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Apostila RH Calculo Trabalhista

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Cálculo Trabalhista

Cálculos Trabalhistas

Remuneração

Salário acrescido da média das variáveis (exemplo: comissões) dos últimos 12 meses.

Média: soma das 6 maiores parcelas variáveis mês a mês, divididas por 6, dentro do período de 12
meses.

Ressalva: Verificar na Convenção Coletiva de Trabalho do empregado se há uma regra


diferenciada.

Saldo de salário

Salário ÷ 30 × número de dias trabalhados no último mês.

Observação: Se o último mês trabalhado for fevereiro, divide-se o salário por 28 ou 29 dias, mas a
regra geral é dividir o salário por 30.

Aviso prévio

-30 dias = remuneração mensal.

-Empregado que pede demissão e não cumpre Aviso Prévio: desconto no valor da remuneração
mensal.

-Empregado que pede demissão e não cumpre Aviso Prévio, em virtude de admissão em outro
emprego: não deve haver desconto.

-Empregador que dispensa o empregado:

-Até 1 ano: 30 dias de aviso prévio;

-De 1 ano até 2 anos: 33 dias de aviso prévio;

-De 2 anos até 3 anos: 36 dias de aviso prévio;

-De 3 anos até 4 anos: 39 dias de aviso prévio;

-De 4 anos até 05 anos: 42 dias de aviso prévio (e assim, sucessivamente)

Observação:. O aviso prévio a ser concedido ao empregado deverá perfazer o máximo de 90 dias;
13º salário

-13º salário integral = valor da remuneração mensal

-13º salário proporcional = valor da remuneração mensal ÷ 12 × nº meses trabalhados dentro do


ano analisado.

Observações: . Tem direito a mais 1/12 avos de 13º salário proporcional o trabalhador que trabalhar
15 dias ou mais dentro do mês.

. O cálculo do 13º salário deve levar em conta o ano civil (1º de janeiro a 31 de dezembro).

Férias

-Férias integrais + 1/3 constitucional: valor da remuneração mensal + 1/3 do valor da remuneração
mensal (férias integrais).

-Férias proporcionais + 1/3 constitucional: valor da remuneração mensal ÷ 12 × nº meses

+ 1/3 do valor encontrado (das férias proporcionais).

-Férias vencidas (concedidas após o período concessivo) + 1/3: valor da remuneração mensal × 2 +
1/3 do valor das férias vencidas.

Observações: . O cálculo das férias deve levar em conta a data do início do vínculo, a partir de
quando se contará ano a ano;

. Tem direito a mais 1/12 avos de férias proporcionais o trabalhador que trabalhar 15 dias ou mais,
contados da data de referência mensal do início do vínculo.

FGTS

-8% da remuneração mensal × nº de meses que durou o contrato de trabalho.

Observação: Incide sobre saldo de salário, aviso prévio e 13º salário integral e proporcional, férias
gozadas, mas não incide sobre férias indenizadas.

Multa de 40% do FGTS

-40% do valor total do FGTS do contrato de trabalho, excetuando-se apenas o valor do FGTS
referente ao aviso prévio indenizado.
Observação: Será cabível a liberação do FGTS e condenação à multa de 40% também nos casos
de rescisão dos contratos por prazo determinado, por iniciativa do empregador

Repouso Semanal Remunerado (RSR) ou Descanso Semanal Remunerado (DSR)

-Valor do RSR = Remuneração ÷ 25 (média dos dias úteis)

-Valor do RSR mensal = valor do RSR × 5 (nº. de dias de descanso)

Horas extras

-Valor da hora extra = Remuneração ÷ 220 (se forem 44 horas semanais trabalhadas) × 1,5 (1 hora
+ 50%)

-Valor da hora extra mensal: Remuneração ÷ 220 (horas mensais trabalhadas) × 1,5 × número de
horas extras semanais (o que ultrapassar as 8 horas diárias ou as 44 horas semanais) × 5
(semanas no mês)

-Quantidade de horas extras mensais: achar primeiro a quantidade de horas extras semanais e
depois multiplicar por 5 (semanas). Esse cálculo já prevê o Descanso Semanal Remunerado.

Observações: . 44 horas semanais × 5 semanas = 220 horas mensais

. 36 horas semanais × 5 semanas = 180 horas mensais

. 30 horas semanais × 5 semanas = 150 horas mensais

. Lembrar de multiplicar o valor mensal das horas extras pelo número de meses trabalhados para
se chegar ao valor total a ser pedido;

. Caso o trabalhador realize habitualmente horas extras, as mesmas incidirão sobre saldo de
salário, aviso prévio, férias, 13º salário, FGTS e multa de 40% do FGTS, sendo necessário calcular
os reflexos sobre todas essas verbas.

-Reflexos (caso as horas extras sejam habituais):

. saldo de salário;
. aviso prévio;

. férias de todos os anos (vencidas, integrais e proporcionais);

. 13º salário de todos os anos;

. FGTS;

. multa de 40% do FGTS.

-> Calcular os reflexos com base no valor mensal da hora extra. Considerar o valor mensal da hora
extra como uma remuneração e calcular todas as verbas normalmente com base nesse valor.

Intervalo intrajornada (para jornadas de trabalho com mais de 6 horas diárias)

-Valor da hora intrajornada = Remuneração ÷ 220 (se forem 44 horas semanais trabalhadas) × 1,5
(1 hora + 50%)

-Valor do intervalo intrajornada mensal: Remuneração ÷ 220 (se forem 44 horas semanais
trabalhadas) × 1,5 × número de dias em que os intervalos não foram gozados integralmente na
semana × 5 (semanas).

-Quantidade de horas intrajornada mensais: achar primeiro a quantidade de horas intrajornada


semanais e depois multiplicar por 5 (semanas). Esse cálculo já prevê o Descanso Semanal
Remunerado.

Observações: . 44 horas semanais × 5 semanas = 220 horas mensais

. 36 horas semanais × 5 semanas = 180 horas mensais

. 30 horas semanais × 5 semanas = 150 horas mensais

. Lembrar de multiplicar o valor mensal das horas intrajornada pelo número de meses trabalhados
para se chegar ao valor total a ser pedido;

. Caso o trabalhador deixe de usufruir habitualmente do intervalo intrajornada integral (de, pelo
menos, 1 hora), o mesmo incidirá sobre saldo de salário, aviso prévio, férias, 13º salário, FGTS e
multa de 40% do FGTS, sendo necessário calcular os reflexos sobre todas essas verbas.
-Reflexos (caso as intervalos não concedidos sejam habituais):

. saldo de salário;

. aviso prévio;

. férias de todos os anos (vencidas, integrais e proporcionais);

. 13º salário de todos os anos;

. FGTS;

. multa de 40% do FGTS.

-> Calcular os reflexos com base no valor mensal do intervalo intrajornada. Considerar o valor
mensal do intervalo intrajornada como uma remuneração e calcular todas as verbas normalmente
com base nesse valor.

Intervalo interjornada (11 horas de descanso necessárias entre uma jornada de trabalho e outra)

-Valor da hora interjornada = Remuneração ÷ 220 (se forem 44 horas semanais trabalhadas) × 1,5
(1 hora

+ 50%)

-Valor do intervalo interjornada mensal: Remuneração ÷ 220 (se forem 44 horas semanais
trabalhadas) × 1,5 × número de horas que faltariam para completar as 11 horas de descanso × dias
em que as horas de descanso não foram respeitadas × 5 (semanas).

-Quantidade de horas interjornada mensais: achar primeiro a quantidade de horas interjornada


semanais e depois multiplicar por 5 (semanas). Esse cálculo já prevê o Descanso Semanal
Remunerado.

Observações: . 44 horas semanais × 5 semanas = 220 horas mensais

. 36 horas semanais × 5 semanas = 180 horas mensais

. 30 horas semanais × 5 semanas = 150 horas mensais

. Lembrar de multiplicar o valor mensal das horas interjornada pelo número de meses trabalhados
para se chegar ao valor total a ser pedido;

. Caso o trabalhador deixe de usufruir habitualmente do intervalo interjornada integral (de, pelo
menos, 11 horas), o mesmo incidirá sobre saldo de salário, aviso prévio, férias, 13º salário, FGTS e
multa de 40% do FGTS, sendo necessário calcular os reflexos sobre todas essas verbas.

-Reflexos (caso as intervalos não concedidos sejam habituais):

. saldo de salário;

. aviso prévio;

. férias de todos os anos (vencidas, integrais e proporcionais);

. 13º salário de todos os anos;

. FGTS;

. multa de 40% do FGTS.

-> Calcular os reflexos com base no valor mensal do intervalo interjornada. Considerar o valor
mensal do intervalo interjornada como uma remuneração e calcular todas as verbas normalmente
com base nesse valor.

Adicional noturno

-Valor do adicional noturno mensal = remuneração ÷ 220 (se forem 44 horas semanais de trabalho)
× 20% × número de horas noturnas diárias x número de dias trabalhados na semana x 5 (5
semanas no mês)

-Total de horas noturnas diárias = nº de horas trabalhadas × 60 (minutos) ÷ 52,5

-Valor do adicional noturno total = valor do adicional noturno mensal × nº. de meses trabalhados.

-Horário: 22 horas às 5 horas.

-Hora noturna ficta: 52,5.

Observações: . Se o reclamante também não houver recebido a hora normal, multiplica-se por 1.2;

. Incide sobre saldo de salário, aviso prévio, férias, 13º salário, FGTS e multa de 40% do FGTS,
sendo necessário calcular os reflexos sobre todas essas verbas;

. Caso o empregado tenha trabalhado durante todo o período noturno e continuado após às 5 horas
da manhã, toda a jornada será considerada noturna, a partir das 22 horas.
Adicional de Insalubridade

-valor mensal do adicional de insalubridade = 10%, 20% ou 40% do salário


mínimo (confirmado, temporariamente, em virtude de posicionamento do STF).

-Para saber o percentual é necessário verificar a Norma Regulamentadora nº


15 do MTE.

Observações: . Caso não encontre o percentual, utilizar 40%, porque no Núcleo


de Prática Jurídica advoga-se, em regra, para o empregado;

. Não se esquecer de multiplicar o valor mensal do adicional de insalubridade


pelo número de meses trabalhados para se chegar ao valor total a ser pedido a
título de insalubridade;

. Incide sobre saldo de salário, aviso prévio, férias, 13º salário, FGTS e multa
de 40% do FGTS, sendo necessário calcular os reflexos sobre todas essas
verbas, quando habitual;

Adicional de Periculosidade

-Valor mensal do adicional de periculosidade = 30% do salário base ou o


efetivamente percebido pelo trabalhador.

-Para saber o percentual é necessário verificar a Norma Regulamentadora nº


16 do MTE.

Observações: . Não se esquecer de multiplicar o valor mensal do adicional de


periculosidade pelo número de meses trabalhados para se chegar ao valor total
a ser pedido a título de insalubridade;

. Incide sobre saldo de salário, aviso prévio, férias, 13º salário, FGTS e multa
de 40% do FGTS, sendo necessário calcular os reflexos sobre todas essas
verbas, quando habitual;
Multa do artigo 477, § 8º, da CLT

-Valor da multa = valor da remuneração

Observação: . A multa é devida independentemente da modalidade de


rescisão, devendo ser desconsiderado o “caput” do artigo 477, da CLT. O fato
gerador é o descumprimento do prazo estabelecido para pagamento das
verbas rescisórias devidas.

Multa do artigo 467 da CLT

-Valor da multa = 50% do valor das verbas incontroversas.

-Como não é possível saber de antemão quais verbas serão incontroversas,


consideramos: saldo de salário, aviso prévio, férias acrescidas de 1/3, 13º
salário (esse é o entendimento adotado pela Unidade de Prática Jurídica
Trabalhista do UDF).

Indenização do artigo 479 da CLT (rescisão do contrato por prazo determinado


por iniciativa do empregador)

-Valor da indenização = 50% da remuneração a que teria direito o empregado


até o término do contrato.

-É devido quando o empregador demite o empregado durante o contrato por


tempo determinado (exemplo: contrato de experiência).

Indenização do artigo 480 da CLT (rescisão do contrato por prazo determinado


por iniciativa do empregado)

-Valor da indenização = valor do prejuízo causado ao empregador, limitado a


que teria direito o empregado em idênticas condições (conforme artigo 479, da
CLT)

-É devido quando o empregado se desliga do emprego antes do término do


contrato por tempo determinado (exemplo: contrato de experiência).
Indenização/Multa nos Contratos por prazo temporário (Lei 6.019/74)

-aquele prestado por pessoa física a uma empresa, para atender à


necessidade transitória de substituição de seu pessoal regular e permanente
ou a acréscimo extraordinário de serviços;

-o contrato entre a empresa de trabalho temporário e a empresa tomadora ou


cliente, com relação a um mesmo empregado, não poderá exceder de três
meses, salvo autorização conferida pelo órgão local do Ministério do Trabalho e
Previdência Social.

Observações: . É devido o 13º salário e o acréscimo de 50% pelas horas


extras, em virtude de previsão na Constituição Federal de 1988;

. Há entendimentos de que a indenização prevista no artigo 12, letra "f", da Lei


6.019/74, foi substituída pelo depósito e liberação do FGTS, a partir da
promulgação da Constituição Federal de 1988;

A legislação trabalhista brasileira

A legislação trabalhista brasileira em seus três ramos autônomos de estudo,


individual, coletivo e processual, sofreu profundas alterações com o advento
da lei 13.467/17 que entrou em vigor na data de 11 de novembro de 2017.
Assim, mudanças foram realizadas naConsolidação das Leis do
Trabalho (CLT), primeiro compêndio legislativo laboral, datado de 1943, que
jamais, em sua história de vigência, sofrera tantas reformas quanto as que
foram procedidas no ano passado, em virtude sobretudo da necessidade de
flexibilização e modernização das normas do Direito do Trabalho, além da
redução das demandas judiciais laborais.

