Marx e Seu Método
Marx e Seu Método
Marx e Seu Método
O MÉTODO EM MARX
Caio aborda o mesmo tópico no seu curso, mas de uma maneira diferente.
Ele cita uma famosa passagem de Marx: “a humanidade nunca se coloca problemas
(questões) que não tenha condições de responder”. Ou seja, quando pensamos isso
pela relação sujeito/objeto, ela é bastante óbvia, quase que uma reformulação
poética do que foi discutido neste texto. O sujeito não se coloca questões que já não
tenha condições historicamente dadas de responder, porque suas questões não são
frutos “naturais” da sua cabeça (Não se pari nem se defeca um problema), elas
emanam do objeto concreto, cujas possibilidades de compreende-lo se dão
justamente pela existência deste objeto em movimento (dentro de suas
determinações históricas).
Aqui realizarei um breve parêntese para explicitar o que significa “objeto em
movimento” para Marx. Apesar de eu achar de que, muito provavelmente, é um
termo retirado da teoria de Hegel e, portanto, com sentido que remete à esta teoria –
acredito que “objeto em movimento” para Marx nada mais é que determinado objeto
inserido em determinado momento histórico. O objeto nunca é ideal. Ele não “mora”
no céu dos objetos ideais. Ele é fruto de uma realidade histórica específica, e só
existe em conjunto com várias outras determinações sociais de seu tempo. Não há
possibilidade alguma de uma categoria existir sozinha ou separada de um contexto
amplo de outras determinações. Como Marx diz, qualquer categoria “não pode
jamais existir, exceto como relação abstrata, unilateral, de um todo vivente, concreto,
já dado”. [No curso do José Paulo Netto, ele aborda a questão do movimento em
Marx e Hegel. Aparentemente não é bem isso que eu escrevi]
Bem, mas como se ascende do abstrato ao concreto? Como se dá o contato
do sujeito com o objeto? Para responder isso, vamos observar as primeiras páginas
d’O método da economia política.
Se a teoria se propõe a analisar o objeto concreto, nada mais correto que
comecemos pelo imediato. Basicamente, o que Marx está falando é que ao partimos
de um “pressuposto efetivo”, de analisar a realidade concreta a partir de um ponto
político-econômico, consideremos o mais imediato que aparenta ser a totalidade, por
exemplo, a população. Da população eu chegaria à conceitos cada vez mais simples
que constituem este objeto. Este trecho descreve este bem este caminho de ida e de
volta do método da economia política:
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É difícil resumir isso sem repetir as palavras de Marx. O texto é curto e Marx
é bastante direto. Mas podemos ver que, numa primeira via, partindo de uma
representação plena (população), ela se volatiza em determinações abstratas
(classe, trabalho, capital, etc.). E na segunda via “as determinações abstratas levam
à reprodução do concreto por meio do pensamento”. E esta segunda via, Marx diz
que é o “método cientificamente correto”, pois: