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John Muir e A Paixão Moderna Pela Naturezas (Donald Worster)

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John Muir e a paixão moderna pela naturezas

Donald Worster*

Se seguíssemos John Muir por muito tempo, envelheceríamos com sua


tagarelice. O homem nunca parou de falar e falava com quem quer que fosse —
fazendeiros brancos, negros libertos, mulheres de todas as idades, hordas de
crianças, pastores, uma canoa repleta de tinglites navegando ao longo da costa
do Alaska. Muitos deles falavam e falavam apaixonadamente sobre a natureza.
No verão de 1877, Muir partiu das planícies poeirentas de Pasadena,
Califórnia, para escalar o que ele chamava de "pequeno poema silvestre" nas
abas das Montanhas San Gabriel. Pelo caminho, encontrou um imigrante
mexicano acampado nos bancos de Eaton Creek; previsivelmente, Muir
começou uma conversação com aquele estrangeiro que seguiu noite adentro.
Num inglês lento, o acampado falou sobre seu sonho de colonizar aquela região
de carvalhos, irrigar um vinhedo e coletar mel. Desde que deixou sua terra
nativa, iniciou grandes negócios — caçadas, escavações e minerações através do
sudeste — mas, agora, estava pronto para construir seu próprio lar naquele
paraíso, pronto para "fazer dinheiro e casar com uma mulher hispânica."""'
Muir ficou emocionado com o sonho daquele homem, um sonho que
antecipava o seu próprio. Três anos depois encontrou-se casado e radicado no
norte do vale da Califórnia, cuidando de suas crianças e de suas cestas de frutas.
Os dois homens tinham mais em comum do que o amor pela conversa e um
futuro de casamento e dinheiro; Muir sentiu em seu anfitrião uma paixão
compartilhada por montanhas, riachos e terraços de flores selvagens repletas de
abelhas barulhentas.
A paixão pela natureza pode ainda unir populações por entre recortes de
raça, de classe e de gênero. Em qualquer final de semana, milhares de
californianos de todos as esferas sociais dirigem-se aos cânions, observam
raposas correndo através de trilhos de ferrovias, farejando o aroma da artemísia,

* Tradução de Jó Klanovicz : doutorando em História no PG-HST-UFSC, tendo pesquisa


voltada à História Ambiental das regiões produtoras de frutas de clima temperado no sul
do Brasil. O texto traduzido teve pequenas alterações com relação ao texto original,
publicado na Environmental History Review, volume 10, n.1, jan. 2005, publicação da
American Society for Environmental History, Carolina do Norte, EUA.
'Donald Worster é Professor de História Ambiental e de História Americana na
University of Kansas.
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procurando por estrelas nas imediações da cidade. A despeito de suas diferenças,


a natureza proporciona um tema comum de conversação para aquelas pessoas —
um mundo que não foi criado por eles, mas que está repleto de experiências, um
flash de selvageria primitiva que atiça paixões comuns e dissolve categorias
sociais.
Voltando à natureza, é necessário dizer que ela se tornou um dos
principais temas no mundo moderno. Isso criou inúmeras conseqüências
visíveis, incluindo, por exemplo, a preservação do Eaton Canyon como parque
nacional e das Montanhas San Gabriel como uma floresta nacional. Preservar a
natureza (um movimento que certamente encontra em Muir um dos seus
fundadores) tornou-se tanto uma preocupação nacional (norte-americana) quanto
global. Intelectuais têm escrito muitos trabalhos sobre a história desse
movimento, mas nenhum adequadamente explicou a motivação que o envolve. É
a biologia ou a cultura que nos empurra para a natureza? E se é a cultura, ou um
comportamento aprendido, qual seria nosso aprendizado comum?
Em sua autobiografia My boyhood and youth, Muir enfatizou que seu
entusiasmo pela natureza foi presente desde sua infância, derivando, sentia, de
uma "selvageria natural inerente ao nosso sangue.'"" Ignorante dos debates
filosóficos modernos entre os cognitivistas e os fisiologistas, Muir antecipava as
visões dos últimos, argumentando que nascera com um instinto que o movia da
civilização, um impulso sobre o qual ele tinha pouco controle racionarmiii.
Muir estava certo em assumir que as paixões humanas, incluindo a paixão
pela natureza, são as últimas partes construídas culturalmente em nossas mentes;
elas podem transcender modismos intelectuais ou condições sociais. Mas a
psicologia evolucionista não estava preparada, creio eu, nem está agora, para nos
dar uma explanação completa sobre aqueles sentimentos""'". Algum dia a
ciência pode ter uma informação definitiva sobre aquela "selvageria natural
inerente ao nosso sangue", mas duvido que a ciência nos fornecerá mais do que
um meio-caminho do entendimento que dirigiu Muir à natureza. Temos de
admitir que a natureza em si e as paixões humanas são deslocadas e
condicionadas por forças da cultura, da aprendizagem e da história.
Minha proposta é examinar a influência das forças culturais sobre a
paixão de John Muir: particularmente, quero sugerir que o papel das idéias e dos
sentimentos associados com o nascimento da democracia moderna podem ter
desempenhado um papel importante em sua paixão pela natureza. Argumento
que sua paixão convergia, de um modo que não apreciamos plenamente, para
idéias de igualdade nascidas da cultura democrática moderna. Sugiro, dessa
forma, que, da mesma forma que a democracia foi profundamente afetada — e
comprometida — pela emergência de novas formas de riqueza e de poder, a
paixão de Muir pela natureza foi reposicionada, em seus últimos anos pelo seu
sucesso pessoal dentro da ordem social.
Muir nasceu em 1838 na vila pesqueira de Dunbar, Escócia, região de
North Sea. Durante as décadas que precederam seu nascimento um impulso
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cultural poderoso começou a direcionar a civilização ocidental a controlar a


