Deepak Chopra A Cura Quântica
Deepak Chopra A Cura Quântica
Deepak Chopra A Cura Quântica
Estudos
HOMEOPÁTICOS
Publicação Digital Quadrimestral Gratuita
Ano 1
N° 1
Julho/2017
Editorial
Esta 1ª edição da Revista de Estudos Homeopáticos é resultado do
esforço de um grupo de terapeutas homeopatas (ocupação registrada na
Classificação Brasileira de Ocupações – CBO) formados pelo Instituto
Hanhemaniano, em parceria com a Universidade Federal de Viçosa, na
turma que teve início em Brasíia, em 2013. Desde então, com o objetivo de
divulgar conhecimento para esclarecer o grande público, além de qualificar
terapeutas homeopatas junto às instâncias acadêmicas e científicas, este grupo, livre,
voluntário e autogestionado, passou a organizar encontros mensais para reunir
terapeutas homeopatas do Centro-Oeste, especialmente do Distrito Federal e de
Goiânia, democratizando informação e promovendo capacitação continuada.
Editora-Executiva
Sheila da Costa Oliveira
Conselho Editorial
Ramon Lobo
Evandro Aguiar Nascimento
Redatores
Angélica Calheiros
Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste
Revisão
Sheila da Costa Oliveira
Contato
Email: homeopatascentrooeste@gmail.com
ÍNDICE
PRIMEIRA PARTE: HOMEOPATIA E NÓS 5
BIOGRAFIAS 7
Hahnemann e seu compromisso com a arte de curar
7
HOMEOPATIA E CULTURA: VALE A PENA LER 9
Organon da Arte de Curar, de Samuel Hahnemann
9
NOTÍCIAS HOMEOPÁTICAS 11
1. No Brasil 11
Homeopatia e Legislação Brasileira 11
Criadores apostam na Homeopatia para tratar doenças de animais
12
Homeopatia na Agricultura é tema de curso de extensão no Paraná
12
IV Congresso Nacional de Terapeutas 12
2. No Mundo 13
Homeopatia na ONU 13
Índia é o país que mais usa Homeopatia 13
Medicamento homeopático bate recorde de vendas na França
13
A Homeopatia nos EUA 13
COM A FALA, OS ATENDIDOS 15
A HOMEOPATIA A NOSSO FAVOR 17
ENTREVISTA 19
Homeopatia: O que é e como funciona? 19
SEGUNDA PARTE: HOMEOPATIA TAMBÉM É CIÊNCIA 21
CURANDO COM... 23
Arnica: Um santo remédio 23
NARRATIVAS TERAPÊUTICAS 25
Estudo de caso 25
DE OLHO NA PESQUISA 27
1. Artigo 27
2. Monografia 41
HOMEOPATIA EM REDE 58
Primeira Parte
HOMEOPATIA E NÓS
6
Hahnemann e seu compromisso
com a arte de curar
“A mais alta e única missão do médico é restabelecer a saúde nos doentes, que é o que se chama curar”.
Assim escreveu o médico alemão que desafiou to- Já casado com Joanna Leopoldina Henriqueta Ku-
dos os métodos tradicionais de medicina de sua chler, com quem teve 11 filhos, o cientista se dedi-
época, Christian Friedrich Samuel Hahnemann, na cou a trabalhos de traduções de textos científicos e
obra “Organon da arte de curar”, cuja resenha está experimentos na área de química, bem como à sua
presente nesta primeira edição da Revista de Estu- atividade médica, e passou a estudar e desenvolver
dos Homeopáticos (página 9). Pai da Homeopatia, uma teoria que, mais tarde, serviria de base para a
Hahnemann nasceu no dia 10 de abril de 1755, na Homeopatia: a arte de curar por meio de substân-
cidade de Meissen, localizada no estado da Saxônia, cias naturais. Dois casos o ajudaram a confirmar
um lugar privilegiado por belas paisagens naturais. tal pensamento. O primeiro envolveu uma família
com quatro crianças. Três delas tiveram escarlati-
]Ele cresceu em um ambiente modesto. Seu pai, na e apenas uma, medicada com Belladonna, uma
Christian Gottfried Hahnemann, foi pintor de uma planta encontrada facilmente na Europa, na Ásia,
fábrica de porcelanas e também de aquarelas, e, na África e em algumas partes da América do Nor-
ao lado da esposa, Johana Christiana Spiess, ensi- te, escapou da infecção. O segundo, em uma família
nou o filho a viver sem presunção e exibicionismo. com oito crianças, das quais três tinham escarlatina,
Nas palavras de Hahnemann, o pai “descobriu por e as outras cinco, que também estavam recebendo
si mesmo as mais sólidas concepções do que é ser dosagens de Belladonna, não ficaram doentes.
bom e o que pode ser considerado digno de ser
humano. Ele implantou essas idéias em mim (...). A partir do ano de 1796, ele intensificava seus es-
Impressionou-me mais por seus exemplos que por tudos a respeito de medicamentos naturais e seus
suas palavras”. efeitos nos pacientes que tratava. Essas experiências
motivaram a produção de diversos artigos que cri-
Com uma inteligência fora do comum, aos 14 anos ticavam profundamente a medicina da época, que
Hahnemann já substituía seu professor de grego ele chamava de “Alopatia”, além de expor seus erros
em sala de aula e, aos 20, conhecia profundamente, e absurdos, e, sobretudo, seus métodos de “cura”,
além do alemão, línguas como latim, hebraico, sírio, que, em lugar de curar, causavam mais sofrimento
árabe, espanhol, italiano e francês. Nessa mesma ao organismo dos seres humanos adoecidos. A pu-
época, começou a estudar Medicina na Universi- blicação do artigo “Ensaio sobre um novo princípio
dade de Leipzig, local que contemplava puramente para descobrir as virtudes curativas das substâncias
o ensino teórico em vez de relacioná-lo ao prático, medicinais seguidos de alguns comentários sobre
uma tendência que dominava todas as faculdades os princípios admitidos até nossos dias” marcou o
de medicina da Europa. Insatisfeito com tal enfo- início da doutrina homeopática.
que, o estudioso alemão foi para Viena, onde come-
çou a praticar medicina no povoado de Hettstedt. Na busca de desenvolver um tratamento de cura
Em 1799, ele defende sua tese de doutoramento em eficaz, Hahnemann experimentava as substâncias
Medicina. naturais que estudava em si mesmo, analisava e
7
anotava os efeitos que sentia e passava a aplicá-las, mes. No ano de 1828, mais uma obra de importan-
por meio de grandes doses, em enfermos com sin- tíssima para a doutrina homeopática foi lan-çada
tomas e características similares. Atento aos efeitos pelo médico alemão: “Doencas crônicas, sua natu-
colaterais e às suas intenções de evitar intoxicações reza e seu tratamento homeopático”.
para não prejudicar seus pacientes, o médico pas-
sou a diluir as substâncias utilizadas e a ministrá-las Por dedicar sua vida à cura a partir de métodos que
em pequenas quantidades. contradiziam fortemente a ciência pre-dominan-
te na época, Hahnemann sofreu perseguições por
O “processo de dinamização”, criado por ele, tam- parte de farmacêuticos e médicos duran-te boa par-
bém é fruto da atenção que o cientista dedicava às te de sua vida. O reconhecimento da Homeopatia
pessoas que tratava. Ele notou que os medicamen- como tratamento terapêutico começou em 1831,
tos que demoravam mais para chegar às casas dos um ano após a morte de sua esposa, quando o es-
pacientes se mostravam mais rápidos e eficazes. A tudioso alemão ajudou a conter uma epidemia de
única diferença entre estes remédios e os que eram cólera na Europa utilizando medicamentos home-
recebidos pelas pessoas que moravam mais perto opáticos. Na Áustria, um decreto que proibia a prá-
eram os sacolejos que os recipientes sofriam duran- tica da Homeopatia foi abolido e, na França e nos
te o transporte a cavalo. A partir dessa observação, Estados Unidos, a prática passou a conquistar um
Hahnemann concluiu que as substâncias homeopá- número cada vez maior de adeptos.
ticas deveriam passar por batidas fortes e ritmadas
para despertar a energia contida nelas, afinal, se os Hahnemann e seus discípulos desenvolveram 100
processos de saúde, doença e cura são dinâmicos, o substâncias curativas que, até hoje, nor-teiam os
medicamento também o deveria ser. princípios básicos da Homeopatia. Ele faleceu aos
88 anos, em Paris, no dia 2 de julho de 1843. Suas
Em 1810, a primeira edição do livro “Organon da ideias e estudos, no entanto, continuam sendo di-
Arte de Curar” veio a público e foi conside-rado fundidos para diferentes gerações de profissionais e
como referência para os estudos homeopáticos, ga- simpatizantes que acreditam no tratamento médico
nhando mais cinco edições até 1923. Já em 1811, global, tratando os seres humanos por completo e
Hahnemann iniciou a publicação da obra “Matéria não somente seus sintomas.
Médica Pura” que, até 1821, completou seis volu-
8
Vale a pena ler...
Organon da Arte de Curar
9
Escrita em 1810 pelo Dr. Samuel Hahnemann, em leis naturais e que, por coerência, deve tratar
fundador da Homeopatia, a obra Organon da doenças através de métodos naturais.
Arte de Curar aborda os fundamentos da home-
opatia e faz uma dura, porém verdadeira, análi- Ao longo do texto, organizado em 291 parágra-
se acerca da medicina de sua época, que se re- fos, percebe-se a falta de conhecimento que em-
sumia a tratamentos alopáticos que uma ciência basava a prática médica do século XIX, que mal
bem intencionada não poderia aceitar. Estes, por sabia sobre anatomia, função do sangue e humo-
exemplo, partiam do pressuposto de que doenças res corporais, e conexão entre estados mentais,
eram causadas por substâncias ácidas e mórbidas emocionais e físicos na produção dos adoeci-
que se alojavam no organismo, o que justificava mentos. Com coragem e assertividade, Hahne-
tratamentos traumáticos, como a aplicação de mann expõe, de maneira clara, conceitos científi-
sanguessugas na pele e uso de substâncias que cos inovadores para um período tão conturbado
expulsavam os líquidos corporais. para a medicina, capazes de mover montanhas de
preconceitos e crendices acumuladas e que conti-
É válido apontar que a palavra “Organon”, cujo nuam válidos até hoje.
significado é “instrumento” ou “ferramenta”, faz
uma referência a um conjunto de obras do filóso- Para os estudiosos e interessados pela Homeopa-
fo Aristóteles, que relaciona a filosofia com a ló- tia, essa é uma obra de cabeceira que serve como
gica. Logo, uma das mais belas intenções do livro diretriz tanto para diferenciar os estudos home-
produzido por Hahnemann é apresentar a lógica opáticos verdadeiros de outras terapias quanto
que por trás da medicina: esta se origina de um para conhecê-los em sua essência.
ramo da biologia, uma ciência natural baseada
10
NOTÍCIAS
Brasil
11
Criadores apostam na Homeopatia para tratar doenças de animais
Em São Paulo, o sítio de Vilson Bartuira, em Limeira, abriga rebanhos de ovelhas e cabras que rece-
bem medicamentos homeopáticos para tratar verminoses e casos de mastite ou mamite, inflamações nas
glândulas mamárias, causadas por microrganismos, como bactérias, que colocam em risco a saúde dos
animais e a qualidade do leite.
