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Projeto Âncora

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ESCOLA PROJETO ÂNCORA – UM NOVO JEITO DE FAZER A EDUCAÇÃO

SCHOOL ANCORA PROJECT - A NEW WAY TO DO EDUCATION

Josineide Teotonia da Silva1

Resumo

A presente pesquisa aborda a Escola Projeto Âncora, localizada na Rua Estrada Municipal Walter
Steurer, 1239, Cotia, no Estado de São Paulo, Brasil. Na atualidade, atrai muitos pesquisadores e
olhares de curiosos por causa da sua configuração escolar, pois rompe o modelo tradicional e nos
traz a perspectiva de uma escola de aprendizagens e políticas de inclusão educacional inovadora
no território brasileiro. Para desenvolver esta pesquisa, utilizamos estudos baseados em
bibliografias de autores que embasam o processo de inovação pedagógica, na aprendizagem e nas
políticas de inclusão educacional, tais como: John Dewey, Alvin Toffler, Paulo Freire, Seymour
Papert, José Pacheco, dentre outros.

Palavras-chave: Inovação Pedagógica, Aprendizagem, Escola Projeto Âncora.

Abstratc

1
Graduada em Pedagogia- Universidade Vale do Acaraú; Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional
(Universidade Salgado de Oliveira); Especialista em Formação de Professores da Educação Básica
(UNINASSAU); Mestra em Ciências da Educação- Inovação Pedagógica (Universidade da Madeira); Atua como
Professora do Ensino Fundamental em São Lourenço da Mata e Vice Gestora na Prefeitura do Recife. Contatos:
josi_teo@hotmail.com, (081) 996088820/ (081) 987815756.

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The present research abords the Escola Projeto Âncora, located in Walter steurer st 1239. In the
city of Cotia, in the state of São Paulo, Brazil recently it has been atracting many researchers
and curious peoples because of it schol configuration, it breaks the traditional mold and brings
the perspective of an new learning and politics of educational purposes on the brasilian
territory. To develop this research we ultilized studies based in the bibliography of author who
represent the process of pedagogical innovation, the learning process and educational
inclusion politics as such: John Dewey, Alvin Toffler , Paulo Freire, Seymour Papert, José
Pacheco, among others.

Key words: Pedagogical Innovation, Learning, Escola Projeto Âncora.

INTRODUÇÃO

Esse trabalho buscou compreender o modo de funcionamento da Escola Projeto Âncora


(localizada na Rua Estrada. Municipal Walter Steurer, 1239, Cotia, no Estado de São Paulo-
Brasil), bem como, investigou e coletou informações que comprovam a mudança de posturas
entre professores e alunos. Entendendo como se desenvolvem a atividades pedagógicas, que são
alicerçadas em uma aprendizagem de maneira autônoma e democrática respeitando a
diversidade brasileira.

Este artigo tem o título de Escola Projeto Âncora- aprendizagens e políticas de


inclusão educacional. Por perceber que está havendo uma ruptura com os modelos
educacionais vistos até agora neste país, gerando uma nova perspectiva de fazer a escola.

É possível perceber que o período atual requer uma busca por novos ideais sobre a
aprendizagem realizada nas escolas, porque o conhecimento e a informação estão cada vez mais

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acessíveis ao aluno, os mesmos percebem que a escola já não satisfaz mais aos seus anseios e
ainda o frustra com mecanismos ultrapassados como quadro e giz.

E mesmo que os profissionais da educação tentem enfatizar mudanças no cenário


educacional e destaquem o diálogo, onde falem que a escola prepara o aluno para o futuro, esta
fala já não convence, demonstrando que algo permanece desconexo entre a teoria e a prática
escolar.

É uma escola que continua dividindo o conhecimento em assuntos,


especialidades, subespecialidades, centrada no professor e na transmissão do
conteúdo que, em nome da transmissão do conhecimento, continua vendo o
indivíduo como uma tabula rasa, produzindo seres subservientes, obedientes,
castrados em sua capacidade criativa, destituídos de outras formas de expressão
e solidariedade. (MORAES, 1996, p. 59).

Dentro desta perspectiva, surge então, a necessidade de adentrar aos pensamentos de


Papert e Freire quanto à necessidade de uma inovação pedagógica, que permeia a ruptura com
metodologias tradicionais e fabris, fazendo real a reflexão sobre a necessidade de repensar a
abordagem educacional.