Na seara do direito individual do trabalho, segmento que regulamenta as


relações entre o empregado e o empregador, destacamos as mudanças quanto
à jornada de trabalho e o regime salarial.

Em relação à jornada de trabalho, sobretudo no que concerne ao labor


extraordinário, o antigo arcabouço normativo, artigo 7º, XIII da CRFB de 1988,
artigo 59, caput, da CLT e súmula 85 do TST, estabelecia dois regimes
compensatórios de horários: a compensação semanal e o banco de horas.

O primeiro tem por objetivo excluir o trabalho aos sábados, ou diminuir a carga
horária diária, podendo ser pactuado por acordo individual ou coletivo. Já a
compensação por meio do sistema de banco de horas, que depende, para sua
validade, de previsão em instrumento normativo coletivo, permite que o
empregado faça horas extras habituais, guardando-se estas horas para uma
compensação futura, em momento oportuno para o empregador.

Com o advento da reforma trabalhista, o artigo 59 da CLT foi alterado no


sentido de admitir a pactuação do regime de banco de horas por acordo
individual e não somente por norma coletiva, desde que a compensação ocorra
no período máximo de seis meses. Dessa forma, atualmente, é possível
celebrar acordo individual de compensação de horários semanal e semestral.

Outra modalidade de compensação de jornada modificada pela lei 13.467/17 é


a jornada em escala 12 x 36, na qual, em uma semana, trabalham-se 36 horas
e, na seguinte, trabalham-se 48 horas. Este regime compensatório era
regulamentado somente pela jurisprudência, na súmula 444 do TST,
condicionando sua validade à previsão em lei ou norma coletiva. Inexistindo lei
que regulamentasse a jornada 12 x 36, assim, sua legalidade se respaldava em
norma coletiva. Com a reforma trabalhista, a jornada 12x 36 passou a contar
com respaldo legal, conforme artigo 59-A da CLT, podendo ser ajustada
mediante acordo individual escrito, convenção coletiva ou acordo coletivo de
trabalho.

Em suma, a reforma trabalhista facilitou e flexibilizou a negociação direta entre


empregados e empregadores quanto ao regime compensatório mais
conveniente para o caso em concreto, prescindindo a presença dos sindicatos
para tais pactuações.

Merecem destaque as alterações realizadas no artigo 457 da CLT quanto ao


conceito de salário e parcelas que são pagas em razão do contrato de trabalho,
mas são excluídas da base de incidência de qualquer encargo trabalhista e
previdenciário. Assim, ajuda de custo, auxílio-alimentação, diárias para viagem,
prêmios e abonos não refletem no pagamento do salário, visto que o parágrafo
2º do artigo 457 da CLT atribui natureza indenizatória a estas parcelas. Nesse
sentido, com relação aos prêmios, a reforma trabalhista pôs uma pá de cal na
eterna discussão jurisprudencial quanto à sua natureza, definindo em lei que os
prêmios serão as liberalidades concedidas pelo empregador em forma de bens,
serviços ou valor em dinheiro a empregado ou a grupo de empregados, em
razão de desempenho superior ao ordinariamente esperado no exercício de
suas atividades.
Já na parte do direito coletivo do trabalho, consoante às relações entre os
sindicatos ou entre os sindicatos e empresas, a CLT foi sensivelmente afetada
pela reforma com a inserção do artigo 611-A que privilegia a aplicação dos
instrumentos normativos coletivos em detrimento da lei para algumas matérias
arroladas em seus incisos. A título de exemplificação, os empregadores e os
sindicatos de seus respectivos trabalhadores poderão alterar, em acordo ou
convenção coletiva, o tempo de intervalo para repouso e alimentação para
trinta minutos, quando a legislação fixa o período de uma hora.

No aspecto processual do trabalho, importante frisar que a reforma trabalhista


inseriu uma nova modalidade de procedimento judicial, o processo de
jurisdição voluntária para homologação de acordos extra-judiciais, modalidade
que antes da reforma não tinha amparo legal, de modo que na Justiça do
Trabalho tramitavam exclusivamente dissídios individuais e coletivos. A
previsão de acordo extrajudicial possibilita maior celeridade e autonomia das
partes em avençar os termos da rescisão contratual, bastando, assim, para sua
validade, a chancela judicial. Insta apontar, também, a criação de uma nova
modalidade rescisória consensual, diversa da dispensa sem justa causa e da
demissão, na qual empregado e empregador de comum acordo decidem
rescindir o contrato de trabalho. Neste caso, o trabalhador receberá a metade
do aviso prévio e da indenização do FGTS, além da integralidade das demais
verbas rescisórias. Este acordo celebrado poderá ser submetido ao juízo para
homologação e plena quitação das verbas devidas no contrato de trabalho.

Além da introdução dessa modalidade procedimental, insta salientar que a


legislação trabalhista passou a prever a condenação ao pagamento de
honorários sucumbenciais, é dizer, a parte perdedora na ação trabalhista
ressarcirá a outra no objeto em que perdeu, independente de o trabalhador
demandante gozar das benesses da justiça gratuita. Esta, aliás, foi restringida
àqueles que percebem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do
limite máximo dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, a menos
que comprove, de outra forma, a insuficiência de recursos. Tal critério, assim,
teve como um de seus objetivos excluir a percepção da gratuidade processual
trabalhadores que auferiram salários de elevado valor que, antes da reforma,
eram considerados pobres na acepção jurídica do termo, pela mera declaração
de hipossuficiência. Em essência, a reforma no âmbito processual impôs
medidas que oneram a moção de uma reclamação trabalhista, sobretudo,
aquelas infundadas.

Em suma, resta esclarecer que, inobstante as alterações legais, em razão de


algumas antinomias com a Constituição Federal e outras leis, ainda não houve
pacificação no Tribunal Superior do Trabalho (TST) quanto à aplicação da nova
legislação.
Principais mudanças na Legislação Trabalhista

A Lei 13.467/2017 alterou mais de 100 pontos da antiga CLT. Em vigor desde o
dia 11 de novembro de 2017, vale para contratos antigos e também para
aqueles que serão feitos a partir de então. Relembre os pontos mais
importantes.

Não há como pensar em mudança sem falar da reforma trabalhista e o


consequente desafio para o RH se adaptar a ela. Pensando nisso, a Employer
destaca neste artigo as principais alterações na legislação trabalhista.

1. As mudanças nas horas suplementares

São permitidas até duas horas suplementares por dia, de acordo com o Art. 58
da Lei 13.467/2017. O limite é o mesmo que previa a CLT anteriormente. A
mudança está na forma de compensação destas horas:

1) Mensal: sem a obrigatoriedade de acordo escrito, a compensação é ajustada


entre empresa e empregado.

2) Semestral: a empresa e empregado poderão pactuar acordo de


compensação com prazo de 6 meses mediante acordo individual, sem a
necessidade de anuência do sindicato por acordo ou convenção coletiva.

3) Anual: a compensação poderá ser anual, desde que formalizada mediante


acordo coletivo ou convenção coletiva de trabalho. Para este formato de
compensação anual, obrigatoriamente deverá ser formalizada com a
participação sindical.

Para o RH, esta pode ser uma boa estratégia. O pagamento do extra via banco
de horas é, portanto, uma opção com menores impactos na folha.

2. A extinção das horas in itinere

Um ponto de destaque especialmente para empregadores cujas sedes fabris


estão localizadas distantes dos centros urbanos. Também merece atenção por
parte das empresas do setor agropecuário.

As horas in itinere foram extintas com a reforma trabalhista. O tempo que o


empregado dispendia para chegar até a empresa – ou retornar para casa – era
contabilizado como hora de trabalho, mesmo quando a condução era fornecida
pela empresa.
Agora estas horas não contam mais como à disposição do empregador,
independente do meio de transporte utilizado pelo empregado. Seja condução
fornecida pela empresa, carro próprio ou ônibus de linha, é obrigação do
empregado bater o ponto no horário previsto em contrato, dentro da empresa.

O objetivo desta mudança é oferecer condições similares para todos os


empregados. Nada mais justo. Os empregados que utilizavam transporte da
empresa teriam direito às horas de deslocamento e chegariam com conforto no
local de trabalho. Aqueles que utilizavam transporte público, por sua vez,
viajavam de ônibus ou carro sem ter direito a estas horas. Agora as relações
trabalhistas estão mais equiparadas sob esta ótica.

3. Novas regras para regime parcial de tempo

Ainda dentro das mudanças relacionadas à jornada diária de trabalho, há


novas disposições para os empregados contratados sob o regime parcial de
tempo. A jornada máxima de 25 horas passou para 26 horas semanais, com
possibilidade de 6 horas extras semanais ou 30 horas semanais, mas sem a
possiblidade de horas extras. Caso o empregado seja contratado dentro deste
regime, as horas suplementares deverão ser compensadas na semana
imediatamente posterior à da sua execução. Se isso não ocorrer, deverão ser
quitadas na folha de pagamento do mês subsequente.

Quem tem empregados contratados (ou pretende contratar) no regime parcial


de tempo precisa fazer um bom planejamento para isto, a fim de que a jornada
diária não ultrapasse estes limites. Caso contrário, o ideal é fazer a contratação
sob o regime normal de oito horas diárias. Desta forma há a garantia de não
impactar a folha com grandes despesas de horas suplementares.

Os trabalhadores do regime parcial têm direitos e obrigações semelhantes às


dos empregados contratados em regime normal. As férias são de 30 dias a
cada 12 meses trabalhados e podem ter 1/3 convertido em abono pecuniário. O
salário deve ser proporcional ao de regime de oito horas diárias, para
empregados que exercem a mesma função.

4. Novas regras para a jornada 12 X 36

Para ter empregados contratados na jornada 12 X 36, há uma mudança,


descrita no Art. 59-A. “§ 1º A remuneração mensal pactuada pelo horário
previsto no caput abrange os pagamentos devidos pelo descanso semanal
remunerado e pelo descanso em feriados e serão considerados compensados
os feriados e as prorrogações de trabalho noturno, quando houver, de que
tratam o art. 70 e o § 5º do art. 73”. Ou seja: a remuneração deste trabalhador
já contempla, de forma integral, o descanso semanal remunerado,
independente dos dias em que realizar suas atividades. O mesmo acontece
com feriados.

5. As férias podem ser divididas em até três períodos

Pela lei, antes de 11 de novembro de 2017, o trabalhador tinha direito a 30 dias


de férias a cada 12 meses trabalhados. Deste total, poderia converter 1/3 (dez
dias) em abono pecuniário e tirar os outros 20 dias de férias. Neste aspecto as
regras não mudaram; o direito a 30 dias de férias permanece.

A mudança está na forma de usufruir deste período de descanso. As férias


agora podem ser divididas em até três períodos, sendo que um deles não pode
ser menor do que 14 dias e os outros não podem ser menores do que cinco
dias cada. Também não é permitido iniciar as férias um dia antes de feriados
ou do descanso semanal remunerado.

Esta medida vale também para os empregados que trabalham em regime


parcial de tempo, jornada 12 X 36 e teletrabalho.

6. Contratação de trabalhadores autônomos não gera vínculo

A Lei 13.467/2017 viabiliza e regulamenta a contratação de trabalhadores


autônomos para executar algum tipo de atividade ou serviço específico dentro
da empresa. O trabalhador pode ser contratado de forma exclusiva ou não, de
forma contínua ou não, sem que seja caracterizado qualquer vínculo
empregatício (Art. 442-B).

É importante não confundir este tipo de contrato com os contratos de


temporários e terceirizados. O autônomo pode ser um trabalhador para realizar
algum serviço específico de manutenção, por exemplo; como pintura predial,
manutenção de maquinário, serviços gerais.

Neste caso, o contrato de trabalho deve contemplar tão somente a execução


do serviço e sua respectiva remuneração. Mesmo que o trabalhador fique à
disposição da empresa por vinte dias, por exemplo, não configura nenhum tipo
de vínculo com a empresa que o contratou.

7. Regulamentação sobre a terceirização

Um dos pontos mais marcantes entre todas as mudanças na legislação


trabalhista, em 2017. A regulamentação sobre os contratos de trabalho
terceirizados, até então inexistente, está contemplada na Lei 13.429/2017,
aprovada em março do ano passado. A lei institui regras para esta modalidade
de contrato e as dispõe na mesma lei que trata dos trabalhadores temporários.

Por isso é importante ressaltar a diferença entre os dois formatos.


7a) São considerados trabalhadores temporários aqueles contratados para
atender a demandas sazonais, previsíveis ou não, dentro das empresas.Este
tipo de contrato deve ser intermediado por uma Empresa de Trabalho
Temporário devidamente regulamentada junto ao Ministério do Trabalho.

7b) São considerados trabalhadores terceirizados aqueles contratados para a


prestação de serviço especializado dentro dos negócios. É o caso de empresas
de consultoria em TI, finanças, contabilidade, comunicação, jurídico, entre
outros. Os trabalhadores podem ficar alocados dentro da empresa contratante
ou na empresa que presta o serviço a uma terceira. O vínculo empregatício
destes, portanto, é diretamente com a prestadora do serviço e não com a
empresa que atendem.

As principais semelhanças estão nos direitos trabalhistas destes empregados.


