.
Sistemas Estruturais:
Pórtico com Laje Maciça
Pórtico com Laje Lisa
Membrana
Cúpula
Bom trabalho!
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
121
122
AULA 6
CONCEITOS FÍSICOS
APRESENTAÇÃO DA AULA
OBJETIVOS DA AULA
Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste módulo, você seja capaz
de:
➢ Compreender quais a quais ações uma edificação está imposta;
➢ Entender o conceito de massa, força e gravidade sobre os elementos
construtivos.
123
Olá aluno!
Nas primeiras aulas definimos o conceito de edificações, e
delineamos que o termo ‘estrutura’ é conceituado como o conjunto
ou sistema composto de diversos elementos que se relacionam
para desempenhar a função específica de sustentação e
estabilidade à construção.
É intuitivo perceber que para uma estrutura estar estável, esta deve estar em
equilíbrio, ou seja, todas as ações a qual a edificação está imposta não devem
ocasionar movimentação da construção.
Mas que ações são estas que podem agir em uma edificação?
Através de uma análise técnica, podemos conceituar a ação como toda modificação
externa aplicada à edificação que gera o surgimento de uma força e que
consequentemente, tende a tirar a estrutura de sua estabilidade (inércia). Um homem
ao tentar mover uma rocha, aplica a ela uma ação, conforme ilustrado pela Figura 127.
Figura 127 - Representação de um homem tentando tirar uma pedra de sua inércia
124
Conforme visto no final da primeira aula, estas ações, tem origens diversas, e serão
tratadas neste capítulo. Iniciaremos com as principais ações a que a edificação está
imposta, especificamente a que representa sua principal função: as cargas.
Antes faremos um pequeno passeio pela física. Todo objeto que possui massa, e no
que tange as edificações, todo objeto possui massa, a ele está atrelada uma tendência
de atrair outros objetos, que também possuam massa, direcionando-os a seu
centroide (centro do objeto), como demonstrado Figura 128.
Figura 128 - Atração exercida por objeto que possui massa, em direção a seu centroide
Sim, isto mesmo que você pensou, por exemplo, a cadeira que você está sentado
exerce uma atração em você, da mesma forma que você exerce uma atração sobre
ela. Porém os objetos de nosso dia a dia possuem massas irrelevantes quando
comparadas a planetas e estrelas, desta forma, não percebemos a ação da gravidade
sobre os pequenos objetos, ou mesmo, outras pessoas.
Já em relação ao planeta que habitamos, que possui massa muito superior à nossa,
somos atraídos continuamente para seu centro, como demonstrado pela Figura 129,
da mesma forma que atraímos o planeta para o centro de nosso corpo. Óbvio que
125
nossa massa, praticamente desprezível, não altera o curso de translação da Terra,
porém sentimos como se uma espécie de imã nos puxasse para baixo.
Figura 129 - O planeta Terra atrai outros objetos que possuem massa para seu centro
Esta experiência é fácil de ser comprovada, apenas soltando qualquer objeto ao ar,
percebemos que este é imediatamente direcionado ao centro do planeta. Como a
superfície terrestre é extremamente ampla com relação ao nosso tamanho, nós,
humanos, como observadores, temos a impressão de que a direção tomada pelo
objeto esteja em um movimento perpendicular ao solo, ou seja, vertical para baixo.
Podemos imaginar este efeito visualizando paraquedistas em queda livre, como
demonstrado Figura 130.
126
Ainda através da mesma experiência, é possível perceber que quanto maior o tempo
de queda deste objeto, maior será a velocidade que este objeto atingirá antes de
alcançar o piso. Portanto, percebemos que a tendência de movimento causada pela
gravidade aumenta à medida que o objeto permanece em queda, aumentando sua
velocidade a cada instante.
É comum quando referirmos à gravidade gerada pelo planeta Terra como apenas
‘gravidade’, uma vez que, para a física das edificações, é a ação de maior relevância,
devido à distância aos demais astros. Assumimos como fixo o valor de
9,81 metros/segundo a cada segundo ou, conforme notação condensada, 9,81 m/s²,
ao nível do mar. Note que a medida que nos afastamos do centro da Terra, como a
região montanhosa mostrada pela Figura 131, a intensidade da gravidade diminui
ligeiramente, porém para fins de cálculo, adotaremos como fixo este valor.
Figura 131 - Pontos mais distantes do centro da terra possuem gravidade menor que locais mais
próximos do nível do mar, porém com variação mínima e quase imperceptível
127
Figura 132 - A gravidade da Lua é a responsável pela variação de marés nos oceanos
Portanto, podemos concluir que todos os elementos do universo estão sujeitos à ação
da gravidade. Este princípio é o que mantém o planeta Terra em órbita com o Sol e
faz com que o cometa Halley passe próximo ao nosso planeta a cada 75 anos, como
pode ser percebido pela Figura 133.
Figura 133 - A grande massa do sol gera um enorme campo gravitacional, que mantém os planetas e
cometas em sua órbita
A todo objeto que possui massa e que sobre ele seja aplicado uma tendência de
movimento, podemos dizer que a ele foi aplicado uma força, como ilustrado pela
Figura 134. Logo, através da segunda lei de Newton, podemos inclusive, formular esta
postulação:
Como a aceleração é uma tendência de movimento, ela possui direção e sentido. Para
facilitar, ‘direção’ é para onde a aceleração está apontando, no caso da gravidade, na
direção vertical, e o ‘sentido’ se é para cima ou para baixo, para frente ou para traz.
Este raciocínio fica mais claro quando pensamos em rodovias, como demonstrado
pela Figura 135. Neste exemplo, podemos dizer que a BR-101 conecta os estados do
sul aos estados do norte do Brasil, esta é sua direção. Porém você pode estar indo
para Florianópolis ou indo para Maceió; este é o sentido.
Neste caso, dizemos que a aceleração é uma grandeza vetorial, vertical e para baixo.
Já massa, é uma propriedade do objeto, e não uma tendência de movimento, portanto,
dizemos ser uma grandeza escalar.
Figura 135 - Direção e sentido sendo apresentados pelo movimento de veículos em uma rodovia
129
Como demonstrar matematicamente, se um objeto está se deslocando no mesmo
sentido que outro? Para isto, um sistema de coordenadas se fez necessário, e um dos
principais matemáticos a concebê-lo foi René Descartes. Neste sistema, batizado
como eixos cartesianos, e exibido pela Figura 136, define-se dois eixos possíveis de
movimento, um horizontal e um vertical. Para deslocamentos verticais ascendentes,
ou seja, para cima, e para movimentos horizontais para a direita, arbitra-se como
positivos. Já para deslocamentos verticais descendentes, ou seja, para baixo, e para
movimentos horizontais para a esquerda, como negativos.
Figura 136 - Eixos cartesianos com valores positivos para cima e direita, e negativos para baixo e esquerda
130
Sendo assim, a força adquire a direção e o sentido dado pela gravidade, concebendo-
se, portanto, também como uma grandeza vetorial. Os objetos que estiverem sobre
sua incidência, assumirão movimento com a mesma direção e sentido, conforme uma
maçã caindo de uma macieira, na célebre cena eternizada por Isaac Newton,
apresentada pela Figura 137.
A diferença entre massa e peso fica mais evidente ilustrando por outra experiência:
segure seu celular sobre a palma de sua mão. Ele deve ter algo entorno de 0,120 kg.
Perceba que o celular exerce uma pressão sobre a palma de sua mão. Essa pressão
é a gravidade da Terra agindo sobre o celular, que é atraído para o chão, porém, como
sua mão está entre ele e o seu destino, é ela quem sofre essa força. Podemos calcular
a intensidade desta força como o produto da massa pela aceleração da gravidade, ou
seja, 0,120 kg x 9,81 m/s², resultando em 1,18 kg m/s².
Note que a unidade de força como kg m/s² é extensa e pouco usual. Desta forma, em
homenagem ao cientista que formatou este raciocínio, Isaac Newton, podemos
substituir esta notação pela unidade Newton (N).
131
Como exemplo, podemos dizer que 7 kg de massa, geram um peso de 7 kgf ou
68,67 N.
Agora se ponha em uma viagem imaginária à superfície lunar, que possui aceleração
da gravidade entorno de 1,6 m/s², cerca de seis vezes menor que a da Terra. E você
não poderia deixar de levar seu celular para tirar fotos deste momento. Ele continua
com os mesmos 0,120 kg de massa. Agora, observando as crateras, faça a mesma
experiência e coloque o celular sobre a palma de sua mão. Você irá notar que a
pressão sobre sua palma é bem menor, e que ao contrário da primeira etapa da
experiência, em solo terrestre, agora na Lua seu celular parece mais leve do que
antes. Assim como astronautas caminhando sobre a superfície lunar, conforme
demonstrado pela Figura 138.
Figura 138 - Astronautas caminhando sobre a superfície lunar possuem peso menor que
quando estão na Terra
Isto se deve à redução da aceleração da gravidade, pois é ela quem aplica a força
sobre a palma de sua mão. Seguindo o mesmo raciocínio, podemos calcular seu peso
como 0,120 kg x 1,6 m/s², resultando em 0,192 N.
Perceba que o celular está apoiado em sua mão, exercendo este peso por toda área
da palma em contato com ele. Quando uma força está sendo aplicada em uma área,
dizemos que esta causa uma pressão sobre esta área. No caso, o celular está
“pressionando” a palma de sua mão para baixo.
Esta pressão é obtida pela formulação deste conceito, de força sobre uma área.
132
𝐹𝑜𝑟ç𝑎
𝑃𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 =
Á𝑟𝑒𝑎
Desta forma, obtemos uma taxa que nos indica o quanto de força está indo para cada
unidade de área em contato com esta força. Isto é tensão e, em alguns casos, recebe
o nome de pressão, como veremos nos próximos capítulos.
Veremos nos próximos capítulos que este mecanismo é utilizado amplamente nas
construções, como o exemplo da Figura 139, dissipar o peso de uma ‘coluna’ no solo,
aumentando seus ‘pés’.
Regressemos à nossa experiência. Você mede seu celular e descobre que este possui
0,07 m de largura por 0,14 m de altura, resultando em uma área de 0,0098 m².
Supondo que todo celular está apoiado sobre o solo da Terra, qual a pressão que ele
estaria causando sobre a superfície?
Lembremos que o peso dele, ainda em solo terrestre, é de 1,18 N. Como a área de
contato é 0,0098 m², podemos calcular 1,18 / 0,0089, resultando em 120,41 N / m².
133
Figura 140 - O celular apoiado no solo exerce uma
pressão, por seu peso estar totalmente apoiado
Desta forma, podemos concluir que, se seu celular possui 120 g de massa, ele terá
1,18 N de peso e se este estiver totalmente apoiado sobre uma superfície, ele
exercerá 120,41 Pa de pressão.
134
Resumo
Nesta aula compreendemos quais a quais ações uma edificação
está imposta e entendemos o conceito de massa, força e
gravidade sobre os elementos construtivos.
135
Complementar
Agora que estamos iniciando os estudos específicos de modelagem de estruturas,
que tal começarmos com uma leitura técnica?
Nossa primeira indicação será do mestre Yopanan Rebello em seu excelente trabalho
intitulado “A Concepção Estrutural e a Arquitetura”, que pode ser obtido através do
link: https://pt.slideshare.net/Lorenarq64/concepoestrutural-e-a-arquitetura-yopanan
Quer entender um pouco mais sobre a variação das marés devido à gravidade da Lua?
O Nexo nos ajuda com um vídeo explicativo: https://www.youtube.com/watch?v=sYss-
N7EnEw
136
Referências Bibliográficas
138
Exercícios
Responda as questões discursivas abaixo, sobre o que acabamos de ver:
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
___________________________________________________________________
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139
140
AULA 7
AÇÕES SOBRE A EDIFICAÇÃO
APRESENTAÇÃO DA AULA
OBJETIVOS DA AULA
Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste módulo, você seja capaz
de:
➢ Classificar uma ação quanto a sua duração e ocorrência;
➢ Entender os impactos das ações sobre a estrutura
➢ Calcular o peso-próprio de um elemento;
➢
141
Olá aluno!
Continuando nosso passeio pela física, faremos uma última
reflexão. Quando uma força está aplicada sobre um único ponto,
dizemos que se trata, consequentemente, de uma carga pontual.
Porém quando esta força estiver aplicada sobre uma área,
dizemos que se trata de uma força distribuída ou de superfície,
como exemplificado pela Figura 141.
Cargas distribuídas de superfície são fáceis de perceber, como o celular sobre nossa
mão, o revestimento cerâmico sobre a laje de piso de um apartamento, conforme
exemplificado pela Figura 142, ou mesmo a água sobre o fundo da piscina.
142
Mas paremos para pensar, que tipo de força é esta, a pontual? Como se aplica uma
força sobre um ponto? E afinal, o que é um ponto?
Figura 144 - Por mais afiado que esteja, a ponta de um lápis ainda sim possui uma superfície de contato,
e não um único ponto
143
Se a força que estamos exercendo ao lápis está sendo aplicada por sua ponta, que
possui, então, uma área, podemos então, conforme a definição acima estabelecida,
perceber que se trata de uma força de superfície.
Desta forma, quando a área de contato entre a força e sua superfície for muito menor
a magnitude desta força, adotaremos esta aproximação e consideraremos como carga
pontual, como acontece em uma ponte de treliça, conforme o exemplo Figura 145
Alguns exemplos de cargas pontuais que podemos encontrar nas estruturas são as
cargas nos pilares, o peso de um cofre sobre um piso, os pés da cadeira sobre o chão
e um lustre preso ao teto, como demonstrado pela Figura 146.
144
Figura 146 - Um lustre no teto é um exemplo de carga pontual
Agora pense em um muro externo, feito de pedras, em uma propriedade rural, apoiado
diretamente sobre o solo, como o da Figura 147. Por mais que o muro tenha uma
espessura (largura) relevante, seu comprimento é muito superior.
145
Figura 148 - Cargas Lineares
Encerrado nosso passeio, voltemos agora ao tema principal de nossa aula, a análise
das ações que incidem sobre a edificação. Toda construção é realizada através da
composição de materiais de construção, manejados e transformados por profissionais,
como demonstrado pela Figura 150. Como todo objeto físico, estes materiais possuem
massa, e, portanto, encontram-se sujeitos à ação da gravidade, gerando,
consequentemente, uma força aplicada verticalmente para baixo causada por seu
próprio peso. A esta força denomina-se peso-próprio dos materiais e são uma
propriedade invariável.
146
Figura 150 - A junção de diversos materiais de construção, manejados por profissionais competentes,
dão origem ao edifício
𝑚
𝜌=
𝑉
𝑉 =𝑥∗𝑦∗𝑧
𝑃
𝛾=
𝑉
𝑃 = 𝛾∗𝑉
Note que, ao executarmos o produto do peso específico pelo volume da peça, iremos
obter a força peso pontual, localizada no centro de massa da peça.
Seja uma barra de concreto armado, que possui 2.500 kg/m³ de massa
específica, com as dimensões 15cm de espessura, 50cm de altura e 4,00 m de
comprimento.
Para calcularmos sua massa, primeiro devemos obter o volume da peça, neste
caso:
V = 0,15m * 0,50m * 4,00m = 0,30 m³
149
Em física, o centro de massas é o ponto hipotético onde toda a massa de um sistema
físico está concentrada e que se move como se todas as forças externas estivessem
sendo aplicadas nesse ponto.
Se o sistema for constituído por um corpo, o centro de massas pode ser considerado
como o ponto onde aplicada uma força o corpo se move sem rotacionar. O centro de
gravidade de algumas figuras geométricas pode ser observado pela Figura 152.
