Urbano e Rural PDF
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patrimônios históricos/arquitetônicos e o patrimônio natural, e não exclusivamente o viés
financeiro.
A perspectiva conceitual sobre os limites entre o urbano e rural surgiu nas últimas
décadas na literatura acadêmica, no entanto a evolução do conceito tem uma longa
história no estudo da economia, geografia e planejamento regional. A princípio tinha uma
visão anti urbana, muito presente nos autores pós revolução industrial, que enxergavam
na migração rural para urbe a responsável pela catástrofe que estava ocorrendo nas
cidades industriais europeias do final do século XVII e início do século XIX. E a segunda
perspectiva, apresenta uma visão pró-urbana, pois vê na urbanização um processo na
qual as cidades são centros geradores de serviços, cultura, conhecimento, inovação e
crescimento econômico. (DAVOUDI, S, 2002, p. 270)
A dicotomia urbano-rural pode ser rastreada até cerca de 5000 anos atrás, quando
as primeiras cidades começaram a surgir na Mesopotâmia. As cidades, no entanto, eram
muito pequenas cidades cercadas e dependentes de uma esmagadora maioria da
população rural. A lenta ascensão da urbanização ocorreu no longo período medieval e
não ganhou ritmo até a chegada da Revolução Industrial.
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migração rural-urbana deve concentra-se na questão da gestão em vez de redução da
urbanização. (DAVOUDI, S, 2002, p. 272).
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A heterogeneidade das cidades amazônicas se manifesta especialmente nas
dinâmicas econômicas dos quatro maiores estados da região amazônica. O estado do
Mato Grosso está ligado aos commodities agrícolas. O Amazonas tem como principal
fonte de valor econômico a produção industrial da Zona Franca de Manaus. O Pará é um
estado onde a economia extrativa tem um peso enorme gerados especificamente por
minérios e madeira. (CASTRO, 2018).
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Obtém-se um tipo ideal mediante a acentuação unilateral de um ou vários pontos de vista, e mediante o encadeamento de
grande quantidade de fenômenos isolados dados, difusos e discretos, que se podem dar em maior ou menor número ou mesmo
faltar por completo, e que se ordenam segundo pontos de vista unilateralmente acentuados, a fim de formar um quadro
homogêneo de pensamento (WEBER, 1999, p. 106)
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Quadro 1- Cidades-empresa , “grandes objetos” e seus entornos – Estado do Pará
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Quadro 2- “Tipos ideais” e Atributos da forma urbana na Amazônia
Dessa forma sem ter a ousadia de definir ou conceitualizar o que seriam rurais e
urbanos na Amazônia Brasileira, apresentarei a seguir um resumo das análises do Núcleo
de Estudos e Pesquisas das Cidades na Amazônia Brasileira NEPE-CAB ligado à
Universidade Federal do Amazonas.
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“um conjunto de centros funcionalmente articulados e que reflete e reforça as características sociais e
econômicas de um território compreendida aqui como uma hierarquia urbana”
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socioeconômicos e demográficos ligados aos aspectos da hidrologia, biogeografia, acesso
aos recursos naturais e a interelação sociedade-natureza. O local a serem pesquisados
foram as calhas do Rio Solimões e Rio Amazonas, sendo as cidades agrupadas com as
seguintes particularidades: cidades de economia externa e dependente, cidades médias
de responsabilidade Territorial; cidades médias com dinâmica econômica externa (Coari);
cidades médias com função Intermediária, cidades pequenas de responsabilidade
territorial, cidades pequenas com dinâmica econômica externa. Essa forma de
detalhamento gerou uma interpretação diferenciada em relação as análises do
GEOURBAM-UFPA apresentando uma dinâmica da rede urbana diversa da Amazônia
Oriental.
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Cidades médias e pequenas São aquelas cidades cuja a Coari- Royalties do Petróleo,
com dinâmica econômica dinâmica econômica Codajás-exportação de açaí,
externa depende de recursos Iranduba-exportação de
externos oriundos do bioma pescado
amazônico.
Cidades médias com funções São cidades próximas de Manacapuru
intermediárias Manaus que apesar de Itacoatiara
apresentarem uma forte Presidente Figueiredo
ligação com o bioma Nova Airão
amazônico e a hidrologia dos
rios tem uma dependência da
estrutura de serviços de
Manaus em virtude do acesso
Rodoviário.
Cidades pequenas de São cidades que apesar de Benjamin Constant
responsabilidade territorial pequenas são as primeiras Santo Antônio do Içá
cidades que originaram como Fonte Boa
centros urbanos em regiões Eirunepé
bastante longínquas de
Manaus e fornecem alguns
serviços a comunidades e
municípios próximos.