A minha questão não é acabar com a escola, é mudá-la completamente, é


radicalmente fazer que nasça dela um novo ser tão atual quanto a tecnologia. Eu
continuo lutando no sentido de pôr a escola à altura do seu tempo. E pôr a escola
à altura do seu tempo não é soterrá-la, mas refazê-la. (FREIRE, 1996).

Para melhor entendimento e maior aprofundamento contaremos com autores renomados,


como: Toffler (1970), Pacheco (2014, 2015), Freire (1996), dentre outros.

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Esta pesquisa apresenta cunho qualitativo, por meio de um estudo de caso fundamentado
nos estudos de Bogdan e Biklen (1994), numa abordagem qualitativa com embasamento em
Macedo (2010).

E teve como objeto de estudo a Escola Projeto Âncora, que apresentou estar envolvida
numa nova maneira de realizar a educação, rompendo com a metodologia da Escola tradicional,
contribuindo com o processo de inovação pedagógica, através do desenvolvimento de novas
aprendizagens e da utilização de políticas de inclusão educacional.

1. PROJETO ÂNCORA- UMA PERSPECTIVA DIACRÔNICA3

O Projeto Âncora surgiu como uma instituição sem fins lucrativos para atender as
crianças e adolescentes da cidade de Cotia (São Paulo) e regiões vizinhas. Foi fundado em 23 de
setembro de 1995 por Walter Steurer.

De início, ajudava instituições como orfanatos e com isso fez muitas amizades com
colaboradores, nos anos 90 ele deu um grande passo, que marcaria a sua vida e tornaria seu
sonho em realidade, vendeu a sua empresa e fundou o Projeto Âncora ao lado da sua esposa
Regina Steurer.

Seu intuito era oportunizar aprendizado entre as crianças e adolescentes da região, através de um
projeto que pudesse integrá-las à cultura, a aprendizagem e ao convívio social e passou a
chamar o projeto de Cidade da Âncora- um espaço para o aprendizado, a prática e multiplicação
da cidadania.

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Dentre outros recursos para dar suporte aos programas e atividades desenvolvidas, a
primeira obra a ficar pronta foi a do circo. De acordo com o documento Projeto Âncora- O circo
é o coração da entidade:

A criação do Circo-Teatro-Escola Vagalume, em 1995, foi com o objetivo de


oferecer uma atividade para as crianças da comunidade como alternativa ao
tempo ocioso em que não estivessem na escola. [...] As crianças se envolvem em
todo processo da apresentação de circo: algumas treinam equilíbrio e
coordenação motora, enquanto outras se dedicam a fazer apresentações e
brincadeiras como palhaços. (PROJETO ÂNCORA, 2016).

Diacrônica 3- Que estuda ou entende uma situação, ou reunião de fatos, de acordo com a sua evolução no tempo. (DICIONÁRIO ONLINE DE

PORTUGUÊS).

Em 2007, o Sr. Walter Steurer encontra o professor José Pacheco num Encontro de
Educação realizado no Projeto Âncora e os dois conversaram sobre o sonho de tornar o projeto
em uma escola.

Em 2008 voltaram a se encontrar num evento sobre educação e as ideias só conspirava


para a efetivação deste novo desafio para ambos, os planos era de começarem o funcionamento
da escola em 2010.

O professor José Pacheco atendeu ao convite realizado pelo Sr. Walter Steurer no final
do ano de 2008, para integrar a equipe do Projeto Âncora e no ano de 2012 começou a ampliar
o atendimento da Educação Infantil com a criação da Escola Projeto Âncora.

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No ano de 2011, através de uma nova legislação, a creche se torna Escola de Ensino
Infantil. E em fevereiro de 2011 o Professor José Pacheco envia um e-mail ao Sr. Walter
revelando a sua pretensão de permanecer no Brasil e de morar em Cotia. Ressaltou que se o
Projeto Âncora tivesse interesse, poderia auxiliar a fazer a escola sonhada (PROJETO
ÂNCORA, 2016).

A inspiração inicial foi a Escola da Ponte (Portugal). A Escola Projeto Âncora se


concretiza com alguns diferenciais, pois surge inicialmente através de uma obra assistencialista,
sem fins lucrativos e de acordo com a necessidade da comunidade, se torna escola.