Veremos nas próximas aulas que este conceito será replicado para todas as cargas
distribuídas, onde, poderemos substituí-las por cargas pontuais localizadas no centro
da aplicação da carga distribuída.
150
Tabela 1 - Peso específico dos materiais de construção
Portanto, para obter-se o peso de uma edificação, cada elemento deve ter seu
respectivo peso calculado, como ilustrado pela Figura 153.
151
Figura 153 - O peso de uma edificação é acumulativo, ficando os elementos
inferiores sujeitos à um maior carregamento
Figura 154 - Mobília e a ocupação de pessoas são cargas acidentais, por serem variáveis e temporárias
Novamente, força sobre uma área, sendo tratada, portanto, como uma carga
distribuída. A intensidade dessa força também está parametrizada pela NBR 6120
pela função de cada ambiente. Como exemplo, para quartos e salas, é prevista uma
152
carga 1.500 N/m² e para banheiros, 2.000 N/m². As garagens, estacionamentos,
depósitos e bibliotecas, por possuírem veículos e equipamentos de elevado peso
concentrado, devem receber atenção especial na obtenção de seu carregamento.
Perceba que para forças é comum representar a palavra “mil” pela letra “k”. Desta
forma, a carga anterior para banheiros, de 2.000 N/m², pode ser reescrita como
2 x 1000 x N/m², ou simplesmente 2 kN/m².
Figura 155 - Móveis pesados como pianos de cauda devem ser levados em conta na concepção da
estrutura.
Análogo aos pesos específicos de materiais de construção, a NBR 6120 também nos
disponibiliza as cargas acidentais de ocupação para os diversos tipos de edificações,
classificação por função ou cômodo, conforme pode ser percebido pela Tabela 2.
153
Tabela 2 - Valores mínimos das cargas verticais
Outras ações impactam em nossa edificação, como os raios solares, que durante o
dia, atingem as faces externas da construção, aquecendo as paredes e estruturas,
ocasionando sua dilatação térmica, ou seja, fazendo com que estes elementos
aumentem de tamanho apenas na parte voltada para o sol. Tal ação causa
deformações na edificação, e sua estrutura deve estar preparada para suportá-la.
Quando não são previstas, podem ocorrer doenças na edificação, que aqui serão
tratadas como patologias, como por exemplo, o desplacamento de pastilhas
cerâmicas de uma fachada, como ocorre na Figura 156.
154
Figura 156 - Desplacamento de pastilhas cerâmicas devido a dilatação térmica não prevista considerada
no edifício
Figura 157 - Destelhamento de Galpão devido ao vento excessivo não considerado em projeto
A chuva, a alta umidade e eventual contato com elementos químicos devem ser
previstos uma vez que degradam os materiais de construção utilizados, possibilitando
a corrosão do aço, a perda de cálcio do concreto ou mesmo o apodrecimento da
madeira, reduzindo, assim, a vida útil da construção. Outras ações específicas que
devem ser observadas é a presença de chuva ácida, ou a forte incidência de areia,
poeira e insetos, que, lentamente, irão deteriorar a estrutura, reduzindo também sua
durabilidade.
Outras ações podem não trazer riscos à segurança de seus ocupantes, porém
poderão acarretar em desconforto aos seus usuários, como frestas e imperfeições que
permitam a passagem de luz ou mesmo materiais de construção que permitam a
passagem de ruído externo.
156
Por último, as cargas conhecidas como excepcionais, ou seja, que por mais que não
ocorram com frequência, a edificação está sujeita a sua ocorrência, como furacões,
terremotos ou tsunamis. Um exemplo é um farol militar de uma ilha no meio do oceano
atlântico. Este deve resistir, além das cargas tradicionais, à um eventual maremoto,
diferente de uma edificação continental. Alguns edifícios no Japão, por imposição do
governo, são dimensionados para resistirem à diferentes intensidades de terremotos
e possuem equipamentos amortecedores, como os que podem ser visualizado pela
Figura 159.
O arquiteto tem função essencial nas cargas permanentes que serão impostas à
estrutura. A escolha de telhados verdes para reduzir o impacto da edificação sobre o
meio ambiente, coletando a água das chuvas e contribuindo para a renovação do
oxigênio, implica em acréscimo peso de peso estrutura.
Assim concluímos nosso estudo sobre as ações que agem sobre uma edificação. Na
próxima aula, baseando-se na terceira lei de Newton, iremos entender que toda ação
gera uma reação. Até lá!
157
Resumo
Nesta aula compreendemos quais a quais ações uma edificação
está imposta e entendemos o conceito de massa, força e
gravidade sobre os elementos construtivos.
158
Complementar
Conforme acordado no texto para consultas normativas, a NBR 6120, citada no texto,
pode ser visualizada através do link:
https://rotaacessivel.com.br/_files/200000332-9e3c79f36d/nbr6120.pdf
Quer assistir o que falamos por outro ângulo? A AF2 Cursos disponibiliza em seu canal
no Youtube uma explicação um pouco mais técnica mas essencial para quem se interessa
no assunto de estruturas. Acesse https://www.youtube.com/watch?v=427ZpBxyNTU.
159
Referências Bibliográficas
160
• NIEMEYER, CORBUSIER, TANGI e outros. Exemplos de arquitetura.
Coleção Enciclopédica da Construção. Hemus. 500p. ISBN: 8528902587.
• OTTO, F. Tensile structures: design, structure and calculation.
• RAMALHO, M. A. e CORRÊA M. R. S. Projeto de edifícios de alvenaria
estrutural. Pini, 2003. 188p. ISBN: 8572661476.
• REBELLO Y. C. P. A concepção estrutural e a arquitetura. Editora Zigurate,
2000. 271 p. ISBN: 8585570032.
• RICHARD, W. Materials, form and arquitecture. Editora Laurence King, 2003.
240p. ISBN: 1856692957.
• SCHROEDER, R. Novas tecnologias Egc arquitetura. Ateliê, 2003. 44p. ISBN:
8574802204.
• SILVA, G. G. Arquitetura do ferro no Brasil. Nobel, 1987. 248p. ISBN:
8521304641.
• SILVA, S. F. Zanine, Sentir e Fazer. Agir, 1995.ISBN: 8522003777.
• SOLOT, D.C. Paulo Mendes da Rocha: estrutura - o êxito da forma. Editora
Viana & Mosley, 2004. 124 p. ISBN: 8588721163.
• TOSCANO, J. W. João Walter Toscano. Editora Unesp, 2002. 186 p. ISBN:
8571394091.
• VASCONCELOS A. C. Estruturas da natureza um estudo da interlace entre
biologia e engenharia. Studio Nobel, São Paulo, 2000. 312 p. ISBN
8585445866.
• VASCONCELOS, A. C. Estruturas Arquitetônica: Apreciação intuitiva das
formas estruturais. Studio Nobel, 1991, 115 p.
• YAZIGI, W. A técnica de edificar. Pini, 2003. 670p. ISBN: 8572661468.
• ZANETTINI, S. Arquitetura, razão, sensibilidade. Editora da USP, 2002. 472p.
ISBN: 853140729x.
• ZANI, A. C. Arquitetura em madeira. Imprensa Oficial SP, 2003. 397p. ISBN:
8570601891.
161
Exercícios
Responda as questões discursivas abaixo, sobre o que acabamos de ver:
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
162
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
163
AULA 8
CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO
APRESENTAÇÃO DA AULA
OBJETIVOS DA AULA
Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste módulo, você seja capaz
de:
➢ Traçar o caminho das cargas
➢ As condições de equilíbrio
o Forças Horizontais
o Forças Verticais
o Momento (Rotação)
164
Olá aluno!
Tendo compreendido o que são ações externas e quais agem sobre
uma edificação, vamos aprender como a edificação reage à
imposição destas ações. Boa aula!
É intuitivo perceber que para um edifício estar estável, este não deve se mover,
estando parado, não importa quais ações a ele estejam sendo impostas e
independente de sua arquitetura, por mais arrojada que seja, como a demonstrada
pela Figura 160. À um corpo que se encontra nesta condição, dizemos que está em
equilíbrio.
Figura 160 - Estudo para construção de sede de prefeitura na região amazônica através da analogia com
uma oca
Você deve lembrar de nossa terceira aula, onde dissemos que, se um corpo se
encontra em movimento, necessariamente a ele foi aplicada uma força? Podemos
fazer o raciocínio inverso, e concluir também que se um corpo se encontra parado,
então este pode estar imposto à duas situações:
165
A primeira e mais óbvia é que, então, não estão ocorrendo ações sobre a estrutura.
Se não há ação, não há cargas, logo, não haverá movimento.
A segunda hipótese é que estão atuando diversas ações sobre estrutura, e de alguma
forma, todas em conjunto estão se anulando, mantendo o edifício estático, como por
exemplo, o empilhar de pedras, como exemplificado pela Figura 161.
Figura 161 - A arte de empilhar pedras consiste de buscar sempre o equilíbrio do sistema
Porém, como vimos na quarta aula, a edificação é composta por materiais, e que por
sua natureza, possuem massa. Se a edificação está exposta à gravidade, logo,
possuirá peso, que é uma ação permanente. Então podemos cravar que, sempre, no
mínimo a construção estará sendo imposta à pelo menos uma ação, a seu peso-
próprio.
166
Figura 162 - Um edifício em obras está continuamente sendo carregado por peso-próprio, até o momento
de sua ocupação onde atinge valores máximos
Falamos em nossas aulas iniciais das duas primeiras leis de Newton, e agora quem
nos ajuda a responder esta pergunta, é justamente a sua terceira lei, conhecida como
Ação e Reação.
Nesta lei, Newton postula que, em um sistema em equilíbrio, para toda ação ocorrida
em um objeto, é gerada uma reação contrária, de igual intensidade. Vamos traduzir?
O que Newton quis dizer é que o edifício não se movimenta por que o solo devolve
uma força igual em intensidade, de baixo para cima, anulando seu movimento. Na
física do ensino médio aprendemos que esta força de reação à força peso recebe o
nome especial de força normal, ou, apenas normal. Esta afirmativa pode ser verificada
através de um simples exemplo, como uma pedra apoiada sobre o solo, conforme
Figura 163.
167
Figura 163 - Uma pedra apoiada sobre o solo exerce uma força sobre este que é rebatida por uma força
normal, mantendo a pedra em sua posição
Portanto, podemos concluir que para que um elemento esteja em equilíbrio, este não
se movimentar. Mas quais são os possíveis movimentos que podem ocorrer à uma
edificação?
∑ 𝐹𝑦 = 0
Neste exemplo, a força normal, ofertada pelo solo à edificação, deve ser igual
ao peso aplicado pela edificação no solo. Quando as cargas verticais são
superiores à carga que o solo consegue resistir e consequentemente devolver
ao edifício como força normal, visando sua estabilidade, o solo colapsa e há o
recalque da edificação, ou seja, a edificação afunda parcialmente ou como um
todo no solo, como demonstrado pela Figura 164.
168
Veremos nas próximas aulas que, geralmente, quanto mais profundo apoiamos
nossa edificação no terreno, maior tende a ser a resistência deste solo.
Figura 164 - Quando o solo não suporta o carregamento a ele imposto, este colapsa
Outros esforços que também geram cargas verticais à edificação, além de seu
peso-próprio, são sua ocupação por pessoas, por mobília e por veículos, como
visto anteriormente.
∑ 𝐹𝑥 = 0
Ok, mas que cargas horizontais poder ser estas? As principais são as cargas
de vento, que incidem lateralmente nas edificações e geram esforços, mas
também existem as cargas especiais.
169
Uma edificação que está apoiada em um talude, como exemplificado pela
Figura 165, sofre uma força do solo, como estivesse sendo continuamente
empurrado para o lado. À esta força denominamos empuxo do solo.
Figura 165 - Uma casa apoiada em uma encosta recebe um carregamento horizontal constante devido ao
empuxo do solo
Da mesma forma que ocorre com as forças verticais, também cabe ao solo
resistir a estes esforços, afim de manter a estabilidade da estrutura.
Sempre que uma força for aplicada em um objeto num ponto diferente de seu
apoio, este sofrerá uma tendência de giro igual ao produto da intensidade desta
força pela distância perpendicular da força até apoio do objeto. Esta afirmação
pode ser equacionada pela fórmula abaixo e exemplificada pela Figura 166:
170
Figura 166 - Uma força aplicada em um elemento distante de seu
ponto de apoio gera uma tendência de rotação
∑𝑀 = 0
Exemplificando, quando houver a aplicação de mais de uma força ao sistema que gere
rotação, o sistema estará em equilíbrio quando o somatório destas rotações se
anularem, como demonstrado pelo clássico exemplo da gangorra, através da Figura
167.
171
Figura 167 - Equilíbrio mesmo sob a atuação de pesos diferentes a distâncias ao Centro de Giro (apoio)
diferentes.
Pela imagem acima, concluímos que o peso da menina multiplicado pela distância
dela até o apoio da gangorra é exatamente igual ao peso do menino multiplicado por
sua distância ao apoio.
Assim concluímos as três verificações que garantem o equilíbrio de uma peça,
garantindo que a peça não se desloque no eixo horizontal e nem no eixo vertical e que
também não rotacione.
Quer ver como você já sabia disto mas ainda não tinha parado para pensar?
A peça A possui peso, que força a peça para baixo e que é, consequentemente,
sustentada pela mesa, que mantém esta peça estável, gerando uma força
normal, como pode ser observado pela Figura 169.
172
Figura 169 - Peso da Peça A aplicado sobre a mesa
173
Note que a peça B também possui peso e que também não se movimenta, o
que nos faz concluir que alguém anula este peso. Já podemos afirmar que a
peça A empurra a peça B para cima, com a mesma intensidade que seu peso
empurra a peça B para baixo, mantendo a peça na horizontal e estabilizada. Já
vimos que esta reação recebe o nome especial de normal, conforme
demonstrado pela Figura 171.
174
Figura 172 - O caminho das forças da peça B, passando pela peça A, até alcançar o solo
Deduzimos então que o peso da peça B atravessa peça A até alcançar a mesa.
Esta passagem de uma carga de um elemento superior, para outro inferior, até
atingir seu apoio, no caso, a mesa, é denominado caminho das forças e sua
compreensão é essencial para prosseguirmos nesta disciplina.
175
Analisando apenas a peça B, o seu peso permanece localizado em seu centro
e com a alteração de sua posição, possui, agora, uma distância entre a sua
força peso e seu apoio, que está em sua extrema esquerda. Porém ao
analisarmos a aplicação da força-normal, oriunda da peça A, percebemos que
ela está localizada exatamente sobre o apoio, não ocasionando, a princípio,
qualquer tipo de giro, conforme conseguimos observar pela Figura 174
Você irá perceber que assim que você largar a peça, a mesma irá girar,
perdendo seu equilíbrio, e consequentemente cairá no piso. Vamos analisar o
porquê de isto ocorrer.
𝑀 =𝐹∗𝑑
176
Figura 175 - A peça B tende a girar devido a distância entre a força-peso da peça B e seu apoio
Um carro em ponto morto possui quatro apoios hipostáticos sobre a rua, uma
vez que é possível empurrá-lo, logo, podendo mover-se nesta direção, como é
ilustrado pela Figura 177.
177
Figura 177 - Um carro em ponto morto é instável, pois pode ser movido com uma simples aplicação de
força horizontal
Agora retornando ao nosso exemplo dos dominós, supondo que queiramos manter a
peça B na horizontal, na exata posição da Figura 170. Uma primeira solução seria
acrescentar uma nova peça de dominó na vertical, uma peça C, conforme sugere a
Figura 178.
178
Note que agora a peça B possui dois apoios, um do lado esquerdo e outro do lado
direito, e portanto, tenderá a girar para ambos os lados. Como a força peso da peça B
está localizada em seu centro, a distância “X” entre ela e cada apoio, representado
pela Figura 179 é exatamente igual, resultando em que metade do peso da peça B vá
para cada apoio.
