Saúde Mental e Deficiência Visual Ebook PDF
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SUMÁRIO 978-85-463-0187-4
Érico Gurgel Amorim – Jacileide Guimarães ( 2 )
Saúde mental e deficiência visual
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Saúde mental e deficiência visual
Conselho Editorial
Marcos Nicolau – UFPB
Roseane Feitosa – UFPB – Litoral Norte
Dermeval da Hora – Proling/UFPB
Helder Pinheiro – UFCG
Elri Bandeira – UFCG
EDITORA LTDA.
(83) 222 –5986
www.ideiaeditora.com.br
Impresso no Brasil
Foi feito o depósito legal
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Agradecimentos
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 8
1 INTRODUÇÃO 9
2 OBJETIVOS 15
3 REVISÃO DA LITERATURA 16
3.1 Concepções sócio-históricas da deficiência visual 16
3.2 A Deficiência visual na contemporaneidade 18
3.3 O normal, o patológico e o mito da normalidade 21
3.4 Saúde mental e os determinantes sociais de saúde 24
4 METODOLOGIA 32
4.1 Local do estudo 32
4.2 Critérios de inclusão e exclusão 33
4.3 Seleção da amostra 33
4.4 Instrumentos de coleta de dados 33
4.5 Aspectos éticos 34
4.6 Tratamento e análise dos dados 35
4.7 Procedimentos metodológicos 36
4.8 Caracterização dos sujeitos de pesquisa 38
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES 39
5.1 Saúde e sofrimento psíquico no encontro com o não ver e seus modos de andar a vida 40
5.2 A autonomia e seus desafios cotidianos 52
5.3 Interação social e suas redes de pertencimento 59
5.4 Os valores e a cultura nos processos de normalização e estigmatização 63
5.5 A educação, seus limites e possibilidades 69
5.6 A conjuntura do trabalho nos processos de inclusão e exclusão social 72
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 81
REFERÊNCIAS 84
APÊNDICES 95
APÊNDICE A – Roteiro de entrevista semiestruturada 96
APÊNDICE B – Termo de consentimento livre e esclarecido 98
APÊNDICE C – Caracterização dos entrevistados 100
A N E X O 101
ANEXO A – Parecer consubstanciado do Comitê de Ética em Pesquisa 102
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Objetivo Geral:
• Analisar a contribuição dos determinantes sociais de saúde para entender e
problematizar a saúde mental e a interação com a vida social no cotidiano de
sujeitos com deficiência visual.
Objetivos Específicos:
• Identificar as dificuldades encontradas por deficientes visuais no contexto
social;
• Descrever as estratégias de enfrentamento empregadas em relação às
adversidades cotidianas vivenciadas; e
• Conhecer o modo como a saúde mental e o contexto social interagem,
determinando aspectos da vida da pessoa com deficiência visual com base
em suas experiências singulares.
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Para compreender a saúde mental dos sujeitos com deficiência visual e suas
dificuldades cotidianas intimamente relacionadas, delimitamos um percurso
exploratório do estado da arte do conhecimento acerca dos temas afins. Neste
processo, partimos de um resgate dos significados sócio-históricos da cegueira e de
seus contornos culturais e ideológicos. Em seguida, estruturamos um debate a partir
do conhecimento vigente dos conceitos biomédicos da deficiência visual e a
legislação brasileira definidora e norteadora de ações inclusivas.
Em seguida, propomos um olhar aprofundado e crítico dos prenoções do
entorno social assumidas quanto ao lidar frente à anomalia e deficiência,
circunscrevendo um novo modo de olhar e atuar, ao conceber a deficiência como
uma realidade singular, permeada pela diversidade e pluralidade da vida.
Por fim, um olhar compreensivo dos conceitos de saúde mental e da realidade
social dos sujeitos com deficiência visual permitiu nos aprofundar nas múltiplas
determinações que corroboram para a persistência da segregação e marginalização
desses sujeitos, num ciclo vicioso gerador de iniquidades sociais inadmissíveis.
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estruturação das formas de relação para estes indivíduos. Assim, são classificados
em quatro grupos: os cegos congênitos ou de cegueira adquirida até os cinco anos,
os de cegueira adquirida depois dessa idade, os de visão subnormal congênita e os
de visão subnormal adquirida (MASINI, 1994).
Na Política Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência, é discutida a
importância de um adequado sistema de informações sobre incidência e prevalência
de deficiências no Brasil, visto que será essencial para o adequado equacionamento
das questões relativas à saúde da pessoa com deficiência (BRASIL, 2009b).
As causas mais frequentes de cegueira e visão subnormal são: retinopatia da
prematuridade, catarata congênita, glaucoma congênito, atrofia óptica,
degenerações retinianas e alterações visuais corticais. A cegueira e a visão
subnormal podem também resultar de doenças como diabetes, descolamento de
retina ou traumatismos oculares (BRASIL, 2000a).