Cidades Especiais São cidades que não centros São Paulo
de responsabilidade de Olivença
territorial, não estão próximas Amaturá
de Manaus, não tem nenhum Tonantins
produto de exportação que Jutaí
resguarde sua economia, Uarini
vivem exclusivamente dos Alvarães
repasses financeiros Anori
governamentais e tem uma Anamã
forte relação com o bioma Silves
amazônico Urucurituba
Urucará e outras
Fonte- https://www.researchgate.net/publication/305454560- Apontamentos metodológicos sobre o estudo
de cidades e de rede urbana no Estado do Amazonas, Brasil.
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aspectos de dependência dos produtos oriundos das cheias e das vazantes dos rios, o
nível de solidariedade orgânica que ocorre nas cidades da floresta, os valores culturais
enraizados e uma forte ligação de compadrio 3. No entanto nas cidades da Amazônia
Ocidental não identificamos nenhuma com as características das chamadas cidades
empresas como ocorre na Amazônia oriental como a cidade de Parauapebas –PA tem
sua economia totalmente voltada para o Projeto Carajás ou como a Vila Permanente de
Tucuruí que é focada para atender as demandas dos funcionários da Usina Hidrelétrica
de Tucuruí no Município de Tucuruí-PA ou Vila dos Cabanos do Complexo Albras-
Alunorte no Município de Barcarena-PA que atende os interesses desta empresa. A
inexistência de cidades empresas no Amazonas, nos questiona aonde e como os
Royalties do Petróleo incorporados a receita municipal de Coari influenciaram e
modificaram a sua identidade urbanística e não modificando a ligação existencial da
população com o rural.
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Sydney Mintz e Eric Wolf fizeram em 1950 um estudo teórico e histórico relevante sobre o compadrio católico – tanto de sua
origem europeia quanto de seu desenvolvimento posterior na América Espanhola. Os autores pontuam que, no que diz
respeito às sociedades mediterrâneas, a relação entre compadres apareceu para fortalecer os laços de integração horizontal
entre vizinhos – algo importante para o acesso coletivo à terra para além do vínculo de sangue. Mais tarde, quando emergiu a
propriedade familiar da terra, tornando ostensivas as diferenças entre as famílias, essa relação entre compadres se
transformou num mecanismo de integração vertical, ao articular e legitimar as diferentes classes ou grupos sociais feudais.
Essa funcionalidade integrativa do compadrio, gerando vínculos horizontais (entre os membros de um mesmo grupo) ou
verticais (entre membros de diferentes grupos), repete-se em outros contextos históricos e sociais, em especial quando a
reprodução social e econômica das pessoas continua fortemente ligada às relações de parentesco
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O capitalismo na Amazônia se implanta com dimensões diversas das outras regiões
do Brasil em virtude do seu “natural” e “peculiar” aspectos geomorfoclimáticos e da forma
como os grupos sociais se adaptaram a região, o extrativismo sempre foi a atividade
econômica principal. Dessa forma, assim como outras cidades do Amazonas, Coari
também tinha no extrativismo sua base econômica.
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forma ou outra entrassem nestas questões não haverá aliança para execução dos
projetos de desenvolvimento. Segundo Escobar ( se faz necessário a superação deste
modelo de desenvolvimento foi – e – continua ser em grande parte – uma abordagem
de cima para baixo, etnocêntrica e tecnocrática que trata as pessoas e as culturas como
incapazes de gerarem desenvolvimento local.
Essa identidade amazônica com um processo colonizador português que via nestas
terras amazônicas somente a cobiça para a exploração dos produtos oriundos da floresta,
permaneceu por séculos povoada por índios, ribeirinhos, caboclos quase sem nenhuma
assistência das políticas públicas de educação, saúde, transporte, apresenta na maioria
de seus municípios indicadores de desenvolvimento humanos que estão muito aquém da
maioria das cidades brasileiras. Para Brandão (2011) as desigualdades históricas
brasileiras demonstram claramente que existe uma concentração espacial e de riqueza
no litoral e centro sul, dessa forma uma agenda de planejamento regional, deve partir de
uma solidariedade inter-regional entre os atores inter-regionais e intra-regionais, levando
emconsideração as dimensões continentais do Brasil. Segundo Cidade (2008) os
primeiros estudos sobre Desenvolvimento Local fazendo conexão com a ideia de território
remontam a década de 1970, com Walter Stohr, Fraser Taylor, John Friedman e Clyde
Weaver , e priorizando a realidade local. Estes estudos apresentam uma variedade de
temas como: geopolítica, a questão das cidades modernas, os fenômenos da segregação
racial e as cidades do terceiro mundo com Milton Santos. O Espaço passa ser uma
oportunidade para entender os aspectos instigantes da sociedade e os diversos modos
de produção dominantes, no caso da Amazônia este espaço tem características bem
peculiar e diversa.