179
Figura 180 - O caminho que o peso das peças A, B e C percorrem até serem rebatidas pela força normal
da mesa
Perceba que o somatório das forças que chegam à mesa deve ser sempre igual ao
peso somado das peças, conforme podemos equacionar esta afirmação como:
𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = (𝑃𝑒𝑠𝑜 𝐴) + (𝑃𝑒𝑠𝑜 𝐵) + (𝑃𝑒𝑠𝑜 𝐶)
= (𝑃𝑒𝑠𝑜 𝐴 + 𝐵/2) + (𝑃𝑒𝑠𝑜 𝐶 + 𝐵/2)
180
Figura 181 - O peso da peça B gera uma rotação igual, porém de sentido contrário, em cada extremidade
Mas a peça B não está girando. Logo o somatório do Momento A com o Momento C
deve ser nulo, conforme o critério de estabilidade que definimos anteriormente.
∑ 𝑀 = −𝑀𝐴 + 𝑀𝐶 = 0
181
Perceba que o Momento A foi inserido na fórmula com valores negativos, devido à
sua rotação horária. Assim, podemos dizer que não apenas a peça B está equilibrada,
mas como também todo o sistema composto pelas três peças.
182
Figura 183 - Caminho das Cargas dentro de uma edificação
Assim encerramos aqui nosso conteúdo previsto para a primeira avaliação. Vamos
revisar o que aprendemos até aqui?
Assim, através de uma rápida revisão física na aula 6, abrimos portas para
entendermos a quais ações estão sujeitas a edificação e como esta se comporta, na
aula 7.
183
Por último, nesta aula 8, discutimos as condições de equilíbrio dos elementos que
estejam, sobre eles, incidindo as mais diversas ações.
184
/
Resumo
Nesta aula traçamos o caminho das cargas, definindo as condições
de equilíbrio de um sistema, através do entendimento das Forças Horizontais, Forças
Verticais e Momento, como tendência de Rotação.
185
Complementar
Quer antecipar um pouco do porquê de vermos isso tudo logo no primeiro período?
Assista esta aula de Concepção Estrutural e perceba o quanto é importante que os
fundamentos estejam compreendidos. Veja aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=wlguEXGZiRY.
186
Referências Bibliográficas
187
• NIEMEYER, CORBUSIER, TANGI e outros. Exemplos de arquitetura.
Coleção Enciclopédica da Construção. Hemus. 500p. ISBN: 8528902587.
• OTTO, F. Tensile structures: design, structure and calculation.
• RAMALHO, M. A. e CORRÊA M. R. S. Projeto de edifícios de alvenaria
estrutural. Pini, 2003. 188p. ISBN: 8572661476.
• REBELLO Y. C. P. A concepção estrutural e a arquitetura. Editora Zigurate,
2000. 271 p. ISBN: 8585570032.
• RICHARD, W. Materials, form and arquitecture. Editora Laurence King, 2003.
240p. ISBN: 1856692957.
• SCHROEDER, R. Novas tecnologias Egc arquitetura. Ateliê, 2003. 44p. ISBN:
8574802204.
• SILVA, G. G. Arquitetura do ferro no Brasil. Nobel, 1987. 248p. ISBN:
8521304641.
• SILVA, S. F. Zanine, Sentir e Fazer. Agir, 1995.ISBN: 8522003777.
• SOLOT, D.C. Paulo Mendes da Rocha: estrutura - o êxito da forma. Editora
Viana & Mosley, 2004. 124 p. ISBN: 8588721163.
• TOSCANO, J. W. João Walter Toscano. Editora Unesp, 2002. 186 p. ISBN:
8571394091.
• VASCONCELOS A. C. Estruturas da natureza um estudo da interlace entre
biologia e engenharia. Studio Nobel, São Paulo, 2000. 312 p. ISBN
8585445866.
• VASCONCELOS, A. C. Estruturas Arquitetônica: Apreciação intuitiva das
formas estruturais. Studio Nobel, 1991, 115 p.
• YAZIGI, W. A técnica de edificar. Pini, 2003. 670p. ISBN: 8572661468.
• ZANETTINI, S. Arquitetura, razão, sensibilidade. Editora da USP, 2002. 472p.
ISBN: 853140729x.
• ZANI, A. C. Arquitetura em madeira. Imprensa Oficial SP, 2003. 397p. ISBN:
8570601891.
188
Exercícios
Responda as questões discursivas abaixo, sobre o que acabamos de ver:
2) Trace o caminho que o peso da barra A fará nas estruturas até ser
dissipado pelo solo:
a.
c.
b.
d.
189
e.
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
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190
AULA 9
VÍNCULOS ESTRUTURAIS – PARTE I
APRESENTAÇÃO DA AULA
Percebemos então como agem as forças e como estas se movem do local de
sua aplicação até seu apoio, afim de se estabilizar.
Devido ao tema ser extenso, este será abordado em dois capítulos, ficando
reservado a este a primeira parte.
Boa aula!
OBJETIVOS DA AULA
Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste módulo, você seja capaz
de:
➢ Compreenda o vínculo engaste e quais reações este impõe aos mais
diversos carregamentos
➢ Consiga desenvolver o modelo estrutural mais adequado para os
elementos esboçados
191
Olá aluno!
Os diferentes elementos estruturais se conectam através de
dispositivos de ligação denominados vínculos. Toda interação entre
os elementos que compõe a estrutura, como a ligação entre uma laje
e uma viga ou mesmo uma viga e um pilar são tratados como
vínculos e serão alvo de nossa aula!
Voltemos a nosso exemplo dos dominós, onde analisaremos a peça B, que está
apoiada, respectivamente, nas peças A e C, conforme Figura 184, que também foi
utilizada em nossa última aula.
As peças estão simplesmente apoiadas, sem qualquer tipo de vínculos entre elas,
certo? É possível verificarmos que sim, pois conseguimos empurrar qualquer peça
sem maiores esforços. Isto se dá por que as peças estão desconectadas.
192
Agora faremos algumas análises e nos postaremos a refletir sobre elas. Se pegarmos
uma cola e prendermos uma peça na outra, como demonstrado pela Figura 185, onde
esta cola está representada de vermelho, propiciaremos que os elementos tenham
comportamento único e inteiriço.
Para facilitar nosso trabalho, adotaremos aqui uma representação universal destes
elementos, chamada de modelo estrutural. Este conceito consiste de representarmos
os elementos por linhas, sem espessura, como demonstrado pela Figura 186, e iremos
tratar deste assunto ao longo desta e das próximas aulas.
193
Figura 186 - Modelagem Estrutural
Figura 187 - Modelo estrutural do pórtico formado pelo engastamento das peças
194
Perceba que, da mesma forma, se tentarmos erguer (levantar) peça B, na vertical,
perceberemos que também estará presa às peças A e C, impedindo este
deslocamento.
E por último, mesmo que tiremos a peça A ou a peça C do sistema, conforme sugerido
pela Figura 188, a peça B continuaria presa, sem sofrer qualquer tipo de giro ou
rotação.
Figura 188 - O engaste entre as peças A e B propicia a estabilização da peça B, mesmo se tirarmos a
peça C
A este tipo de vínculo entre dois elementos, onde está impedido os deslocamentos
horizontal e vertical, bem como sua rotação, dá-se o nome de ‘engaste’ e é
representado pela simbologia apresentada pela Figura 189. Algumas bibliografias
retratam este tipo de apoio como ‘terceiro gênero’, porém não utilizaremos esta
nomenclatura.
195
Esta frase acima pode ser convertida em um modelo, onde, utilizamos a seguinte
simbologia, demonstrada pela Figura 190. Denominamos para elementos que
possuem dois apoios, o rótulo de biapoiados.
Figura 190 - Modelo estrutural da peça B engastada pela esquerda pela peça A e pela direita pela peça B
Figura 191 - Chapas metálicas propiciam o engastamento de uma peça metálica à outra
196
Figura 192 - O sistema composto pelas peças A e B se mantém equilibrado, desde que a peça A esteja
bem fixada na mesa
Perceba que, conforme dito acima, gasta-se tempo para representar esta estrutura
em suas formas originais, e para tal, lançaremos mão da modelagem da estrutura,
obtendo o modelo apresentado abaixo pela Figura 193.
Figura 193 - Da mesma forma, podemos elaborar a modelagem estrutural do sistema composto apenas
pelas peças A e B
Figura 194 - Analisando apenas a peça B, podemos dizer que é um elemento fixado na horizontal,
engastado pela esquerda e livre na direita
197
Esta técnica pode ser reproduzida as demais peças de um sistema, onde
conseguimos perceber que a vinculação destes elementos nos retorna à correlação
apresentada pela Figura 195, onde a marquise está engastada no pilar da mesma
forma que os trechos superior e inferior do pilar se engastam. A este sistema,
denominamos pórtico.
Figura 195 - Pode-se decompor um sistema em pórtico e perceber que se trata de peças individuais
engastadas uma na outra
Quando o elemento está engastado apenas de um lado e livre na outra ponta, dizemos
que ele está em balanço. Esta técnica construtiva é utilizada de forma recorrente por
arquitetos é um dos principais desafios cálculo estrutural, como exemplificado pela
Figura 196.
Figura 196 - O Jockey Club do Rio de Janeiro detêve durante anos o recorde mundial de cobertura em
balanço
198
Para este vínculo faremos agora algumas experiências com forças. Seja a peça B, em
balanço, modelada através da Figura 197, conforme já demonstrado pela Figura 194:
Se aplicarmos uma força horizontal para a esquerda sobre a peça, conforme ilustrado
pela Figura 198, como ela está presa pelo engaste, ela não se move. Para que ela
não se mova, outra força deve existir nos apoios, denominada reação, com a mesma
intensidade e sentido contrário, impedindo a atuação da força aplicada.
Apenas para ilustrarmos, iremos adotar a aplicação de uma força azul, de valor
genérico e as reações com cor marrom.
Figura 198 - A aplicação de uma força horizontal gera uma reação, também horizontal, porém em sentido
contrário
Isto significa que, se aplicarmos uma força de -30 N (perceba que é negativa pois está
apontando para a esquerda), a reação gerada também será de 30 N, só que positiva,
pois está apontando para a direita.
199
Figura 199 - Invertendo o sentido da aplicação da força, também inverte o sentido da reação
Figura 200 - Duas cargas de mesmo sentido atuando concomitantemente em um elemento de barra
Como as cargas estão apontando para o mesmo sentido, no caso positivo, podemos
deduzir que a reação que irá surgir será para combater a atuação das duas cargas,
concomitantemente. Logo, a reação deverá ser de 15 kN, como demonstrado pela
Figura 201.
Figura 201 - A reação sempre ocorrerá para todas as cargas que estiverem atuando em simultâneidade.
200
Figura 202 - Elemento de barra, engastado, sofrendo a atuação de duas cargas opostas
Como temos uma carga de -8 kN e outra de 15 kN, podemos perceber que, para o
apoio, trata-se de uma força única, resultante da subtração destas forças, no valor de
7 kN, a qual o engaste deverá resistir.
Portanto, conforme observado pela Figura 203, a reação resultante será dos mesmos
7 kN. Lembre-se sempre que a reação terá o valor exato para que o sistema entre em
equilíbrio.
Figura 203 - Reação no apoio engastado devido a aplicação das duas cargas
Observe que empurrar ou puxar o elemento não gera uma tendência de rotação na
barra, uma vez não há distância entre o apoio e a linha de aplicação da força.
O mesmo raciocínio pode-se fazer para a aplicação de uma força vertical para baixo,
conforme a Figura 204.
Figura 204 - A aplicação de uma força vertical também gera uma reação contrária
201
Notem que, se uma força de -20 kN está aplicada à barra (negativo pois está para
baixo), uma reação de 20 kN irá surgir.
Figura 205 - Da mesma forma, invertendo a aplicação da força vertical, também se inverte a reação
Podemos analisar que sobre um elemento sempre haverá atuação de seu próprio
peso, que está presente de forma distribuída ao longo do elemento, exercendo sobre
o apoio engastado uma força vertical para baixo constante. Portanto, a partir de agora,
é intuitivo percebermos que, naturalmente, surgirá uma reação vertical para cima, nos
apoios, visando manter a estabilidade do sistema, oriunda do peso-próprio do
elemento, como podemos observar pela Figura 206.
202
Na aula 7 iniciamos este entendimento, porém agora conseguimos abordá-lo
novamente, uma vez que evoluímos em nossa disciplina. Perceba que as forças
distribuídas terão a unidade Newton por metro, que pode ser suprimida para N/m. Isto
significa que é uma força aplicada linearmente, onde a cada um metro de comprimento
tem um newton de força.
Um exemplo, se dissermos que uma viga em balanço de três metros, encontra-se sob
a ação de uma carga de 2,00 kN/m, qual a carga total que ela estará fazendo sobre
seu apoio?
Portanto, qual a reação que o apoio deverá fornecer para manter o equilíbrio do
sistema? A força total que a ele está chegando, logo, os 6 kN!
Agora perceba que, pelo fato de a marquise estar presa apenas de um lado, uma força
vertical, aplicada em qualquer ponto da marquise, gera, inevitavelmente, uma
tendência de giro em torno de seu apoio, conforme exibido pela Figura 207.
203
Figura 207 - Conforme definido anteriormente, podemos dizer que se trata de uma rotação negativa, por
estar no sentido horário (o mesmo do relógio)
Se a reação para uma força é também uma força, é de fácil dedução que para a
aplicação de uma rotação, ou seja, de um momento, sua reação seja também uma
rotação, só que em sentido contrário, um momento de sentido contrário. Para o nosso
último exemplo, uma vez que a carga gera uma rotação no sentido horário, é natural
que a reação gere uma rotação no sentido anti-horário, de igual intensidade, visando
neutralizá-la.
Perceba que, para a ação vertical na marquise, duas reações apareceram, sendo a
primeira, também vertical, porém em sentido oposto, visando impedir o deslocamento
vertical, e uma reação de rotação, visando impedir a tendência de rotação gerada pela
aplicação da força.
204
Figura 208 - A aplicação de uma força vertical, gera, portanto, uma reação de rotação, além da reação ao
deslocamento vertical
Seja uma barra engastada com setenta e cinco centímetros de comprimento, com uma
carga de 10 kN em sua extremidade direita, conforme apresentado pela Figura 209.
Qual será o valor das reações no apoio de engaste?
Figura 209 - Carga de 10 kN aplicada à uma barra engastada, a setenta e cinco centimetros de seu apoio
Conseguimos facilmente deduzir que deverá existir uma reação vertical impedindo o
movimento para baixo da barra, e que essa reação terá o valor da carga aplicada,
logo, também com o valor de 10 kN. Mas e o valor da reação ao momento? Também
será igual ao momento aplicado.
Vamos calcular este valor? Uma carga de 10 kN distando 0,75 metros do apoio,
segundo a equação:
205
Desta forma, nos resulta nas seguintes reações, conforme apresentado pela Figura
210.
Figura 210 - Reações a aplicação de uma carga de 10 kN aplicada à 75 cm em uma barra engastada
Desta forma podemos concluir que o apoio engastado, gera três possíveis reações à
aplicação de forças, conforme podemos observar pela Figura 211, restringindo, como
dito acima, o movimento horizontal, vertical, e de rotação, ou seja, gerando reações
como as cargas horizontal e vertical e momento.
Figura 211 - O apoio do tipo engaste impede os deslocamentos horizontal e vertical e a rotação, desta
forma gerando as três reações indicadas
Então podemos voltar a nossa torre de dominó. Analisando apenas a peça B, como
está engastada, pela cola, nas peças A e C, podemos concluir que ela possui a
206
modelagem apresentada pela Figura 212, apresentando as respectivas possíveis
reações nos apoios.
