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Trabalho Calunia

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Calúnia, difamação e injúria: os crimes

contra a honra

Introdução

Os crimes contra a honra são, basicamente, a calúnia, a difamação e a


injúria, definidos nos artigos 138 a 140 do Código Penal.

Na calúnia, o autor do delito atribui ao ofendido uma conduta que é definida


na lei como criminosa. Por exemplo, João, sabendo ser falsa a afirmação, diz
que Carla, servidora pública, recebeu dinheiro para acelerar o andamento de um
requerimento administrativo. Existe calúnia nesse caso, porque a conduta
atribuída por João corresponde ao crime de corrupção passiva.

Na difamação, o agente atribui ao ofendido uma conduta ofensiva à reputação,


mas que não corresponde a crime (pois, nesse caso, seria calúnia).

Na injúria, o agente ofende a dignidade ou o decoro do ofendido por qualquer


meio. Ocorre, por exemplo, se Júlia se dirige a Luís e o chama de “desonesto,
sem vergonha”.

Configuração do crime e intenção de ofender

Em todos os casos, o autor da ofensa deve ter a intenção de ofender, isto é, o


ânimo de atingir a honra do ofendido. Não haverá crime se ele tiver
mencionado os fatos possivelmente ofensivos com outra finalidade, como
ocorre, por exemplo, quando um funcionário público comunica à autoridade
competente que alguém pode ter cometido um ato ilícito; quando alguém faz
apenas uma brincadeira, sem intenção de ofender; quando alguém precisa
defender-se de uma acusação ou quando faz crítica a outra pessoa. Caso especial
é o dos jornalistas e pessoas que escrevem críticas na imprensa (inclusive pela
internet). Os tribunais costumam entender – com razão – que deve haver maior
tolerância à crítica nesses casos, em virtude da garantia constitucional da
liberdade de imprensa (artigo 220 da Constituição). Em qualquer caso, tudo
dependerá da forma como os fatos sejam ditos, pois, se houver excesso de
linguagem, o crime poderá estar configurado.

A caracterização de crime contra a honra muitas vezes depende de avaliação


subjetiva e sutil sobre a possível ofensa. As mesmas afirmações podem
caracterizar ou não o delito, a depender das palavras e da forma com que foram
emitidas. Muitas vezes, a diferença entre o crime e o mero desabafo ou exercício
da liberdade de expressão está nos detalhes. As mesmas palavras – e até
palavras chulas (os “palavrões”) – podem ser ditas de forma ofensiva ou não e
até de maneira carinhosa. Tudo dependerá da relação entre as pessoas, do
contexto e do modo como foram ditas.

Para que os crimes de calúnia e difamação se configurem, é necessário que a


ofensa chegue ao conhecimento de uma terceira pessoa, além da própria vítima.
Se a ofensa for dirigida pelo autor do fato diretamente à vítima e a ninguém
mais, não há o crime. Na injúria, a situação é diferente. O crime pode
caracterizar-se pela ofensa diretamente à vítima. Será necessário, porém, que a
ofensa possa ser provada, pois, do contrário, a investigação resultará inútil e não
poderá haver processo criminal capaz de gerar resultado.

Os tribunais brasileiros costumam entender que não ocorre crime contra a


honra quando pessoas trocam ofensas durante discussão (é o que se chama de
retorsão imediata), mas isso também dependerá do exame das
circunstâncias.

Ação penal

A ação penal nos crimes contra a honra, em geral, é de iniciativa privada. O


próprio ofendido precisa contratar advogado para ajuizá-la.

A ação cabe ao Ministério Público nos casos em que a ofensa seja feita contra
o(a) Presidente da República ou contra chefe de governo estrangeiro. Também
caberá ao Ministério Público se for contra funcionário público, por causa de
suas funções, e, no caso de injúria, se utilizar elementos referentes a raça, cor,
etnia, religião, origem ou condição de pessoa idosa ou com deficiência. Nesses
casos, porém, o ofendido precisará manifestar ao Ministério Público sua
intenção de que este promova a ação; essa manifestação chama-se
tecnicamente de representação.