natureza selvagem, um movimento que se tornou um dos principais formadores
das emoções modernas. Historiadores têm buscado explicar esse impulso em
termos demarcados — voltados ao nascimento das ciências naturais, ao
Romantismo, ao Transcendentalismo, ou à busca do sublime"" y. Ou eles
voltaram suas explicações às forças materiais que transformaram o modo de vida
das pessoas, criando uma economia de abundância. Aldo Leopold, grande
conservacionista de Wisconsin, sintetizou ambas as explicações com seu modo
característico: "Coisas selvagens... têm pouco valor humano até que a
mecanização garantiu a nos um bom café da manhã e até que a ciência
descortinou o drama de onde que elas surgiram e como elas vivem""".
A fórmula leopoldiana, que aponta para as forças modernizadoras da
tecnologia e da ciência, parece, a primeira vista, explicar muito bem as idéias de
Muir. No ano de seu nascimento, o progresso tecnológico e a riqueza que ele fez
possível transformou radicalmente as terras baixas da Escócia a tal ponto, que
ele nunca percebeu uma luta pela sobrevivência. Seus pais e avós, que eram
açougueiros urbanos e mercadores de grãos, não precisavam se preocupar com o
café da manhã. O garoto foi criado livre para o progresso material para induzir
sua paixão por coisas selvagens""".
Certamente, a família de Muir não era verdadeiramente rica ou livre.
Depois de migrar para urna fazenda de fronteira em Wisconsin, deitaram-se
sobre muito trabalho pesado e John, em particular, gastou mais do que a metade
de sua vida em alguma forma de trabalho braçal. Até os 42 anos de idade, não
tinha acumulado muita riqueza, embora já fosse antiga sua paixão pela natureza.
Ela, entretanto, não derivou mecânica ou simplismente, como sugere Aldo
Leopold, de uma condição de prosperidade individual ou do nível de
desenvolvimento econômico da sociedade.
O que resta sobre as influências intelectuais — o drama da natureza
revelada pela arte, pela filosofia, ou pela ciência moderna? Foram alguns livros,
científicos ou de poesia, que despertaram esses sentimentos? Novamente, a
explicação pode ser plausível até certo ponto. Quando Muir ingressou na
Wisconsin State University em 1861 ele escolheu seguir um curriculum
científico, matriculando-se em disciplinas de filosofia natural e de química.
Eventualmente, por meio da influência de um colega estudante, voltou-se à
botânica e, durante os intervalos escolares, devotou-se à coleta de plantas
praieiras — suas primeiras excursões adultas à natureza. A ciência permaneceu
por muito tempo um hobby, e a curiosidade sobre os fatos científicos e
explicações voltaram-se também a esse tema. Muir rejeitou a ciência como
profissão, temendo que os profissionais poderiam pensar que a sua paixão era
excessiva, acrítica e irracional. Entendeu-se a si mesmo como um naturalista
amador, antes de tudo um amante da natureza mais do que um colecionador de
fatos ou arquiteto de teorias"""ii.
JOHN MUIR E A PAIXÃO MODERNA PELA NATUREZA 87

Temos que atentar para influências culturais mais profundas que a


ciência ou a tecnologia, que livros ou afluências, para as menores influências
materiais e elitistas que não tinham sido identificadas pelos professores de Muir.
Um ponto vital origina-se do primeiro trabalho escrito de Muir durante uma
trilha de mais de mil milhas que fez ao Golfo do México, com 29 anos. Aquele
artigo é vibrante a cada página, repleto de sentimentos de libertação pessoal. Ele
despia-se de qualquer ansiedade com relação a sua carreira, suas obrigações com
a família, e todas as questões que diziam respeito à lealdades nacionais que o
atormentaram durante a Guerra Civil. Nunca mais, estava decidido, participaria
de qualquer grupo religioso; o artigo pode ser lido, como outras coisas, como
uma fuga da Cristandade tradicional, que o havia preso a doutrinas bíblicas
convencionais.
Perto do fim de sua jornada, enquanto recuperava-se de malária
contraída quando cruzava o pântano na Florida, Muir compôs uma de suas
citações mais famosas:

Uma classe numerosa de homens estão dolorosamente estupefatos mesmo quando eles
encontram qualquer coisa viva ou morta, em todo o universo de Deus, com a qual eles
não podem comer ou transformar de algum modo para que se torne útil a si mesmos....
Seu Deus.... é interpretado como um gentil homem civilizado, seguidor das leis cm favor
tanto de uma forma republicana de governo ou de uma monarquia limitada: crenças na
literatura e na língua da Inglaterra; é um defensor da constituição inglesa e das escolas
dominicais c sociedades missionárias; e é puramente um artigo manufaturado como um
pequeno objeto de um teatro fajutd"'ix.

Note-se o tom quase amargo no texto de Muir. Ele está atacando a


conformidade inglesa e as atitudes condescendentes com relação às populações
inferiores (particularmente, podemos entender, os nativos da Escócia), e ele está
ligando aquele imperialismo cultural inglês com uma assumida superioridade
humana sobre outras formas de vida.
Cada espécie, Muir começa a perceber, demanda respeito, e cada
criatura tem o direito de viver e buscar a felicidade. Cada forma de vida, como
cada grupo social, é igual perante o Criador; por conseguinte, todas as
speciesarein são em certo sentido pessoas — nesse longo caminho, por exemplo,
Muir fala dos pássaros como se fossem pessoas aprisionadas cxl . Como ele
caminha cada vez mais rápido para o sul, reafirmava sua primeira e juvenil visão
de natureza e o que encontrou por trás dela foi um profundo sentimento político,
desenvolvido a partir de uma rebelião pessoal contra tradições de poder e de
relações sociais, ligadas aos ressentimentos de um escocês dominado pela
Inglaterra.
A paixão de Jonh Muir pela natureza emergiu exatamente quando um
novo espírito de igualitarismo solapou a Escócia, a Inglaterra, o continente
europeu, a América do Norte — uma paixão que não desapareceu mas que pode
se espalhar para outras regiões. Olhar Muir como uma criança daquele nascente
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igualitarismo ou cultura democrática é onde devemos começar para interpretá-lo


e seu legado.
Isso não significa que Muir foi um ativista político em um sentido
comum. Ele nunca estabeleceu qualquer identidade partidária clara nem deixou
qualquer recordação de voto numa eleição. Seu igualitarismo foi mais uma
questão de temperamento, uma atitude para com todos e tudo a sua volta do que
um programa ou ideologia de política partidária convencional. Partindo de uma
rebelião visceral contra o poder e contra a autoridade, contra relações fixas de
classe e de gênero, contra a subordinação do indivíduo pela sociedade, ele se
tornou um advogado igualitarista da natureza.
Podemos interpretar Muir melhor depois de ler a obra-prima do grande
filósofo político do século XIX, Aléxis de Tocqueville. Em 1835 e 1840,
Tocqueville publicou uma tradução inglesa de sua obra de dois volumes
Democracy in América. (Aqueles anos chocam-se exatamente com o nascimento
de Muir em 1838). Um membro da aristocracia francesa, Tocqueville buscou
entender a "revolução irreversível" que tirou pessoas como ele do poder,
quebrando as amarras das relações feudais, e desafiando os privilégios dos
nascimentos nobres. Em sentido amplo, buscar a "igualdade de condições" era o
que ele entendia por "democracia". Isso se daria através da abertura de uma nova
era ao talento, uma nova era de liberdade individual e de oportunidade.
O que a democracia implicaria para outro mundo que não o humano foi
apenas um rastro na sua atenção, e ele não buscava compreender essas
complexidades. Viajando por todo o país, observou que a população comum,
dada à chance de melhorar seu status social, tornou-se uma força ambiental
incapaz de ser controlada: "Os americanos recém chegaram na terra em que
vivem, e já controlaram a natureza a sua volta'''. Considerava o fato de que a
democracia criara um apetite voraz pela propriedade da terra, pelo crescimento
econômico, da produção e do consumo, um apetite que provocava profundas
transformações na terra.
Negando uma destruição ambiental, Tocqueville, num capítulo
raramente citado do segundo volume, sugeriu que a democracia também
encorajou um forte sentimento pela natureza, um sentimento que era religioso,
de certa forma. A tendência filosófica da democracia, argumentava, era amenizar
as doutrinas tradicionais do cristianismo e colocar em seu lugar uma nova
religião da natureza, ou o que ele denominou de "panteísmo". "Não se pode
negar", escreve Tocqueville, "que o panteísmo fez grandes progressos em nosso
tempo"iii."
Para um homem criado nas instituições hierárquicas do catolicismo
romano, essa tendência panteísta era um dos maiores riscos postos pela
democracia. Tocqueville solenemente advertia, "todos aqueles que ainda
apreciam a verdadeira natureza da grandeza do homem deveriam juntar-se para
combate-lo'". Ele temia exatamente o que Jonh Muir esperava que iria
JOHN MUIR E A PAIXÃO MODERNA PELA NATUREZA 89