Figura 212 - A peça B encontra-se engastada por ambos os lados, presa por seis reações
207
Resumo
Nesta aula compreendemos que os elementos se conectam pelos mais distintos
vínculos, e que de acordo com suas propriedades, irão restringir diferentes
movimentos.
208
Complementar
Para esta aula reservamos três vídeos, que irão auxiliá-los a entender melhor este
conceito.
Apoios Estruturais
https://www.youtube.com/watch?v=Tl20YErV8OU
Vínculos Estruturais
https://www.youtube.com/watch?v=n6qS-YKSkJI
Planos Cartesianos
https://youtu.be/stGz9jipoaw
209
Referências Bibliográficas
211
Exercícios
Responda as questões discursivas abaixo, sobre o que acabamos de ver:
212
a.
b.
c.
d.
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
___________________________________________________________________
213
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
214
AULA 10
VÍNCULOS ESTRUTURAIS – PARTE II
APRESENTAÇÃO DA AULA
Iremos continuar nossos estudos nesta aula, visando a conclusão do tema de
vínculos estruturais.
Boa aula!
.
OBJETIVOS DA AULA
Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste módulo, você seja capaz
de:
➢ Compreenda o vínculo fixo articulado e quais reações este impõe aos
mais diversos carregamentos;
➢ Compreenda o vínculo móvel articulado e quais reações este impõe
aos mais diversos carregamentos
➢
215
Olá aluno!
Agora continuemos com nossas experiências de dominó. Aliás,
sugiro que você faça estas experiências em casa. Consiga algumas
peças e refaça as práticas descritas aqui. Tenho certeza que você
passará a compreender melhor estes mecanismos físicos.
Imagine agora uma segunda cena, ainda mantendo as peças A e B coladas, ou seja,
engastadas. E se agora, conectássemos as peças B e C através de um pino, ou como
aprenderemos, uma rótula, conforme demonstra a Figura 213
Figura 213 - A peça B conta agora com um apoio tipo engaste pela esquerda e um apoio articulado fixo
pela direita
Uma rótula é o mecanismo de ligação que propicia a livre rotação, porém sem permitir
o deslocamento, nem horizontal, nem vertical. Um pouco difícil de entender, certo?
Vejamos por exemplos.
Seja uma porta de madeira, conforme ilustrada pela Figura 214, igual à esta que está
em sua casa ou escritório, que se encontra fixada na aduela, ou diretamente na
parede, por dobradiças.
216
Figura 214 - A dobradiça das portas de madeira propicia um apoio do tipo fixo
Você consegue puxar esta porta para cima, tentando levantá-la? Difícil, não é mesmo?
Por que a dobradiça impede o deslocamento vertical.
Ok. Até aqui, igual, o mesmo roteiro do engaste. Mas agora, se empurrarmos a porta,
ela irá girar em torno do eixo onde estão as dobradiças. É desta maneira que
fechamos e abrimos as portas. Isto se deve ao fato de que as dobradiças permitem a
rotação ou giro, mesmo impedindo o deslocamento vertical e horizontal.
A este tipo de apoio nomeamos como apoio articulado fixo, ou apenas apoio fixo,
permitindo a rotulação e impedindo o deslocamento. Podemos encontrar o rótulo de
articulado para este apoio, tendo em vista a possibilidade de rotação deste. Da mesma
forma que o anterior, algumas bibliografias retratam este tipo de apoio como ‘segundo
gênero’.
Notem que este exemplo da porta é importante pois podemos observar a variação da
intensidade do momento. Faça a seguinte prática: com a ponta do dedo indicador,
217
você irá aplicar um empurrão curto em uma porta de madeira suspensa por
pelo menos duas dobradiças.
Irá perceber que a porta fechou um pouco menos, ficando pelo caminho. Isso significa
que a rotação que você conseguiu infligir foi menor, ou seja, o momento foi menor.
Isto se deve ao fato de o momento ser o produto da intensidade da força pela distância
do apoio ao ponto de sua aplicação.
Lembra da equação?
𝑀 =𝐹∗𝑑
Agora faremos uma terceira tentativa. Aplique a mesma força no início da porta, logo
após as dobradiças. Lembre-se de manter a mesma intensidade de aplicação da força
de quando executou a primeira aplicação, próximo à maçaneta.
218
Se sua distância ao apoio é aproximadamente zero, pois você está aplicando rente às
dobradiças, não importa o valor da força, conforme a equação M = F * d, qualquer
valor de momento será sempre zero.
Com isto podemos fazer duas rápidas conclusões. Primeiro de que se eu aplicar uma
força centrada no apoio, o elemento não irá rotacionar, como ilustrado pela Figura
215.
Isto se deve por que se o apoio permite a rotação, o valor do momento sobre ele é
zero (nulo).
Figura 215 - Ao se equilibrar pedras, procura-se apoiar a peça de cima no centro da debaixo, afim de
evitar o surgimento de rotação
A segunda que quanto mais distante a força estiver do apoio, maior será a tendência
de giro aplicada por ela ao apoio, ou seja, maior será o seu momento aplicado.
Isto se deve ao mesmo motivo de quando você vai trocar a roda do carro, deve-se
segurar a chave de rodas em sua outra extremidade, para maximizar o torque, o giro,
a rotação ou, como tecnicamente acabamos de aprender, o momento, pois Quanto
mais distante do apoio maior sua intensidade, conforme demonstrado pela Figura 216.
219
Figura 216 - A chave de roda é um exemplo clássico para o entendimento dos esforços de momento
Figura 218 - O apoio do tipo fixo permite a rotação do elemento, impedindo os deslocamentos horizontal
e vertical
220
Este tipo de apoio pode ser encontrado em diversas estruturas, onde deseja-se
permitir a rotulação de elementos, afim de evitar esforços internos elevados, como
demonstrado pela Figura 219.
Figura 219 - Apoio articulado fixo de uma ponte. O apoio pode rotular livremente, porém seu
deslocamento está vedado.
Figura 220 - Modelagem estrutural da peça B com o apoio da esquerda em engaste e o apoio da direita fixo
Analisemos agora as possíveis reações que este sistema pode nos retornar,
demonstrando pela Figura 221.
221
Figura 221 - Demonstração das possíveis reações existentes neste sistema
Percebemos que ainda temos cinco reações, sendo que apenas precisamos de três
reação para manter o equilíbrio, logo, esta também é uma estrutura hiperestática.
Mas se retirarmos o apoio da esquerda, de engaste, ficando presa apenas pelo apoio
da direita, no caso pelo apoio fixo, como demonstrado pela Figura 222, a peça também
mantém sua estabilidade?
Figura 222 - Estrutura insustentável devido ao não atendimento à quantidade mínima de reações
necessárias
Perceba que o apoio fixo, por si só, apenas fornece duas reações, sendo necessárias
três para manter a estabilidade. Assim, podemos perceber isto, por uma simples
análise da modelagem da estrutura, conforme indicado pela Figura 223. Como este
apoio permite a rotação, a peça B não se sustentaria em sua posição, estando presa
como um ponteiro de relógio, por exemplo.
222
Figura 223 - Devido à inexistência de impedimento à rotação, o elemento irá trabalhar como um pêndulo,
podendo girar livremente
A estas estruturas, que não se sustentam, ou seja, que possuem reações em número
inferior a três, denominamos de estruturas hipostáticas. Observe que hipo é o radical
de origem grega que significa quantidade abaixo da necessária.
Agora trataremos do terceiro e último tipo de apoio. Ainda em nosso exemplo da torre
de dominó. Suponha que as peças B e C permaneceram conectadas por um pino, e
que agora entre as peças A e B você apoiou dois pedaços de palitos de dentes,
servindo como roletes, antes de também conectá-las por pinos, como sugere a Figura
224.
Figura 224 - A peça B encontra-se agora apoiada pela esquerda por um apoio móvel e pela direita por um
apoio fixo
223
Este tipo de apoio da esquerda, se diferencia do apoio fixo por permitir o movimento
em uma direção, neste caso, permitindo o deslocamento do elemento na horizontal. A
este tipo de apoio denomina-se apoio móvel, e sua simbologia é apresentada abaixo
através da Figura 225.
Este tipo de apoio, portanto, apenas restringe o movimento vertical, permitindo a livre
rotulação e movimento horizontal, conforme demonstrado pela Figura 226.
Observe que este apoio também pode ser utilizado na vertical, restringindo assim, o
movimento horizontal, da forma como apresentado na Figura 227.
Figura 227 - O apoio móvel pode ser inclusive posicionado na vertical, restringindo apenas o
deslocamento horizontal
224
Desta maneira, possibilita a livre rotação e movimento vertical, restringindo apenas,
como dito acima, e demonstrado pela Figura 228, o movimento horizontal.
Figura 228 - De forma análoga, demonstrado a reação possível para este apoio, quando posicionado na
vertical
Estes apoios podem ser encontrados na prática como apoios de rolete de aço, como
eram utilizados antigamente, ou em sua versão mais moderna, como apoios do tipo
Neoprene, conforme demonstrado pela Figura 229, que permitem leves deformações
horizontais e rotações, porém impedindo o deslocamento vertical.
Figura 229 - Apoio móvel (deslizante) tipo Neoprene utilizado no encontro da vigas e pilares de uma
ponte em concreto armado
225
Desta forma, podemos conceber a modelagem da peça B, conforme apresentado pela
Figura 230, considerando um apoio móvel na esquerda e um apoio fixo em sua direita.
Figura 230 - Modelo estrutural da peça B, considerando um apoio móvel na esquerda e um apoio fixo em
sua direita
Figura 231 - Para esta modelagem, surgem três reações de apoio que é exatamente a quantidade mínima
de reações necessárias para a estabilidade
Isto também pode ser verificado matematicamente, uma vez que este sistema possui
três reações, que é o número exato de reações mínimas necessárias.
Sempre que uma estrutura possuir a quantidade mínima exata de reações para que
esteja em equilíbrio, essa estrutura será denominada isostática. Observe que iso é o
226
radical grego que significa na mesma quantidade da necessária. Da mesma forma que
os apoios anteriores, algumas bibliografias denominam como primeiro gênero.
Então, podemos resumir esta aula. Aprendemos que existem três diferentes tipos de
apoios, sendo o apoio de engaste, restringindo todos três os movimentos possíveis
(deslocamentos vertical e horizontal e rotação), o apoio fixo, restringindo apenas dois
movimentos de deslocamento, vertical e horizontal, e permitindo a rotação; e por
último o apoio móvel que apenas restringe um movimento de deslocamento, na
horizontal ou na vertical.
Antes de encerrar esta aula, faremos pequenos raciocínios juntos. Para iniciar estas
reflexões, que tipo de apoio permite o deslocamento horizontal e vertical e também
permite a rotação? Nenhum! Se permite se deslocar e rotacionar livremente é por que
esta borda do elemento está livre, como a outra extremidade de uma viga engastada,
por exemplo.
Vigas contínuas, com mais de dois apoios, como exemplificado pela Figura 232,
tendem a ser estruturas hiperestáticas, uma vez que irão possuir mais reações do que
as três mínimas necessárias.
Figura 232 - Viga contínua é aquela que possui mais de dois apoios
227
Mas este raciocínio pode nos levar a alguns enganos e iremos evitá-los agora.
Devemos observar se as três reações que surgiram em uma viga contínua garantem
realmente a estabilidade. Vamos dar um exemplo: Seja a viga apresentada abaixo
pela Figura 233, que possui três apoios.
Quais são as ações que ela impede? Repare através da Figura 234, que apenas
temos reações verticais. Logo, se aplicássemos uma carga horizontal, esta estrutura
estaria livre para deslizar.
228
Supondo que, devido ao material e sistema construtivo utilizados, este apoio de
engaste apenas suporte 80 kN de carga vertical. Qual a reação que ele deveria possuir
para manter o sistema em equilíbrio?
Com os conhecimentos adquiridos, podemos calcular que a reação deverá ter a soma
das ações impostas sobre o elemento, logo, de 100 kN. Mas se o apoio só consegue
ofertar 80 kN, o que ocorrerá? A ruptura, como podemos visualizar exemplos através
da Figura 236, sendo o primeiro estágio, antes do colapso, a abertura de fissuras.
Figura 236 - O aparecimento de fissuras é a primeira patologia a indicar o início do processo de colapso
da estrutura
229
Figura 237 - Concepções arquitetônicas podem induzir a escolha de sistemas estruturais
Para finalizar esta aula, deixemos aqui a Figura 238 que ilustra o conceito de
equilíbrio, iniciado na aula anterior e debatido hoje com mais afinco.
O que você entende desta figura? Entre em contato com o professor da disciplina e
debata sobre sua interpretação.
230
Assim encerramos mais uma aula! Concluímos que estruturas hipostáticas são
estruturas instáveis e serão evitadas na concepção estrutural de uma edificação. Em
nosso próximo encontro entenderemos como um elemento estrutural responde
internamente às mais diferentes solicitações. Até lá!
231
/
Resumo
Nesta aula concluímos o tópico de vínculos estruturais, fortalecendo
o aprendizado quanto ao engaste, e entendendo como funcionam os apoios fixos
articulados e móvel articulado.
232
Complementar
Na mesma linha da ultima aula, iremos finalizar nossa sessão de cinema. Seguem
mais alguns vídeos interessantes que irão compor nosso aprendizado.
Tipos de Apoios
https://www.youtube.com/watch?v=jYyarDg0FM8
Classificação Estruturais
https://www.youtube.com/watch?v=2TVElMkULrM
233
Referências Bibliográficas
235
Exercícios
236
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
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___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
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___________________________________________________________________
237
AULA 11
ESFORÇOS INTERNOS AXIAIS
APRESENTAÇÃO DA AULA
Percebemos então como agem as forças e como estas se movem do local de
sua aplicação até seu apoio, afim de se estabilizar, denominado caminho das forças.
Boa aula!
.
OBJETIVOS DA AULA
Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste módulo, você seja capaz
de:
➢ Compreender o comportamento de um elemento quando submetido à
esforços axiais de compressão;
➢ Compreender o comportamento de um elemento quando submetido à
esforços axiais de tração;
➢ Instruir o conceito de tensão
➢ Conhecer a flambagem, sua origem e efeitos
238
Olá aluno!
Percebemos então que os elementos estruturais que irão compor
nossa estrutura sofrerão a ação de forças externas, denominada
ações. Mas como os elementos reagem à aplicação destas forças?
Esta resposta é imprescindível para iniciarmos a modelagem da
estruturas.
O equilíbrio de uma estrutura é uma condição necessária, porém não suficiente para
sua estabilidade. Mesmo uma estrutura com grande quantidade de apoios e reações,
como as estruturas hiperestáticas, pode perder a sua estabilidade, se o material da
qual é composta não for capaz de resistir às cargas a ele impostas, rompendo-se e
perdendo o equilíbrio, conforme demonstrado pela Figura 239.
Figura 239 - Os pilares desta edificação não suportaram o peso próprio e o peso da ocupação dos
pavimentos, vindo a ruir
239
Agora nesta aula discutiremos o equilíbrio interno, que é a capacidade do elemento
resistir a cargas externas.
É de comum conhecimento que o aço é um material mais resistente que, por exemplo,
o algodão. Mas esta afirmativa por si só não garante que um fio de aço resista mais
que um fio de algodão. Desde que colocada uma quantidade suficiente de algodão, o
seu fio poderá resistir inclusive mais carga que o aço, como sugere a Figura 241.
240
Figura 241 - Uma corda de algodão suporta mais peso que um fio de aço, porém o material aço é mais
resistente que o material algodão
Podemos definir tensão como a quantidade de força que atua em uma unidade de
área do material. Só podemos comparar a resistência de dois materiais comparando
as máximas tensões que eles podem resistir, ou em outras palavras, o quanto de força
por unidade de área eles suportam.