Todos têm direito a férias, 13º salário e recolhimento de contribuições
previdenciárias.

8. Regras para contratação de temporários

Além da intermediação obrigatória, que deve ser feita por uma Agência
credenciada do Ministério do Trabalho e Emprego, esta modalidade de
contratação também conta com algumas particularidades, definidas pela lei
6019/74. Para que este tipo de contrato seja formalizado dentro dos aspectos
legais, a contratante (utilizadora) precisa justificar uma demanda transitória e
detalhar o motivo desta necessidade no contrato de intermediação com a
Agência. Só depois deste contrato assinado é que a Agência pode contratar o
Temporário que vai prestar o Trabalho na condição de pessoa física. O
Trabalho Temporário não se confunde com a Terceirização.

A duração do contrato de trabalho temporário era de até 3 meses, prorrogáveis


por igual período, desde que mantido o motivo justificador. Este prazo foi
ampliado para até 180 dias, permitido prorrogação. Na realidade o trabalhador
é um empregado temporário da Utilizadora, que permanece como temporário
enquanto durar a demanda complementar.

9. Legislação para o teletrabalho

Uma necessidade cada vez maior para aumentar a competitividade dos


negócios, a modalidade teletrabalho (ou home office) passou a contar com
regras próprias dentro da reforma trabalhista. O Art. 75-C e seguintes traz as
determinações legais para este tipo de contrato e também prevê a mudança do
regime home office para o regime presencial, desde que acordado por escrito
diretamente com o empregado. Além disso, determina que a solicitação
eventual da presença do empregado nas dependências da empresa não
desconfigura o contrato.
Os contratados sob este regime têm direito a férias, 13º salário e demais
contribuições obrigatórias, na mesma proporção em que os empregados
contratados em regime presencial. Cabe ao empregador estipular formas de
controle de ponto e execução de atividades.

O ideal é descrever no contrato como será feita esta aquisição, bem como a
responsabilidade do empregado em relação ao uso adequado das ferramentas
fornecidas pela empresa.

10. Obrigações quanto à segurança e saúde no trabalho

A Lei 13.467/2017 dispõe, no Art. 75-E, que o empregador deve instruir os


empregados a respeito dos assuntos de segurança e saúde no trabalho. É
responsabilidade do trabalhador seguir as instruções, utilizar EPI´s fornecidos
pela empresa e comunicar acidentes de trabalho. Neste ponto em específico, o
empregado assume total responsabilidade por seguir as orientações da
empresa.

Lembre-se que todas as disposições relacionadas a estes assuntos são


descritas nas Normas Regulamentadoras. São 36 normas que regem todas as
especificidades dos mais diversos tipos de trabalho, do campo à operação de
maquinário, instituição de comissões internas de prevenção de acidentes, entre
outros.

O eSocial também cobrará das empresas o envio de informações de saúde e


segurança dos trabalhadores. Atestados de saúde ocupacional, comunicados
de acidentes e afastamento deverão ser devidamente registrados na
plataforma do Governo Federal.

Por fim, é importante destacar que as condições de segurança, higiene e


salubridade são obrigatórias e comuns a todos os empregados, sejam eles
efetivos, terceirizados ou temporários.

11. As mudanças no intervalo intrajornada

As jornadas superiores a seis horas diárias devem ter, obrigatoriamente, o


intervalo intrajornada. Pode ser utilizado para almoço ou descanso e deve ser
de, no mínimo, uma hora; e no máximo duas.

Antes da reforma trabalhista, caso o empregado trabalhasse durante algum


período e reduzisse seu intervalo de descanso, a empresa deveria pagar 50%
sobre o intervalo integral. Agora, com a atual redação, o empregador só precisa
pagar, como extra, o tempo suprimido do intervalo intrajornada.

Outra mudança com relação ao intervalo intrajornada é a possibilidade de


reduzir o período de gozo, desde que, convencionado em acordo coletivo ou
convenção coletiva de trabalho, respeite o período mínimo de 30 minutos.
12. Ajuda de custo não é integralizada ao salário

Prática comum em alguns tipos de atividades, como em equipes comerciais, a


ajuda de custo é opcional para as empresas. O valor da ajuda de custo é
limitado a cinquenta por cento da remuneração mensal do empregado.

Veja o que diz o Art. 457, § 2º: “As importâncias, ainda que habituais, pagas a
título de ajuda de custo, limitadas a cinquenta por cento da remuneração
mensal, o auxílio-alimentação, vedado o seu pagamento em dinheiro, as diárias
para viagem e os prêmios não integram a remuneração do empregado, não se
incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de
encargo trabalhista e previdenciário”.

Dentro deste item, vale ressaltar o que a lei considera como prêmio
(bonificações e gratificações), seja sobre vendas ou desempenho. O valor
também não integra o salário estipulado em contrato. “§ 4º Consideram-se
prêmios as liberdades concedidas pelo empregador em forma de bens,
serviços ou valor em dinheiro a empregado ou a grupo de empregados, em
razão de desempenho superior ao ordinariamente esperado no exercício de
suas atividades”.

13. A legislação sobre equiparação salarial

Ponto bastante crítico em algumas ações trabalhistas, a equiparação salarial


também está contemplada na Lei 13.467/2017. Não é raro encontrar casos em
que os ex-empregados pedem, em suas ações, a equiparação do salário ao de
um empregado que exercia a mesma função na empresa, porém com
remuneração maior.

O Art. 461 criou novas regras para este tipo de situação. “§ 1º Trabalho de
igual valor, para os fins deste Capítulo, será o que for feito com igual
produtividade e com a mesma perfeição técnica, entre pessoas cuja diferença
de tempo de serviço para o mesmo empregador não seja superior a quatro
anos e a diferença de tempo na função não seja superior a dois anos”.

Desta forma, o empregado que entra com a ação judicial não pode solicitar a
equiparação do salário ao de um outro trabalhador que já estava há dez anos
na empresa, por exemplo. Outra inovação da reforma trabalhista é fixar os
parâmetros da equiparação salarial, dos quais destacamos trabalhar no mesmo
estabelecimento, não podendo o empregado indicar um paradigma remoto.

Quem tem plano de cargos e salários bem elaborado também não precisa se
preocupar. A lei dispensa, inclusive, o registro do plano ou homologação junto
aos órgãos reguladores. “§ 2º Os dispositivos deste artigo não prevalecerão
quando o empregador tiver pessoal organizado em quadro de carreira ou
adotar, por meio de norma interna da empresa ou de negociação coletiva,
plano de cargos e salários, dispensada qualquer forma de homologação ou
registro em órgão público”.

14. As mudanças na rescisão de contratos

Há alguns pontos alterados pela lei no que se refere à rescisão dos contratos
de trabalho. Direitos obrigatórios do empregado r foram mantidos, tais como o
recolhimento de verbas de INSS e FGTS, o pagamento de horas extras não
remuneradas até a rescisão, o proporcional de férias e de 13º salário.

A principal alteração inclui a possibilidade da demissão consensual. Isto


acontece quando o empregado e empresa desejam encerrar o contrato de
trabalho. Antes, esta prática era proibida por lei. Agora está contemplada no
Art. 484-A da CLT. Neste caso, o empregador deve pagar a metade do aviso
prévio (se indenizado), a metade da multa indenizatória do FGTS e a
integralidade das demais verbas rescisórias.

Para o empregado, é legalmente permitido sacar até 80% do valor do FGTS


depositado pela empresa durante o tempo de duração de contrato. Ele também
perde o direito ao seguro-desemprego.

O prazo para pagamento das verbas rescisórias foi alterado para 10 dias,
independentemente da forma de rescisão.

A homologação da rescisão do contrato de trabalho junto ao sindicato da


categoria não é mais obrigatória. Permanece obrigatória a necessidade de
comunicar a rescisão do contrato junto aos órgãos competentes.

15. Fim da contribuição sindical obrigatória

Junto com a extinção parcial da homologação da rescisão junto ao sindicato,


está também o fim da obrigatoriedade do pagamento da contribuição sindical.
Anualmente, em março, empregadores precisavam descontar o equivalente a
um dia de salário de todos os trabalhadores.

Este ano esta medida não é mais necessária, como previsto no Art. 582: “Os
empregadores são obrigados a descontar da folha de pagamento de seus
empregados relativa ao mês de março de cada ano a contribuição sindical dos
empregados que autorizaram prévia e expressamente o seu recolhimento aos
respectivos sindicatos”.

Por fim, destaca-se também um dos primeiros pontos abordados pela alteração
da CLT: o registro do empregado em CTPS. Para cada empregado não
registrado, a multa passou para R$ 3.000, com o mesmo valor sendo aplicado
em casos de reincidência.

Para os profissionais do RH, é importante fazer uma análise detalhada das


necessidades de cada área da empresa, das equipes e dos contratos de
trabalho. Há várias formas de resolver as demandas do negócio; da
contratação de temporários à adoção de regimes diferenciados de jornada.
Quem trabalha dentro dos termos da lei só precisa adaptar seu planejamento
para uma nova rotina de contratações.

Conceito de Legislação Trabalhista

Entende-se por legislação trabalhista ao conjunto de leis e normas que tem


como objetivo regulamentar as atividades trabalhistas seja em relação aos
direitos do trabalhador como também em suas obrigações, valendo o mesmo
para o empregador. A legislação trabalhista é um ramo novo do direito em
comparação aos outros ramos, pois surgiu no século XX após muitos anos de
protestos e reclamações de setores trabalhistas que reivindicavam por
melhores condições de trabalho, estabilidade e segurança. A legislação
trabalhista é extremamente importante e recomenda sempre aos trabalhadores
conhecer bem seus direitos e obrigações antes de fazer qualquer tipo de
reclamação.

A legislação trabalhista se diferencia em duas instâncias: no direito individual e


no direito coletivo. Enquanto o primeiro representa os direitos particulares do
empregador ou trabalhador, por exemplo, a quantidade de horas, o salário
mínimo, as possíveis licenças, etc., o direito coletivo tem a ver com a figura do
sindicato. O sindicato é uma organização social que surgiu para defender os
direitos dos trabalhadores de um ramo ou de uma área de trabalho específica,
e hoje é considerado um direito dos trabalhadores fazer parte de um destes
sindicatos para poder ter seus direitos cumpridos. Junto à figura do sindicato
também se estabelece o direito coletivo da greve e do protesto.

Conhecer a legislação trabalhista serve para o trabalhador poder reclamar de


seus direitos em caso de não serem cumpridos. Neste sentido, se estabelecem
alguns elementos muito importantes na hora de iniciar uma relação trabalhista:
a necessidade de ser voluntária (isto é, que nenhuma das duas partes seja
forçada a manter essa relação, como acontece, por exemplo, com as formas de
trabalho ilegais ou de escravos), ser retribuível (que se refere a um
determinado tipo de atividade, onde o trabalhador deve ser retribuído de
alguma maneira com um pagamento), dependente (que estabelece uma
relação firme entre ambas as partes, onde o trabalhador depende do
empregador para receber um pagamento e o empregador depende do
trabalhador para obter resultado).
As Leis Trabalhistas no Brasil e a CLT

As leis trabalhistas no Brasil, embora tenham origem anterior, nascem no


governo de Getúlio Vargas. A partir do ano de 1930, Vargas uniu um grupo de
juristas e legisladores para elaborar uma Consolidação das Leis Trabalhistas, a
CLT.

As leis trabalhistas da Era Vargas, como também são chamadas, levaram 13


anos de desenvolvimento, e buscavam garantir uma série de seguranças e
regulamentações na relação entre empregadores e empregados.

Há uma série de temas tratados na CLT, mas alguns se destacam, em função


dos avanços que representaram para as condições de vida de classes
trabalhadoras e para a sistematização do mercado de trabalho brasileiro:

Jornada de Trabalho

A Consolidação de Leis Trabalhistas no Brasil define que a jornada máxima de


horas de trabalho diárias deve ser de até 8 horas. Uma semana de trabalho, no
entanto, pode ter no máximo 44 horas de produtividade.

A regulação de jornadas de trabalho, além de definir o tempo máximo de


produtividade que um empregado pode dedicar à empresa, tenta garantir que
não haja abusos sobre a mão de obra, regulando a forma de controlar a
entrada e a saída dos funcionários de maneira transparente.

As Leis Trabalhistas no Brasil e a CLT: Entenda

Direitos do Trabalhador

As leis trabalhistas no Brasil, embora tenham origem anterior, nascem no


governo de Getúlio Vargas. A partir do ano de 1930, Vargas uniu um grupo de
juristas e legisladores para elaborar uma Consolidação das Leis Trabalhistas, a
CLT.

As leis trabalhistas da Era Vargas, como também são chamadas, levaram 13


anos de desenvolvimento, e buscavam garantir uma série de seguranças e
regulamentações na relação entre empregadores e empregados.
Há uma série de temas tratados na CLT, mas alguns se destacam, em função
dos avanços que representaram para as condições de vida de classes
trabalhadoras e para a sistematização do mercado de trabalho brasileiro:

Jornada de Trabalho

A Consolidação de Leis Trabalhistas no Brasil define que a jornada máxima de


horas de trabalho diárias deve ser de até 8 horas. Uma semana de trabalho, no
entanto, pode ter no máximo 44 horas de produtividade.

A regulação de jornadas de trabalho, além de definir o tempo máximo de


produtividade que um empregado pode dedicar à empresa, tenta garantir que
não haja abusos sobre a mão de obra, regulando a forma de controlar a
entrada e a saída dos funcionários de maneira transparente.