Veja este texto para entender as diferenças entre ação penal pública e privada:

Ação penal pública e privada

Os atos que contrariam as normas do Direito Penal são os ilícitos penais, que podem ser de duas espécies: os crimes
(também chamados delitos) e as contravenções penais. Basicamente, a diferença entre crimes e contravenções está
na gravidade da conduta e, em consequência, nas penas aplicadas a uns e outras.

Cada vez que um ilícito penal é praticado, surge para o povo o direito de punir o autor do fato. Os ilícitos penais
agridem valores de grande importância para a sociedade, razão pela qual foram escolhidos pelo legislador –
representante do povo – para receber as punições do Direito Penal, que são das mais graves existentes no Direito.

Na maioria dos países, há um órgão do Estado especializado em supervisionar a investigação dos crimes (ou
investigá-los ele próprio, em certas situações), analisar as provas obtidas com essa investigação e tomar as medidas
processuais apropriadas para a punição do autor do crime ou contravenção. Esse órgão na maioria dos casos é o
Ministério Público, com características que variam de país para país.

Para a aplicação das penas em um Estado democrático de Direito, como o Brasil, é preciso respeitar um princípio
constitucional que serve como importante garantia dos cidadãos: o devido processo legal. Esse princípio abrange
diversas garantias, como uma de grande importância, a da ampla defesa. O devido processo legal busca evitar abusos
dos órgãos estatais, como investigações e processos arbitrários, acusações sem provas legítimas e condenações por
juízes não confiáveis.

O meio processual para que alguém seja punido por um ilícito criminal é a ação penal, que pode ser de iniciativa
pública ou privada.

Em alguns casos, a lei prevê que a própria pessoa atingida por um ilícito penal (denominado ofendido) promova as
medidas processuais para a punição do autor do crime ou contravenção. A depender do caso, a lei também pode
autorizar essas medidas à família ou aos sucessores do ofendido. Nesses casos, a ação penal é de iniciativa privada,
ou seja, o próprio ofendido ou seus sucessores devem contratar advogado, para que ele ajuíze o processo criminal
contra o ofensor.

Como regra geral, no Direito brasileiro, a ação penal que cabe diante da prática de um ilícito penal é de iniciativa
pública, isto é, cabe ao Ministério Público (MP) propô-la, seja ou não provocado por qualquer pessoa para esse fim.
Basta que o MP tome conhecimento do crime ou contravenção e deverá tomar as providências para que seja apurado
e, em seguida, promover a ação penal, se couber. A polícia criminal tem o mesmo dever no caso de crimes cuja ação
penal seja pública: se tomar conhecimento do fato, deve apurá-lo e enviar a investigação ao Ministério Público, para
este decidir a providência adequada.

Para saber se um crime ou contravenção deve ser objeto de ação pública, basta consultar a lei que os defina. Às vezes
a lei diz isso expressamente. Por exemplo, a Lei de Licitações e Contratos Administrativos (Lei 8.666, de 21 de junho
de 1993) prevê de forma explícita a competência do Ministério Público para as ações penais nos crimes que ela
define. Seu artigo 100 estabelece: “Art. 100. Os crimes definidos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada,
cabendo ao Ministério Público promovê-la.”

Em outros casos, a lei não trata da legitimidade para promover a ação penal. Quando isso ocorre, entende-se que a
ação penal é pública, ou seja, cabe ao Ministério Público. Isso decorre da regra geral contida no artigo 100 do Código
Penal, que dispõe: “Art. 100. A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do
ofendido.”

Também em virtude da regra desse art. 100, para que a ação penal seja de iniciativa privada, é necessário que a lei
expressamente determine dessa forma. Exemplo são a maioria dos crimes contra a honra, conforme prevê o artigo
145 do Código Penal: “Art. 145. Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo
quando, no caso do art. 140, § 2.º, da violência resulta lesão corporal.” A referência do artigo ao termo “queixa”
indica que se trata de ação penal privada, pois “queixa” é o nome da petição inicial dessa espécie de ação.

Portanto, nos crimes contra a honra entre particulares, a ação penal é privada
e se inicia por meio de uma petição chamada queixa. Esta precisa ser proposta
por advogado.

Exceção da verdade

Em alguns casos, apenas nos crimes de calúnia e difamação, o autor da


ofensa pode defender-se no processo dizendo que a afirmação é verdadeira. É o
que se chama de exceção da verdade. O termo “exceção” significa, aí, uma
forma de defesa processual.