Em 2014, foi realizado um levantamento multicêntrico com 5.000 pessoas,
objetivando aferir o grau de saúde ocular da população brasileira. Entre os
entrevistados, 52% referiam ter algum problema de visão, sendo os de refração os
mais frequentes (75%), seguidos por catarata (11%), retinopatia (3%), glaucoma
(2%) e 8% não souberam apontar qual o problema de visão (LEOPOLD, 2014).
Entretanto, como consequência da distribuição desigual dos profissionais pelo
território, 23% dos brasileiros não tem acesso a oftalmologistas (CBO, 2014). Isso
explica, em parte, porque pessoas com deficiência visual são particularmente
vulneráveis a falhas em serviços tais como saúde, reabilitação, apoio e assistência
(ONU, 2011).
Com vistas à reversão deste cenário, a ONU propõe uma série de medidas a
fim de assegurar um atendimento às demandas de saúde das pessoas com
deficiência e seus familiares, entre as quais incluem uma rede de serviços
articulados ao alcance de todos e uma equipe de saúde qualificada atenta às
necessidades individuais e coletivas e às iniquidades presentes (ONU, 2011).
Por meio desta diretriz e como marco legal na busca de efetivar os direitos à
saúde da pessoa com deficiência, a Lei nº 13.146 de 2015 estabelece que a
avaliação da deficiência, quando necessária, será biopsicossocial; realizada por
equipe multiprofissional e interdisciplinar e considerará tanto a limitação no
desempenho de atividades quanto à restrição de participação na vida cotidiana
(BRASIL, 2015).
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Por sua vez, para a concepção positivista as doenças são apenas sintomas
que refletem lesões de órgãos ou tecidos. Sua definição e divulgação baseiam-se
em números e na estatística. Deste modo, a patologia faz parte da fisiologia e a
doença deriva, quantitativamente, do estado normal, ou seja, da média da maioria
dos indivíduos (CANGUILHEM, 2009). Vejamos o que afirma Canguilem:
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A análise dos resultados foi feita com base no método de análise temática
proposto por Minayo (2008), que consiste em investigar grupos de significados que
compõem a comunicação referente ao objeto analítico almejado. A análise temática
se encaminha para a contagem de frequência das unidades de significação como
definidoras do caráter do discurso. A presença de determinados temas denota os
valores de referência e os modelos de comportamento presentes no discurso.
Operacionalmente a análise temática desdobra-se em três etapas: a) pré
análise: composta por leitura flutuante, constituição do corpus, formulação de
hipóteses e objetivos; b) exploração do material: por meio de codificação em
unidades de registros, construção de índices, classificação e agregação dos dados
em categorias teóricas ou empíricas; e c) tratamento dos resultados obtidos e
interpretação: trabalho com os significados obtidos e realização de interpretações
(MINAYO, 2008).
Deste modo, realizou-se inicialmente a leitura e releitura do material obtido na
entrevista. Para a organização e apresentação dos resultados, foram construídas
categorias, de acordo com as temáticas que foram surgindo das falas dos
participantes durante as entrevistas realizadas, tendo por base constitutiva as
unidades de registro inspiradas no modelo de Determinação social da saúde,
proposto por Dahlgren e Whitehead (1991). Essas unidades de registro permitiram
um ponto de partida para a convergência de temas afins, sucedendo-se as
subcategorizações afiliadas.
Para Minayo (2008), categorizações são empregadas para estabelecer
classificações, ou seja, agrupar elementos, ideias ou expressões em torno de um
conceito capaz de abranger de um modo geral qualquer tipo de análise em pesquisa
qualitativa.
Os resultados dos discursos obtidos foram analisados à luz das
conceituações de normal e patológico trazidas por Canguilhen (2006) e as
influências destas concepções no contexto sociocultural contemporâneo, com foco
nos determinantes sociais de saúde no cotidiano de sujeitos com deficiência visual.
Em suma, a saúde implica poder adoecer e sair do estado patológico. Em
outras palavras, a saúde é entendida por referência à possibilidade de enfrentar
situações novas, pela “margem de tolerância ou de segurança que cada um possui
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para enfrentar e superar as infidelidades do meio”, ou ainda “um guia regulador das
possibilidades de reação” (CANGUILHEM, 2009, p. 148-149).
Ao investigar os determinantes sociais de saúde mental, fazemos uma ponte
com a atualidade das políticas públicas, saberes e práticas de saúde mental na
atualidade e resgatamos a crítica ao excesso de patologização da vida tendo como
finalidade destacar as invenções de saúde como estratégias de inclusão social de
sujeitos historicamente rotulados e excluídos por deficiências. Nesse sentido,
Amarante (2007), no âmbito do movimento de Reforma Psiquiátrica brasileira, refere
que:
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Conhecer a saúde mental dos sujeitos que convivem com uma deficiência
visual requer um olhar sensível frente ao contexto social em que estes sujeitos estão
inseridos, como são tratados no meio social e a maneira pela qual são
condicionados a agir.
