Fundamentos Da História de Artes
Fundamentos Da História de Artes
Fundamentos Da História de Artes
http://maniacolorida.blogspot.com.br/2010/10/educacao-escolar-e-criacao-das.html
A Arte no ensino tradicional era de forma fragmentada, com nenhuma relação entre a
prática e a teoria e que valorizava somente a técnica. Nas décadas de 50/60 o professor
estimulava a livre expressão, uma tendência escolanovista que deixa de ser uma mera cópia
e passa a prática espontâneísta sem compromisso com conhecimento científico.
http://93fm.radio.br/3634-2/
http://educacao.atarde.uol.com.br/?p=27775
Faz-se necessário que o professor, embora tenha sua formação somente numa
especificidade de linguagem, busque os conhecimentos artísticos necessários, os quais não
são de sua área de formação, pois como preconiza o texto acima, é direito dos alunos terem
acesso à arte de modo geral. O professor deve ter entendimento nas linguagens artísticas,
para repassar um ensino de forma coerente e democrático, não se detendo apenas em uma
linguagem. Pois arte como o termo reporta, deve ser contemplada em seu sentido amplo,
envolvendo a diversidade de áreas, e os alunos têm o direito de apreciá-las, analisá-las,
refleti-las e experimentá-las, porque todas essas linguagens artísticas fazem parte de seu
cotidiano.
http://www.amambainoticias.com.br/geral/12-de-agosto-dia-nacional-das-artes
Por isso, quando articulados os conteúdos da linguagem artística com as outras
linguagens, estamos realmente dando real sentido ao Ensino de Arte no Ensino Básico.
Portanto, para Martins & Picosque (1998, p.63) “Cada linguagem tem seu modo peculiar de
criar e produzir formas artísticas, poetizar o mundo”. Por outro lado, as artes passaram a ser
concebidas menos como criação genial misteriosa e mais como expressão criadora, isto é
como transfiguração do visível, do sonoro, do movimento, da linguagem, dos gestos em
obras artísticas.
Assim, cabe ao professor repensar na escola em seu tempo, seu espaço, sua forma
de lidar com os conteúdos e com o mundo da informação, rompendo com um modelo
fragmentado de educação, transformando-a em espaço significativo de aprendizagem, para
que os alunos com suas diferenças culturais participem de forma mais crítica na
reelaboração pessoal da cultura acumulada pela humanidade.
Para Ivone Mendes Richter (2003, p. 51), o grande desafio do ensino da arte,
atualmente é contribuir para a construção da realidade através da liberdade pessoal.
Precisamos de um ensino de arte por meio do quais as diferenças culturais sejam vistas
como recursos que permitam ao indivíduo desenvolver seu próprio potencial humano e
criativo, diminuindo o distanciamento existente entre a arte e a vida.
http://revistaescola.abril.com.br/arte/
http://artelinguagemuniversal.blogspot.com.br/2014/03/fenand-leger.html
É através das produções artísticas de uma época e de uma cultura que entendemos
o pensamento científico, filosófico, religioso e estético, seus valores e crenças. E ao
conhecê-las compreenderemos as transformações ocorridas ao longo da história, até os
nossos dias, e que essas produções são resultados do tempo histórico do qual estão
inseridas. Portanto ao analisá-las teremos suporte para compreender e respeitar as
produções contemporâneas.
http://ionaforkids.com/category/atividades/artes/
É através da arte como expressão que o artista exprime e revela a essência do mundo
e nos leva a descobrir o sentido da cultura e da história. A Arte como trabalho de expressão
esta relacionada com a ciência, técnica e tecnologia de cada época. De acordo com a Chauí
(2003, p. 150) “o artista é um ser social que busca exprimir seu modo de estar no mundo na
companhia dos outros seres humanos, reflete sobre a sociedade, volta-se para ela, seja para
criticá-la, seja para afirmá-la, seja para superá-la”. O artista deixa o seu testemunho do
mundo, produzindo a sua arte.
