TCC - Wood Frame
TCC - Wood Frame
TCC - Wood Frame
Tangará da Serra – MT
2018
JHONATTA WILIAN FERREIRA DE ANDRADE
Tangará da Serra – MT
2018
Verso da folha de rosto
FICHA CATALOGRÁFICA
Obs: Os detalhes de como fazer essa ficha serão fornecidos individualmente, na Biblioteca. Mas o
entrar com as informações pedidas e aguardar 7 dias para a obtenção do número/registro CDU.
Banca Examinadora
____________________________________________
Prof.(a) Maurício Dallastra (UNEMAT)
Orientador
____________________________________________
Prof.(a) Ma. Gislene Ramos Bessa (UNEMAT)
Membro convidado
___________________________________________
Prof.(a) Gabrielli Steinhowser Machado Sanches (UNEMAT)
Membro convidado
Tangará da Serra
2018
“Acredite que você pode, assim você já está no
meio do caminho. ”
(Theodore Roosevelt)
RESUMO
O Wood Frame é um sistema construtivo composto por perfis leves de madeira revestidos com chapas
em OSB (Oriented Strand Board), largamente utilizado nos países desenvolvidos. O objetivo do presente trabalho
foi realizar uma pesquisa bibliográfica abordando o sistema construtivo em Wood Frame e seus componentes,
comparando-o com o sistema em alvenaria convencional, sob aspectos de conforto térmico e acústico,
durabilidade, resistência, custo e sustentabilidade. Além da pesquisa bibliográfica foi realizado um questionário
com profissionais da construção civil de Tangará da Serra, objetivando a avaliação da adoção do sistema em Wood
Frame na cidade por esses profissionais e as possíveis medidas para ampliação da utilização deste sistema em
Tangará da Serra. Constatou-se, por meio da pesquisa bibliográfica que o sistema em Wood Frame é mais
vantajoso, quando comparado ao sistema em alvenaria, sob todos os aspectos abordados no presente trabalho,
constatou-se ainda que, apesar das vantagens apresentadas pelo sistema, o mesmo ainda é pouco utilizado no
Brasil. Através da aplicação do questionário foi verificado que os principais fatores que influem na baixa difusão
desse sistema em Tangará da Serra é a falta de mão de obra especializada e a baixa procura pelo sistema em Wood
Frame pelos consumidores. Quando levantadas as possíveis soluções para que haja uma popularização do sistema
na cidade, observou-se que as soluções mais citadas pelos profissionais entrevistados foram a divulgação do
sistema ao público leigo e a realização de minicursos e palestras relacionadas ao Wood Frame, capacitando desta
forma os profissionais para atuarem no projeto e construção de edificações utilizando esse sistema construtivo.
Palavras-chave: Construções em madeira. Sistema construtivo industrializado. Sustentabilidade.
ABSTRACT
The Wood Frame is a constructive system composed of light wood profiles coated with OSB (Oriented
Strand Board), widely used in developed countries. The objective of the present work was to perform a
bibliographical research about the construction system in Wood Frame and its components, comparing it with the
system in conventional masonry, under aspects of thermal and acoustic comfort, durability, resistance, cost and
sustainability. In addition to the bibliographical research, a questionnaire was carried out with civil construction
professionals from Tangará da Serra, aiming at the evaluation of the adoption of the system in Wood Frame in the
city by these professionals and the possible measures to expand the use of this system in Tangará da Serra. It was
verified, through the bibliographical research that the system in Wood Frame is more advantageous, when
compared to the system in masonry, in all aspects addressed in the present work, it was also verified that, despite
the advantages presented by the system, the same still little used in Brazil. Through the application of the
questionnaire it was verified that the main factors that influence the low diffusion of this system in Tangará da
Serra is the lack of specialized labor and the low demand for the system in Wood Frame by consumers. When the
possible solutions were proposed so that there is a popularization of the system in the city, it was observed that the
solutions most cited by the professionals interviewed were the dissemination of the system to the lay public and
the realization of mini-courses and lectures related to Wood Frame, professionals to work on the design and
construction of buildings using this constructive system
Palavras-chave: Wooden constructions. Industrialized construction system. Sustainability.
LISTA DE FIGURAS
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 12
1.1 Objetivos .................................................................................................................. 13
1.1.1 Objetivo Geral ....................................................................................................... 13
1.1.2 Objetivos Específicos ............................................................................................ 13
2 BREVE HISTÓRICO DO USO DA MADEIRA .................................................... 13
3 PROPRIEDADES FISICO-MECÂNICAS DA MADEIRA ................................. 17
3.1 Umidade................................................................................................................... 18
3.2 Densidade ................................................................................................................ 20
3.3 Retrabilidade........................................................................................................... 21
3.4 Resistência ao fogo .................................................................................................. 21
3.5 Resistência à compressão ....................................................................................... 24
3.6 Resistência à tração ................................................................................................ 25
3.7 Resistência ao cisalhamento ................................................................................... 26
3.8 Módulo de elasticidade ........................................................................................... 27
4 PRODUÇÃO E CONSUMO FLORESTAL NO BRASIL .................................... 27
5 MADEIR ILEGAL, MADEIRA LEGAL E MADEIRA CERTIFICADA .......... 32
6 CONSUMO DE MADEIRA NA CONSTRUÇÃO CIVIL .................................... 36
7 SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL ........................................... 37
8 SISTEMA WOOD FRAME ....................................................................................... 39
8.1 Método construtivo ................................................................................................. 39
8.1.1 Fundação ................................................................................................................ 40
8.1.2 Estrutura ................................................................................................................. 42
8.1.3 Paredes ................................................................................................................... 47
8.1.4 Pisos ....................................................................................................................... 49
8.1.5 Instalações ......................................................................................................... 51
8.1.6 Cobertura e Forro .................................................................................................. 53
8.1.7 Esquadrias ......................................................................................................... 56
8.2 Comparação entre o Wood Frame e o sistema convencional em alvenaria ....... 56
8.2.1 Geração de resíduos ............................................................................................... 56
8.2.2 Consumo energético na cadeia produtiva do material ........................................... 57
8.2.3 Produção de CO2 ................................................................................................... 58
8.2.4 Conforto térmico ................................................................................................... 59
8.2.5 Custo ...................................................................................................................... 60
8.2.6 Resistência ............................................................................................................. 61
8.2.7 Durabilidade 62
9 MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................... 64
10 RESULTADO E DISCUSSÕES ............................................................................. 65
11 CONCLUSÃO.......................................................................................................... 70
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 75
APÊNDICE A – Questionário ..................................................................................... 80
12
1 INTRODUÇÃO
Apesar das vantagens, o sistema Wood Frame ainda é pouco difundido no país,
diferentemente do que acontece em países norte-americanos e europeus, onde o sistema é
adotado na maior parte das habitações, fato que pode ser relacionado ao desconhecimento das
caraterísticas do sistema, principalmente no que tange ao comportamento estrutural e
durabilidade do mesmo (SLOMA, 2016). Desta forma, a difusão de conhecimentos torna-se um
fator decisivo para a aceitação, por parte da sociedade e profissionais, do sistema construtivo
industrializado em Wood Frame como solução construtiva para habitações, reduzindo os
impactos ambientais gerados pela construção civil e possibilitando uma redução do déficit
habitacional do Brasil de forma sustentável.
13
1.1 Objetivos
A madeira pode ser considerada um dos primeiros materiais que o homem foi capaz de
dominar, sendo usada ao longo da evolução humana para diversos fins, tais como: habitação,
ferramentas, armas, meios de transporte (como barcos e carruagens), entre outros usos, fato que
pode ser relacionado com a abundância deste material, sua origem natural e a necessidade de
ferramentas simples para o manuseio deste, conforme afirmam Branco e Lourenço (2012).
14
Especialistas datam o início do uso da madeira pelo homem primitivo, por volta de
120.000 a.C. (ALMEIDA, 2012), onde o homem dava seus primeiros passos no uso deste
material para fins habitacionais, utilizando para tal galhos de madeira entrelaçados, formando
uma estrutura de planta circular, conforme ilustra a figura 1.
