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A Escritura Sagrada

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O CANON DAS ESCRITURAS 1

A ESCRITURA SAGRADA
A Escritura Sagrada chegou até os dias atuais preservada pelo seu próprio Autor, ela passou
por várias situações que um livro comum não suportaria, mas se manteve e chegou até nós
para nos revelar a existência de Deus e sua perfeita vontade, através dela também dar
testemunho da nossa origem e propósito eterno, narrar a criação de todas as coisas através do
poder de Deus juntamente com seu Filho Jesus Cristo e do Espírito Santo.

Mas o que torna a Sagrada Escritura preferível a todas às outras histórias é que, enquanto as
outras têm por fundamento os atos humanos, está apresenta as ações de Deus mesmo. Nela
vemos brilhar em toda parte seu poder, seu governo, sua vontade e sua justiça. Seu poder
abre os mares e divide os rios para fazer passarem a pé enxuto exércitos inteiros e faz caírem
sem esforço as muralhas das cidades mais fortes. Seu governo regula todas as coisas e dá leis
que são os mananciais de onde se haure tudo quanto há de sabedoria no mundo.

Sua bondade faz cair do céu e brotar do seio dos rochedos o líquido que mata a sede e o
alimento que sacia a fome de um grande povo, nos mais áridos desertos. Todos os elementos
são como os executores dos decretos que a justiça pronuncia; a água faz perecer num dilúvio
os que ela condena; o fogo os castiga; o ar os oprime com seu turbilhão e a terra abre-se para
devorá-los. Seus profetas nada predizem, que Ele não o confirme com seus milagres. Os que
comandam seus exércitos nada empreendem que não executem e os condutores do seu povo,
que Ele enche de seu Espírito, agem mais como anjos do que como homens. (Extraído do
Livro dos Hebreus de Flávio Josefo)

A FORMAÇÃO DO CANON BÍBLICO



A palavra CÂNON é de origem cristã, da palavra grega κανων, kanon, que, por sua vez,
tomou emprestado da palavra hebraica, ‫קנה‬, kaneh, significando uma cana ou uma vara de
medir, portanto, norma ou regra. Mais tarde, essa palavra veio a significar uma regra de fé,
e depois, uma catálogo ou lista. No uso presente, ela significa uma coleção de escritos
religiosos divinamente inspirados e, portanto, tendo autoridade, normativa e sagrado. O
termo ocorre em Gal 6:16; 2Cor 10:13-16; mas foi primeiro empregado em relação aos
livros das Escrituras no sentido técnico da coleção ou corpo padrão dos escritos sagrados
pelos Pai da Igreja do século IV; e.g. no quinquagésimo novo Concílio de Laodiceia (363
a.D); na Epístola de Atanásio (365 a.D); e por Amphilochius, Arcebispo de Iconium (395
ad).'

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O CANON DAS ESCRITURAS 2

A Bíblia como um todo, aliás, não apresentou sempre a forma como é hoje conhecida. O
primeiro Concílio geral realizou-se em Nicéia (Ásia Menor) Este concílio teve autoridade de
estabelecer o cânone dos livros sagrados da Escritura, excluindo, como excluiu, os livros
apócrifos .

Nessa ocasião o livro do Apocalipse não foi aceito, porém ele finalmente foi incluído no
cânon no Novo Testamento por outro concílio, o Concílio de Cartago (África) no ano 397
d.C. a Bíblia como um todo, aliás, não apresentou sempre a forma como é hoje conhecida.

Vários textos chamados hoje de apócrifos, figuravam anteriormente como Escrituras


Sagradas, em contraposição aos canônicos reconhecidos hoje pelas igrejas ocidentais. Foi
um bispo quem escolheu, no século IV (Nicéia), os 27 textos do atual Novo Testamento.

Em relação ao Antigo Testamento, o problema só foi definitivamente resolvido em 1546,


(Trento) sendo incluídos O Livro da Sabedoria, atribuído a Salomão, o Eclesiástico ou Sirac,
as Odes de Salomão, o Tobit ou Livro de Tobias, os Livros dos Macabeus e outros mais.
Muitos dos chamados textos apócrifos ao longo dos sucessivos concílios acabaram
eliminados da Bíblia.

O CANON

Segundo a fé cristã, Jesus foi o redentor de quem o Antigo Testamento deu testemunho. Neste
contexto, suas palavras não podiam ter menos autoridade do que a lei e os profetas.
Convencidos disto, os cristãos as repetiam sempre.
Em momentos oportunos os apóstolos e os evangelistas colocaram parte dela na forma
escrita, o que se tornou o núcleo do cânone definido pela Igreja nos primeiros séculos.

Segundo o historiador da igreja primitiva, o bispo Eusébio de Cesareia (século IV), os


apóstolos e os evangelistas nunca tiveram em mente deixar qualquer coisa por escrito (note
que a grande maioria dos apóstolos nada escreveu), quando o fizeram foram forçados por
situações especiais, como a impossibilidade de se encontrar com alguma comunidade.

Como no Antigo Testamento, a tradição cristã afirma que homens inspirados por Deus
escreveram aos poucos os livros que compõem o cânone do Novo Testamento. No ano 100
d.C., todos os 27 livros canônicos do Novo Testamento estavam escritos, porém não havia
ainda uma lista autorizada dos livros que o compunham. Assim como o cânon do Antigo
Testamento, o cânon do Novo Testamento levou muitos séculos para ser fixado.

Em nenhum escrito do Novo Testamento consta uma lista autorizada dos livros que devem
ser considerados sagrados.

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Somente em II Pedro 3:15-16, o Apóstolo Pedro afirma que os escritos do apóstolo Paulo de
Tarso são escrituras sagradas, mas não os relaciona e nem informa quais seriam os outros
livros sagrados.

A referência mais antiga que se tem sobre o cânon do Novo Testamento se encontra em um
manuscrito descoberto pelo sacerdote italiano Ludovico Antonio Muratori no século XVIII,
datado do século II. Por causa do nome de seu descobridor, este documento ficou conhecido
como Cânon de Muratori. Neste escrito estão relacionados os quatro evangelhos, as cartas
paulinas , a Epístola de Judas e I e II João e o Apocalipse. Não são relacionadas as epístolas
aos Hebreus, de Tiago e nem I e II Pedro.

Muitas controvérsias existiram para se reconhecer o caráter canônico de livros como


Hebreus, Tiago, Judas, Apocalipse, II e III João e II Pedro. Por esta razão alguns estudiosos
os chamam de Deuterocanônicos do Novo Testamento.

Da mesma forma, outros livros já estiveram no cânon Novo Testamento, porém depois foram
rejeitados. É o caso da Primeira Carta de Clemente aos Coríntios (século I) e o Pastor de
Hermas (século II). São os chamados antilegomena.

A lista completa dos livros do Novo Testamento conforme existe hoje aparece pela primeira
vez na Epístola 39 de Santo Atanásio de Alexandria para a Páscoa de 367 d.C..

Esta mesma lista foi confirmada por documentos posteriores como o Decreto Gelasiano, e os
cânones dos concílios de Hipona, Cartago III e IV.

A definição oficial dos livros do Novo Testamento, realizado pela Igreja Católica, no século
IV quando São Jerônimo realizou a compilação completa da bíblia, acabou com os
questionamentos sobre a canonicidade dos livros

Deuterocanônicos do Novo Testamento, questão está que só reapareceria com o surgimento


da Reforma Protestante, onde através do Concílio de Trento, no primeiro período (1545-48),
a Igreja se viu obrigada a reafirmar através de decretos (vide Cânone de Trento), o cânon
sagrado do Novo Testamento também com os 27 livros que temos hoje.

