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Gestao - Um Olhar para A Saude

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GESTÃO –

UM OLHAR PARA A SAÚDE

ETAPA 1
CENTRO UNIVERSITÁRIO
LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, nº 1.040, Bairro Benedito
89130-000 - INDAIAL/SC
www.uniasselvi.com.br

Curso ENADE Gestão Hospitalar Conteúdos Gerais


Centro Universitário Leonardo da Vinci

Organização
Sonia Adriana Weege

Reitor da UNIASSELVI
Prof. Hermínio Kloch

Pró-Reitoria de Ensino de Graduação a Distância


Prof.ª Francieli Stano Torres

Pró-Reitor Operacional de Ensino de Graduação a Distância


Prof. Hermínio Kloch

Diagramação e Capa
Letícia Vitorino Jorge

Revisão
Harry Wiese
Andressa Ehlert
APRESENTAÇÃO

Nesta etapa os conteúdos a serem estudados estão direcionados a governança


hospitalar, que compreende a supervisão das atividades relacionadas a higienização
dos ambientes hospitalares, bem como da coleta e transporte de resíduos. Este setor tem
grande importância para a imagem da instituição de saúde. Todas as ações são norteadas
por normas técnicas severas, pois tem como propósito evitar riscos de contaminação e
infecção nas unidades e serviços de saúde.

Recordaremos também outros aspectos relacionados a gestão de serviços em


saúde, iniciando com aqueles relacionados a organização da saúde suplementar
brasileira, continuando com a cobertura assistencial dos planos de saúde, encerrando
com informações acerca das operadoras privadas de planos de saúde destacando a
Agência Nacional de Saúde – ANS, importante reguladora da prestação de serviços em
saúde privado no território brasileiro.

Vamos aos estudos! Até breve.


2 GESTÃO – UM OLHAR PARA A SAÚDE

GOVERNANÇA HOSPITALAR

1 INTRODUÇÃO

O departamento de governança na hotelaria hospitalar compreende a supervisão e


responsabilidade operacional das atividades de higienização das unidades de internação,
setores fechados como centro cirúrgico, centro obstétrico, Unidade de Tratamento
Intensivo e Central de Material Esterilizado, áreas de convivência social, além, de coleta
e transporte dos resíduos, lavanderia, costura e rouparia (BOERGER, 2003).

Este é responsável pela imagem da instituição hospitalar. Sua atuação influencia


diretamente na opinião formada por pacientes, acompanhantes e visitantes, que
observam desde o atendimento atribuído até a arrumação dos quartos (BOERGER, 2005).

O departamento de governança, assim, como outros setores dos hospitais, tem o


desafio de capacitar os profissionais para que sejam capazes de desenvolver o serviço
de forma eficiente e com qualidade, tendo como prioridade o bem-estar do paciente, a
humanização e a qualidade dos serviços médico-hospitalares. (TARABOULSI, 2009).

2 HIGIENIZAÇÃO E LIMPEZA

ÇÃO!
ATEN

A higienização e limpeza hospitalar é o setor responsável em contribuir para a


minimização dos índices de infecções hospitalares. Você sabia que, o hospital é
propício para o desenvolvimento de bactérias? E, que muitas delas se tornam
multirresistentes a medicamentos e antibióticos?

No ambiente hospitalar, a higiene é considerada de fundamental importância.


Além dos critérios exigidos pela legislação de saúde, fica claro que o processo de
limpeza, executado de forma criteriosa e adequado, visando sempre à qualidade, acaba
auxiliando até mesmo no processo de recuperação do paciente. Estar em um ambiente
limpo, que traz conforto, bem-estar e segurança, é um grande diferencial (PANICALI,
2006 apud FELIX; GONÇALVES; FILHO, 2007, p. 39).

UNI

Uma das grandes dificuldades que afetam a Medicina, até os dias de hoje,
é a prevenção e o controle das infecções relacionadas à assistência à saúde
(BARSANO, et al., 2014).

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De acordo com Taraboulsi, (2004, p. 131): “normas e critérios técnicos de limpeza


rígidos precisam ser observados pela governança para que os serviços de limpeza e higiene
possam ser prestados corretamente”, evitando infecções hospitalares.

Na área da saúde, os processos de limpeza de superfícies envolvem duas formas


de limpeza: concorrente (diária) e terminal.

Limpeza concorrente: é a limpeza ou desinfecção realizada ainda no momento em


que o ambiente está ocupado, ou seja, trata-se da limpeza diária realizada nos quartos
de internações.

Limpeza terminal: é o procedimento de limpeza realizado no momento em que


o paciente recebe a alta. Trata-se de uma limpeza mais detalhada do quarto do paciente.

FIGURA 1 - LIMPEZA E HIGIENIZAÇÃO HOSPITALAR

FONTE: Disponível em: <http://www.conservadorasembh.com/conservadoras-blog/servico-de-


higienizacao-hospitalar-conservadoras-em-bh/>. Acesso em: 15 out. 2015.

A ANVISA classifica as áreas hospitalares em: críticas, semicríticas e não críticas.

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QUADRO 1 - CLASSIFICAÇÃO DAS ÁREAS HOSPITALARES

são os ambientes onde existe risco aumentado de transmissão de


infecção, onde se realizam procedimentos de risco, com ou sem
pacientes ou onde se encontram pacientes imunodeprimidos.
Exemplo: Centro Cirúrgico (CC), Centro Obstétrico (CO), Unidade de
Terapia Intensiva (UTI), Unidade de Diálise, Laboratório de Análises
Áreas críticas
Clínicas, Banco de Sangue, Setor de Hemodinâmica, Unidade de
Transplante, Unidade de Queimados, Unidades de Isolamento,
Berçário e Alto Risco, Central de Material e Esterilização (CME),
Lactário, Serviço de Nutrição e Dietética (SND), Farmácia e Área
suja da Lavanderia.
são todos os compartimentos ocupados por pacientes com doenças
infecciosas de baixa transmissibilidade e doenças não infecciosas.
Áreas
São exemplos desse tipo de área: enfermarias e apartamentos,
semicríticas
ambulatórios, banheiros, posto de enfermagem, elevador e
corredores.
são todos os demais compartimentos dos estabelecimentos assistenciais
Áreas não de saúde não ocupados por pacientes e onde não se realizam
críticas procedimentos de risco. São exemplos desse tipo de área: vestiário,
copa, áreas administrativas, almoxarifados, secretaria, sala de costura.
FONTE: Elaborado com base em ANVISA (2010, p. 21)

No caso de limpeza concorrente a ANVISA determina que ela seja realizada de


acordo com frequência exibida na figura a seguir.