Por exemplo: Maria publica na internet texto no qual afirma que João é
corrupto. Caso João a processe por calúnia, Maria poderá defender-se por meio
da exceção da verdade, na qual procurará provar que João de fato cometeu
crime de corrupção. Se conseguir, Maria será absolvida da acusação de crime
contra a honra, pois terá provado que sua afirmação sobre o crime de João era
verdadeira.
Denunciação caluniosa

Existe um crime assemelhado aos delitos contra a honra, denominado


denunciação caluniosa, o qual, na verdade, é considerado pelo Código Penal
como crime contra a administração da justiça. Ele ocorre quando alguém,
sabendo que uma pessoa é inocente, dá causa a investigação policial, a processo
judicial, a investigação administrativa, a inquérito civil ou a ação de
improbidade administrativa contra ela, atribuindo-lhe crime.

Ofensas pela internet

Atualmente, sobretudo por causa da interação às vezes inadequada de pessoas


em redes sociais, tem sido frequente o cometimento de crimes contra a honra
pela internet. Assim como nas ofensas na presença de alguém, também se
pode cometer essa espécie de delito pela internet. Da mesma forma, tudo
dependerá das circunstâncias específicas em que a ofensa foi proferida e da
forma como ocorreu. Caberá ao advogado do ofendido analisar a melhor
providência a adotar.

Para saber mais, veja o texto Responsabilidade por ofensas, danos e atos na
internet.:

Responsabilidade por ofensas, danos e atos na internet

Responsabilidade na internet

Ao contrário do que pensa muita gente, a internet não é mundo livre de regras jurídicas, onde as pessoas
possam fazer o que desejem, sem enfrentar as consequências de seus atos.

Em princípio, qualquer ato ilegal praticado por alguém na internet pode gerar consequências jurídicas. É o
que se chama de responsabilidade, ou seja, as pessoas podem ser responsabilizadas por seus atos na
chamada rede mundial de computadores. De forma geral, a responsabilidade por atos na internet é
idêntica àquela causada por atos no mundo físico, isto é, no mundo não virtual. Não há norma jurídica que
dê isenção às pessoas para praticar atos ilegais na internet.

A responsabilidade por ato praticado na internet pode surgir em qualquer das formas de utilização dela.
Pode ocorrer em redes sociais, na troca de e-mails e arquivos, na negociação de um contrato, na compra de
bens em lojas virtuais (o comércio eletrônico ou e-commerce), em blogs e em qualquer outro site ou forma
de interação eletrônica, inclusive por meio de telefones inteligentes (os smartphones), tablets etc.

Isso não significa que as pessoas devam andar assustadas por usar a internet. O uso normal da rede não
gera responsabilidade alguma, por si só. Apenas atos ilícitos, isto é, atos contrários às normas jurídicas,
podem gerar a responsabilização de alguém.

Um mesmo ato ilícito pode gerar diferentes formas de responsabilidade, pois, no Direito brasileiro, elas são
relativamente autônomas entre si. Por exemplo, alguém pode causar dano a outra pessoa (o que gera
responsabilidade civil) sem que isso seja crime (responsabilidade penal). As mais comuns são a
responsabilidade civil e a penal, as quais se explicam a seguir.

Responsabilidade civil
A responsabilidade civil surge quando alguém causa dano a outra pessoa. Quando o dano atinge o
patrimônio de alguém, é chamado de dano material. Imagine, por exemplo, que alguém envie um
arquivo malicioso (o chamado malware) a outra pessoa e esse arquivo cause problemas no computador do
destinatário, que se verá obrigado a contratar alguém para resolvê-lo. O remetente do arquivo poderá ser
condenado a pagar os danos que causou à vítima.

Pode surgir responsabilidade civil também quando alguém causar dano psicológico em outra pessoa, o
chamado dano moral. Isso pode ocorrer, por exemplo, quando alguém ofenda a honra de outra pessoa
em rede social ou blog, em mensagens, comentários, respostas ou por qualquer outra forma.

A responsabilidade civil, portanto, nasce com a ocorrência de dano e gera direito à indenização da
vítima por parte do ofensor. Sua consequência é de natureza estritamente econômica, patrimonial.