No caso das ovelhas, que vivem soltas, a Homeopatia é administrada em um pó, misturado ao sal mine-
ral, e aplicada quando os animais são levados para as baias, na hora da medicação.
Os cabritos, que não conseguem mamar nas mães e não se alimentam de ração, recebem as doses na
mamadeira. Para eles, a medicação serve como prevenção ao stress, principalmente por viverem em
confinamento.
12
Mundo
Homeopatia na ONU
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece oficialmente a Homeopatia como medicina com-
plementar desde 1978, e recomenda sua aplicação em todos os sistemas de saúde no mundo. De acordo
com a Organização, cerca de 500 milhões de pessoas recebem tratamento homeopático em todo o mun-
do e a Homeopatia faz parte dos sistemas nacionais de saúde de vários países além do Brasil, como Chile,
México, Suíça, Reino Unido, Paquistão e Índia.
De acordo com o Instituto Nacional de Saúde, mais de 6 milhões de pessoas nos Estados Unidos usam
tratamento homeopático, sobretudo, para auto atendimento de condições específicas de saúde. Daqueles
que usam homeopatia, 1 milhão são crianças e mais de 5 milhões são adultos.
13
Medicamento homeopático bate recorde de vendas na França
O Oscillococcinum é um remédio produzido a partir de extratos de pato e é indicado para aliviar
os sintomas da gripe, como febre, dores de cabeça, calafrios e dores no corpo. Na frança, esse me-
dicamento homeopático foi um dos mais vendidos no ano passado.
“Quando o paciente está com gripe, os médicos se vêem limitados para recomendar qualquer
coisa da medicina tradicional, afinal, não existe uma cura”, aponta o médico Ken Redcross. “Usar
medicamentos que reduzam os efeitos dos sintomas pode ser de grande ajuda”, completa o espe-
cialista, que costuma indicar Oscillococcinum para seus pacientes por ser um remédio de baixo
custo, que pode ser usado por toda a família e porque, quando ingerido nas primeiras 24 horas
após o surgimento dos sintomas, oferece uma melhora considerável, e até completa, do quadro de
gripe em até 48 horas.
“Se você pegar gripe na França, a primeira coisa que os médicos recomendam é Oscillococcinum",
acrescenta Redcross. “Por isso, é importante fazer um estoque do remédio antes que a temporada
de gripe chegue à sua casa ou ao seu trabalho”, conclui.
14
COM A FALA, OS ATENDIDOS
A Homeopatia muda a vida de diversas pessoas, todos os dias, em cada cantinho do Brasil e do mundo.
Nesta seção é possível conhecer de perto algumas histórias de quem buscou tratamento através de medica-
mentos homeopáticos e observou mudanças significativas na própria saúde, e, também, na de familiares e
outras pessoas próximas.
Apesar de ser filho de médico (aneste- tratando meu problema renal para,
sista, especialista em drogas), ouvi des- depois, tratar enxaqueca, ansiedade,
de criança que deveria evitar remédios sistema imunológico e até pré e pós-
e resistir um pouco para que o orga- -cirúrgico. O tratamento homeopático
nismo conseguisse reagir. Sofria des- perpassa um autoconhecimento físico
de criança com enxaquecas e crises de e psicológico muito importante, o que
cálculos renais, a ponto de fazer duas tem me dado um resultado super po-
cirurgias para a extração das “pedras”. sitivo, chegando ao ponto de passar a
Há pouco mais de sete meses, eu fui incluir o investimento no tratamento
levado, por minha esposa (que já era homeopático no orçamento familiar
paciente) à Homeopatia, que começou mensal.
15
Luciana Guimarães, 45 anos, residente em Vicente Pires
(Distrito Federal)
“Sempre que posso, faço opção pelo são ainda maiores do que eu achava
tratamento homeopático ou, em ca- antes. Na Homeopatia é possível fazer
sos mais específicos, uso a Homeopa- ajustes de medicamentos observando
tia junto com a Alopatia. Eu conheci a o temperamento das pessoas, o meio
Homeopatia por indicação da pediatra onde elas vivem, a influência da famí-
de uma de minhas filhas, que era tam- lia e questões mentais também. O que
bém homeopata. Eu não conhecia bem mais me encanta é a possibilidade de o
o tratamento, só ouvia falar, sabia que organismo se fortalecer e ter condições
alguns colegas e alunos meus usavam de cura porque, às vezes, quando se usa
esse tipo de medicamento e comprava medicações tradicionais, você se vicia
de vez em quando algumas fórmulas ou sente que elas param de fazer efeito
prontas. Observando que a Homeo- a partir de um certo ponto. A aborda-
patia era melhor para a minha filha, gem do profissional que te atende como
comecei a me aprofundar mais para homeopata também é diferente porque
entender o que era e como funciona- ele indica um medicamento depois que
va. Desde então, recorro ao tratamen- conhece a pessoa. Isso é importante. Às
to para prevenir doenças, além de ver vezes eu me pergunto por que não exis-
vantagens em questões de custo-bene- tem mais informações disponíveis de
fício, de poder contar com tratamentos forma mais ampla sobre a Homeopa-
que não são agressivos ao organismo tia. Eu acho que o acesso a ela deveria
e com o fato de os medicamentos ho- ser mais democrático e facilitado para
meopáticos serem mais personaliza- toda a população.”
dos. As possibilidades de tratamento
Confira a próxima edição para apreciar mais depoimentos. Caso deseje enviar o seu, entre em contato
16
através do e-mail: homeopatascentrooeste@gmail.com.
A HOMEOPATIA A NOSSO FAVOR
Usos e aplicações da Homeopatia na vida cotidiana
Ao iniciar a busca por tatamento ho- não como algo preventivo, mas sim
meopático, é muito comum os inte- após a instalação física de um mal es-
ressados perguntarem: Mas homeo- tar, e as queixas costumam se iniciar
patia trata dor de cabeça? Problemas por algum sintoma bem incômodo,
psiquiátricos? Serve para dor de den- que afeta alguma área vital para o
te, senilidade, traumas graves como indivíduo, tal como a locomoção, o
uma fratura exposta? Em uma cirur- sono, a digestão, problemas na pele,
gia, é possível utilizá-la? Já ouvi falar na visão, e assim por diante. Dessa
que posso dar homeopatia para meu forma, também é comum iniciar o
aninal de estimação... Isso é verdade? tratamento com foco nesse mal estar e
Afinal, como essas gotinhas e “boli- evoluir o tratamento para outras áre-
nhas” (os glóbulos) podem nos aju- as, pois, como nenhum medicamento
dar? homeopático age apenas em um pon-
to exclusivo do corpo, a saúde como
Para responder a essas perguntas, ne- um todo começa a melhorar, às vezes
cessariamente precisamos dizer sim imperceptivelmente, em curto prazo,
e não. Sim, porque todos os males mas com ganhos significativos, ao
humanos podem ser tratados pela longo do tempo de tratamento.
abordagem homeopática, tanto como
opção única quanto como apoio, Da mesma forma que ajuda seres hu-
complemento à medicina tradicional. manos, a abordagem homeopática
E não porque, em homeopatia, não se também pode ser aplicada no solo e
tratam doenças, mas os doentes. na água, para purificar e nutrir, em
plantas e animais, para melhorar sua
No entanto, é preciso considerar que a saúde, seu desenvolvimento e sua be-
maioria das pessoas procura terapias leza, seja para prevenir ou para curar
17
um determinado mal: fungos, pragas, e melhorando sua própria qualidade
fraqueza, estados agudos e crônicos de vida, além das de seus familiares e
das mais diversas naturezas. cuidadores.
18
ENTREVISTA
Homeopatia: O que é e como funciona?
No mundo, a Homeopatia tem mais de 200 anos de história. Já no Brasil, o método terapêutico é re-
conhecido pelo Conselho Federal de Medicina desde 1980 e, desde então, vem conquistando seu espaço
tanto entre quem busca tratamentos naturais para curar doenças, quanto entre profissionais que en-
contram nele uma forma humanizada de interferir, de maneira positiva, na saúde dos seres humanos.
Para entender melhor o que é e como funciona a Homeopatia, confira a entrevista que realizamos com a médica
especialista em Homeopatia, Acupuntura e Patologia Clínica, Aldenice Cousseiro de Carvalho Filha (66 anos).
19
REH: Qual é a importância da Homeo- ACCF: Em diversos casos, se não todos. Até
patia em tratamentos de saúde? mesmo às vésperas de uma cirurgia e duran-
te o processo pós-cirúrgico a Homeopatia faz
diferença. Nesses casos, por exemplo, o medi-
ACCF: A Homeopatia pode ser usada, de
camento Arnica Montana evita inflamação
maneira geral, para qualquer problema de
e aumenta a imunidade celular, questões es-
saúde, sejam emocionais, digestivos, gineco-
senciais para restabelecer a saúde do pacien-
lógicos, dermatológicos, respiratórios e, tam-
te.
bém, em casos de alergias, infecções gerais
e até bacterianas. Ela é muito importante
porque não suprime os sintomas apresen- REH: Alguns cientistas dizem que a
tados pelos pacientes e também aumenta a homeopatia não possui embasamen-
imunidade celular. Além disso, ela é eficaz to científico ou explicação científica.
e mais acessível do ponto de vista financei- Qual é a sua opinião sobre isso?
ro. No entanto, doenças mais características
como diabetes e câncer não devem ser tra- ACCF: Quem assim se posiciona não co-
tadas apenas com Homeopatia, embora seja nhece os fundamentos da Homeopatia. Não
possível usar os medicamentos homeopáticos devemos esquecer de que o médico alemão
para aumentar a resistência dos pacientes e Samuel Hahnemann, seu fundador, provou,
abreviar o tempo de recuperação. através de seus estudos e experimentos, que
a Patogenesia (experimentação nos pacientes
REH: O tratamento homeopático ain- sãos) e todas as outras bases da Homeopatia,
da sofre preconceitos no Brasil? como os processos de diluição e dinamização,
são uma realidade e não uma questão de
ACCF: A prática foi reconhecida pelo Con- opinião ou de “achismo”. Só se deve criticar
selho Federal de Medicina do país há um aquilo que se conhece.
pouco mais de 30 anos, então, sim, princi-
palmente entre alguns colegas médicos que REH: Quais dicas você daria para pes-
desconhecem seus princípios e defendem que soas que procuram tanto homeopatas
“Homeopatia é placebo”. Contudo, já avan- quanto farmácias homeopáticas confi-
çamos muito. Hoje em dia, hospitais da rede
pública, como o Hospital Regional da Asa
áveis?