Nas DCes (2007, p.29) consta que: “ toda linguagem artística possui uma organização
de signos que propicia comunicação e a interação”. Por isso a arte sempre esteve baseada
na: representação do mundo que o cerca, seus deuses e a si próprio. É nas manifestações
artísticas que o homem pensa, sente, cria e transforma a sua realidade. A função da arte
hoje é de analisar, criticar e refletir a realidade humana socialmente. Analisando as mais
variadas manifestações artísticas que o homem desenvolveu através da história,
entendemos o mundo que fazemos parte. A arte não é um conceito fechado. A Arte tem um
significado infinito.
http://cmais.com.br/educacao/educacao-em-foco/educacao-arte-e-cultura/para-que-arte
A busca dos princípios norteadores da Arte-educação vem sendo uma das principais
preocupações dos pesquisadores dessa área, como também daqueles que se envolvem nas
questões relacionadas ao ensino-aprendizagem, no interior do sistema escolar formal.
Existem diferentes perspectivas e fundamentos de ordem epistemológica sobre Arte-
educação, principalmente em relação à criação artística, à teoria da arte e o ensino artístico,
que compõem a espinha dorsal desse movimento. Os aspectos que norteiam a Arte-
educação têm sido objetos de estudo por parte de vários teóricos, que apresentam tipologias
diferenciadas, autores como: Barrett (1979), Gombrich (1998), Gloton (1973), Fontanel-
Brassarte e Rouquet (1975), Eisner (1972), Duarte Jr (1983), Hernández (1997), Read
(1954), Dewey (1958).
http://www.cultura.ba.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=2653&tit=a-href=http-wwwculturabagovbr-modules-noticias-
articlephpstoryid=2653Ciclo-de-Historia-da-Arte-no-MAM-BA-toda-terca-feira-a
Um dos autores que defendem a auto- expressão é Gombrich. Segundo ele: estes
autores aparecerão no decorrer do capítulo, conforme a especificidade de arte-educação a
que pertencem. Há uma confusão quanto ao que é chamado de auto- expressão na criança,
que é algo muito bom, muito proveitoso e admirável, mas que é muito dificilmente aplicável
à arte! Quero dizer: a partir do momento em que as pessoas pensam que tudo o que fizeram
será arte, porque quando estavam na escola tudo o que faziam era considerável adorável
por seus professores, aí então não se tem mais uma teoria da arte. Não há tendência, não
há objetivos, e não havendo objetivo não há como saber contra o que se opor. (GOMBRICH,
1988, p. 146).
http://www.cambe.pr.gov.br/site/areanoticia/2248-cambe-promove-o-curso-de-extensao-de-educacao-infantil.html
3. Reconhecer a arte como uma forma de pensamento capaz de manter ideias criativas e
servir de enquadramento aos juízos.
https://educandocomart.wordpress.com/
http://www.eadespacoeducacional.com/arte-educacao-na-educacao-infantil
http://www.novidadeemfoco.com.br/a-arte-na-educacao-um-meio-de-respeito-as-ideias-do-aluno/
A “educação através da arte”, foi expressão cunhada por Herbert Read, em 1943, se
popularizou e atualmente é abreviada para Arte-educação. O autor, em sua obra Education
Throught Art (1954), formulou a tese da arte como base para a educação. Portanto, o
pensador inglês, proporcionou a primeira diretriz da Arte-educação, quando propôs o seu
paradigma de “educação através da arte”.
https://educacaoinfantilearte.wordpress.com/tag/arte-abstrata/
Sobre sua proposta, Read (1954, p. 33), afirma que: [...] deve compreender-se desde
o começo que o que tenho presente não é simplesmente a ‘educação artística’ como tal, que
deveria denominar-se mais apropriadamente educação visual ou plástica: a teoria que
enunciarei abarca todos os modos de expressão individual, literária e poética (verbal) não
menos que musical e auditiva, e forma um enfoque integral da realidade que deveria
denominar-se educação estética, a educação desses sentimentos sobre os quais se funda
a consciência e, em última instância, a inteligência e o juízo do indivíduo humano. Somente
na medida em que esses sentimentos estabelecem uma relação harmoniosa e habitual com
o mundo exterior, se constrói uma personalidade integrada.