Nada impede que um mesmo ato gere, ao mesmo tempo, dano material e dano moral. Existe uma súmula
do Superior Tribunal de Justiça, a súmula 37, segundo a qual é possível receber indenização tanto por dano
material quanto por dano moral, mesmo que causados por um só ato. Se quiser saber mais sobre súmulas e
jurisprudência, consulte este texto do blog.

Como se mencionou acima, a responsabilidade civil é relativamente independente da responsabilidade


penal. Se alguém for ofendido na internet ou sofrer algum outro dano, poderá optar por ajuizar apenas
ação de indenização contra o autor do fato. Para o juiz condenar alguém a pagar indenização, não é
indispensável que exista condenação criminal.

Caso interessante de condenação por ofensas feitas na internet foi julgado pelo Tribunal de Justiça do
Distrito Federal. Um consumidor contratou curso de desenho gráfico, realizou-o, conseguiu aprovação,
recebeu o certificado e, só depois, procurou a empresa para pedir a devolução do pagamento. Como não
teve sucesso, registrou reclamação no Procon/DF e em um site de reclamações de consumidores, com
expressões agressivas e ofensivas. Por entender que o consumidor exagerou e abusou do direito de
reclamar, o tribunal condenou-o a pagar indenização à empresa pelas ofensas contra esta, conforme notícia
na página da corte.

Responsabilidade penal: os crimes pela internet

A responsabilidade penal surge quando alguém pratica ato definido em uma lei como crime ou
contravenção penal. Neste caso, além de possível indenização à vítima, o autor poderá sujeitar-se às
consequências próprias do Direito Penal: penas privativas de liberdade, penas restritivas de direitos, multa
e outros efeitos da condenação criminal.

Embora o Brasil e outros países ainda não tenham lei específica para crimes praticados pela internet, as
leis penais em geral costumam ser inteiramente aplicáveis aos atos praticados pela internet. Não é a falta
de lei específica para a internet que impede as pessoas de responder por seus atos no chamado mundo
virtual.

Se alguém ofende a honra de outra pessoa e desse modo comete crime descrito nas leis penais, pouco
importa se faz isso na presença da vítima, por carta, pela imprensa ou pela internet. Em todos os casos,
poderá ser responsabilizada. As leis de alguns países podem estabelecer diferenças conforme o meio pelo
qual o crime seja cometido, mas, normalmente, as penas são as mesmas. No caso do Brasil, não há
distinção para crimes praticados pela internet ou por outro meio.

Os crimes contra a honra são provavelmente os mais frequentes na internet. Com o uso crescente das
redes sociais e alguma falta de maturidade ou de serenidade no uso delas, frequentemente pessoas se
excedem em seus comentários e terminam por atingir a reputação alheia. Nesses casos, os autores da
ofensa estarão sujeitos tanto às consequências criminais (ou seja, ao cumprimento de pena) quanto civis (o
pagamento de indenização à vítima) de seu ato.

Se a ofensa for a um cidadão comum, a lei brasileira estabelece que a ação penal deve ser promovida pela
vítima, por meio de advogado por ela contratado. É o que se chama ação penal privada, a qual se inicia
por petição denominada queixa.

Se a ofensa for cometida contra servidor público por causa da função pública, a ação penal é pública e
deve ser ajuizada pelo Ministério Público, por meio de petição denominada denúncia. Para que isso
ocorra, porém, a vítima da ofensa deve comunicar ao Ministério Público ou à polícia a intenção de que o
ofensor seja processado. Isso é o que se chama representação. Olhe aqui para entender mais sobre ação
penal pública e privada.

Outros crimes podem igualmente ser cometidos pela internet. Exemplo comum são os crimes contra o
consumidor, previstos na Lei de Defesa do Consumidor, também chamada de Código de Defesa do
Consumidor (CDC, a Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990).

Várias são as possibilidades de crimes contra as relações de consumo praticados pela internet. Estes são
alguns exemplos:

 falta de informação sobre a periculosidade de produto na publicidade feita pela internet (artigo 63
da Lei 8.078/90, com pena de detenção de seis meses a dois anos e multa);
 publicidade falsa ou enganosa de produto (artigos 66 e 67 da Lei 8.078/90, com pena de detenção
de três meses a um ano e multa);

 falta de correção de informação errada sobre consumidor em cadastro, banco de dados, fichas ou
registros (artigo 73 da Lei 8.078/90, com pena de detenção de um a seis meses e multa).