Durante a Reforma Protestante, Martinho Lutero demonstrou dúvida quanto à autoria e


canonicidade de alguns livros do Novo Testamento: Hebreus, Tiago, Judas e o Apocalipse.
No entanto sem mais evidências da não autenticidade da mensagem, ao traduzir o Novo
Testamento para o alemão em 1522, Lutero traduziu esses livros perfazendo ao todo 27 livros
que temos hoje.

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COMO UM LIVRO TORNA-SE PARTE DA BÍBLIA


A. CANONIZAÇÃO
Quais são os Livros que pertencem à Bíblia? Como isto foi decidido?
Canonização é o processo através do qual os Livros da Bíblia recebem a sua aprovação e
aceitação finais pelos líderes da Igreja.
Como foi que os Livros da Bíblia vieram a ser aceitos como parte do cânone das Escrituras?
Como se poderia reconhecer um Livro inspirado, somente olhando-o? Quais são as
características que distinguem uma declaração divina de uma que seja simplesmente
humana? Vários critérios são assumidos neste processo de reconhecimento. O povo de Deus
teve que buscar certos aspectos característicos da autoridade divina.

1. Princípios de reconhecimento da canonicidade


Livros falsos e escritos falsos existiam em abundância. A sua ameaçadora e constante
existência tornaram necessário que o povo de Deus revisasse cuidadosamente a sua coletânea
sagrada.
a. Duas categorias de escritos sagrados devem ser examinadas:
1- Livros que são aceitos por alguns crentes, mas recusados por outros.
2-Escritos que foram aceitos em determinada época, mas postos em questão algum tempo
depois.
Em séculos anteriores, tais escritos foram julgados como sendo de inspiração divina, mas são
agora considerados como sendo de origem questionável.
Manuscritos de ambas as categorias foram examinados pelos Conselhos das igrejas, a fim de
ser verificado se deviam fazer parte da Bíblia.
b. Cinco critérios básicos
1- Autorizado: Livro é autorizado? Reivindica ser de inspiração divina?
2- Profético: É ele profético? Foi escrito por um servo de Deus?
3- Autêntico: É ele autêntico? Fala a verdade sobre Deus, o homem, etc.?
4- Dinâmico: É ele dinâmico? Possui poder, capaz de transformar vidas?

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5- Aceito: Este Livro foi recebido ou aceito pelo povo para o qual ele foi escrito
originalmente? Foi reconhecido como sendo de origem divina?

2. Os cinco critérios básicos detalhados


a. A autoridade de um livro.
Cada Livro da Bíblia reivindica para si a autoridade divina. Frequentemente, a frase explícita:
“assim diz o Senhor” está presente. Algumas vezes, o tom e as exortações revelam a sua
origem divina. Existe sempre um pronunciamento divino. Na literatura mais didática, existe
um pronunciamento divino sobre aquilo que deve ser feito pelos crentes.
Nos Livros históricos, as exortações estão mais implicadas e os pronunciamentos de
autoridade são mais sobre aquilo que Deus fez na História do Seu povo. Se faltasse num
Livro a autoridade divina, ele não era considerado canônico e a sua inclusão na Bíblia era
rejeitada.
Daremos aqui, uma ilustração deste princípio de autoridade em relação ao cânone. Os Livros
dos profetas foram facilmente reconhecidos por este princípio de autoridade. A repetida frase:
“E o Senhor falou-me”; ou: “Veio a mim a palavra do Senhor”, é uma farta evidência
de sua reivindicação de autoridade divina.
Alguns Livros não apresentavam a reivindicação de inspiração divina e foram, assim,
rejeitados como sendo não canônicos. Talvez tenha sido este o caso com o “Livro de Jasher”
e o “Livro das Guerras do Senhor”. E outros Livros mais foram questionados e desafiados se
realmente eram de autoridade divina, mas foram finalmente aceitos no cânone, como por
exemplo o de Ester.
Não foi até que fosse óbvio a todos, que a proteção e, portanto, os pronunciamentos de Deus
sobre o Seu povo se demonstrassem inquestionavelmente presentes no Livro de Ester, é que
este Livro passou a ocupar um lugar permanente no Cânone Judaico. Sem dúvida, o próprio
fato de que alguns Livros canônicos foram postos em dúvida, demonstra que os crentes eram
discriminatórios. A menos que estivessem convencidos da autoridade divina do Livro, o
mesmo era rejeitado.
b. A autoria profética de um livro.
Os Livros inspirados por Deus, surgem somente através de homens inspirados pelo Espírito
Santo, e que são reconhecidos como profetas (II Pe 1:20,21). A Palavra de Deus somente é
dada ao Seu povo através de Seus profetas. Cada um dos autores bíblicos possuía um dom,
ou uma função profética, mesmo que não tivessem a ocupação de um profeta (Hb 1:1).
Paulo argumenta em Gálatas que os seus ensinamentos e os seus escritos deveriam ser aceitos
porque ele era um apóstolo ‘não oriundo dos homens, nem através deles, mas através de Jesus
Cristo e Deus Pai” (G1 1:1).
Sua epístola deveria ser aceita porque era apostólica proveniente de um porta-voz indicado
por Deus ou um profeta.

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Os Livros deveriam ser rejeitados se não se originassem de profetas de Deus, como é evidente
nos avisos de Paulo, de não se aceitar um Livro de alguém que falsamente reivindicasse ser
um apóstolo (II Ts 2:2), e de alertar os coríntios sobre os falsos apóstolos (II Co 11:13).
Os avisos de João sobre os falsos messias e o testar os espíritos, cairiam na mesma categoria
(1 Jo 2:18, 19; 4:1-3). Foi por causa desse princípio profético que a segunda Epístola de Pedro
foi posta em questão por alguns, na Igreja Primitiva.
Até que os patriarcas estivessem convencidos de que não era algo forjado, mas que era
realmente oriundo de Pedro, o Apóstolo, conforme era reivindicado (II Pe 1:1), não lhe foi
dado um lugar permanente no cânone cristão.
c. A autenticidade de um livro.
Um outro aspecto indubitável de inspiração divina é a autenticidade. Qualquer Livro que
contivesse erros de fato ou de doutrina (julgados através de revelações anteriores) não poderia
haver sido inspirado por Deus. Deus não pode mentir; Sua Palavra deve ser verdadeira e
coerente.
Em vista deste princípio, os crentes de Berea aceitaram os ensinamentos de Paulo e
consultaram as Escrituras a fim de verificarem se aquilo que Paulo ensinava estava ou não
de acordo com as revelações divinas do Antigo Testamento (At 17:11).
A simples concordância com prévias revelações não bastavam, para tomarem um
ensinamento em algo divinamente inspirado. Mas, a contradição de uma revelação prévia
claramente indicaria que um ensinamento não era de inspiração divina.
Grande parte da Apócrifa foi rejeitada por causa do princípio de autenticidade. Suas
anomalias históricas e heresias teológicas as tomaram impossível de serem aceitas como
sendo provenientes de Deus, apesar de seu formato de autoridade. Não era possível que
fossem de Deus e, ao mesmo tempo, contivessem erros.
Alguns livros canônicos foram postos em dúvida, baseados neste mesmo princípio. Poderia
a Epístola de Tiago ser inspirada por Deus, se contradissesse o ensinamento de Paulo sobre
justificação pela fé e não por obras? Até que fosse verificada a sua compatibilidade essencial,
Tiago foi posto em dúvida por alguns.
Outros questionaram Judas por causa de sua citação do inautêntico Livro Pseudoepígrafo (vs
9, 14). Uma vez que as citações de Judas foram demonstradas como não dando maior
autoridade às mesmas, tanto quanto as citações de Paulo dos poetas não-cristãos, (veja
também Atos 17:18 e Tito 1:12), não houve, então, mais razão para rejeitar Judas.

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d. A natureza dinâmica de um livro.