FIGURA 2 - FREQUÊNCIA DA LIMPEZA CONCORRENTE

FONTE: Anvisa (2010, p. 63)

No caso da limpeza terminal a ANVISA determina que ela seja realizada de


acordo com o demonstrado na figura a seguir.

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FIGURA 3 - FREQUÊNCIA DA LIMPEZA TERMINAL

FONTE: Anvisa (2010, p. 63)

S!
DICA

Para você ter conhecimento sobre os produtos e técnicas de higienização


recomendamos a seguinte leitura:
Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Segurança do paciente em
serviços de saúde: limpeza e desinfecção de superfícies. Agência Nacional
de Vigilância Sanitária. – Brasília: Anvisa, 2010.

3 GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS


O setor de governança também é responsável pela coleta do lixo hospitalar até a
central de resíduos quando será dado um destino correto ao mesmo de acordo com as
categorias: lixo reciclável, lixo infectante, lixo comum e perfuro cortantes, respeitando
as normas estabelecidas pela legislação em vigor.

A geração de resíduos nos ambientes hospitalares é regulamentada pela Norma


regulamentadora NR – do Ministério do Trabalho e Emprego, nº 32, que trata da
segurança e saúde do trabalho em serviços de saúde.

FIGURA 4 - COLETA E TRANSPORTE DE RESÍDUOS HOSPITALARES

FONTE: Disponível em: <http://www.resol.com.br/cartilha9/coleta.php>. Acesso em: 15 out. 2015.

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6 GESTÃO – UM OLHAR PARA A SAÚDE

FONTE: Disponível em: <www.fiocruz.br>. Acesso em: 15 out. 2015.

Cabe à equipe ser bem orientada em relação à segregação, coleta e transporte destes
resíduos até a central de resíduos onde o mesmo terá a destinação final correta.

S!
DICA

Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.


Manual de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde
/ Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. –
Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 182 p. – (Série A. Normas e
Manuais Técnicos).

4 SEGURANÇA NAS INFORMAÇÕES DO PACIENTE

Além disso, a estrutura das bases de dados hospitalares difere daquela das
empresas de outros segmentos de mercado, principalmente porque a autorização de
acesso se torna diferenciada. Por exemplo: quem trabalha na área administrativa, não
pode ter acesso à evolução que o médico fez sobre o paciente.

Os hospitais assim como outras empresas devem apresentar informações a vários


órgãos judiciais, entidades de classe e conselhos de classe. Por isso, o gestor deverá ficar
atento, rever periodicamente os mecanismos de segurança da informação, evitando
riscos desnecessários, por exemplo, em relação ao acesso ao Prontuário Eletrônico do
Paciente (PEP).

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ÇÃO!
ATEN

A palavra prontuário origina-se do latim promptuarium e significa “lugar onde


são guardadas coisas de que se pode precisar a qualquer momento” ou “manual
de informações úteis” ou ainda “ficha que contém os dados pertinentes de uma
pessoa”. (HOUAISS, 2009).

De acordo com Costa (2012), o PEP é a principal ferramenta de TICS que o médico
precisa ou precisará lidar nas suas atividades diárias, seja no consultório, centro diagnóstico
ou hospital. É fundamental que o médico utilize uma ferramenta de alta qualidade, segura
e que possa auxiliá-lo no registro da história clínica e exame físico, bem como na solicitação
de exames e prescrição.

Da mesma forma como do prontuário em papel, tais dados são de exclusividade


do paciente, por isso um dos maiores desafios para a implantação PEP é a segurança
dos dados do paciente, ou seja, garantir rastreabilidade, sigilo das informações e
responsabilidade pelos registros realizados (VECINA NETO, 2011).

Desta forma, SALU (2013) coloca que qualquer pessoa que utilizar de recurso de
informação do hospital deverá formalizar um termo de responsabilidade sobre o uso de
senhas, barreiras de acesso, utilização de e-mail, correio eletrônico, navegação da internet,
utilização de dados do paciente.

Bem, agora que já estudamos um pouco sobre as informações geradas nos


hospitais, é importante compreendermos como os processos podem ser estruturados
para facilitar o fluxo de informações no dia a dia das organizações hospitalares.

5 ESTRUTURAÇÃO DE PROCESSOS HOSPITALARES

Quando estudamos as ferramentas de apoio às organizações hospitalares na


Unidade 2, vimos sobre a importância dos fluxogramas para os desenhos dos processos
da organização, não é mesmo?

Agora, vamos estudar como estruturar estes processos para que todos os envolvidos
com a organização tenham claro a forma correta estabelecida pelo hospital para a execução
das atividades operacionais e estratégicas.

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5.1 ESTRUTURAÇÃO DE PROCESSOS

A complexidade da organização hospitalar é marcada pela existência de inúmeros


processos (assistenciais e administrativos), que ocorrem de forma simultânea e pela presença
de uma fragmentação dos processos de decisão na assistência ao paciente, uma vez que as
equipes de trabalho são multiprofissionais e não trocam informações (MALIK; VECINA NETO,
2011). E tal problemática, contribui para um cenário de ineficiência dos processos de assistência
(COUTO; PEDROSA, 2011).

Entretanto, independente do porte da organização hospitalar e da forma de administração


a lógica de criação de um processo é sempre a mesma. No caso dos hospitais este pode ser
dividido em etapas. Cada etapa é dividida em processos. E, cada um dos processos necessita
de controles e requisitos dentro de um determinado padrão (figura a seguir).

FIGURA 6 – ETAPA, PROCESSO, CONTROLE E REQUISITOS

FONTE: Salu (2013, p. 365)

De acordo com Kintschner e Bresciani Filho (2004), os principais objetivos do


mapeamento de processos são:

• Garantir melhoria dos processos, tendo como objetivo eliminar processos e regras
obsoletas e ineficientes e gerenciamento desnecessário.

• Padronização de documentação utilizada na instituição.

• Facilidade no manuseio da documentação (destreza de leitura, homogeneidade de

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conhecimento para todos os membros da equipe e complemento total na documentação


dos processos).

Observa-se que todos os processos necessariamente possuem uma entrada, nas


quais são trabalhadas várias atividades para produzir uma saída, que normalmente
representam a entrada para outro processo, por isso as atividades não ocorrem de forma
isolada (COUTO; PEDROSA, 2011).

Para sua compreensão de como isso funciona na prática, observe o exemplo a
seguir:

A Central de Material Esterilizado (CME) recebe os materiais cirúrgicos


contaminados (entradas), reprocessa-os utilizando métodos de desinfecção e esterilização
(processo) e os transforma em materiais reprocessados prontos para o novo uso (saída).
O Bloco Cirúrgico recebe os materiais reprocessados pela CME (saída do processo
anterior e que passa a ser entrada do novo processo) para utilizá-los nos procedimentos
cirúrgicos (novo processo).