acontecer: que a barreira judaico-cristã entre humanos e não-humanos pudesse


desaparecer.
Dessa forma, um grande paradoxo persistia no coração do
relacionamento entre democracia e natureza. Enquanto a democracia era
tremendamente destrutiva ao ambiente, ao mesmo tempo encorajava as pessoas a
buscar pela natureza, tanto nas tradições de autoridade da igreja, como fonte de
ordem, virtude, espiritualidade e valor. A democracia apaixonou-se pela
natureza e o panteísmo era sua verdadeira religião.

O Panteísmo é uma crença antiga de que Deus não é alguém


transcendente, um patriarca que supervisiona o mundo abaixo dele. Deus vive na
Terra, dentro da natureza — um poder indivisível, uma força criativa, uma fonte
de energia. O ressurgimento do Panteísmo no início do período moderno, que
ainda crescia na época em que Muir crescia, não foi apenas um modismo
intelectual (criando estilos como o Romantismo ou o Transcendentalismo), uma
moda que passou rapidamente. Ele tocava todas as classes sociais. Afetou,
certamente, muitos intelectuais — Wordsworth, Goethe, Lamartine, Scott, Burns,
Thoreau, Emerson — mas também muitas pessoas comuns, inclusive os
colonizadores que desmataram os Estados Unidos. Afetou, particularmente, todo
aquele que estava insatisfeito com o poder da igreja, do clero e de doutrinas
antigas. Desiludidos com a religião estabelecida, ou simplesmente buscando
libertação de uma teologia muito rígida, pessoas de caris classes e de
nacionalidades começaram a voltar sua atenção para a natureza.
Nós deixamos Muir descer a costa da Flórida, descobrindo em si mesmo
um sentimento radical de igualdade com todas as criaturas divinas. Sua rebelião
não parou por aí. Nos próximos anos envolveu-se em um panteísmo amplo, ou
religião da naturezacx".
Em 1868, Muir fixou-se na Califórnia. Ele descreveu-se a si mesmo
"caminhando com a Natureza pelas planícies, ao longo da grande Sierra Nevada,
florestas balsâmicas e montanhas geladas". Nessas caminhadas, não houve
método humano, nem lei, nem regra"1 ". Agora ele sentia-se libertado de todas
as noções de ordem impostas imperiosamente sobre a natureza pela
racionalidade humana. O que ele encontrava no mundo natural não era velho,
nem desordem temorosa, nem caos, mas uma ordem que transcendia o
entendimento humano: uma presença divina que duelava com sequóias, com
planícies floridas. Enquanto estava-se tornando comum a ele encontrar amigos
igualitaristas buscando a divindade no mundo vegetal e animal, Muir sentia-a
inclusive no gelo que se desprendia de um pedaço de granito.
Muir continua a usar a palavra "Deus", "mas o que ele entende pelo
termo não é o que seu pai ou outros entendem, o poderoso patriarca do Paraíso.
Em uma anotação de diário de 1875 sobre suas viagens a Owens Valley, perto de
Sierra, ele escreveu: "Não há sinônimo mais perfeito para Deus do que Beleza.
... Tudo é Beleza'''. Para Muir, aquele "Tudo" não era apenas uma ordem
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estática criada uma vez sobre o tempo por uma mente distante e sem corpo. Era
um mundo dentro de um fluxo sem fim. A Terra se move, o gelo escorre sobre a
paisagem, plantas e animais se envolvem e se separam. Mas sempre aquele fluxo
divino é proposital. Sempre expressa algo de plano ou de ordem. Sempre se
move em direção da beleza.
O que os humanos encontraram nessa visão panteísta do mundo? Toda
religião oferece alguma crítica ao comportamento humano e apresenta um ideal
pelo qual nossas vidas e pensamentos podem ser conformados. Da mesma forma
ocorre com o panteísmo de Muir. Ele percebeu-se e aos humanos como um todo
como forças sem leis, desordenadamente batendo contra o mundo, humilhando-
se, precisando de aprendizado de e para a natureza. Apreciar a beleza natural
divina tornou-se sua ética.
Criticando aqueles que falharam em tratar o mundo como um local
sagrado, entretanto, Muir não se tornou um pessimista sobre os humanos. Pelo
contrário, ele entendia cada indivíduo como seu igual em potencial, capaz de
partilhar os mesmos sentimentos sobre a natureza que ele nutria. Nesse otimismo
benevolente ele incluía todas as mulheres, crianças e homens.
As visões de Muir sobre os indígenas podem contradizer sua esperança
universal sobre a espécie humana; aquelas visões têm sido às vezes entendidas
como anti-democráticas, até racistas. É verdade que, como outros igualitaristas
brancos de seu tempo, ele, de forma inconsistente, criou distinções hierárquicas
entre selvageria e civilização, ou como Muir expõe, entre sujeira e limpeza. Ele
foi repelido por "caras sujas" e especialmente pelo degradante estado das tribos
nativas remanescentes da Califórnia"". O jovem Muir lutou contra os
preconceitos raciais de sua época e nunca, em quaisquer de seus escritos,
publicou, sugeriu que algumas pessoas fossem biologicamente interiores do que
outras.
A paixão de Muir pela natureza viveu nele pelo resto de suas vidas e
transformou-o num dos maiores escritores da natureza em sua época, seguindo
sua migração para West Coast. Mas no sentido que nunca foi bem analisado,
aqueles sentimentos pela natureza diminuíram e tornaram-se cada vez mais
conservadores e comprometidos com o tempo. Ele nunca repudiou suas visões
primeiras, mas depois da década de 1870 aquelas visões passariam por um
período de ajustamento, precisamente como Muir citou, depois de encontrar seu
amigo imigrante mexicano em Eaton Canyon, "casamento e dinheiro."
Em 1881, Muir casou-se com Louisa Strentzel, filha única de um casal
de fazendeiros em Martinez, Califórnia. Saindo de sua vida de solidão por entre
as montanhas, entrou para um mundo de colonização, de prosperidade, um
mundo doméstico de classe alta. Feliz por sua mulher e por sua família, devotou
suas energias ao seu projeto de acumulação de propriedade e de produção
econômica, reiventando-se como um agricultor bem sucedido. Seu sogro deu-lhe
uma ajuda substancial, uma parte de seus extensos vinhedos, o que ajudou Muir
a construir uma fortuna também substancial. Devido também à vida de sua
JOHN MUIR E A PAIXÃO MODERNA PELA NATUREZA 91