Assim podemos diferenciar o conceito de pressão e tensão, uma vez que ambas são
cargas por unidade de área. Lembre-se que a pressão é a aplicação de uma força
externa distribuída sobre uma superfície, como por exemplo o vento sobre a fachada
de um edifício, como demonstrado pela Figura 242.
Figura 242 - A força do vento sobre a superfície da fachada do edifício causa uma pressão
241
Perceba que podemos, da mesma forma que a pressão, calcular a tensão,
simbolizada pela letra grega sigma s, como a intensidade da força sobre uma área,
logo:
𝐹
𝜎=
𝐴
A unidade de medida permanece N/m², e assim como ocorre com a pressão, pode ser
abreviada para a unidade Pa.
242
Figura 244 - A tensão de cisalhamento ocorre tangencialmente ao elemento
As estruturas quando submetidas a tensões devem trabalhar com uma certa folga,
para que imprevistos, tais como falhas de material, como problemas na fabricação do
cimento, impossibilidade de uma execução ideal, como concretagem de uma laje em
um dia de chuva intensa e outros efeitos não previstos, não ponham em risco a
resistência da estrutura.
243
Todo material quando submetido a tensão apresenta uma deslocabilidade nas suas
moléculas, o que é denominado deformação. Por exemplo, ao pressionarmos uma
bloco de espuma, percebemos que este facilmente se encurta, como demonstrado
pela Figura 245.
Quanto mais solicitado o material, mais ele se deforma. Como as tensões são
invisíveis ao olho humano, uma maneira de se saber se um elemento estrutural está
mais ou menos solicitado é pela verificação do quanto ele se deformou.
Figura 246 - Uma barra de aço sendo forçada em seu centro, visando demonstrar sua flexibilidade
244
A melhor maneira de se determinar o quanto um material resiste é submetendo-o a
um ensaio. Para isto, fabrica-se um elemento modelo, que recebe o nome de corpo
de prova, e sobre este são aplicados diversos carregamentos. Neste ensaio são
medidas as tensões a que o corpo de prova resiste e suas respectivas deformações.
Abaixo demonstramos, através da Figura 247, um exemplo de corpo de prova,
utilizando o material concreto armado.
Figura 247 - Molde e corpo de prova de concreto armado para ensaio de compressão axial
245
Figura 248 - Ensaio de compressão axial de um corpo de prova de concreto armado com o auxílio de
prensa hidráulica
Nesta fase quando se deixa de aplicar a força, o material volta a ter a sua dimensão
original.
246
Figura 249 - O elástico de borracha trabalha em regime elástico até que se estique demais o elástico, ou
seja, aplique força excedente ao seu limite de escoamento, e o elástico entre em estágio rígido,
fissurando-se, vindo, em seguida, a colapsar-se
Se a força aplicada atingir valores acima de um determinado limite, pode-se notar que
o material muda de comportamento não mais apresentando deformações
proporcionais ao aumento da força. A esta fase dá-se o nome de regime plástico.
247
soltar este canudo, como sugere a Figura 251. Você irá perceber que a medida que
aumenta a força aplicada ao canudo, ele irá se tensionar, porém caso interrompa a
força, o canudo consegue manter sua forma original, sem deformações residuais.
Figura 251 - Estirando um canudo conseguimos entender o conceito dos regimes e patamar de
escoamento
Você poderia repetir esta operação diversas vezes que o canudo manteria seu
formato, mesmo que repetidas vezes tente estica-lo. Portanto, podemos dizer que o
canudo se encontra no regime elástico.
Caso você mantenha a aplicação da força, mesmo após o canudo ter escoado,
repentinamente ele irá se romper em algum trecho onde seu diâmetro diminuiu. Este
é o colapso do canudo.
248
Materiais que possuem uma fase elástica bem definida, e que suportam grandes
cargas sem escoarem, ou seja, deformando e retornando a seu formato original sem
alterações permanentes, são conhecidos como dúcteis, e temos o aço como principal
representante. Ou seja, a barra de aço ao ser tracionada se deforma, alongando-se,
e ao cessar a aplicação desta força, volta a seu formato original, sem danos à barra.
Já materiais que possuem pouca deformabilidade, com uma rápida fase elástica,
atuando, quando sobre a atuação constante de cargas, majoritariamente em fase
plástica, são chamados de frágeis, e temos como representante o concreto. Neste
caso, uma peça de concreto, ao ser comprimida, qualquer deformação de maior
magnitude será permanente a peça.
Se uma barra está submetida a forças externas axiais, tendendo a puxar ou esticar a
barra, ocasionando um aumento (dilatação) no seu tamanho na direção do seu eixo,
249
no sentido de dentro para fora, dizemos que neste elemento está atuando uma força
de tração, conforme demonstrado pela Figura 252.
250
seções. Um exemplo de elemento tracionado pode ser visualizado através da Figura
254.
251
Figura 256 - Formatos indicados para peças que trabalharão majoritariamente à tração
Para fins matemáticos, adotamos o sentido de tração como uma força positiva,
conforme sugerido pela Figura 257.
Figura 258 - A tração está localizada no centro de gravidade da seção transversal da peça
Agora, se esta barra estiver submetida a forças axiais externas que tendem a apertá-
la, pressionando-a, sofrendo, assim, uma diminuição no seu tamanho na direção do
seu eixo, de fora para dentro, dizemos que este elemento está submetido à uma carga
de compressão, conforme apresentado pela Figura 259.
252
Figura 259 - Elemento de barra sobre compressão
Análogo ao que ocorre em uma peça tracionada, se em uma barra comprimida a força
de compressão é gradativamente aumentada, as tensões internas aumentam, em
igual magnitude, até que, ultrapassada a tensão máxima de resistência à compressão
do material, a peça se rompe.
253
Também para fins matemáticos, adotamos a compressão como uma força negativa
axial, conforme demonstrado pela Figura 261.
Figura 262 - Os pilares são elementos construtivos que trabalham majoritariamente à compressão
254
Isto pode ser observado através da seção transversal de um pilar de concreto armado,
conforme exibido pela Figura 263, que possuem barras de aço equidistantes, ou seja,
igualmente espaçadas.
Porém, no caso da compressão axial, outro fenômeno pode ocorrer, gerando a perda
de estabilidade da peça, bem antes que seja atingida a tensão de ruptura a
compressão do material, denominado flambagem. Por apenas ocorrer nos casos de
barras comprimidas, estas peças irão requerer especial atenção.
Ao comprimirmos uma peça, percebemos que atingido certa intensidade, esta começa
a curvar-se em torno do próprio eixo, causando a perda da estabilidade do sistema,
como indicado pela Figura 264.
255
Em casos de carregamentos extremos, a flambagem pode inclusive causar o
rompimento da peça, como podemos observar pela Figura 265.
Não entendeu? Vamos a mais uma experiência para tentar deixar claro o que
acontece em uma flambagem.
Posicione-a entre as palmas de sua mão, de modo que você consiga comprimir de
modo axial as suas extremidades.
256
Comece a apertar a régua, tentando aproximar a palma de suas mãos. Irá perceber
que, com uma aplicação mínima de compressão, a régua se mantém em equilíbrio,
devolvendo a carga de compressão para você. Isto é tão verdade que a régua chega
a machucar a palma de nossas mãos.
Porém aumentando a intensidade da força, você perceberá que o meio da régua irá
curva-se para fora da linha de ação de sua mão, mesmo sem que você tenha aplicado
força alguma neste sentido. Esta tendência de giro, é a flambagem.
Se a carga que você estivesse aplicando com a palma de sua mão fosse realmente
centrada na régua, este efeito não ocorreria, porém, como garantir que a palma de
sua mão está exatamente cravada no centro de gravidade da régua?
Em um elemento comprimido, portanto, por menor que seja, existe uma variação entre
a posição da força de compressão e o centro de gravidade da peça. Desta forma,
consequentemente, existe uma distância entre a força aplicada e o centro de
gravidade, que receberá o nome de excentricidade, muita das vezes simbolizada pela
letra “e”, conforme demonstrado pela Figura 267.
257
Figura 267 - Carga P excêntrica aplicada a um elemento de barra, comprimindo-o e proporcionando a
flambagem
Aprendemos na aula anterior que uma força aplicada à um elemento a uma distância
dos apoios deste elemento, gera uma tendência de rotação. Esta é a flambagem.
Desta forma, o centro de gravidade real da peça, por mais próximo que esteja de seu
centro de gravidade teórico da peça, resulta em uma pequena distância.
258
Assim, que mesmo que tentemos aplicar a carga centrada no CG teórico da peça,
uma excentricidade irá ocorrer, conforme podemos pela seção do pilar apresentada
através da Figura 268.
259
Figura 269 - Quando um pilar flamba, a face externa se traciona e a face interna se comprime
Essa situação mostra que a maior ou menor possibilidade de uma barra flambar está
diretamente ligada a maior ou menor facilidade de giro das suas seções.
Pegue uma folha de papel, sem marcas ou dobras, e tente mantê-la de pé, na vertical.
Ela mal sustenta o próprio peso, flambando assim que é liberada pela sua mão e
ruindo em seguida.
Agora dobre esta folha ao meio, de modo que crie um vinco nesta. Agora posicione
esta folha na vertical, verá que se estiver em um ambiente sem vento e sobre uma
superfície plana, agora a folha se manterá estável.
260
Figura 270 - Quanto mais massa estiver afastada do centro de gravidade, maior será a estabilidade da
peça
Qual é o fator que faz com que uma seção se torne mais ou menos resistente ao giro?
Quanto mais afastada essa massa estiver da mão mais difícil será impulsioná-la
ao giro, conforme demonstrado pela Figura 271.
Figura 271 - Se você amarrar uma pedra em um barbante, quanto mais curto o barbante, mais fácil de
girá-lo
Ou seja, quanto mais longe estiver a massa do centro de giro mais difícil é tirá-la da
inércia. Coisa semelhante ocorre com a distribuição de material na seção de uma
barra. Quanto mais afastado estiver o material do centro de giro da seção da barra,
261
ou seja, do seu centro de gravidade, mais difícil será girar a seção e,
consequentemente, mais difícil será a barra flambar.
Logo, se a barra irá flambar, este será em torno do eixo mais frágil, mais suscetível,
no caso, o eixo que possuir menos massa distante do centro de gravidade, como
demonstrado pela Figura 273.
262
Figura 273 - Eixo de rotação para a flambagem de uma peça retangular
Como dito anteriormente, a compressão, assim como a tração, solicita as seções das
peças estruturais com tensões uniformes. Estas tensões crescem com o aumento do
esforço de compressão, mas ao contrário da tração simples, antes de ocorrer a ruptura
da seção por compressão é bem provável que ocorra um deslocamento lateral da
peça estrutural, fazendo-a perder a estabilidade, devido à flambagem.
Figura 274 - Quanto mais afastada a massa estiver do centro de gravidade, maior a resistência à
flambagem
263
Por este motivo, em um elemento submetido à compressão, concentrar sua massa
próxima ao seu centro de gravidade apresenta pouca eficiência contra a flambagem.
Desta forma, como objetivamos a maior economia de material possível, visando
também o alívio do peso-próprio da estrutura, deve-se escolher seções que não
apresentem material junto ao centro de gravidade, ou seja, as seções vazadas.
Figura 275 - Seções quadradas e circulares resitem melhor ao flambamento se não conhecida sua
direção de curvatura
Então podemos concluir que, diferente do que ocorre na tração, na compressão não
é apenas a quantidade de material que determina sua resistência, mas também a
forma como esse material se distribui.
É importante notar que para uma mesma força, devido ao fenômeno da flambagem,
as peças submetidas a compressão serão sempre mais robustas que aquelas
submetidas à tração, mesmo o material possuindo resistências semelhantes para
ambos os esforços, como o caso do aço. Tanto física como visualmente, os elementos
comprimidos serão sempre mais pesados que as segundas, e as mais usuais estão
apresentadas pela Figura 276.
264
Figura 276 - Seções usuais à compressão
Figura 277 - O comprimento da peça deverá ser restrito afim de evitar a flambagem do pilar
Já quando a viga estiver sendo apertado por uma força, ou conjunto destas, dizemos
que está sofrendo o esforço de compressão, conforme exibido pela Figura 279.
266
/
Resumo
Nesta aula compreendemos o comportamento de um elemento
quando submetido à esforços axiais de compressão e de tração.
267
Complementar
Que tal aprendermos este assunto por outra ótica? Venha reforçar o conhecimento
adquirido através deste conteúdo selecionado exclusivamente para você.
268
Referências Bibliográficas
269
• NIEMEYER, CORBUSIER, TANGI e outros. Exemplos de arquitetura.
Coleção Enciclopédica da Construção. Hemus. 500p. ISBN: 8528902587.
• OTTO, F. Tensile structures: design, structure and calculation.
• RAMALHO, M. A. e CORRÊA M. R. S. Projeto de edifícios de alvenaria
estrutural. Pini, 2003. 188p. ISBN: 8572661476.
• REBELLO Y. C. P. A concepção estrutural e a arquitetura. Editora Zigurate,
2000. 271 p. ISBN: 8585570032.
• RICHARD, W. Materials, form and arquitecture. Editora Laurence King, 2003.
240p. ISBN: 1856692957.
• SCHROEDER, R. Novas tecnologias Egc arquitetura. Ateliê, 2003. 44p. ISBN:
8574802204.
• SILVA, G. G. Arquitetura do ferro no Brasil. Nobel, 1987. 248p. ISBN:
8521304641.
• SILVA, S. F. Zanine, Sentir e Fazer. Agir, 1995.ISBN: 8522003777.
• SOLOT, D.C. Paulo Mendes da Rocha: estrutura - o êxito da forma. Editora
Viana & Mosley, 2004. 124 p. ISBN: 8588721163.
• TOSCANO, J. W. João Walter Toscano. Editora Unesp, 2002. 186 p. ISBN:
8571394091.
• VASCONCELOS A. C. Estruturas da natureza um estudo da interlace entre
biologia e engenharia. Studio Nobel, São Paulo, 2000. 312 p. ISBN
8585445866.
• VASCONCELOS, A. C. Estruturas Arquitetônica: Apreciação intuitiva das
formas estruturais. Studio Nobel, 1991, 115 p.
• YAZIGI, W. A técnica de edificar. Pini, 2003. 670p. ISBN: 8572661468.
• ZANETTINI, S. Arquitetura, razão, sensibilidade. Editora da USP, 2002. 472p.
ISBN: 853140729x.
• ZANI, A. C. Arquitetura em madeira. Imprensa Oficial SP, 2003. 397p. ISBN:
8570601891.
270
Exercícios
Responda as questões discursivas abaixo, sobre o que acabamos de ver:
271
Figura 282 - Os pés de uma cadeira
272
AULA 12
ESFORÇOS INTERNOS – PARTE II
APRESENTAÇÃO DA AULA
Nesta aula iremos continuar o trato dos esforços internos, porém dando
ênfase ao momento fletor, cisalhamento e momento torçor.
Boa aula!
.
OBJETIVOS DA AULA
Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste módulo, você seja capaz
de:
➢ Compreender o comportamento de um elemento quando submetido à
esforços fletores;
➢ Compreender o comportamento de um elemento quando submetido à
esforços de cisalhamento;
➢ Compreender o comportamento de um elemento quando submetido à
esforços de momento torçor;
➢ Instruir o conceito de distribuição de massa
273
Olá aluno!
Iniciaremos esta aula remetendo-se ao conceito de momento, onde
objetivamos um tipo especial deste, o momento fletor.
Boa aula!