http://www.institutopioxi.org.br/gal_fotos/romero_britto/fotos_1.html
Para o autor, existem três atividades que têm lugar na educação através da arte: 1) a
autoexpressão, que seria a necessidade inata do indivíduo de comunicar a outros indivíduos
seus pensamentos; 2) a observação, que seria o desejo de registrar na memória suas
impressões sensoriais e, através delas, classificar seu conhecimento conceitual do mundo
e, 3) a apreciação, que seria a resposta dos indivíduos aos modos de expressão de outras
pessoas e aos valores do mundo.
Observa-se, que vigorou em suas teorias, uma tendência que primava por sujeitar a
obtenção de progressos no terreno da vida coletiva ao desenvolvimento da ciência. Assim,
bastaria que os educandos assimilassem padrões científicos de pensamento, para que
esses passassem a desfrutar os benefícios da modernidade. A democracia, por exemplo,
dádiva da modernidade, seria necessariamente alcançada por intermédio da
industrialização, propiciada pela tecnologia, resultado inegável do trabalho dos cientistas.
A técnica da educação estética foi apresentada por Read (1954) pelos seguintes
aspectos distintivos:
Reagrupando essas técnicas de educação estética elas corresponderiam, segundo o
autor (READ, 1954, p.34) às quatro principais funções em que os processos mentais se
dividiriam tradicionalmente, como segue:
Por último, o aluno deveria ser posto na condição de aplicar as definições a casos
diferentes, ainda inéditos na situação particular, sua, de ensino-aprendizagem. Para tal o
aluno faria exercícios, resolveria problemas, responderia questões expondo definições. Em
síntese, as ideias de Read sobre o desenvolvimento psicológico e a livre-expressão
representaram o eixo condutor da Arte-educação, ao favorecer o desenvolvimento da
imaginação e da criatividade.
http://mamae.org.br/?page_id=79
Read, em 1954, fundou a International Society of Education Trought Art (INSEA), com
o propósito de difundir a Arte-educação. O objetivo precípuo da associação foi promover um
maior entendimento entre os povos do universo. Segundo Read (1954), a troca de ideias e
experiências possibilitaria a verificação, o conhecimento dos estudos, das pesquisas
cientificas, efetuadas mundialmente sobre Arte-educação, enriquecendo o progresso de
todas as comunidades mundiais, fortalecendo assim, a posição da arte em relação à
educação global.
http://rede.novaescolaclube.org.br/grupo/ensino-de-arte-na-educacao-infantil-perspectivas-e-desafios
http://atelieanjico.blogspot.com.br/
Eisner (1972, p.135), explicou a práxis do ensino de arte, desenvolvida pelas Escolas
Progressivas, da seguinte forma: Quando se sugerem atividades criativas em arte, estas
vinham quase sempre sob a forma de projetos de arte correlacionados ou integrados. O
professor era frequentemente solicitado a usar a arte em conjunção com seu trabalho em
estudos sociais, etc. Em razão do elemento curricular básico geralmente usado pelos
Progressistas ser a unidade – um projeto ou problema que explorassem uma variedade de
recursos –, não é de admitir que se considerasse a arte integrada um modo conveniente de
trazê-la para a sala de aula. [...] Em muitos casos, a arte na sala de aula do primário não era
usada somente como um veículo de auto- expressão criativa, era colocada a serviço da
formação do conceito.
Dewey (1958), considerava que a escola não poderia ser uma preparação para a vida,
mas sim, a própria vida. Para ele, vida-experiência e aprendizagem estavam unidas, de tal
forma que a função da escola era possibilitar uma reconstrução permanente feita pela
experiência do educando. Ou seja, por um lado, ao experimentar e, por outro, ao provar.