Durante o período compreendido entre 40.000 a.C. e 10.000 a.C. o homem aperfeiçoava
suas técnicas de construção com madeira, chegando a construir abrigos com dimensões, em
planta, de aproximadamente 15 m x 9 m, cobertos com peles, e utilizando como estrutura
arranjo de galhos de árvores (ALMEIDA, 2012).
A figura 2 ilustra a aparência destas casas, sendo possível verificar certa semelhança
com as casas de madeira contemporâneas. Essas habitações não possuíam janelas e toda a
estrutura era composta por madeira e consistia em linhas de cinco troncos (pilares), cravados
no solo, onde apoiavam-se as vigas que davam suporte à estrutura da cobertura. As paredes
externas eram revestidas com uma trama de galhos entrelaçados coberta por argila.
15
Figura 2 - Aspecto das construções realizadas por agricultores (4.500 a 3.500 a.C.).
Fonte: Almeida (2012).
No início da idade média este tipo de construção entra em desuso, sendo utilizado em
sua substituição casas do tipo cabana, que surgiram primeiramente nas cidades, sendo
implementadas posteriormente nas zonas rurais. Almeida (2012) define casas do tipo cabana
como: “casas constituídas por troncos de madeira laminados” (ALMEIDA, p. 6, 2012).
Entre os séculos X e XVIII, a madeira foi o principal material usado na Europa, nas
habitações, ferramentas, máquinas, embarcações, etc. Durante a primeira guerra mundial a
indústria da madeira teve um rápido crescimento, crescimento substancialmente incrementado
após a segunda guerra mundial e desenvolvimento de adesivos resistentes à umidade.
A Madeira laminada colada (MLC) tem como principais vantagens não apresentar
limitações quanto às dimensões e redução nos defeitos naturais da madeira, visto que as peças
que compõem a MLC são selecionadas e dispostas de forma que essas variações na qualidade
da madeira (como nós, por exemplo) não afetem na capacidade resistente dos perfis,
possibilitando ainda a fabricação de peças curvas (ALMEIDA, 2012), conforme ilustra a figura
3.
(a) (b)
Figura 3 – Madeira Laminada colada: a) vigas curvas; b) Seção transversal.
Fonte: Almeida (2012)
As placas de OSB são indicadas para aplicações estruturais, pois apresentam boa
resistência mecânica, características hidrófugas (quando usados adesivos com propriedades
hidrofugantes), fácil aplicação e manuseio, bem como o baixo custo, visto que podem ser
utilizados materiais menos nobres para fabricação das mesmas. A figura 4 ilustra o aspecto de
uma placa OSB.
17
A seguir são descritas cada uma das propriedades supracitadas, bem como as prescrições
da norma brasileira NBR 7190.
3.1 Umidade
A água contida na madeira pode se apresentar em duas formas: água livre (encontra-se
contida nas cavidades das células) e água impregnada (contida nas paredes das células). A água
livre começa a reduzir de forma bastante rápida assim que há o corte da árvore, já água
impregnada é perdida de forma mais lenta (SZÜCS et. al., 2015)
O ponto de saturação das fibras (PSF) é o ponto onde há a mínima quantidade de água
livre e a máxima quantidade de água impregnada, para as madeiras brasileiras este valor é de
aproximadamente 25%. Esse ponto é de extrema importância, pois a perda de umidade pela
madeira até o ponto de saturação das fibras não implica em mudanças no comportamento
estrutural, não havendo, portanto, mudanças significativas no volume da mesma. A perda de
água após o PSF deve ocorrer de forma controlada para que se possam evitar problemas na
secagem da madeira, visto que nessa fase há uma redução volumétrica seguida por um aumento
na resistência mecânica da mesma (SZÜCS et. al., 2015).
A norma brasileira, NBR 7190 (1997), especifica a umidade de referência como 12%
para fins de ensaios para determinação de propriedades físicas e mecânicas da madeira. Como
essa umidade nem sempre corresponde à umidade de equilíbrio da madeira (que varia em
função da umidade relativa do ambiente), a norma propõe a classificação do ambiente em quatro
classes de umidade, para que se possa fazer, no momento da determinação da resistência de
cálculo, a correção da resistência em função da umidade do ambiente. A tabela 1 relaciona a
umidade relativa do ambiente com a respectiva classe de umidade e umidade de equilíbrio da
madeira (NBR 7190, 1997).