Norte - HRAN, no Distrito Federal, já ofe-
ACCF:Uma boa dica para evitar fraudes é
recem atendimento homeopático em suas
não acreditar em propagandas enganosas,
unidades, assim como em vários postos de
que prometem resultados muito bons e muito
saúde.
rápidos, e verificar se o homeopata que orien-
ta o tratamento realmente tem conhecimento
REH: Em quais casos a senhora indi- e pratica adequadamente a homeopatia.
caria o tratamento homeopático?
20
Segunda Parte
HOMEOPATIA TAMBÉM É
CIÊNCIA
21
22
CURANDO COM...
Arnica: Um santo remédio
Usada desde a Idade Média para curar feridas, meopatia receitada no caso de catástrofes com
inclusive em animais, a Arnica, ou Arnica Mon- pessoas, animais ou plantas, e, também, quan-
tana, é uma planta comum nas altas montanhas do acontecem torções, escoriações, cirurgias e
da Europa, na Sibéria e na América do Norte, flebite superficial. Junto com Hypericum (que
crescendo às bordas de pradarias e em terrenos trata mais os filamentos nervosos) e Symphitum
silicosos e úmidos. Como está sempre exposta (mais ligado aos problemas ósseos), compõe o
a muito sol, frio, vento e agitações contínuas, a chamado “Trio do Trauma”, contribuindo para o
Arnica apresenta várias cicatrizes e desenvolve restabelecimento mais rápido do corpo e para a
grande resistência a choques sucessivos. Não é rearmonização mental e emocional.
à toa que suas propriedades curativas comba-
tem situações dolorosas, seja do ponto de vista No Brasil, a planta ganhou diversos nomes, entre
físico ou do emocional, sendo muito apropriada eles Arnica-da-Orta, Arnica-do-Brasil, Erva-Fe-
às pessoas que têm as chamadas “vidas difíceis”, deral, Espiga-de-Ouro, Flecha, Lenceta, Mace-
com choques e traumas sucessivos, por vezes la-Miúda e Sapé-Macho. É possível encontrá-la
em curto espaço de tempo. como pomada, gel, tintura-mãe, medicamento
homeopático e chá, mas não se deve começar a
Com mais de 30 espécies, que apresentam co- usá-la para resolver qualquer dor de cabeça, pois,
res e estruturas diferentes, entre elas a Arni- apesar de ser um medicamento natural, a planta
ca-Brasileira, encontrada em Minas Gerais e é hepatotóxica. Por isso, se usada de forma ex-
no interior de São Paulo e do Goiás; a Arnica cessiva, ou na diluição inadequada, pode causar
Fulgens e o Tabaco-das-Montanhas, essa erva é danos sérios ao fígado. Além disso, não se deve
um importante policresto homeopático, ou seja, aplicá-la em feridas abertas ou regiões mucosas,
um remédio apropriado para muitas situações. como boca, olhos e nariz.
Seus efeitos analgésicos, anti-inflamatórios, ci-
catrizantes e antissépticos servem tanto para Para realmente usá-la a favor da sua saúde, pro-
aliviar e reduzir inchaços, feridas e picadas de cure o acompanhamento de um profissional de
inseto quanto para traumas físicos, mentais e fitoterapia e/ou homeopatia confiável e não caia
23
emocionais. Por isso, a Arnica é a primeira ho- nas armadilhas da automedicação.
NARRATIVAS TERAPÊUTICAS:
ESTUDO DE CASO
Terapeuta: Abrão Matias, Goiânia
Paciente: mulher, negra, 73 anos, solteira, nunca casou
Primeira consulta: maio de 2016
Motivo da consulta: Foi vista pelo terapeuta em uma rua da cidade de
Goiânia, com uma grande lesão na perna.
• Tirou mioma, sofre de: hérnia de disco, erisipela, pressão alta, está perdendo
a visão; insônia por sentir muitas dores na perna por causa de uma grande ferida
que tem há mais 3 anos, e por ficar remoendo pensamentos ruins. Tem varizes e
erisipela; caminha com muita dificuldade.
• Há vários casos de câncer na família; morreram a mãe e uma irmã com essa
doença.
• (Chorou quando falou dos membros da família que morreram de câncer.)
• Noite atribulada; não consegue descanso para o cérebro; abafamento na
garganta; não consegue engolir.
• Problemas circulatórios, fez cirurgia nas pernas.
• Dores de cabeça pulsantes.
• Se ficar nervosa, coloca sangue pelo nariz.
• Remói tristeza, tem medo do abandono.
• Sente muita falta da mãe e dos irmãos.
• Está criando duas crianças, mesmo com todas as suas dificuldades.
• Chora por qualquer motivo, sente muita tristeza.
24
PRIMEIRA INDICAÇÃO TERAPÊUTICA:
• Tintura de calêndula (para banho diário da ferida)
• Mercurius 6ch
• Echinacea 6ch
25
ANTES DO TRATAMENTO
DEPOIS DO TRATAMENTO
26
DE OLHO NA PESQUISA
Artigo: Florais de Bach e Homeopatias no Tratamento do Autismo Infantil: Parceria de
Harmonização 1
Sheila da Costa Oliveira2
RESUMO
O presente trabalho objetiva apresentar os resultados terapêuticos positivos obtidos com a associação
de florais de Bach e medicamentos homeopáticos no tratamento do autismo infantil. Foi acompa-
nhada apenas com florais e homeopatia, em encontros mensais, de dezembro de 2014 a junho de
2017, uma criança sexo masculino (de 8 a 10 anos), durante 30 meses, com melhora significativa da
interação familiar e social, da clareza mental e da expressão oral e escrita, quando, alopaticamente,
já não havia mais intervenções possíveis. O acompanhamento continua e a criança está agora sendo
preparada para entrar em classe de educação inclusiva.
PALAVRAS CHAVES
Combinação de terapias complementares, Autismo infantil, Educação inclusiva.
ABSTRACT
This paper presents the positive therapeutic results obtained with the combination of Bach flower re-
medies and homeopathic medicines in the treatment of infantile autism. It was accompanied only with
floral and homeopathy, in monthly meetings from December 2014 to June 2017, a child male aged
8-10 years/30 months with significant improvement of familiar and social interactions, mental clarity
and oral and written expression, when, allopathically, there was no longer possible interventions. The
monitoring continues and the child is now being prepared to enter into inclusive educational class.
KEY-WORDS
Complementary therapies combination. Infantile autism. Inclusive education.
27
INTRODUÇÃO
O autismo, objeto de estudos médicos relativamente recentes – os primeiros registrados indicam a
década de 1960 como origem - pode ser genericamente definido como uma “disfunção de desenvolvi-
mento”, a qual pode alterar o modo de comunicação da pessoa, o seu modo de estabelecer contatos e
relações afetivas de amizade e o próprio comportamento, causando problemas vários, ou síndromes,
conhecidas por TGD: transtorno global do desenvolvimento. É estudado pela medicina (neurologia,
psiquiatria) pela nutrição e pela psicologia, bem como psicopedagogia, pedagogia e também pelas
terapias complementares, com diferentes abordagens.
Segundo vários autores da área médica e psicológica responsáveis pelos estudos da ASA - AUTISM
SOCIETY OF AMERICA (2008), existem classificados três grandes tipos de Transtorno do Espectro
de Autismo (TEA):
1. Transtorno Autista 3. Transtorno Invasivo do Desenvolvimento, ou "autismo atípico", que
ou autismo "clássico", que leva caracteriza pessoas que parecem se desenvolver normalmente até
a atrasos de linguagem signifi- cerca de 18 a 24 meses de idade e depois param de ganhar novas
cativos, aumentando os desa- habilidades, ou perdem as que já haviam desenvolvido. Ainda se-
fios sociais e de comunicação gundo a ASA, indivíduos diagnosticados como autistas usualmen-
e conduz a comportamentos te apresentam pelo menos metade das características mostradas na
incomuns e, com frequência, a Figura 1 a seguir, e os sintomas se manifestam desde suas formas
deficiências intelectuais. mais brandas até as mais severas. A observação cuidadosa ainda é
o mais importante meio de diagnóstico, pois, embora o transtorno
2. Síndrome de Asperger autista possa vir associado a diversos problemas neurológicos e/ou
Conjunto de sintomas mais le- neuroquímicos, não existe ainda nenhum exame específico para de-
ves do transtorno autista. Nesse tectá-lo, e qualquer resultado laboratorial e/ou de imagem precisa
grupo, os autistas podem apre- ser complementado pela observação.
sentar desafios de socialização,
comportamentos e interesses
incomuns, sem, no entanto,
mostrarem problemas com a
linguagem ou deficiência inte-
lectual.
Figura I:
Características
do autismo
28
Fonte: http://www.culturamix.com/saude/doencas/o-que-e-autismo. Acesso em 02/11/2015
Trabalhando um pouco mais com Em tempos como o que vivemos evitar ou minimizar o isolamento
dados oficiais, percebe-se que o agora, em que as terapias com- e deterioração social. Também se
autismo representa hoje uma das plementares ganham, mesmo recomenda a terapia familiar para
grandes inquietações da saúde, que pouco a pouco, mais terre- ajudar a família a desenvolver es-
em especial da neuropediatria, no no imaginário, na legislação tratégias de enfrentamento dos
da psicologia e da pedagogia in- e na prática terapêutica em todo desafios de conviver com uma
fantis, pois estão registrados até o mundo , divulgar estudos a criança autista, instrumentali-
2014 no mundo, pela OMS (Or- respeito desse tema representa zando-a para as ações adequadas.
ganização Mundial da Saúde), 70 possibilidades de avanço no diag-
milhões de casos da síndrome. nóstico e na intervenção precoce Farmacologicamente, nenhum
No Brasil, segundo o Projeto Au- dos casos identificados, de modo medicamento até agora demons-
tismo, do Instituto de Psiquiatria a minimizar desconfortos e tra- trou alterar a história natural da
do Hospital das Clínicas (2012), balhar pela harmonização indivi- doença, embora muitas substân-
Universidade de São Paulo, esses dual, familiar e social do autista, cias utilizadas mostrem-se úteis
números chegam a ser estimados ajudando igualmente a combater no controle de sintomas específi-
em 2 milhões, ou seja, aproxi- os estigmas da incurabilidade, do cos, como a ansiedade, a hiperati-
madamente 1,0% da população preconceito e da segregação. vidade, as estereotipias, a agressi-
brasileira. Além desses expressi- vidade, os transtornos obsessivos,
vos números, também é preciso Nas abordagens tradicionais, não a depressão ou as perturbações
ressaltar que, também de acordo se dispõe ainda de cura medi- do sono, sendo a antidepressiva
com informações da OMS, o au- camentosa para o autismo, mas a mais frequentemente utilizada,
tismo chega a ser mais comum indica-se um conjunto de inter- correspondendo a 32,1% das me-
em crianças que o câncer, o dia- venções terapêuticas em busca do dicações utilizadas (OMS, 2012).
