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Aerofones IV

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Aerofones IV: metais+

Os metais são feitos em latão, latão cromado ou niquelado, etc.

Os antigos instrumentos deste grupo eram lisos: o tubo não tinha qualquer dispositivo ou
acessório para produzir sons que não fossem os seus harmónicos naturais. Assim, o tubo
desses instrumentos era geralmente longo e estreito, para que produzisse um número
razoável de harmónicos. Se o tubo é estreito obtêm-se com facilidade harmónicos agudos, mas
há dificuldade de emissão nos graves; como os harmónicos agudos estão em intervalos mais
pequenos uns dos outros, um instrumento nestas condições consegue produzir um maior
número de sons.

Uma vez que os metais primitivos só davam os harmónicos naturais, procurou-se ao longo do
tempo encontrar formas que permitissem obter outros sons. A primeira tentativa foi em
Angola com as madeiras, praticar orifícios naturais no seu tubo (serpentão e oficleide), mas o
som perdia o seu brilho. Mais tarde experimentou-se modificar o comprimento do tubo.

Na trombeta havia uma distinção entre dois registos diferentes:

- o registo grave (ou principal), utilizado em fanfarras, correspondendo essencialmente ao 3º,


4º, 5º e 6º harmónicos (Sol, Dó, Mi, Sol, se a trompete estiver em Dó).

- o registo agudo (ou clarino), onde já se podia tocar melodias diatónicas. As melodias exigem
uma técnica de execução notável e um bocal diferente, sendo extremamente floreadas. Os
virtuosos de clarino eram músicos especialmente treinados, para conseguirem tocar melodias
realmente difíceis sem pistões.

Para mudar de tonalidade usavam-se pequenos tubos adicionais que alongavam o tubo
principal.

Também a trompa de caça era um tubo liso que só produzia os sons correspondentes aos seus
harmónicos naturais.

A primeira tentativa para modificar o comprimento do tubo foi o sistema de “pontis”, em uso
na primeira metade do séc. XVIII. Os “pontis” eram pequenos tubos adicionais, redondos, em
vários tamanhos, que se introduziam entre o bocal e o corpo do instrumento.

A invenção dos pistões foi em 1815, por Stözel e Blühmel. O desenvolvimento dos pistões
determinou o desaparecimento dos instrumentos de bocal de orifícios laterais e chaves, mas
em contrapartida foram criados novos metais.

Distinção entre Trompas e Trompetes

É difícil estabelecer a distinção entre trompas e trompetes:

- Trompetes: instrumentos em que o som é obtido por vibração labial, e cujo tubo é
essencialmente cilíndrico e reto.

- Trompas: instrumentos em que o som é obtido por vibração labial, mas em que o tubo é
essencialmente cónico e curvo, ou mesmo enrolado.
Estes critérios são difíceis, porque para muitos é confuso chamar “trompetes” a instrumentos
que sempre chamaram “trompas”. No entanto, Sibyl Marcuse que considera “trompas” os
aerofones de vibração labial, originalmente de cornos ou presas de animais, mais tarde
imitados em madeira ou metal, e “trompetes” os aerofones de vibração labial originalmente
feitos de um segmento de osso, madeira ou bambu. Em português o termo trombeta é
utilizado até ao séc. XIX para designar as trompetes.

Os pistões

A invenção dos pistões vem resolver os problemas que limitavam alguns metais em relação
aos outros instrumentos. Foram inventados praticamente ao mesmo tempo, por Heinrich
Stölzel e Friedrich Blümel, em 1815.

O pistão é um pequeno êmbolo cilíndrico que quando está numa dada posição intercepta o
tubo principal, ligando-o a um pequeno tubo adicional que aumenta o seu comprimento.
Podem ser ascendentes ou descendentes. Se um pistão é descendente ao carregar nele o som
torna-se mais grave. Se o pistão é ascendente o som torna-se mais agudo. A maioria dos
metais tem três pistões que estão ligados a três tubos de comprimentos diferentes. O primeiro
está mais perto do bocal baixa um tom, o segundo baixa meio-tom e o terceiro baixa um tom e
meio.