Horas extra

Caso o acordo de horas a serem trabalhadas tenha alguma sobrecarga, a CLT


também regula o funcionamento das horas extras que empregados podem
executar. Leis trabalhistas de regulamentação das horas extra são medidas de
proteção à saúde dos trabalhadores, e uma remuneração mais justa pelo
esforço realizado além do horário para o qual é pago.

Leis Trabalhistas para Gestantes

Muitas vezes, ao se pensar em Direitos do Trabalhador, é comum vir à tona a


famosa “Licença Maternidade”. A licença maternidade é mais uma das
garantias da CLT, voltada às trabalhadoras em período de gestação, e oferece
à futura mãe de quatro a seis meses de afastamento remunerado após o
nascimento da criança.

Mas a lei mais conhecida, não é a única: há diversos outros benefícios


garantidos para a gravidez, como o período de estabilidade, no qual a mulher
não pode ser demitida desde o princípio da gravidez até após 4 meses do parto
realizado. Outros benefícios da mesma categoria garantem folga aos pais, ou a
pais e mães adotivos, de forma a proteger a família e a empresa nestas
circunstâncias de novas prioridades.

Férias Remuneradas

As Leis Trabalhistas brasileiras garantem, ao trabalhador, 30 dias de férias a


cada 12 meses de exercício de sua contratação. As condições destas férias
podem ser negociadas de diversas formas: se serão 30 dias subsequentes, se
um terço destes dias serão distribuídos através do ano seguinte, ou – até
mesmo – se uma parcela dos dias será vendido do empregado para o
empregador.

O que não pode ser mudado em nenhuma condição, é a obrigatoriedade da


remuneração no período de férias, sem nenhum tipo de diminuição salarial.

Desde 1943, o CLT sofreu uma série de modificações – naturais, no Direito. As


Leis Trabalhistas em 2015 representam melhor as novas relações de trabalho,
e as principais mudanças dizem respeito às novas tecnologias, e sua utilização
em trabalho.

Além disso, uma série de questões sociais estão sendo atualmente discutidas,
como a extensão da licença paternidade e das licenças para todos os pais
adotivos, simultaneamente. Fato indiscutível, é que a CLT é um dos maiores
exemplos de um Direito preocupado com o trabalhador.

A carteira de trabalho assinada é a formalização de um vínculo empregatício


entre empregador e empregado. Nela, são definidos termos de trabalho e as
funções do trabalhador. Além disso, a carteira de trabalho assinada garante
acesso uma série de benefícios previstos nas leis trabalhistas.

São benefícios como o vale transportes, o 13º salários, as férias remuneradas,


o fundo de garantia por tempo de serviço e o repouso semanal. Estes são os
direitos mais básicos de um trabalhador, e basta possuir um vínculo
empregatício para acessá-los.

Além disso, é a carteira de trabalho que garante acesso a jornadas de trabalho


não abusivas e remuneração adicional em ocasiões especiais. Também é
necessário ter a carteira assinada para obter o seguro desemprego, por
exemplo.

Tenho direito de receber o salário mesmo de férias?

Sim. Todo trabalhador em regime de emprego regular (determinado pela


Consolidação das Leis Trabalhistas, CLT) possui este direito. Na prática, são
garantidas férias remuneradas de trinta dias a cada doze meses trabalhados.

Além da remuneração regular, o trabalhador tem direito a – pelo menos – um


terço adicional no salário, no mês de férias.

Quantas horas por dia devo trabalhar? 6 ou 8?


A jornada de trabalho depende daquilo que é estabelecido no contrato. Ela
pode ser de oito horas, seis horas, quatro horas ou até menos – depende do
que é acordado. A regra fixa nas leis trabalhistas determina apenas o limite
máximo.

Não se pode trabalhar mais do que oito horas diárias, nem somar mais do que
44 horas de trabalho em uma semana. Além disso, o tempo mínimo entre o
final de um turno de trabalho e o início de outro, deve ser de onze horas.

Algumas categorias possuem jornada de trabalho máxima definida. É o caso de


bancários, que não podem trabalhar mais do que seis horas diárias.

Falta pode ser descontado do salário?

Depende da natureza da falta. Se tratar-se de uma falta justificada (com


atestado ou por luto, por exemplo), ela não pode ser descontada do salário. Se,
por outro lado, ela não for justificada, pode-se descontar aquele dia de trabalho
do salário final.

Além disso, a situação pode gerar falta leve para advertências. Se repertir-se
com frequência, pode transformar-se em uma falta grave que – eventualmente
– pode servir de justificativa para um demissão.

Se eu pedir demissão tenho direito ao seguro desemprego?

Via de regra, não. Ao pedir a demissão unilateral, o trabalhador abre mão de


uma série de benefícios previdenciários. As únicas exceções são aquelas
situações onde ocorre uma “justa causa atribuída à unidade empregadora”.

Nestes casos, interpreta-se que pedir demissão era a única saída viável para o
trabalhador, e que a falha na relação era do empregador. Isso dá acesso aos
benefícios previdenciários.

Registro retroativo de funcionário na CLT

O registro retroativo de um funcionário em regime de CLT pode ocorrer. Todos


os encargos e custos fiscais anteriores devem ser regularizados, desde o
momento do início da prestação daquele serviço.

O procedimento não gera nenhum tipo de problema legal, se realizado antes de


alguma ação judicial.É necessário, no entanto, que o registor retroativo
corresponda à absoluta verdade. Salários, datas e atribuições devem ser
exatas.
Distância mínima para receber vale transporte

Não existe um determinação legal para a distância mínima que valide o


recebimento do vale transporte. Se o funcionário solicitar, deve receber o
benefício sem maiores questionamentos.

No entanto, é necessário que ele comprove – caso questionado – que utiliza o


vale para fins de transporte relacionados ao trabalho. Se receber o vale em
dinheiro e utilizar para outra finalidade, é possível que precise indenizar o
empregador.

Período de luto por parente

Existem dois graus de luto por parente nas leis trabalhistas brasileiras. O
primeiro garante cinco dias consecutivos de luto. Ele é aplicado no caso de
falecimento de cônjuge ou de parente em primeiro grau em linha reta. Isso
significa pais e filhos (ou filhos do cônjuge).

O luto de dois dias é aplicado para o falecimento de parentes ou equivalentes


em outros níveis em linha reta. Isso significa avós, bisavós, netos e bisnetos.
Além disso, parentes ou equivalentes em segundo grau em linha colateral (o
equivalente a irmãos).

Como registrar queixas trabalhistas

Existem basicamente duas formas de registrar queixas trabalhistas. A primeira


é solicitar a assistência de um advogado, que ingressará com uma ação
judicial.

A segunda é procurar diretamente a vara do trabalho de sua cidade e região,


com os documentos pertinentes para sua reclamação. A vara do trabalho
possui um setor de reclamação especializado no registro de queixas.

Demissão durante período de experiência

O período de experiência – de duração temporário de 90 dias – apresenta


algumas condições especiais. Se o funcionário for demitido durante o período,
antes de seu término, as regras são praticamente idênticas às leis trabalhistas
comuns. Neste caso, depende da forma da demissão (com ou sem justa causa,
de quem partiu, etc).
No entanto, ao final do período de experiência, empregador e empregado
possuem a opção de romper o vínculo sem o pagamento de multas. Neste
caso, interpreta-se que o período de experiência não foi benéfico.

Trabalho sem carteira assinada é irregular?

Sim. Qualquer vínculo empregatício deve ser mantido com carteira de trabalho
assinada. É uma obrigação do empregador realizar tal regularização. As leis
trabalhistas garantem que um trabalhador consiga judicialmente o direito de ter
a carteira assinada, se o patrão recursar-se.

Como funcionam as 8 horas de trabalho

As oito horas de trabalho diárias são o limite previsto pelas leis trabalhistas
brasileiras. Durante a jornada, é obrigatório que o trabalhador tenha um
período de descanso para refeições e uso próprio.

Além disso, a CLT prevê que, entre o final de uma jornada de trabalho e o
início da próxima, é obrigatório que haja, ao menos, onze horas de descanso
para o trabalhador.

Trabalhar com carro próprio

Não há restrições legais para que alguém trabalhe com carro próprio. No
entanto, obrigatório que a empresa arque com os custos de combustível. Além
disso, muitas decisões judiciais demonstram que é necessário um auxílio para
manutenção do veículo.

Isso quer dizer que – além de arcar com o valor da gasolina, deve-se arcar com
parte da manutenção preventiva veicular. As regras são iguais para
trabalhadores que utilizam a própria moto.

Cálculo de férias na rescisão do contrato de trabalho

O Cálculo de Rescisão do Contrato de Trabalho, de acordo com a CLT ¹, é sem


dúvida o cálculo trabalhista mais complicado, pois há várias situações de
desligamento do vínculo empregatício. Entretanto, o objetivo deste artigo é
contemplar um dos tópicos deste delicado tema, ou seja, o pagamento relativo
à cálculo de férias na rescisão contratual.
Ao encerrar-se o contrato de trabalho, o empregado que possuir direito
adquirido correspondente ao período de férias, será beneficiado com a
remuneração simples ou em dobro conforme a circunstância bem como as
férias proporcionais.

De acordo com o Art. 147 da CLT, caso o empregado peça demissão ou seja
demitido sem justa causa com menos de um ano de trabalho, terá direito
à férias integrais.

O empregado não terá direito a férias proporcionais quando for demitido por
justa causa, antes ou depois de completar um ano de serviço.

De acordo com o art. 46, parágrafo único da CLT, temos o que segue:

“Na cessação do contrato de trabalho, após 12 (doze) meses de serviço, o


empregado, desde que não haja sido demitido por justa causa, terá direito à
remuneração relativa ao período incompleto das férias” (férias proporcionais).

Já a súmula nº 261² do TST – Nova Redação pela Res. 121/2003 – DJ 19-11-


2003, diz que:

“O empregado que se demite antes de completar 12 (doze) meses de serviço,


tem direito a férias proporcionais”

FÉRIAS PROPORCIONAIS INDENIZADAS

É sabido que para cada ano de empresa o empregado terá direito a 3 dias a
mais no aviso prévio de acordo com a lei 12.506/11. Vale ressaltar que é
aplicada esta lei apenas para benefício do empregado. Então se o funcionário
tiver 6 anos de empresa ele terá direito, caso demitido sem justa causa, a 48
dias de aviso prévio, ou seja, 30 dias normais mais 18 dias de aviso indenizado
(6 x 3 dias = 18 dias).

Estes 48 dias em questão servem para o cálculo de férias proporcionais


indenizadas bem como para o cálculo de 13º indenizado.

FÉRIAS EM DOBRO

Antes de calcular as férias em dobro temos que entender em que situação elas
deverão ser pagas. Para tanto, definiremos a seguir o que é período aquisitivo
e período concessivo.

Período aquisitivo: o período aquisitivo de férias é o período de 12 (doze)


meses a contar da data de admissão do empregado que, uma vez
completados, gera o direito ao mesmo de gozar os 30 (trinta) dias de férias.
Período Concessivo: o período concessivo de férias é o prazo que a lei
estabelece para que o empregador conceda as férias ao empregado. Este
prazo equivale aos 12 (doze) meses subsequentes a contar da data do período
aquisitivo completado.

A lei determina que as férias devam ser concedidas nos 12 (doze) meses
seguintes ao período aquisitivo, o entendimento jurisprudencial é que devam
ser concedidas antes que vença o 2º período aquisitivo, ou seja, o término de
gozo deve ser antes do vencimento dos 12 meses de concessão.

Demais situações que podem determinar pagamento em dobro

Além do fato da concessão das férias fora do prazo, há situações em que, uma
vez comprovadas, poderão ensejar o pagamento em dobro da remuneração.

Dentre estas situações, podemos citar:

Conceder férias fracionadas em mais de 2 (dois) períodos e com dias inferiores


a 10 (dez).

Determinar que o empregado a usufrua apenas 20 (vinte) dias de férias


convertendo 10 (dez) dias em abono pecuniário.

Efetuar o pagamento das férias somente no retorno do empregado ao trabalho.

EMPREGADO COM MENOS DE UM ANO DE TRABALHO.

Pedido de demissão

Empregado terá direito a receber férias proporcionais a 1/12 avos para cada
mês trabalhado exceto tiver se tiver faltas superiores.

Dispensa sem justa causa

Empregado terá direito a todo o período integral de férias.

EMPREGADO COM MAIS DE UM ANO DE TRABALHO.

Pedido de demissão

Empregado terá direito a receber férias proporcionais a 1/12 avos para cada
mês trabalhado exceto tiver se tiver faltas superiores bem como férias normais
caso ainda não as tenha gozado

Dispensa sem justa causa


Além das férias proporcionais e normais (caso ainda não as tenha gozado)
empregado terá direito a férias proporcionais indenizadas (depende de quantos
anos de empresa tem o empregado).

Cálculo de férias na rescisão

FÉRIAS PROPORCIONAIS

Como dito anteriormente, as férias proporcionais são calculadas na base de


1/12 (um doze avos) por mês de serviço cujas faltas sejam inferiores a 15
(quinze) dias. A proporcionalidade é calculada de acordo com o
art. 1303 da CLT e tem-se o seguinte quadro de faltas não justificadas.

até 5 faltas – 30 dias corridos

de 6 a 14 faltas – 24 dias corridos

de 15 a 23 faltas – 18 dias corridos

de 24 a 32 faltas – 12 dias corridos

Vejamos alguns exemplos de como calcular as férias na rescisão:

1 – FÉRIAS PROPORCIONAIS COM FÉRIAS NORMAIS GOZADAS

Suponha que um empregado tenha sido admitido em 20-02-2013 e pedido


demissão em 16-10-2017. Desligou-se 16-11-2017 cujo salário mensal bruto é
de R$1.350,00. Neste período teve 6 faltas não abonadas. Deste modo, para
calcular o valor referente as férias proporcionais devemos considerar que são
9/12 de 24 dias.