A Escola Projeto Âncora passou a construir a sua própria identidade, sendo mantida por
colaboradores e tendo seu perfil traçado com base nos desafios encontrados no território que
ocupa. Em sua organização, alicerçou em três pilares para a sustentação de suas práticas
pedagógicas: os valores, a multirreferencialidade teórica e o marco legal.

Os valores consistem em legitimar e incentivar os alunos na prática da afetividade, da


honestidade, do respeito, da responsabilidade e da solidariedade. Sobre a afetividade, um dos
teóricos adotados para fortalecer e embasar a ideia foi Lev Vigotsky (1987) que diz:

O pensamento tem sua origem na esfera da motivação, a qual inclui inclinações,


necessidades, interesses, impulsos, afeto e emoção... cada ideia contém uma
atitude afetiva transmutada com relação ao fragmento de realidade a que se
refere. (VIGOTSKY, 1987, pp.6-7).

Assim, segundo o autor e o projeto da Escola, entende-se que a prática da afetividade


exerce uma abertura para que a confiança e a relação entre os pares sejam eles estudantes,
professores ou entre ambos, possa colaborar para que outros valores se desenvolvam, tais como
a honestidade, o respeito, a responsabilidade e a solidariedade.

Então através destes valores o Projeto Âncora desenvolve o pensamento de tornar o


estudante um cidadão consciente e autônomo. De acordo com a Proposta Pedagógica do Projeto

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Âncora, contemplam-se autores que no decurso do século XX, apontaram caminhos para a
educação do Brasil, tais como:

Agostinho da Silva, Anísio Teixeira, Cecília Meireles, Darcy Ribeiro, Eurípedes


Barsanulfo, Fernando Azevedo, Florestan Fernandes, Helena Antipoff, Lauro De
Oliveira Lima, Lourenço Filho, Maria Amélia Pereira, Maria Nilde Mascellani,
Nise da Silveira, Paulo Freire, Rubem Alves, Rui Barbosa. E Marco Legal:
Constituição Federal, Estatuto Da Criança e do Adolescente, Lei De Diretrizes e
Bases, Lei Orgânica da Assistência Social, Parâmetros Curriculares Nacionais.
(PROJETO ÂNCORA, 2016).

Somando as ideias dos autores brasileiros com as experiências obtidas no cenário da


educação atual, foi possível também elencar valores a serem desenvolvidos dentro da proposta
pedagógica da Escola Projeto Âncora. Este é o trecho da Carta de Princípios do Projeto Âncora
(2016), que promove os valores desenvolvidos, assim vai-se pontuar alguns, por serem mais
relevantes:

O Respeito com o educando, sua especificidade, sua história e sua família, por
isso não serão padronizados apertados em modelos, em níveis predefinidos.

A Solidariedade [...] É preciso realmente enxergar a quem olhamos. Cada


criança é uma criança com necessidades especiais, cada família é um núcleo que
precisa de amparo e de atenção [...]. (CARTA DE PRINCÍPIOS DO PROJETO
ÂNCORA, 2016).

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Sobre o respeito e a solidariedade, são valores que estão interligados na rotina dos
estudantes que fazem parte da Escola Projeto Âncora, pode-se perceber que as atitudes em torno
de ajudar, de colaborar uns com ou outros é uma prática que pode ser observada através do
comportamento de estudantes, professores e membros dos que fazem parte desta escola.

A Afetividade é a postura basilar, o que evita a crítica ofensiva, a ajuda


humilhante e a orientação depreciativa. É a chave para construir as relações de
confiança e parceria que buscamos, tanto com os educandos, suas famílias e com
os membros da equipe.

Continua,

A Honestidade com os educandos revela o não privilégio dos educadores: as


regras e os acordos valem para todos, tanto para o adulto quanto para a criança,
tanto para os pais como para os funcionários [...].

A Responsabilidade, como nossa meta é a autonomia, portanto responsabilidade


não se limita apenas ao cumprimento dos deveres e das funções. (PROJETO
ÂNCORA, 2016).

E as construções destes valores estão todos correlacionados, um depende do outro. E fica


até difícil desmembrar estas edificações, pois o respeito, a solidariedade, a afetividade, a
honestidade e a responsabilidade orientam a formação de um cidadão de bem, colaborativo,
coletivo e apto para desenvolver uma vida em sociedade, rumo a uma vida saudável e em
comunidade com democracia e autonomia.