Surdinas

Todos os metais da orquestra (e mesmo os outros, os eufónios e tubas wagnerianas) podem


usar surdinas. Estas servem para obter sons em pianíssimo ou modificar o timbre do
instrumento. A trompete e o trombone podem usar surdinas de vários tipos. As surdinas são
peças com forma cónica que se colocam no pavilhão do instrumento, como se fossem
tampões. Podem ser feitas de madeira, metal, borracha, poliestireno, cartão, etc. No caso da
trompa, é possível executar com a mão dentro do pavilhão atuando como surdina. Alguns
tipos de surdina mais usados na trompete e trombone:

- Straight mute: surdina normal na orquestra usada sempre que surge a indicação “con
sordino”. Com esta surdina pode-se tocar piano e forte.

-Cup mute: mais usada em jazz que na orquestra sinfónica. Com esta surdina pode-se fechar
mais ou menos o pavilhão, produzindo um som mais escuro ou mais aberto.

- Surdina uá-uá: introduzindo mais ou menos no pavilhão produz-se uma grande variedade de
sons. Construída em metal. Não é muito usada na orquestra, a não ser para efeitos cómicos,
ou para criar um ambiente associado ao jazz. O efeito uá-uá obtém-se tapando e destapando
alternadamente com a mão a abertura da surdina.

Trompete

Instrumento de tubo cilíndrico em três quartos da sua extensão, cónico e terminando num
pavilhão. Tem 3 pistões, o que permite produzir cromaticamente todos os sons dentro da sua
extensão. Tem um bocal hemisférico ou em forma de taça.
Os modelos mais usados são as trompetes em Dó e em Sib. As suas extensões são: Fa#2 / Ré 5
e no segundo Mi2/Dó5.

Outros tipos de trompete:

Mais agudos:

Trompete em Ré – Sol#2- Mi5

Trompete m Mi – Lá2-Fá5

Trompete piccolo em Sib - Mi3-Sol5

Mais graves:

Trompete baixo em Mib Láb1-Mib4

Trompete baixo em Dó Fá#1-Dó4

Trompete baixo em Sib – Mi1- Sib3

As trompetes agudas em Ré, Mib e Sib usam-se hoje sobretudo para executar as partes de
clarino na música barroca. Quanto à trompete baixo, foi exigida por Richard Wagner em “O
Anel Nibelungo” (tetralogia).

No período barroco existiam 3 tipos de trombetas: 1º trombeta (clarino), 2º trombeta e 3º


trombeta. Os trombetistas vão-se especializar em cada um destes registos e sendo pagos em
função disso. O 1º registo “registo de clarino” era apenas tocado por virtuosos.

Repertorio:

- Concerto para 2 trompetes de Vivaldi

- Concerto para Trompete de Leopold Mozart

- Concertos de Johann Hummel

- Concertos de Joseph Haydn

- Sonatina para Trompete e Piano de Jean Françaix

- Sonata, Concerto para 2 trompetes, 2 trombones, 1 tuba, 2 harpas e Piano de Paul Hindemith

- Concerto de André Jolivet

- Sinfonia nº1 de Dmitri Chostakovich

- Concerto nº1 para piano e trompete de Dmitri Chostakovich

- O Aprendiz de Feiticeiro de Paul Dukas

- Daphnies et Chloë de Ravel


- Capricho Espanhol de Nicolas Rimsky-Korsakov

- Abertura da ópera Guilherme Tell de Rossini

Trompa

Para a distinguir da trompa natural, chama-se também trompa de pistões, trompa cromática
ou trompa de harmonia. O tubo é estreito e muito longo, mais de 4 metros, é isto que permite
a obtenção de muitos harmónicos. Na região aguda é difícil de controlar a nota produzida.

Na trompa cada nota pode ser obtida através de um maior número de posições diferentes,
que nos outros metais. Assim é fácil o executante livrar-se dos harmónicos. Ao contrários dos
instrumentos que têm pistões, na trompa é com a mão esquerda que se atua sobre eles,
porque continua a ser preciso introduzir a mão na campânula ara obter os sons bouchés e para
segurar o instrumento.

A sua extensão é quase de quatro oitavas, de Sol0 a Fá4, embora as quatro notas mais graves
sejam difíceis de obter, devendo ser evitadas pelos compositores nas passagens rápidas. A
trompa está afinada em Fá.

Surdina, Sons Bouchés e Outros Efeitos

A trompa pode usar uma surdina em forma pêra e pode ser de metal, madeira ou cartão,
permitindo obter um timbre diferente. Para indicar a sua utilização, usa-se as mesmas
expressões que os cordofones: com sordino (para a colocar) e senza sordino (para a retirar).
Na trompa natural o instrumentista introduzia a mão no pavilhão. Ao tapar o tubo com a mão
obtém-se os sons “bouchés”, que são usados para obter um timbre diferente. Os sons
“bouchés” são uteis para passar uma nota de sforzatto a piano. Por outro lado, a introdução da
mão no pavilhão serve para corrigir a afinação, baixando meio-tom.