O quarto teste para a canonicidade não foi tão evidente quanto alguns dos outros. Este foi a
capacidade de transformação de vidas (dinâmica) através do que estava escrito.
‘ A Palavra de Deus é viva e poderosa ’' (Hb 4:12). Em consequência disto, ela pode ser
usada "para o ensino, para correção e para o treinamento em retidão’’ (II Tm 3:16,17).
O apóstolo Paulo revelou que a capacidade de transformar vidas pelos escritos de inspiração
divina, estava intrinsicamente envolvida para a aceitação de todas as Escrituras; II Timóteo
3:16,17 demonstra isto.
Paulo escreveu a Timóteo: "As Santas Escrituras... são para que o crente seja perfeito, e
inteiramente instruído para toda boa obra ” (vs 15).
Em outra parte, Pedro fala do poder edificante e evangelizante da Palavra (1 Pe 1:23; 2:2).
Outras mensagens e livros foram rejeitados porque transmitiam uma falsa esperança (1 Rs
22:6-8) ou despertavam um falso alarme (II Ts 2:2). Assim, não eram conducentes à
edificação de um crente, na verdade de Cristo. Jesus disse: “Conhecereis a verdade e a
verdade os libertará" (Jo 8:32).
Os ensinamentos falsos jamais libertam; somente a verdade tem um poder emancipador.
Alguns livros bíblicos, tais como Cantares e Eclesiastes, foram questionados porque algumas
pessoas achavam que neles faltava essa dinâmica e poder de edificação.
Uma vez que foram convencidos que cantares não era sensual, mas profundamente espiritual
e que Eclesiastes não era cético e pessimista, mas sim positivo e edificante (p. ex. 12:9,10),
restou então pouca dúvida sobre a sua canonicidade.
e. A aceitação de um livro.
A marca registrada final de um escrito com autoridade, é o reconhecimento do mesmo pelo
povo de Deus, a quem ele foi inicialmente dado.
A Palavra de Deus dada através de Seu profeta e com a Sua verdade, deve ser reconhecida
pelo Seu povo. Gerações posteriores de crentes procuraram verificar este ato. Porque, se o
Livro foi recebido, compilado e usado como a Palavra de Deus por aqueles a quem ele fora
dado originalmente, então a sua canonicidade estava estabelecida.
Da maneira que eram a comunicação e o transporte naqueles tempos ancestrais, muitas vezes
era necessário muito tempo e esforço por parte dos patriarcas da Igreja, para determinarem
esse reconhecimento. Por esta razão, o reconhecimento final e total pela Igreja dos sessenta
e seis livros do cânone levou muitos séculos.
Os Livros de Moisés foram imediatamente aceitos pelo povo de Deus. Foram compilados,
citados, preservados e até mesmo impostos a futuras gerações.

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As epístolas de Paulo foram imediatamente recebidas pelas igrejas às quais foram


endereçadas (1 Ts 2:13) e até mesmo pelos outros apóstolos (2 Pe 3:16). Alguns escritos
foram imediatamente rejeitados pelo povo de Deus como não possuindo autoridade divina (2
Ts 2:2).
Falsos profetas (Mt 7:21-23) e espíritos de mentira eram para ser testados e rejeitados (1 Jo
4:1-3), conforme indicado em muitos casos dentro da própria Bíblia (Jr 5:2; 14:14).
Este princípio de aceitação levou algumas pessoas a questionarem, por algum tempo, certos
livros bíblicos tais como II e III de João. Sua natureza particular e circulação limitada sendo
como eram, é compreensível que houvesse alguma relutância em aceitá-los até que fosse
estabelecido que os Livros haviam sido recebidos pelo povo de Deus do primeiro século,
como se tivessem sido do Apóstolo João.
E quase desnecessário acrescentar que nem todas as pessoas eram levadas a acreditar, logo
de início, na mensagem de um profeta. Deus vingava os Seus profetas contra aqueles que os
rejeitavam (p. ex. 1 Reis 22:1-38) e, quando desafiado, Ele evidenciava aqueles que Lhe
pertenciam.
Quando a autoridade de Moisés foi desafiada por Coré e outros, a terra se abriu e os engoliu
vivos (Nm 16).
O papel do povo de Deus foi decisivo no reconhecimento da Palavra de Deus. Deus
determinou a autoridade dos livros do cânone, mas o povo de Deus era chamado a fim de
descobrir quais livros possuíam autoridade e quais não a possuíam. Para assisti-los nesta
busca, havia estes 5 testes de canonicidade descritos no início.

3. Procedimento para descobrir-se a canonicidade


Quando falamos sobre o processo de canonização, não deveríamos imaginar um convite de
patriarcas da Igreja com uma enorme pilha de livros, e estes cinco princípios de orientação
diante deles. O processo era muitíssimo mais natural e dinâmico. Alguns princípios, somente
estão implícitos no processo.
Embora todas as 5 características estejam presentes em cada escrito inspirado divinamente,
nem todas as regras de reconhecimento são aparentes na decisão de cada Livro canônico.
Não era sempre, imediatamente óbvio ao povo inicial de Deus, que alguns livros históricos
eram “dinâmicos” ou “de autoridade”.
O mais óbvio para eles, era o fato de certos livros serem “proféticos” e “aceitos”. Pode-se
ver, facilmente, como a implicada frase “assim fala o Senhor” tinha o papel mais significativo
na descoberta dos Livros canônicos que revelam o plano redentor de Deus, num todo.
No entanto, o reverso é algumas vezes verdadeiro; ou seja, o poder e autoridade do Livro são
mais evidentes do que a sua autoria (p. ex. Hebreus). Em qualquer dos casos, todas as cinco
características estavam em jogo na descoberta de cada Livro canônico, embora algumas
fossem somente implicitamente usadas.

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Simplesmente porque um livro era recebido nalguma parte por alguns crentes, está longe de
ser uma prova de haver sido divinamente inspirado. A recepção inicial pelo povo de Deus,
que estava na melhor posição para testar a autoridade profética do livro, é crucial.
Levou algum tempo para todos os segmentos das gerações subsequentes estarem totalmente
informados sobre as circunstâncias originais. Assim, a sua aceitação é importante, mas de
natureza mais de cobertura.
O princípio mais importante suplanta todos os outros. Debaixo de todo o processo de
reconhecimento, jaz um princípio fundamental: a natureza profética do Livro.
Se um Livro fosse escrito por um profeta de Deus digno de crédito, proclamando que estava
dando um pronunciamento de autoridade da parte de Deus, então não haveria necessidade de
serem feitas mais perguntas.
A questão sobre se a inautenticidade desconfirmaria um Livro profético é puramente
hipotética. Nenhum Livro dado por Deus pode ser falso. Se um livro que reivindica ser
profético, parece apresentar falsidade indiscutível, então as credenciais proféticas devem se
reexaminadas. Deus não pode mentir. Desta forma, os outros quatro princípios servem como
uma verificação do caráter profético dos livros do cânone.

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OS LIVROS NÃO INCLUÍDOS NO CÂNON DAS


ESCRITURAS
A. OS LIVROS APÓCRIFOS E “PSEUDO-EPIGRÁFICOS”
“Apócrifos: duvidoso, suspeito que não é autêntico”
“ Pseudo-epigráficos: falso, que finge ser ou tenta se passar por oque não é, não verdadeiro,
de mentira, sobre autenticidade de seu autor”.
O termo “Livros Apócrifos” é usado para se designar uma coleção de antigos escritos
judaicos que foram produzidos entre cerca de 250 A.C. e os primeiros séculos da era cristã.
Na teologia da Igreja Católica Romana, os Livros Apócrifos passaram a ser considerados
como sendo Escrituras inspiradas, mas o ponto de vista histórico dos protestantes e judeus
não lhes atribui nenhuma inspiração verdadeira.