Nesta abordagem, destaca-se a contribuição de fatores individuais e
contextuais como determinantes da saúde mental e suas repercussões nos modos
de ser e andar a vida, imersos em uma trama de relações intercambiáveis: saúde
física, trabalho, condições econômicas, aspectos educacionais, interação social,
lazer, autonomia, condições de acessibilidade e valores sociais.
Ao aproximar-se da realidade vivencial dos sujeitos com uma deficiência
visual, observamos que certas características fazem parte do processo de
determinação psicossocial: história de vida, organização social e familiar, aspectos
culturais, aspectos financeiros, dentre outros, abarcados pelas múltiplas formas de
viver com a deficiência.
Assim, é que a constituição do sujeito psicológico envolve as dimensões
individual e coletiva. No âmbito individual, interações entre saúde física e mental são
identificadas.
O diagnóstico e a assimilação de uma deficiência visual repercutem na
subjetividade e antecipa novas realidades existenciais que por sua vez, requerem
abordagens de enfrentamento.
Neste ínterim, o modo de instalação, idade do acometimento, presença de
comorbidades ou de dor, o grau da deficiência e a capacidade de lidar com a
adversidade são elementos chaves na maneira pela qual a perda visual é
vivenciada.
Tendo como substrato os determinantes sociais de saúde, a partir dos
discursos provenientes das entrevistas, foram delimitadas as seguintes categorias
temáticas: Saúde e sofrimento psíquico, abordando da clínica individual às reações
emocionais no encontro com o não ver; A autonomia e seus desafios cotidianos;
Interação social e suas redes de pertencimento; Os valores e a cultura nos
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Desde três anos de idade eu sou ruim da vista, quase cegava. Sei
que minha mãe fez umas promessas e eu melhorei. Aí agora
começou a ficar ruim. Faz mais de 10 anos que começou a piorar. Af
Maria! Tem dias que dá vontade de me enforcar num pé de coentro,
porque é ruim demais. [...] Lá eu só vivo nas calçadas olhando pro
mundo (S5).
No começo eu tinha 18 anos, foi bem difícil sim. Eu pensava que não
ia conseguir mais arrumar alguém. A gente que é novo pensa logo
ninguém vai querer mais namorar com a gente. Pensa logo que os
amigos vai ser mesmo aquele mesmo jeito com a gente. Parei de
jogar bola. [...] Aqui e acolá quando você fica sozinho no quarto, bate
aquela tristeza, sabe. Ela bate, você fica pensando como você
enxergava de primeira, aí é difícil, sabe (S12).
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Por outro lado, S2, ao se deparar com uma forma progressiva de instalação
da deficiência visual, expressa uma maior capacidade adaptativa e de
enfrentamento positivo.
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Se eu dormir pro lado do olho afetado ele dói. Aqui e acolá ele ainda
dói, tem pontos ainda dentro dele (S12).
Tem horas que a gente não se sente normal, porque quando bate
aquele... Aqui acolá fica doendo, aí você fica com aquilo pra você,
assim, pensando que aquilo vai ser pro resto da sua vida. Saber que
isso é pro resto da sua vida doendo desse jeito. Aí é bem difícil a
gente encarar (S12).
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crônica ocupa o centro da vida do indivíduo, uma vez que passa a limitar e
direcionar seus comportamentos e atitudes.
Segundo Fernandes (2009), não existe separação de fato, entre mente e
corpo, assim como se reconhece uma enorme influência do contexto social na saúde
e na doença. Deste modo, todo sintoma tem um componente físico, ao lado de
componentes emocionais e sociais, o que requer uma compreensão integral do ser
humano.
O conhecimento acerca de percepções de saúde mental e reações
emocionais vivenciadas por quem enfrenta uma deficiência visual permite
compreender melhor os comportamentos e suas influências na dinâmica social,
imersos num processo de retroalimentação.
Cabe ressaltar ainda a influência de história de vida, expectativas para o
futuro e a capacidade de aceitação como influenciadores na intensidade e qualidade
da apreensão emocional construída, particularmente, no tocante à deficiência
adquirida.
Para Barczinski (2001), do ponto de vista psicológico, mesmo o indivíduo
mais saudável mentalmente utilizará mecanismos importantes para a sua adaptação
à cegueira. Esses mecanismos são conhecidos como modos de enfrentamento.
Os entrevistados revelaram os sentimentos que os rondaram desde o início
do diagnóstico da deficiência até o presente, constatando, em alguns, a elaboração
de fases ou ciclos de transformação e, em outros, certo encarceramento em
sentimentos adversos, reflexos das influências recíprocas estabelecidas entre o
mundo interior e o mundo externo, perpassados pela marca de ser diferente ao se
deparar como deficiente visual. Esses foram apresentados como: choque,
desespero, raiva, ansiedade, medo, tristeza, angústia, depressão, sentimento de
inferioridade e desqualificação.