No caso de crime previsto na Lei 8.078/90, a ação penal é pública e cabe ao Ministério Público.

Como já explicado no texto sobre ação penal pública e privada, em todos os casos de ação penal pública
(que são a quase totalidade), cabe ao ofendido comunicar o fato ao Ministério Público ou à polícia, para
que haja a investigação necessária. A investigação criminal, nessas situações, é sempre destinada ao
Ministério Público (e não ao juiz, como parte da imprensa e da polícia divulgam, erradamente), para que o
MP decida qual medida caberá. Para saber as providências possíveis ao fim de uma investigação criminal,
veja neste texto.

Outra espécie de crime que pode ocorrer pela internet é o de ameaça, previsto no artigo 147 do Código
Penal. De acordo com esse artigo, o crime ocorre quando alguém comunique a outra pessoa a intenção de
lhe causar algum mal injusto e grave. A ameaça pode ser feita por palavra, por escrito, por gesto ou por
qualquer outro meio.

A lei exige que o mal anunciado na ameaça seja injusto. Isso quer dizer que, em princípio, não constitui
ameaça uma pessoa dizer que processará alguém, que irá levá-lo à justiça, ao Ministério Público ou à
polícia, que cobrará seus direitos, que contratará advogado para tomar providências, e afirmações
semelhantes. Nesses casos, não há mal injusto na ameaça, mas apenas a informação da pessoa de que
exercerá os direitos que tem como cidadão.

Crime que ocorre com alta e lamentável frequência na internet é o de pedofilia, cometido quando adulto
explora sexualmente criança ou adolescente ou quando produz ou troca imagens sexuais de criança ou
adolescente. Esses crimes podem ser cometidos de variadas maneiras e estão definidos nos artigos 240 a
241-D do Estatuto da Criança e do Adolescente (conhecido como ECA, a Lei 8.069, de 13 de julho de 1990).
Consistem, de forma simplificada, no seguinte:

 art. 240: produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de
sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente – pena de reclusão, de quatro a
oito anos, e multa;
 art. 240, § 1o [o símbolo “§” lê-se como “parágrafo”]: comete o mesmo crime quem agencie,
facilite, recrute, coaja ou de qualquer modo intermedeie a participação de criança ou adolescente
nas cenas referidas no art. 240 ou quem com eles contracene;

 art. 241: vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo
explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente – pena de reclusão, de quatro a oito
anos, e multa;

 art. 241-A: oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por
qualquer meio, inclusive por sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro
registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente –
pena de reclusão, de três a seis anos, e multa;

 art. 241-A, § 1o: comete o mesmo crime do art. 241-A quem assegure os meios ou serviços para o
armazenamento das fotografias, cenas ou imagens ou o acesso por rede de computadores às
fotografias, cenas ou imagens;
 art. 241-B: adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de
registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente –
pena de reclusão, de um a quatro anos, e multa;

 art. 241-C: simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou


pornográfica por meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer
outra forma de representação visual – pena de reclusão, de um a três anos, e multa;

 art. 241-C, parágrafo único: comete o mesmo crime quem venda, exponha à venda, disponibilize,
distribua, publique ou divulgue por qualquer meio, adquira, possua ou armazene o material;

 art. 241-D: aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comunicação, criança,
para com ela praticar ato libidinoso – pena de reclusão, de um a três anos, e multa;

 art. 241-D, parágrafo único: comete o mesmo crime quem facilite ou induza o acesso à criança de
material com cena de sexo explícito ou pornográfica para com ela praticar ato libidinoso, ou
pratique as condutas do art. 241-D para induzir criança a se exibir de forma pornográfica ou
sexualmente explícita.

O simples acesso a sites com conteúdo pornográfico, feito por pessoa adulta, não é crime, salvo se se tratar
de site com imagens de crianças e adolescentes ou se o site promover outra espécie de crime (extorsão,
ofensas à honra de terceiro, violência etc.). Não é ilegal, portanto, que pessoa adulta assista a vídeo ou
consuma material pornográfico que envolva apenas sexo entre pessoas adultas, com o consentimento
legítimo destas.