Com base nas experiências do provar, a experiência educativa tornar-se-ia para o educando
num ato de constante reconstrução.
http://www.acusticafm.com.br/noticias/5135/escola-de-educacao-infantil-realiza-exposicao-de-arte.html
http://www.davincivix.com.br/index.php/semana-da-crianca-oficina-de-artes/
http://artenoespacoeducativo.blogspot.com.br/2010/12/artes-visuais-na-educacao-infantil.html
O próprio termo sugere, como diz Barbosa (1988, p. 70), “a existência de disciplinas
em separado, autônomas, que se pretendem inter-relacionar, estendendo fronteiras,
sobrepondo contextos, explorando faixas intermediárias”. Historicamente, a autora aponta
como fundamento da interdisciplinaridade a ideia de totalidade, paulatinamente substituída
pela ideia do inter-relacionamento do conhecimento. Inter-relacionar as diversas disciplinas
para atingir a compreensão orgânica do conhecimento, foi uma intenção educacional
defendida primeiramente pelas teorias humanísticas da educação. Para algumas destas
teorias, sendo o homem um ser total, deveria ser conduzido à busca do conhecimento total.
As questões referentes à interdisciplinaridade estão inseridas no que Eisner (1972),
designou como categoria de justificativa para a Arte-educação determinar sua função
educacional. No seu interior estão inseridas as abordagens essencialistas e contextualistas.
Barbosa (1988) definiu o caráter interdisciplinar da Arte-educação da seguinte forma: A Arte-
educação, por sua natureza epistemológica, integra várias modalidades de experiência,
recebendo contribuições de diversas ciências e áreas do conhecimento humano. Uma
análise da colaboração das múltiplas ciências humanas para aclarar os objetivos e métodos
da experiência artística na escola se faz necessária.
https://iraciped.wordpress.com/author/iracicorreia/
Ainda sobre o papel da interdisciplinaridade, Barbosa (1988, p. 71) afirma que ela: [...]
tem como função integrar a colcha de retalhos de competências altamente desenvolvidas e
de interesses diversificados e muitas vezes antagônicos. Esta integração é uma organização
que tem lugar na mente do aluno, provocada pela forma como o conhecimento lhe é
apresentado. O veículo mais adequado seria uma espécie de tessitura dos diferentes
campos disciplinares através da busca da síntese. Dentro da tendência contextualistas, há
os psicológicos de um lado e os sociais de outro lado. Os primeiros se adstringem às teorias
da criatividade, percepção e auto realização. O outro grupo, buscam os processos de
exploração das relações sociais, os comportamentos e os modelos alternativos. Todavia,
ambas afirmam que a Arte-educação só pode ser programada após um estudo das
características da criança e da sociedade em que elas vivem, pois é o contexto que
determina os objetivos da arte.
http://www.davincivix.com.br/index.php/arte-na-educacao-infantil/
http://www.cnsg-pi.com.br/noticias/projeto_quadros_que_falam_abertura.php
http://ndi.ufsc.br/projetos-em-andamento/arte-educacao/
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
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(707 A783e).
DUARTE, Rosália. Cinema & educação. 3 ed.Belo Horizonte: Autêntica, 2009. v.3, 103p.,
(791.43 D812c)
PERISSÉ, Gabriel. O Valor do professor. Belo Horizonte: Autêntica, 2011. 180p., (371
P446v).
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
BONK, Miriam Cornélia. A arte e seu ensino na escola. Curitiba, PR: 2002
BARBOSA, Ana Mae. A Imagem no Ensino da Arte. São Paulo, SP: Perspectiva, 1991.
CELDON FRITZEN, Janine Moreira (orgs). Educação e arte. Campinas SP: Papirus, 2008.
DUARTE JUNIOR, João Francisco. Porque a arte-educação? 6 ed. Campinas, SP: Papirus,
1991.
MARTINS, M.C.F.D.; PICOSQUE, G.; GUERRA, M.T.T. Didática do ensino de arte. São
Paulo, SP: FTD, 1998.
NISKIER, Arnaldo. LDB: a nova lei da educação. 8 ed. Rio de Janeiro, RJ: Consultor,1996.
SANT’ ANNA, Ilza Martins. Por que avaliar? Como avaliar? Petropólis, RJ. Vozes 1995.