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2. A FORMAÇÃO DA AUTONOMIA E DEMOCRACIA NA PRÁTICA PEDAGÓGICA
DA ESCOLA PROJETO ÂNCORA

A autonomia é uma ferramenta fundamental no desenvolvimento da aprendizagem e as


ações que são decididas partem sempre da decisão coletiva. Nada é imposto e todas as ações são
tomadas de maneira democrática. De acordo com as diretrizes da Escola Projeto Âncora (2017):

Visamos a um ideal de educação: aprender sem paredes, no convívio com os


outros. O Projeto Âncora implode a tradicional relação hierárquica entre mestre
e discípulo. Aqui o aprender se faz junto, na troca de experiências, de ideias, de
gostos e de sonhos. Temos como meta o desenvolvimento da autonomia – a do
educando e a dos educadores. (ESCOLA PROJETO ÂNCORA, 2017).

Qualquer deliberação, por mais simples que seja, é tomada coletivamente entre estudantes
e professores e assim a prática pedagógica utilizada é gerada em torno das decisões, permitindo
compreender que “ninguém é autônomo primeiro para depois decidir. A autonomia vai se
construindo na experiência de várias, inúmeras decisões, que vão sendo tomadas”. (FREIRE,
1996, p.107).

A escola atende os estudantes no horário das 7h30min. às 16h30min., funcionando de


modo integral ou de acordo com a necessidade das famílias, sendo portanto, flexível. Os pais
dos estudantes possuem no máximo, uma renda mensal de até três salários mínimos e o perfil
familiar é muito diversificado, possuindo várias configurações.

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Os estudantes são advindos de outras unidades de ensino ou até mesmo inseridos na
unidade escolar pela primeira vez. Inicialmente, os pais passam por uma entrevista e visitam os
espaços da Escola Projeto Âncora para compreenderem como funciona.

Por causa dos resultados e da divulgação de experiências exitosas, a escola passou a ser muito
requisitada. Por ser uma instituição não governamental, ainda possuem bastante dificuldade
financeira em se manter, o que acaba limitando um pouco o acesso de oferta a vagas.

Ao entrar nesta escola, o estudante passa pelo período de iniciação, independente da sua
escolaridade, pois precisam entender os preceitos desta organização escolar e este período pode
durar o tempo que for necessário para que possa internalizar como se dá a aprendizagem e como
funcionam os mecanismos de desenvolvimento, que pode acontecer em prazo de um mês ou até
mesmo um ano, respeitando a internalização do indivíduo.

Nesta etapa também pode ser iniciado o processo de alfabetização no estudante, caso ele
não seja alfabetizado. O estudante aprende que pode organizar a sua rotina e aprende a aprender,
e com isso cumpre o currículo estabelecido pelo MEC, entretanto, sem as divisões sistêmicas de
conteúdos por bimestre ou semestre.

O estudante tem acesso ao programa de aprendizagem e elenca, junto com seu tutor, de
acordo com o seu interesse, o que pretende aprender num plano quinzenal. Traçam projetos e
planejam também quando querem fazer a avaliação, que pode ser de forma escrita ou oral.

Na Iniciação o plano quinzenal e diário acontecem de modo coletivo, até o estudante


demonstrar capacidade de desenvolver seu planejamento individual junto ao seu professor-tutor.

No Núcleo de Iniciação as crianças iniciarão as atitudes e desenvolverão em seus


aspectos físico, psicológico, intelectual e social, contemplando a ação da família
e da comunidade. Também desenvolverão as atitudes e competências básicas

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que lhes permitam integrar-se de uma forma equilibrada na comunidade escolar
e trabalhar em autonomia. (ESCOLA PROJETO ÂNCORA, 2016).

O estudante marca o dia, por quem, e como quer ser avaliado e esta avaliação funciona
como uma conversa que vai se desencadeando os aspectos dos assuntos abordados, de forma
espontânea e suave. Sinalizam se estão preparados e solicitam o dado momento com o tutor.
Percebendo os avanços, o professor tutor mostra em que pode ser aprofundado a aprendizagem
ou se pode seguir para a próxima etapa do plano traçado.

