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Tutorial Criando Um Pequeno Compilador

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Tutorial Criando um Pequeno Compilador

Neste tutorial será criado, com instruções passo a passo, um pequeno compilador, ou
para ser mais preciso um interpretador, para expressões numéricas.

Neste interpretador serão aceitas espressões com números, as quatro operações básicas e
parênteses. Multiplicação e divisão deverão ter prioridade maior que adição e subtração.

Serão detalhadas as especificações léxica e sintática, será implementado o analisador


semântico e por fim será feito um programa para testar os analisadores.

Para este tutorial serão feitos o analisador léxico e o sintático, e os exemplos de código
serão em Java, mas em alguns casos serão também dados exemplos em C++ e em
Delphi para mostrar as diferênças.

Especificação Léxica

A primeira coisa a se fazer em uma especificação léxica e saber quais os tokens que
deverão ser reconhecidos pelo analisador.

Como neste exemplo vão ser precisos números, operadores e parênteses, já é possível
ter uma idéia de quais tokens serão precisos:

• NUMERO
• +
• -
• *
• /
• (
• )

Antes de especificar de fato so tokens, é preciso notar que a especificação léxica é


dividida em duas partes: Definições Regulares e Definição dos Tokens.

Os tokens são definidos na segunda parte. Nas definições regulares são definidas
expressões auxiliáres, para serem utilizadas na definição dos tokens.

Definições Regulares

Pare este exemplo será feira apenas a seguinte definição:

D : [0-9]

Esta definição diz que D (digito) é qualquer letra entre 0 e 9.

Tokens
Os tokens para este exemplo são definidos da seguinte forma:

"+"
"-"
"*"
"/"
"("
")"
NUMERO : {D}+
: [\s\t\n\r]*

Primeiro são definidos os operadores. Uma grupo de caracteres entre aspas define um
tokens cuja representação é a de string entre aspas.

Em seguida é definido NUMERO. Para este token é fornecida uma expressão regular
para representá-lo. Nesta expressão é utilizada a definição regular anteriormente
definida. Um NUMERO é um D (digito) repetido uma ou mais vezes. Para utilizar uma
definição deve-se colocá-la entre { e }.

Por fim é descrita uma expressão sem um token associado. Isto indica ao analisador que
ele deve ignorar esta expressão sempre que encontrá-la. Neste caso devem ser ignorados
espaço em branco (\s), tabulação (\t) e quebra de linha (\n e \r).

Expressões Regulares

Esta tabela ilustra as possíbilidades de expressões regulares. Quaisquer combinações


entre estes padrões é possível. Espaços em branco são ignorados (exceto entre " e ").

a reconhece a
ab reconhece a seguido de b
a|b reconhece a ou b
[abc] recohece a, b ou c
[^abc] reconhece qualquer caractere, exceto a, b e c
[a-z] reconhece a, b, c, ... ou z
a* reconhece zero ou mais a's
a+ reconhece um ou mais a's
a? reconhece um a ou nenhum a.
(a|b)* reconhece qualquer número de a's ou b's
. reconhece qualquer caractere, exceto quebra de linha
\123 reconhace o caractere ASCII 123 (decimal)
Os operadores posfixos (*, + e ?) tem prioridade máxima. Em seguida está a
concatenação e por fim a união ( | ). Parenteses podem ser utulisador para agrupar
símbolos e driblar prioridades.

Caracteres especiais

Os caracteres " \ | * + ? ( ) [ ] { } . ^ - possuem significado especial. Para


utilizá-los como caracteres normais deve-se precedê-los por \, ou colocá-los entre " e ".
Qualquer sequancia de caractateres entre " e " é tratada como caracteres ordinários.

\+ reconhece +
"+*" reconhece + seguido de *
"a""b" reconhece a, seguido de ", seguido de b
\" reconhece "

Existem ainda os caracteres não imprimíveis, representados por sequancias de escape

\n Line Feed
\r Carriage Return
\s Espaço
\t Tabulação
\b Backspace
\e Esc
\XXX O caractere ASCII XXX (XXX é um número decimal)

Outras Formas de especificar tokens

Pode-se definir ainda um tokens como sendo um caso particular de um outro token. Por
exemplo:

ID : [a-z A-Z][a-z A-Z 0-9]* //letra seguida de zero ou mais letras ou


dígito

BEGIN = ID : "begin"
END = ID : "end"
WHILE = ID : "while"

Assim define-se que BEGIN, END e WHILE são casos especiais de ID. Sempre que o
analisador encontrar um ID ele procura na lista de casos especiais para ver se este ID
não é um BEGIN ou um WHILE.
Especificação Sintática

A especificação sintática é feita de produções. As produções para uma gramática para


expressões númericas da forma especificada ficam da seguinte forma:

<E> ::= <E> "+" <T>


| <E> "-" <T>
| <T>;
<T> ::= <T> "*" <F>
| <T> "/" <F>
| <F>;
<F> ::= "(" <E> ")" | NUMERO;

Podem ser utilizados na gramática qualquer token já declarado como símbolo terminal.
Os símbolos não-terminais precisam ser previamente declarados em sua área específica.

Esta gramática possui recursões à esquerda e não está fatorada. Não é possível processá-
la com um analisador preditivo sem que antes a gramática seja transformada. Neste
exemplo será feito um analisador SLR, portanto a gramática já está pronta.