ARTIGO PARA REFLEXÃO
Autor: Arthur Meucci
Arthur Meucci1
Abstract
This article is about the beginning of art history theory, based on Johann Winckelmann´s
work. In the first part of this article, we discuss the main philosophical arguments on art. In
the second part, the contribution of Winckelmann has given for the origin of art history.
O século XVIII foi extremamente fértil em relação à filosofia estética. Muitas obras
sobre o assunto começaram a surgir no meio acadêmico do período, superando outros
períodos anteriores da história do pensamento neste assunto2. No meio desta efervescência
causada pelo Iluminismo não somente a filosofia da arte e a crítica estética tomam fôlego,
mas acaba por surgir neste período a história da arte como nós a conhecemos. Obviamente
não estamos aqui desconsiderando os relatos dos movimentos das artes feitos pela
antiguidade, muito menos a história da vida dos pintores empreendida por Vasari, e sim a
história da arte como um meio de pensar a própria arte e seus movimentos artísticos, levando
em conta as manifestações culturais de um determinado período.
É por esta abordagem da história da arte que nos acompanha até os dias de hoje que
resolvemos investigar a origem deste pensamento no seu fundador, Johann Winckelmann.
Em seu livro Reflexões sobre a Arte Antiga, escrito em 1755, vemos o início desta tentativa
de se pensar o estudo da história dos antigos, tomando por antigos os gregos, uma nova luz
sobre a produção cultural e artística de seu tempo. É remetendo a história da “história da
arte” que este artigo propõe analisar a origem deste saber, salientando a importância de
refletirmos sobre o “refletir sobre a história”, assim como fazemos ao pensar e analisar os
70 anos da Universidade de São Paulo.
Cassirer nos chama a atenção para o fato de que o século XVIII não deve ser
considerado somente como o “século da filosofia”, mas também como o século da crítica3.
E sobre crítica não devemos pensar nas obras especificas de Kant, mas também dos outros
ensaios críticos feitos antes dele. A filosofia se manifesta nas críticas estéticas e literárias
do período. É esta corrente de análises que vai se tornar predominante naquele século,
ocupando as discussões acadêmicas no tempo de Winckelmann, sobre a beleza da arte e
de como ela se constitui. Surge neste período duas grandes correntes que vão analisar esta
questão: A primeira, intelectualista, procura uma visão clara do indivíduo, além de conceber
a união entre a poética, a estética e a literatura tomando como ponto de partida para estudá-
las o domínio racional. A segunda, sensualista, parte de uma problemática racional abrindo
caminho para se questionar o próprio conteúdo do pensamento. Iniciam uma discussão para
saber se as regras da arte, o gosto, e o belo são concebidas por uma forma de conhecimento
racional, ou se são fundamentadas no sentimento4.
Esta é uma das principais observações que Goethe nos fornece sobre a posição
teórica de Winckelmann perante os movimentos acadêmicos de sua época. Ao sair da
academia alemã para estudar a arte grega em Roma, patrocinado pelo rei FredericoAugusto
da Polônia e Saxônia16, Winckelmann acabou não tomando partido das discussões
acadêmicas da época, o que lhe facilitou poder pensar a arte de uma outra forma, sem se
prender a estas correntes teóricas. Um outro fator importante para o sucesso das análises
de Winckelmann sobre os Antigos (gregos) é o fato deste tipo de reflexão não ter sido
desenvolvida em território alemão durante o perí do do denominado Renascimento. A
reforma protestante empreendida por Lutero isola a Alemanha dos demais movimentos
culturais da Europa renascentista17, o que tardia neste país o contato com as reflexões
sobre a antiguidade, já empreendida na Itália, França, Holanda e outros países.
A inovação trazida por Winckelmann ao estudo da arte começa pelo seu método
de análise histórico. Ao contrário de Vasari, Winckelmann inicia seu trabalho analisando a
história, a geografia e a sociedade grega daquele período. “A influência do céu sereno e
puro se fazia sentir nos gregos desde a mais tenra idade, mas os exercícios físicos,
praticados em boa hora, davam forma nobre a sua estrutura corporal”18. Nosso autor mostra
como o fator social e geográfico da Grécia foi fundamental para o surgimento das mais belas
artes produzidas naquele período. Estas artes, como explicita, não são feitas segundo uma
inspiração divina, por fruto de um déspota esclarecido, ou segundo regras de arte. Para usar
a linguagem de seu descendente intelectual, Hegel, esta arte surge da bela totalidade de
Espírito do povo grego.
O autor nos mostra que a vida social na Grécia colaborava com o trabalho artístico.
O culto ao corpo, e por fim ao belo, fazia-se visível na produção artística. “Por esses
exercícios, os corpos recebiam os grandes e viris contornos que os mestres gregos deram
a suas estatuas”19. É difícil se conceber a arte na Grécia nos dias de hoje, mas Winckelmann
nos alerta para esta totalidade que a arte exercia na vida dos gregos. Quando ele descreve
que “os gregos faziam instruir seus filhos na arte do desenho, principalmente por acreditarem
que tal arte os tornava aptos a examinar e julgar a beleza dos corpos”20, ele nos mostra que
este povo não via a arte como um campo separado dos demais, como um saber específico
que diferia da educação, política ou religião. As preocupações artísticas eram tidas como um
complemento da vida em sociedade. Alé dos concursos de beleza, Winckelmann ressalta
que a educaçã grega tinha como característica colocar os alunos nos ginásios para desenhar
os corpos dos atletas, e principalmente desenhar em cima das silhuetas deixadas pelos
ginastas na areia21.
Mas tão importante quanto a forma22, Winckelmann ressalta que os gregos davam
importância ao conteúdo, um sentimento interior, na obra. As obras não eram tidas só como
meros retratos, puras formas, mas continham em si um tipo de “alma”. Inúmeros são os
exemplos citados, como o de Ctésilas que retratou um Gladiador moribundo, mas que se
percebia na obra a conservação de sua alma23. Na análise do conjunto escultórico de
Laooconte ele nos indica o ideal grego de “nobre simplicidade e uma grandeza serena”, que
remete tanto a atitude quanto a expressão dos personagens24. Nesta escultura, o
personagem Laooconte tenta salvar seus filhos de uma cobra gigante que quer matá-los. A
cena de desespero é posta, e a dor do personagem é retratada pela contorção precisa dos
músculos. Porém, em sua face, não notamos um grito ou choro, mas um espírito grande e
nobre que suporta virtuosamente todas as dores. É valido lembrar que tanto a palavra belo
quanto bem, em grego, é kalós. Suas obras não remetem somente a beleza física, mas
também a grandiosidade moral.
A nova maneira de se pensar a arte proposta por Winckelmann altera o cenário crítico
do século XVIII, e se desenvolve nos demais séculos posteriores até os nossos dias. Seu
método de pesquisa reflete no cerne no pensamento sobre arte em Hegel,
Assim sendo, toda obra de arte pertence a sua época, a seu povo, a seu ambiente e
depende de concepções e fins particulares, históricos e de o outra ordem. Neste sentido, a
erudição em arte exige igualmente uma ampla riqueza de conhecimentos históricos, que
devem ser, além disso, muito especializados28
4 Ibidem, p. 369
5 Sobre este tema vale consultar a pg. 373 do livro de Cassirer acima citado, bem como
os estudos de Panofsky sobre este tema. PANOFSKY, E., Idea: A Evolução do Conceito de
Belo, trad. Paulo Neves, São Paulo, Martins Fontes, 1994, pg. 106 ss.
6 BATTEUX, A., Lês beaux-arts réduits à un même principe, Paris, Edition des Cendres,
1990, pg. 17.
8 PANOFSKY, E., Idea: A Evolução do Conceito de Belo, trad. Paulo Neves, São Paulo,
Martins Fontes, 1994, pg. 45
9 BOILEAU, N., Art poetique, Paris, Hatier, 1939, pg. 32. Ver também Cassirer, op. cit.,
375.