Küble-Ross (1981) descreve um modelo de enfrentamento no qual uma
pessoa pode experenciar diante de uma perda, luto ou tragédia sofrida. Este modelo
proporciona subsídios para que o sujeito psicológico consiga se reorganizar e é
composto por cinco estágios: choque e negação, raiva, barganha, depressão e
aceitação.
Um estado de choque pode ser uma das primeiras reações enfrentadas
diante de uma perda de visão e geralmente vem com o diagnóstico. O indivíduo
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Sei lá, pra mim eu não tenho é juízo. Porque eu sou muito
alvoroçada... Se eu tiver raiva de uma coisa, dá vontade de eu logo
quebrar... Eu não tenho o juízo bem certo não (S5).
Tem hora que eu fico muito aperreada, fico sem sossego, é uma
agonia terrível. É uma coisa assim que não dá pra comparar. No dia
que eu fico preocupada com qualquer coisa, de noite eu não consigo
dormir, bolando, fico em claro. Eu fico muito preocupada, muito
nervosa porque eu não posso enxergar (S11).
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Se o sonho deles é ver, que eles lutem, que ele um dia consegue.
Que Deus não dorme (S14).
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O médico falou assim pá puf. Eu tava vendo tudo rosa, ele examinou
e disse... infelizmente, você vai perder a visão! Não sei se amanhã
ou daqui a uma semana... mas você vai perder a sua visão. Foi bem
traumático e ele foi logo duro. Se prepare psicologicamente e
aconselho procurar o instituto de cegos. E foi dessa forma. Eu acho
que eu fiquei mais depressivo por isso também, por não ter tido um
preparo, foi automático (S8).
Sentia desgosto de viver uma vida dessas, sem ter com quem
chamar, pra qualquer coisa né, a dor maior ainda (S9).
Eu senti desgosto, não vou mentir. Eu senti, a reação foi forte (S16).
A esposa muitas vezes diz que fico um pouco quieto, calado (S7).
Meu filho, a pessoa fica triste, né?. Fica pensando como era a vida
de ontem, assim, pra vida de agora né? (S13).
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Tando com a visão que Deus dá, a gente se sente mais elevado, e
na situação que eu to, me sinto um cabra recuado, morto (S4).
Não é coisa boa não. Tenho sofrido muito por isso. Tem hora que me
dá um desengano, não dá vontade mais de comer. Tem dia que dá
vontade de subir num canto assim e desabar. É muito triste a pessoa
ter a sua visão e depois ser dependente de tudo (S11).
Pra falar a realidade, aqui e acolá eu ainda fico assim triste, sabe?
Aqui e acolá quando você fica sozinho no quarto, bate aquela
tristeza, sabe. Ela bate você fica pensando como você enxergava de
primeira, aí é difícil, sabe. Mas tem momento que você fica bem
triste, bem abatido. Às vezes eu cheguei até a chorar já (S12).
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às suas ações. Desta maneira, o sujeito se torna capaz de conviver com as suas
limitações integrando-as em sua vida, como demonstrou o participante S4:
Vamos levando... E tem que sorrir, brincar... que chorar não dá jeito...
Tem que passar o dia assim mesmo, Eu tô satisfeito demais e quero
viver até quando os meus filhos já tiverem se virando... Eu só espero
isso aí, cada dia mais a rotina baixar. E a mulher diz: qualquer coisa
eu saio puxando você. E eu digo, pois eu vou precisar mesmo. Minha
força é Deus e ela é meu guia (S4).
Para tudo nós temos nosso momento, e saber que há tempo para
tudo. Esse meu tempo eu tenho que aceitar que é um tempo mais
limitado (S7).
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Hoje, se for pegar um copo não pego direito, vou botar água no copo,
às vezes boto em outro lugar, derrubo na mesa. Agora não, que eu já
me adaptei mais, mas no começo eu batia na porta, era bem difícil
(S12).
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Eu fazia as coisas, dava conta da casa toda, agora não posso fazer
tudo não (S16).
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Saúde mental e deficiência visual
O principal obstáculo é cuidar dos meus filhos. A gente que não vê, a
melhor vontade que tem é ver e cuidar dos filhos, cuidar da casa
(S14).
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A rua que eu moro tão mexendo, não dá nem pra pessoa caminhar
(S10).
Sinto dificuldade com o nível das calçadas, você chega num certo
ponto que você pensa que o final dela já é aqui, mas não, já tem sido
antes, aqui acolá você finda quase caindo (S12).
Agora só vivo presa dentro de casa... quando saio é caindo pra aqui
pra acolá. (S5).
Agora que pra mim mesmo eu queria era andar, caminhar, eu não
tenho condições, pra ali onde eu moro não tem condições (S10).
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Tando com a visão que Deus dá, a gente se sente mais elevado, e
na situação que eu to, me sinto um cabra recuado, morto, porque eu
com minha visão atravesso um trânsito, faço muitas coisas, sem a
visão eu recuo, que não posso fazer nada (S4).
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Do jeito que ele quer respeito, a gente deveria ter respeito também.
No semáforo, o sinal tá vermelho, e o carro já tá acelerando.