Os processos exigem uma avaliação periódica visando efetividade, eficácia,


eficiência, produção, produtividade, qualidade. Serve de indicador do setor, níveis
de prevenção e redução da morbimortalidade (impacto das doenças e dos óbitos que
incidem em uma população) uma vez que contribui no gerenciamento do risco com a
saúde do paciente e da equipe de profissionais.

Desta forma, para o gestor hospitalar, conhecer e discutir os processos básicos é


a única forma de aplicar os recursos de forma adequada, nos locais em que é necessário
e que apresentem os melhores resultados (SALU, 2013).

Para facilitar a compreensão sobre o funcionamento dos processos em hospitais


Salu (2013) dividiu o funcionamento dos processos em seis grupos de etapas:

• Pré-atendimento: interação do hospital com os clientes antes de sua chegada física.


• Admissão: recepção física do paciente ao ambiente hospitalar.
• Atendimento assistencial: a cura e/ou tratamento do sintoma da doença.
• Apoio assistencial: suporte das áreas de apoio para que o atendimento assistencial
possa ser realizado.
• Pós-atendimento: o relacionamento com o paciente após a sua saída do hospital.
• Gestão empresarial: gestão financeiro-administrativa do hospital.

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FIGURA 7 – GRUPOS DE ETAPAS

FONTE: Salu (2013, p. 370)

ÇÃO!
ATEN

As etapas (pré-atendimento, admissão, atendimento


assistencial e pós-atendimento) ocorrem numa
ordem cronológica e sequencial. As etapas de apoio
assistencial e de gestão ocorrem simultaneamente
às citadas anteriormente.

5.2 HIERARQUIA DE PROCESSOS

Os processos também são organizados de forma hierárquica, representando


o nível de detalhamento das operações. Assim, Couto e Pedrosa (2011) dividem esse
detalhamento em:

• Macroprocesso: é um processo que geralmente envolve mais que uma função na


estrutura organizacional, e a sua operação tem um impacto significativo no modo
como a organização funciona.

• Processo: é o conjunto de atividades sequenciais (conectadas), relacionadas e lógicas


que tornam uma entrada com fornecedor, acrescentam valor a ela e produzem uma
saída para um cliente.

• Subprocesso: é a parte que, inter-relacionada de forma lógica com outro subprocesso


realiza um objetivo específico em apoio ao macroprocesso e contribui para a missão
deste.

• Atividades: são as ações que ocorrem dentro do processo ou subprocessos. São


geralmente desempenhadas por uma unidade (pessoa ou departamento) para
produzir um resultado – constituem a maior parte do fluxograma.

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• Tarefa: é a parte específica do trabalho, ou melhor, o microenfoque do processo,


podendo ser o único elemento e/ou um subconjunto de uma atividade.

A figura a seguir exemplifica como essa hierarquia pode ser identificada dentro
dos hospitais:

FIGURA 8 – MACROPROCESSO – FATURAMENTO HOSPITALAR

FONTE: Couto e Pedrosa (2011, p. 197)

Mapear o processo é uma atividade exclusiva de uma pessoa? Não, o ideal é que
se reúna para isso, o comitê de qualidade, a chefia de cada unidade/setor envolvido,
para analisarem criteriosamente o mapa que está sendo criado e detectar possíveis
falhas e/ou oportunidades de melhoria, destacando as atividades críticas e eliminando
as atividades que não agregam valor ou que estejam duplicadas.

O objetivo do mapeamento de processo é compreender o fluxo e a variação do


trabalho ao longo do tempo. Ter bem claro a entrada e saída de cada um dos processos
é essencial para minimizar a ocorrência de não conformidades e, portanto, reduz custos
da não qualidade (perdas e retrabalhos) (COUTO; PEDROSA, 2011).

Neste contexto Burmester (2013) destaca alguns exemplos de processos relevantes


em hospitais:

• Processos dos serviços de nutrição: compra e recebimentos de materiais; preparo de


alimentos; distribuição dos alimentos e avaliação nutricional de pacientes.

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• Processo do serviço de enfermagem em unidade de internação: recepção de paciente


no setor, processo de cuidados ao paciente; alta do paciente na unidade.

• Processo de atendimento médico (padronizáveis por meio de protocolos clínicos):


diagnósticos, terapêuticos, reabilitadores, preventivos de doenças e sequelas e
promotores de saúde.

• Processo do SAME: abertura de prontuários, guarda de prontuários, arquivamento


de prontuários e elaboração de estatísticas.

ESPECIFICIDADES DOS PLANOS DE SAÚDE

1 INTRODUÇÃO

A Constituição do Estado brasileiro de 1988, ao considerar a saúde como direito


do cidadão e dever do Estado, substitui o conceito de seguro pelo de seguridade social, à
semelhança do que ocorre no Estado do Bem-Estar Social.

Esse mesmo Capítulo da Constituição trata também da participação da iniciativa


privada na assistência à saúde de forma complementar ao SUS, sob forma de convênio ou
contrato público, com preferência para as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos,
como explicitados nos artigos 196, 197 e 199 da Constituição de 1988.

Desse modo, a Constituição Brasileira de 1988 consagrou a existência de um


sistema duplo e híbrido na saúde, ou seja, o SUS, público provido pelo Estado, e o
Sistema Suplementar, privado, que passou desde 1998 a ser regulado por lei específica
e pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), instituída em 2000, vinculada ao
Ministério da Saúde. Estes temas estarão em pauta a partir desse momento, acadêmico(a).

2 ORGANIZAÇÃO DA SAÚDE SUPLEMENTAR BRASILEIRA

Antes de adentrarmos na descrição dos tipos de planos de saúde, nos cabe a


discussão de alguns conceitos e contextos vinculados a estes, vamos fazê-los agora.

Complementando conceitos já vistos na Unidade 1, trazemos de Schulman (2009,


p. 201) que se entende como “saúde suplementar”, “a prestação de serviços de saúde,
realizada fora da órbita do Sistema Único de Saúde, vinculada a um sistema organizado
de intermediação mediante pessoas jurídicas especializadas as operadoras de planos
de saúde”.

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GESTÃO – UM OLHAR PARA A SAÚDE 13

IMPO
RTAN
TE!

Não são consideradas situações de saúde suplementar os contratos de direito
público ou convênios entre hospitais ou serviços privados e o SUS, nem o
atendimento mediante pagamento direto pelo paciente.

Independentemente da forma jurídica adotada todas as organizações que


oferecem planos de assistência à saúde, estas devem ser qualificadas como “operadora
de plano de saúde” e submetidas à Lei nº 9.656/98.

Nesse sentido, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), destaca


quatro modalidades ou formatações principais das entidades que atuam na atividade:

a) Medicina de grupo.
b) Seguro de saúde.
c) Cooperativa médica.
d) Autogestão.

Estas modalidades vistas nas palavras de Schulman (2009):

1. Operam na medicina de grupo, as empresas que oferecem planos de saúde,


abertamente no mercado, prestando serviços médicos em “unidades próprias, em
que os profissionais de saúde, são empregados da empresa de medicina de grupo,
ou através de unidades credenciadas por esta.

2. Segundo o CONASS, o seguro saúde se define pela predefinição do valor de


reembolso.

3. A cooperativa médica diferencia-se pelo tipo de sociedade (cooperativa).

4. A autogestão se diferencia pela ausência de oferta ao mercado, sendo adotada por


empresas como instrumento de incentivo aos empregados, bem como por associações
e fundações.

Estas modalidades são admitidas e subordinadas à Lei nº 9.656/98, além de


igualmente já está reconhecida a aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor, nos
contratos de planos de saúde, independentemente da estrutura jurídica que adotarem.

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14 GESTÃO – UM OLHAR PARA A SAÚDE

3 COBERTURA ASSISTENCIAL

Segundo o Ministério da Saúde (2015), a cobertura assistencial é um conjunto


de direitos a que o consumidor faz jus ao contratar um plano de saúde (serviços,
procedimentos médicos, hospitalares ou odontológicos e tratamentos). A extensão
da cobertura é determinada pela legislação de saúde suplementar e tem que estar
expressa no contrato firmado com a operadora, não importando o tipo de contratação
(coletivo/familiar ou individual). A cobertura assistencial deve constar no contrato
obrigatoriamente e de forma clara.

As regras da legislação de saúde suplementar definem a cobertura obrigatória em


função da assistência prestada, gerando segmentos específicos. Poderão ser contratados
um ou mais segmentos (independente da modalidade do plano de saúde – individual/
familiar ou coletivo). Observe no quadro a cobertura obrigatória de cada segmento.

QUADRO 2 – COBERTURA ASSISTENCIAL DOS PLANOS DE SAÚDE


SEGMENTO COBERTURA ASSISTENCIAL
Tratamentos
e outros Tratamento
Consultas Exames Internações Partos
procedimentos Odontológico
ambulatoriais
Ambulatorial X X X
Hospitalar
sem
X
obstetrícia
Hospitalar
com X
X
obstetrícia
Odontológico X
Referência X X X X X
FONTE: Ministério da Saúde (2015)

Para compreendermos um pouco melhor relatamos igualmente e de forma


segmentada e categorizada como apresentada no quadro acima, vejamos:

A. Cobertura assistencial ambulatorial: cobertura de consultas médicas em clínicas


básicas e especializadas; apoio diagnóstico, tratamentos e demais procedimentos
ambulatoriais determinados no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde e em
contrato. Este plano não engloba a internação hospitalar.

Entre os procedimentos com cobertura assistencial, além dos previstos na


legislação pertinente e no rol de procedimentos médicos e segmentação, podemos citar:

• consultas médicas em número ilimitado, realizadas em ambulatório ou consultório,


em todas as especialidades médicas;
• consultas obstétricas para pré-natal, em número ilimitado;

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GESTÃO – UM OLHAR PARA A SAÚDE 15

• serviços de apoio diagnóstico e tratamentos realizados em ambulatório ou consultório;


• procedimentos ambulatoriais (inclusive as cirurgias ambulatoriais), mesmo quando
realizadas em ambulatórios de hospital, desde que não caracterizem internação;
• procedimentos ambulatoriais que necessitem de anestesia local, sedação ou bloqueio,
quando realizados em ambulatório;
• procedimentos considerados especiais, como por exemplo: - hemodiálise e diálise
peritonial; - quimioterapia ambulatorial; - radioterapia (megavoltagem, cobaltoterapia,
cesioterapia, eletronterapia etc.); - hemoterapia ambulatorial; - cirurgias oftalmológicas
ambulatoriais.

Novamente é importante que se destaque que estão excluídos, desta cobertura


assistencial, alguns procedimentos, ou se preferirem utilizar a expressão, estes não
estão “contratualizados” e, portanto, não podem ser exigidos da operadora de planos
de saúde, são alguns deles:

• internação hospitalar e procedimentos que, embora não necessitem da internação,


precisem de apoio de estrutura hospitalar por período superior a 12 horas ou de
serviços como recuperação pós-anestésica, UTI, CTI e similares;
• procedimentos diagnósticos e terapêuticos em hemodinâmica;
• procedimentos que exijam anestesia, salvo aquelas que podem ser realizadas em
ambulatório, com anestesia local, sedação ou bloqueio;
• tratamentos e exames que demandem internação, como quimioterapia intratecal;
radiomoldagens, radioimplantes e braquiterapia; nutrição enteral e parenteral;
embolizações e radiologia intervencionista.

B. Cobertura assistencial hospitalar sem obstetrícia: garante a prestação de serviços à


saúde, em regime de internação hospitalar, que compreende as doenças listadas na
Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a
Saúde, da Organização Mundial de Saúde e aos processos determinados no Rol de
Procedimentos e Eventos em Saúde e em contrato.

As coberturas proporcionadas são aquelas previstas na legislação e no Rol de


Procedimentos Médicos para o segmento hospitalar (sem obstetrícia), incluindo, entre
outras:

• internações em unidades hospitalares, inclusive em UTI / CTI, sem limitação de prazo,


valor máximo e quantidade;
• honorários médicos, serviços gerais de enfermagem e alimentação;
• exames de diagnóstico e de controle da evolução da doença;

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16 GESTÃO – UM OLHAR PARA A SAÚDE

• fornecimento de medicamentos, anestésicos, gases medicinais, transfusões, sessões


de quimioterapia e radioterapia realizados durante o período de internação;
• toda e qualquer taxa, incluindo os materiais utilizados; remoção do paciente, quando
comprovadamente necessário, dentro dos limites da cobertura geográfica previstos em
contrato;
• despesas do acompanhante para pacientes menores de 18 anos;
• cirurgias, mesmo aquelas passíveis de realização em consultório, quando, por
imperativo clínico, necessitem ser realizadas durante a internação hospitalar, como,
por exemplo, as cirurgias odontológicas bucomaxilofacial;
• procedimentos considerados especiais, cuja necessidade esteja relacionada à
continuidade da assistência prestada em regime de internação hospitalar, como por
exemplo: - hemodiálise e diálise peritonial; - quimioterapia; - radioterapia, incluindo
radiomoldagem, radioimplante e braquiterapia; - hemoterapia; - nutrição parenteral e
enteral; procedimentos diagnósticos e terapêuticos em hemodinâmica; - embolizações
e radiologia intervencionista; - exames pré-anestésicos e pré-cirúrgicos; - fisioterapia;
- cirurgia plástica reconstrutiva de mama para tratamento de mutilação decorrente de
câncer; - acompanhamento clínico no pós-operatório imediato e tardio dos pacientes
submetidos a transplante de Rim e de Córnea, exceto medicação de manutenção.

Da mesma forma que na cobertura ambulatorial, este segmento possui


procedimentos excluídos do rol e que efetivamente não estarão contratualizados, seguem
alguns exemplos:

• tratamento em clínicas de emagrecimento (exceto para tratamento de obesidade


mórbida);
• tratamento em clínicas de repouso, estâncias hidrominerais, clínicas para acolhimento
de idosos, internações que não necessitem de cuidados médicos em ambiente
hospitalar;
• transplantes à exceção de córnea e de rim;
• consultas ambulatoriais e domiciliares; atendimento pré-natal e parto; tratamentos e
procedimentos ambulatoriais.

C. Cobertura assistencial hospitalar com obstetrícia: garante a prestação de serviços


à saúde, em regime de internação hospitalar, que compreende atenção ao parto, às
doenças listadas na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas
Relacionados com a Saúde, da

Organização Mundial de Saúde e aos processos determinados no Rol de


Procedimentos e Eventos em Saúde e em contrato. Engloba os atendimentos realizados
durante internação hospitalar e os procedimentos relativos ao pré-natal e à assistência
ao parto.

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GESTÃO – UM OLHAR PARA A SAÚDE 17

Em caso de necessidade de assistência médico-hospitalar decorrente da condição


gestacional de pacientes ainda cumprindo período de carência, a operadora deverá
abranger cobertura igual àquela fixada para o plano do segmento ambulatorial, não
garantindo, portanto, internação além das 12 horas iniciais.

As coberturas proporcionadas são aquelas previstas na legislação e no Rol de


Procedimentos Médicos para o segmento hospitalar com obstetrícia, além das coberturas
elencadas para o plano hospitalar, incluindo, dentre outras:

• procedimentos relativos ao pré-natal, inclusive consultas obstétricas de pré-natal,


bem como exames relacionados, ainda que realizados em ambiente ambulatorial;
• partos;
• coberturas e benefícios para o recém-nascido:
- atendimento ao recém-nascido, filho natural ou adotivo do consumidor ou de seu
dependente, durante os primeiros 30 dias após o parto;
- inscrição assegurada do recém-nascido no plano, como dependente, isento do
cumprimento de carência, desde que a inscrição ocorra no prazo máximo de 30 dias
do nascimento.

As exclusões para este plano são as mesmas já relacionadas para a cobertura


assistencial hospitalar sem obstetrícia.

UNI
A assistência e a inscrição com isenção de carência alcançam o recém-nascido,
mesmo quando a beneficiária do plano estiver em carência para o parto.

D. Cobertura assistencial odontológica: garante assistência odontológica, em nível


ambulatorial dos processos que estejam determinados no Rol de Procedimentos
e Eventos em Saúde e em contrato. Inclui apenas procedimentos odontológicos
realizados em consultório, incluindo exame clínico, radiologia, prevenção, dentística,
endodontia, periodontia e cirurgia.

As coberturas proporcionadas são aquelas previstas na legislação e no rol de


procedimentos odontológicos, incluindo, entre outras:

• consultas e exames auxiliares ou complementares, solicitados pelo odontólogo


assistente;
• procedimentos preventivos, de dentística e endodontia;
• cirurgias orais menores, assim consideradas as realizadas em ambiente ambulatorial

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18 GESTÃO – UM OLHAR PARA A SAÚDE

e sem anestesia geral.


Estão excluídos deste rol o tratamento ortodôntico e demais não relacionados
na cobertura obrigatória.

E. Cobertura assistencial de referência: segmentação assistencial de plano de saúde


com cobertura assistencial médico‑ambulatorial e hospitalar com obstetrícia em
acomodação enfermaria. Constitui o padrão de assistência médico-hospitalar, porque
conjuga a cobertura ambulatorial, hospitalar e obstétrica. Sua cobertura mínima
também foi estabelecida pela Lei, devendo o atendimento de urgência e emergência
ser integral após as 24 horas da sua contratação.

F. Não informado: expressão utilizada para os planos com vigência anterior à Lei nº
9.656/98 cuja cobertura não foi informada pelas operadoras.

IMPO
RTAN
TE!

A Lei estabelece que a operadora de plano de saúde deve oferecer,
obrigatoriamente, aos consumidores o Plano Referência, que garante
assistência nesses três segmentos.

O Plano Referência não faz qualquer limitação para os atendimentos de urgência


e emergência, após 24 horas da contratação, mesmo que o usuário esteja cumprindo
prazo de carência, salvo nos casos de doenças preexistentes (aquelas que o consumidor
tem ciência de ser portador no momento da assinatura do contrato).

As coberturas proporcionadas são aquelas relacionadas para o plano com


cobertura ambulatorial somadas às previstas para o plano com cobertura hospitalar com
obstetrícia, constantes da legislação e do Rol de Procedimentos Médicos, e as exclusões
são aquelas já listadas acima como excluídas dos planos ambulatorial, hospitalar com
obstetrícia e hospitalar sem obstetrícia.

O Ministério da Saúde (2015) alerta que estão excluídos para todos os planos de
saúde os procedimentos abaixo relacionados e que de acordo com a Lei no 9.656/98, não
são obrigatoriamente cobertos pelas operadoras de planos de saúde:

• transplantes, à exceção de córnea e rim;


• tratamento clínico ou cirúrgico experimental;
• procedimentos clínicos ou cirúrgicos para fins estéticos;
• fornecimento de órteses, próteses e seus acessórios, não ligados ao ato cirúrgico ou
para fins estéticos;

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GESTÃO – UM OLHAR PARA A SAÚDE 19

• fornecimento de medicamentos importados, não nacionalizados (fabricados e


embalados no exterior);
• fornecimento de medicamentos para tratamento domiciliar;
• inseminação artificial;
• tratamentos ilícitos, antiéticos ou não reconhecidos pelas autoridades competentes;
• casos de cataclismos, guerras e comoções internas declaradas pelas autoridades
competentes.

UNI
Para conhecer a listagem completa de procedimentos com cobertura
obrigatória para os consumidores de Planos Novos e Adaptados, você pode
consultar o Rol de Procedimentos Médicos, que está disponível em: <www.
ans.gov.br/legislação>.

A Lei no 9.656/98 trouxe modificações significativas para as coberturas assistenciais


ofertadas pelas operadoras de saúde quando da oferta de seus planos de saúde, vamos
conhecê-las:

QUADRO 3 – AVANÇOS DA COBERTURA ASSISTENCIAL COM O ADVENTO DA LEI Nº 9.656/98


COBERTURAS PLANOS NOVOS OU
PLANOS ANTIGOS
ASSISTENCIAIS ADAPTADOS
Muitos planos de saúde
Limitações na limitavam o atendimento Todos os procedimentos são
quantidade de para consultas médicas por ilimitados, inclusive consultas,
consultas e quanto ano e principalmente para dias de internação em CTI, exames,
a dias de internação internações, determinando sessões de fisioterapia, e outros,
e a número de um número de dias fixos para com exceção dos transtornos
procedimentos internação, ou para sessões de psiquiátricos.
fisioterapia.
As operadoras são obrigadas a
tratar de consumidores com doenças
Os contratos podiam excluir preexistentes ou congênitas. Ao
Doenças preexistentes totalmente a cobertura de assinar o contrato, o consumidor
ou congênitas doenças preexistentes ou preenche um formulário, orientado
congênitas. por um médico, declarando ser ou
não portador de doença ou lesão
preexistente (DLP) ou congênita.

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20 GESTÃO – UM OLHAR PARA A SAÚDE

A cobertura para essas doenças


é obrigatória, nos limites do
Muitos planos de saúde plano contratado (ambulatorial,
AIDS e Câncer simplesmente excluíam o hospitalar ). Se o consumidor já
tratamento dessas doenças. era portador quando adquiriu o
plano de saúde, essas doenças serão
consideradas preexistentes.

Os planos de saúde não eram A Lei assegura que ninguém pode


Pessoas Portadoras de obrigados a oferecer cobertura ser impedido de participar de um
Deficiência para pessoas portadoras de plano de saúde por ser portador de
deficiência. qualquer tipo de deficiência.

Poucos planos de saúde


A Lei prevê o atendimento a
cobriam procedimentos
portadores de transtornos mentais,
psiquiátricos. Os pacientes
inclusive nos casos de intoxicação
com transtornos mentais,
T r a n s t o r n o s ou abstinência provocadas por
inclusive os dependentes
psiquiátricos alcoolismo ou outras formas de
químicos (alcoólatras e
dependência química. As operadoras
viciados em drogas), não
devem cobrir lesões decorrentes de
tinham acesso ao tratamento
tentativas de suicídio.
básico de saúde mental.
Os planos com cobertura para internação
hospitalar cobrem transplantes de rim
e córnea, incluindo despesas com
Os planos de saúde excluíam,
Transplantes de rim e doadores vivos, medicamentos usados
em geral, qualquer tipo de
córnea na internação, acompanhamento
transplante.
clínico no pós-operatório, despesas
com captação, transporte e preservação
dos órgãos.
É obrigatória a cobertura de órteses,
A maioria dos planos de próteses e seus acessórios, ligados
saúde excluía a cobertura de ao ato cirúrgico, nos planos com
Órteses e próteses
qualquer tipo de órtese ou cobertura para internação hospitalar,
prótese. desde que não tenham finalidade
estética.
Quando indicado pelo médico
Tratamentos de fisioterapia a s s i s t e n t e d o c o n s u m i d o r , o
Fisioterapia eram excluídos ou limitados tratamento de fisioterapia é de
a poucas sessões. cobertura obrigatória e em número
ilimitado.
Distúrbios A maioria dos planos de saúde
É obrigatória a cobertura de cirurgias
Visuais (Miopia, excluía qualquer cirurgia
refrativas para pessoas com grau de
Hipermetropia e para tratamento de distúrbios
miopia igual ou superior a 7.
Astigmatismo) visuais.

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GESTÃO – UM OLHAR PARA A SAÚDE 21

Quando indicadas por médico


Raramente os planos de
assistente do consumidor, é
saúde cobriam cirurgias para
Obesidade mórbida obrigatória a cobertura de cirurgias
o tratamento de obesidade
para tratamento de obesidade
mórbida.
mórbida.
Poucos Planos de Saúde A cobertura é obrigatória nos planos
Quimioterapia, cobriam quimioterapia, com cobertura ambulatorial, quando
radioterapia, radioterapia, hemodiálise realizada em nível ambulatorial; nos
hemodiálise e e transfusão, em geral com planos com cobertura hospitalar,
transfusão limitações de número de quando realizada durante a
sessões. internação.
A Lei obriga as operadoras de
planos de saúde a oferecer
Não havia regulamentação na
cobertura para acompanhantes de
matéria, ficando a critério de
Acompanhante pacientes menores de 18 anos. É
cada operadora a definição da
facultado estender esta cobertura
cobertura.
a acompanhante de paciente maior
de idade.
A maioria dos contratos
antigos não cobria doenças É obrigatória a cobertura assistencial
Dengue/Febre Amarela
i n f e c t o c o n t a g i o s a s o u para estas doenças em todos os
e Malária
epidemias como dengue, planos.
febre amarela e malária.
Nos planos individuais (contratados
Em geral havia a exclusão por pessoa física), é obrigatória a
de acidentes de trabalho e cobertura para os procedimentos
suas consequências; de relacionados com os acidentes de
moléstias profissionais e de trabalho e suas consequências, para
Acidentes de trabalho
procedimentos relacionados moléstias profissionais, assim como
com a saúde ocupacional, para os procedimentos relacionados
tanto em planos individuais com a saúde ocupacional. Nos planos
como em planos coletivos. coletivos (contratados por pessoa
jurídica), a cobertura é facultativa.
FONTE: Adaptado, Ministério da Saúde (2015)

Ratificando a orientação da ANS (2015), antes de contratar um plano de saúde,


é preciso ficar atento ao tipo de cobertura assistencial que atenda às necessidades do
consumidor.

A segmentação do plano é justamente a composição das coberturas descritas, ou


seja, segundo a ANS (2015), o plano pode ser:

o Ambulatorial

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22 GESTÃO – UM OLHAR PARA A SAÚDE

o Hospitalar sem obstetrícia


o Hospitalar com obstetrícia
o Exclusivamente Odontológico
o Referência
o Ambulatorial + Odontológico
o Ambulatorial + Hospitalar sem obstetrícia
o Ambulatorial + Hospitalar com obstetrícia
o Hospitalar com obstetrícia + Odontológico
o Hospitalar sem obstetrícia + Odontológico
o Ambulatorial + Hospitalar sem obstetrícia + Odontológico
o Ambulatorial + Hospitalar com obstetrícia + Odontológico

4 OPERADORA DE PLANO PRIVADO DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE

Pessoa jurídica constituída sob a modalidade empresarial, associação, fundação,


cooperativa, ou entidade de autogestão, obrigatoriamente registrada na ANS, que opera
ou comercializa planos privados de assistência à saúde.

De acordo igualmente com a RESOLUÇÃO DE DIRETORIA COLEGIADA –


RDC Nº 39, de 27 de outubro de 2000, da ANS, definem-se como Operadoras de Planos
de Assistência à Saúde as empresas e entidades que operam, no mercado de saúde
suplementar, planos de assistência à saúde, conforme disposto na Lei nº 9.656, de 1998.

Para fins de organização das informações, e amparados no art.10 e seguintes


da RDC Nº 39 da ANS, podemos classificar as operadoras de saúde de acordo com as
seguintes modalidades jurídicas:

1 Administradora: esta tem suas atribuições regulamentadas pela R E S O L U ÇÃO


N O R M AT I VA - R N N º 196, D E 14 D E J U L H O D E 2009, que em seu art. 2º
define: “Considera-se Administradora de Benefícios a pessoa jurídica que propõe a
contratação de plano coletivo na condição de estipulante ou que presta serviços para
pessoas jurídicas contratantes de planos privados de assistência à saúde coletivos,
desenvolvendo ao menos uma das seguintes atividades”:

I – promover a reunião de pessoas jurídicas contratantes na forma do artigo


23 da RN nº 195, de 14 de julho de 2009;
II – contratar plano privado de assistência à saúde coletivo, na condição de estipulante, a
ser disponibilizado para as pessoas jurídicas legitimadas para contratar;
I – oferecimento de planos para associados das pessoas jurídicas contratantes;
IV – apoio técnico na discussão de aspectos operacionais, tais como:
a) negociação de reajuste;

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GESTÃO – UM OLHAR PARA A SAÚDE 23

b) aplicação de mecanismos de regulação pela operadora de plano de saúde; e


c) alteração de rede assistencial.

No contexto das Administradoras encontramos uma subdivisão, sendo esta:

a) Administradoras de planos: são as empresas que administram exclusivamente


planos privados de assistência à saúde, as quais não assumem o risco decorrente da
operação desses planos, não possuem rede própria, credenciada ou referenciada de
serviços médico-hospitalares ou odontológicos, para oferecer aos beneficiários da sua
operadora contratante. Estes planos são financiados por outras operadoras, através
do acordo de tabela para o pagamento das ações de saúde e honorários. O pagamento
para a rede credenciada ocorre posteriormente à realização dos serviços, assim, o
pagamento é posterior e relacionado ao consumo efetivamente realizado, e calculado
segundo as tabelas adotadas, acrescido de um percentual destinado a ressarcir o custo
administrativo da administradora.

b) Administradoras de serviços: são as empresas que administram exclusivamente


serviços de assistência à saúde, possuindo ou não rede própria, credenciada ou
referenciada de serviços médico-hospitalares ou odontológicos.

2 Cooperativa Médica: Classificam-se na modalidade de cooperativa médica as


sociedades de pessoas sem fins lucrativos, constituídas conforme o disposto na Lei
nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971, que operam Planos Privados de Assistência à
Saúde (art. 12, RDC Nº 39 – ANS).

3 Cooperativa Odontológica: Classificam-se na modalidade de cooperativa odontológica


as sociedades de pessoas sem fins lucrativos, constituídas conforme o disposto na Lei
nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971, que operam exclusivamente Planos Odontológicos
(art.13, RDC Nº 39 – ANS).

4 Autogestão: encontramos seu conceito na RESOLUÇÃO NORMATIVA – RN N° 137,


de 14 de novembro de 2006, que tem em seu art.2º, o conceito de operadora de plano
de saúde de autogestão assim definido:

I - a pessoa jurídica de direito privado que, por intermédio de seu departamento de


recursos humanos ou órgão assemelhado, opera plano privado de assistência à saúde
exclusivamente aos seguintes beneficiários:
a) sócios da pessoa jurídica;
b) administradores e ex-administradores da entidade de autogestão;
c) empregados e ex-empregados da entidade de autogestão;
d) aposentados que tenham sido vinculados anteriormente à entidade de autogestão;
e) pensionistas dos beneficiários descritos nas alíneas anteriores;

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24 GESTÃO – UM OLHAR PARA A SAÚDE

f) grupo familiar até o quarto grau de parentesco consanguíneo, até o segundo grau de
parentesco por afinidade, criança ou adolescente sob guarda ou tutela, curatelado,
cônjuge ou companheiro dos beneficiários descritos nas alíneas anteriores.

II – a pessoa jurídica de direito privado de fins não econômicos que, vinculada à entidade
pública ou privada patrocinadora, instituidora ou mantenedora, opera plano privado
de assistência à saúde exclusivamente aos seguintes beneficiários:
a) empregados e servidores públicos ativos da entidade pública patrocinadora;
b) empregados e servidores públicos aposentados da entidade pública patrocinadora;
c) ex-empregados e ex-servidores públicos da entidade pública patrocinadora;
d) pensionistas dos beneficiários descritos nas alíneas anteriores;
e) sócios ou associados da entidade privada patrocinadora ou mantenedora da entidade
de autogestão;
f) empregados e ex-empregados, administradores e ex-administradores da entidade
privada patrocinadora ou mantenedora da entidade de autogestão; 
g) empregados, ex-empregados, administradores e ex-administradores da própria
entidade de autogestão;
h) aposentados que tenham sido vinculados anteriormente à própria entidade de
autogestão ou a sua entidade patrocinadora ou mantenedora; 
i) pensionistas dos beneficiários descritos nas alíneas anteriores; 
j) grupo familiar até o quarto grau de parentesco consanguíneo, até o segundo grau de
parentesco por afinidade, criança ou adolescente sob guarda ou tutela, curatelado,
cônjuge ou companheiro dos beneficiários descritos nas alíneas anteriores;
k) as pessoas previstas nas alíneas "e", "f", "h", "i" e "j" vinculadas ao instituidor desde
que este também seja patrocinador ou mantenedor da entidade de autogestão; ou

III - pessoa jurídica de direito privado de fins não econômicos, constituída sob a forma de
associação ou fundação, que opera plano privado de assistência à saúde aos integrantes
de determinada categoria profissional que sejam seus associados ou associados de
seu instituidor, e aos seguintes beneficiários:
a) empregados, ex-empregados, administradores e ex-administradores da própria
entidade de autogestão
b) aposentados que tenham sido vinculados anteriormente à própria entidade de
autogestão;
c) pensionistas dos beneficiários descritos nas alíneas anteriores; e
d) grupo familiar até o quarto grau de parentesco consanguíneo, até o segundo grau de
parentesco por afinidade, criança ou adolescente sob guarda ou tutela, curatelado,
cônjuge ou companheiro dos beneficiários descritos nas alíneas anteriores.