O termo usado para os momentos de estudos não é chamado de aula, como estamos
habituados a ouvir no espaço escolar, pois as aulas não existem. O professor não é o expositor
dos conteúdos. O que existe são momentos de aprendizagem onde os estudantes atuam em
conjunto com o professor-tutor e se organizam, dando ênfase em fornecer fontes onde se possa
pesquisar, desde livro a filmes e sites.

O estudante pode realizar a sua pesquisa em dupla, em trio, em grupo ou até mesmo
sozinho. A ideia é fomentar no estudante o gosto por descobrir, por aprender a aprender, dando
possibilidade para que conheça o melhor jeito que aprende e tendo a liberdade de ajudar o
professor a compreender a maneira mais conveniente para a aquisição da aprendizagem.

Conhecer a si mesmo é incentivado todo o tempo. Diferente da escola tradicional, o centro


do conhecimento não está no professor, este, é um parceiro e coadjuvante que aconselha, sendo
fonte de pesquisa e um forte apoio para que a aprendizagem possa ser processada.

É preciso, por outro lado, reinsistir em que não se pense que a prática educativa
vivida com afetividade e alegria, prescinda da formação científica séria e da
clareza política dos educadores ou educadoras. A prática educativa é tudo isso:

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afetividade, alegria, capacidade científica, domínio técnico a serviço da mudança
ou, lamentavelmente, da permanência do hoje. (FREIRE, 1996, p.90).

A relação estabelecida entre professores e estudantes exerce uma grande peculiaridade,


busca-se todo o tempo elencar e vivenciar os valores. O estudante precisa, na Iniciação,
conhecer e principalmente ter compreendido os valores que a Escola Projeto Âncora tem como
alicerces: a afetividade, a honestidade o respeito, a responsabilidade e a solidariedade. E estes
valores são concebidos dentro de todo o movimento escolar.

É possível encontrar estudantes que ainda estão na aquisição destes valores e há uma
insistência e motivação entre os próprios colegas e professores, visando que a evolução
individual também pertence à evolução coletiva.

Então, cada estudante também aprende colaborando com o outro e quando encontram
falhas na conquista destes valores, buscam auxiliar para que este processo tenha sucesso,
criando parcerias e desenvolvendo projetos que fortaleçam a conquista coletiva.

Esforço e disciplina são produtos do interesse, e é com base nesses interesses


que a experiência toma um valor educativo: O legítimo princípio do interesse,
entretanto, é o que reconhece uma identificação entre o fato que deve ser
aprendido ou a ação que deve ser praticada e o agente que por essa atividade se
vai desenvolver. (DEWEY, 1959b, p.65).

Desta forma, os professores auxiliam como professores-tutores e tiram dúvidas dos


alunos, bem como, os acompanham no trabalho de construção do planejamento quinzenal e
diário. Acompanhando também, o desenvolvimento dos alunos e as solicitações para

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averiguação de aprendizagem. Esta avaliação também é escolhida pelo estudante, que sinaliza
quando está preparado para fazê-la e se prefere oralmente ou escrita.

Com esta prática o estudante pode compreender a avaliação como uma etapa importante
do processo de aprendizagem. Pois, compreende que a partir da avaliação realizada pelo
professor, juntamente, à sua autoavaliação, poderá comprovar que pode dar seguimento ao
planejamento traçado.

Durante o processo de ser avaliado, o estudante descarta a possibilidade de sabotar o


resultado da avaliação, percebendo que se trata de algo desnecessário e que poderá prejudicar
ele mesmo a alcançar uma aprendizagem mais aprofundada.

O respeito é algo muito estimado, e quando há algum problema, é chamado a todos os


presentes daquele espaço para solucionar os desafios que estão surgindo. De forma sincera,
incluindo a afetividade e a solidariedade, começam a refletir sobre o assunto a ser abordado.
Num gesto de levantar o braço, todos silenciam e o professor-tutor coloca o problema em
questão.

Democraticamente e alimentando a autonomia, a reunião só termina quando é possível


chegar num consenso, seja o problema resolvido assim que surge ou podendo ser levado para a
assembleia.

A democracia que, antes de ser forma política, é forma de vida, se caracteriza,


sobretudo por forte dose de transitividade de consciência no comportamento do
homem. Transitividade que não nasce e nem se desenvolve a não ser dentro de
certas condições em que o homem seja lançado ao debate, ao exame de seus
problemas e dos problemas comuns. Em que o homem participe. (FREIRE,
1989, p. 80).

