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Teoria Das Carteiras de Markowitz

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE - UNICENTRO

SETOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS – SESA/G


DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO - DEADM/G

TEORIA DAS CARTEIRAS DE MARKOWITZ

GUARAPUAVA
2016
DEIGO HENRIQUE CARARO SILVA
FRANCISCO JOSÉ DELLÊ
JOAQUIM FELIPE CHALEGRE OLIVEIRA SANTOS
PATRÍCIA CRISTINA GUIMARÃES NEVES
SIMONE SANTANA OBAL
WELLINGTON PASSARELLI

TEORIA DAS CARTEIRAS DE MARKOWITZ

Trabalho a ser apresentado para o professor


Ari Schwans para obtenção de nota parcial
referente ao 2º semestre do curso de
Administração da disciplina de Análise de
investimento e financiamentos corporativos.

GUARAPUAVA
2016
TEORIA DE CARTEIRAS DE MARKOWITZ

Para se ter uma boa seleção e avaliação da carteira de investimentos, ao longo do tempo
vem sendo demonstrado pela Teoria Moderna de Carteiras, a qual busca a utilização dos
princípios da diversificação por parte dos investidores visando almejar melhores condições de
rosco e retorno para suas carteiras de investimentos.

Inicialmente, os conceitos dessa teoria foram elaborados por Markowitz, que trouxe a
proposta de realizar combinações de maneira mais eficiente em relação a alocação de recurso
através da avaliação e compensação dos riscos dos ativos que faziam parte da carteira e, desta
forma, embasou o desenvolvimento da Teria Moderna de Carteiras, indo contra o pensamento
predominante da época, onde a melhor maneira de compor uma carteira advinha da
concentração dos investimento em ativos que davam os maiores retornos.

Outros dois pilares fundamentais para a Teoria Moderna de Carteiras são: o Modelo de
Precificação de Ativos de Capital proposto por Sharpe (1964), Lintner (1965) e Mossin (1966)
e a Teoria dos Mercados Eficientes formulada por Fama (1970).

O Modelo de Precificação de Ativos de Capital – CAPM é um modelo que propicia a


realização do cálculo do retorno do ativo tendo como base os critérios do mercado. Desta forma,
o retorno de um ativo é deliberado pelo retorno do ativo livre de risco e pelo prêmio de mercado
multiplicado pelo fator beta, sendo o fato único do CAPM. Tal fator beta diz respeito
suscetibilidade com que o retorno do ativo reage em relação ao ativo e a carteira do mercado

Eugene Fama (1970) foi o criador de outro pilar da Teoria Moderna de Carteiras,
apresentando o conceito onde os mercados com um número elevado de investidores que detém
muita informação, os preços dos investimentos terão sobre si o reflexo de todas as informações
disponíveis. Tal comportamento tempo por consequência a aleatoriedade dos preços dos ativos,
pois torna-se mais difícil determinar estratégias de destinação de recostos que proporcionem
lucros maiores do que o lucro normas, haja vista que os preços são sensíveis às informações
disponibilizadas pelo mercado a cada novo momento.
Salienta-se que o presente estudo tem como fundamento somente a Teoria de Carteiras
de Markowitz, não tendo, portanto, levado em consideração os fundamentos da CAPM e da
HEM.

Premissas e Conceitos Básicos da Teoria de Markowitz

De acordo com Sharpe et al. (1995, p. 262), as principais premissas adotadas por
Markowitz para a construção de sua teoria foram as seguintes:

a) Os investidores avaliam as carteiras apenas com base no retorno esperado e no desvio


padrão dos retornos em dado período;
b) Os investidores são avessos ao risco, sempre escolhendo a carteira de menor risco dentre
as carteiras de mesmo retorno;
c) Os investidores são racionais, sempre escolhendo a carteira de maior retorno dentre as
carteiras de mesmo risco;
d) Os ativos individuais são continuamente divisíveis, possibilitando aos investidores
comprar frações de ativos;
e) Existe uma taxa livre de risco, na qual os investidores podem tanto emprestar quanto
tomar emprestado;
f) Os investidores têm a mesma opinião acerca da distribuição das probabilidades das taxas
de retorno dos ativos, havendo, assim, um único conjunto de carteiras eficientes;
g) Impostos e custos de transação são irrelevantes.