Outro efeito sonoro da trompa é o som “cuivré”, que se obtém com uma tensão maior que a
normal e com um sopro muito forte, produzindo um som muito característico. Esta técnica
pode ser usada em sons normais (abertos), em sons “bouchés” e com surdina. Os sons cuivrés
são de grande efeito dramático.

Este é o único instrumento tratado como uma madeira e como um metal na escrita para
orquestra.

Cornu e Buccina

Duas trompas usadas no tempo dos romanos.

Cornos e Olifantes: Idade Média

Feitas de cornos de animais.

Durante a Renascença a trompa aumenta de tamanho, são abandonados os materiais de


origem animal, começando a usar-se apenas metal.
Trompa de Caça e Trompa Natural

- o tubo torna-se mais comprido e estreito

- o perfil do tubo, cónico, passa a ser cilíndrico e em parte cónico

- o pavilhão expande-se muito mais

- o bocal passa da forma de taça a funil

Repertorio:

- Haydn , 2 concertos

- Paul Hindemith, concerto

- Mozart, 4 concertos

- Schumann, concerto para 4 trompas

- Richard Strauss, 2 concertos

- Carl Maria von Weber, concertino

- Beethoven, sonata op.17

- Francis Poulenc, Élégie

-Brahms, Trio para Trompa, Violino e Piano

- Haydn, Trio para Trompa, Violino e Violoncelo

- Paul Hindemith, Sonata para 4 trompas, Concerto para metais e cordas

- Mozart, Quintento para Trompa, violino, 2 violas e violoncelo

Trombone

O trombone é constituído por dois tubos em forma de U, um desliza dentro do outro. É um


instrumento com uma vara deslizante para variar a série de harmónicos que permite obter.

O tubo é cilíndrico em dois terços do seu comprimento e na parte final torna-se cónico,
transformando-se num pavilhão. O bocal é em forma de taça e a vara é usada em 7 posições.

Trombone Baixo

Na orquestra, o naipe dos trombones é constituído por dois trombones tenores e um baixo. O
trombone baixo está afinado em Fá, uma quarta abaixo do tenor. Hoje o modelo que se usa
nas orquestras é o tenor-baixo. Uma variante do trombone baixo é o cimbasso.

Outros modelos:

O trombone alto (mib) e o trombone contrabaixo (sib).´


De todos os instrumentos de orquestra, o trombone foi o primeiro a adquirir a forma que tem
hoje.

Novas técnicas

- obtenção de sons multifónicos

- uso de sons obtidos por inspiração do ar

- uso de meios eletrónicos para amplificar as variações da pressão do ar na embocadura

- uso da boquilha e palheta de clarinete no instrumento ou secções dele

Tuba

Instrumento de tubo largo e cónico, com o bocal em forma de taça. Nas orquestras,
dependendo de cada país, usam-se trompas em fá, mib, dó e em sib. As duas ultimas são mais
usadas para fins sinfónicos. As tubas não são transpositoras, quando falamos em sib ou dó tem
a ver com a tonalidade que estão afinadas. Existem algumas passagens a solo, como na
abertura da ópera “ Os mestres Cantores de Nuremberga” de Wagner.

O timbre da tuba é cheio e um pouco abafado.

Sousafone

Este instrumento é uma homenagem a John Philip de Sousa, famoso chefe de banda luso-
americano e compositor de marchas populares para bandas militares. Este havia sugerido a
sua criação para o integrar na Sousa’s band. Hoje o sousafone é o mais típico instrumento de
banda americano.

Tuba Wagneriana

Atualmente chama-se eufónio. Ao compor “O Anel de Nibelungo” (tetralogia), Wagner


concebeu a ideia de um novo instrumento que pudesse combinar a suavidade do som da
trompa com o “peso” da tuba. Assim o instrumento tinha o perfil da tuba, mas a sua forma era
oval. Mais tarde, alguns compositores usaram as tubas wagnerianas: Richard Strauss “Electra”,
“Die Frau ohne Schatten” e “Sinfonia Alpina”, Anton Bruckner nas suas ultimas sinfonias e Igor
Stravinsky no “Pássaro de fogo”.

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