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Essa transitividade de consciência é um dos elementos relevantes para as assembleias,
as quais permitem aos alunos discutirem o que pode ser melhorado e de que maneira isso pode
acontecer. É mais uma forma de inserir no cotidiano do aluno o fazer democrático. “uma
democracia é mais do que uma forma de governo; é, essencialmente, uma forma de vida
associada, de experiência conjunta e mutuamente comunicada”. (DEWEY, 1959b, p. 93).

A assembleia é um momento marcado pelos sujeitos pertencentes à Escola Projeto


Âncora, onde se encontram para discutir as tomadas de decisões necessárias para que as
posturas dos estudantes estejam adequadas às normas que eles mesmos criaram para ajudar na
manutenção dos espaços, na harmonia, na convivência e até mesmo na mudança das normas
acordadas, quando é percebido que não surtiu grande efeito.

É neste sentido também que a dialogicidade verdadeira, em que os sujeitos


dialógicos aprendem e crescem na diferença, sobretudo, no respeito a ela, é a
forma de estar sendo coerentemente exigida por seres que, inacabados,
assumindo-se como tais, se tornam radicalmente éticos. (FREIRE, 1996, p. 35).

Existe na Escola Projeto Âncora a flexibilidade de adaptar o que não está acontecendo de
modo positivo. O assunto é questionado até entrarem em consenso e a decisão sempre está
pautada no bem estar de todos.

Dados dos relatórios publicados pelo Projeto Âncora mostram que a alfabetização dos
alunos acontece de maneira notória. Alunos acima de 8 anos foram avaliadas e desempenharam
da seguinte maneira: em 2012 nos simulados desenvolvidos no Projeto Âncora mostraram que
alunos atingiram 43% de alfabetização.

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E que, no mesmo ano, avaliados pela Prova Brasil e SARESP (exames aplicados pelo
Ministério da Educação e Ciências e pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo)
confirmaram a mesma taxa de 43% de alfabetização.

Já no ano de 2014, nas avaliações internas tiveram 100% de alfabetização e nas


avaliações externas 70%. O que comprovam um aumento considerável no índice de
alfabetização. Estes dados ajudam a demonstrar a relevância deste projeto na região de
Itapecerica da Serra, São Paulo.

O estudante compreendendo os mecanismos do funcionamento da Escola Projeto Âncora


e o seu papel perante as decisões necessárias e encontrando o seu amadurecimento no
aprendizado, pode seguir para a etapa seguinte.

A etapa seguinte é chamada de Desenvolvimento. Nesta fase o estudante já consegue por


em prática o que recebeu na Iniciação sem maiores problemas e precisa colocar em exercício a
sua autonomia, dando ênfase ao respeito a si e ao outro.

As crianças que fazem parte do Desenvolvimento, ainda, necessitam de acompanhamento


de modo mais suave, entretanto, não menos atencioso. Esta ajuda dos professores-tutores
permite que seja consolidado o que foi aprendido e internalizado para que possam ser mais
independentes, solidários, responsáveis e autônomos.

No Núcleo de Desenvolvimento, os alunos desenvolverão as competências


básicas adquiridas no Núcleo de Iniciação e procurarão atingir, nas diferentes
áreas curriculares, os objetivos de aprendizagem nacionalmente definidos para o
Ensino Fundamental no âmbito de uma gestão responsável de tempos, espaços e
objetivos. (ESCOLA PROJETO ÂNCORA, 2016).

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Preparados na Iniciação e no Desenvolvimento, os estudantes seguem para o Núcleo de
Aprofundamento. “Em tal atividade compartida, o professor é um aluno e o aluno é, sem saber,
um professor – e, tudo bem considerado, melhor será que, tanto o que dá como o que recebe a
instrução, tenham o menos consciência possível de seu papel”. (DEWEY, 1979, p. 176).

Agora, os estudantes precisam demonstrar maturidade e domínio do que foi aprendido nas
etapas anteriores e mostrar que conseguiram desenvolver as habilidades de: autoplanificação,
autoavaliação, realizar pesquisas autonomamente, trabalhar em grupo de maneira harmoniosa e
respeitando uns aos outros, ter desenvolvido a metodologia de trabalho de projeto.