Ninguém perde dois minutos do seu tempo pra ajudar a atravessar a
rua. Eu tenho raiva disso (S8).
Eu não saio na rua sozinha. A primeira vez que eu saí uma moto ia
me matando (S14).
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No começo eu tinha 18 anos, foi bem difícil sim, eu pensava que não
ia conseguir mais arrumar alguém. A gente que é novo pensa logo
ninguém vai querer mais namorar com a gente. Pensa logo que os
amigos vai ser mesmo aquele mesmo jeito com a gente (S12).
E uma das coisas que eu fiquei assim mais surpresa infelizmente, foi
uma surpresa negativa, foi em relação às minhas amizades, porque
todas ligavam pra mim, falavam comigo, na hora que eu fiquei... né?
que eu deveria ter um apoio. Para mim, um amigo, você escolheu um
irmão. Eu tinha meus amigos como se fossem irmãos. E eu disse até
a uma de minhas amigas parece que minha cegueira é contagiosa,
porque todo mundo se afastou de mim, sabe? Todo mundo tem esse
pensamento de que penalidade e eu fiquei muito triste, por ter
passado por essa sozinho, sem apoio, né, das pessoas que eu tinha
como amigos. E hoje a deficiência foi até bom, porque eu to revendo
a minha vida, revendo as pessoas que realmente me dão valor né?
Infelizmente nos dedos são poucos (S1).
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Saúde mental e deficiência visual
Mesmo jeito é a pessoa, tando bom, não quer ser acompanhado por
um doente. Porque pode ter algum problema e ele levar a culpa (S9).
Porque eles só me convidam pra cantos que eu sei que não dá pra
mim ir (S10).
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Saúde mental e deficiência visual
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Saúde mental e deficiência visual
A pessoa com deficiência visual apresenta maior isolamento social por meio
de dificuldades no relacionamento interpessoal, o que torna evidente a fragilidade
dos apoios sociais, muitas vezes reduzidos à família nuclear (MAIA; DEL PRETTE;
FREITAS, 2008; AOKI; OLIVER; NICOLAU, 2011).
Isto é ilustrado por S15, ao passo que S7 tenta suprir esta barreira mantendo,
mesmo que parcialmente, sua rede de coesão social.
Sou religioso, participo do terço dos homens. Faz uns três meses
que eu não vou ao terço dos homens, exatamente porque é à noite,
aí eu fico um pouco meio acanhado diante da situação, porque me
chamam pra ler uma coisa. Mas eu participo de todos esses grupos,
de político, de futebol, religioso, católico, vou sempre à missa (S7).
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Érico Gurgel Amorim – Jacileide Guimarães ( 63 )
Saúde mental e deficiência visual
No início, até hoje, tem gente que fica assim quando vai olhar pra
você, o foco dele é olhar pra sua doença. Às vezes também no início
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Érico Gurgel Amorim – Jacileide Guimarães ( 64 )
Saúde mental e deficiência visual
tem amigos seus que vai tirar brincadeira com você, fica apelidando
você, tem vários tipos de coisa assim desse tipo (S12).
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Érico Gurgel Amorim – Jacileide Guimarães ( 65 )
Saúde mental e deficiência visual
Eu mesmo pensava que eu era uma coitada, que eu não era mais
ninguém (S1).
Mas meus tios, meu irmão, minha sogra, tem esse v de me vê assim
como se eu fosse mesmo uma inválida (S1).
Tem a minoria que eu sinto que acham que eu não sou capaz de
nada (S6).
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Saúde mental e deficiência visual
Eu acho que eles veem que eu não vejo, aí eles criaram mais amor a
mim. Eu sinto pelo tom da voz deles, parece que eles têm pena de
mim, sabe? (S14).
Algumas vezes sim, tem familiares meus que no início eles queriam
tratar diferente, só que eu não queria que eles me tratassem
diferente não. Eu queria que eles me tratassem normal, uma pessoa
normal. Me olhassem como uma pessoa normal. Eles tudo era com
cuidado em mim, não podia sair pra um canto que eram eles ali...
tratando uma pessoa mais especial. Não, eu queria ser igual a todo
mundo, queria ser tratado igual a todo mundo, visto como uma
pessoa normal (S12).
E uma das coisas que eu fiquei assim mais surpresa infelizmente, foi
uma surpresa negativa, foi em relação às minhas amizades, porque
todas ligavam pra mim, falavam comigo, na hora que eu fiquei né,
que eu deveria ter um apoio... Para mim, um amigo, você escolheu
um irmão. Eu tinha meus amigos como se fossem irmãos. E eu disse
até a uma de minhas amigas parece que minha cegueira é
contagiosa, porque todo mundo se afastou de mim, sabe? todo
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Saúde mental e deficiência visual
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Saúde mental e deficiência visual
As pessoas olham pra mim e dizem: não tem quem diga. As pessoas
olham pra mim e não tem quem diga que a minha visão é desse
jeito... e dizem: rapaz, você tá mentindo? Aí eu fico calado e saio de
perto, não digo que tá certo ou tá errado não. Eu me sinto um pouco
constrangido, porque a pessoa tá se desfazendo... Aí eu saio de
perto e saio na brincadeira... saio sem esculhambar, eu fico na
minha... (S4).