R$1.350,00 : 30 = R$45,00 por dia

R$45,00 x 24 = R$1.080,00

R$1.080 : 12 = R$90,00

R$90,00 x 9 = R$810,00

O pagamento de 1/3 a mais, conforme preceitua o art. 7º, inciso XVII,


da Constituição Federal4, é também sobre R$810,00.

1/3 de R$810 = R$270,00


Assim, nosso empregado em questão, irá receber na recisão o equivalente
à R$1.080,00 (R$810,00 + R$270,00).

2 – FÉRIAS PROPORCIONAIS E NÃO GOZOU DAS FÉRIAS NO PERÍODO


AQUISITIVO

Empregado foi admitido em 10-05-2015 e foi demitido sem justa causa em 15-
11-2017. Desligou-se 17-12-2017 cujo salário mensal bruto é de R$1.065,00.
Neste período não teve faltas. Deste modo, para calcular o valor referente as
férias proporcionais devemos considerar que são 7/12 de 30 dias, mais as
férias não gozadas e 1/12 de férias indenizadas.

R$1.065,00 : 30 = R$35,50 por dia

R$35,50 x 30 = R$1.065,00

R$1.065,00 : 12 = R$88,75

R$88,75 x 7 = R$621,25

Base de cálculo para 1/3

Férias vencidas: R$1.065,00

Férias proporcionais: R$621,25

Férias proporcionais indenizadas: 1/12 do salário = R$88,75

Total: R$1.775,00

1/3 do total de férias: R$1.775,00 : 3 = R$591,67

Assim, nosso empregado em questão, irá receber na rescisão o equivalente


à R$2.366,67 (R$1.775,00 + R$591,67).

DESCONTO DO INSS SOBRE FÉRIAS INDENIZADAS

As férias indenizadas, inclusive em dobro ou proporcionais, não estão sujeitas


à incidência da Previdência Social (Lei nº 8.212/91, art. 28 parágrafo 9º, alínea
d do Plano de Custeio da Previdência Social com Redação pela Lei nº 9.528,
de 10-12-97)

Consolidação das Leis do Trabalho

As normas referentes à carteira de trabalho estão incluídas na CLT


A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) é uma lei do Brasil referente
ao direito do trabalho e ao direito processual do trabalho. Ela foi criada através
do Decreto-Lei n.º 5 452, de 1 de maio de 1943 e sancionada pelo então
presidente Getúlio Vargas durante o período do Estado Novo, entre 1937 e
1945, unificando toda legislação trabalhista e existente no Brasil. Alguns
analistas afirmam que ela foi fortemente inspirada na Carta del Lavoro do
governo fascista de Benito Mussolini na Itália, enquanto outros consideram isso
como uma mistificação.

Estrutura

A CLT é composta por oito capítulos que abrangem e especificam direitos de


grande parte dos grupos trabalhistas brasileiros. Nos seus 922 artigos são
encontradas informações como: identificação profissional, duração (jornada) do
trabalho, salário mínimo, férias anuais, segurança e medicina do trabalho,
proteção ao trabalho da mulher e do menor, previdência social e
regulamentações de sindicatos das classes trabalhadoras...

A CLT surgiu como uma necessidade constitucional após a criação da Justiça


do Trabalho em 1939. O país passava por um momento de desenvolvimento,
mudando a economia de agrária para industrial. Em janeiro de 1942 o então
presidente Getúlio Vargas e o Ministro do Trabalho e Emprego Alexandre
Marcondes Filho trocaram as primeiras ideias sobre a necessidade de fazer
uma consolidação das leis do trabalho. A ideia primária foi de criar a
"Consolidação das Leis do Trabalho e da Previdência Social". Seu objetivo
principal é a regulamentação das relações individuais e coletivas do trabalho,
nela previstas. Foi assinada em pleno Estádio de São Januário (Club de
Regatas Vasco da Gama), que estava lotado para a comemoração da
assinatura da CLT.

Foram convidados, para fazer parte da empreitada, os juristas José de


Segadas Viana, Oscar Saraiva, Luís Augusto Rego Monteiro, Dorval Marcenal
de Lacerda e Arnaldo Lopes Süssekind. Na primeira reunião ficou definido que
a comissão seria dividida em Trabalho e Previdência e que seriam criadas duas
consolidações diferentes. As fontes materiais da CLT foram, em primeiro lugar,
as conclusões do 1° Congresso Brasileiro de Direito Social, realizado em maio
de 1941, em São Paulo, para festejar o cinquentenário da Encíclica Rerum
Novarum, organizado pelo professor Antônio Ferreira Cesarino Júnior e pelo
advogado e professor Rui de Azevedo Sodré. A segunda fonte foram as
convenções internacionais do trabalho. A terceira foi a própria Encíclica Rerum
Novarum e, finalmente, os pareceres dos consultores jurídicos Oliveira Viana e
Oscar Saraiva, aprovados pelo ministro do Trabalho.
Em novembro de 1943, foi apresentado o anteprojeto da CLT, publicado
posteriormente no Diário Oficial para receber sugestões. Após estudar o
projeto, Getúlio Vargas nomeou os coautores para examinar as sugestões e
redigir o projeto final, finalmente assinado em 1º de maio de 1943, mas que
não substituiu o publicado no DOU de 9 de agosto do mesmo ano.

Reformas subsequentes

Há constantes debates no intuito de promover uma reforma da CLT para


flexibilizá-la. O conjunto de artigos já sofreu 497 modificações desde 1943,
além das 67 disposições constitucionais de 1988 que se somaram à CLT.

Muitas reformas já foram propostas, como a Portaria n.° 20, de 13 de


setembro de 2001, incluída na legislação no mesmo ano e que trouxe novos
temas para o texto original. Nela, a Secretaria de Inspeção do Trabalho proíbe
o menor de 18 anos de trabalhar em algumas funções (contidas no Anexo I),
como afiação de ferramentas, construção civil, manuseio e aplicação de
produtos químicos, entre outras atividades perigosas.

Tramitou no Congresso Nacional do Brasil, mais uma reforma, a Emenda


Constitucional n° 66/2012. Ela confere, ao empregado doméstico, maiores
garantias trabalhistas, igualando seus direitos aos de outros trabalhadores.
Todas essas melhorias visam a uma melhoria na Consolidação.

Em 11 de novembro de 2017, a CLT sofreu várias alterações em decorrência


da reforma trabalhista feita naquele ano, durante o governo de Michel Temer.
Dentre elas, foram adicionados temas como o trabalho intermitente, a
prevalência do acordado sobre o legislado e a ampliação da terceirização.

Direito do trabalho no Brasil

Direito do trabalho, ou direito laboral, é o conjunto de normas jurídicas que


regem as relações entre empregados e empregadores, e os direitos resultantes
da condição jurídica dos trabalhadores. Direito do trabalho no Brasil se refere
ao modo como o Estado brasileiroregula as relações de trabalho e as normas e
conceitos importantes para o seu entendimento. As normas do direito do
trabalho brasileiro estão regidas pela CLT (Consolidação das Leis do
Trabalho), pela Constituição Federal e por várias leis esparsas (como a lei que
define o trabalho do estagiário, dentre outras).
Natureza jurídica

O tema da classificação do direito do trabalho brasileiro não é ponto pacífico


entre os doutrinadores. A corrente majoritária entende que ele faz parte
do direito privado, uma vez que se trata da relação entre partes privadas:
patrão e empregado. Porém, o direito do trabalho tem hoje várias regras
cogentes (de caráter público) visando a garantir os direitos mínimos do
trabalhador ante o empregador. Essas regras públicas existem em virtude da
doutrina do intervencionismo básico do Estado que busca proteger o
empregado, elo mais fraco da relação. Esse intervencionismo faz alguns
defenderem uma natureza jurídica mista (ou seja, de direito parcialmente
privado e parcialmente público) para este ramo do direito que mescla tanto de
normas públicas quanto privadas. Outros vão mais longe e entendem que a
livre manifestação das vontades foi substituída, no direito do trabalho, pela
vontade do Estado e esse teria, portanto, caráter de direito público. Finalmente,
há também uma corrente que liga o direito do trabalho ao direito social,
enfatizando a coletivização do direito. De qualquer modo, a tese de que este
ramo do direito seria parte do direito privado permanece sendo a que prevalece
no direito brasileiro.

Fontes jurídicas são fatores que dão origem


às normas e princípios norteadores de um ramo do direito. Uma primeira
divisão que pode ser feita é entre as fontes materiais e as fontes formais do
direito do trabalho. As fontes materiais geralmente são tidas como os fatores
pré-jurídicos (sociais, ideológicos, políticos…) que influenciam a elaboração da
norma; aqui tem relevo especial a pressão dos trabalhadores em busca de
melhores condições de emprego. As fontes formais, por sua vez, têm caráter
eminentemente jurídico, temos, por exemplo: a Constituição, leis e súmulas
vinculantes do STF.

Essas fontes formais possuem a seguinte hierarquia:

a) Constituição;

b) leis;

c) decretos;

d) sentença normativa e arbitragem de dissídios coletivos;

e) convenção coletiva;

f) acordo coletivo;

g) costume.
As fontes formais são classificadas de pelo menos duas formas. Em primeiro
lugar temos a divisão das fontes formais entre fontes heterônomas e
fontes autônomas. As fontes formais heterônomas são impostas por terceiros,
geralmente o Estado. Já fontes formais autônomas vêm das decisões dos
próprios implicados na relação jurídica que então se estabelece. Esse é o caso,
por exemplo, de um acordo coletivo entre empregadores e sindicatos. Também
há a separação entre fontes nacionais e fontes internacionais, desse modo um
tratado internacional ou uma convenção da Organização Internacional do
Trabalho (OIT) são fontes formais internacionais, enquanto uma medida
provisória seria uma fonte formal nacional.

Na prática, a tarefa de catalogar as fontes do direito em cada um dos campos


acima não é simples, há vários exemplos de figuras jurídicas de classificação
controversa.

O direito do trabalho brasileiro se vale de alguns princípios básicos que


norteiam a confecção, interpretação e aplicação das normas trabalhistas. Entre
eles está o princípio da proteção, que se divide em três: sub princípio do in
dubio pro operario; sub princípio da aplicação da norma mais favorável; e sub
princípio da condição mais benéfica. Também temos como princípios
importantes: o princípio da irrenunciabilidade de direitos; o princípio
continuidade da relação de emprego; o princípio da inalterabilidade contratual
lesiva; o princípio da primazia da realidade; e o princípio da intangibilidade
salarial.

A maior parte dos princípios do direito do trabalho brasileiro visam a dar


suporte ao empregado.

O trabalhador é o elo mais fraco de relação trabalhista, (costuma-se dizer que


ele é hipossuficiente). O empregado recebe, portanto, proteção jurídica
especial por parte do Estado. Essa proteção se assenta na idéia de justiça
distributiva, que atenta para a produção de uma igualdade material (e não
somente formal) entre as partes. Esse princípio se divide em três sub
princípios, que veremos a seguir:

Princípio in dubio pro operario ou in dubio pro misero: estabelece que, quando
há dúvidas acerca de como determinada norma deve ser entendida, deve
prevalecer a interpretação legal mais favorável ao empregado. Deve-se
observar que este princípio regula o direito material, não o direito processual.
Exemplificando: num processo trabalhista esse princípio não se aplica quando
surgem dúvidas acerca da consistência das provas, mas, de fato, se aplica se
surgirem dúvidas na interpretação adequada de uma lei laboral.

Princípio da aplicação da norma mais favorável: aqui se indica que, entre as


múltiplas normas existentes no ordenamento jurídico, aquela mais favorável ao
trabalhador é a que deve ser usada. No contexto do direito do trabalho, essa
forma de escolher a norma a ser aplicada se sobrepõe aos critérios
tradicionalmente usados para resolver a colisão de normas no direito brasileiro,
(como a escolha da lei de maior hierarquia).

Princípio da condição mais benéfica: as condições mais favoráveis que já


constaram no contrato de trabalho e no regulamento da empresa durante o
tempo de serviço do empregado são sempre as que de fato valem. Desse
modo, quando surge uma nova regra menos favorável, ela não se aplica aos
que já trabalharam sob as diretrizes anteriores, (mas pode regular o trabalho de
contratados futuros). Se a mudança resultar em qualquer prejuízo para o
trabalhador esta será inválida, mesmo que o empregado tenha concordado
com ela.

Princípio da irrenunciabilidade de direitos: os direitos garantidos pelo estado ao


trabalhador na CLT são irrenunciáveis, indisponíveis e inderrogáveis. Não há
contrato ou acordo que possa tornar esses direitos inefetivos. Essa medida visa
a evitar que o poder econômico dos empregadores possa pressionar ou até
coagir o trabalhador a abdicar de seus direitos.

Princípio da continuidade da relação de emprego: o pressuposto numa relação


de emprego (que é o tipo mais comum de relação de trabalho) é que ela terá
continuidade ao longo do tempo. Em regra, portanto, os contratos são
pactuados por prazo indeterminado. Só são permitidos contratos temporários
em situações excepcionais, todas elas previstas em lei.