betes e a AIDS, em conjunto. alívio de sintomas e de melhorias
no desenvolvimento, tais como Dentre essas drogas alopáticas,
O CDC – Centro de Controle e a estimulação precoce adequada destacam-se os inibidores seleti-
Prevenção de Doenças – dos Esta- para cada caso e feita de forma vos da recaptação da serotonina,
dos Unidos da América divulgou o continuada, contemplando as 3 tais como a fluoxetina e os antip-
alarmante número de uma crian- áreas principais de caracterização sicóticos. Ambos os grupos me-
ça com autismo para cada 50 em da síndrome: a interação social, a dicamentosos têm contribuído
fase escolar, nas idades entre 6 e 17 comunicação e os interesses e ati- para a obtenção de melhorias em
anos, o que totaliza uma incidên- vidades; a terapia familiar; a tera- termos de linguagem, socializa-
cia de 2,0%. Tendo em vista essas pia ocupacional; a psicoterapia e ção e estereotipias, assim como
estatísticas, a ONU criou em 2007 a intervenção medicamentosa. no controle de perturbações com-
uma data mundial para discus- portamentais graves. São usados
são do tema e conscientização da A intervenção deve ser orga- também medicamentos estimu-
sociedade, colocando no ar a pri- nizada e estruturada de forma lantes para tratar a perturbação
meira campanha em 2/abril/2008. progressiva, orientada por mé- de hiperatividade com déficit de
Desde então, anualmente, nesse dicos/terapeutas especializados atenção, sendo, por vezes, efica-
mesmo dia do lançamento da pri- e incluir os pais e, de preferên- zes na diminuição dos sintomas
meira campanha, os governos en- cia, toda a rede de apoio (avós, característicos desses aspectos.
volvidos no programa fazem com irmãos, babás, professores etc.).
que pontos estratégicos dos países Normalmente, essas interven- Apesar de todos os problemas de
signatários se iluminem de azul, ções englobam atividades que re- desenvolvimento, pessoas com
em sinal da luta pelo fim do autis- alizam treino de integração sen- perturbações do espectro autista
mo e pelo amparo a portadores da sorial, terapia da fala e treino de têm uma expectativa média de
29
síndrome e seus familiares. competências sociais, buscando vida muito semelhante à da po-
pulação geral, e seguem vivendo, também que o mesmo efeito – nocividade de seus ingredientes
quase sempre, com déficits de au- autismo – pode ser resultado de ou pela injeção dos diversos vírus
tonomia, funcionalidade e inte- causas múltiplas, o que contribui na corrente sanguínea, muitas ve-
gração social na vida adulta, mui- também para desculpabilizar os zes ao mesmo tempo. Para testar
tas vezes por serem considerados pais, os quais se sentem responsá- a hipótese, fez o experimento de
incuráveis, principalmente pela veis pelo “distúrbio genético” ma- dar às crianças do grupo de con-
própria família. Essa dificuldade nifestado no filho. Esse, inclusive, trole todas as vacinas e os antibi-
para viver a vida cotidiana pode é um dos grandes motivos de óticos ingeridos ao longo da vida,
agravar os sintomas do TEA, le- desarmonia e separação familiar em formato homeopático. Os re-
vando à diminuição da quantida- dos casais que identificam um fi- sultados surpreenderam muito,
de de anos de vida de cada autis- lho autista. sendo a cura obtida em 80% das
ta. Alguns especialistas acreditam crianças incluídas no corpus de
inclusive que o prognóstico sofre No contexto das terapias comple- teste. No entanto, existe o incon-
variações principalmente (i) pela mentares, já foi até mesmo dito veniente de precisar se lembrar
quantidade de linguagem que a que 70% dos casos ocorrem por de todas as substâncias ingeridas,
criança adquiriu até aos 7 anos de intoxicação vacinal, 25% por me- o que não se mostrou possível
idade; (ii) pela capacidade cogni- dicação indevida e somente 5% em praticamente todos os casos:
tiva da criança e (iii) pela presen- por causas genéticas (estouautis- ou as pessoas não se lembravam
ça/ausência de co-morbilidades ta, 2014). A partir daí, desenvol- ou tinham memórias adulteradas
(OMS, 2012). veu-se uma terapia chamada CE- dessas informações, o que levava
ASE, (sigla inglesa de Complete a equívocos diversos, inclusive à
Observando as possibilidades de Elimination of Autistic Spectrum piora de um ou outro sintoma.
compreensão e intervenção das Expression – Eliminação Com-
terapias complementares em ca- pleta dos Sintomas do Espectro Outro fator interessante de obser-
sos de TEA, constata-se que há do Autismo) que busca desinto- vação no contexto do tratamento
muitas diferenças. Primeiramen- xicar a criança dos remédios e do autismo por meio de terapias
te, como se trata de intervenções químicas que os pais utilizaram, complementares é o fato de que
que visam potencializar o sujeito pelo menos 5 anos antes de as o problema é considerado sério
em tratamento, não se declara crianças nascerem. demais para que uma abordagem
desde o início a incurabilidade, ainda não consolidada no imagi-
mesmo considerando sua possí- A terapia CEASE é ainda pou- nário popular seja buscada com
vel causa genética, aparentemen- co conhecida no Brasil, mas está frequência. Por isso, ao receber o
te irremovível. Logo em seguida, bastante conhecida na Europa, diagnóstico de autismo e o prog-
sai-se de protocolos automáticos nos EUA e no restante do mundo, nóstico de incurabilidade, a quase
e padronizados para buscar en- e é um tratamento homeopático totalidade das famílias se resigna,
tender o sujeito adoecido e pro- criado pelo homeopata holan- buscando conviver pacificamente
curando oferecer a ele tudo o dês Tinus Smits, que observou com o problema que se instala,
que seja possível para restaurar vários casos de progresso com muitas vezes sem o conseguir.
o equilíbrio de sua energia vital. tratamento unicista, mas que de- Considerando todo esse con-
Entende-se, no contexto dessas pois acabavam estacionando e até texto, o presente trabalho ob-
abordagens mais holísticas, que, mesmo voltando a regredir. Smits jetiva apresentar os resulta-
tanto biológica quanto cultu- formulou então a hipótese de o dos terapêuticos positivos
ralmente, constituições genéti- acúmulo de vacinas e antibióticos obtidos com a associação de
cas equivalentes dão resultados estar bloqueando a ação dos re- florais de Bach e medicamen-
bem diferentes, de acordo com médios homeopáticos, ou de ser o tos homeopáticos no tratamento
as condições psicossociais a que verdadeiro causador dos proble- de um caso de autismo infantil.
30
são submetidas. Compreende-se mas apresentados, quer seja pela
METODOLOGIA
Reafirmando o fato de que o autismo se manifesta diferentemente em cada indivíduo, embora
os traços em comum que permitem identifica-lo como portador de uma síndrome, a metodo-
logia aqui adotada foi por excelência qualitativa e progressiva, buscando atender ao indivíduo
e suas necessidades, passo a passo.
Foram 10 dias de leituras intensas e variadas, até que, pela imensa controvérsia que envolve
a identificação sintomatológica e as possibilidades de terapia, resolvi pensar filosoficamen-
te a questão: trata-se de indivíduos presos a um contexto de isolamento, escondidos em si
mesmos, sem conseguir encontrar uma saída dessa “caverna”, onde foram buscar segurança e
proteção (se movidos pelo medo e pela insegurança) ou, então, exclusividade (se movidos pela
arrogância). Há diversos relatos de casos onde as duas emocionalidades aparecem como traço
comportamental bastante comum em autistas.
31
Não obedece a comandos verbais, preci- Precisa de formas de madeira para traçar
sando ser tocado para mudar de direção e/ desenhos e letras.
ou comportamento. Mas, logo após o to-
que, manifesta desagrado e refugia-se no Não busca atividade de leitura e escrita
próprio quarto. por iniciativa própria.
Não aceita mudanças no cardápio: cospe Assiste ao mesmo programa várias vezes,
alimentos e bebidas que não lhe agradam e por isso prefere o DVD, pois chora e se
e larga toda a refeição, caso encontre algo desestabiliza quando não consegue repetir
que não seja de sua preferência. o programa quando esse acaba na TV.
O intestino não funciona bem, apresen- Não aceita cuidados além dos da mãe, e
tando evacuações apenas a cada 3 ou qua- esta precisa se submeter a uma cirurgia de
tro dias. recuperação longa, sendo este também um
dos motivos pela busca da abordagem ho-
Está com 8 quilos acima do peso apropria- meopática: ajudar na aceitação de novos
do para a idade e apresenta o abdômen cuidadores, tanto para facilitar o repou-
proeminente. so da mãe nas atividades cotidianas, bem
como sua preparação adequada para a in-
Na escola, tem professora exclusiva. Agi- tervenção cirúrgica.
ta-se se colocam outra criança junto com ele.
Escolhas medicamentosas
Todo processo de decisão é, primordialmente, um processo interpretativo que envole alto grau
de subjetividade. Tomamos decisões com base no que compreendemos e deixamos de com-
preender, como base no que conhecemos e desconhecemos, nas conexões que fazemos ou não
entre fatos, cenários e personagens.