3.2 Densidade
3.3 Retrabilidade
Esse comportamento do aço pode levar à ruína da estrutura que, nessas condições, muito
provavelmente, apresentará grandes deformações (CBCA, 2004), ao passo que uma estrutura
de madeira, devidamente projetada para situações de incêndio, resistiria à essas temperaturas
sem apresentar deformações.
Nas estruturas em madeira, a resistência à compressão pode ser considerada uma das
principais características mecânicas do material, visto que a norma brasileira permite a
determinação das demais propriedades mecânicas a partir do valor da resistência à compressão
paralela às fibras da madeira (item 6.3.3 da NBR 7190).
𝑓𝑐0,𝑘
𝑓𝑐0,𝑑 = 𝑘𝑚𝑜𝑑,𝑚é𝑑 × (Equação 2)
𝛾𝑐
Entende-se como tração o esforço axial que tende a provocar um alongamento na peça
solicitada, esticando-a (Figura 10) (ASSAN, 2015).
característica à compressão (fc0,k), que pode ser adotada, segundo a mesma norma, como sendo
70% do valor de fc0,m (NBR 7190, 1997).
𝑓𝑡0,𝑘
𝑓𝑡0,𝑑 = 𝑘𝑚𝑜𝑑,𝑚é𝑑 × (Equação 3)
𝛾𝑡
𝑓𝑣0,𝑘
𝑓𝑣0,𝑑 = 𝑘𝑚𝑜𝑑,𝑚é𝑑 × (Equação 4)
𝛾𝑣
O Brasil possui a segunda maior área de vegetação do mundo, cerca de 496 milhões de
hectares, ficando atrás somente da Rússia. Deste total, as florestas plantadas correspondem a
aproximadamente 10 milhões de hectares (SNIF, 2017). A tabela 5 seguir apresenta a área total
de florestas plantadas entre os anos de 2014 e 2016.
A figura 12 apresenta a distribuição das áreas plantadas no país, onde destaca-se o estado
de Minas Gerais como o maior produtor nacional de floresta plantada, com aproximadamente
1,5 milhões de hectares em 2012. Os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul
lideram a produção nacional de Pinus, representando, juntos, cerca de 80% do total produzido.
29
Essa vantagem competitiva das florestas brasileiras pode ser explicada pelas condições
climáticas, bem como a capacitação tecnológica do país nas últimas décadas, como por exemplo
a hibridização de espécies e a clonagem, que aumentam significativamente a adaptabilidade e
produtividade das florestas plantadas, conforme afirma Bison (2004):
Para se ter uma ideia da magnitude desta produção, as florestas plantadas alcançam
níveis de até 5m³/ ha / ano, na Finlândia; 10 m³/ ha / ano, em Portugal; 15 m³ / ha / ano, nos
Estados Unidos e 18 m³/ ha/ ano na África do Sul (PNF, 2000).
De acordo com SNIF (2017), a destinação da produção pode ser dividida em: Madeira
para combustível e madeira para indústria. Os produtos para combustíveis, representados pelo
carvão vegetal e lenha, representaram, em 2016, 45,73% do volume total produzido. Já para o
uso industrial (produção de papel e celulose, produção de chapas, madeira serrada, entre outros)
foram destinados os 54,27% restantes, dos quais 58,68% foram destinados à indústria de papel
e celulose. A figura 15 apresenta, de forma detalhada a distribuição da produção, classificando-
a em função do tipo de floresta (Natural ou plantada) e tipo de uso (madeira para combustível
e madeira para indústria).
32
A partir da figura 15, pode-se observar que a maior parte da madeira extraída das
florestas naturais tem como destinação o uso como combustível, ao contrário do que acontece
com a produção de florestas plantadas, que tem como principal destinação o uso para indústria.
O eucalipto tem como principal finalidade atender à indústria de papel e celulose, o pinus por
sua vez tem larga utilização para outras finalidades industriais, entre elas a indústria moveleira
e a construção civil.
décadas. Segundo IPT (2009), entre 43% e 80% da produção de madeira na Amazônia é de
origem ilegal, oriunda da exploração predatória e insustentável, motivada, principalmente, pela
expansão pecuária.