1. O motivo pelo qual os protestantes os rejeitam


Ainda que os protestantes estudem os Livros Apócrifos pela luz que projetam sobre a vida e
a mentalidade do judaísmo pré-cristão, eles os rejeitam como sendo Escrituras inspiradas
pelas seguintes razões:
a. Não foram usados por jesus nem pela igreja do primeiro século.
Os Livros Apócrifos não faziam parte do Antigo Testamento usado por Jesus e pela Igreja
do Primeiro Século.
A divisão em três partes do Antigo Testamento (A Lei, Os Profetas, e Os Escritos), ainda
usada nas Bíblias hebraicas e nas versões judaicas
Do Antigo Testamento, não inclui os Livros Apócrifos e nunca os incluiu.
Ainda que os Livros Apócrifos fossem conhecidos por Jesus e seus discípulos eles nunca os
citaram como sendo Escrituras revestidas de autoridade.
b. Nunca foram citados como escrituras.
Os antigos escritores judaicos que usavam a Bíblia Grega, especialmente Filo e Josefo,
tinham conhecimento dos Livros Apócrifos, mas nunca os citaram como sendo Escrituras. O
Livro Apócrifo de 2 Esdras menciona vinte e quatro livros, que correspondem à Bíblia
Hebraica como é conhecida hoje em dia, e setenta outros escritos que são misteriosos por
natureza (2 Esdras 14:44-48).
É significativo que este Livro Apócrifo confirma o Cânon do Antigo Testamento reconhecido
da forma em que é usado nas sinagogas judaicas e nas igrejas protestantes.

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c. Os patriarcas da igreja faziam uma distinção.


Os patriarcas da Igreja que estavam familiarizados com o Cânon Hebraico fazem uma clara
distinção entre os escritos canônicos e os apócrifos. Os escritos de Melito de Sardo, Cirilo de
Jerusalém, e São Jerônimo demonstram um reconhecimento da diferença entre as Escrituras
inspiradas e os Livros Apócrifos.
Até O Século XVI Não Foram Declarados Como Tendo Autoridade.
Nunca foi declarado que os Livros Apócrifos fossem Escrituras revestidas de autoridade até
o Concilio Católico de Trento (1546 D.C.). Nessa ocasião, os seguintes livros Apócrifos
foram declarados canônicos: Tobias, Judite, A Sabedoria de Salomão, Eclesiástico, Baruque
(incluindo-se a Carta de Jeremias), 1 e 2 Macabeus, os adendos a Ester, e os adendos a Daniel
(A Saber Suzana. Cântico dos Três Jovens, e Bel e o Dragão).
Muitos estudiosos católicos romanos fazem distinção entre os livros proto-canônicos (o
nosso Antigo Testamento) e os livros deutero-canônicos (os Livros Apócrifos).
d. Eles contêm várias inexatidões.
Muitos estudiosos acham que os Livros Apócrifos representam escritos de nível inferior ao
das Escrituras canônicas. Eles contêm numerosas inexatidões e anacronismos históricos e
geográficos e não transparecem o espírito profético tão evidente nos escritos canônicos.

2.Os livros apócrifos são raramente usados pelos protestantes


A confissão de Westminster (1643), escrita por líderes protestantes, declara que “os livros
comumente chamados de Livros Apócrifos, por não serem de inspiração divina, não fazem
parte do Cânon das Escrituras, e, portanto, não possuem nenhuma autoridade na Igreja de
Deus e não devem ser aprovados nem utilizados de nenhuma outra maneira, a não ser como
escritos humanos. ”
As Igrejas Reformadas não têm estimulado o uso dos Livros Apócrifos, e, consequentemente,
são raramente usados no protestantismo contemporâneo.
A Igreja Anglicana (da Inglaterra), em seus Trinta e Nove Artigos assume uma posição
intermediária, afirmando que “a Igreja lê de fato (os Livros Apócrifos) no sentido de obter
um exemplo de vida e instruções de conduta, e, no entanto, ela não os aplica para confessar
nenhuma doutrina. ”
Os Escritos “Pseudo-epigráficos”
Além dos livros comumente chamados de “apócrifos” há uma ampla variedade de outros
escritos antigos, tanto judaicos quanto cristãos, para
Os quais o nome “Pseudo-epigráficos” é geralmente aplicado.

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O CANON DAS ESCRITURAS 12

Os Livros Apócrifos, os “pseudo-epigráficos”, a literatura sectária das Cavernas de Qumran,


e uma enorme variedade de outros escritos antigos fornecem um material útil para a
compreensão do mundo do Novo Testamento e da Igreja Primitiva. Ainda que não possam
ser igualados às Escrituras inspiradas, esses escritos merecem ser examinados.
b. Os livros comumente chamados de apócrifos
1. 1 Esdras
(Vulgata, 3 Esdras)
O primeiro livro de Esdras relata uma série de episódios da história do Antigo Testamento,
começando com a Páscoa celebrada em Jerusalém por Josias (cerca de 621 A.C.) e
terminando com a leitura pública da Lei por Esdras (cerca de 444 A.C.).
Ele reproduz a substância dos Três Guardas. Os três rapazes que estavam atuando como
guarda-costas do Rei Dario estavam se mantendo acordados, debatendo qual seria a maior
força do mundo. Um deles disse que era o vinho, devido ao seu poder peculiar sobre os
homens; o segundo sugeriu o rei, com um poder ilimitado sobre os seus vassalos; e o terceiro
(Zorobabel), afirmou que era a mulher, a qual dá à luz o homem, é a maior força, mas a
verdade é vitoriosa sobre todas as coisas.
O rei, incumbido de decidir qual seria o vencedor, favoreceu a resposta de Zorobabel e lhe
ofereceu qualquer recompensa que ele quisesse escolher. Zorobabel pediu permissão para
voltar a Jerusalém para reconstruir o Templo.
Esta parte termina com uma descrição dos judeus partindo da Babilônia, a caminho de
Jerusalém.
A maioria dos estudiosos sugerem que 1 Esdras foi composto no Egito algum tempo depois
de 150 A.C.
2.2 Esdras
(Vulgata, 4 Esdras) A essência de 2 Esdras (capítulos 3-14)
Pretende descrever sete revelações apocalípticas concedidas a Esdras na Babilônia, as quais
consideram o problema do sofrimento e da tentativa de Israel de “justificar os caminhos de
Deus para com o homem”.
O autor era evidentemente um judeu que aguardava o advento do Messias de Israel e o
período de bem-aventurança que Ele traria. A introdução (capítulos 1 e 2) e a conclusão
(capítulos 15 e 16) contêm adendos escritos sob um ponto de vista cristão.
A essência do livro foi provavelmente escrita em aramaico perto do final do primeiro século
D.C. Cerca da metade do segundo século, uma introdução foi acrescentada (em grego), e um
século mais tarde, foram escritos os capítulos finais. As versões orientais e muitos dos
melhores manuscritos latinos contêm somente a essência do livro.

