Crédito e Risco TCC Alcinea
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INTRODUÇÃO
Atualmente, a dinâmica dos mercados, somada ao interesse governamental
em diminuir o mercado informal e a facilidade de acesso às informações em geral,
tornam a procura pelo crédito uma realidade. As Instituições Financeiras – IF são,
em resumo, entidades voltadas para a atividade de intermediação financeira,
captando recursos dos poupadores e investidores e emprestando a quem tem
interesse, seja pessoa física ou jurídica. Por esse motivo, as IF são os agentes que
mais correm risco de não receber o valor emprestado.
Amparados e normatizados pelo Conselho Monetário Nacional, e seguindo
diretrizes do Banco Central, as Instituições Financeiras estão utilizando-se de
metodologias extremamente sofisticadas, que visam medir e administrar a exposição
1
Artigo científico apresentado ao curso de Ciências Contábeis como requisito parcial para obtenção
do título de Bacharel.
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Discente do curso de Ciências Contábeis da FATEC
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Docente Orientador do Curso de Ciências Contábeis da FATEC
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de risco de crédito.
O presente trabalho tem como objetivo mostrar algumas ferramentas
empregadas pelas instituições para minimizar os riscos envolvidos numa operação
de crédito. Essas etapas vão desde a colheita das primeiras informações, passando
pela análise das demonstrações financeiras, finalizando nas classificações dos
riscos até os percentuais das provisões de crédito de liquidação duvidosa.
O modelo proposto para a análise de crédito, utilizado neste trabalho, não é
um modelo padrão, pois difere em razão da política de crédito de cada entidade. É,
portanto, um resumo dos passos que deverão ser seguidos a fim de minimizar os
possíveis riscos inerentes à atividade de intermediação financeira.
1 CRÉDITO E RISCO
Teoricamente todas as pessoas físicas e jurídicas estão aptas a conceder
crédito, pois o mesmo traduz-se na disponibilidade de recursos, mediante uma
promessa de pagamento futuro, de acordo com o perfil e a necessidade do
requerente. O crédito em questão são aqueles concedidos por Instituições
Financeiras, já que os bancos na realidade são intermediadores de recursos, que
são captados através de depósitos à vista e a prazo, CDBs, cadernetas de
poupanças etc., e realizam a aplicação em empréstimos, financiamentos e outras
aplicações com características de operações de crédito, que representam uma fonte
de receita com rentabilidade.
Os bancos que possuem carteiras que operam na intermediação de recursos
enfrentam um dilema: a busca pela maximização dos lucros versus o retorno dos
recursos emprestados, que pode ser representado pela segurança nas operações.
Nesse sentido, cabe ao gestor financeiro equilibrar essa desafiadora tarefa,
considerando, ainda, a política de crédito da Instituição Financeira, a qual está
suscetível à influência dos cenários nacional e internacional, bem como a medidas
de regulação impostas pelo Governo Federal.
Comumente, a falência de bancos está relacionada, em maior ou menor
escala, a problemas existentes na carteira de crédito, sobretudo pelo índice de
inadimplência acima das respectivas provisões. Essa constatação denota a
relevância de uma competente gestão da carteira de crédito para as Instituições
Financeiras.
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1.1 Risco
A fim de propiciar um melhor entendimento sobre o tema objeto do presente
trabalho, cumpre, inicialmente, discorrer, mesmo que sucintamente, sobre a
estrutura e o funcionamento do Sistema Financeiro Brasileiro - SFN, onde se
encontram as organizações que oferecem crédito e que “administram” a variável
risco.
O mencionado Sistema, em razão da sua relevância, encontra previsão legal
na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 192, que assim dispõe:
O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o
desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos interesses da
coletividade, em todas as partes que o compõem, abrangendo as
cooperativas de crédito, será regulado por leis complementares que
disporão, inclusive, sobre a participação do capital estrangeiro nas
instituições que o integram.
Caráter:
O “C” caráter está associado à idoneidade do cliente no mercado de crédito.
Para a análise desse critério, é indispensável que os credores disponham de
informações históricas de seus clientes (internas e externas), que evidenciem a
intencionalidade e pontualidade na amortização de dívidas, as informações
históricas internas são extraídas de relatórios gerenciais do credor, onde constam
registros de pontualidade, atrasos, renegociações e perdas financeiras resultantes
da inadimplência do cliente. Já as informações históricas externas são extraídas de
arquivos de dados de empresas especializadas em coleta, armazenamento e
comercialização de informações relacionadas à idoneidade do cliente no mercado de
crédito. Os credores verificam nos arquivos de empresas de gerenciamento de risco
de crédito (exemplo: Serasa) se existem informações desabonadoras dos clientes,
tais como as decorrentes da existência de ações executivas, cheques devolvidos,
protestos, falências requeridas, etc. O contato com outras empresas concessoras de
financiamentos também se constitui em importante alternativa para a coleta de
informações sobre a idoneidade do cliente no mercado de crédito. Essas
informações são coletadas no cadastro.