Na decisão terapêutica ocorre o mesmo. Com base no que foi dado a conhecer ao terapeuta,
e levando em conta sua experiência e capacidade de conectar informações, as decisões são
tomadas, e não há como avaliar sua eficácia se não pela observação dos resultados, a qual dá
suporte a novas decisões. Por isso, é muito comum que o mesmo caso terapêutico receba enca-
minhamentos diferentes, quando analisado por diferentes sujeitos. Também por isso, é aceitá-
vel e mesmo esperado que outros raciocínios possam ser aplicados a este estudo, pois partirão
de pontos de vista únicos e insubstituíveis. Há, no entanto, no caminho escolhido, elementos
genéricos o suficiente para serem aplicados a casos diferentes, bem como especificidades que
atendem às idiossincrasias individuais, sistemática que apresento a partir de agora:
1. Thuya occidentalis, CH 5: A escolha desse medicamento se deu especialmente por três mo-
tivos:
32
a. A criança autista é muito medicada pela Thuya, como o grande antisicótico
quimicamente, e por isso pode apresentar homeopático.
tendência forte para a retenção de fezes,
o que, inclusive, é considerado um dos c. A Thuya possibilita a revelação do que
fatores agravantes do seu estado mental, estava escondido, sendo um grande re-
conforme visto na introdução. Essa re- médio quando se procura a verdade. A
tenção ocorre, além de pelos fatores me- retenção é revelada à revelia da consci-
dicamentosos, por vícios e deficiências ência, pois aparece nas “anormalidades
alimentares, pois o autista tem dificulda- tissulares”: verrugas, pólipos, cistos, quis-
de para modificar rotinas e experimentar tos, tumores, endurações no geral, que a
algo novo, o que se retrata também nos consciência lamenta, mas que só aparece-
seus hábitos alimentares, que tendem à ram porque o enfrentamento não se deu
repetição, sem contemplar toda a gama de outra forma. Olhando o fenômeno
nutricional necessária. Thuya faz essa autismo por esse ângulo, pode-se afirmar
desintoxicação, liberando o intestino e que a criança autista está, por assim dizer,
outros órgãos da sobrecarga de anos de escondida, fechada em um mundo prote-
medicamento, limpando as paredes e vi- gido, do qual teme ou não quer afastar-se.
losidades intestinais e fazendo com que Sua verdade está circunscrita à sua per-
a criança comece suas interações mais cepção, já que não consegue comunicá-la
regulares com o meio por meio da defe- aos circunstantes. Paralelamente a isso,
cação. Ao mesmo tempo, limpa também muito frequentemente a verdade familiar
dos excessos vacinais, contribuindo para também permanece incomunicada, pois
a desobstrução das vias eliminatórias e pais e irmãos tendem a fingir aceitação do
limpando o miasma da sicose. Paralele- fato de que um autista compõe o grupo, o
mente a esse efeito, aumenta também a que pode levar a um acúmulo indeclara-
clareza mental e reduz a tendência con- do de frustrações, raivas e tristezas, con-
troladora que muitas vezes o comporta- taminando o contexto e as relações. Por
mento autista revela. conta disso, foi feita a escolha da Thuya
como medicamento primeiro, e não ape-
b. Como o autista não tem livre o canal nas para a criança: também para os pais.
da expressão oral, corporal e escrita, seu A mãe, inclusive, mostrava vários sinais
processo de retenção psíquica e emocio- de intoxicação mental, emocional e me-
nal é muito grande. É como se ele fosse dicamentosa, confirmando-as durante o
um grande depósito abarrotado, muitas primeiro atendimento, e complementou
vezes prestes a explodir, e essas explosões relatando as do marido, que ficou cuidan-
podem mostrar-se nos gritos, nas crises do do filho enquanto a mãe participava
de pânico e na repetição prolongada dos da entrevista terapêutica. (LATHOUD,
movimentos repetitivos, quando ocor- 2009; BRUNINI, 2008; MORENO, 2009)
rem movimentos externos considerados
por ele como “invasões”. Essa sicose psí- 2. Calcarea carbonica CH 5: sendo um
quica e emocional também é atenuada medicamento constitucional, a calcarea
33
foi introduzida para equilibrar o meta- rando muitas vezes o comportamento
bolismo como um todo. AA, inclusive, agressivo. Holly eleva a vibração da alma,
apresentava os sinais físicos clássicos que trazendo a mensagem do perdão ao ou-
remetem a esse medicamento: silhueta, tro: “eles não sabem o que fazem”;
mãos, rosto e dedos quadrados, estando
mais de 8 quilos acima do peso previsto c. Pine: esse floral trabalha o auto-perdão,
para a idade. Além disso, como o autis- necessário devido à sensação de culpa in-
mo também está atrelado a falhas no de- terior que pode acometer muitos autistas,
senvolvimento infantil, a calcarea contri- que, sem o querer, provocam muitos efei-
buiria igualmente para preencher essas tos negativos no ambiente e nas pessoas,
lacunas, harmonizando-o como um todo. efeitos dos quais, na maioria das vezes,
Como ingrediente de fundo, essa calca- não conseguem entender as causas;
rea trabalha também a questão do medo,
considerado também um dos fatores de d. Star of Bethelem: grande floral da lim-
instauração e consolidação do autismo. peza dos choques físicos e emocionais,
(LATHOUD, 2009; BRUNINI, 2008; ajudando a descobrir uma boa trajetória
MORENO, 2009) e iluminando decisões durante a cami-
nhada;
Foi parte do processo decisório iniciar
com baixas diluições em CH: 5, 6, 7, 8, e. Aspen: o mais indicado nos processos
10,12, como num “convite à saída”, simu- de ansiedade, e a sicose é cheia dessa de-
lando um passo a passo que, pouco a pou- sarmonia.
co trouxesse AA “para fora da caverna”.
f. Cherry Plum: AA foi descrito como
3. Buquê floral: Nessa composição, igual- um “grande comilão”, sem saber a hora
mente, algumas essências foram introdu- de parar. Cherry Plum é o floral do au-
zidas por respeito ao padrão da síndro- tocontrole e complementa bem a ação
me, e outros por características pessoais de Aspen, que combate a ansiedade. Foi
de AA. indicada uma dose única de 20ml, sem
álcool, para tomar toda no primeiro dia
a. Impatiens: devido ao movimento con- de tratamento, na hora de dormir. Por vá-
tínuo, às crises de impaciência e aos pro- rias vezes já utilizei essa sistemática, com
cessos inflamatórios de repetição, pois o fim de preparar o corpo e a mente para
Impatiens é um poderoso calmante da a recepção da medicação homeopática e
mente, da emoção e do corpo; dos próprios florais, sempre com exce-
lentes resultados. Há, inclusive, vários re-
b. Holly: por não conseguir fazer-se com- latos de que, ao acordar, o paciente já se
preendido, o autista muitas vezes é injus- sentia em outro estado vibratório. No dia
tiçado: fazem o que não se deve com ele, seguinte, 12 gotas do mesmo buquê, 4 ve-
ou então não se faz o que é necessário, o zes ao dia, até acabar o frasco de 60 ml, a
que reforça o medo e o afastamento, ge- 15% de brandy. (BACH, 2000; KWITKO,
2007)
34
RESULTADOS MÊS A MÊS
35
QUARTO MÊS NOVA INDICAÇÃO
TERAPÊUTICA
a) Obedecia a comandos verbais dados a distância, sem que ele
estivesse no mesmo ambiente que o interlocutor – ele no quarto, um Suspendi Impatiens e intro-
familiar na sala, por exemplo, pedindo para abaixar a televisão; duzi Water Violet, floral que
b) Começou a repetir palavras ditas por outras pessoas, mas trabalha o isolamento, para
sem padrão de comunicação: uma hora faziam sentido, em outras potencializar os contatos
não. iniciados, e substituí a Cal-
c) Iniciou jogos didáticos avançados de identificação de obje- carea Carbonica pela Avena
tos, palavras e ações, com sucesso e melhorando a velocidade a cada Sativa CH 5, estimulando o
sessão. cérebro, já bem desintoxi-
cado, para um novo modo
de funcionamento. Thuya
CH 9.
36
Sativa CH 8.
OITAVO MÊS NOVA INDICAÇÃO
TERAPÊUTICA
AA aceitou o abraço na chegada e repetiu o “soquinho” do sexto aten-
dimento. Como AA estava vivendo
Parecia agitado, e sem querer deixar a companhia da mãe. uma situação de stress que
Esta relatou ter sido diagnosticada com câncer na tireoide, declaran- tendia se prolongar por al-
do-se muito temerosa com a necessidade de cirurgia, que precisava gum tempo, substituí o buquê
ser feita rapidamente. Com certeza, a agitação da cuidadora principal anterior por Rescue Remedy
já havia afetado a energia e o comportamento de AA. + Chicory + Beech, conside-
-rando que AA precisaria fi-
car sob cuidados de terceiros,
e quase durante toda a vida
fora cuidado quae que exclu-
sivamente pela mãe.
Thuya CH 14, Avena Sativa
CH 9.
37
No segundo ano, a sistemática de aten- b) Tratamento de rinite alérgica agravada
dimento continuou semelhantemente a por frio, por meio do floral Larch + Olive
esses procedimentos do primeiro, mas e da fórmula Eucaliptos glóbulos CH 5 +
alternando o tratamento do autismo com Kali bichromicum CH 5. Essa etapa, além
outras patologias: de melhorar a irritação nasofaríngea de
AA, também permitiu sua frequência,
a) Desequilíbrio no funcionamento pan- regular e sem adoecimentos, às aulas de
creático, que levou à elevação dos níveis natação, agora desenvolvidas num centro
de glicose. Com a ajuda da nutricionista olímpico de Brasília e durante as quais
funcional, foi elaborada uma dieta e, por AA já aceita comandos de 2 instrutores
meio da abordagem homeopática, foi fei- diferentes, progredindo muito na perfor-
to o tratamento do pâncreas, com o orga- mance do esporte. Inclusive, já consegue
noterápico Pancreas CH 7, em conjunto associar o dia da semana com a presen-
com o floral Walnut + Vine, para melho- ça desta atividade, buscando o roupão, a
rar a flexibilidade e aceitação de novos touca, a sunga e os óculos, o que compro-
alimentos, ajudando-o a sair do império va a melhoria na percepção do tempo e
dos carboidratos, cujo excesso acaba por de seus significados.
“pesar” sobre este órgão. Essa etapa do
tratamento, que durou aproximadamen- c) Distúrbio de sono: AA tem o sono
te 3 meses, levou à inclusão de 12 novos muito leve, e não aceita dormir sozinho
alimentos na dieta diária, com boa acei- no quarto, que divide com a irmã de 24
tação, o que melhorou substancialmente anos. Foi introduzida a fórmula Passi-
o estado nutricional de AA. Um com- flora CH 5 + Aconitum CH 6, com bons
portamento interessante relatado pelos resultados, e, pelo menos por dois terços
familiares é o de que, ao experimentar da noite, AA não acorda, usufruindo dos
um novo alimento e não gostar dele, AA benefícios do sono profundo. No entan-
não somente o recusa para si mesmo: to, durante esse uso, não foi possível con-
também o retira do prato ou das mãos tinuar com Avena Sativa, pois ele ficava
dos familiares que o estejam consumin- agitado, ao contrário do esperado. Avena
do. Esse comportamento, embora ainda Sativa foi descontinuada e reintroduzida
demonstre traços de controle, é também 4 vezes, mas o resultado para a agitação
um sinal positivo de interação e contato: foi sempre o mesmo, se associada ao uso
“se não é bom, não quero que você passe de passiflora e aconitum, e, se sozinha,
por isso”. É interessante também registrar não ajudou a entrar no sono profundo.
que, após conversas reiteradas repetindo Estou estudando os motivos desse efeito e
“Você não gosta, mas eu gosto”, AA se re- buscando maneiras de, ao mesmo tempo,
signou e deixou o alimento recusado com melhorar o desempenho cerebral e a qua-
o familiar, embora ficasse “resmungando lidade de sono de AA.
em tom lamentoso” em seu quarto.