11 DIDEROT, D., Paradoxe sur le comédien, Paris, Flammarion, 1981, pg. 23 ss.
12 HUME, D., Do padrão do gosto. In: Ensaios Morais, Políticos e Literários, trad. Luciano
Trigo, Rio de Janeiro, TopBooks, 2004, pg. 370
14 Ibidem, pg. 377, a questão da delicadeza e do bom gosto. Ver também Cassirer, op.
cit., pg. 397
19 Ibidem, pg. 41
20 Ibidem, pg. 42
21 Ibidem, pg. 43
22 A simples cópia da natureza chega a ser pejorativa para Winckelmann, ver Panofscky,
op. cit., 107
24 Ibidem, pg. 53
26 Ibidem, pg. 40
27 Ibidem, pg, 67
28 HEGEL, G.W.F., Lições sobre a Estética: Introdução, trad. Marco A. Werle, DF-USP,
1997, pg. 29
As atividades de teatro e dança somente eram reconhecidas quando faziam parte das
festividades escolares na celebração de datas como Natal, Páscoa ou Independência, ou
nas festas de final de período escolar. O teatro era tratado com uma única finalidade: a da
apresentação. As crianças decoravam os textos e os movimentos cênicos eram marcados
com rigor.
Depois de cerca de trinta anos de atividades em todo o Brasil, o Canto Orfeônico foi
substituído pela Educação Musical, criada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Brasileira de 1961, vigorando efetivamente a partir de meados da década de 60.
Entre os anos 20 e 70, as escolas brasileiras viveram outras experiências no âmbito
do ensino e aprendizagem de arte, fortemente sustentadas pela estética modernista e com
base na tendência escolanovista. O ensino de Arte volta-se para o desenvolvimento natural
da criança, centrado no respeito às suas necessidades e aspirações, valorizando suas
formas de expressão e de compreensão do mundo. As práticas pedagógicas, que eram
diretivas, com ênfase na repetição de modelos e no professor, são redimensionadas,
deslocando-se a ênfase para os processos de desenvolvimento do aluno e sua criação.
No período que vai dos anos 20 aos dias de hoje, faixa de tempo concomitante àquela
em que se assistiu a várias tentativas de se trabalhar a arte também fora das escolas, vive-
se o crescimento de movimentos culturais, anunciando a modernidade e vanguardas. Foi
marcante para a caracterização de um pensamento modernista a “Semana de Arte Moderna
de São Paulo”, em 1922, na qual estiveram envolvidos artistas de várias modalidades: artes
plásticas, música, poesia, dança, etc.
Pode-se dizer que nos anos 70, do ponto de vista da arte, em seu ensino e
aprendizagem foram mantidas as decisões curriculares oriundas do ideário do início a
meados do século 20 (marcadamente tradicional e escolanovista), com ênfase,
respectivamente, na aprendizagem reprodutiva e no fazer expressivo dos alunos. Os
professores passam a atuar em todas as áreas artísticas, independentemente de sua
formação e habilitação. Conhecer mais profundamente cada uma das modalidades
artísticas, as articulações entre elas e conhecer artistas, objetos artísticos e suas histórias
não faziam parte de decisões curriculares que regiam a prática educativa em Arte nessa
época.
É com este cenário que se chegou ao final da década de 90, mobilizando novas
tendências curriculares em Arte, pensando no terceiro milênio. São características desse
novo marco curricular as reivindicações de identificar a área por Arte (e não mais por
Educação Artística) e de incluí-la na estrutura curricular como área, com conteúdos próprios
ligados à cultura artística e não apenas como atividade.
Dentre as várias propostas que estão sendo difundidas no Brasil na transição para o
século XXI, destacam-se aquelas que têm se afirmado pela abrangência e por envolver
ações que, sem dúvida, estão interferindo na melhoria do ensino e da aprendizagem de arte.
Trata-se de estudos sobre a educação estética, a estética do cotidiano, complementando a
formação artística dos alunos. Ressalta-se ainda o encaminhamento pedagógico-artístico
que tem por premissa básica a integração do fazer artístico, a apreciação da obra de arte e
sua contextualização histórica.