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O royalty é uma compensação financeira devida ao Estado Brasileiro pelas empresas que produzem petróleo e gás natural
no território brasileiro. É uma remuneração pela exploração desses recursos não-renováveis. Incide sobre a produção, sendo
recolhidos mensalmente pelas empresas concessionárias à Secretaria do Tesouro Nacional - STN.
(Acesso em: 28/09/2017).
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legislações como a de Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989, regulamentada pelo
Decreto No 01, de 11 de janeiro de 1991, em 09 de novembro de 1995, a Emenda
Constitucional nº 9 alterou o artigo 177 da Constituição Federal de 1988 e, mantendo o
monopólio sob a égide da União, passou a permitir que esta contratasse com empresas
estatais ou privadas a realização das atividades de exploração e produção. A partir de
1997, o regime de regulação do setor de petróleo e gás natural no Brasil sofreu diversas
modificações como a quebra do monopólio da Petrobrás nas atividades de exploração, de
desenvolvimento, de produção e de refino de petróleo e de gás natural instituído pela
Emenda Constitucional citada e regulamentado pela Lei nº 9478, de 06 de agosto de 1997,
revogando Lei 2004/53.
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Imagem 1 - Base Petrolífera de Urucu
Fonte- Tese de Doutorado. Pela margem: ribeirinhos e transformações sociais na Amazônia .Raimundo Emerson Dourado Pereira -
PUC/SP.2016.
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contatos intensivos com os “parentes”, amigos e retornam as estas comunidades várias vezes
ao longo do ano.
Fonte- Tese de Doutorado. Pela margem: ribeirinhos e transformações sociais na Amazônia .Raimundo Emerson Dourado
Pereira - PUC/SP.2016
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Um fator quase místico muito presente na relação do rural e urbano em Coari, é
como as pessoas se relacionam com o Rio, como assinala Dourado (2016) citando
Leandro Tocantins:
O rio adquire uma associação quase mística com os homens que habitam
os rincões da Amazônia. As comunidades, as barracas, os barracões se
desenvolvem à beira dos rios, junto aos barrancos inundáveis, equilibrados
nos esteios de madeira, prontos para locomoverem-se para trás se as terras
caídas ameaçarem as palafitas, mas sempre junto ao rio, na atração máxima
do caudal de águas que é o caminho das energias vitais e comanda a vida
no anfiteatro amazônico. Para esse autor o rio conduz a vida dos ribeirinhos,
pois que das relações que estabelecem com o ambiente natural, pode-se
notar que “o homem e o rio são os dois mais ativos agentes da geografia
humana da Amazônia. O rio enchendo a vida do homem de motivações
psicológicas, o rio imprimindo à sociedade rumos e tendências, criando tipos
característicos da vida regional” (TOCANTINS, 1988, p͘.233) ͘
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REFERÊNCIAS
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Capítulos 4.
COARI (AM). In: ENCICLOPÉDIA dos municípios brasileiros. Rio de Janeiro: IBGE, 1957
COSTA FILHO, Nilton. A maldição do petróleo: a difícil sincronia entre rendas petrolíferas
e desenvolvimento no Município de Presidente Kennedy/ES./ Nilton Costa Filho. Dissertação
de Mestrado em Planejamento Regional e Gestão de Cidades. Universidade Candido
Mendes – Campos. Campos dos Goytacazes, RJ, 2016.
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Princeton, Princeton University Press,1995.
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Bureaucratic Power in Lesotho. Minneapolis & London: Oxford University Press, 1994.
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Amazônia. Tese de Doutorado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo.
2016.
SANTOS, Milton. Por uma outra Globalização – do pensamento único à consciência universal.
Rio de Janeiro: Record, 2000.
SCHOR, OLIVEIRA, MORAES E SANTANA. Apontamentos metodológicos sobre o estudo de
cidades e de rede urbana no Estado do Amazonas, Brasil. PRACS: Revista Eletrônica de
Humanidades do Curso de Ciências Sociais da
UNIFAPhttps://periodicos.unifap.br/index.php/pracs ISSN 1984-4352 Macapá, v. 9, n. 1, p.
09-35, jan./jun. 2016
SOUZA, Marcelo L. O que devemos entender por Desenvolvimento Urbano? In. O ABC do
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