§1º A entidade de autogestão só poderá operar plano privado de assistência à saúde


coletivo e restrito aos beneficiários mencionados nos incisos I, II e III deste artigo.
§2º Constatado o descumprimento do disposto no parágrafo anterior, a entidade de

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GESTÃO – UM OLHAR PARA A SAÚDE 25

autogestão deverá regularizar a situação no prazo de sessenta dias, contado do


recebimento da intimação efetuada pela ANS.
§3º Persistindo a irregularidade após o decurso do prazo previsto no parágrafo anterior,
a ANS aplicará a sanção administrativa cabível e promoverá a reclassificação da
modalidade da operadora.
As autogestões deverão operar por meio de rede de profissionais e instituições
diretamente credenciadas, só podendo contratar rede de prestação de serviços de
assistência à saúde de outra operadora nos seguintes casos: (Resolução-RDC nº 39,
de 27 de outubro de 2000): I - mediante convênios de reciprocidade com entidades
congêneres; II - em regiões com dificuldade de contratação direta.

De forma simplificada, são caracterizados como sistemas de assistência à saúde na


modalidade de autogestão aqueles destinados exclusivamente a empregados ativos,
aposentados, pensionistas e ex-empregados, bem como seus respectivos grupos
familiares definidos, de uma ou mais empresas, ou ainda a participantes e dependentes
de associações, sindicatos ou entidades de classes profissionais (Resolução CONSU
nº 05/98).

5 Medicina de grupo: Classificam-se na modalidade de medicina de grupo as empresas


ou entidades que operam Planos Privados de Assistência à Saúde (art.15, RDC nº39,
ANS).

6 Odontologia de grupo: Classificam-se na modalidade de odontologia de grupo as


empresas ou entidades que operam exclusivamente Planos Odontológicos (art.16,
RDC nº39, ANS).

7 Filantropia:   Classificam-se na modalidade de filantropia as entidades sem fins


lucrativos que operam Planos Privados de Assistência à Saúde e tenham obtido o
certificado de entidade beneficente de assistência social emitido pelo Ministério
competente, dentro do prazo de validade, bem como da declaração de utilidade
pública federal junto ao Ministério da Justiça ou declaração de utilidade pública
estadual ou municipal junto aos Órgãos dos Governos Estaduais e Municipais, na
forma da regulamentação normativa específica vigente.

8 Seguradoras especializadas em saúde: A resolução RDC no 39, de 27 de outubro de


2000, não trata sobre a modalidade seguradora que passa a ser regulamentada pela
ANS através da Lei nº 10.185, de 12 de fevereiro de 2001, que enquadra o seguro saúde
como plano privado de assistência à saúde e a sociedade Seguradora Especializada
em Saúde como operadora de plano de assistência à saúde, devendo o estatuto
social vedar a atuação em quaisquer outros ramos ou modalidades de seguro. Nesta
modalidade há a intermediação financeira de uma entidade seguradora, que cobre

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26 GESTÃO – UM OLHAR PARA A SAÚDE

ou reembolsa gastos com assistência médica ao prestador ou ao segurado, de acordo


com condições contratuais. A Federação Nacional das Empresas de Seguro Privados
e de Capitalização (FENASEG) é a entidade que congrega as empresas do setor de
seguros (UNIDAS, 2005).

5 AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE

5.1 CONCEITOS E HISTÓRICO

As Agências Reguladoras foram então criadas no Brasil a partir de 1996, como


resultado de uma confluência ocorrida entre a reforma do aparelho de estado e o processo
de desestatização da economia brasileira, levado a cabo com a privatização de grande
parte das empresas estatais que atuavam nos setores responsáveis pela infraestrutura
do Governo Federal (energia elétrica e comunicações são os principais).

Embora a função reguladora já fosse exercida anteriormente por diversos órgãos


como Banco Central do Brasil, Instituto Nacional de Metrologia (INMETRO), Instituto
Nacional de Meio Ambiente (IBAMA), Comissão de Valores Mobiliários (CVM), entre
outros, as agências reguladoras constituem-se uma novidade institucional no Brasil.

Concebidas sob inspiração do modelo proposto pelo direito administrativo


norte-americano, as agências brasileiras foram instituídas sob a forma de autarquias
em regime especial, gozando de relativa autonomia administrativa e financeira.

Embora vinculadas a Ministérios específicos, de acordo com o setor de atividade


ao qual estão afetas, em sua concepção original as agências não são subordinadas aos
respectivos Ministérios. A ideia de autonomia para o desempenho de suas funções está
no próprio cerne da escolha do modelo autárquico, pois um dos principais motivos
alegados para a sua criação era que as agências pudessem vir a desenvolver suas
atividades com independência política e administrativa.

5.2 RECONHECENDO A AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR

As empresas especializadas na oferta de serviços médicos (inicialmente


cooperativas e medicinas de grupo), surgiram em São Paulo em meados dos anos 60
e se expandiram fortemente no decorrer da década de 70. A década de 80 marca a
consolidação do mercado de saúde suplementar no Brasil, como segmento econômico
relevante no exercício do papel de ofertante de serviços de saúde, adicionalmente ao
sistema público (ARAÚJO, 2015).

A constituição de 1988 determina um novo desenho para o sistema de

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GESTÃO – UM OLHAR PARA A SAÚDE 27

saúde brasileiro. Os serviços públicos são, a partir de então, integrados mediante


estabelecimento de rede regionalizada e hierarquizada, constituindo um sistema único,
definido de acordo com os seguintes princípios: descentralização – execução dos serviços
comandada pelos estados e municípios, cabendo ao Governo Federal o planejamento,
a fiscalização e o controle; atendimento integral – com prioridade às ações preventivas;
participação social – através de instâncias colegiadas próprias.

A regulamentação do sistema de saúde suplementar no Brasil teve seu marco


institucional com a promulgação da Constituição de 1988. Ao mesmo tempo em
que institui o Sistema Único de Saúde – SUS, com características de universalidade,
integralidade e gratuidade, a carta de 1988 estabelece que “a assistência à saúde é livre à
iniciativa privada para participação de forma complementar ao serviço público, segundo
diretrizes deste e condicionada a regulamentação específica” (Constituição Federal do
Brasil – Parágrafo 1º, art.199).

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