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UNIDADE 1 - Do Mito À Filosofia

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FILOSOFIA

UNIDADE 1 - Do Mito à Filosofia


A curiosidade humana levou o homem a buscar
explicações para os fenômenos do cotidiano.
Numa época em que não havia nenhuma
fundamentação científica capaz de fornecer
base para o conhecimento, o homem encontrou
na mitologia grega antiga (ou cosmogonia) uma
forma de entender o mundo que o cercava. Por
isso mesmo, nós podemos afirmar que o
conhecimento mitológico representou uma das
primeiras tentativas de organizar um
conhecimento sobre a realidade.
De acordo com alguns autores, na mitologia nada
existe em uma única forma. Existe sempre o
antagonismo: a comunhão dos opostos. Assim, é
impossível pensar vida sem morte, trevas sem luz,
saúde sem doença, bonito sem feio.

O mito, ao considerar os opostos, é um movimento de


passagem de uma situação para outra: permanência e
mutabilidade. De acordo com a crença mitológica,
para que algo novo seja construído é preciso que haja
uma destruição da forma anterior. A morte, por
exemplo, seria uma eterna condição de renascimento.
Etimologicamente, a palavra MITO vem do
grego MYTHOS e significa FÁBULA; NARRATIVA;
PALAVRA. Na crença grega, o mito era um fato
narrado pelo poeta-rapsodo, um escolhido dos
deuses, para quem era revelada a origem de
todas as coisas e seres, ficando ele incumbido
de transmiti-la aos ouvintes. A narrativa,
mesmo sendo fabulosa, incompreensível ou
contraditória, tornava-se confiável e sagrada.
Confiável devido à autoridade religiosa do
narrador. Sagrada porque tinha origem divina.
As principais referências escritas dessa
fase mitológica são as obras de:

Homero (Ilíada e Odisséia)

Hesíodo (Teogonia e Os trabalhos e os


dias).
HOMERO: Iliada - Corpo de Heitor sendo carregado pelos troianos
“E o homem que é tomado de perplexidade e
admiração julga-se ignorante (por isso os
amigos dos mitos [filómito] é de um certo modo
filósofo, pois também o mito é tecido de
maravilhas); portanto, como filosofavam para
fugir à ignorância, é evidente que buscavam a
ciência a fim de saber, e não com uma
finalidade utilitária.”

Aristóteles
Os Mitos explicavam:

→ A origem do mundo
→ A origem dos seres vivos
→ As relações entre a terra e o céu
→ O que vem depois da morte.
MITOS E CULTURAS

Encontrar crenças que dê sentido aos atos da


vida;
Encontrar meios de justificar sucessos e
fracassos
Encontrar meios que auxiliem a transposição de
obstáculos.
Encontrar explicações para os fatos da vida.
Os mitos são as primeiras teorias e explicações
legadas pelos povos antigos.
A Filosofia, ao contrário do Mito, não
aceita fabulação, contradição ou
incompreensibilidade. Ela busca
respostas lógicas, coerentes e
racionais. Na Filosofia, a confiança não
está assentada na autoridade do
filósofo, mas na razão, que é a mesma
em todas as pessoas.
Razão, para a Filosofia, é uma forma de
organizar a realidade de modo que
esta se torne compreensível.
O conhecimento mitológico é anterior
ao conhecimento filosófico:

Uma segunda importância creditada à


Mitologia é que ela pode ter
contribuído para o surgimento da
Filosofia, uma vez que esta nasceu
justamente questionando a validade
do conhecimento mitológico.
Diante disso, uma pergunta que
ocupou a mente dos estudiosos de
Filosofia foi: A Filosofia nasceu a partir
de uma transformação do
conhecimento mitológico ou de uma
ruptura desse conhecimento?
As duas hipóteses já foram consideradas e
aceitas, mas, atualmente, admite-se que a
Filosofia, ao perceber que o conhecimento
mitológico era contraditório e limitado,
reformulou-o, racionalizando-o e
transformando-o num conhecimento novo e
diferente.
NÃO FOI “MILAGRE GREGO”

É fato hoje bastante aceito que o


nascimento da Filosofia na Grécia
Antiga não resultou de um “milagre”
realizado por um povo privilegiado, e
sim resultou de um processo lento e
gradual, influenciado por mudanças
sociais, políticas e econômicas.
Sobre o nascimento da Filosofia,
Marilena Chauí (2003; p.182) afirma
que: “A Filosofia nasce da admiração e
do espanto, dizem Platão e
Aristóteles.”

Admiração: ‘Por que o mundo existe?’


Espanto: ‘Por que o mundo é tal como
é?’”
Etimologicamente, a palavra Filosofia
vem do grego (philo: aquele ou aquela
que tem um sentimento amigável; e
sophía: sabedoria).

Resumindo, Filosofia significa,


portanto, AMIZADE PELA SABEDORIA.
A invenção da palavra Filosofia é
atribuída ao filósofo grego Pitágoras de
Samos (pré-socrático que viveu no séc.
V a.C.), pouco tempo depois daquele
que é considerado o primeiro filósofo
da história: Tales de Mileto (que viveu
no final do século VII a.C.).
Na fase Pré-socrátíca a pergunta mais
freqüente era: “O que são as coisas?”

Daí a Filosofia nascer como uma


Cosmologia, isto é, conhecimento
racional da ordem do mundo ou da
natureza.
A fase cosmológica da Filosofia grega
praticamente se encerra com Heráclito
(conhecimento sobre a natureza),
quando tem início a fase ontológica
(conhecimento sobre o ser),
inaugurada com Parmênides.
A maior discussão do período Pré-
socrático deu-se em torno das
questões envolvendo a mudança e a
permanência das coisas.

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