Partindo destas premissas, Markowitz (1952) postulou que as variáveis que interessam
ao investidor na seleção de uma carteira seriam o retorno esperado (ou rentabilidade) e o risco
(variância dos retornos esperados).

O retorno, para Markowitz, é o agente que o investido deseja e a variância é o


indesejável. Sendo assim, quando menor possível a variância para as carteiras, melhor. Para
isso, os investidores devem diversificar os investimentos, selecionando as carteiras com base
no desemprenho de forma agregada e visando os ativos de maneira individual. Ou seja, apenas
a diversificação não é suficiente, é necessário também a diversificação leve relação aos ativos
da carteira.
No que diz respeito a correlação dos ativos, o autor rejeitou o pensamento simplista de
que aleatoriedade nas escolhas de ativos traria a diminuição dos riscos de uma carteira. Desta
forma. Ou seja, uma carteira adequada vai muito além do que um conjunto de bons ativos.

A proposta de Markowitz, na sua raiz, diz que a boa administração de carteira deve
também ter por base a composição dos ativos e não uma seleção individualizada de lotes de
ativos ou ações. (RALPH VINCE ,1999)

Visando maior entendimento no que diz respeito a Teoria de Markowitz, serão


analisados, a seguir, os seguintes temas: (i) retorno, (ii) coeficiente de correlação ou
covariância, (iii) risco, (iv) binômio risco-retorno, (v) diversificação e (vi) fronteira eficiente.

Retorno

O retorno de uma carteira, para Markowitz, consiste na média ponderada dos retornos
almejados para os ativos componentes da carteira. O resultado do cálculo da média aritmética
dos retornos almejados para os ativos ponderados pelas suas proporções é o retorno da carteira.
A equação matemática para o retorno da carteira é apresentada abaixo:

Somente ao fim do período de maturação obtém-se o resultado, sendo que para a tomada
de decisão os retornos dos ativos devem ser tratados como variáveis aleatórias (SECURATO,
2001).

Coeficiente de Correlação ou Covariância

O coeficiente de correlação existente entre dois ativos é, de acordo com Silva et al


(2009) uma mensuração estatística que determina o nível de dependência linear entre as taxas
de retorno de tais ativos. Já para Markowitz, o coeficiente de correlação varia de -1, onde os
retornos dos ativos se movem em direções opostas, até +1, onde os retornos se movem na
mesma direção. A movimentação aleatória dos ativos significa que a correlação é zero, sem
relações entre si.

Insto é, o coeficiente de correlação obterá valores positivos se um ativo tiver rendimento


positivo associado a outro ativo com rendimento positivo, ou a aconteça a mesma relação com
rendimentos negativos entre dois ativos no mesmo período. Entretanto, se o rendimento
positivo de um ativo estiver relacionado com outro ativo com rendimento negativo, o
coeficiente de correlação terá valor negativo. Finalmente, o coeficiente de correlação será zero
quando os rendimentos forem independentes.

Neste sentido, são oportunas as explicações de Elton et al. (2004, p. 68):


A covariância é uma medida de como os retornos dos ativos variam em
conjunto. Quando eles apresentam desvios positivos e negativos nos
mesmos momentos, a covariância é um número positivo elevado. Se os
desvios positivos e negativos ocorrem em momentos distintos, a
covariância é negativa. Se os desvios positivos e negativos não
estiverem relacionados, ela tenderá a zero.

Risco

A complexidade dos riscos de uma carteira, segundo Markowitz, é maior do que


simplesmente somar os riscos pertinentes aos ativos que a integram. Para realizar a estimativa
da proporção do risco, é necessário também avaliar a correlação entre os ativos.

Deste modo, o cálculo do risco abrange, neste conceito, considerações que dizem
respeito a correlação dos ativos, ou seja, a covariância, que vai além dos riscos individuais
ponderados pela participação de cada ativo na carteira.