mulher — proprietária de uma centena de acres de terra, uma mansão e um grande


status na sociedade — ele teve poucas necessidades de recorrer a seus próprios
fundos pelo resto de sua vida. Quando morreu, em termos de hoje, sua fortuna
passava os 4 milhões de dólares""'.
Como essa espetacular transformação de seu status afetou seu
igualitarismo para outras espécies, seu panteísmo e sua paixão pela natureza?
Muir nunca perguntou a si próprio essas questões, mas está claro que uma
transformação definitiva ocorreu. Como modificaria sua posição sobre a
natureza por meio de uma vida cada vez mais afastada do contato com o
selvagem? Mesmo manejando a fazendo de Strentzel, Muir passou a maior parte
de sua vida dentro de casa. Ele tornou-se um anfitrião genial para seus hóspedes,
enquanto nos seus estudos trabalhava sobre seus ensaios e diários de juventude,
colando-os com livros populares como The Mountains of Califórnia e My First
Summer in the Sierra.
Nunca mais cogitou em voltar para o que ele chamava de sua verdadeira
casa, a selva, Muir fez uma trilha de 20 léguas com uma mochila de chá nas
costas e pedaços de pão; entretanto, ele dirigiu com substancial conforto de carro
da Pullman. Ficou em hotéis elegantes e em residências privadas de seu novo
grupo de amigos, homens como Charles Sprague Sargent, diretor do Harvard's
Arnold Arboretum, ou Jonh Hooker, um empresário de Los Angeles. Com
Sargent, viajou todo o Alaska, o oeste, o sul e em 1904, através da Europa,
Sibéria, e China, onde então dividiram-se e ele foi para a índia, para o Egito,
para a Austrália e para a Nova Zelândia. Poucas anotações dos seus diários
foram publicadas durante sua vida, porque ele mesmo as qualificava como
meros documentos turísticos, que interpretavam o mundo de um convés de
navio"".
Assentado no seu novo modo de vida, Muir teve poucas oportunidades
de tomar contato com a diversidade de pessoas que uma vez possuía. Mesmo os
companheiros de acampamento tendiam a ser homens brancos ricos como ele:
banqueiros, investidores, presidentes americanos, executivos. Entre essas
pessoas, Muir sentia uma paixão pela natureza,. da mesma forma com que a
percebera no mexicano imigrante de Eaton Creek, porém perceptivelmente
transformada.
O que seus novos amigos, a maioria novos ricos da economia norte-
americana como ele, tendiam a querer da natureza era não um sentimento de
simpatia ou igualitarismo entre espécies ou a espiritualidade que emanava dela.
Buscavam, sim, cenários de beleza para adornar suas vidas e uma terapia para
amenizar a tensão e o nervosismo oriundas dos hábitos de trabalho. Eles
satisfaziam a necessidade desses dois cenários através de um movimento que
começou no final do século XIX com o objetivo de criar parques nacionais e
reservas florestais para salva-los do desenvolvimento comercial. Esses
preservacionistas também foram freqüentemente colecionadores de arte; eles
colecionavam os melhores trabalhos humanos e da natureza, preservando-os em
92 REVISTA ESBOÇOS N g 13 - UFSC