Inserindo as ações semânticas na gramática ela fica assim:

<E> ::= <E> "+" <T> #2


| <E> "-" <T> #3
| <T>;
<T> ::= <T> "*" <F> #4
| <T> "/" <F> #5
| <F>;
<F> ::= "(" <E> ")" | NUMERO #1;

As ações são distribuidas já pensando-se na análise semântica. A ação 1 acontece após


um NUMERO ser encontrado. Sua implementação irá calcular o valor numérico do
token NUMERO e empilhá-lo.

As demais ações irão desempilhar dois valores, efetuar uma operação sobre eles e
empilhar o resultado.
Implementação do Semântico

É gerada uma classe para o analisador semântico. Sua implementação porém é por conta
do usuário.

O único método que o analisador semântico possíu é o método executeAction(). O


analisador sintático chama ele sempre que uma ação semântica é encontrada. São
passados de paâmetro para este método o número da ação semântica que o disparou, e o
último token reconhecido antes da ação.

Para este exemplo, o analisador semântico vai precisar apenas de uma pilha para avaliar
as expressões. Em casos mais complexos, como um compilador, será preciso uma tabela
de símbolos também. E o gerador de código deve ser acionado por ações semânticas
também.

import java.util.Stack;

public class Semantico implements Constants


{
Stack stack = new Stack();

public int getResult()


{
return ((Integer)stack.peek()).intValue();
}

public void executeAction(int action, Token token) throws


SemanticError
{
Integer a, b;

switch (action)
{
case 1:
String tmp = currentToken.getLexeme();
if (tmp.charAt(0) == '0')
throw new SemanticError("Números começados por 0 não são
permitidos", token.getPosition());
stack.push(Integer.valueOf(tmp));
break;
case 2:
b = (Integer) stack.pop();
a = (Integer) stack.pop();
stack.push(new Integer(a.intValue() + b.intValue()));
break;
case 3:
b = (Integer) stack.pop();
a = (Integer) stack.pop();
stack.push(new Integer(a.intValue() - b.intValue()));
break;
case 4:
b = (Integer) stack.pop();
a = (Integer) stack.pop();
stack.push(new Integer(a.intValue() * b.intValue()));
break;
case 5:
b = (Integer) stack.pop();
a = (Integer) stack.pop();
stack.push(new Integer(a.intValue() / b.intValue()));
break;
}
}
}

Este é um exemplo simples, todas as ações são implementadas diretamente dentro do


switch. Um caso mais complexo deve ter um método para cada ação, utilizando o switch
para selecionar o método.

Foi feita uma restrição semântica para exemplificar como devem ser indicados os erros
semânticos. Se o analisador encontra um erro, ele deve lançar um SemanticError,
passando como parâmetro a mensagem de erro e a posição do erro (que é em geral a
posição do último token).

Java throw new SemanticError(msg, pos)

C++ throw SemanticError(msg, pos)

Delphi raise ESemanticError.create(msg, pos)

Criando um Programa de Teste:

Este é um programa para testar os analisadores. Ele lê uma expressão da entrada, e


imprime seu resultado em seguida.

public class Main


{
public static void main(String[] args)
{
Lexico lexico = new Lexico();
Sintatico sintatico = new Sintatico();
Semantico semantico = new Semantico();

LineNumberReader in = new LineNumberReader(new


InputStreamReader(System.in));
String line = in.readLine();

lexico.setInput( line );

try
{
sintatico.parse(lexico, semantico);
System.out.println(" = ");
System.out.println(trans.getResult());
}
catch ( LexicalError e )
{
e.printStackTrace();
}
catch ( SintaticError e )
{
e.printStackTrace();
}
catch ( SemanticError e )
{
e.printStackTrace();
}
}
}

Para utilizar os analisadores gerados pelo GALS, deve seguir os seguintes passos:

• Instanciar um objeto de cada analisador


• Passar o texto de entrada para o léxico
• Chamar o método parse do sintático, tratando os possíveis erros

Em Java
Lexico lexico = new Lexico();
Sintatico sintatico = new Sintatico();
Semantico semantico = new Semantico();

...

lexico.setInput( /* entrada */ );

try
{
sintatico.parse(lexico, semantico);
}
catch ( LexicalError e )
{
//Trada erros léxicos
}
catch ( SintaticError e )
{
//Trada erros sintáticos
}
catch ( SemanticError e )
{
//Trada erros semânticos
}

Em C++
Lexico lexico;
Sintatico sintatico;
Semantico semantico;

...

lexico.setInput( /* entrada */ );

try
{
sintatico.parse(&lexico, &semantico);
}
catch ( LexicalError &e )
{
//Trada erros léxicos
}
catch ( SintaticError &e )
{
//Trada erros sintáticos
}
catch ( SemanticError &e )
{
//Trada erros semânticos
}

Em Delphi
lexico : TLexico;
sintatico : TSintatico;
semantico : TSemantico;

...

lexico := TLexico.create;
sintatico := TSintatico.create;
semantico := TSemantico.create;

...

lexico.setInput( /* entrada */ );

try
sintatico.parse(lexico, semantico);
except
on e : ELexicalError do
//Trada erros léxicos

on e : ESintaticError do
//Trada erros sintáticos

on e : ESemanticError do
//Trada erros semânticos

end;

...

lexico.destroy;
sintatico.destroy;
semantico.destroy;

Mesagens de Erro

São geradas mensagens de erro default para os possívies erros. Em alguns casos elas
podem ser apropriadas, mas em geral você vai querer alterá-las para informar ao usuário
uma mensagem mais adequada. As tabelas de erro estão nos arquivos com as
constantes.

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