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SANTARÉM-2019
ÉDRIA VALDENICE SANTOS DE SOUSA
MARINETE DA SILVA FERREIRA
SANTARÉM
2019
INTRODUÇÃO
No modelo de três células a circulação entre 30° e 60° de latitude é oposta à da célula
de Hadley. A corrente na superfície é para os pólos e, devido à força de Coriolis, os
ventos tem um forte componente de oeste, formando os ventos de oeste em latitudes
médias, que são mais variáveis que os ventos alísios. Examinando o modelo de três
células na figura 8.2, podemos ver que a circulação em altitude em latitudes médias é
dirigida para o equador, e portanto, a força de Coriolis produziria um vento de leste.
Contudo, desde a 2ª Guerra Mundial, numerosas observações indicaram que há vento de
oeste em altitude, assim como na superfície, em latitudes médias. Portanto, a célula
central nesse modelo não se ajusta completamente às observações. Devido a esta
complicação e à importância da circulação em latitudes médias em manter o balanço de
calor na Terra, os ventos de oeste serão considerados com mais detalhe em uma seção
posterior.
A Figura 3 (a seguir) faz uma representação didática e sem escala da Célula de Walker.
Observe que há locais em que temos movimento ascendente (baixa pressão em
superfície, que favorece a formação de nuvens) e locais em que temos movimento
descendente (alta pressão em superfície) que dificulta a formação de nuvens). A parte
da Célula de Walker que corresponde aos ventos em superfície é o que chamamos de
ventos alíseos.
A célula de Walker possibilita que algumas áreas sejam mais chuvosas que suas áreas
relativamente vizinhas. Por exemplo, temos um ramo ascendente da célula de Walker
em cima da Floresta Amazônica e temos uma região de movimento descendente (ou
subsidente) no interior da Região Nordeste do Brasil. Essas localizações tem a ver com
os locais em que temos ramo ascendente ou descendente da célula de Walker.
Walker determinou que a escala de tempo de um ano (que era usada por muitos que
estudavam a atmosfera e ainda é, dependendo da aplicação) era imprópria porque as
relações poderiam ser inteiramente diferentes dependendo da estação. Dessa maneira,
ele quebrou sua análise temporal em dezembro-fevereiro, março-maio, junho-agosto e
setembro-novembro. Esse raciocínio é usado até hoje, quando por exemplo estudamos a
estação chuvosa em parte do Brasil (nos locais onde chove de setembro a março).
Analisando os dados da Índia e das regiões vizinhas que o Reino Unido controlava e
possuia estações meteorológicas, Walker então selecionou uma série de “centros de
ação”, que incluiu áreas como a própria Península Indiana. Os centros estavam no
coração de regiões com pressões altas e baixas sazonais ou permanentes. Ele examinou
as relações entre os valores de verão e inverno de pressão e precipitação, primeiro
focalizando os valores de verão e inverno e mais tarde estendendo sua análise para a
primavera e o outono.
Observe na Figura 2 que temos 5 ‘células’ de Walker que compõe algo maior, a
Circulação de Walker. Vejam, essa é a meu jeito de se referir ao tema, não estou falando
que é o único. E eu quis deixar isso claro pois daqui para frente, no texto, eu vou
precisar dessa definição para conseguir explicar melhor.
Na Figura 1 e na Figura 2 (que são iguais) podemos ver que temos 3 ramos
ascendentes (setas para cima) da Circulação de Walker: no Oceano Pacífico bem ao
norte da Austrália (entre os números 2 e 3 da Figura 2), no Oceano Pacífico
relativamente mais próximo da costa da América do Sul (entre os números 4 e 5 da
Figura 2) e na costa oriental do continente Africano (entre os números 1 e 5 da Figura
2). A ‘força’ desses ramos ascendentes é representado na Figura 1 pelo tamanho da
‘nuvem’ representada e sendo assim, o ramo ascendente mais forte da Circulação
Walker está localizado bem ao norte da Austrália (localizado entre os números 2 e 3 da
Figura 2).
A Circulação Walker é basicamente uma circulação termicamente direta, ou
seja, ela precisa das variações térmicas na superfície para funcionar. Onde estiver mais
quente, teremos mais convecção e portanto mais movimento ascendente. Portanto, a
grosso modo, quando a temperatura da superfície do oceano estiver maior, maior será o
movimento ascendente. Ou seja, os ramos ascendentes da Célula de Walker poderão
ficar mais fortes ou mais fracos dependendo da temperatura dos oceanos.