espaços semelhantes a museus. A natureza agora aparecia para eles não como
um mundo de divindade, mas como um espectro de expressões estéticas, que
variavam do grandioso ao mundano; apenas as melhores dessas expressões
precisavam aparecer, serem valorizadas, serem preservadas. E em todos esses
cenários belos os quais tentaram colecionar e preservar, trataram de providenciar
hotéis, ferrovias, rodovias e os confortos físicos da civilização.
Muir era contra a presença de hotéis em parques, mas entre seus amigos
aprendeu a canalizar e redirecionar seus sentimentos para com a natureza e,
assim como eles, passou a valorizar a natureza mais pelas suas belas expressões.
O Yosemite Valley na Califórnia aparecia no topo de sua hierarquia. Ele devotou
seus últimos anos para trazer aquele vale novamente para as mãos federais e
expandi-lo através de um segundo parque nacional. Outros ambientes
californianos que apareciam na sua lista de preservação eram o Kings Canyon no
sul da Sierra Nevada e as regiões de sequóiad.
Para promover a preservação ambiental, Muir ajudou a fundar o Sierra
Club, uma associação de voluntários que Tocqueville descreveu como
característica de sociedades democráticas'''. O clube, precisa ser dito, incluía
muitos indivíduos para os quais a natureza ainda oferecia a maior fonte de
sentimentos religiosos, incluindo professores e membros de denominações
protestantes. Mas o clube também atraía naturalistas para os quais a paixão pela
natureza tornou-se seletiva e exclusiva. Sob a influência do Club, foi possível
conservar o melhor da Sierra Nevada, porém não o Central Valley. Eles
honraram aqueles "nobres reis", as sequóias, porém não as outras árvores. Eles
buscaram salvar habitat para um elite de mamíferos, tais como bisões, enquanto
"espécies inferiores" foram ignoradas. Aquelas espécies da elite da vida e da
beleza, argumentam os membros do clube, tornaram-se as "jóias" da nação.
Enquanto Muir e seus aliados do clube trabalhavam para salvar os
últimos espaços, uma destruição sem precedentes do habitat natural ocorria em
toda a América. O continente tornou-se uma imensa indústria para a produção de
petróleo, trigo, automóveis, subúrbios, grandiosos bairros com jardins
cuidadosamente desenhados, universidades para a elite e galerias de arte.
Em 1909, quando estava prestes a completar 70 anos, Muir passou
vários meses na residência de verão do executivo E. H. Harriman, nas margens
do Lago Klamath, no Oregon, uma residência rústica rodeada por pinus e
carvalhos. Foi para lá devido à insistência de Harriman, sabendo de que Muir
dificilmente escreveria algo novo. Os amigos pressionavam-no para escrever
uma autobiografia que inspirasse outros com a história de alguém que ascendeu
socialmente de um estado de obscuridade para ser o pastor dos parques
nacionais.
Harriman tinha conseguido seu idílico retiro através da expansão de seu
império ferroviário da Califórnia para o Noroeste do Pacífico chl. O Lago
Klamath oferecia tanto um lugar para caçadas e pescarias como também uma
base da qual poderia perceber seu enriquecimento constante. Em 1905, o
JOHN MUIR E A PAIXÃO MODERNA PELA NATUREZA 93