O risco é quantificado através da mensuração da variância e do desvio padrão, que são


medidas de dispersão estatística. (SECURATO, 2008)

Observando a forma da variância abaixo é possível verificar que a diferença entre cada
retorno e a média dos retornos, elevada ao quadrado e multiplicada pela probabilidade do evento
ocorrer resulta na variância do retorno:
O desvio padrão representa, para Markowitz, a probabilidade de risco sobre o retorno
de um determinado ativos. Assim sendo, pode-se sintetizar de maneira breve que, no que diz
respeito a Teoria Moderna de Carteiras, o risco de um ativo se dá através da possível variação
de seus retornos.

Binômio Risco-Retorno

Ao passo que existam dois ativos com o mesmo retorno esperado, segundo a
pressuposição de Markowitz, os investidores terão preferência pelo que ofereça menor risco.
Entretanto, o aumento do nível de risco por parte dos investidores só ocorrerá com a
compensação por meio do aumento do rendimento esperado.

A proposta metodológica de Markowitz concebe que a seleção de investimentos e as


decisões pertinentes sejam tomadas fundamentadas no binômio risco-retorno.

Aumentar os ativos que obtenham maior retorno é uma das estratégias para melhorar o
desempenho de uma carteira de investimentos, tendo como base o mesmo nível de risco
almejado, sendo que os investimentos com menor retorno são substituídos. Isto é, maior
rentabilidade na carteira sem influencia ao risco.

Realizar a substituição de ativos com maior risco por aqueles que apesentam um risco
menor é outra estratégia habitualmente utilizada, sendo que os ativos devem estar no mesmo
nível de retorno almejado. Desta maneira, obtem-se menor risco sem deixar de lado o retorno
desejado.
Desse modo, a racionalidade de um investidor não permitirá que invita em uma
determinada carteira havendo outra com risco-retorno mais favorável. Ampliando este
contexto, pode-se calcular uma carteira que tenha maior rentabilidade para cada nível de risco,
assim como para cada grau de retorno há uma carteira com risco mais compatível possível.

Diversificação

Para Markowitz, o risco de uma carteira pode ser limitado pela diversificação. Não basta
somente diversificar. Para reduzir o risco, é importante que o coeficiente de correlação entre os
ativos que compõem a carteira seja negativo.

A ideia é fornecer uma “compensação” dos riscos, ou, se um segmento de mercado


estiver em alta, outro segmento pode estar em baixa, e assim, as possíveis perdas de um setor
podem ser compensadas com ganhos obtidos no outro.

Neste ambiente, é valoroso que os investidores não analisem um investimento


isoladamente, mas avaliem o impacto que o investimento conduzirá para a carteira em geral.

É essencial ressaltar, que quando se fala em minimização do risco da carteira por meio
da diversificação, leva-se em consideração apenas o risco próprio ou específico dos ativos.

Segundo Securato (2007) encontram-se duas espécies de riscos que impacta os ativos,
quais sejam: (i) o risco próprio ou específico e (ii) o risco sistemático ou conjuntural. Os
conceitos formulados pelo autor são:

O risco próprio ou específico é aquele ligado ao próprio ativo e ao subsistema no qual o


ativo encontra-se inserido. O risco é criado por fatos que atingem diretamente o ativo ou o
subsistema ao qual o ativo está ligado e não atingem os demais ativos e seus respectivos
subsistemas.

O risco sistemático ou conjuntural é decorrente da conjuntura política, econômica e


social, sendo o risco decorrente das mudanças de contexto ou das perspectivas de mudanças de
conjuntura política, econômica e social. É o risco que o próprio sistema imputa ao ativo. Por
exemplo, os riscos decorrentes de uma recessão, de uma crise política e de uma mudança na
taxa de juros.
As afirmações de Fleuriet (2004, p.99) acerca da possibilidade de minimização do risco
de uma carteira por meio da diversificação, relatam:
Na verdade, o risco de um papel é composto de dois conjuntos
distinguíveis de risco. O risco sistemático é aquele que não pode ser
eliminado mediante estratégias de diversificação. É o risco inerente ao
sistema, o risco de mercado. O risco específico é próprio ao ativo
financeiro em pauta. É um reflexo do risco de que alguma coisa
aconteça e afete o ativo (e somente este).