Durante episódios de El Niño (Figura 3), ocorrem modificações na Circulação
de Walker quando a gente compara com anos neutros (Figura 1 e Figura 2). Com a
elevação das temperaturas na costa oeste da América do Sul (observe na Figura 3 que o
Oceano Pacífico, na costa oeste, está com anomalias positivas de temperatura), o ramo
ascendente é deslocado e a convecção fica maior mais ou menos no meio caminho entre
a América do Sul e a Oceania (ou seja, vai chover mais nessa região). E isso altera toda
a configuração da Circulação de Walker, na medida que as outras células que compõe
essa circulação se deslocam. Percebam o forte movimento subsidente nas Regiões Norte
e Nordeste do Brasil: em anos de El Niño, em geral registra-se chuva abaixo da média
climatológica nessas regiões brasileiras
Ou seja, uma ‘simples’ mudança na temperatura do mar faz com que toda a
Circulação de Walker se modifique. A La Niña (Figura 3). Observe como o padrão de
anomalias na superfície dos oceanos se modifica. Na costa oeste da América do Sul,
temos águas mais frias do que a média e essa situação vai dificultar a convecção sobre
os oceanos nessa região. Um dos ramos ascendentes da circulação ficará sobre o norte
do continente sulamericano, teremos portanto chuva acima da média em parte da Região
Norte do Brasil. A chuva também será intensa na Indonésia e vizinhanças, pois a
convecção ficará bem forte por lá, uma vez que a anomalia de temperatura do oceano
será positivia naquela região.
Figura 3: Circulação de Walker entre Dezembro-Fevereiro em anos que ocorrem La
Niña. As cores nos oceanos representam anomalias de temperatura na superfície dos
mesmos. A cor laranja representa anomalia quente (anomalia positiva) e a cor azul,
anomalia fria (anomalia negativa). Fonte: climate.gov
A circulação de Hadley dos trópicos, nomeada pelo inglês George Hadley (que
formulou uma teoria para explicar os ventos alísios, em um artigo clássico de 1735),
pode ser considerada atuante entre as áreas centrais dos anticiclones subtropicais de
ambos os hemisférios, que por sua vez tem sua posição média em aproximadamente
32˚N e 32˚S, como mostrado na Fig. 15.2. Abrange, portanto, mais da metade da
superfície terrestre e é de vital importância em termos da circulação geral da atmosfera
e das trocas de energia na atmosfera como um todo. Embora a circulação dos trópicos
esteja sendo tratada em um capítulo à parte devido, puramente, a uma conveniência
descritiva, deve ser enfatizado que a atmosfera não tem limites, é indivisível e existem
muitas interações entre as circulações tropicais e das médias latitudes, particularmente
nas zonas entre as grandes células dos anticiclones subtropicais. Há também variações
longitudinais na extensão e na atuação da circulação de Hadley, como descrito aqui,
particularmente sobre as regiões influenciadas pela monções asiáticas. A circulação de
Hadley consiste em quatro elementos básicos, como mostrado na Fig. 13.1: (1) Os
anticiclones subtropicais, fornecendo o ramo subsidente da circulação. (2) O cinturão
dos ventos alísios (de nordeste no Hemisfério Norte e de sudeste no Hemisfério Sul),
soprando em torno do flanco equatorial dos anticiclones subtropicais - são
especialmente dominantes sobre os oceanos tropicais. (3) A Zona de Convergência
Intertropical (ZCIT) na convergência dos dois sistemas de ventos alísios no cavado
equatorial de baixa pressão. (4) Ventos de leste superiores fracos no topo da troposfera,
acima da ZCIT, que decrescem na direção dos polos, tornando-se ventos de oeste que
aumentam em velocidade na direção do núcleo da corrente de jato subtropical de oeste -
o fluxo de retorno da circulação de Hadley.
4. CORRENTES OCEANICAS
Foi W. Ekman em 1905, o primeiro a edificar uma teoria das correntes de deriva tendo
em conta a rotação da Terra e uma viscosidade turbulenta»vertical. Em 1936, C. G.
Rossby introduziu um coeficiente de turbulência lateral, depois foram feitos progressos
com os trabalhos de H. V. Sverdrup (1947) e R. O. Reid (1948) sobre a corrente
equatorial do oceano Pacifico, que mostram que o vento é o principal motor das
correntes marinhas. Por outro lado, M. Stommel, num estudo do modelo de oceano
fechado retangular, mostrou que a intensificação oeste das correntes é derivada à
variação da aceleração de Coriolis com a latitude.
Em 1950, W. H. Munk e K. Hidaka apresentaram uma teoria de conjunto, permitindo
representar o aspecto geral da circulação dum oceano fechado comparável ao oceano
Pacífico. Munk empregou coordenadas retangulares e apresentou uma equação dando a
função da corrente do transporte de massa, supondo-a constante; o gradiente seguinte, a
latitude da constituinte vertical, a velocidade angular da rotação terrestre e o coeficiente
lateral de turbulência. Hidaka operou com coordenadas esféricas, admitindo um
coeficiente inversamente proporcional ao cosseno da latitude, obteve de seguida a
função da corrente com a ajuda de um desenvolvimento em série e dum método de
multiplicadores com cálculos muito extensos.