Figura 285 - Relógio de parede tradicional, com ponteiro de horas, minutos e segundos
Desta forma, podemos afirmar que o parafuso central do relógio está apresentando
características de um apoio articulado fixo, pois mantém-se restringindo o
deslocamento horizontal e vertical dos ponteiros, porém, permitindo sua rotação.
Por mais leve que possam parecer, os ponteiros possuem massa, logo, possuem peso
próprio, que irá forçar o ponteiro dos minutos para baixo, porém seu vínculo com o
parafuso central do relógio irá reagir, mantendo o ponteiro sem que se desloque
verticalmente, conforme demonstrado pela Figura 286.
274
Figura 286 - O ponteiro de minutos, que possui peso-próprio, está fixado ao centro do relógio
Como o parafuso está frouxo, logo o peso do ponteiro fará com que este gire até que
ocorra o equilíbrio com sua reação.
Enquanto as linhas de ação dessas forças não estiverem alinhadas, o ponteiro irá
girar.
Figura 287 - Pelo vínculo do ponteiro de minutos estar com defeito, ele está livre para rotacionar devido a
seu peso-próprio, com isso, se alinhando à sua reação
275
Conclui-se dessa experiência que o giro ocorre enquanto estiver aplicado no ponteiro
um par de forças, de mesma direção, sendo esta paralelas e verticais, sentidos
contrários, sendo uma para cima e outra para baixo, e enquanto não estiverem
colineares.
A um par de forças nesta situação dá-se o nome de binário. Sempre que ocorrer um
binário ocorrerá um giro. E como já aprendemos neste caderno, se uma força causa
uma tendência de giro, a este movimento denominamos como momento.
Conforme foi visto nas condições de equilíbrio, o momento pode ser expresso pelo
produto da força pela sua distância ao centro de giro. Lembrar que a distância entre
uma força e um ponto é a menor distância entre sua linha de ação e o ponto, conforme
demonstrado pela Figura 288.
Figura 288 - A força F atuando em um objeto, à uma distância d com relação a seu apoio, gera um
momento
276
Figura 289 - Deformação causada pela tendência de giro na barra devido à aplicação de uma força à uma
distância dos apoios
A Figura 290, a seguir, mostra um modelo esquemático da viga biapoiada acima, que
ao sofrer essa deformação, todas as seções da barra, que inicialmente eram paralelas,
giram em relação aos eixos horizontais que passam pelos seus centros de gravidade,
o que caracteriza a ocorrência de momento.
Figura 290 - Aplicação de força centrada em elemento de barra, visando demonstrar a contração das
fibras superiores e o estiramento das fibras inferiores
O modelo mostra também que a intensidade desse giro varia ao longo do comprimento
da barra. As seções próximas ao centro giram menos que aquelas próximas aos
apoios; portanto o momento fletor aumenta do apoio para o centro da viga.
A Figura 291, abaixo, exemplifica o formato resultante que a viga irá aparentar após o
carregamento de uma força distribuída. A este desenho, denominamos deformada.
278
Como a parte superior da viga está sendo comprimida e a parte inferior tracionada,
podemos dizer que há um binário interno de tração e compressão simultâneo,
provocado pelo momento fletor. Este binário é apresentado através da Figura 292.
Figura 292 - Um elemento fletido apresenta ao mesmo tempo em sua seção transversal, esforços de
compressão em uma extremidade e tração em outra
Note que os valores de tração são mais intensos na borda inferior da peça e que vão
diminuindo até se anularem, próximo ao centro da peça, onde surgem esforços de
compressão, que de forma oposta, são mais intensos na borda superior da peça.
Quanto maior for a distância entre estas forças, maior será a resistência da peça aos
esforços de momento fletor, por isto a utilização de seções retangulares para as vigas,
como demonstra a Figura 293.
Figura 293 - A viga tendo sua maior dimensão a horizontal, aproxima os vetores de compressão e tração
do momento, não possuindo eficácia
Esta linha, que passa próxima ao eixo da peça, onde não há esforços nem tração nem
de compressão, dá-se o nome de Linha Neutra, e está destacada através da Figura
294.
279
Figura 294 - Demonstração da posição da linha neutra em uma viga de concreto armado
280
Um elemento de barra, apresentará diferentes deformações para cada tipo e
localização da aplicação de uma carga sobre ele. Estas deformações poderão gerar
momentos positivos e negativos na peça.
Porém temos outras duas disposições dos elementos de barra, de acordo com sua
vinculação, além das vigas biapoiadas, explanadas até aqui. Para barras engastadas,
como a exibida pela Figura 297, seu peso próprio ocasiona uma deformação para
baixo, deixando-a pendente. Isto causa o aparecimento natural de tração na parte
superior da viga e compressão na parte inferior.
Figura 297 - Em barras engastadas, a parte superior da viga sofre um carregamento de tração e a parte
inferior, compressão
Já para barras contínuas, ou seja, que possuem mais de dois apoios, o sentido de
deformação irá alternar-se, conforme demonstrado pela Figura 298.
Figura 298 - Viga contínua demonstrando a ocorrência de tração (T) e compressão (C)
Repare que nos trechos centrais dos vãos, há uma deformação movimentando a viga
para baixo de seu eixo, assim, apresentando esforços de compressão em suas fibras
superiores e tração em suas fibras inferiores, assim como visto anteriormente.
281
Porém, sobre o apoio central a viga, à um comportamento diferenciado, com a viga
deformando-se para cima de seu eixo, apresentando esforços de tração em suas
fibras superiores e compressão em suas fibras inferiores.
Façamos um exemplo, agora. Seja a viga contínua, apoiada por três pilares, conforme
demonstrado pela Figura 299, recebendo um carregamento distribuído da laje, oriundo
do peso-próprio e ocupação.
Como o aço é mais resistente à tração do que o concreto, este é posicionado dentro
da viga exatamente nos trechos que serão mais solicitados a este esforço. Portanto,
aonde a viga estiver esticando, deverá ter uma barra de aço para resistir a esse
esforço. Na Figura 301, observa-se que no trecho central da viga à mais barras na
parte inferior da peça do que na parte superior.
282
Figura 301 - Montagem de Armadura de Aço em uma viga de concreto
Por atendimento às normas construtivas, estas preveem que deve haver uma barra
por vértice da viga, definindo, portanto, uma armadura mínima.
Figura 302 - Seções mais usuais quando este tipo de esforço é preponderante em um elemento de barra
A intensidade dos valores de momento varia ao longo de uma viga, por exemplo, e
podem ser representados através de diagramas, que serão vistos nas próximas
disciplinas como Diagrama de Momentos Fletores. Para a viga utilizada no exemplo
anterior, apresentamos através da Figura 303, este diagrama. Repare a grande
similaridade entre a intensidade do momento e a deformação apresentada pela viga.
283
Figura 303 - Diagrama de Momento Fletor
É importante neste momento frisar que, por questões culturais, os momentos que se
apresentam abaixo da linha de eixo da viga recebem a alcunha de momento positivo,
geralmente encontrados no meio do vão, e aos momentos que ocorrem acima do eixo
da viga, denomina-se momento negativo, geralmente sobre os apoios centrais ou em
vigas em balanço engastadas.
Portanto, serão nestes trechos de valores mais intensos de momento, seja positivo,
seja negativo, que deverão se localizar as barras de aço, quando utilizado o concreto
armado. Já para estruturas metálicas, definirão a posição do perfil, para que a massa
mais afastada do centro de gravidade apresente-se sempre onde estiver ocorrendo
as maiores cargas de momento.
A Figura 304 abaixo mostra respectivamente uma seção indicada para vigas
engastadas, com mais massa na parte superior, indicando que esta peça suporte
cargas maiores de momento negativo. Já a segunda peça, um perfil indicado para
vigas biapoiadas, que terão majoritariamente momentos positivos. Por último, a
terceira peça, que é utilizada para vigas contínuas, que apresentam a oscilação de
momentos positivos e negativos ao longo da peça.
284
Figura 304 - Perfis metálicos sugeridos de acordo com o tipo de momento
Esse esforço recebe esse nome por que seu efeito é de corte entre as seções
longitudinais e transversais da barra, conforme demonstrado pela Figura 305,
resultante do movimento vertical entre os planos de seção da peça.
Da mesma forma que os demais esforços, também há uma convenção para os sinais
para indicar o sentido de rasgamento vertical da peçam conforme apresentado pela
Figura 306.
285
Figura 306 - Convenção de sinais para esforço cortante
Sempre que houver a aplicação de uma carga em uma estrutura de barra, em uma
posição diferente de seus apoios, deverá haver a transmissão horizontal desta carga
até os apoios. Toda transmissão de carga horizontal, força verticalmente a estrutura,
gerando esforços cortantes. Logo, pode-se dizer que sempre que houver a ocorrência
de momento fletor haverá a ocorrência de força cortante.
286
material é suficientemente resistente para reagir às tendências de escorregamentos
verticais das seções.
Agora trataremos de outro tipo de momento. Vimos que o momento fletor é o giro que
ocorre em torno da seção transversal da peça. Mas quando ocorrer o giro em torno
de seu eixo longitudinal, conforme demonstrado pela Figura 308.
A este tipo de momento que não apresenta flechas dá-se o nome de torçor.
Um outro ensaio, bastante simples, pode ser realizado com um canudo, feito com uma
folha de papel enrolada. Ao se torcer esse canudo, notar-se-á o escorregamento
longitudinal entre as folhas. Deste ensaio conclui-se que a torção provoca, além do
giro, um escorregamento das seções, provocando forças cortantes transversais.
Com isto, podemos concluir que tanto para o fenômeno da flambagem quanto para o
de momento flexão exigem uma distribuição de massas longe do centro de gravidade
da seção.
Resumindo pode-se dizer que, em termos de dimensões das seções transversais das
peças estruturais, os esforços de tração são aqueles que demandam um menor
consumo de material, seguidos dos esforços de compressão. Já os esforços de flexão
apresentam os maiores consumos de material por comprimento de peça.
288
/
Resumo
Nesta aula compreendemos o comportamento de um elemento
quando submetido à esforços fletores, à esforços de cisalhamento e à esforços de
momento torçor.
289
Complementar
Cansado de ler? Pegue um fone de ouvido, plugue no celular e vamos a nossa sessão
semanal de cinema temático.
Sistemas Estruturais
Https://Www.Youtube.Com/Watch?V=Wbsgkhal7ve&List=Pllt6k_Cxblmtywkwg2x2qkqvg
zdebu1vb
Concepção Estrutural
Https://Www.Youtube.Com/Watch?V=3dd2ktfldls
Lançamento Estrutural
Https://Www.Youtube.Com/Watch?V=Ts8vbg6m0no
290
Concepção Estrutural E Elementos Estruturais
Https://Www.Youtube.Com/Watch?V=Cy2hntn80o8
Concepção Estrutural
Https://Www.Youtube.Com/Watch?V=Jmja7jqqhg8
Fim!
291
Referências Bibliográficas
292
• NIEMEYER, CORBUSIER, TANGI e outros. Exemplos de arquitetura.
Coleção Enciclopédica da Construção. Hemus. 500p. ISBN: 8528902587.
• OTTO, F. Tensile structures: design, structure and calculation.
• RAMALHO, M. A. e CORRÊA M. R. S. Projeto de edifícios de alvenaria
estrutural. Pini, 2003. 188p. ISBN: 8572661476.
• REBELLO Y. C. P. A concepção estrutural e a arquitetura. Editora Zigurate,
2000. 271 p. ISBN: 8585570032.
• RICHARD, W. Materials, form and arquitecture. Editora Laurence King, 2003.
240p. ISBN: 1856692957.
• SCHROEDER, R. Novas tecnologias Egc arquitetura. Ateliê, 2003. 44p. ISBN:
8574802204.
• SILVA, G. G. Arquitetura do ferro no Brasil. Nobel, 1987. 248p. ISBN:
8521304641.
• SILVA, S. F. Zanine, Sentir e Fazer. Agir, 1995.ISBN: 8522003777.
• SOLOT, D.C. Paulo Mendes da Rocha: estrutura - o êxito da forma. Editora
Viana & Mosley, 2004. 124 p. ISBN: 8588721163.
• TOSCANO, J. W. João Walter Toscano. Editora Unesp, 2002. 186 p. ISBN:
8571394091.
• VASCONCELOS A. C. Estruturas da natureza um estudo da interlace entre
biologia e engenharia. Studio Nobel, São Paulo, 2000. 312 p. ISBN
8585445866.
• VASCONCELOS, A. C. Estruturas Arquitetônica: Apreciação intuitiva das
formas estruturais. Studio Nobel, 1991, 115 p.
• YAZIGI, W. A técnica de edificar. Pini, 2003. 670p. ISBN: 8572661468.
• ZANETTINI, S. Arquitetura, razão, sensibilidade. Editora da USP, 2002. 472p.
ISBN: 853140729x.
• ZANI, A. C. Arquitetura em madeira. Imprensa Oficial SP, 2003. 397p. ISBN:
8570601891.
293
Exercícios
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
3. Para as estruturas abaixo, supondo que todas estão sofrendo a ação de seu
peso-próprio, pinte de verde os esforços de tração e de vermelho os esforços
de compressão. Após, circule de preto os trechos que possuirão maior
intensidade de esforço cortante.
a.
294
b.
c.
d.
e.
a. Compressão
b. Tração
c. Momento Fletor
d. Momento Torçor
e. Flambagem
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
295
AULA 13
MODELAGEM ESTRUTURAL
APRESENTAÇÃO DA AULA
Nesta aula alcançaremos o objetivo principal desta disciplina, a modelagem
da estrutura.
Boa aula!
.
OBJETIVOS DA AULA
Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste módulo, você seja capaz
de:
➢ Pré-dimensionar pilares;
➢ Pré-dimensionar vigas
➢ Pré-dimensionar lajes
➢ Sugerir o tipo de vínculo mais eficiente entre os elementos estruturais
➢ Locar as vigas
➢ Locar os pilares
➢ Locar as lajes
➢ Classificar as vigas como principais e secundárias.
296
Olá aluno!
Nesta aula iremos aprofundar nosso conhecimento sobre o caminho
das forças, discutir o pré-dimensionamento dos elementos
estruturais, e argumentar a locação destes elementos dentro do
projeto arquitetônico. Boa aula!
Após entendermos quais são as estruturas que compõe os mais diversos sistemas
construtivos e quais são as ações que incidem sobre uma edificação, nós
compreendemos na aula passada como os elementos construtivos irão reagir a estes
esforços.
297
Figura 309 - Estrutura esboça a forma, e a forma determina a estrutura
Então, cada estrutura deve possuir uma forma, e cada forma deve possuir uma
estrutura. Um exemplo simples é através de uma fôrma de gelo, conforme ilustrada
pela Figura 310, onde para atender à forma retangular para o gelo, instituída como
princípio e premissa por quem concebeu a peça, é necessária uma estrutura plástica
envoltória.
298
Figura 310 - A fôrma de gelo dá a forma de cubo à água, para isso, contando com uma estrutura de
plástico
Por outro lado, a relação da forma com a estrutura é subjetiva, e o formato do objeto
não deve ser determinado por sua montagem. Para exemplificar, uma cadeira será
sempre uma cadeira seja ela construída de madeira, aço ou plástico.
299
Figura 311 - "Guarde no coração o afeto deste povo acolhedor"
Retirando o pilar central ou mesmo o tecido tensionado, a tenda perde sua função,
não podendo segregar seus elementos.
300
empregada pelo conceito de caminho das forças, notem através da Figura 313, que
agora, enfim, podemos entender como a edificação reagirá conforme a aplicação das
cargas sobre sua estrutura.
Figura 313 - Demonstração do trajeto de uma carga ao incidir a estrutura de uma edificação, até ser
dissipada pelo solo através da fundação
Ou seja, para distâncias entre seus apoios de cinco metros, uma laje precisa
ter entorno de doze centímetros.