E ainda hoje, muitos dizem, olha, tá vendo... eles ainda não aceitam
a perda ainda (S8).
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Érico Gurgel Amorim – Jacileide Guimarães ( 69 )
Saúde mental e deficiência visual
Eu acho que a dificuldade maior pra gente é essa, é não ter apoio
pra orientar as outras pessoas... (S8).
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Saúde mental e deficiência visual
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Saúde mental e deficiência visual
Agora tem uns que nascem com merecimento já vai melhor, né. Que
já nasce com berço de ouro, tem mais condições, tem mais ajuda e
já sobe mais no grau. Agora tem uns que já nascem com o pouco
que não tem condições, aí ele tem que seguir o rumo do pai... e finda
naquilo ali mesmo. O meu lado já foi mais curto, meu pai encostava
pedra e tive que seguir o rumo dele, porque o lado do estudo naquela
época não dava, porque ele teve dez filhos, e o que ele ganhava só
dava pra comer. E meu pai dizia, olhe eu quero que trabalhe e que
não entre na vida do mundo, e eu comecei a pegar o ritmo dele e
dediquei só ao trabalho (S4).
Porque a pessoa que não sabe ler não sabe explicar tanto. A pessoa
que sabe ler sabe explicar tudo que passa, tudo que sente (S13).
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Saúde mental e deficiência visual
A relação da saúde com o trabalho pode ser vista sob dois enfoques: como
um problema ambiental, de acordo com a corrente clássica da Saúde Ocupacional; e
como um fenômeno coletivo, a partir das compreensões advindas pela
Epidemiologia Social (LAURELL, 1981). Neste último, segundo Possas (1989, p.
219), no centro dos elementos que contribuem para o perfil da morbimortalidade da
população, está a inserção socioeconômica, sendo essa, de um lado, mediada por
fatores vinculados ao modo de vida (estilo de vida e condições de vida) e, por outro,
pela participação na estrutura ocupacional (mercado de trabalho, condições de
trabalho e processo de trabalho).
O trabalho é uma das facetas da vida mais fortemente afetada ao se adquirir
uma deficiência, notadamente uma deficiência visual. Surgem sentimentos de
incapacidade, frustração, medo e insegurança, que combinados interferem nas
condições de ajustamento físico e psíquico à prática laboral. Por sua vez, a
inatividade retroalimenta o estado de impotência, comprometendo a saúde mental e
social.
Eu era um homem que não rejeitava trabalho não, toda hora era
hora. Desse tempo pra cá eu fui caindo de produção. No meu serviço
a visão não dá mais pra trabalhar, a vontade eu tenho, mas não
posso mais trabalhar, que é trabalho na pedra né. E por outro lado
acabou-se minha força e meu fôlego (S4).
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Saúde mental e deficiência visual
Eu era babá de uma criança. Agora eu não consigo fazer nada (S15).
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Érico Gurgel Amorim – Jacileide Guimarães ( 74 )
Saúde mental e deficiência visual
taxas de participação no mercado de trabalho são uma das principais vias através
da qual a deficiência pode levar à pobreza (OMS, 2012). Assim sendo, há
probabilidades de a família da pessoa deficiente descobrir-se ocupando uma
posição inferior àquela de que desfrutava anteriormente (GOLFMAN, 1988).
O emprego traz benefícios sociais e pessoais por se tratar de um ambiente
promotor de socialização e trocas experienciais, favorecendo o senso de coesão
social e de dignidade humana (OMS, 2012). Essa realidade é afetada quando uma
deficiência visual se instala, uma vez que o isolamento conduz a prejuízos concretos
na interação social e na qualidade de vida, redimensionando os espaços de
circulação.
Exceto por S2 e S6, ambos estudantes, e S14, do lar, os demais
entrevistados apresentaram efeitos adversos diretos da perda visual na prática do
trabalho, conduzindo-os à inatividade ou à readaptação (S7).
Para quem convive com a sua turma se acha muito mais avançado.
E se ficar sozinho, o senhor se acha um pouco caído, né, assim é o
meu caso. E ali eu vejo todos os meus amigos praticando o que eu
praticava, e não posso mais chegar, né. Eu me achei muito só.
Acostumado a tá no meio da turma, trabalhando. Porque eles são
meus amigos, mas não é mais como era, porque eu tava no meio da
comunidade trabalhando e eu comecei a me sentir só (S4).
Porque quando eu tinha minha oficina, minha casa era cheia. Em dia
de domingo, dia de sábado, eu ia pra lá, terminava, botava almoço, a
turma comia. Todo mundo chegava do trabalho pra falar logo lá. Mas
hoje não vai ninguém (S10).