É um período marcado pela consolidação da autonomia, os estudantes já conseguem


organizar os seus planos quinzenais, mas precisam, durante o processo, do olhar orientador do
professor. Qualquer dúvida que surge, o professor é solicitado. Caso este professor esteja em
outra atividade, o estudante também tem a liberdade de acionar outro professor. O importante é
que o estudante possa ser atendido e direcionado.

Os estudantes da Escola Projeto Âncora, na fase do desenvolvimento, conseguem além de


organizar o seu planejamento quinzenal e executá-lo, avaliar a sua aprendizagem durante o
processo sendo crítico quanto à sua postura durante as atividades que se propôs a fazer.

O exercício do bom senso, com o qual só temos o que ganhar, se faz no campo
da curiosidade. Neste sentido, quanto mais pomos em prática de forma metódica
a nossa capacidade de indagar, de comparar, de duvidar, de aferir, tanto mais
eficazmente curiosos nos podemos tornar e mais crítico se pode fazer o nosso
bom senso. (FREIRE, 1996, pp. 36-37).

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Podendo também, julgar a própria conduta e medir se a pesquisa elaborada poderia ter
acontecido de forma melhor. E também admite que possa fazer melhor, tendo a possibilidade de
retomar algumas ações e consolidar de modo consciente e eficaz a sua aprendizagem.

Algumas decisões tomadas entre os estudantes corroboram com a consolidação da


existência da autonomia e democracia em seu cotidiano. Pois, além da decisão pelo que está se
comprometendo a aprender, os mesmos colocam em seu roteiro uma atividade esportiva ou
cultural que possa colaborar com o seu amadurecimento, que possa facilitar a compreensão de
novos estudos e novas descobertas.

Os estudantes costumam criar estratégias de estudos a partir da maneira que os mesmos


acreditam ser eficaz, significativo e interessante. Esta forma de conhecimento, trás uma maneira
global de ver o mundo. Permite que o estudante, [...] “participe de situações significativas onde
sua própria atividade origina, reforça e prova ideias – isto é, significações ou relações
percebidas”. (DEWEY, 1979b, p. 176).

Na Escola Projeto Âncora, a ausência da aula permite que os estudantes possam ter
curiosidade em aprender algo que lhe é substancial e significativo. Traz para si a
responsabilidade e a reflexão da importância de saber o que acontece com o mundo, com o seu
mundo.

Numa escola onde não há aulas, provas e séries, como as crianças aprendem?
Temos maneiras próprias e desenvolvimento de dispositivos de aprendizagem
que promovem o interesse da criança/jovem a adquirir conhecimento de forma
prática e por meio de pesquisas e saídas pedagógicas. Nossos educandos
aprendem a fazer planejamento do dia de forma coletiva e individual, para
iniciar as atividades cotidianas. Desta maneira formamos adultos mais

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responsáveis e conscientes do abstrato conceito de tempo e espaço. (ESCOLA
PROJETO ÂNCORA, 2017).

E consente uma aproximação das angústias e necessidades de cada estudante, tornando a


necessidade de obter o conhecimento algo necessário à sua vivência e sobrevivência.
Permitindo ao aprendiz, realizar descobertas e colocá-las em prática, gerando o pensamento
autônomo e crítico de como tomar decisões apropriadas para a sua vida.

Este novo modelo pedagógico, tem mostrado a possibilidade de uma renovação mais atual de
promover a educação, quando valoriza a escola como instituição que perpassa conteúdos e notas
e se preocupa com a formação de pessoas. Pacheco, afirma que:

A Escola é construção social, currículo é construção histórica e reflete ideologia.


Até há pouco tempo e excetuando algumas esparsas experiências, a Educação
escolar era entendida apenas como treinamento no domínio cognitivo, sendo
ostracizadas as dimensões do afeto, da emoção e até mesmo da espiritualidade.
Ignorava-se que currículo não é apenas conteúdo, mas também múltiplas
experiências proporcionadas ao aluno. Entre elas, a aprendizagem da autonomia.
(PACHECO, 2012, p.16).