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O CANON DAS ESCRITURAS 13

3.Tobias
Tobias é um livro de ficção religiosa, escrito provavelmente em aramaico durante o segundo
século A.C. Ele conta a história de um judeu piedoso, da Tribo de Naftali da Galiléia, o qual,
juntamente com a sua esposa Ana e o filho deles, também chamado Tobias, foram levados
para Nínive por Salmanasar (cerca de 721 A.C., 2 Reis 18:9-12). Na terra do exílio, eles
obedeceram rigorosamente a Lei Judaica.
Quando Tobias perdeu a visão, ele enviou o seu filho a Ragés, na Média, para obter o
pagamento de uma dívida. O anjo dirigiu-o a Ecbatana, onde ele se apaixonou por uma linda
viúva, cujos sete maridos haviam sido mortos sucessivamente no dia de seus casamentos por
um espírito maligno.
Tobias casou-se com a viúva virgem e escapou da morte, queimando as partes internas de
um peixe, cuja fumaça afugentou o espírito maligno. Como bênção adicional, o fel do peixe
foi usado para curar a cegueira do idoso pai Tobias.
4. Judite
A história de Judite foi provavelmente escrita em hebraico por um judeu palestino durante os
anos subsequentes à revolta dos Macabeus. Ele conta como Judite, uma viúva judia, libertou
o seu povo do general assírio Holofernes, o qual estava sitiando a cidade de Betúlia.
Arriscando muito a sua segurança pessoal, Judite conseguiu chegar à tenda de Holofernes,
onde ela enganou o assírio com o seu charme. Embriagando-o e adormecendo-o, Judite pegou
a espada de Holofernes, decapitou-o, e levou a sua cabeça para Betúlia como evidência de
que Deus havia dado ao Seu povo a vitória sobre os assírios. Judite pode ser comparada com
a Jael da Bíblia, que matou o general Sísera de Canaã (Jz 4:17-22).
5. Adendos Ao Livro De Ester
Durante o segundo ou primeiro século A.C., um judeu egípcio traduziu o Livro de Ester
canônico para o grego, e, ao mesmo tempo, inseriu um total de 107 versículos em seis lugares
onde ele achava que uma explicação religiosa deveria ser acrescentada.
Estas inserções devotas mencionam o nome de Deus e a oração, sendo que nenhum deles
aparece no Livro de Ester canônico.
Estes adendos Apócrifos acrescentam dez versículos a Ester 10, e seis capítulos adicionais,
numerados de 11 a 16. Na Septuaginta Grega, no entanto, esses versículos suplementares
estão distribuídos no texto de maneira a formarem uma única narrativa contínua.
6. A sabedoria de Salomão
Entre os anos de 150 e 50 A.C., um judeu alexandrino compôs um estudo ético por ele
denominado de “A Sabedoria de Salomão” a fim de obter um maior número de leitores.

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O CANON DAS ESCRITURAS 14

Ele buscava proteger os judeus do Egito de caírem no ceticismo, materialismo e idolatria. Ele
queria ensinar aos seus leitores pagãos a verdade do judaísmo e a insensatez do paganismo.
O livro começa com uma exortação aos governantes da terra a buscarem a sabedoria e a
seguirem a retidão. A sua teologia é baseada no Antigo Testamento, com modificações
provenientes de ideias filosóficas gregas, comuns em Alexandria.
Ao contrário do Antigo e Novo Testamentos, que honram o corpo, a Sabedoria de Salomão
o considera como algo que “oprime a alma”, uma mera tenda terrena que “sobrecarrega a
mente pensante” (9:15). A preexistência (8:19,20) e a imortalidade (3:1 -5) da alma são
afirmadas, muito embora a doutrina hebraico-cristã da ressurreição do corpo esteja ausente.
7. Eclesiástico
(Ou a Sabedoria de Jesus, Filho de Siraque.)
O Eclesiástico, um estudo ético que exalta a virtude da sabedoria, foi escrito em hebraico
entre 200 e 175 A.C. por um devoto estudioso de Jerusalém, Jesus, filho de Siraque.
O neto do autor, um judeu alexandrino, traduziu a obra para o grego e acrescentou um prólogo
(cerca de 132 A.C.). É o mais extenso dos livros Apócrifos e o único com o seu autor
conhecido. Semelhantemente ao Livro de Provérbios, o Eclesiástico aborda uma enorme
variedade de assuntos práticos tudo, desde a dieta até os relacionamentos domésticos!
A seção contínua mais extensa do livro (Capítulos 44 a 50) é o Elogio aos Homens Famosos,
que assinala resumidamente uma longa série de hebreus ilustres, desde Enoque, Noé, e,
Abraão, até Zorobabel e Neemias, e, finalmente, o Sumo-Sacerdote Simão, que era
contemporâneo e amigo do autor.
8.Baruque
O Livro de Baruque, ostensivamente escrito pelo amigo e secretário de Jeremias, (Jr 32:12;
36:4; 51:59), é um trabalho composto, que não foi concluído até o primeiro século A.C., ou
mais tarde. Muito embora a revisão final tenha sido escrita em grego, algumas seções
remontam aos originais hebraicos.
O livro começa com uma oração de penitência, reconhecendo que as tragédias que
aconteceram com Jerusalém são apenas uma recompensa pelos seus pecados (3:8).
Uma segunda seção poética explica que os infortúnios de Israel são devidos à sua negligência
da Sabedoria (3:9 a 4:4). Esta Sabedoria, cujos louvores são cantados por um escritor
filosófico, é igualada à Lei de Deus (4:1-3).
A terceira seção do livro, também poética, é uma mensagem de consolo e esperança para a
angustiada Israel. O inimigo será destruído e os filhos de Jerusalém voltarão em triunfo!
Baruque é o único Livro Apócrifo que exala um pouco do fogo dos profetas do Antigo
Testamento, muito embora deixe a desejar em sua originalidade.
9. A carta de Jeremias

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O CANON DAS ESCRITURAS 15

Em aproximadamente 300 A.C. ou depois, um autor desconhecido escreveu um sermão


ardente baseado em Jeremias 11:10.
Nele, o autor mostrou a total impotência dos deuses de madeira, prata e ouro. Este sermão,
conhecido como A Carta de Jeremias, foi originalmente escrito em hebraico (ou aramaico),
ainda que exista somente no grego e em traduções provenientes do grego.
Já que muitos manuscritos gregos e siríacos, como também a versão latina, associam a Carta
de Jeremias ao Livro de Baruque, ela aparece como Sexto Capítulo de Baruque na maioria
das traduções inglesas dos Livros Apócrifos.
Contudo, a Carta não tem nenhuma relação com Baruque e alguns códices antigos a colocam
depois do livro bíblico das Lamentações.
8. A oração de Azarias e o cântico dos três jovens
(São adendos a Daniel inseridos entre Daniel 3:23 e 3:24).
Em alguma época durante o segundo ou primeiro século A.C., os três “adendos’ ao livro
canônico de Daniel, os quais existem como livros separados dos Apócrifos, foram escritos
por autores desconhecidos.
O primeiro deles, A Oração de Azarias e o Cânticos dos Três Jovens, foi provavelmente
escrito em hebraico por um judeu devoto durante o período em que o seu povo estava
sofrendo nas mãos de Antíoco Epifanes, ou no período da revolta dos Macabeus, que veio
em seguida.
Durante a provação da fornalha de fogo ardente, o adendo mostra Azarias louvando a Deus,
confessando os pecados do seu povo, e orando pela libertação nacional.
Aí então, o anjo do Senhor entrou na fornalha e expulsou as ardentes chamas de forma que
os jovens ficassem ilesos. Depois, dentro da fornalha, eles cantaram os seus louvores a Deus
no Cântico, que relembra o Salmo 148, com relação ao conteúdo, e o Salmo 136, com relação
à forma antifôna.
9. Suzana
Não sabemos ao certo se o original de Suzana foi escrito em hebraico ou grego. O seu autor
desconhecido viveu numa época do segundo ou primeiro século A.C., mas ignoramos outros
detalhes da sua vida.
No entanto, o livro em si é reconhecido como um dos maiores contos da literatura mundial.
Ele conta como dois anciões imorais ameaçaram testificar que haviam encontrado a Suzana,
a linda esposa de um judeu babilônico influente, nos braços de um amante, caso ela não se
submetesse a eles.
Depois que ela os rejeitou, eles a acusaram de adultério, e, pela boca de duas testemunhas,
ela foi condenada e sentenciada à morte.