Continuando o caminho das forças, portanto, esta laje deverá estar apoiada por
suportes, e como definimos anteriormente, serão os elementos de barra. Estes
elementos, denominados vigas, recebem o peso da laje como uma força distribuída
linear.
Para obter o peso da alvenaria a cada metro, devemos calcular o volume de alvenaria
a cada um metro de comprimento. Se esta alvenaria possui 0,13 m de espessura e
3,00 m de altura, podemos dizer que em 1,00 m de comprimento, essa alvenaria
possui 0,13 * 3,00 * 1,00 = 0,39 m³ de volume.
Logo se a cada um metro cúbico a alvenaria possui 1300 kg de massa, qual será a
massa de 0,39 m³? Com uma simples regra de três podemos perceber que a cada
metro, esta parede pesa 507 kg.
302
Isto mesmo, cada metro na horizontal de parede em sua sala ou quarto pesa mais de
meia tonelada. Dois metros de parede pesam mais que um carro Gol 1.0, com duas
pessoas dentro!
Afim de evitar este elevado peso apoiado diretamente sobre a laje, prioriza-se que
abaixo de todas as paredes existam vigas. Porém se nas extremidades de cada viga
tivermos um pilar, como demonstrado pela Figura 314, isto demandaria um excesso
de pilares na edificação, que resultaria em dificuldades construtivas, desde a
fundação, trazendo maior consumo de materiais e consequentemente aumento do
custo de execução da obra, além de um impacto significativo na arquitetura.
Sendo assim, poderemos apoiar as vigas menores do projeto em outras vigas, desde
que mais robustas, e principalmente, desde que previsto este peso no
dimensionamento e detalhamento das estruturas, conforme ilustrado pela Figura 315.
Figura 315 - Vigas menores se apoiam em vigas maiores afim de evitar a poluição de pilares
Mas aí faremos nossa principal pergunta: qual então a distância ideal entre pilares?
303
Quem irá comandar esta decisão são as vigas. De acordo com a altura de viga que
se deseja permitir dentro do projeto de arquitetura, de modo que não impacte na
experiência visual do utilizador.
Por exemplo, para vigas biapoiadas de concreto armado, em média consegue-se vãos
dez vezes maiores que sua altura. Um exemplo, se desejamos vencer um vão de seis
metros com uma viga biapoiada, esta deverá possuir altura com valores no entorno
de sessenta centímetros.
Já para vigas contínuas, ou seja, com mais de dois apoios, também de concreto
armado, obtém-se vãos doze vezes maiores que a altura da viga utilizada. Seguindo
o mesmo exemplo, para o mesmo vão de seis metros, é possível vencê-lo com uma
viga de cinquenta centímetros.
Figura 316 - Balanços propositais em vigas favorecem a estrutura, pois diminuem os momentos positivos
no meio do vão
304
Observe através a imagem acima que projetar em balanço cerca de 2/7 (28%) do
comprimento da viga, apenas de um lado, é favorável a estrutura, uma vez que
diminuirá o quanto essa viga irá afundar no meio do vão.
Figura 317 - Demonstração do alívio na deformação imposta pela existência dos balanços
305
Através da Figura 319 podemos comparar com a relação de vão e altura de peça para
vigas metálicas. Perceba que para o mesmo vão de seis metros, uma viga de concreto
necessita de sessenta centímetros de altura, enquanto vigas de aço apenas a metade,
cerca de trinta centímetros.
Como última comparação, até para justificar o amplo uso do arco ao longo da história
na construção de estruturas, através da Figura 321 demonstramos que com os
mesmos sessenta centímetros de demandados para a viga de concreto, quando
utilizamos o formato de arco, devido ao aparecimento exclusivo de forças de
306
compressão na estrutura, não apresentando cargas de flexão, é possível vencer vãos
de doze metros, ou seja, o dobro do comprimento anterior.
Recomenda-se iniciar a localização dos pilares pelos cantos e, a partir daí, pelas áreas
que geralmente são comuns a todos os pavimentos (área de elevadores e de escadas)
e onde se localizam, na cobertura, a casa de máquinas e o reservatório superior. Em
seguida, posicionam-se os pilares de extremidade e os internos, buscando embuti-los
nas paredes ou procurando respeitar as imposições do projeto de arquitetura.
Deve-se, sempre que possível, dispor os pilares alinhados, a fim de formar pórticos
com as vigas que os unem. Os pórticos, assim formados, contribuem
significativamente na estabilidade global do edifício
A prática demonstra que os vãos ideais entre pilares estão entre 4 e 6 metros, por
demonstrarem maior economia de material, sendo recorrente a utilização de 5 metros
para disposição inicial dos pilares e compatibilização com a proposta de arquitetura.
Porém, vãos acima de 12 metros não são indicados pois produzem vigas com
307
dimensões incompatíveis e acarretam maiores custos à construção (maiores seções
transversais dos pilares, maiores taxas de armadura, dificuldades nas montagens da
armação e das formas etc.).
A NBR 6118, exclusiva para projeto de estruturas de concreto, exige que os pilares
tenham no mínimo 19 cm de largura, porém, isto de forma recorrente impacta na
arquitetura de nossas edificações, uma vez que a alvenaria tem entre 12 e 15
centímetros de espessura.
Porém, esta mesma norma nos permite executar os pilares com dimensões mínimas
de 12 cm, não abrindo mão de 360 cm² de área de seção, desde que o carregamento
sobre este pilar seja majorado.
Figura 322 - A localização de um pilar dentro da edificação impacta nos esforços atuantes sobre este
308
Posicionados os pilares no pavimento-tipo, deve-se verificar suas interferências nos
demais pavimentos que compõem a edificação. Assim, por exemplo, deve-se verificar
se o arranjo dos pilares permite a realização de manobras dos carros nos andares de
garagem ou se não afetam as áreas sociais, tais como recepção, sala de estar, salão
de jogos e de festas etc.
Após esta etapa, a estruturação segue com o posicionamento das vigas nos diversos
pavimentos. Além daquelas que ligam os pilares, formando pórticos, outras vigas
podem ser necessárias, seja para dividir um painel de laje com grandes dimensões,
seja para suportar uma parede divisória e evitar que ela se apoie diretamente sobre a
laje.
309
De posse do arranjo dos elementos estruturais, podem ser feitos os desenhos
preliminares da modelagem da estrutura, com as dimensões baseadas no projeto
arquitetônico.
310
Figura 324 - Demarcação do perímetro de alvenaria
311
Figura 326 - Divisão em três vãos transversais, ocasionando seis panos de laje
Nesta etapa, avaliamos as paredes que não estarão apoiadas diretamente sobre estas
vigas principais. Quando se tratarem de pequenos trechos, podemos considerar que
as paredes estarão apoiadas diretamente sobre a laje, desde que consideradas no
cálculo da armadura de aço deste elemento.
Porém, quando as paredes tiverem comprimento relevante, seu peso sobre a laje é
prejudicial e antieconômico. Assim, devemos traçar vigas para suportar estas
alvenarias. Afim de evitar a concentração desnecessárias de pilares, apoiamos estas
vigas secundárias e auxiliares diretamente nas vigas principais.
312
Figura 327 - Locação dos elementos estruturais em uma edificação, com a demarcação de vigas e pilares
313
Figura 329 - Demarcação das alvenarias
Para isso, adotaremos algumas alvenarias diretamente sobre a laje, evitando que
estejam posicionas nas regiões centrais dos panos delineados. É preferível optar por
paredes que possuam esquadrias, como janelas e portas, por serem mais leves.
Assim, podemos propor a seguinte solução econômica, conforme Figura 331.
314
Figura 331 - Solução econômica de locação das vigas
Tendo este croqui aprovado, lançamos os pilares, permitindo que vigas secundárias
se apoiem em vigas principais, obedecendo a hierarquia concebida, conforme Figura
332.
315
Figura 333 - Planta de fôrmas para a edificação modelo
Figura 334 - Modelagem estrutural de edificação através de montagem de maquete com cartolina
O que nos cabe neste primeiro período é propiciar ao aluno ferramentas para que este
desenvolva metodologia própria, cabendo ao professor direcionar e orientar a
montagem da forma e estrutura, regulando excessos e apontando falhas.
317
Resumo
Nesta aula alcançamos o objetivo principal desta disciplina, a
modelagem da estrutura.
318
Complementar
Para esta aula reservamos seleta literatura disponível na internet, de forma gratuita,
visando complementar os estudos até aqui alcançados.
https://www.archdaily.com.br/br/891672/aprenda-a-pre-dimensionar-uma-
estrutura-em-concreto-armado
https://www.youtube.com/watch?v=qUw5J1yMlmc
https://www.ebah.com.br/content/ABAAAfEY0AH/apostila-sistemas-
estruturais?part=5
https://www.youtube.com/watch?v=zpmlmt9_OP8
https://www.youtube.com/watch?v=SVJRjoAk2XE
http://www.lem.ep.usp.br/pef2303/Aula2A_Claudius.pdf
https://notedi1.files.wordpress.com/2010/06/estruturas.pdf
https://www.meiacolher.com/2018/06/distancia-entre-pilarescoluna-vao-
passo.html
http://comoprojetar.com.br/como-projetar-utilizando-estruturas-em-
concreto-armado-07/
https://marcelosbarra.com/2016/09/07/pre-dimensionamento-estrutural/
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/18.214/6931
http://maisengenharia.altoqi.com.br/estrutural/quais-informacoes-preciso-
dispor-para-comecar-um-projeto-estrutural/
319
Referências Bibliográficas
320
• NIEMEYER, CORBUSIER, TANGI e outros. Exemplos de arquitetura.
Coleção Enciclopédica da Construção. Hemus. 500p. ISBN: 8528902587.
• OTTO, F. Tensile structures: design, structure and calculation.
• RAMALHO, M. A. e CORRÊA M. R. S. Projeto de edifícios de alvenaria
estrutural. Pini, 2003. 188p. ISBN: 8572661476.
• REBELLO Y. C. P. A concepção estrutural e a arquitetura. Editora Zigurate,
2000. 271 p. ISBN: 8585570032.
• RICHARD, W. Materials, form and arquitecture. Editora Laurence King, 2003.
240p. ISBN: 1856692957.
• SCHROEDER, R. Novas tecnologias Egc arquitetura. Ateliê, 2003. 44p. ISBN:
8574802204.
• SILVA, G. G. Arquitetura do ferro no Brasil. Nobel, 1987. 248p. ISBN:
8521304641.
• SILVA, S. F. Zanine, Sentir e Fazer. Agir, 1995.ISBN: 8522003777.
• SOLOT, D.C. Paulo Mendes da Rocha: estrutura - o êxito da forma. Editora
Viana & Mosley, 2004. 124 p. ISBN: 8588721163.
• TOSCANO, J. W. João Walter Toscano. Editora Unesp, 2002. 186 p. ISBN:
8571394091.
• VASCONCELOS A. C. Estruturas da natureza um estudo da interlace entre
biologia e engenharia. Studio Nobel, São Paulo, 2000. 312 p. ISBN
8585445866.
• VASCONCELOS, A. C. Estruturas Arquitetônica: Apreciação intuitiva das
formas estruturais. Studio Nobel, 1991, 115 p.
• YAZIGI, W. A técnica de edificar. Pini, 2003. 670p. ISBN: 8572661468.
• ZANETTINI, S. Arquitetura, razão, sensibilidade. Editora da USP, 2002. 472p.
ISBN: 853140729x.
• ZANI, A. C. Arquitetura em madeira. Imprensa Oficial SP, 2003. 397p. ISBN:
8570601891.
321
Exercícios
Para os exercícios de hoje, não podemos deixar de treinar a modelagem estrutural,
conforme proposto durante a aula.
Após, através de palitos de picolé, construa o modelo estrutural sugerido por você.
O resultado obtido será semelhante ao obtido nas figuras ilustrativas abaixo, através
322
de prática semelhante aplicada em outras turmas, através da Figura 337, Figura 338
e Figura 339.
323
AULA 14
ANALOGIA COM OS ELEMENTOS DA NATUREZA
APRESENTAÇÃO DA AULA
OBJETIVOS DA AULA
Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste módulo, você seja capaz
de:
➢ Compreender o processo de mimetismo dos elementos da natureza
dentro da concepção das estruturas;
➢ Perceber que através da observação da natureza, soluções estruturais
são identificadas;
324
Olá aluno!
Nesta nossa última aula teórica, estudaremos as analogias entre
sistemas estruturais existentes na natureza e os realizados nas
edificações. O intuito dessa é demonstrar como o homem
desenvolveu suas teorias através da observação dos elementos da
natureza, e também como ainda temos muito a aprender. Boa aula!
Figura 340 - Galhos de árvores diminuem seu diâmetro à medida que alcançam as folhas
Como o galho é composto por um material único, no caso a madeira, a sua resistência
é igual em todas as partes. Se o galho tivesse a mesma seção, o tronco central não
suportaria o peso adicional, e qualquer variação de seu formato, poderia tombar a
árvore, uma vez que seu centro de gravidade seria facilmente impactado pelo formato
dos galhos.
Análogo ao que acontece com uma árvore, podemos observar o mesmo processo
ocorrendo em uma asa de inseto, como a libélula, demonstrado pela Figura 341. Esta
asa apresenta uma malha, de veias mais grossas perto do tronco, e à medida que vão
se afastando, vão reduzindo sua espessura e consequentemente aumentando sua
ramificação. Este sistema, de entrelaçamento de elementos, é conhecido como
grelha, e é recorrentemente utilizado por propiciar maior estabilidade do sistema.
Figura 341 - Asa de um inseto demonstra a grande resistência da grelha formada pela malha de veias e
também a diminuição da seção das veias à medida que se afastam do corpo do inseto, visando a
diminuição do seu peso
Por mais que a maioria das árvores apresentem comportamento similar, de diminuição
da área da seção do galho à medida que se ramifica, nem todas as árvores
apresentam o mesmo mecanismo. O galho da palmeira possui uma quantidade de
material aproximadamente constante, da extremidade ao tronco, variando apenas seu
formato, como podemos observar pela Figura 342.
326
Figura 342 - A folha da palmeira altera seu formato sem perder massa, para garantir maior resistência
contra momentos fletores
327
Figura 343 - A araucária possui galhos horizontais visando expandir a área de atuação de sua copa, e
para isso, provém importante mecanismo de engaste de seus galhos ao seu tronco, conhecido como nó
328
Figura 344 - É comum a ocorrência de árvores duplas, primitivamente próximas, que com o tempo podem
separar-se cerca de dois metros
Figura 345 - Os nós funcionam como elementos de rigidez, impedindo a deformação da seção do caule e
mantendo sua resistência.
329
O pé de chuchu nos traz importante analogia construtiva. Ao se fixar sobre uma
superfície, projeta próximo às suas hastes rígidas, outras hastes, de menos tamanho
e flexíveis, em formato de mola, como podemos observar pela ilustração da Figura
346. Este ramo auxiliar tem a função absorver e amortecer as vibrações aplicadas à
planta, como ventos ou passagem de animais.
Figura 346 - Hastes menores e em formato de mola possuem a função de amortecedores à estrutura
De forma análoga, conforme foi dito em nossas primeiras aulas, em regiões sujeitas à
abalos sísmicos, amortecedores são colocados em estruturas para que absorvam
vibrações e não entrem em ressonância. A ressonância é um fenômeno que ocorre
quando um determinado objeto sofre uma vibração externa, cuja frequência é igual a
sua própria frequência. Se as estruturas vibrarem na mesma frequência da fonte
emissora podem entrar em estado de ruína.