Ao passar pelo desenvolvimento, o estudante encontra-se apto a dar continuidade no


período chamado aprofundamento. Este período é compreendido pela finalização, ou seja, da
consolidação dos valores: responsabilidade, honestidade, solidariedade, afetividade e respeito e
das competências exigidas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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O trabalho de investigação foi realizado visando sentir como é fazer parte da Escola
Projeto Âncora e permitiu a pesquisadora analisar o comportamento dos atores que fazem parte
dela e a influência de cada ação realizada na Instituição no processo da construção da
aprendizagem.

Foi possível captar entre estudantes, professores e funcionários um alto grau de


democracia e autonomia, ao ponto da pesquisadora intervir em alguns momentos com perguntas
sobre como pode ter sido desenvolvido tamanha proeza entre todos os participantes.

Ficou explícito, que os estudantes desenvolvem um sentimento e aguçam o gosto por


desenvolver competências através da motivação pelo que gostam de fazer, realizando
aprendizagens com equipamentos tecnológicos, quando se identificam com isso ou até mesmo
quando gostam de estar aprendendo coletivamente e utilizam formas de inovação nos trabalhos
realizados em grupo.

Cada ação é pensada e planejada, permitindo que o conhecimento de si mesmo, do que


gosta de fazer e do que pretende desenvolver em si fomenta no estudante o autoconhecimento e
este instrumento é facilitador do respeito por si e pelo outro ser.

Uma pratica que também corrobora com o desenvolvimento do estudante é o incentivo


na visão do ser social, do que se pode fazer pelo outro e com o outro. Das habilidades e valores
que podem servir de alicerce para o desenvolvimento da construção do ser humano presente em
cada estudante da Escola Projeto Âncora.

Outro fator expressivo da Instituição é a prática de uma docência exercida através da


reflexão. O professor não se coloca acima da linha do conhecimento, ele é tão aprendiz quanto o
estudante e a ausência da palavra aula é, de fato, a expressão da ausência dela. Professores e
estudantes são parceiros que se acompanham neste processo de aprender.

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Na Escola Projeto Âncora não existe aula, existe a construção do conhecimento no
espaço em que o estudante se sinta bem para desenvolvê-lo. Seja numa sala de música, no circo,
embaixo de uma árvore ou qualquer espaço que colabore com a construção do seu
conhecimento.

Além disso, a Escola Projeto Âncora cuidou de desenvolver estas práticas, primeiro,
entre os próprios professores e demais funcionários. A autonomia e a democracia funcionam de
igual modo entre professores, alunos, e demais funcionários, criando uma rede de respeito e
colaboração.

Comprovando o que afirma Papert, que é “necessária uma escola de mudanças, que vá
da micromudança até à megamudança” (PAPERT, 1996, p. 209). E esta construção surgiu de
passos que puderam concretizar no que podemos verificar nesta Escola, a construção de atitudes
mínimas e máximas estabelecidas consolidadas na aprendizagem desenvolvida.

Outro ponto singular da Escola Projeto Âncora é que a sua construção foi fundamentada
em autores brasileiros e sendo respeitada a cultura deste país, a Escola que antes havia sido
inspiração na Escola da Ponte de Portugal, consolidou os seus mecanismos ao atender a
clientela brasileira com base nas singularidades encontradas no Brasil, se distanciando da ideia
de que seria uma Escola da Ponte no Brasil para ser a singular Escola Projeto Âncora.

E mesmo havendo a busca por um ideal de Educação, a Escola Projeto Âncora está em
constante mudança e se permite transformar de acordo com os diálogos entre todos os membros
que fazem parte desta Instituição. Sendo então, um grande desafio de encontrar dia a dia a
solução por conflitos e necessidades, com base na autonomia, na democracia e no respeito aos
valores que busca desenvolver e para isso utiliza os Parâmetros Curriculares Nacionais- PCN’s
e a Lei de Diretrizes e Bases- LDB.

Tais processos observados na Escola Projeto Âncora puderam ser comparados ao


modelo Fabril que, ainda permanecem na maioria das Escolas, e elencar fatores que mostram

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uma ruptura com o processo da forma de fazer a Educação da Escola atual, podendo assim
deixar claro que a resposta positiva desta pesquisa, que aos preceitos que a seguem é que a
Escola Projeto Âncora utiliza abordagens significativas de aprendizagens e políticas de inclusão
educacional, tendo em sua abordagem um novo jeito de fazer a Educação.

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