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O CANON DAS ESCRITURAS 16

Um jovem chamado Daniel, no entanto, interrompeu o processo legal e interrogou as duas


testemunhas separadamente. Ele pediu que cada um deles identificasse a árvore sob a qual
eles haviam visto Suzana e o seu suposto amante.
Traídos por suas próprias respostas inconsistentes, os anciões culpados foram mortos e
Suzana foi salva. Na Septuaginta, a História de Suzana precede o livro canônico de Daniel;
na Vulgata, ele vem logo depois.
12. Bel e o dragão
As histórias de Bel e o Dragão foram provavelmente escritas em hebraico, perto da metade
do primeiro século A.C. e foram acrescentadas ao Livro de Daniel pelo seu tradutor grego.
Na Septuaginta, elas vêm logo depois de Daniel, ao passo que na Vulgata, elas vêm depois
de Suzana.
A história de Bel é uma das mais antigas histórias de detetives do mundo. Ela conta como
Ciro, o rei persa, perguntou a Daniel o motivo pelo qual ele não adorava a Bel, o deus da
Babilônia.
Ciro contou a Daniel a enorme quantidade de farinha, óleo, e ovelhas que o deus Bel
consumia todos os dias. Logo após, Daniel persuadiu Ciro a depositar as provisões
costumeiras no templo, e, aí então, a fechar e lacrar as portas do templo. Neste ínterim, Daniel
espalhou cinzas sobre o chão do templo.
Na manhã seguinte, a comida havia desaparecido e o chão estava coberto com as pegadas
dos sacerdotes e de suas esposas e filhos, os quais haviam usado uma entrada secreta sob a
mesa para entrarem no templo durante a noite e consumirem as provisões.
O rei, convencido da fraude dos sacerdotes de Bel, ordenou que eles fossem mortos e que o
templo deles fosse destruído.
O dragão é na verdade era uma serpente que o rei adorava até que Daniel a matou,
alimentando-a com pedaços de piche, gordura e cabelo.
Os babilônios, furiosos com a destruição do seu deus, exigiram que Daniel fosse morto.
Relutantemente, o rei consentiu e Daniel foi colocado numa cova de leões. (Compare com
Daniel 6:1-28).
Os leões não molestaram a Daniel, que foi milagrosamente alimentado pelo profeta
Habacuque, o qual foi arrebatado por um anjo na Judéia e levado até a cova dos leões na
Babilônia.
No sétimo dia, o rei tirou Daniel da cova dos leões e jogou os seus inimigos nela, e, com isto,
eles foram imediatamente devorados. O propósito das histórias de Bel e o dragão era o de
ridicularizar a idolatria e desacreditar a política clerical pagã.

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O CANON DAS ESCRITURAS 17

13.A oração de Manassés


Foi provavelmente escrita em alguma época durante os últimos dois séculos A.C. por um
judeu palestino. Os estudiosos não têm certeza se ela foi composta em hebraico, aramaico ou
grego. A oração é atribuída a Manassés, o rei de Judá, que, de acordo com II Crônicas 33, foi
levado para a Babilônia, onde se arrependeu da idolatria que havia caracterizado os anos do
seu reinado.
Há uma referência a uma oração oferecida por Manassés (II Cr 33:19), e um judeu devoto
aparentemente havia tentado escrever esta oração da forma pela qual Manassés a proferiu.
Esta oração é típica das antigas formas litúrgicas judaicas. Ela tem início com a atribuição de
louvores ao Senhor, cuja majestade é vista na Criação (1-4) e em Sua misericórdia para com
os pecadores (5-8). Em seguida há uma confissão pessoal (9-10) e súplicas por perdão (11 -
13). A oração termina com um pedido de graça (14) e uma doxologia (15).
14. I Macabeus
I Macabeus é um valioso registro histórico dos quarenta anos que se iniciaram com a ascensão
de Antíoco Epifanes ao trono sírio (175 A.C.) e que Epifanes ao trono sírio (175 A.C.) e que
terminaram com a morte de Simão, o Macabeu (135 A.C.). Foi provavelmente escrito por
um judeu palestino, em hebraico, ao redor do ano 100 A.C.
Este livro nos proporciona a melhor narrativa que temos da resistência judaica a Antíoco e
das guerras dos Macabeus que, finalmente, trouxeram a independência à nação judaica.
Matatias foi o sacerdote que desafiou Antíoco e iniciou a revolução.
Ele relata as proezas de três filhos de Matatias:
Judas (3:1 a 9:22); Jônatas (9:23 a 12:53) e Simão (13:1 a 16:24).
O festival judaico anual da “Hanukkah”, celebrado na mesma época que o Natal, comemora
a reconsagração do templo, como resultado da valentia dos Macabeus. Esse festival é
mencionado no Novo Testamento como “a festa da dedicação” (Jo 10:22).
15. II Macabeus
II Macabeus encontra-se no paralelo principal com os primeiros sete capítulos de I Macabeus,
cobrindo o período de 175 a 160 A.C. Ele declara ser um resumo de uma história com cinco
volumes escrita por Jasão de Cirene (2:19-23), cuja identidade é uma questão de conjecturas.
O autor de II Macabeus foi evidentemente um judeu alexandrino que escrevia em grego, o
qual o escreveu em alguma época entre 120 A.C. e o início do primeiro século D.C.
II Macabeus é menos histórico e mais retórico que I Macabeus. Foi escrito a partir do ponto
de vista farisaico e enfatiza o milagroso e maravilhoso, em contraste com o mais prosaico e
objetivo I Macabeus.

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O CANON DAS ESCRITURAS 18

DIDAQUE

Introdução
Foi um documento de ensino entre as igrejas do século I, com uma linha de ensino para
fundamentar a vida dos cristãos na doutrina dos apóstolos por que ainda não havia o Canon
do Novo Testamento que só seria formado no de 1000 d.C.
Estudiosos estimam que são escritos anteriores a destruição do templo de Jerusalém, entre
os anos 60 e 70 d.C. Outros estimam que foi escrito entre os anos 70 e 90 d.C., contudo são
coesos quanto a origem sendo na Judéia ou Síria. Segundo Willy Rordorf, a Didaquê é uma
"compilação anônima de diversas fontes derivadas da tradição viva, de comunidades eclesiais
bem definidas", portanto a questão da datação equivale à questão das datas das tradições ali
registradas, que indubitavelmente remontariam ao século I d. C

A Instrução dos Doze Apóstolos


Instrução do Senhor para as nações segundo os Doze Apóstolos.

Parte I - O Caminho da Vida e o Caminho da Morte


CAPÍTULO I
1-Existem dois caminhos: o caminho da vida e o caminho da morte. Há uma grande diferença
entre os dois.
2-Este é o caminho da vida: primeiro, ame a Deus que o criou; segundo, ame a seu próximo
como a si mesmo. Não faça ao outro aquilo que você não quer que façam a você.
3-Este é o ensinamento derivado dessas palavras: bendiga aqueles que o amaldiçoam, ore por
seus inimigos e jejue por aqueles que o perseguem. Ora, se você ama aqueles que o amam,
que graça você merece? Os pagãos também não fazem o mesmo? Quanto a você, ame aqueles
que o odeiam e assim você não terá nenhum inimigo.
4-Não se deixe levar pelo instinto. Se alguém lhe bofeteia na face direita, ofereça-lhe também
a outra face e assim você será perfeito. Se alguém o obriga a acompanhá-lo por um
quilometro, acompanhe-o por dois. Se alguém lhe tira o manto, ofereça-lhe também a túnica.
Se alguém toma alguma coisa que lhe pertence, não a peça de volta porque não é direito.
5-Dê a quem lhe pede e não peças de volta pois o Pai quer que os seus bens sejam dados a
todos. Bem-aventurado aquele que dá conforme o mandamento pois será considerado
inocente.