O problema da prova

Em qualquer caso de ato ilícito que possa causar responsabilidade civil ou penal para seu autor, a vítima
sempre depara a necessidade de provar os fatos. Toda ação judicial precisa de prova para gerar
condenação.

No caso de ato ilícito cometido pela internet, às vezes a prova é fácil, pois é possível gravar o texto, imagem,
vídeo ou som que represente o ato. Isso pode ser feito diretamente pelo ofendido, por meio da gravação da
imagem da tela do computador (pelo comando Print screen ou equivalente), pela gravação do e-mail, pela
impressão em papel (hardcopy) ou em formato PDF dos arquivos ou por qualquer outra forma.

A gravação dos dados pode ser feita pela vítima ou por outra pessoa que tenha conhecimento do fato,
como, por exemplo, se o usuário de uma rede social vir ofensa a pessoa que não tenha acesso àquela
mesma rede social.

Se o texto ou imagem ofensivo não estiver mais disponível no site ou programa onde foi lançado, existem
ainda pelo menos duas possibilidades: (a) o advogado da vítima (ou o Ministério Público ou a polícia,
conforme o caso) pode solicitar ao responsável pelo site ou programa que lhe envie os arquivos gravados
em seus computadores; (b) a vítima pode indicar ao juiz pessoas que tenham tido conhecimento do ato e
possam depor como testemunhas.

De toda forma, caberá ao advogado da vítima (ou ao Ministério Público ou à polícia, de acordo com a
situação) avaliar a melhor forma de obter as provas do ato.

O que fazer se você for ofendido

Se alguém cometer crime contra sua honra, é possível ajuizar ação penal contra
o ofensor. Se você já possuir as provas do fato e os dados de identificação do
ofensor, poderá imediatamente contratar advogado para que analise os fatos e,
se for o caso, ajuíze a ação penal. De qualquer modo, caberá a ele examinar as
circunstâncias e escolher a melhor alternativa processual.
Se o advogado entender que não há elementos suficientes para promover de
imediato a ação penal e que, portanto, será necessário investigação sobre a
ofensa, ele poderá registrar boletim de ocorrência ou formular
notícia-crime para que a polícia, por meio de inquérito, esclareça os fatos.

Ação civil de indenização

Se você for vítima de ofensa, não existe apenas a opção de processar o


responsável na esfera criminal. Poderá também ajuizar ação civil de indenização
contra ele ou ela.

Na verdade, a indenização pela agressão à honra pode ser fixada pelo juiz na
própria ação criminal. Ocorre que as características do processo criminal e a
pena baixa fixada na lei para os crimes contra a honra podem tornar a ação
penal ineficiente. Em entendimento com seu advogado, poderá concluir que é
mais vantajoso promover ação indenizatória em paralelo com a ação criminal ou
apenas a primeira.

Prazos

A maioria dos direitos e ações judiciais está limitada a prazos em que podem
ser exercidos. No caso de crime contra a honra, o ofendido, se quiser, precisa
exercer o direito de queixa no prazo de seis meses do dia em que tomar
conhecimento de quem seja o autor da ofensa, de acordo com o artigo 38 do
Código de Processo Penal. Se não souber quem é o autor, nesse mesmo prazo
precisa comunicar o fato à polícia, para que seja investigado. Após esse prazo,
ocorre a decadência do direito de queixa do ofendido.

Se o prazo não for obedecido, não será mais possível promover ação penal pela
ofensa. Restará, porém, a possibilidade de ação civil de indenização pelo dano
moral. Para essa, o prazo é de três anos da data da ofensa, consoante o artigo
206, § 3.º [o símbolo “§” lê-se como “parágrafo”], inciso V, do Código Civil. Essa
norma fixa esse prazo de prescrição para as ações destinadas à reparação civil
de danos.

Ofensas em ambiente de trabalho

Às vezes, ofensas são cometidas no local de trabalho, seja em órgãos e entes


públicos, seja em empresas particulares. No segundo caso, além das
consequências criminais, pode caber também ação de indenização contra a
própria empresa pelo dano moral, se a ofensa tiver sido praticada por um
representante dela (um gerente, supervisor, diretor etc.). Nesse caso, é
necessário procurar o sindicato ou um advogado trabalhista de confiança, para
que ele avalie a situação e decida sobre a viabilidade de ação para isso, a ser
proposta na Justiça do Trabalho.

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