Artigo Juridico - Direito Tributario
Artigo Juridico - Direito Tributario
Artigo Juridico - Direito Tributario
TERESINA-PI
2019
ANDRÉA CAROLINY GOMES SANTIAGO
ARTHUR GABRIEL DE ANDRADE RODRIGUES
DIELISSON SILVA CALAÇA
FRANCISCA MONALISA COSTA TEIXEIRA
GLAUBER CELESTINO VASCONCELOS BARROS
JUCELINO DE OLIVEIRA AQUINO
PRISCILA APARECIDA SILVA ALMEIDA
TERESINA-PI
2019
1 ORIGEM DA CONTROVÉRSIA
2 DESCRIÇÃO DO PROBLEMA
O principal quesito observado na aplicação deste princípio, tem surgimento na percepção
de diferenças na doutrina existente na concordância do Estado em aceitar a cobrança de tributos
sob atividades não apenas ilegais mas bem como imorais.
É legal cobrar um imposto originado de uma atividade ilícita ou imoral? Caso não seja,
essa atividade não gerará nenhum direito, nenhuma renda para o Estado, ocasionando conflitos
com os indivíduos que contribuem, que sofrem tributação pelas atividades legais ou morais que
exercem.
Em outros termos, a dúvida que se levanta é a seguinte: importa de onde o dinheiro vem
para que ele possa ser tributado? Essa problemática foi levantada ainda na Idade Média, quando
surgiu esse princípio entre o diálogo do imperador Vespasiano e seu filho Tito, que indagou seu
pai sobre a cobrança de tributos sobre a utilização dos banheiros públicos.
Conforme Art. 116, no inciso I, no direito tributário considera-se apenas com às relações
econômicas, não levando em consideração o fato gerador da renda:
“Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza
tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: § 1o A incidência
do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição
jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção.”
Impetrado ao STF teve como relator o ministro Sepúlveda Pertence, na qual indeferiu,
usando como fundamento as obras (O Fato Gerador de Obrigação Tributaria, 2º Ed., ed. RT,
p. 86), e decisões do extinto TFR (RDA 22/35; 34/80 e 44/65) e em sentido contrário (RF.
170/209).
Mesmo sendo a divergência apresentada pela doutrina ainda muito acentuada, não se
pode negligenciar o fato de que a corrente favorável a tributação dos atos ilícitos vem, a cada
dia, ganhando mais seguidores, uma vez que se fortalece o aspecto econômico do fato gerador,
tornando-se irrisória a discussão acerca da moralidade ou ilicitude do ato jurídico que o gerou.
Haveria na exoneração tributária um resultado contraditório, por isso que se estaria abrindo
aos contraventores, aos marginais, aos ladrões, aos que lucram com o furto, o crime, o jogo
de azar, o proxenetismo, etc., a vantagem adicional da exoneração tributária, de que não
gozam os contribuintes com igual capacidade contributiva decorrentes da prática de
atividades, profissões ou atos lícitos. (FALCÃO, Amílcar de Araújo. op. cit., p. 90.)
Há também a opinião daqueles que, embora aceitem a conclusão de serem tributáveis
as operações ou atividades em comento, fazem restrições a essa corrente. Oronzo Quarta
distingue entre atividades imorais toleradas e atividades propriamente contra legem. Segundo
ele, estas atividades deverão ter suas tributações desconsideradas, ao passo que aquelas devem
ensejar a cobrança do tributo. No mesmo caminho direciona Otmar Bühler, para quem
algumas atividades devem ser atingidas pela incidência, enquanto outras não. Apesar de não
apresentar um aspecto diferenciador evidente, o autor recusa a tributação de atividades
imorais, como a encontrada nos bordéis.
Pelo inciso II, infere-se que mesmo sofrendo limitações relevantes no exercício de
atividades civis, comerciais ou profissionais, a pessoa natural não está dispensada da cobrança.
Assim, deverá contribuir normalmente o réu preso, o profissional suspenso por seu conselho,
o interditado, o transportador com habilitação suspensa, o falido, entre outros.
Também é nesse sentido o inciso III ao prevê que a incidência tributária ocorrerá
independentemente da regular constituição da pessoa jurídica, mediante a inscrição ou registro
dos seus atos constitutivos no órgão competente. Desta maneira, situação irregular da
instituição que exerce empresa não afasta a obrigação de recolher o tributo, pois sua
capacidade tributária independe da constatação da regularidade de sua formação.
Não poderia ser outro o entendimento, ao passo que posição contrária induziria à lesão
ao STN, pois se assim não fosse haveriam inumeráveis bens sendo transferidos no nome de
incapazes, bem como sócios propositalmente negligenciariam o cadastro perante o fisco,
dentre outras fraudes prováveis.
Apesar do artigo não ser comumente alvo de elogios, pelo contrário, frequentemente
se tem comentado de sua atecnia, muitos valem-se dele para defender seu ponto de vista. Uma
delas é Regina Helena Costa que observa:
Outro preceito cuja redação peca pela clareza, revelando-se, mesmo, à primeira vista,
incompatível com o disposto no art. 116, pois determina que a definição legal do fato gerador
deve ser interpretada abstraindo-se dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos.
Essencialmente, remarca a autonomia do Direito Tributário para definir os efeitos dos atos
jurídicos em seu domínio, advertindo o intérprete de que a disciplina do direito privado não
interfere na definição do fato gerador. Desse modo, a validade e a eficácia dos atos jurídicos,
à luz do Direito Civil, por exemplo, não repercute no aperfeiçoamento do fato gerador. Noutro
dizer, ainda que o ato jurídico seja inválido ou ineficaz no âmbito do direito privado, isso não
lhe subtrairá a eficácia no campo tributário. Desse modo, por exemplo, mesmo que alguém
aufira renda mediante a exploração de atividade ilícita, será contribuinte do respectivo
imposto. (COSTA, Regina Helena. Curso de direito tributário. 4. Ed. São Paulo: Saraiva.
2014, p. 182)
Por isso, este foi o entendimento que moldou o Projeto do CTN, esposado no até então
art. 85 com os seguintes dizeres:
Através de uma rápida comparação com o artigo atual, verifica-se que uma das
alterações consistiu na remoção dos termos referentes a ilegalidade e imoralidade, revelando
que a tributação de atos dessa natureza, desde aquela época, não era consenso.
Em suma, a maioria dos adeptos dessa corrente de pensamento propugnam que a lei
não pode incluir na hipótese de incidência tributária o elemento ilicitude, muito embora o fato
gerador possa ocorrer em circunstâncias ilícitas. Portanto, é razoável que se estabeleça uma
obrigação de pagar tributo sobre uma situação ilícita. Em ocorrendo, não há falar em
imposição sancionatória, mas em tributo. Nesse sentido, Hugo de Brito Machado aduz:
EMENTA: Sonegação fiscal de lucro advindo de atividade criminosa: non olet. Drogas:
tráfico de drogas, envolvendo sociedades comerciais organizadas, com lucros vultosos
subtraídos à contabilização regular das empresas e subtraídos à declaração de rendimentos:
caracterização, em tese, de crime de sonegação fiscal, a acarretar a competência da Justiça
Federal e atrair pela conexão, o tráfico de entorpecentes: irrelevância da origem ilícita, mesmo
quando criminal, da renda subtraída à tributação. A exoneração tributária dos resultados
econômicos de fato criminoso – antes de ser corolário do princípio da moralidade – constitui
violação do princípio de isonomia fiscal, de manifesta inspiração ética. (HC n. 77.530/RS, 1ª
T., rel. Min. Sepúlveda Pertence, j. 25-08-1998) EMENTA: Habeas corpus. Penal. Processual
penal. Crime contra a ordem tributária. Artigo 1º, I, da Lei n. 8.137/90. (...) Alegada
atipicidade da conduta baseada na circunstância de que os valores movimentados nas contas
bancárias do paciente seriam provenientes de contravenção penal. Artigo 58 do Decreto-Lei
n. 6.259/44 – Jogo do Bicho. Possibilidade jurídica de tributação sobre valores oriundos de
prática ou atividade ilícita. Princípio do Direito Tributário do non olet. (...) A jurisprudência
da Corte, à luz do art. 118 do CTN, assentou entendimento de ser possível a tributação de
renda obtida em razão de atividade ilícita, visto que a definição legal do fato gerador é
interpretada com abstração da validade jurídica do ato efetivamente praticado, bem como da
natureza do seu objeto ou dos seus efeitos. Princípio do non olet. Vide o HC n. 77.530/RS, 1ª
T., Relator o Ministro Sepúlveda. Pertence, DOJ de 18/9/98. 3. Ordem parcialmente conhecida
e denegada. (HC 94.240, rel. Min. Dias Toffoli, 1ª T., j. em 23-08-2011).
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 9.ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
ATALIBA, Geraldo. Hipótese de incidência tributária. 6 ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
BALEEIRO, Aliomar. Direito Tributário Brasileiro. 11. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Habeas Corpus n. 77.530. Paciente: Pio Chagas Junior,
Roberto Rodrigues Chagas, Altamiro de Araújo Lima Filho e outros. Relator: Sepúlveda
Pertence. Rio Grande do Sul, 25 de Agosto de 1998. Disponível em:
<https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/740507/habeas-corpus-hc-77530-rs>. Acesso em:
16 de Mai. 2019.
FERREIRA, Rodrigo. Tributos: origem e evolução. Breve abordagem histórica sobre a
evolução dos tributos. Disponível em: <
https://rfersantos.jusbrasil.com.br/artigos/222353175/tributos-origem-e-evolucao> Acesso em
18. Maio.2019.
OLIVEIRA, Jânio Ponciano de. Da admissibilidade de tributação decorrente de atos ilícitos
sob a perspectiva do princípio pecunia non olet no ordenamento jurídico brasileiro. 59 f.
Monografia (Graduação em Direito) - Faculdade de Direito, Universidade Federal do Ceará,
Fortaleza, 2015.