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O CANON DAS ESCRITURAS 19

Ai daquele que recebe: se pede por estar necessitado, será considerado inocente; mas se
recebeu sem necessidade, prestará contas do motivo e da finalidade. Será posto na prisão e
será interrogado sobre o que fez... e daí não sairá até que devolva o último centavo.
6-Sobre isso também foi dito: que a sua esmola fique suando nas suas mãos até que você
saiba para quem a está dando.
CAPÍTULO II
1-O segundo mandamento da instrução é:
2-Não mate, não cometa adultério, não corrompa os jovens, não fornique, não roube, não
pratique a magia nem a feitiçaria. Não mate a criança no seio de sua mãe e nem depois que
ela tenha nascido.
3-Não cobice os bens alheios, não cometa falso juramento, nem preste falso testemunho, não
seja maldoso, nem vingativo.
4Não tenha duplo pensamento ou linguajar pois o duplo sentido é armadilha fatal.
5-A sua palavra não deve ser em vão, mas comprovada na prática.
6-Não seja avarento, nem ladrão, nem fingido, nem malicioso, nem soberbo. Não planeje o
mal contra o seu próximo.
7-Não odeie a ninguém, mas corrija alguns, reze por outros e ame ainda aos outros, mais até
do que a si mesmo.
CAPÍTULO III
1-Filho, procure evitar tudo aquilo que é mau e tudo que se parece com o mal.
2-Não seja colérico porque a ira conduz à morte. Não seja ciumento também, nem briguento
ou violento, pois o homicídio nasce de todas essas coisas.
3-Filho, não cobice as mulheres pois a cobiça leva à fornicação. Evite falar palavras obscenas
e olhar maliciosamente já que os adultérios surgem dessas coisas.
4-Filho, não se aproxime da adivinhação porque ela leva à idolatria. Não pratique
encantamentos, astrologia ou purificações, nem queira ver ou ouvir sobre isso, pois disso
tudo nasce a idolatria.
5-Filho, não seja mentiroso pois a mentira leva ao roubo. Não persiga o dinheiro nem cobice
a fama porque os roubos nascem dessas coisas.
6-Filho, não fale demais pois falar muito leva à blasfêmia. Não seja insolente, nem tenha
mente perversa porque as blasfêmias nascem dessas coisas.
7-Seja manso pois os mansos herdarão a terra.
8-Seja paciente, misericordioso, sem maldade, tranquilo e bondoso. Respeite sempre as
palavras que você escutou.
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O CANON DAS ESCRITURAS 20

9-Não louve a si mesmo, nem se entregue à insolência. Não se junte com os poderosos, mas
aproxima dos justos e pobres.
10-Aceite tudo o que acontece contigo como coisa boa e saiba que nada acontece sem a
permissão de Deus.
CAPÍTULO IV
1-Filho, lembre-se dia e noite daquele que prega a Palavra de Deus para você. Honre-o como
se fosse o próprio Senhor, pois Ele está presente onde a soberania do Senhor é anunciada.
2-Procure estar todos os dias na companhia dos fiéis para encontrar forças em suas palavras.
3-Não provoque divisão. Ao contrário, reconcilia aqueles que brigam entre si. Julgue de
forma justa e corrija as culpas sem distinguir as pessoas.
4-Não hesite sobre o que vai acontecer.
5-Não te pareças com aqueles que dão a mão quando precisam e a retiram quando devem
dar.
6-Se o trabalho de suas mãos te rendem algo, as ofereça como reparação pelos seus pecados.
7-Não hesite em dar, nem dê reclamando porque, na verdade, você sabe quem realmente
pagou sua recompensa.
8-Não rejeite o necessitado. Compartilhe tudo com seu irmão e não diga que as coisas são
apenas suas. Se vocês estão unidos nas coisas imortais, tanto mais estarão nas coisas
perecíveis.
9-Não se descuide de seu filho ou filha. Muito pelo contrário, desde a infância instrua-os a
temer a Deus.
10-Não dê ordens com rudeza ao seu escravo ou escrava pois eles também esperam no mesmo
Deus que você; assim, não perderão o temor de Deus, que está acima de todos. Certamente
Ele não virá chamar a pessoa pela aparência, mas somente aqueles que foram preparados pelo
Espírito.
11-Quanto a vocês, escravos, obedeçam aos seus senhores, com todo o respeito e reverência,
como à própria imagem de Deus.
12-Deteste toda a hipocrisia e tudo aquilo que não agrada o Senhor.
13-Não viole os mandamentos dos Senhor. Guarde tudo aquilo que você recebeu: não
acrescente ou retire nada.
14-Confesse seus pecados na reunião dos fiéis e não comece a orar estando com má
consciência. Este é o caminho da vida.

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O CANON DAS ESCRITURAS 21

CAPÍTULO V
1-Este é o caminho da morte: primeiro, é mau e cheio de maldições - homicídios, adultérios,
paixões, fornicações, roubos, idolatria, magias, feitiçarias, rapinas, falsos testemunhos,
hipocrisias, coração com duplo sentido, fraudes, orgulho, maldades, arrogância, avareza,
palavras obscenas, ciúmes, insolência, altivez, ostentação e falta de temor de Deus.
2-Nesse caminho trilham os perseguidores dos justos, os inimigos da verdade, os amantes da
mentira, os ignorantes da justiça, os que não desejam o bem nem o justo julgamento, os que
não praticam o bem, mas o mal. A calma e a paciência estão longe deles. Estes amam as
coisas vãs, são ávidos por recompensas, não se compadecem com os pobres, não se importam
com os perseguidos, não reconhecem o Criador.
São também assassinos de crianças, corruptores da imagem de Deus, desprezam os
necessitados, oprimem os aflitos, defendem os ricos, julgam injustamente os pobres e,
finalmente, são pecadores consumados. Filho, afaste-se disso tudo.
CAPÍTULO VI
1-Fique atento para que ninguém o afaste do caminho da instrução, pois quem faz isso ensina
coisas que não pertencem a Deus.
2-Você será perfeito se conseguir carregar todo o jugo do Senhor. Se isso não for possível,
faça o que puder.
3-A respeito da comida, observe o que puder. Não coma nada do que é sacrificado aos ídolos
pois esse culto é destinado a deuses mortos.

Parte II - A Celebração Litúrgica


CAPÍTULO VII
1-Quanto ao batismo, faça assim: depois de ditas todas essas coisas, batize em água corrente,
em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
2-Se você não tiver água corrente, batize em outra água. Se não puder batizar com água fria,
faça com água quente.
3-Na falta de uma ou outra, derrame água três vezes sobre a cabeça, em nome do Pai e do
Filho e do Espírito Santo.
4-Antes de batizar, tanto aquele que batiza como o batizando, bem como aqueles que
puderem, devem observar o jejum. Você deve ordenar ao batizando um jejum de um ou dois
dias.

CAPÍTULO VIII

1-Os seus jejuns não devem coincidir com os dos hipócritas. Eles jejuam no segundo e no
quinto dia da semana. Porém, você deve jejuar no quarto dia e no dia da preparação.
2-Não ore como os hipócritas, mas como o Senhor ordenou em seu Evangelho.

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O CANON DAS ESCRITURAS 22

“Ore assim: "Pai nosso que estás no céu, santificado seja o teu nome, venha o teu Reino, seja
feita a tua vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia nos daí hoje, perdoai
nossa dívida, assim como também perdoamos os nossos devedores e não nos deixes cair em
tentação, mas livrai-nos do mal porque teu é o poder e a glória para sempre".
3-Orem assim três vezes ao dia.

CAPÍTULO IX

1-Celebre a Ceia do Senhor assim:


2-Diga primeiro sobre o cálice: "Nós te agradecemos, Pai nosso, por causa da santa vinha do
teu servo Davi, que nos revelaste através do teu servo Jesus.
A ti, glória para sempre".
3-Depois diga sobre o pão partido: "Nós te agradecemos, Pai nosso, por causa da vida e do
conhecimento que nos revelaste através do teu servo Jesus. A ti, glória para sempre.
4-Da mesma forma como este pão partido havia sido semeado sobre as colinas e depois foi
recolhido para se tornar um, assim também seja reunida a tua Igreja desde os confins da terra
no teu Reino, porque teu é o poder e a glória, por Jesus Cristo, para sempre".
5-Que ninguém coma nem beba da Santa Ceia sem antes ter sido batizado em nome do Senhor
pois sobre isso o Senhor disse: "Não deem as coisas santas aos cães".