Princípio da primazia da realidade: em direito do trabalho, os fatos concretos do


dia a dia laboral prevalecem sobre o conteúdo de documentos para estabelecer
os efeitos jurídicos da relação trabalhista. A verdade dos fatos, verdade real,
prevalece sobre a verdade formal. Obviamente que nesse caso é necessário
que se faça prova de tais fatos, para desconstituir o valor probandi dos
documentos.

Princípio da inalterabilidade contratual lesiva: contratos não podem ser


modificados de nenhuma forma que prejudique o trabalhador. Mesmo que o
trabalhador esteja consentindo com as alterações, elas serão inválidas (CLT,
art. 468).

Princípio da intangibilidade salarial: há uma série de dispositivos legais que


buscam proteger o salário do empregado ante possíveis interesses do
empregador, dos credores do empregado e dos credores do empregador.
Decorrente desse princípio temos o princípio da irredutibilidade salarial,
estabelecido atualmente na própria CF/1988 (art. 7.o, VI). Essa irredutibilidade
não é absoluta: a Constituição permite a redução temporária de salários
mediante acordo ou convenção coletiva.
Princípio da substituição automática das cláusulas nulas: As cláusulas
contratuais que não observam o estatuto social legal de direitos dos
trabalhador são automaticamente substituídas pelas condições de trabalho
mínimas estabelecidas pela norma estatal. Assim, as cláusulas contratuais
nulas dão espaço as cláusulas legais, naquilo que forem prejudiciais ao
empregado.

Relação de trabalho e relação de emprego

Nesse contexto, trabalho é gênero enquanto emprego é espécie. Todo


emprego é trabalho, mas nem todo vínculo jurídico de trabalho é um emprego.
As relações de trabalho podem se dar de muitas formas.

Há a relação de trabalho autônomo, onde é o próprio trabalhador que assume


os riscos do empreendimento: ainda que preste serviços para outrem, o sujeito
dessa relação está, na verdade, trabalhando para o próprio empreendimento.

Há também a relação de trabalho avulso, que é um tipo especial de trabalho


autônomo disciplinado pela Lei 8.630/1993 e que caracteriza em especial o
trabalho dos estivadores e outras atividades portuárias.

Temos ainda a relação de trabalho eventual, que se caracteriza por ser


realizada sem pessoalidade e profissionalidade, no que popularmente é
chamado de “bico”. Outra relação de trabalho que não é de emprego é
a relação de trabalho institucional, que é própria dos funcionários
públicos estatutários.

O estágio e o trabalho voluntário são também relações de trabalho que não são
consideradas empregos.

Finalmente temos a relação de trabalho subordinado, que é justamente a


relação de emprego. Entre todas as modalidades de trabalho esta é a mais
comum e importante. Ela tem características específicas definidas
pela legislação e pela doutrina.

Características da relação de emprego

Os pontos que diferenciam a relação jurídica de emprego de outras forma de


trabalho podem ser resumidas em: trabalho por pessoa
física, pessoalidade, não-
eventualidade, onerosidade, subordinação e alteridade. Sendo a subordinação
jurídica o requisito central da relação. Vejamos o que cada um desses termos
representa:
Trabalho por pessoa física: indica que o empregado não pode ser uma
empresa ou outra pessoa jurídica.

Pessoalidade: a prestação do serviço é incumbência de uma pessoa


específica, cuja substituição é relevante.

Não-eventualidade: o serviço é prestado de forma contínua, reiterada,


permanente ou constante, e não se esgota com a própria execução.

Onerosidade: a prestação de serviço não é gratuita, e é contraprestada em


dinheiro ou outras formas de pagamento.

Subordinação jurídica: o empregado não controla a forma da prestação de


serviço, que se insere na estrutura da atividade econômicadesenvolvida pelo
empregador.

Alteridade: o serviço é prestado para outrem, que, este sim, assume os riscos
do empreendimento.

Ressalte-se que a exclusividade não é elemento da relação de emprego. Deste


modo, o fato de o trabalhador prestar serviços para mais de um tomador não
impede a existência de vínculo empregatício com um ou ambos os tomadores.

Ampliação da competência da justiça do trabalho

A Emenda Constitucional 45 de 2004 trouxe uma modificação importante para


a justiça do trabalho, que tornou-se agora competente para processar e julgar
as ações oriundas das relações de trabalho (art. 114, I, da CF/1988).
Anteriormente, talvez fosse mais correto dizer que e justiça do trabalho seria a
“justiça do emprego”, pois era somente das relações de emprego que esta
tratava. Agora, a Justiça Trabalhista brasileira passa a ter competência sobre
as relações de trabalho em sentido amplo. Com a Emenda de 2004, ela passa
a ter jurisdição sobre qualquer relação de trabalho, mesmo que esta não
envolva subordinação jurídica. Assim, trabalhadores como pedreiros, pintores,
técnicos de informática, e outros que sejam autônomos irão buscar seus
direitos na Justiça do Trabalho.

Reforma trabalhista no Brasil em 2017

O presidente Michel Temer (centro) junto a ministros e parlamentares no


evento em que foi sancionada a reforma trabalhista, em 13 de julho de 2017.
A Reforma Trabalhista no Brasil de 2017 foi uma mudança significativa
na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) instrumentalizada pela lei №
13.467 de 2017. Segundo o governo, o objetivo da reforma foi combater o
desemprego e a crise econômica no país.

O projeto de lei foi proposto pelo Presidente da República Michel Temer e


começou a tramitar na Câmara dos Deputados em 23 de dezembro de
2016. Desde então, em sua tramitação, o projeto vinha passando por
sucessivas discussões e também aglutinando emendas, como por exemplo, a
proposta do fim da obrigatoriedade da contribuição sindical, que foi incluída
pelo relator Rogério Marinho, do PSDB.

O projeto foi aprovado na Câmara dos deputados em 26 de abril de 2017 por


296 votos favoráveis e 177 votos contrários. No Senado Federal, foi aprovado
em 11 de julho por 50 a 26 votos. Foi sancionado pelo Presidente da República
no dia 13 de julho sem vetos. A lei passou a valer no país a partir de 11 de
novembro do mesmo ano (120 dias após sua publicação no diário oficial).

A reforma foi criticada pela Central Única dos Trabalhadores e outros


sindicatos, pelo Ministério Público do Trabalho, pela Organização Internacional
do Trabalho, entre outros. Foi defendida por economistas e empresários, bem
como pelo presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Ives Gandra
Martins Filho.

Antecedentes

Os empregos com carteira assinada diminuíram muito devido à crise


econômica.

Desde 2007, os empregos com carteira assinada aumentaram continuamente,


até o desemprego atingir 4,8% em 2014, o menor valor medido historicamente
pelo IBGE. Porém, a partir de 2015, a tendência se inverteu, devido à crise
econômica iniciada em 2014. Esta, considerada a pior recessão da história do
país, causou recuo no Produto Interno Bruto (PIB) por dois anos consecutivos
(2015 e 2016). Assim, no fim de 2016, 45% da força de trabalho ativa estava
em empregos informais (sem carteira assinada), segundo dados do IPEA. E em
março de 2017, o desemprego atingiu seu auge desde o início da crise: 13,7%,
o que representava mais de 14,2 milhões de brasileiros
desempregados. Também, dos 3,5 milhões de postos de trabalho fechados nos
últimos 3 anos, 96% destes correspondiam a postos de carteira assinada.

O Governo Dilma Rousseff já cogitava uma reforma trabalhista, que previa a


livre negociação de questões trabalhistas entre empregadores e
empregados. No entanto, desistiu dela após pressões de centrais sindicais
contrárias à proposta. Após a votação sobre o afastamento da ex-presidente
Dilma Rousseff, Michel Temer assumiu interinamente a presidência da
República. Nesse momento, já havia declarações a respeito de uma reforma
trabalhista que seria encaminhada ao Congresso Nacional. O ministro do
trabalho Ronaldo Nogueiraargumentou que a reforma tinha como objetivo
transformar a Consolidação das Leis do Trabalho em uma legislação
"simplificada e clara", a qual prestigiaria a negociação coletiva para tratar de
temas como salário e tamanho da jornada dos trabalhadores. Após
a efetivação de sua posse, o presidente fez discurso defendendo uma reforma
trabalhista, a qual, segundo ele, seria necessário modernizar para garantir os
empregos atuais e para que houvesse geração de novos empregos.

A reforma foi antecedida pela Lei da Terceirização, sancionada em 31 de


março de 2017. Até então não havia legislação específica sobre essa prática.

A reforma foi inspirada nas reformas laborais ocorridas na Espanha em 2012


durante o governo de Mariano Rajoy.

Na Câmara dos Deputados, o projeto enviado pelo governo tramitou sob o


nome Projeto de Lei 6787/2016 a partir de 23 de dezembro de 2016.[2][19] O
relator foi o deputado Rogério Simonetti Marinho, do PSDB.[3] O projeto
passou por uma comissão especial na qual foi aprovado por 27 votos a 10. A
votação ocorreu sem confrontos, no entanto, foi registrado dois protestos,
especialmente vindos de servidores públicos do Poder Legislativo contrários à
reforma, além de 3.000 indígenas que tentaram ingressar na sede do
Legislativo sem autorização, para manifestarem-se contra a paralisação na
demarcação de terras indígenas e propostas de alterações legislativas sobre
esse tema. No plenário da Câmara, foi aprovada por 296 votos a favor e 177
votos contrários. Apenas um destaque foi aprovado, em relação
à penhora online, no qual deverá se limitar ao valor da dívida que a empresa
tem com o empregado. Durante a sessão, parlamentares da oposição,
contrários a reforma, chegaram a protestar com cartazes e palavras de ordem
em diversos momentos.

No Senado Federal, a matéria passou pelas comissões de Assuntos


Econômicos, de Assuntos Sociais e de Constituição e Justiça. Na Comissão de
Assuntos Sociais, foi rejeitada a reforma. No plenário, a reforma foi aprovada
por 50 votos favoráveis a 26 contrários. Durante a seção, senadoras contrárias
a reforma ocuparam a mesa do plenário. O presidente do Senado Eunício
Oliveira tentou dar início a votação, mas foi impedido e com isso, suspendeu os
trabalhos e mandou desligar as luzes e os microfones. Depois de mais de seis
horas, o presidente do Senado retomou a cadeira do Senado, dando
continuidade a votação.

Principais mudanças da reforma

A lei № 13.467/2017 alterou mais de 100 pontos da CLT. A tabela a seguir


resume algumas das mudanças:
Regra antiga Regra atual

A contribuição é
obrigatória. O
pagamento é feito uma
Contribuição A contribuição sindical será
vez ao ano, por meio do
sindical opcional.
desconto equivalente a
um dia de salário do
trabalhador.

O excesso de horas em
um dia de trabalho pode
ser compensado em
outro dia, desde que não O banco de horas pode ser
exceda, no período pactuado por acordo individual
Banco de horas máximo de um ano, à escrito, desde que a
soma das jornadas compensação ocorra no período
semanais de trabalho máximo de seis meses.[31]
previstas. Há também
um limite de 10 horas
diárias.

Quando o trabalhador
pede demissão ou é
demitido por justa causa,
O contrato de trabalho poderá ser
ele não tem direito à
extinto de comum acordo, com
multa de 40% sobre o
pagamento de metade do aviso
saldo do FGTS nem à
prévio, se indenizado, e metade
retirada do fundo. Em
da multa de 40% sobre o saldo do
relação ao aviso prévio,
Demissão FGTS. O empregado poderá
a empresa pode avisar o
ainda movimentar até 80% do
trabalhador sobre a
valor depositado pela empresa na
demissão com 30 dias
conta do FGTS, mas não terá
de antecedência ou
direito ao seguro-desemprego.
pagar o salário referente
(Art. 484-A CLT)
ao mês sem que o
funcionário precise
trabalhar.

O trabalhador que O intervalo dentro da jornada de


Descanso exerce a jornada padrão trabalho poderá ser negociado,
de 8 horas diárias tem desde que tenha pelo menos 30
direito a no mínimo uma minutos. Além disso, se o
hora e a no máximo empregador não conceder
duas horas de intervalo intervalo mínimo para almoço ou
para repouso ou concedê-lo parcialmente, a
alimentação. indenização será de 50% do valor
da hora normal de trabalho
apenas sobre o tempo não
concedido em vez de todo o
tempo de intervalo devido.

Desde que haja concordância do


empregado, as férias poderão ser
usufruídas em até três períodos,
As férias de 30 dias sendo que um deles não poderá
podem ser fracionadas ser inferior a quatorze dias
em até dois períodos, corridos e os demais não poderão
Férias
sendo que um deles não ser inferiores a cinco dias
pode ser inferior a 10 corridos, cada um. É vedado o
dias. início das férias no período de
dois dias que antecede feriado ou
dia de repouso semanal
remunerado.

Mulheres grávidas ou É permitido o trabalho de


lactantes estão proibidas mulheres grávidas em ambientes
de trabalhar em lugares de baixa ou média insalubridade,
com condições exceto se apresentarem atestado
Gravidez
insalubres. Não há limite médico que recomende o
de tempo para avisar a afastamento. Mulheres demitidas
empresa sobre a têm até 30 dias para informar a
gravidez. empresa sobre a gravidez.

Tudo o que o trabalhador usar em


casa será formalizado com o
A legislação não
empregador via contrato, como
Home office contempla essa
equipamentos e gastos com
modalidade de trabalho.
energia e internet, e o controle do
trabalho será feito por tarefa.

A jornada é limitada a 8 Jornada diária poderá ser de 12


Jornada de horas diárias, 44 horas horas com 36 horas de descanso,
trabalho semanais e 220 horas respeitando o limite de 44 horas
mensais, podendo haver semanais (ou 48 horas, com as
até 2 horas extras por horas extras) e 220 horas
dia. mensais.