governo federal lançou um grande projeto para converter aquela região junto
com o Lago Tule em campos irrigados; Harriman percebeu rapidamente que os
fazendeiros envolvidos no projeto precisariam de vagões para transportar suas
commodities para o mercado. Criar aquela nova agricultura moderna significava
destruir um dos mais importantes habitats da vida lacustre da América do Norte.
75% daquelas terras seriam destruídas, e metade da população de pássaros
perdida`"".
Qual foi a reação de Muir àquela destruição ambiental abalizada pelo
seu generoso amigo e anfitrião, um dos maiores executivos da indústria
ferroviária nacional? Não disse uma palavra, mesmo em seus diários e cartas.
Enquanto sentava na varanda de Harriman, tentando relembrar suas primeiras
impressões de um "paraíso de pássaros" na Wisconsin de sua infância, não
dispensou atenção à perda de vida das aves e do habitat de pássaros que
começava a ocorrer poucas milhas dali.
O jovem Muir descobriu a beleza em qualquer local por onde andava, e
toda essa beleza era encarada como divina. O velho Muir, ao contrário, tendia a
pensar a natureza selvagem em termos de tesouros nacionais espetaculares. Lá, e
somente lá, havia uma natureza a ser salva, enquanto em toda a parte a natureza
poderia ser sacrificada no nome de fazendas ou minas ou homens e sua
civilização industrial.
O jovem Muir adentrou a natureza com pouco dinheiro, usando farrapos,
acampando com qualquer pessoa que encontrasse, sem distinguir cor ou classe
social. O velho Muir usava roupas finas, ocasionalmente carregando cigarros em
estojos finos, e acampava com cavalheiros influentes da nação. O velho amor
pela conservação e o cuidado com a amizade não desapareceu, mas agora falava
com "cavalheiros civilizados, obedientes às leis em favor da forma republicana
de governo ou de uma monarquia limitada."
Não podemos negar os esforços de Muir para salvar o Yosemite ou
outros espaços de beleza inigualável. Certamente estamos melhores com esses
locais de preservação oriundos de um desenvolvimento econômico. Inspirados
no seu exemplo, norte-americanos têm buscado expandir o sistema de parques
nacionais beirando quase a mil unidades, e rapidamente temos expandido nosso
senso de o que dentro da natureza precisa ser preservado; muitos daqueles
espaços preservados durante o século XX estavam longe de uma natureza
sublime — espaços sem montanhas, grandiosidade cênica ou uma megafauna
carismática. Um espírito mais igualitarista na preservação surgiu com a inclusão
de parques estaduais por Muir, parques municipais e de condados, espaços
abertos, trechos de rios e refúgios de vida selvagem. Mais radicalmente,
estendeu-se a proteção para quaisquer espécies ameaçadas, até mesmo àquelas
minúsculas. Todos aqueles esforços de preservação, protegendo o mais alto e o
menos qualificado, o comum e o extraordinário, o obscuro e o carismático
tiveram ligações importantes com a idéia de democracia. Nós não aprendemos
somente a preservar a natureza em todas as suas formas mas também abrir
94 REVISTA ESBOÇOS N2 13 — UFSC

aqueles espaços de preservação para quaisquer seres humanos, sem considerar


classe ou etnicidade, muito mais além do que nossas universidades, country
clubs ou comunidades. Nesse movimento democrático de preservação
aprendemos que existe uma obrigação moral para além da espécie humana.
Conhecendo John Muir melhor, podemos perceber como o amor
moderno pela natureza começou como parte integrante de um grande movimento
também moderno a favor da democracia e da igualdade, que se voltavam contra
diversas formas de hierarquias opressivas que dominavam o mundo. Podemos
perceber que a luta pelo salvamento de baleias, de florestas tropicais ou até
mesmo de um único acre de terra é mais parte de um movimento do que um
protesto contra tóxicos ou contra a exploração de uma minoria. A justiça
ambiental não diz respeito simplesmente sobre a promoção da igualdade em
termos de raça, classe ou gênero; ela tem sido historicamente ligada a uma
paixão maior pela natureza, uma ligação que pode ser encontrada em Burns,
Wordsworth, Thoreau e Muir e tem origem na "revolução democrática" de
Tocqueville.
Os seguidores de Muir bem como seus críticos precisam entender essa
ligação histórica e também para perceber aquelas transformações de sentimento
e de percepção pelas quais Muir passou durante sua vida. Devemos lembrar de
sua paixão ardente, seu papel na preservação de parques e da vida selvagem e a
extensão de seus ideais para uma cultura democrática a toda a natureza. Mas
também devemos lembra-lo como alguém que nunca se confrontou plenamente
com as contradições de sua vida dentro da sociedade democrática — o conflito
entre o sonho de igualdade e o crescente poder do dinheiro, entre o materialismo
e a virtude, entre os desejos humanos e as responsabilidades. Esses conflitos
ainda pairam sobre as democracias, e não encontramos soluções para eles desde
a época de Muir. Conhecer Muir melhor talvez sirva para confrontarmo-nos com
nossas próprias contradições.

Notas

MUIR. John. The San Gabriel Mountains. The Writings of John Muir. Boston: Sierra Edition,
vol. 8, Sierra Edition (Boston: Houghton Mifflin, 1918), 147-48. A identidade do companheiro
de Muir no acampamento é desconhecida. Uma possibilidade talvez seja Carlos R. Cruz, que um
mês depois de Muir levantou um acampamento por onde Muir tinha passado. Cruz, entretanto.
era de Monterey, Califórnia, e já era casado e com dois filhos. Ver A History of Eaton Canyon
Natural Arca and Adjacent Ranches (Pasadena: County of Los Angeles Department of Parks &
Recreation, n.d.), 6-7; and Pasadena Star News, 24 February 1923.
""" MUIR, John. My Boyhood and Youth. Writings of John Muir, 4. vol. 1.
""i" Para uma introdução a esse debate, ver SOLOMON, Robert C. (org) Thinking about Feeling:
Contemporary Philosophers on Emotions. Oxford: Oxford University Press, 2004.
""i" Um provocativo começo em torno dessa questão é KELLERT, Stephen R.; WILSON,
Edward O. he Biophilia Hypothesis. Washington: Island Press, 1993.
JOHN MUIR E A PAIXÃO MODERNA PELA NATUREZA 95