Cadastro: a primeira atitude da concedente é conhecer o tomador do
crédito, pois ninguém confia em desconhecidos, e para que isso aconteça são
necessárias basicamente duas coisas: tempo e informação, no segundo caso pode-
se iniciar na elaboração do cadastro. É com base nas informações cadastrais que se
concede ou se nega crédito a uma pessoa, pois esse conjunto de informações é a
base que assegura qualidade e segurança às decisões. Segundo Santos,
(2003,p.47) "O levantamento e a análise das informações básicas de crédito são
requisitos fundamentais para a determinação do valor do crédito, prazo de
amortização, taxas de juros e, se necessário reforço ou vinculação de novas
garantias." É através da ficha cadastral que a concedente colhe as primeiras
informações que se refere aos dados de identificação do cliente, restritivas e sócio-
econômicas, em que ramo a empresa atua, quem são seus sócios e
administradores, quanto tempo atua no mercado, relacionamento, patrimônio, e
sensibilidade. Essas informações devem espelhar quem é o cliente. Por outro lado, o
concessor deve estar atento às possibilidades de mudanças no decorrer da
proposta. O quadro abaixo retrata bem as etapas das análises tanto para pessoas
físicas.
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Análise Cadastral
Análise de Idoneidade
Análise Financeira
Análise de Relacionamento
Análise Patrimonial
Análise de sensibilidade
Análise de negócio
Capacidade:
O “C” capacidade refere-se ao julgamento subjetivo do analista quanto à
habilidade dos clientes no gerenciamento e versão de seus negócios em receita.
Usualmente, os credores atribuem à renda de pessoas físicas ou à receita de
empresas a denominação de “fonte primaria de pagamento” e principal referencial
para verificar se o cliente tem capacidade de honrar a divida.
Condições:
Este “C” está relacionado à sensibilidade da capacidade de pagamento dos
clientes à ocorrência de fatores externos adversos ou sistemáticos, tais como os
decorrentes de aumento de taxas de inflação, taxa de juros e paridade cambial; e de
crises em economias de países desenvolvidos e emergentes, que mantém
relacionamento com o Brasil. A atenção nessa informação é de extrema importância
para a determinação do risco total de crédito, uma vez que, dependendo da
importância do fator sistemático - exemplo típico de situação recessiva com aumento
da taxa de desemprego e redução do nível de atividade econômica, o credor poderá
enfrentar sérias dificuldades para receber o crédito. Essas informações poderão ser
encontradas na análise do cliente.
Análise do cliente: logo após a conclusão do cadastro, o segundo
passo é a análise do cliente, que deve ser feita minuciosamente, pois
se caracteriza em um processo de investigação das informações
obtidas, em que se observarão as condições e capacidade de
pagamento do cliente conforme acima exposto, que poderá ser feita
através da visita in loco, quando poderão ser observadas suas
instalações – essa visita poderá ser feita tanto para pessoa jurídica
quanto física, no caso de financiamento, mas não será necessária na
hipótese de empréstimos pessoais.
Capital:
O capital é medido pela situação financeira do cliente, levando-se em
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Respeitada as particularidades de cada Operador Financeiro, basicamente
essas são as etapas a serem cumpridas para amenizar os riscos de crédito que as
instituições estão sujeitas, pois a exposição ao risco é inerente às atividades fins das
instituições financeiras em geral.
O objetivo é mostrar que é possível mensurar os riscos e consequentemente
minimizá-lo através das diversas e criteriosas análises que não é tão somente mais
uma ferramenta e sim um fator de sobrevivência.
Buscou-se através de metodologia descritiva coletar informações qualitativas
e quantitativas referentes ao cotidiano, normas, políticas e procedimentos que são
realizados nas instituições com a cooperação e participação de praticamente todos
os profissionais que vão desde primeiros contatos no atendimento passando pela
área da análise e finalizando na concessão de crédito. Os procedimentos foram
intercalados com o apanhado de bibliografias utilizadas neste trabalho. Concluiu-se
a importância de um processo eficaz e ágil de análise de concessão de crédito. Pois
um equívoco na decisão do crédito pode trazer dois tipos de prejuízo: a perca de um
provável bom negócio, em caso de recusa indevida, e um prejuízo caso a concessão
seja um equívoco.
Foi percebido que apesar dos responsáveis pela liberação do crédito
seguirem todas as etapas conforme as normas internas e externas há uma falha na
de comunicação entre o departamento de crédito e o setor comercial, que estão em
contato constante com os clientes neste caso os responsáveis pelas captações de
negócios, mostrarem de forma prática e objetiva os passos da análise, concessão e
documentação dos clientes. Demonstrando todo o processo os colaboradores
envolvidos na obtenção das informações para análise de crédito, assim estarão
estreitando o relacionamento junto ao departamento de crédito. E dando o suporte
necessário para que o analista descarte a hipótese de recusa e se cerquem de
informações mais seguras. O objetivo das instituições é oferecer o máximo de
recurso dentro de um limite aceitável de segurança e posteriormente ter que fazer
uso da utilização das PCLD ou das garantias.
AGRADECIMENTOS
Meus agradecimentos ao Banco da Amazônia e a Caixa Econômica Federal
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REFERÊNCIAS
FILGUEIRAS, Claudio. Manual de Contabilidade Bancária.1 ed.Campus,2007.
SANTOS, José Odálio dos, Análise de crédito: empresas e pessoas físicas, São
Paulo,Atlas, 2003.