A empresa está sujeita a


A multa para empregador que
multa de um salário
mantém empregado não
mínimo regional, por
registrado é de R$ 3 mil por
Multa empregado não
empregado, que cai para R$ 800
registrado, acrescido de
para microempresas ou empresa
igual valor em cada
de pequeno porte.
reincidência.

Convenções e acordos coletivos


poderão prevalecer sobre a
legislação. Assim, os sindicatos e
as empresas podem negociar
Convenções e acordos condições de trabalho diferentes
coletivos podem das previstas em lei, mas não
estabelecer condições necessariamente num patamar
de trabalho diferentes melhor para os trabalhadores.
das previstas na Poderá ser negociado: jornada de
Negociação
legislação apenas se trabalho, participação nos lucros,
conferirem ao banco de horas, troca do dia do
trabalhador um patamar feriado, intervalo intrajornada,
superior ao que estiver entre outros. Mas não poderá ser
previsto na lei. negociado: Direito a seguro
desemprego, Salário Mínimo, 13º
salário, Férias anuais, Licença
maternidade/paternidade, entre
outros.

O plano de cargos e O plano de carreira poderá ser


salários precisa ser negociado entre patrões e
Plano de cargos homologado no trabalhadores sem necessidade
e salários Ministério do Trabalho e de homologação nem registro em
constar do contrato de contrato, podendo ser mudado
trabalho. constantemente.

A remuneração por O pagamento do piso ou salário


produtividade não pode mínimo não será obrigatório na
ser inferior à diária remuneração por produção. Além
Remuneração correspondente ao piso disso, trabalhadores e empresas
da categoria ou salário poderão negociar todas as formas
mínimo. Comissões, de remuneração, que não
gratificações, precisam fazer parte do salário.
percentagens, gorjetas e
prêmios integram os
salários.

A Constituição assegura
a eleição de um
Os trabalhadores poderão
representante dos
escolher 3 funcionários que os
trabalhadores nas
representarão em empresas com
empresas com mais de
no mínimo 200 funcionários na
200 empregados, mas
negociação com os patrões. Os
Representação não há regulamentação
representantes não precisam ser
sobre isso. Esse
sindicalizados. Os sindicatos
delegado sindical tem
continuarão atuando apenas nos
todos os direitos de um
acordos e nas convenções
trabalhador comum e
coletivas.
estabilidade de dois
anos.

O pedido de demissão
ou recibo de quitação de
rescisão, do contrato de
trabalho, firmado por
empregado com mais de A homologação da rescisão pode
1 (um) ano de serviço, ser feita na empresa no qual o
Homologação
só será válido quando empregado trabalhou, não sendo
da rescisão
feito com a assistência obrigatória a assistência do
do respectivo Sindicato sindicato.
ou perante a autoridade
do Ministério do
Trabalho e Previdência
Social.

A CLT considera serviço


Não são consideradas dentro da
efetivo o período em que
jornada de trabalho as atividades
o empregado está à
Tempo na no âmbito da empresa como
disposição do
empresa descanso, estudo, alimentação,
empregador,
interação entre colegas, higiene
aguardando ou
pessoal e troca de uniforme.
executando ordens.

O projeto de lei que Haverá uma quarentena de 18


Terceirização permite a terceirização meses que impede que a
para atividades-fim foi empresa demita o trabalhador
sancionado efetivo para recontratá-lo como
anteriormente. terceirizado. O texto prevê ainda
que o terceirizado deverá ter as
mesmas condições de trabalho
dos efetivos, como atendimento
em ambulatório, alimentação,
segurança, transporte,
capacitação e qualidade de
equipamentos.

O trabalhador poderá ser pago


por período trabalhado,
recebendo pelas horas ou diária.
Ele terá direito a férias, FGTS,
previdência e 13º salário
proporcionais. No contrato deverá
estar estabelecido o valor da hora
A legislação atual não de trabalho, que não pode ser
Trabalho
contempla essa inferior ao valor do salário mínimo
intermitente
modalidade de trabalho. por hora ou à remuneração dos
demais empregados que exerçam
a mesma função. O empregado
deverá ser convocado com, no
mínimo, três dias corridos de
antecedência. No período de
inatividade, pode prestar serviços
a outros contratantes.

A CLT prevê jornada


A duração pode ser de até 30
máxima de 25 horas por
horas semanais, sem
semana, sendo
possibilidade de horas extras
proibidas as horas
semanais, ou de 26 horas
extras. O trabalhador
Trabalho parcial semanais ou menos, com até 6
tem direito a férias
horas extras, pagas com
proporcionais de no
acréscimo de 50%. Um terço do
máximo 18 dias e não
período de férias pode ser pago
pode vender dias de
em dinheiro.
férias.

O tempo de O tempo despendido até o local


Transporte deslocamento no de trabalho e o retorno, por
transporte oferecido pela qualquer meio de transporte, não
empresa para ir e vir do será computado na jornada de
trabalho, cuja localidade trabalho.
é de difícil acesso ou
não servida de
transporte público, é
contabilizado como
jornada de trabalho

O beneficiário da justiça gratuita,


Não havia qualquer
se perder a ação, terá que arcar
previsão no sentido de
Custas e com as custas do processo,
pagamento de custas
honorários incluindo perícia, além dos
para quem perdesse
honorários advocatícios da parte
ação na justiça.
contrária.

O dano extrapatrimonial é
definido pela lei quando ofender a
esfera moral ou existencial da
pessoa, incluindo sua honra,
imagem, intimidade, liberdade de
ação, autoestima, sexualidade,
saúde, lazer e integridade. Há
critérios que devem ser levados
Indenização Não havia qualquer em conta pelo juiz ao fixar a
pelo dano previsão de limitação de indenização e ela é medida pelo
extrapatrimonial dano extrapatrimonial salário do trabalhador. São
criadas quatro categorias de
ofensas: de natureza leve (até
três vezes o último salário do
ofendido), média (até cinco vezes
o último salário), grave (até vinte
vezes o último salário) e
gravíssima (até cinquenta vezes o
último salário).

Modificações trazidas pela MP 808

Aviso: as seguintes modificações perderam a validade.

No dia 14 de novembro de 2017, Michel Temer editou uma medida provisória, a


medida provisória 808, na qual altera a reforma trabalhista em vigor. As
modificações incluem o afastamento do trabalho da gestante de locais com
qualquer grau de insalubridade, excluído o pagamento do adicional de
insalubridade e em casos de insalubridade de grau médio e mínimo, no qual
poderá retornar apenas se voluntariamente apresentar atestado médico,
autorizando-a, mas em caso de insalubridade em grau máximo, fica impedida
de exercer atividades no local. Na questão da jornada 12 por 36, poderá ser
estabelecida a jornada apenas se estiver convencionado
em acordo ou convenção coletiva de trabalho, sendo que apenas os
profissionais de saúde podem fazer também por acordo individual escrito.
Também estabelece uma quarentena de 18 meses para a migração de um
contrato por prazo indeterminado para o contrato de trabalho intermitente.

Em relação aos danos morais, os valores de indenização serão calculados com


base no limite dos benefícios da Previdência Social, deixando de serem
calculados pelo último salário contratual do ofendido. Também podem originar
pedidos de indenização ofensas à etnia, idade, nacionalidade, orientação
sexual e gênero. Outra modificação prevista na medida provisória é que o
profissional autônomo poderá prestar serviços para diversos contratantes e
poderá recusar a realização de atividades demandadas pelo contratante.
Poderão ser contratados como autônomos o motorista, corretor de imóvel,
representante comercial, além de outras categorias com regulação específica.
A MP regulamenta ainda a gorjeta - valores devem ser definidos por acordo
coletivo e anotados em notas fiscais, comissão de funcionários devem ser
estabelecidas para acompanhar a distribuição do dinheiro, e esta deve ser
anotada na carteira de trabalho como um prêmio separado da remuneração
fixa.

Um dos pontos controversos da reforma é que o empregado intermitente


poderá pagar a diferença entre a contribuição incidente sobre o salário
recebido e o mínimo exigido pela Previdência Social. Caso não haja o
pagamento, poderá perder o acesso à aposentadoria e a outros benefícios
fornecidos pela Previdência Social. Houve diversas reações a esta medida,
considerada prejudicial pra quem ganha menos que um salário mínimo mensal.
Dentre as mudanças propostas pelos parlamentares, algumas delas tratam da
questão da aposentadoria dos trabalhadores intermitentes.

A medida provisória foi editada em meio a um conflito entre o presidente da


Câmara e o Senado sobre a forma que o governo deveria remeter as
modificações da reforma trabalhista. Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos
Deputados argumentava que alterações deveriam ser remetidas ao Congresso
através de um projeto de lei e não através de medida provisória. O Senado, no
entanto, defendia que o projeto fosse por medida provisória, sob o argumento
de que esse havia sido o acordo feito com os senadores para viabilizar a
aprovação da reforma trabalhista.
Os parlamentares propuseram 967 emendas à medida provisória. As
modificações incluem a volta do imposto sindical, a obrigatoriedade do
sindicato assistir a rescisão do contrato de trabalho em demissões coletivas,
além da revogação da reforma trabalhista ou que ela seja votada em
um referendo, todas propostas pela oposição.

Manifestações Contrárias

A reforma trabalhista foi criticada por centrais sindicais, dentre elas a Central
Única dos Trabalhadores e a Força Sindical.

O Ministério Público do Trabalho manifestou-se contrário a reforma trabalhista,


alegando que violaria a constituição brasileira e convenções internacionais
assinados pelo Brasil e que seria um "grave retrocesso social". A Associação
Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho, em um evento organizado
para discutir sobre a reforma trabalhista, recomendou que seus membros
declarem inconstitucional pontos da reforma, tais como tarifação do dano
moral e terceirização irrestrita.

A Organização Internacional do Trabalho, órgão vinculado à Organização das


Nações Unidas, após pedido de centrais sindicais brasileiras, publicou uma
nota alegando que a reforma trabalhista pode violar convenções internacionais
nos quais o Brasil é signatário, criticando o ponto da reforma no qual acordos
coletivos e individuais prevaleçam sobre a legislação, argumentando que só
deve ser incentivado quando haja "condições de trabalho mais favoráveis do
que as previstas na lei". Também foi citado na nota que as mudanças
promovidas pela reforma deveriam ser precedidas de consultas com
organizações que representam os trabalhadores, o que, segundo os sindicatos,
não ocorreu. A organização chegou a alegar que a reforma violaria convenções
internacionais ao colocar o Brasil na lista dos 24 casos que entende como as
principais violações de suas convenções trabalhistas no
mundo. Posteriormente, no entanto, declarou que que a reforma trabalhista é
compatível com a Convenção 98, que trata do direito à negociação coletiva e
requereu detalhamento e análise da aplicação da aplicação da reforma no
tocante à negociação coletiva.

Favoráveis

A reforma trabalhista é defendida pelo Governo Michel Temer como uma forma
de regularizar as contas públicas, estimular a economia e criar empregos. Para
empresários, a reforma cria um ambiente competitivo, com a diminuição de
encargos trabalhistas, além de dar segurança jurídica ao
empregador. Economistas alegam que, com a reforma, as empresas poderão
empregar seus recursos de forma mais otimizada, além de aumentar o número
de vagas formais. Outro argumento é que a possibilidade de negociar a
redução da jornada de trabalho com diminuição de salário pode ajudar a
manter postos de trabalho em momentos de crise.

Pessoas ligadas à Confederação da Agricultura e Pecuária do


Brasil argumentam que a reforma moderniza as relações de trabalho no
Brasil e que é uma ferramenta para o crescimento sustentável da economia do
país. O presidente do Tribunal Superior do Trabalho Ives Gandra Martins
Filho apoia a reforma trabalhista, alegando que há, segundo ele, uma
necessidade de flexibilização das leis trabalhistas para garantir empregos,
quebrar a "rigidez da legislação" e dar segurança jurídica às empresas em um
ambiente de novas tecnologias. Aponta que o cerne da reforma foi o prestígio à
negociação coletiva, que o salário como parâmetro de indenização diminui a
grande margem de discricionariedade do juiz, que ocorrerá simplificação do
processo e racionalização da prestação jurisdicional, que o fim do imposto
sindical obrigatório promoverá um sindicalismo muito mais realista e que é
necessário reduzir direitos para garantir empregos, a exemplo do que ocorreu
na Espanha. Além disso, argumenta que a reforma trabalhista foi uma reação
ao ativismo judicial que, segundo ele, ocorre na Justiça do Trabalho.

O Movimento Brasil Livre convocou manifestação, sendo uma das pautas a


defesa da reforma trabalhista.

Questionamentos no STF

Há diversas ações no Supremo Tribunal Federal questionando


a constitucionalidade de alguns pontos da reforma trabalhista. Um dos pedidos
foi promovido pela Procuradoria-Geral da República, questionando o
pagamento de custas judiciais e honorários de sucumbência. Sindicatos
também ingressaram com ação questionando a constitucionalidade do trabalho
intermitente e do fim da contribuição sindical. Neste tocante, no dia 29 de junho
de 2018, o tribunal entendeu ser constitucional o fim da obrigatoriedade da
contribuição sindical.

Consolidação das Leis do Trabalho - CLT

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) é a lei trabalhista do Brasil. Nela


estão incluídas as normas que regulam as relações de trabalho entre o
empregador e os empregados.
Na CLT estão definidos os direitos e deveres, tanto do empregador quanto do
empregado. As normas se referem às relações de trabalho e também às regras
dos processos trabalhistas na Justiça.