CAPÍTULO X

1-Após ser saciado, agradeça assim:


2-"Nós te agradecemos, Pai santo, por teu santo nome que fizeste habitar em nossos corações
e pelo conhecimento, pela fé e imortalidade que nos revelaste através do teu servo Jesus. A
ti, glória para sempre.
3-Tu, Senhor onipotente, criaste todas as coisas por causa do teu nome e deste aos homens o
prazer do alimento e da bebida, para que te agradeçam. A nós, porém, deste uma comida e
uma bebida espirituais e uma vida eterna através do teu servo.
4-Antes de tudo, te agradecemos porque és poderoso. A ti, glória para sempre.
5-Lembra-te, Senhor, da tua Igreja, livrando-a de todo o mal e aperfeiçoando-a no teu amor.
Reúne dos quatro ventos esta Igreja santificada para o teu Reino que lhe preparaste, porque
teu é o poder e a glória para sempre.
6-Que a tua graça venha e este mundo passe. Hosana ao Deus de Davi. Venha quem é fiel,
converta-se quem é infiel. Maranata. Amém."
7-Deixe os profetas agradecerem à vontade.

Parte III - A Vida em Comunidade

CAPÍTULO XI

1-Se vier alguém até você e ensinar tudo o que foi dito anteriormente, deve ser acolhido.
2-Mas se aquele que ensina é perverso e ensinar outra doutrina para te destruir, não lhe dê
atenção. No entanto, se ele ensina para estabelecer a justiça e conhecimento do Senhor, você
deve acolhê-lo como se fosse o Senhor.
3-Já quanto aos apóstolos e profetas, faça conforme o princípio do Evangelho.

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O CANON DAS ESCRITURAS 23

4-Todo apóstolo que vem até você deve ser recebido como o próprio Senhor.
5-Ele não deve ficar mais que um dia ou, se necessário, mais outro. Se ficar três dias é um
falso profeta.
6-Ao partir, o apóstolo não deve levar nada a não ser o pão necessário para chegar ao lugar
onde deve parar. Se pedir dinheiro é um falso profeta.
7-Não ponha à prova nem julgue um profeta que fala tudo sob inspiração, pois todo pecado
será perdoado, mas esse não será perdoado.
8-Nem todo aquele que fala inspirado é profeta, a não ser que viva como o Senhor. É desse
modo que você reconhece o falso e o verdadeiro profeta.
9-Todo profeta que, sob inspiração, manda preparar a mesa não deve comer dela. Caso
contrário, é um falso profeta.
10-Todo profeta que ensina a verdade mas não pratica o que ensina é um falso profeta.
11-Todo profeta comprovado e verdadeiro, que age pelo mistério terreno da Igreja, mas que
não ensina a fazer como ele faz não deverá ser julgado por você; ele será julgado por Deus.
Assim fizeram também os antigos profetas.
12-Se alguém disser sob inspiração: "Dê-me dinheiro" ou qualquer outra coisa, não o
escutem. Porém, se ele pedir para dar a outros necessitados, então ninguém o julgue.

CAPÍTULO XII

1-Acolha toda aquele que vier em nome do Senhor. Depois, examine para conhecê-lo, pois
você tem discernimento para distinguir a esquerda da direita.
2-Se o hóspede estiver de passagem, dê-lhe ajuda no que puder. Entretanto, ele não deve
permanecer com você mais que dois ou três dias, se necessário.
3-Se quiser se estabelecer e tiver uma profissão, então que trabalhe para se sustentar.
4-Porém, se ele não tiver profissão, proceda de acordo com a prudência, para que um cristão
não viva ociosamente em seu meio.
5-Se ele não aceitar isso, trata-se de um comerciante de Cristo. Tenha cuidado com essa
gente!

CAPÍTULO XIII

1-Todo verdadeiro profeta que queira estabelecer-se em seu meio é digno do alimento.
2-Assim também o verdadeiro mestre é digno do seu alimento, como qualquer operário.
3-Assim, tome os primeiros frutos de todos os produtos da vinha e da eira, dos bois e das
ovelhas, e os dê aos profetas, pois são eles os seus sumos-sacerdotes.
4-Porém, se você não tiver profetas, dê aos pobres.
5-Se você fizer pão, tome os primeiros e os dê conforme o preceito.
6-Da mesma maneira, ao abrir um recipiente de vinho ou óleo, tome a primeira parte e a dê
aos profetas.
7-Tome uma parte de seu dinheiro, da sua roupa e de todas as suas posses, conforme lhe
parecer oportuno, e os dê de acordo com o preceito.

CAPÍTULO XIV

1-Reúna-se no dia do Senhor para partir o pão e agradecer após ter confessado seus pecados,
para que o sacrifício seja puro.
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O CANON DAS ESCRITURAS 24

2-Aquele que está brigado com seu companheiro não pode juntar-se antes de se reconciliar,
para que o sacrifício oferecido não seja profanado.
3-Esse é o sacrifício do qual o Senhor disse: "Em todo lugar e em todo tempo, seja oferecido
um sacrifício puro porque sou um grande rei - diz o Senhor - e o meu nome é admirável entre
as nações".

CAPÍTULO XV

1-Escolha bispos e diáconos dignos do Senhor. Eles devem ser homens mansos, desprendidos
do dinheiro, verazes e provados pois também exercem para vocês o ministério dos profetas
e dos mestres.
2-Não os despreze porque eles têm a mesma dignidade que os profetas e os mestres.
3-Corrija uns aos outros, não com ódio, mas com paz, como você tem no Evangelho. E
ninguém fale com uma pessoa que tenha ofendido o próximo; que essa pessoa não escute
uma só palavra sua até que tenha se arrependido.
4-Faça suas orações, esmolas e ações da forma que você tem no Evangelho de nosso Senhor.

Parte IV - O Fim dos Tempos


CAPÍTULO XVI

1-Vigie sobre a vida uns dos outros. Não deixe que sua lâmpada se apague, nem afrouxe o
cinto dos rins. Fique preparado porque você não sabe a que horas nosso Senhor chegará.
2-Reúna-se com frequência para que, juntos, procurem o que convém a vocês; porque de
nada lhe servirá todo o tempo que viveu a fé se no último instante não estiver perfeito.
3-De fato, nos últimos dias se multiplicarão os falsos profetas e os corruptores, as ovelhas se
transformarão em lobos e o amor se converterá em ódio.
4-Aumentando a injustiça, os homens se odiarão, se perseguirão e se trairão mutuamente.
Então o sedutor do mundo aparecerá, como se fosse o Filho de Deus, e fará sinais e prodígios.
A terra será entregue em suas mãos e cometerá crimes como jamais foram cometidos desde
o começo do mundo.
5-Então toda criatura humana passará pela prova de fogo e muitos, escandalizados, perecerão.
No entanto, aqueles que permanecerem firmes na fé serão salvos por aquele que os outros
amaldiçoam.
6-Então aparecerão os sinais da verdade: primeiro, o sinal da abertura no céu; depois, o sinal
do toque da trombeta; e, em terceiro, a ressurreição dos mortos.
7-Sim, a ressurreição, mas não de todos, conforme foi dito: "O Senhor virá e todos os santos
estarão com ele".
8Então o mundo assistirá o Senhor chegando sobre as nuvens do céu.

ESCOLA DE TEOLOGIA APOSTÓLICA PROFÉTICA

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