38
RESULTADOS E
DISCUSSÃO A característica 2 desapareceu do com AA fizeram com que um cli-
comportamento de AA, assim ma de relaxamento e alegria fosse
É nítida a evolução do paciente
como outros comportamentos re- experimentado no cotidiano, em
durante os passos da sequência te-
lacionados ao olhar emergiram: (i) substituição ao stress contínuo e à
rapêutica proposta e apresentada
aceita olhar-se ao espelho, buscan- irritabilidade que imperavam no
na Tabela 1 e nos itens descritos na
do essa atividade várias vezes ao lar.
seção anterior. Como AA não es-
dia. A fam´lia, inclusive, instalou
tava recebendo nenhum outro tipo
um espelho de corpo inteiro no Na escola, AA passou a ter um cír-
de medicação, e nenhuma abor-
final do corredor, para facilitar o culo de dois colegas para brincar,
dagem terapêutica complementar
acesso dele a essa atividade; (ii) faz ainda que por breves momentos.
além do floral e da homeopatia,
pose diante da câmera para fotos e Ele mesmo passou a procurar os
tudo leva a crer que os resultados
selfies; (iii) quer fotografar outras meninos escolhidos, mostran-
positivos se devem a essa interven-
pessoas e situações. do iniciativa interacional, o que
ção, além do acompanhamento
é considerado um grande ganho
nutricional e psicoterápico regular
A característica 14 não fazia parte em qualquer tratamento em autis-
e em conjunto comigo.
do comportamento de AA e conti- ta. Além disso, trouxe esperanças
nuou assim. O emprego da lingua- para a equipe educacional, que,
As características 1, 3, 4, 6, 7, 8, 9,
gem articulada contextualizada, a trabalhando sem resultados, ter-
13, 15 e 16, apresentadas na Figura
melhoria da aprendizagem escolar mina por se desestimular, em mui-
1 foram bastante atenuadas, pas-
e a evolução das interações consti- tos casos, e, mesmo sem intenção,
sando a ser exceções no comporta-
tuem os grandes ganhos da evolu- tende a deixar cair a qualidade das
mento de AA.
ção de AA até agora. intervenções escolares.
As características 5, 10, 11 e 12
Não se trata ainda de um caso de É de se esperar que, com o acom-
ainda são frequentes, embora tam-
cura, mas a hipótese do “convite à panhamento adequado daqui para
bém atenuadas, tanto na quantida-
saída da caverna” mostrou-se váli- frente, o comportamento de AA
de (ocorrem menos vezes ao mês,
da, pelos resultados positivos apre- seja cada vez melhor, mas sem li-
e antes eram diárias), quanto no
sentados. mites definidos, pois essa resposta é
intervalo (ocorrem com uma dis-
única, pessoal e intransferível, e per-
tância maior uma da outra) quanto
A dinâmica familiar também foi feitamente compreensível no contex-
na intensidade (ocorrem de ma-
positivamente afetada, pois as inte- to da medicina do sujeito, como o são
neira menos intensa e se diluem
rações mais tranquilas e regulares a homeopatia e o sistema floral.
mais rapidamente).
CONCLUSÕES
No entanto, essa associação se ção complementar entre as duas
A combinação de florais e homeo- mostrou benéfica neste caso em abordagens do que uma oposição
patia não se apresentou uma práti- específico, e também ao longo de ou uma incompatibilidade.
ca corrente na literatura acessada. minha prática terapêutica, já com
Alguns autores e terapeutas, inclu- 4 anos de experiência com esse Os buquês florais ajudaram a har-
sive, recomendam que não se faça design. Como o Dr. Edward Bach monizar a energia profunda de AA,
uso dos florais junto com a home- foi primeiramente homeopata e preparando o terreno para a entra-
opatia, pois alertam para o risco de depois criador do sistema floral, da da vibração homeopática e, em
estes alterarem os efeitos do medica- simplesmente por essa trajetó- consequência, acelerando e poten-
mento homeopático sobre o paciente. ria vê-se muito mais uma evolu- cializando seus efeitos terapêuticos.
39
Conforme observado ao longo Além disso, o tratamento com não especiais e o progresso de sua
desses dois anos de tratamento, florais e homeopatia foi estendido aprendizagem intelectual e emo-
a melhoria de AA, dessa forma, aos outros membros da família, cional a partir dessa mudança de
está sendo “suave, permanente faltando agora somente o irmão contexto.
e duradoura”, como preconiza mais velho para integrar o grupo,
Hahnemann no seu Organon e os sinais de harmonização estão É igualmente esperado que a aplica-
(2006), pois não há retrocessos cada vez mais evidentes. ção desta rotina em outras crianças,
nos passos caminhados, mesmo com as devidas adaptações, possa va-
com a interrupção periódica da Espera-se que, pelo acompanha- lidar quantitativamente esses passos,
medicação, seja por minha pró- mento longitudinal de AA e sua cooperando para o bom tratamento
pria opção, para avaliar ganhos família, seja possível relatar ou- de novos portadores de TEA e, em
profundos, seja por viagens e ou- tros ganhos, em especial os de sua consequência, de suas famílias e gru-
tras rotinas familiares. inclusão em classes educacionais pos sociais dos quais sejam membros.
40
VANNIER, L.; POIRIER, J. Tratado de matéria médica homeopáti-
ca. São Paulo: Andrei, 1987.
DE OLHO NA PESQUISA
Monografia: Amor e não amor pela Homeopatia: Um estudo de opinião e percepção
Suécia Maria Moreira Damasceno
Psicóloga Clínica e estudante de homeopatia
INTRODUÇÃO
Escrever sobre Homeopatia é para mim fôssemos criando, desde os primórdios
muito difícil, pois me remete à materiali- de nossa existência, camadas de doenças,
zação daquilo que acredito ser energético. que vêm até nós dado às dificuldades que
E como pensar no energético, se somos temos de viver e conviver com as toxinas
corpo-matéria, desejo e pensamento abs- ssensoriais e relacionais que adquirimos
trato? Se, dentro do contexto terapêutico, mediante nossas características pessoais e
sempre vou trabalhar matéria, sentimen- intrínsecas. Dessa forma, desenvolvemos
to e sensações? Desta percepção nasceu, amor, ódio, raiva, tristeza, alegria, inveja,
principalmente, o grande desafio deste ciúme, ambição, desejo e todas as sensa-
trabalho. ções/emoções que vivenciamos e alimen-
tamos, que nos mantêm saudávies ou nos
Quando, no Organon, entrei em contato intoxicam, contaminando um ou mais de
com a frase de Hahnemann que intro- nossos órgãos e se estendendo por nossa
duz as bases dessa nova ciência dizendo: vida de relação. Em vão tentamos curar o
“Desde que o Homem existe, esteve ex- corpo, quando o adoecer é de outra natu-
posto, isolada e coletivamente, a doenças reza que não a matéria. Daí, especialmen-
decorrentes de causas físicas ou morais”. te, a dualidade e, muitas vezes, a confusão
(HAHNEMANN, 2013, p.23), começou a de nosso sentir/agir.
abrir-se em minha mente meu propósito
durante o curso de formação em home- Tanto as lacunas quanto os excessos po-
opatia. Vi nessa declaração uma grande dem nos tornar propensos ao adoecer.
conexão dos princípios homeopáticos Entender isso nos reporta a uma verdade
com os autores canônicos de minha área complexa: toda a energia que nos circun-
profissional – a psicologia – pois ambos da liga seres em um mundo onde muito
os contextos tratam dos complexos pro- do que vivemos é doença-remédio-corpo-
cessos de somatização de pensamentos e -órgãos, fazendo-nos esquecer da saúde e
emoções que frequentemente nos condu- da transcendência, ambiente somente no
zem ao adoecimento físico. Jung, em seus qual nossa essência pode se desenvolver.
escritos, nos apresenta o conhecimento A Homeopatia, contrariando esse círculo
que trazemos dos arquétipos e das nos- vicioso, nos convida a entrar em contato
sas couraças. Freud toca nos traumas, nos com toda nossa potência, ou seja, com
recalques e na força desconhecida do que nosso “Eu Maior” e nos “descascarmos”,
armazenamos no inconsciente. Por sua livrando-nos das máscaras, para chegar à
vez, Hahnemann nos “encebola”, nos diz nossa Plenitude, que se expressa em Saúde
e Harmonia corporal, emocional e mental.
41
que viemos como encapsulados, como se
TEMA
Em meio a tantas abordagens possíveis com relação ao conteúdo estudado no curso e que com-
põe o corpus homeopático, resolvi escolher como tema O AMOR E O NÃO AMOR À HO-
MEOPATIA, especialmente por minha motivação pessoal, pois também me aproximei desses
estudos por curiosidade, mas ainda sem saber se amava ou não essa possibilidade terapêutica,
especialmente por não conhecê-la. Ao longo do curso, percebi movimentos de defesa e ataque,
indiferença e envolvimento de todo o tipo de pessoas, e resolvi então investigar esse contexto,
buscando, ao mesmo tempo, minhas próprias respostas e a compreensão das motivações dos
que me rodeavam. Para explicitar melhor o significado do tema, exploro rapidamente a seguir
os conceitos de AMOR e NÃO AMOR.
Para muitos, amar é abrir mão de si em prol Essa arte do amor funcionaria também como
do outro, é ser totalmente disponível para uma “força deintegração dos homens” consi-
servir, cuidar e respeitar, sem olhar a quem. go mesmos e com o mundo humano, forma
É deixar de estar em si para estar disponível de enfrentamento do desamparo causado pela
ao outro, sendo e dando o necessário para separação da união primordial com a Nature-
ampliar o todo do outro em função de um za, a qual, psicanaliticamente, revivemos no
mundo melhor. momento do parto, durante o nascimento.
Quando, por meio do amor, nos unimos pro-
Um dos autores tomados como referên- fundamente a uma pessoa, nos reconectamos
cia neste trabalho – Erich From – enrique- à mãe e ao mundo natural que ela representa,
ce essa vertente de alteridade e conceitua o e experimentamos o que Fromm denomina
amor não somente como sentimento, mas “amor produtivo”, dizendo:
42
Há apenas uma paixão que satisfaz à necessidade humana de
unir-se com o mundo, adquirindo, ao mesmo tempo, sensa-
ção de integridade e individualidade, e esta paixão é o amor.