Pássaros, como o tinhorão e o tecelão, executam seu ninho com toda a espécie de
materiais a sua disposição, como capim seco, fios artificiais, palha e penas, dentro de
uma forquilha de um galho de árvore, como podemos observar pela Figura 347. O
tecelão usa seu corpo como molde e gabarito para a montagem do ninho, com a fêmea
assumindo importante papel de inspetora de sua resistência do ninho, antes de chocar
os ovos.
330
Figura 347 - Ninhos são compostos por materiais que sozinhos são frágeis
O ninho, que é composto por elementos que sozinhos são frágeis e não proporcionam
resistência, é um excelente exemplo de como a correta montagem e posicionamento
dos elementos construtivos podem resultar em um sistema com grande capacidade
de carga.
Inspirado por este conceito, o Estádio Nacional de Pequim foi concebido. Não à toa
ele recebeu o apelido de Ninho de Pássaro e pode ser observado através da Figura
348.
Figura 348 - Estádio Nacional de Pequim, também conhecido como Ninho de Pássaro
331
Outro exemplo de ninho que é bastante copiado nas construções atuais, sendo de
forma recorrente utilizado como inspiração é a casa do João de barro, que é
apresentada pela Figura 349. Ela é construída com fibras vegetais misturadas com
barro úmido da beira de córregos. Como o barro é um material que resiste bem a este
esforço, o João de Barro prepara seu abrigo em formato de cúpula.
Figura 349 - A forma final do ninho do João de Barro é uma cúpula, onde predomina o esforço de
compressão simples
Este é um exemplo onde o material disponível no local define o sistema estrutural que
será adotado, porém temos que ter em mente, que em muitos casos a concepção do
projeto partirá da escolha primária do sistema estrutural, e portanto, conhecendo bem
os esforços envolvidos, deverá ser escolhido o material mais adequado.
Na construção de sua habitação, não apenas pássaros utilizam seu corpo como
molde. As abelhas usam seu corpo como gabarito para o tamanho de cada alvéolo,
como podemos observar pela Figura 350.
332
Figura 350 - Os favos da colmeia são compostos por alvéolos justapostos, moldados de acordo com o
tamanho médio das abelhas
333
Figura 351 - Obras executadas na direção dos esforços principais, que seguem a geometria das teias,
tornam o sistema mais resistente e econômico
334
Diversos tipos de estruturas são baseados nessa forma, como as lajes-cogumelo, que
conforme visto em nossa terceira e quarta aula, são estruturas em que a laje se apoia
diretamente sobre os pilares, sem o uso de vigas. Este é muito comum em locais onde
o pé direito livre é importante, pois a ausência de vigas facilita a execução da laje,
principalmente para coberturas em formas muito irregulares.
Tendo em vista a distribuição dos esforços, a espessura da laje deve ser maior junto
aos pilares e mais fina nas extremidades. Para grandes vãos, a laje pode ser
nervurada, o que a aproxima ainda mais da forma do cogumelo.
Figura 353 - Dobraduras aumentam a rigidez das seções dos elementos estruturais, ou seja, quanto mais
material longe do centro de gravidade mais rígida será a seção e portanto mais difícil de flambar
335
A casca do ovo é formada por cálcio, material de boa resistência à compressão e
baixa resistência à tração. Quando sujeita predominantemente à compressão simples,
sua resistência é muito grande, devido a seu formado oval, similar à cúpula. Quando
é tracionada ou flexionada (tração e compressão concomitantes) sua resistência cai
muito e sua casca é facilmente danificada..
Se a casca for comprimida por uma força concentrada na direção do seu eixo maior,
o ovo oferece uma resistência muito grande, entretanto se for comprimida na direção
do menor eixo, quebra-se com facilidade, como apontado pela Figura 354.
Figura 354 - Ao apertar um ovo, dependendo de como fazemos, podemos observar grandes e pequenas
resistências, devido a seu formato oval
Arcos mais pontiagudos, com formas que se aproximam do funicular de uma única
força, apresentam boa resistência à compressão uma vez que estarão pouco sujeitos
à flexão, predominando a força de compressão simples. Já arcos mais abatidos, o
funicular se afastará bem da forma do arco e ocorrerá grande flexão, comprometendo
a resistência da casca. Essa comparação pode ser realizada visualmente através da
Figura 355.
336
Figura 355 - Arcos sujeitos a cargas concentradas no meio do vão devem ter sua conformação alterada,
aproximando-a da forma triangular, mais próxima do funicular isolada
Encaminhando-se para o final de nossa aula, considere a carapaça que protege uma
tartaruga da pressão da água e de seus predadores. Além do formato de cúpula
(favorável ao predomínio de forças de compressão), dispõe de linhas definindo uma
trama com aspecto de gomos e formando dobraduras que aumentam sua rigidez,
como visualizamos na Figura 356.
Figura 356 - Exoesqueleto da tartaruga marinha em formato de gomos, aumentando a sua rigidez
Figura 357 - Visando garantir a estabilidade, a arvore aumenta sua base, através da dispersão de suas
raízes
338
Resumo
Nesta aula compreendemos como continuamente a humanidade
projeta sua criatividade arquitetônica no mimetismo aos elementos
estruturais encontrados na natureza.
339
Complementar
Que tal enriquecermos nossa leitura com outros artigos sobre a analogia dos
elementos estruturais encontrados na natureza? Seguem os links!
https://www.homify.com.br/livros_de_ideias/21901/arquitetura-e-as-formas-
inspiradas-na-natureza
https://www.anparq.org.br/dvd-enanparq-4/SESSAO%2002/S02-06-
YUNES,%20G;%20FERRARO,%20L;%20MORELATTO,%20N.pdf
https://0201.nccdn.net/4_2/000/000/06b/a1b/Edifica----es-Analogia-Natureza.pdf
http://au17.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/149/artigo26861-1.aspx
https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/09/150921_vert_earth_arquitetura
_natureza_ml
Por último, nosso guia da Prof.ª. Liliana Fay, da UFRRJ, que baseada no prof. Yopanan,
compilou importante ferramenta de auxílio ao estudo da modelagem de estruturas e pode
ser obtido através do link:
http://www.civilnet.com.br/Files/Sistemas%20Estruturais/APOSTILA_IT_829.pdf
340
Referências Bibliográficas
341
• NIEMEYER, CORBUSIER, TANGI e outros. Exemplos de arquitetura.
Coleção Enciclopédica da Construção. Hemus. 500p. ISBN: 8528902587.
• OTTO, F. Tensile structures: design, structure and calculation.
• RAMALHO, M. A. e CORRÊA M. R. S. Projeto de edifícios de alvenaria
estrutural. Pini, 2003. 188p. ISBN: 8572661476.
• REBELLO Y. C. P. A concepção estrutural e a arquitetura. Editora Zigurate,
2000. 271 p. ISBN: 8585570032.
• RICHARD, W. Materials, form and arquitecture. Editora Laurence King, 2003.
240p. ISBN: 1856692957.
• SCHROEDER, R. Novas tecnologias Egc arquitetura. Ateliê, 2003. 44p. ISBN:
8574802204.
• SILVA, G. G. Arquitetura do ferro no Brasil. Nobel, 1987. 248p. ISBN:
8521304641.
• SILVA, S. F. Zanine, Sentir e Fazer. Agir, 1995.ISBN: 8522003777.
• SOLOT, D.C. Paulo Mendes da Rocha: estrutura - o êxito da forma. Editora
Viana & Mosley, 2004. 124 p. ISBN: 8588721163.
• TOSCANO, J. W. João Walter Toscano. Editora Unesp, 2002. 186 p. ISBN:
8571394091.
• VASCONCELOS A. C. Estruturas da natureza um estudo da interlace entre
biologia e engenharia. Studio Nobel, São Paulo, 2000. 312 p. ISBN
8585445866.
• VASCONCELOS, A. C. Estruturas Arquitetônica: Apreciação intuitiva das
formas estruturais. Studio Nobel, 1991, 115 p.
• YAZIGI, W. A técnica de edificar. Pini, 2003. 670p. ISBN: 8572661468.
• ZANETTINI, S. Arquitetura, razão, sensibilidade. Editora da USP, 2002. 472p.
ISBN: 853140729x.
• ZANI, A. C. Arquitetura em madeira. Imprensa Oficial SP, 2003. 397p. ISBN:
8570601891.
342
Exercícios
Nesta aula treinaremos nossa capacidade de assimilação e
correlação entre os elementos da natureza e as edificações. Serão
exibidas algumas imagens de edificações existentes e cabe ao
aluno identificar ou mesmo através de rápida pesquisa, sugerir à
qual analogia o projetista fixou-se para a concepção da estrutura.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
343
Figura 360 - Kunsthaus Graz, Áustria
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
344
Figura 362 - 'The Gherkin', Grã-Bretanha
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
345
Figura 364 - Eastgate, Zimbábue
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
346
Figura 366 - Votu Hotel, Bahia, Brasil
___________________________________________________________________
347
__________________________________________________________________
348
AULA 15
PRÁTICA
APRESENTAÇÃO DA AULA
Nesta aula iremos desenvolver nossa criatividade, sendo o aluno posto a
desenvolver seu primeiro modelo estrutural.
Boa prática!
.
OBJETIVOS DA AULA
Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste módulo, você seja capaz
de:
➢ Expandir a criatividade;
➢ Aprimorar os conceitos de estabilidade
➢ Fundamentar os elementos estruturais necessários para uma
edificação
➢ Potencializar o objetivo ecológico e sustentável das edificações
➢ Treinar a analogia com elementos da natureza
349
Olá aluno!
Nesta nossa penúltima aula fugiremos do tradicional texto corrido
para uma atividade prática.
Ele inicia a conversa dizendo que possui uma chácara em Bonito, Mato
Grosso do Sul (https://goo.gl/maps/ce9Z1gwufNo) de cerca de 2
hectares e que deseja transformá-la em um parque com hotel e
restaurante para atender ao turismo da região.
350
Pense nas dimensões necessárias de uma edificação para que contenha
estes cômodos, não sendo necessário demonstrar a edificação
internamente..
Devido ao grande esforço, energia demandada e tempo disponível que esta atividade
requer, ela irá nos consumir duas aulas como prazo para sua execução.
351
/
Resumo
Nesta aula expandimos nossa criatividade, aprimoramos os
conceitos de estabilidade e vínculos de uma edificação e fundamentamos os
elementos estruturais necessários para esta estabilidade.
352
Complementar
Nesta penúltima aula deixo aqui uma dica de como os aplicativos e programas de
computador podem facilitar a nossa vida. Vale a pena conferir!
353
Referências Bibliográficas
354
• NIEMEYER, CORBUSIER, TANGI e outros. Exemplos de arquitetura.
Coleção Enciclopédica da Construção. Hemus. 500p. ISBN: 8528902587.
• OTTO, F. Tensile structures: design, structure and calculation.
• RAMALHO, M. A. e CORRÊA M. R. S. Projeto de edifícios de alvenaria
estrutural. Pini, 2003. 188p. ISBN: 8572661476.
• REBELLO Y. C. P. A concepção estrutural e a arquitetura. Editora Zigurate,
2000. 271 p. ISBN: 8585570032.
• RICHARD, W. Materials, form and arquitecture. Editora Laurence King, 2003.
240p. ISBN: 1856692957.
• SCHROEDER, R. Novas tecnologias Egc arquitetura. Ateliê, 2003. 44p. ISBN:
8574802204.
• SILVA, G. G. Arquitetura do ferro no Brasil. Nobel, 1987. 248p. ISBN:
8521304641.
• SILVA, S. F. Zanine, Sentir e Fazer. Agir, 1995.ISBN: 8522003777.
• SOLOT, D.C. Paulo Mendes da Rocha: estrutura - o êxito da forma. Editora
Viana & Mosley, 2004. 124 p. ISBN: 8588721163.
• TOSCANO, J. W. João Walter Toscano. Editora Unesp, 2002. 186 p. ISBN:
8571394091.
• VASCONCELOS A. C. Estruturas da natureza um estudo da interlace entre
biologia e engenharia. Studio Nobel, São Paulo, 2000. 312 p. ISBN
8585445866.
• VASCONCELOS, A. C. Estruturas Arquitetônica: Apreciação intuitiva das
formas estruturais. Studio Nobel, 1991, 115 p.
• YAZIGI, W. A técnica de edificar. Pini, 2003. 670p. ISBN: 8572661468.
• ZANETTINI, S. Arquitetura, razão, sensibilidade. Editora da USP, 2002. 472p.
ISBN: 853140729x.
• ZANI, A. C. Arquitetura em madeira. Imprensa Oficial SP, 2003. 397p. ISBN:
8570601891.
355
AULA 16
PRÁTICA
APRESENTAÇÃO DA AULA
Nesta aula continuaremos a desenvolver nossa criatividade, tendo o aluno a
oportunidade de apresentar o trabalho já produzido, bem como sanar a dúvidas com
o professor da disciplina acerca do andamento da atividade.
Boa prática!
.
OBJETIVOS DA AULA
Esperamos que, após esta atividade prática, você seja capaz de:
➢ Expandir a criatividade;
➢ Aprimorar os conceitos de estabilidade
➢ Fundamentar os elementos estruturais necessários para uma
edificação
➢ Potencializar o objetivo ecológico e sustentável das edificações
➢ Treinar a analogia com elementos da natureza
356
Olá aluno!
Como está o desenvolvimento do modelo estrutural?
357
/
Resumo
Nesta aula trocamos informações valiosas a respeito da concepção
e modelagem de estruturas não apenas com o professor da disciplina, mas sim com
o profissional por trás dele, enriquecendo nossa jornada acadêmica.
➢
358
Complementar
Nesta última aula finalizo as dicas de como os aplicativos e programas de computador
podem facilitar a nossa vida. Algum software da última aula lhe interessou? Confere
esta listagem!
359
Referências Bibliográficas
360
• NIEMEYER, CORBUSIER, TANGI e outros. Exemplos de arquitetura.
Coleção Enciclopédica da Construção. Hemus. 500p. ISBN: 8528902587.
• OTTO, F. Tensile structures: design, structure and calculation.
• RAMALHO, M. A. e CORRÊA M. R. S. Projeto de edifícios de alvenaria
estrutural. Pini, 2003. 188p. ISBN: 8572661476.
• REBELLO Y. C. P. A concepção estrutural e a arquitetura. Editora Zigurate,
2000. 271 p. ISBN: 8585570032.
• RICHARD, W. Materials, form and arquitecture. Editora Laurence King, 2003.
240p. ISBN: 1856692957.
• SCHROEDER, R. Novas tecnologias Egc arquitetura. Ateliê, 2003. 44p. ISBN:
8574802204.
• SILVA, G. G. Arquitetura do ferro no Brasil. Nobel, 1987. 248p. ISBN:
8521304641.
• SILVA, S. F. Zanine, Sentir e Fazer. Agir, 1995.ISBN: 8522003777.
• SOLOT, D.C. Paulo Mendes da Rocha: estrutura - o êxito da forma. Editora
Viana & Mosley, 2004. 124 p. ISBN: 8588721163.
• TOSCANO, J. W. João Walter Toscano. Editora Unesp, 2002. 186 p. ISBN:
8571394091.
• VASCONCELOS A. C. Estruturas da natureza um estudo da interlace entre
biologia e engenharia. Studio Nobel, São Paulo, 2000. 312 p. ISBN
8585445866.
• VASCONCELOS, A. C. Estruturas Arquitetônica: Apreciação intuitiva das
formas estruturais. Studio Nobel, 1991, 115 p.
• YAZIGI, W. A técnica de edificar. Pini, 2003. 670p. ISBN: 8572661468.
• ZANETTINI, S. Arquitetura, razão, sensibilidade. Editora da USP, 2002. 472p.
ISBN: 853140729x.
• ZANI, A. C. Arquitetura em madeira. Imprensa Oficial SP, 2003. 397p. ISBN:
8570601891.
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