As normas da CLT são válidas para as relações individuais de trabalho e para


as relações coletivas. Da mesma forma, protegem tanto o trabalhador urbano
quanto o rural.

A CLT existe desde o ano de 1943. Foi aprovada pelo Decreto-lei nº 5.452/43,
durante o governo do presidente Getúlio Vargas.

O surgimento da CLT é um pouco diferente de outras leis, já que ela não


passou por um processo legislativo comum. Na época foram reunidas as
legislações que já existiam sobre o Direito do Trabalho. Foi por esse motivo
que a lei recebeu o nome de Consolidação.

Com o passar do tempo e, de acordo com as necessidades e as mudanças das


relações de trabalho, as regras foram sendo atualizadas e outras foram
incluídas para aumentar a proteção das relações de trabalho e os direitos dos
trabalhadores.

Alguns dos principais assuntos que são regulamentados na CLT são:

assinatura da carteira de trabalho,

demissão por justa causa;

regras sobre assinatura, prazos, mudança e extinção dos contratos de trabalho,

jornada de trabalho máxima de 8 horas por dia,

horas extras, que podem ser 2 por dia,

conceito de trabalho diurno e noturno,

aviso prévio,

garantia de direito a fazer greve,

estabilidade no trabalho,

pagamento de adicionais como insalubridade e periculosidade,

garantia de ter férias, descanso semanal e intervalos,

pagamento do valor terço de férias, antes do início do período,


proteção do trabalho da mulher e licença maternidade,

convenções coletivas de trabalho,

direitos dos trabalhadores domésticos.

Além destes direitos que são relativos às garantias do trabalhador, na CLT


também são definidas regras sobre:

organização dos sindicatos,

funcionamento da Justiça do Trabalho e do Ministério Público do Trabalho.

Proteção do trabalhador

Um dos objetivos da CLT é proteger o trabalhador, com base no princípio da


proteção. Esse princípio serve para diminuir a relação de desigualdade de
poder que existe entre o trabalhador e o seu empregador.

Principalmente em referência à relação de subordinação que existe e pela


dependência econômica do vínculo trabalhista.

Reforma Trabalhista

A Reforma Trabalhista de 2017 fez algumas alterações na Consolidação das


Leis do Trabalho. Veja algumas das mais importantes:

Uma das principais diferenças é que passou a existir uma regra conhecida
como "acordado sobre o legislado". Isso significa que o empregador e o
empregado podem fazer acordos conforme suas necessidades, em relação à
jornada de trabalho, intervalos e remuneração, por exemplo. Pela nova regra o
acordo prevalece sobre o que é previsto na CLT.

A jornada de trabalho permitida foi aumentada de 8 horas diárias para até 12


horas, desde que depois seja concedido descanso de 36 horas. O horário de
intervalo para almoço também pode ser diminuído. Antes da Reforma o
horário era de 1 a 2 horas, atualmente pode ser de 30 minutos.

Outra alteração é que o tempo de deslocamento do trabalhador entre sua casa


e o local de trabalho era computado como jornada de trabalho. Depois da
Reforma essa regra deixou de existir.

Agora as férias podem ser usufruídas em até três períodos, sendo um deles de
no mínimo 14 dias e os demais de no mínimo 5 dias cada.

A Consolidação das Leis do Trabalho, popularmente chamada de CLT,


regulamenta as relações trabalhistas, tanto do trabalho urbano quanto do rural,
de relações individuais ou coletivas. Ela foi decretada no Estado Novo, governo
ditatorial de Getúlio Vargas, em 1º de maio de 1943. Essa legislação visa
a proteger o trabalhador, a regular as relações de trabalho e criar o direito
processual do trabalho.

Sua importância está na maneira com que se propôs a coibir relações abusivas
de trabalho, que antes eram comuns: não havia leis que regulassem horários,
condições de trabalho nem de benefícios. Ou seja, ela foi uma conquista dos
trabalhadores, pois garantiu condições mínimas de trabalho. Se hoje ainda
existem situações de trabalhos análogos à escravidão, antes da CLT a maioria
dos serviços era prestada em condições tão horríveis quanto.

Houve a necessidade de consolidar as leis relativas a atividades trabalhistas


porque, antes da CLT, a legislação regulava apenas algumas categorias
profissionais específicas ou diziam respeito a determinadas questões do direito
processual do trabalho. Além disso, por não ser completamente regulado, um
processo trabalhista demorava muito para ser julgado. A CLT, por outro lado,
criou o que se chama de “celeridade processual”, que é a aceleração desse
rito.

A Consolidação das Leis de Trabalho impõe regras, determina os direitos e


deveres do empregado e do empregador e define conceitos importantes para a
interpretação das relações de trabalho. Por exemplo,
considera empregado toda pessoa que preste serviços regularmente a uma
pessoa ou empresa e receba salário. Além disso, deve haver uma dependência
na relação do empregador e do empregado. A legislação também prevê
a igualdade de salários para pessoas que prestam os mesmos serviços,
independente de gênero (ou sexo).

Carteira de trabalho

Já a Carteira de Trabalho e a Previdência Social se tornaram obrigatórias a


qualquer pessoa empregada – considerando “emprego” qualquer prestação de
serviço regular a uma empresa ou indivíduo. Nela, devem ser registradas todas
as informações da vida profissional daquela pessoa, pois são essas
informações que permitirão ela ter acesso aos direitos previstos pela CLT,
como seguro-desemprego, FGTS e benefícios previdenciários, entre outros.

O empregador pode reter a Carteira de Trabalho do funcionário para registrá-lo


por no máximo 48 horas, contando a partir do primeiro dia de trabalho. Ela
deve ser devolvida com os dados do empregador, valor do salário definido na
contratação, data de admissão e cargo ocupado.
Salário mínimo

Como o próprio nome já diz, o salário mínimo é a remuneração mais básica


que uma pessoa pode receber, de acordo com a CLT. Ele deve:

Ser pago diretamente pelo empregador a todos os funcionários – sem distinção


de gênero;

Ser pago por dia normal de serviço prestado;

Ser flexível – e sujeito a mudanças pelo Ministério da Fazenda;

Ser capaz de satisfazer, em determinada época e região do país, as suas


necessidades normais de alimentação, habitação, vestuário, higiene e
transporte.

Logo, o salário mínimo deve ser calculado por uma fórmula que leva em conta
o valor das despesas diárias de uma pessoa adulta mensalmente. Por isso,
deve considerar: alimentação, habitação, vestuário, higiene e transporte. É
expressamente proibido pela CLT que qualquer contrato ou convenção preveja
um salário inferior ao salário mínimo estabelecido no país ou na região.

Direito à greve

Por conta da Lei nº 7.783, os trabalhadores conquistaram o direito a fazer


greve. Eles mesmos podem decidir sobre a oportunidade de exercer esse
direito e sobre o que estarão defendendo a partir da ação de greve – se é
contra a perda de direitos, ajustes salariais ou condições de trabalho, por
exemplo.

Para que seu direito à greve seja exercido corretamente, os empregados


devem avisar seus empregadores sobre a iminência de greve com, no mínimo,
48 horas de antecedência. A lei ainda prevê que o sindicato da categoria será o
responsável por coletar os motivos da greve, documentar e levar aos
empregadores do setor todas as reivindicações.

O regime de trabalho é o tempo em que o trabalhador deve prestar o serviço


pelo qual foi contratado ou estar à disposição de seu empregador. A jornada
prevista pela CLT é de, no máximo, 8 horas diárias, o equivalente a 40 horas
semanais. São permitidas até 44 horas semanais.

Essa é a regra mais conhecida quando se comenta sobre esse conjunto de


leis, porque antes de a CLT existir não era estabelecido um limite de horas de
trabalho e, por isso, empregados chegavam a trabalhar 12 horas por dia no
Brasil. Os trabalhadores têm direito a uma hora de descanso ou para refeição
em todos os dias de trabalho; e, se não for concedido esse tempo, o valor da
hora de trabalho deverá ser no mínimo 50% mais caro do que o valor da hora
normal.
Outros detalhes foram regulados também, como, por exemplo, a possibilidade
de o trabalhador não ter desconto no salário caso bata ponto com até 5
minutos de atraso, sendo tolerados 10 minutos de atraso em um dia.

Trabalho no período noturno

É considerado um trabalho noturno aquele que for realizado entre as 22 horas


de um dia e as 5 horas da manhã de outro. A remuneração de quem trabalha
durante a noite deve ser 20% mais alta do que a pessoa que faz o mesmo
serviço, durante o dia. Porém, essa regra não vale caso os empregados
revezem esse turno semanalmente ou quinzenalmente.

Horas extras

Também de acordo com a CLT, o trabalhador pode firmar um contrato


individual ou coletivo pelo cumprimento de horas extras, mas não pode
ultrapassar duas horas diárias. Fora isso, o valor da hora extra precisa ser ao
menos 20% mais caro que o valor das horas normais que ele cumpre.

Descanso semanal

É direito de todo trabalhador o descanso semanal de, no mínimo, 24 horas


consecutivas – inclusive com a preferência de que seja num domingo. E,
quando se tratar de serviços também prestados no domingo, deve haver
revezamento mensal entre os funcionários.

Férias

Para cada período de um ano trabalhado, o trabalhador tem direito a 30 dias de


férias remuneradas. Ou seja, é proibido qualquer desconto de salário relativo a
esse período de descanso. Se a pessoa tiver menos de um ano de contrato, o
tempo será calculado proporcionalmente aos dias trabalhados e uma nova
contagem será iniciada no retorno das férias. Quando a pessoa tiver faltas não
justificadas, ela terá direito a menos dias de férias, calculados
proporcionalmente aos dias em que faltou.

As férias podem ser divididas em dois períodos, nunca inferior a dez dias
corridos. A empresa também pode conceder férias coletivas a todos os
trabalhadores ou a determinados setores dela, cuja decisão deve ser
comunicada ao Ministério do Trabalho e ao sindicato da categoria em questão.

Faltas justificadas

A CLT regulou um assunto muito importante para qualquer trabalhador: as


faltas. Ela prevê o número de dias que um funcionário pode faltar de acordo
com o motivo pelo qual precisa fazê-lo. Esses são os casos especificados por
lei:

Por falecimento de cônjuge, parentes ascendentes (pais e avós), parentes


descendentes (filhos e netos, por exemplo), irmãos ou dependentes: falta por 2
dias;

Depois do casamento: falta por 3 dias;

Após nascimento de filho, no caso dos pais (licença-paternidade):


originalmente, a CLT determinava a possibilidade de falta por 5 dias, porém
a ex-presidente Dilma Rousseff decretou uma lei que permite ao pai uma
licença de 20 dias;

Por doação voluntária de sangue (uma vez a cada doze meses de trabalho):
falta por 1 dia;

Para cumprir exigências do serviço militar;

Para realizar provas de exame vestibular para cursos de ensino superior;

Quando precisar comparecer a juízo – pode ser participação num júri, numa
audiência ou qualquer compromisso em que o funcionário seja obrigado a
comparecer.

Licença-maternidade

A licença-maternidade é uma licença remunerada de 120 dias (4 meses) às


mulheres após o parto – por opção, em algumas empresas e órgãos são
concedidos 180 dias (6 meses) de licença-maternidade. Também é assegurado
à mulher a estabilidade no emprego desde o momento da confirmação da
gravidez até 5 meses depois do parto. O benefício pode ser estendido para
pais viúvos ou no caso de adoção.

A Consolidação das Leis de Trabalho permitiu que fossem conferidos direitos


ao trabalhador que dizem respeito, na verdade, aos deveres dos seus
empregadores. São medidas que farão diferença na vida financeira dos
trabalhadores, principalmente.

FGTS e aposentadoria
O empregador deve recolher 8% do salário bruto do funcionário para o Fundo
de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Esse dinheiro é depositado em
uma conta com o nome do funcionário na Caixa Econômica Federal. O objetivo
do FGTS é garantir uma reserva financeira em momentos de necessidade. Por
isso, o trabalhador pode sacar o valor depositado por todo o tempo em que
trabalhou nos casos de:

Demissão (sem justa causa);

Aquisição de casa própria;

Diagnóstico de câncer;

Diagnóstico de AIDS;

Aposentadoria.

Além disso, um percentual do salário do empregado é destinado à Previdência


Social – ou seja, para que ele tenha acesso a aposentadoria e outros
benefícios previdenciários.

13º Salário

O pagamento do 13º salário é feito com base na remuneração mensal e pode


ser parcelado em até duas vezes. A primeira, até 30 de novembro e a
segunda, até 20 de dezembro do mesmo ano.

Como já foi dito, a Consolidação das Leis de Trabalho trata do trabalho na


esfera privada, em áreas urbanas e rurais. Porém, alguns setores não têm suas
normas trabalhistas reguladas pela CLT. Essa legislação não se aplica a:

1. Trabalhadores rurais – as pessoas que trabalham diretamente com a


agricultura e a pecuária e cujas atividades não sejam consideradas “industriais
ou comerciais”, por conta da forma como é executado o trabalho e também da
sua finalidade.

2. Funcionários públicos – da União, dos Estados e dos Municípios.

3. Servidores de autarquias públicas – são entidades criadas por lei, com


patrimônio público ou misto, que realiza obras, serviços e atividades de
interesse público e coletivo, de acordo com o jurista Hely Lopes Meirelles.
Apesar de obedecerem às regras do Estado, respondem pelas suas finanças,
exercem direitos e obrigações. Por isso, são consideradas autônomas. Os
servidores dessas autarquias podem ser considerados funcionários públicos,
também.

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