Amor é união com alguém, ou algo, fora da criatura, sob a con-
dição de manter a separação e integridade própria. [...] Na rea-
lidade, o amor nasce e renasce da própria polaridade entre a se-
paração e a união. [...] O amor é um aspecto do que chamei de
orientação produtiva: a relação ativa e criadora do homem com
seus semelhantes, e dele com a Natureza (FROMM, 1965, p. 44).
44
maior que qualquer conhecimento expresso, não se beneficiarem dele.
PROBLEMA
Considerando o acima exposto, a pergunta que será investigada nesse trabalho é a
seguinte: Por que tantas pessoas têm dificuldade em aceitar/reconhecer a legitimidade
do tratamento homeopático, demonstrando por ela um sentimento de não amor?
HIPÓTESES
Para tentar responder a essa pergunta, foram levantadas as seguintes hipóteses:
JUSTIFICATIVA
A reflexão sobre o amor ou não amor à Homeopatia despertou em mim depois de
minha mudança de vida após o contato real com essa arte-ciência, por meio da ex-
perimentação de diferentes medicamentos homeopáticos. Em 2012, quanto tive o
primeiro contato com a Homeopatia – Allium Sativum foi a primeira gota home-
opática que ingeri, grande cólica intestinal se manifestou e senti que, a partir daí,
estavam abertas aí minhas “histórias miasmáticas”, lembrando sempre que miasma
é nada mais que nossa disposição, orgânica e psíquica de desenvolvermos doenças.
Vencido esse primeiro momento de dificuldade, não parei as experimentações, e a
cada essência experimentada vinham novas descobertas, e um grande processo de
transformação se iniciou em mim como ser.
45
Durante essa trajetória, despertou a hipertensão, fomos, pedra, planta, animal e homem, dentro de
de que minha família já é “vítima” e a qual já se um processo de contínua evolução.
encontra hoje sob controle. O grande “boom” veio
em 2014, quando, passando por situações delica- No mundo atual, conforme as pessoas vão toman-
das na família, utilizei o medicamento Phospho- do consciência das dificuldades que lhes são impe-
rus, em curto espaço de tempo, na 30, na 200 e tradas a cada dia, não raro torna-se também difícil
depois 1000 CH . Negligência, irresponsabilidade, entrar em contato constante e diariamente com
imaturidade, inexperiência? Sim. Tudo isso e mais as situações problema que enfrentam, e por isso
um pouco, mas, enfim, o resultado é que o miasma buscam diversos caminhos terapêuticos, quando a
da perturbção energética mental foi aberto e pude eles têm acesso e a respeito deles recebem as infor-
ver, viver e sentir coisas que a razão não explica, mações adequadas e necessárias.
e que provocaram abalos profundos. Daí o título
amor e não amor, pois durante o meu episódio Em meio a esse cenário de turbulência, os psicólo-
“Phosphorus 1000 CH”, eu, além de viajar por pla- gos, assim como tantas outras modalidades de te-
nos até então não conhecidos, odiei o momento rapia, buscam a integração: mente – corpo, corpo
em que conheci a Homeopatia, e precisei me “de- - família, família-sociedade, sociedade - universo.
sintoxicar”, pois havia visitado o que julgo ser um Nessa atuação, agem segundo seus profundos co-
miasma que podemos, enquanto família humana, nhecimentos do grande complexo que é a mente
acessar de quando em quando: o da loucura. Após humana, conseguindo bons resultados quando há
a rearmonização, houve um grande aprendizado também a disponibilidade e a vontade do cliente
que restou dessa experiência: de se integrar e tomar consciência real do seu pa-
pel no mundo.
a)É preciso prudência com diluições muito altas,
pois o efeito energético pode ser além do adequa- Por sua vez, os terapeutas integrativos, entre eles
do para o momento: os homeopatas, por ampliarem o conhecimento
da ação energética nos reinos mineral, vegetal,
b)É preciso cuidado com a mente de seu paciente, animal e hominal, contribuem profundamente
buscando indicar aquilo que mais o auxilie no re- para fortalecer a essência do ser no mundo, tor-
equilíbrio mental e emocional, enquanto busca a nando então mais fácil conviver com as intempé-
saúde corporal; ries existenciais e com as dificuldades que a cada
dia assolam a humanidade.
c)É preciso respeito pela disposição e disponibi-
lidade do paciente, procurando fazer uma inter- Por isso, pensar e escrever sobre amor e não amor
venção amorosa em seu contexto, tendo-o sempre à homeopatia me reporta igualmente a Carl Gus-
como foco das decisões, e não ao nosso desejo de tav Jung, quando diz que todo adoecimento emo-
sucesso. cional está diretamente relacionado ao afastamen-
to do amor (JUNG, 2011) . Logo, trabalhar esse
Hoje, bem mais consciente, sei que, realmente, o tema ampliou em mim o grande amor por minha
estudo e a prática da Homeopatia não são para profissão e a disponibilidade em continuar minha
qualquer pessoa, mas para aqueles que não têm jornada humana, ora como psicóloga, ora como
medo de se conhecer e de se olhar de frente, den- homeopata, não deixando, ao mesmo tempo, de
tro da dimensão: Corpo, Mente, Alma, Espírito, exacerbar em mim meu profundo amor por Nosso
ampliando a consciência do que somos ou do que Criador.
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OBJETIVOS
Geral
Saber se as pessoas conhecem ou não a Homeopatia, identificando possíveis perfis de
quem ama e de que não ama a Homeopatia.
Específicos
Conhecer que tipo de homeopatia é mais usado;
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METODOLOGIA esse “sinal laranja”, aproximava-me
Foi utilizada neste trabalho a me- e solicitava a resposta à pesquisa.
todologia de pesquisa de campo, Este é um procedimento não con-
por meio de um questionário com vencional, mas, a meu ver, se jus-
dezesseis questões objetivas, e tam- tifica plenamente, haja visto que a
bém com espaço para explicitação Homeopatia não tem nada de con-
de aspectos que não caibam em vencional, pois suas características
respostas padronizadas. A primei- são próprias e seus resultados são
ra parte é sobre percepções do res- ímpares.
pondente, onde o mesmo responde
a questões sobre sua experiência e A partir do critério “uma cor que
conhecimento sobre homeopatia. A amo”, esperei atrair a participação
segunda parte refere-se ao perfil do de pessoas que tivessem energe-
respondente e serve para qualificar ticamente alguma ligação com o
os sujeitos participantes da pesqui- contexto das terapias integrativas e,
sa, permitindo criação de catego- mais especificamente, com a home-
rias e a reflexão a respeito delas. O opatia.
instrumento foi aplicado de modo
aleatório e intuitivo, tendo como A pesquisa foi aplicada durante três
característica determinante para a semanas do mês de outubro do ano
escolha dos respondentes o uso de de 2016 (dois mil e dezesseis), e
algum detalhe nas vestimentas ou reproduzo a seguir o questionário
no corpo que possuísse a cor laran- que foi aplicado.
ja, uma cor que amo. Ao andar pe-
las ruas e frequentar diversos am-
bientes, se observasse aguém com
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FORMULÁRIO DE PESQUISA
Amor e não amor na e pela homeopatia
Pesquisa em andamento como parte do processo de conclusão do
Curso de Extensão em Homeopatia da Universidade Federal de Viçosa
Olá! Solicito a gentileza de voluntariamente colaborar com minha pesquisa, respondendo este questionário que
tem como objetivo identificar o amor e não amor à homeopatia, bem como as possíveis causas dessas percepções.
As informações fornecidas por você terão sigilo garantido e serão fundamentais para o andamento da pesquisa.
Grata pela disponibilidade e me coloco à disposição para qualquer esclarecimento.
Suécia Maria Moreira Damasceno
Email: sm2damasceno@hotmail.com
Telefone: (62) 98432-6060
Goiânia, 13 de setembro de 2016.
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6) Sua profissão? ........................................................................
Capítulo 1: Amor e não amor, interesse, pois senti que poderia me auxiliar
conhecimento, desconhecimento e medo mais concretamente nesse processo de auto-
conhecimento e facilitar o mesmo processo
Segundo Freud, o inconsciente é um or- àqueles que me procuram para acompanha-
ganizador interno e imaterial de natureza mento psicoterapêutico. A ideia da Homeo-
exclusivamente pessoal, muito embora ele patia casa-se com a de amplitude de consci-
tenha chegado a discernir as formas do pen- ência e ajuda na evolução dessa consciência
samento arcaico-mitológico do inconscien- até então adormecida (o que pode trazer o
te: “Uma camada mais ou menos superficial adoecimento), além de contribuir para a
do inconsciente é indubitavelmente pessoal, plena cura.
e nós a denominamos inconsciente pessoal”.
(FREUD, 2014). Já o inconsciente coletivo, Hahnemann, dentro de seus conhecimen-
trabalhado mais por Jung, está na camada tos e experiências homeopáticas, nos traz
mais profunda, pois não tem origem em a consciência de que o mal pensar e o mal
experiências ou aquisições pessoais, e é de sentir (não amor) são os grandes geradores
natureza universal, permitindo a conexão do adoecimento, nada mais do que a pertur-
entre os seres humanos de todas as partes bação energética da força anímica que nos
do planeta. faz viver; enquanto a cura é o restabeleci-
mento desse equilíbrio pela eliminação dos
Ambas as abordagens, na minha interpre- traços de somatização (por meio dos medi-
tação, se combinam com a de Hahnemann, camentos homeopáticos), e pela mudança
no parágrafo 9 do Organon, quando nos diz de regime (eliminação da fonte do mal pela
que transformação do indivíduo e das condições
No estado de saúde do individuo de seu ambiente).
reina, de modo absoluto, a força vi-
tal de tipo não material (Autocratie) É fácil pensar e sentir equivocadamente,
que anima o corpo material (orga- especialmente quando sabemos que nossas
nismo) como “Dynamis” , manten-
percepções e visões a respeito de nós mes-
do todas as suas partes em processo
mos, do outro e do ambiente são parciais e
vital admiravelmente harmônico
nas suas sensações e funções, de ma- podem nos conduzir ao erro com frequên-
neira que nosso espírito racional que cia. Podemos amar e sofrer a decepção, por
nele habita, possa servir-se livre- idealizarmos sem ver; e podemos não amar
mente desse instrumento vivo e sa- e perder oportunidades, seja por desconhe-
dio para o mais elevado objetivo de cimento ou medo, ou ambos.
nossa existência.(HAHNEMANN,
2006) Por meio da medicação homeopática, de
natureza energético-vibracional, acessam-
-se conteúdos do inconsciente individual e
coletivo que afloram, trazendo ao somático
Quando do meu contato inicial com a Ho-
estados mórbidos ocultos e conectando o
meopatia, me chamou muita atenção o
indivíduo a uma chance de cura real. Dessa
quanto ela se assemelhou a conteúdo antes
forma, o não amor pode ser substituído pela
visto e conhecido por mim: a teoria dos ar-
compreensão, que leva ao amor. Na home-
quétipos e dos nossos conscientes individu-
opatia, por meio desse processo de revela-
ais e coletivos. Pareceu-me familiar e agra-
dável ver essa conexão, e daí se ampliou meu
50
ção, o que se oculta se mostra e vai-se à base e o quanto não amamos e não somos ama-
da dor, do adoecimento, potencializando a dos enquanto vivemos.
energia vital do organismo e exonerando a
toxina que o levou a sofrer. Durante o tratamento homeopático, adqui-
rimos força para nos apropriarmos desse
Segundo Jung, por esse processo de auto- patrimônio interno, especialmente se com-
-ocultamento, tornamo-nos desconhecidos binamos a medicação homeopática com o
de nós mesmos, e passamos a temer nossa apoio psicoterapêutico, e o autodesconhe-
“carga”, pois nosso consciente ignora os de- cimento e o autotemor podem, finalmente,
pósitos velados de nosso mundo interior: ter uma chance de serem substituídos pelo
auto-amor.