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Saúde mental e deficiência visual
Hoje não tô trabalhando mais porque não tem jeito, mas eu gosto de
trabalhar (S4).
Quero, de repente, se for pra voltar a sala de aula, pra mim fazer
uma coisa que eu sempre gostei de fazer, trocar conhecimento com
os alunos (S7).
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Saúde mental e deficiência visual
fora, pra ir melhorando, mas não pra mim, pros meus filhos, pra não
ver eles sofrendo. E o maiorzinho tem diabetes pesada, e tudo
depende desse meu salarinho... Porque eu não tenho condição.
Vamos levando a vida que Deus dá. O que Deus bota na mesa,
vamos comendo. O salário que Deus me dá, passar com tudo é
pesado. Aí vamos levando, no dia que a gente não poder comer o
ovo, come feijão. No dia que a gente não poder comer um pedacinho
de carne, vamos levando... (S4).
Agora tem uns que nascem com merecimento já vai melhor, né. Que
já nasce com berço de ouro, tem mais condições, tem mais ajuda e
já sobe mais no grau. Agora tem uns que já nascem com o pouco
que não tem condições, aí ele tem que seguir o rumo do pai...e finda
naquilo ali mesmo. O meu lado já foi mais curto, meu pai encostava
pedra e tive que seguir o rumo dele, porque o lado do estudo naquela
época não dava, porque ele teve dez filhos, e o que ele ganhava só
dava pra comer (S4).
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Saúde mental e deficiência visual
Tendo em vista as pessoas com deficiência cuja inclusão não seria promovida
pelas políticas de incentivo à entrada no mercado de trabalho apenas, o Benefício
de Prestação Continuada (BPC) foi criado como um instrumento de proteção básica
para beneficiar os deficientes e suas famílias da situação de vulnerabilidade social
em decorrência do desemprego, da pobreza e do emprego informal.
Essa política social de segurança e renda garante a percepção de um salário
mínimo mensal destinado aos idosos e às pessoas com deficiência de baixa renda,
com vista a construção de uma rede de proteção social como garantia de cidadania,
reduzindo a vulnerabilidade social (JULIÃO; PAIVA; SHIMANO; CONTI; SANTOS,
2013). Os relatos que se seguem contextualizam esta realidade infringente em suas
rotinas, minorando suas possibilidades de vida digna condizentes com aquilo que se
preconiza para o alcance das necessidades materiais e de saúde, intimamente
relacionados.
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Saúde mental e deficiência visual
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Saúde mental e deficiência visual
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Saúde mental e deficiência visual
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Saúde mental e deficiência visual
Questões norteadoras
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Saúde mental e deficiência visual
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ESCLARECIMENTOS
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imputada penalidades e/ou prejuízos. Caso ocorram custos não previstos advindos
da sua participação na pesquisa e/ou danos eventuais, desde que comprovados
legalmente, serão devidamente ressarcidos e/ou indenizados pela pesquisadora
responsável.
Durante a coleta de dados será utilizado um instrumento específico para a
entrevista devidamente validado para os propósitos da pesquisa e coerente com os
preceitos éticos estabelecidos pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional de
Saúde (CNS/MS).
Toda dúvida que você tiver a respeito desta pesquisa poderá perguntar
diretamente à Professora Dra. Jacileide Guimarães no Programa de Pós Graduação
em Saúde Coletiva (PPGSCol), localizado no Departamento de Odontologia da
UFRN, ou ainda pelo email ppgscol@dod.ufrn.br, ou através do telefone (84) 3215-
4133.
Dúvidas a respeito da ética dessa pesquisa poderão ser questionadas ao
Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL),
localizado no terceiro subsolo do hospital, ou por telefone/fax (84) 3342-5003.
Contando com a sua colaboração, agradecemos antecipadamente.
Eu,
____________________________________________________________, após ter
sido esclarecido(a) sobre os objetivos, importância e o modo como os dados serão
coletados nessa pesquisa, além de conhecer os benefícios, riscos, desconfortos e
todos os meus direitos, concordo em participar voluntariamente e autorizo a
divulgação das informações oferecidas em congressos e/ou publicações científicas,
desde que nenhum dado possa me identificar.
Natal/RN, ____ de ____________de 2015.