"" Ver, por exemplo, NICHOLSON, Marjoric Hope. Mountain Gloom and Mountain Glory: The
Development of the Aesthetics of the Infinite (1959) Seattle: University of Washington Press,
1997; NASH, Roderick Frazier. Wilderness and the American Mind. 4.ed. New Haven: Yale
University Press, 2001; THOMAS, Keith. Man and the Natural World: A History of the Modem
Sensihility. New York: Pantheon, 1983; e COATES, Peter. Nature: Western Altitudes since
Ancient Times. Berkeley/ Los Angeles: University of California Press, 1998), 125-39.
c""i LEOPOLD, Aldo. A Sand County Almanac and Sketches Here and There (1949)
Reimpressão: Oxford University Press, 1987.
Não se sabe muito sobre a infância de Muir na Escócia, de 1838 a 1849. As melhores
observações sobre o assunto podem ser encontradas em WOLFE, Linnie M. Son of the
Wilderness: The Life of John Muir (1945). Reimpressão: Madison: University of Wisconsin
Press, 1973.
""viii Os anos de Muir em Wisconsin, incluindo seus dias na universidade do estado foram
descritos por HOLMES, Steve J. The Young John Muir: An Environmental Biography.
Madison: University of Wisconsin Press, 1999. p. 39-113.
MUIR, J. A Thousand-Mile Walk to the Gulf, vol. 1, Writings of John Muir, 354-55. A
versão original, que difere um pouco da impressa pode ser encontrada em CHADWYCK-
HEALY, The Microform Edition of the John Muir Papers, published by Chadwyck-Healey
(1986), rolo 23, folha 111.
"1 MUIR, J. A Thousand-Mile Walk to the Gulf, 353. Outras espécies, argumenta, "são criaturas
companheiras de nossos amigos mortais."
TOCQUEVILLE, Alexis de. Democracy in America. Garden City: Anchor Books. 1969, p.
554.
"I" idem, ibidem, p. 451-52.
Idem, p. 452.
"h" A análise do desenvolvimento da religiosidade em Muir pode ser encontrada cm STOLL,
Mark. God and John Muir. In MILLER, Sally M. John Muir: Life and Work. Albuquerque:
University of New Mexico Press, 1993, p. 65-81; WILLIAMS, Dennis C. God's Wilds: John
Muir's Vision of Nature. College Station: Texas A&M University Press, 2002; e WORSTER,
Donald. John Muir and the Roots of American Environmentalism. The Wealth of Nature:
Environmental History and the Ecological Imagination. New York: Oxford University Press,
1993. p. 184-202.
"I " Citado por WOLFE, L. M. John of the Mountains: The Unpublished Journals of John Muir.
Madison: University of Wisconsin Press, 1966.
MUIR, J. "Additional Notes ... High Sierra," 19 June 1875, In WOLFE, L. M.. John of the
Mountains, p. 208. 17. MUIR, J. My First Summer in the Sierra, vol. 2, Writings of John Muir,
p. 220.

"'vil' De acordo com o San Francisco Examiner. de 25 de Janeiro de 1916, o capital de Muir
quando morreu em 1914 somava US$250.000,00, sendo que grande parte desse montante
(US$184.000,00) estavam depositados em um banco de San Francisco, na região de Martinez.
Se fôssemos calcular esse montante com base no câmbio atual, a soma seria de
US$4.584.666,00.Ver também DOSCH, Arno.The Mystery of John Muir's Money, Sunset, 36
Fev. 1916, p. 20-22, 61-62.
BRANCH. Michael P. recentemente publicou os diários de Muir entre 1911 e 1912, intitulado
John Muir's Last Journey: South to the Amazon and East to Africa. Washington. D.C.: Island
Press, 2001.
`1 O esforço para transformar o Yosemite Valley em parque nacional pode ser interpretado através
das obras JONES, Holway R. John Muir and the Sierra Club: The Battle for Yosemite. San
Francisco: Sierra Club, 1965; e RUNTE, Alfred. Yosemite: The Embattled Wildemess. Lincoln:
University of Nebraska Press, 1990.
96 REVISTA ESBOÇOS N2 13 — UFSC

COHEN, Michael P. The History of tile Sierra Club, 1892-1970. San Francisco: Sierra Club
Books, 1988,1-37.
CADMAN, William J.; CADMAN, LoEtta A. History of Rocky Point, Oregon. Klamath
Historical Society, Klamath Echoes 2 (1965): 21,48. Ver também KLEIN, Maury. The Life &
Legend of E. H. Harriman. Chapel Hill: University of North Carolina Press, 2000.
"" Ver LANGSTON, Nancy. Whcre Land and Water Meet: A Western Landscape Transformed.
Seattle: University of Washington Press, 2003. p. 83-87; e KITTREDGE, William. Balancing
Water: Restoring the Klamath Basin. Berkeley e Los Angeles: University of California Press,
2000. p. 54-55.

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