Nas câmaras do coração moram os No entanto, como essa apropriação custa es-
terríveis espíritos sanguinários, a ira forço e demanda compromisso com o pro-
súbita e a fraqueza dos sentidos. Este cesso de autodescoberta, é muito comum
é o modo como o inconsciente é vis- os caminhos que levam a ele – e a Home-
to pelo lado consciente. A consciên- opatia é um deles - serem obstruídos pelo
cia, porém, parece ser essencialmen- não amor, para evitar o possível sofrimento
te uma questão de cérebro, o qual dessa transformação, e gerando a autossa-
vê tudo, separa e vê isoladamente,
botagem que retarda a tomada de posição
inclusive o inconsciente, encarado
do consciente com relação aos conteúdos
sempre como meu inconsciente.
Pensa-se por isso de um modo ge- inconscientes, atrasando, por consequência,
ral que quem desce ao inconsciente a autocura.
chega a uma atmosfera sufocante
de subjetividade egocêntrica, fican-
do neste beco sem saída à mercê do
ataque de todos os animais ferozes Capítulo 2
abrigados na caverna do submundo Apresentação, descrição e discussão do es-
anímico. (JUNG, 2011) tudo realizado
Dessa teoria junguiana de consciente e in- Durante as 3 semanas de aplicação dos ques-
consciente, fica clara a teoria homeopáti- tionários, foram entrevistadas 44 pessoas
ca da cura sempre de dentro para fora e de que tinham algum “sinal laranja” no corpo
cima para baixo, pois, à medida que vamos ou nas vestimentas e nos acessórios, em di-
ampliando nossa consciência sobre nossa ferentes pontos das cidades de Goiânia, Ja-
dificuldades físicas, psíquicas, relacionais, raguá e Professor Jamil, no estado de Goiás.
de nossas toxinas humanas, as quais trans- Esses 44 respondentes pertenciam majorita-
ferimos inconscientemente ao nosso corpo, riamente ao sexo feminino, número bastan-
vamos abrindo espaço para os nossos ado- te semelhantes de solteiros (23) e casais (21),
ecimentos. Muitas vezes não sabemos de com idades variando de 18 a 60 anos, pre-
onde vêm as doenças adquiridas, pois não dominância da formação superior, embora
paramos para avaliar o nosso modo de vida, a grande diversidade de profissões, e renda
familiar média de 4 salários mínimos.
51
A seguir, a apresentação dos gráficos com os resultados das respostas e a discussão de seus possíveis
significados.
52
Gráfico 3: Uso da homeopatia Os dados do gráfico 3, em comparação
Fonte: elaboração da autora com os dos Gráficos 1 e 2, sugerem que
mesmo os que declararam ter usado ho-
meopatia podem tê-la confundido com
a fitoterapia, já que não sabiam se havia
Você já usou homeopatia? diferença entre elas, ou quando sabiam,
não conseguiram precisar exatamente
qual. Dessa forma, reforça-se o núcleo
“desconhecimento” e a possibilidade
de o não-amor ser adotado/reforçado
Sim como consequência desse afastamento
Não entre a prática homeopática e o público.
Não me lembro
Pelos depoimentos livres, também foi
possível identificar que algumas mães
trataram homeopaticamente seus filhos
enquanto bem novos, descontinuando
o tratamento quando mais velhos, e eles
não se lembravam de terem passado por
esse tipo de abordagem.
53
Gráfico 5: Percepção a respeito da
experiência com homeopatia
Fonte: elaboração da autora
Eficiência
Não sei
Preço
Acessível
Caro Resultado positivo
Alternativa saudável
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Gráfico 8: Motivos para não usar a
homeopatia
Fonte: elaboração da autora
Valor do medicamento
55
CONCLUSÕES e das diversas supressões (encapsulamento
dos germes com medicamentos químicos)
Com base nos estudos realizados para veri- experimentadas ao longo da vida – a afirma-
ficar a validade das hipóteses levantadas, é tiva é válida. A observação dos comentários
possível afirmar que: livres mostrou que a maioria da população
não tem consciência desses riscos nem da
Quanto à hipótese 1 - Não há conhecimen- presença deles como fatores que predipõem
to suficiente a respeito das ciências homeo- ao adoecimento, e, igualmente, não associa a
páticas, e isso dificulta o contato do público ideia de Homeopatia a algo que consiga in-
em geral com essa modalidade terapêutica terferir positivamente nesse contexto.
– essa afirmação é válida, pois mesmo quem
afirmou conhecer homeopatia a confundiu Dessa forma, é possível concluir, neste tra-
com outras abordagens, comumente com a balho, que:
fitoterapia, e não conseguiu citar suas carac-
terísticas, insistindo muito na percepção de A Homeopatia como terapia integrativa
que é um “tratamento mais natural”. Nem ainda não está suficientemente disponível à
mesmo as pessoas com formação superior, população das 3 cidades de Goiás que parti-
que constituiam a maioria dos 44 entrevis- ciparam do estudo, e, provavelmente, tam-
tados, foram capazes de ultrapassar essa li- bém no Brasil, necessitando ser mais bem
mitação. divulgada por todas as formas possíveis, ca-
bíveis e adequadas, para que para que possa
Quanto à hipótese 2 - Muitas pessoas têm ser conhecida e “amada” pelos que a expe-
medo do processo de exoneração (expulsão rimentarem. Pode-se inferir que, à medida
das toxinas existentes no organismo) que que essa divulgação ocorrer de forma mais
pode ocorrer durante o tratamento com a eficaz, aumentando o conhecimento a res-
Homeopatia – essa afirmativa revelou-se in- peito da Homeopatia, aumentarão também
válida, pois, no universo dos entrevistados, os pontos de (i) formação de profissionais
ninguém se referiu a isso, nem oralmente homeopatas, (ii) de consulta e atendimen-
nem nos comentários livres, o que reforça to ao público nesta modalidade terapêutica,
ainda mais a hipótese 1, pois somente sabe- (iii) de manipulação e venda de medicamen-
ria da exoneração quem tivesse um conheci- tos homeopáticos, universalizando a oferta
mento mais específico da doutrina e da prá- desse serviço à população brasileira;
tica homeopáticas;
As tipologias de medicamentos homeopáti-
Quanto à hipótese 3 - Por falta de conheci- cos mais conhecidas (amados) são os líqui-
mento dos próprios miasmas (predisposi- dos e os glóbulos, enquanto que comprimi-
ção genética a determinados adoecimentos) dos, sprays, pomadas e cremes ficam quase
dado ao efeito do modo de vida equivocado na invisibilidade (não amados), quando po-
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deriam ser também mais utilizados em dife- mentassem não terem compreendido antes,
rentes casos de tratamento. Para ampliar o pois essa não compreensão, inclusive, os ha-
leque da tipologia em oferta, seria interes- via feito perder oportunidades de acesso a
sante estudar mais casos em que a ingestão essa modalidade terapêutica.
convencional não se aplica, verificando a
possibilidade de melhoria das indicações e O estudo acurado das matérias médicas
barateamento dos custos de produção dos e da doutrina homeopática no geral pode
demais tipos; auxiliar os homeopatas a minimizarem os
descompassos do tratamento, permitindo
A Homeopatia pode ser positivamente por uma abordagem mais segura e eficaz junto
camadas socioeconômicas bem distintas da aos adoecidos que ajude a eliminar as per-
população brasileira, embora a formação es- cepções negativas – demora nos resultados e
colar mais elevada constitua um importante quantidade de vezes a tomar -, e auxiliando-
patamar de acesso a ela, especialmente por -os a encontrar os caminhos do auto-amor e
permitir o pagamento de consultas especia- do amor à homeopatia.
lizadas, devido às maiores rendas por parte
de quem estuda mais. Durante as entrevis- Para percepções e observações mais amplas
tas para preenchimento dos questionários, e acuradas, seria preciso a aplicação do ins-
bastava uma pequena explicação para que trumento a outros públicos, e/ou sua refor-
os respondentes menos instruídos compre- mulação, incluindo novos itens e organizan-
endessem os princípios do tratamento e la- do novos estudos.
REFERÊNCIAS
BEZERRA, Vinicius. Eric Fromm e a arte de amar. Revista Espaço Acadêmico, nº 110, 2010. Disponível em http://
www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/viewFile/10487/5778 Acesso em 23 de out.
2016.
FREUD, Sigmund. A psicologia das massas e a análise do eu. 9ª ed. São Paulo: L&PM Pocket. 2014.
HANNEMANN, Samuel. Organon da arte de curar. 6ª ed., Tradução: David Castro, Rezende Filho, Kamil Curi .
São Paulo: GEHSP “Benoit Mure”, 2013.
JUNG, Carl Gustav. Os arquétipos e o inconsciente coletivo. 7ª ed., Trad. Maria Luiza Appy. São Paulo: Vozes,
2011.
MORIN, Edgar. La méthode 6 Éthique. Tradução: SILVA, Juremir Machado. O método 6: ética. Porto Alegre:
Editora Meridional/Sulina, 2005.
57
HOMEOPATIA
EM REDE
Os links a seguir contém notícias e informações im-
portantes para os estudos homeopáticos.
Vamos apreciar?
https://jornal.usp.br/artigos/o-papel-da-
-agua-na-homeopatia/
http://www.eventos.usp.br/?events=ho-
meopatia-e-acupuntura-sao-algumas-
-das-praticas-apresentadas-em-semina-
rio-na-usp
http://blogs.correiobraziliense.com.br/
maisbichos/homeopatia-para-pets/
http://homeopatia.bvs.br/vhl/confira-
-mais-sobre-a-homeopatia/softwares/
http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/
homeopaticos/index.htm
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