Já para Brealey e Myers (1998, p. 173) destacam que o risco de mercado “não se pode
evitar, por mais que se diversifiquem os investimentos”. E por esta razão, concluem que, “os
investidores estão expostos às incertezas do mercado, independentemente do número de ações
que possuem”.

Fronteira Eficiente

A fronteira eficiente é a união de carteiras que a distribuição do peso dos ativos


apresenta, para cada patamar de risco, o melhor retorno possível e, para cada patamar de
rentabilidade, o menor risco possível.

A fronteira eficiente é estabelecida pelo conjunto de carteiras em que a rentabilidade


não pode ser mais incrementada sem que se aumente o risco, ou que, pelo conjunto de carteiras
cujo risco não pode ser diminuído sem que se diminua a rentabilidade.

Segundo Markowitz, considerando o binômio risco-retorno, o investidor deverá sempre


escolher uma das carteiras que compõem a fronteira eficiente, em desvantagem de qualquer
outra carteira possível de ser construída com os ativos que ele selecionar. Abaixo, um gráfico
ilustrando uma hipotética fronteira eficiente:
Gráfico 1 – Fronteira eficiente e o ponto de menor risco possível.

Mostra claramente que, sob a ótica de um investidor, a metade inferior da fronteira eficiente
deverá ser desconsiderada, tendo em vista que nela se obterá um retorno inferior ao que seria
possível para o mesmo patamar de risco.

As carteiras posicionadas na fronteira eficiente são chamadas de carteiras eficientes ou


ótimas. Para Reilly (1994), a carteira eficiente é “o portfólio eficiente que apresenta a maior
utilidade para o investidor” e “se situa no ponto de tangência entre a fronteira eficiente e a curva
de maior utilidade possível”.

As carteiras que estiverem fora da fronteira eficiente são chamadas de ineficientes.


Carteiras cuja rentabilidade possa ser aumentada sem que o fato resulte em incremento de risco
e carteiras que o risco possa ser reduzido sem que isto traga uma redução de retorno. Pode-se
destacar que a fronteira eficiente é vinculada aos dados históricos imputados no modelo, assim,
para cada novo período no qual existam novos dados, haverá uma nova fronteira eficiente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O modelo estudado mostrou-se eficaz e de operação relativamente fácil, sendo


aprendidos os conceitos que o fundamentam. Utilizando uma planilha eletrônica ou de outro
aplicativo computacional com recursos de otimização, uma melhoria no resultado da carteira
pode ser rapidamente notada.

A metodologia de otimização de uma carteira pode promover um subsídio importante


na decisão das destinações dos pesos de seus ativos. Continuamente a literatura ressalta sobre
as vantagens da diversificação para a redução do risco.

Espera-se que o modelo possa ser um instrumento útil para ajudar o gestor de carteiras
mistas de investimentos, desde que sejam entendidas as limitações encontradas e seus níveis de
impacto no funcionamento do modelo.

Quando o risco é considerado pela variância dos retornos se está fazendo uma análise
prática, porém simplista, deixando de considerar um elemento muito importante, o risco
intrínseco aos ativos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Tradução Maria do Carmo Figueira. Lisboa: Mc Graw-Hill, 1998. 998 p.

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FLEURIET, Michel. A arte e a ciência das finanças: uma introdução ao mercado financeiro.
Tradução Maria José Cyhlar Monteiro. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. 298 p.

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2000. 238 p.

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SECURATO, José Cláudio. Administração de Carteiras Aplicada à Fundos de Investimentos


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SECURATO, José Roberto. Decisões Financeiras em Condições de Risco. 2. ed. São Paulo:
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VINCE, Ralph. Cálculo e Análise de Riscos no Mercado Financeiro. Tradução Arthur Pie. São
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