ACAÇÁ
ACAÇÁ
ACAÇÁ
Façamos então uma classificação dos elementos que compõem o acaçá para
chegarmos à derradeira conclusão. Primeiramente, é preciso esclarecer que a
pasta branca à base de farinha de milho (que fica alguns dias de molho e depois
passada pelo pilão ou moinho) chama-se na verdade eco (èko). Depois de coxear,
uma porção da pasta ainda quente, é envolvida em um pedaço de folha de
bananeira para enrijecer (na África é utilizada outra folha, chamada èpàpo),
tornando-se, agora sim, um acaçá. (Hoje em dia nós temos a facilidade de
encontrar o milho vermelho moído que é o fubá vermelho e o milho branco que
é o fubá branco, mais existem sacerdotes que ainda utilizam o ritual de
antigamente).
Somente a água é tão importante quanto o acaçá, pois não existem substitutos
para nenhum dos dois, que são, a exemplo do obi, elementos indispensáveis em
qualquer ritual. Ambos configuram-se como símbolo da vida, e é justamente para
afastar a morte do caminho das pessoas, para que o sacrifício não seja o homem,
que são oferecidos.
O acaçá remete ao maior significado que a vida pode ter: a própria vida. E por ser
o grande elemento apaziguador, que arranca a morte, a doença, a pobreza e
outras mazelas do seio da vida, tornou-se a comida e predileção de todos os
orixás.
Fato é que quem não faz um bom acaçá não é um bom conhecedor do
candomblé, pois as regras e diretrizes da religião nunca foram ditadas pela
intuição. “Constituem grandes fundamentos cristalizados” ao longo de anos e
anos de tradição. Aos incautos vale afirmar que candomblé não é intuição, mas
fundamento sim, e fundamentos se aprende.