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Resumo: Cycas revoluta Thunb. é uma planta ornamental palatável para animais
domésticos e extremamente tóxica para animais e homens caso seja ingerida. Sua
ingestão é uma emergência veterinária. O presente trabalho teve como objetivo
relatar um caso de intoxicação crônica em cão pela planta Cycas revoluta Thunb.
e identificar quais as principais complicações referentes a esta intoxicação. Foi
atendido no Hospital Veterinário da UNIVIÇOSA um cão com ingestão crônica de
Cycas revoluta Thunb. apresentando vômito, hiporexia e perda de peso. Os exames
complementares constataram hepatopatia crônica, possível neoformação hepática
e suspeita de linfoma cutâneo. A escassez de relatos literários de intoxicação por
Cycas revoluta Thunb. ressalva a importância de se relatar um caso clínico, de modo
a fornecer informações a cerca desta intoxicação, facilitando o seu diagnóstico.
Conclui-se que animais saudáveis, não devem ser expostos a Cycas revoluta Thunb.
de forma crônica.
Introdução
Relato de Caso
estavam abaixo dos valores de referência. O soro foi utilizado para os exames de
bioquímica sérica observando-se elevação nos valores de ALT, FA e globulinas.
Na ultrassonografia abdominal foi constada hepatomegalia e congestão
hepática. Aparentemente, no parênquima hepático, visualizou-se a presença
de uma massa hiperecogênica e heterogênea de aproximadamente 9 cm,
compatível com formação tumoral.
Foi realizada citologia hepática por agulha fina que apresentou
infiltrado inflamatório predominantemente polimorfonuclear e hepatócitos
degenerados. Não foram visualizadas células com características neoplásicas
e bactérias.
Diante dos achados clínicos e laboratoriais a intoxicação por Cycas
revoluta Thunb. firmou-se como principal suspeita diagnóstica.
Baseado-se no diagnóstico e sintomatologia clínica do paciente foi
prescrito Metronidazol, Ácido Ursodesoxicólico, Omeprazol, Ranitidina,
Buclizina, Colchicina, Hepatovet e ração hipoprotéica prescritiva para a
enfermidade em frações até novas recomendações. Além disso, aconselhou-se
que a planta fosse removida do jardim.
No dia 29 de julho de 2013 o paciente retornou para reavaliação. O
animal ainda apresentava hiporexia e apetite caprichoso. A frequência dos
episódios de êmese havia diminuído e havia uma semana que o paciente não
apresentava vômito.
No dia 16 de setembro o paciente retornou para nova consulta. Os
episódios de vômito estavam mais raros e o paciente havia ganhado peso (1,6
Kg). Permanecia o apetite caprichoso. Foi realizado exame onde o hemograma
apresentou eosinopenia e no bioquímico observou-se elevação nos valores de
ALT e FA. Foi prescrito S-adenosilmetionina.
No dia dois de outrubro o paciente foi apresentado ao Hospital
Veterinário com histórico de vômito intenso e diarreia há 5 dias, posição de
prece e sinais de dor abdominal há 3 dias, iniciados após mudança na dieta
sem prescrição médica-veterinária. Ao exame físico o paciente apresentava
desidratação de 7% e presença de nódulos no corpo. À palpação abdominal
Revista Científica Univiçosa - Volume 8- n. 1 - Viçosa - MG - Jan. - dez. 2016- p. 555-561
INTOXICAÇÃO POR Cycas revoluta Thunb... 559
Discussão e Conclusão
tumoral.
Ao hemograma constatou-se que o animal apresentava um quadro
anêmico, o qual condiz com a literatura (ALBRETSEN, 1998). Os sinais
gastrintestinais de vômito e diarreia levaram à desidratação, e a hipercloremia
está associada à este quadro. O diagnóstico presuntivo de pancreatite baseou-
se na associação da anamnese, sinais clínicos e exames complementares
evidenciando pela neutrofilia presente ao hemograma, aumento nos valores
da enzima amilase (WILLIAMS, 2004) e edema e aumento pancreático à
ultrassonografia (ROCHENBACH, 2006).
O tratamento instituído no caso intoxicação por Cycas revoluta Thunb.
teve como objetivo remover a causa desencadeante, tratar os distúrbios
sistêmicos associados à disfunção hepática e pancreática, e facilitar a
regeneração do fígado e recuperação do pâncreas (WILLIAMS, 2004).
O potencial carcinogênico da planta (ALBRETSEN, 1998) e as agressões
tóxicas durante longo período, demandam, necessidade de investigação
meticulosa sobre a possível neoformação hepática. O aparecimento de nódulos
cutâneos compatíveis com linfoma reforça a suspeita de neoplasia hepática.
Neste intuito foi recomendada a celiotomia exploratória acompanhada de
biópsia hepática e biópsia dos nódulos para confirmação do diagnóstico,
sendo o paciente encaminhado à oncologista.
A escassez de relatos literários de intoxicação por Cycas revoluta
Thunb. ressalva a importância de se relatar um caso clínico, de modo a
fornecer informações a cerca desta intoxicação, facilitando o seu diagnóstico. A
intoxicação por Cycas revoluta Thunb. é uma emergência veterinária capaz de
induzir a um quadro gastrintestinal e hepatopatia crônica. Devido aos efeitos
carcinogênicos de suas toxinas, existe a possibilidade de desenvolvimento de
neoplasias, desta forma, pode-se concluir que animais saudáveis, não devem
ser expostos Cycas revoluta Thunb. de forma crônica.
Referências Bibliográficas