___________________________________________
Assinatura do participante da pesquisa
COMPROMISSO DA PESQUISADORA
___________________________________________
Prof. Dra. Jacileide Guimarães
Orientadora/pesquisadora responsável
SUMÁRIO 978-85-463-0187-4
Érico Gurgel Amorim – Jacileide Guimarães ( 100 )
Saúde mental e deficiência visual
Sujeitos Idade Localidade Zona Escolaridade Estado Renda Ocupação Início Forma de Grau
civil familiar da DV instalação da DV
S1 28 São Urbana Ensino União 2 Vendedora em 2 Abrupta Ceguei
Gonçalo do médio estável inatividade mese ra total
Amarante completo s
S2 20 Cerro Corá Rural Ensino Solteiro 1 Estudante 3 Insidiosa Visão
fundamental inativo amos subnor
incompleto mal
S3 52 Monte das Urbana Ensino Casado 3 Agricultor 20 Abrupta Visão
Gabeleiras fundamental aposentado anos subnor
completo mal
monoc
ular
S4 51 Macaíba Urbana Analfabeto União 1 Pedreiro 5 Insidiosa Visão
estável aposentado anos subnor
mal
S5 60 Campo Urbana Ensino Viúvo 3 Agricultora 10 Insidiosa Visão
Redondo fundamental aposentada anos subnor
incompleto mal
S6 26 Lagoa de Urbana Ensino Solteiro 1,5 Estudante 6 Insidiosa Visão
Pedras médio anos subnor
completo mal
S7 46 São Urbana Ensino Casado 3 Professor em 5 Insidiosa Visão
Gonçalo do superior - readaptação anos submo
Amarante Pedagogia rmal
S8 34 Natal Urbana Nível Solteiro 1,5 Estudante de 12 Abrupta Ceguei
superior licenciatura em anos ra total
incompleto Música
S9 52 Lages Distrito Ensino União 1 Agricultor 11 Insidiosa Visão
Pintada fundamental estável aposentado anos subnor
incompleto mal
S10 59 Natal Urbana Ensino Casado 2 Mecânico de 3 Abrupta Visão
fundamental refrigeração - anos subnor
incompleto Aposentado mal
S11 52 Santo Urbana Ensino Casado 2 Agricultora 6 Abrupta Ceguei
Antônio do fundamental aposentada mese ra total
Salto da incompleto s
Onça
S12 20 Serra do Rural Ensino Solteiro 1 Desempregado 2 Abrupta Visão
Mel fundamental anos subnor
incompleto mal
monoc
ular
S13 48 São José Distrito Ensino União <1 Agricultora em 3 Abrupta Visão
do Mipibu fundamental estável inatividade anos subnor
incompleto mal
S14 29 Jardim do Rural Ensino Casado 1 Do lar - BPC 4 Abrupta Ceguei
Seridó fundamental anos ra total
incompleto
S15 22 Natal Urbana Ensino Solteiro 1 Desempregada 6
fundamental - BPC mese
incompleto s
S16 54 Parnamirim Urbana Ensino União <1 Agricultor 1 ano Abrupta Visão
médio estável aposentado subnor
completo mal
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Saúde mental e deficiência visual
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Saúde mental e deficiência visual
DADOS DO PARECER
Número do Parecer: 1.157.507 Data da Relatoria: 24/07/2015
Apresentação do Projeto:
A presente pesquisa caracteriza-se como uma pesquisa exploratória, descritiva de
abordagem qualitativa que tem como objetivo analisar a contribuição dos
determinantes psicossociais no cotidiano de sujeitos com deficiência visual. Os
sujeitos da pesquisa serão usuários do ambulatório de oftalmologia do Hospital
Universitário Onofre Lopes (HUOL), na cidade de Natal/RN. O procedimento
empregado para a coleta de dados será entrevista semiestruturada com questões
norteadoras do fenômeno investigado e a análise será realizada à luz do método de
análise temática
Objetivo da Pesquisa:
Objetivo Primário:
• Analisar a contribuição dos determinantes psicossociais no cotidiano de sujeitos
com deficiência visual. Objetivo Secundário:
• Identificar as dificuldades encontradas no contexto psicossocial por deficientes
visuais;
Descrever as estratégias de enfrentamento empregadas em relação às
adversidades cotidianas vivenciadas;
• Investigar a percepção de saúde mental de pessoas com deficiência visual com
base em suas experiências singulares.
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Saúde mental e deficiência visual
Riscos:
O procedimento de coleta de dados, através da entrevista semiestruturada,
oferecerá riscos mínimos à saúde dos participantes e poderá gerar pequenos
desconfortos devido ao acesso dos pesquisadores às informações compartilhadas.
Caso ocorram, estes riscos serão minimizados através das seguintes providências:
haverá permissão do participante para retirar-se da pesquisa no momento em que
este achar conveniente sem nenhum prejuízo; intervenções pontuais do
entrevistador e retomada da questão norteadora da pesquisa, a fim de reduzir
possíveis desconfortos.
Benefícios:
Os benefícios garantidos aos sujeitos da pesquisa corresponderão à ampliação dos
conhecimentos através da reflexão acerca do problema em investigação. Além
disso, a participação do sujeito contribuirá na discussão sobre o processo de
trabalho instituído e despertará para a produção de novas práticas assistenciais,
favoráveis à sustentação dos compromissos sociais com a rede de atenção em
saúde de Natal/RN
Recomendações:
Em relatoria anterior, observou-se que o cronograma de execução apresentava
período de coleta de dados anterior a apreciação e aprovação pelo CEP/HUOL,
razão pela qual recomendou-se a pesquisadora que adequasse o cronograma, bem
como apresentasse carta de comprometimento.
Tais recomendações foram atendidas e as pendências sanadas.
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