Conforme afirma IPT (2009), a extração de madeira de florestas naturais pode ocorrer
de duas maneiras: através do manejo florestal ou através da conversão de uso do solo, como a
pecuária e agricultura, por meio do desflorestamento. Em ambos os casos é necessário
protocolar solicitação junto aos órgãos responsáveis, que por sua vez, através de análise
documental, permitirá ou não a exploração da área em questão.
Entende-se por madeira ilegal, aquela extraída sem o licenciamento exigido, bem como
as extraídas em desacordo com a lei de exploração. A madeira ilegal pode ser associada à
grilagem de terras, desmatamento ilegal e falsificação de documentação de transporte (DI
MAURO, 2013).
A Amazônia é de longe o bioma mais afetado pela extração de madeira ilegal, conforme
Uehara et. al. (2011), estima-se que cerca 35% da produção madeireira amazônica, em 2009,
tenham sido exploradas de maneira ilegal.
Para Braga e Sarrouf (2011) madeira legal é aquela que cumpre as exigências legais e
relativas à documentação. A madeira legal pode vir de atividade de manejo florestal sustentável
ou ainda de desmatamento, desde que autorizado pelos órgãos ambientais competentes (DI
MAURO, 2013).
A madeira certificada, por sua vez, é aquela extraída dentro de uma floresta detentora
de um plano de manejo certificado, plano este que atende aos critérios dos sistemas de
certificação aos quais está vinculada a floresta. Por conta das boas práticas adotadas, a
certificação comprova a origem ambientalmente correta, economicamente viável e socialmente
justa dos produtos florestais (DI MAURO, 2013).
A certificação de cadeia de custódia pode ser requerida por qualquer empresa que
participe da cadeia produtiva da madeira (serrarias, fabricantes, gráficas, etc.) e deseje utilizar
os selos de certificação em seus produtos (VOIVODIC, 2010).
Segundo FSC Brasil (2018), o sistema de certificação FSC tem como princípios:
O sistema INMETRO CEFLOR por sua vez, tem um total de cinco princípios, sendo
eles, segundo Di Mauro (2013):
Conforme pode-se observar na tabela 6, a certificação FSC é a que possui maior área
certificada, totalizando 8 milhões de hectares (entre área plantada e área manejada), bem como
o maior número de certificados (97 certificados, no total).
36
Na construção civil o uso da madeira pode ocorrer de várias formas, sendo de forma
temporária (formas, escorras, estruturas provisórias, etc.) ou permanente (Estruturas,
esquadrias, forro, piso, casas pré-fabricadas, etc.) (SEBRAE, 2014). Ainda segundo SEBRAE
(2014), na construção civil brasileira, aproximadamente 80% da madeira é utilizada de forma
temporária, gerando assim uma quantidade de resíduos que nem sempre é disposta de maneira
adequada.
20%
80%
Temporário Permanente
Quanto à origem da madeira utilizada na construção civil, SEBRAE (2014) aponta que
o uso de madeiras de reflorestamento foi a solução encontrada pelo setor da construção civil
frente aos aumentos no custo da madeira de origem nativa. A figura 17 demonstra a
representatividade de cada tipo de madeira (nativa e de reflorestamento) na indústria da
construção civil.
37
Desta forma surge a seguinte questão: Como atender a essa demanda de maneira
sustentável?
Contudo, o plantio de espécies exóticas deve ser realizado de maneira criteriosa, pois,
conforme afirmam Koch e Henkes (2013), o plantio de forma extensiva, criando “desertos
verdes”, ameaça a flora nativa e contribui para a extinção de espécies da fauna silvestre, que
essas têm na floresta nativa seu habitat. Ainda segundo Koch e Henkes (2013), as plantações
de espécies exóticas geram impactos ecológicos ainda maiores quando não é garantida a
existência de corredores biológicos (ecológicos) ligando áreas de floresta nativa.
Uma possível solução para redução do impacto causado pelo plantio dessas espécies
(exóticas) é o plantio no sistema consorciado, denominado sistema agrossilvipastoril, que
consiste na integração, de forma intencional, entre floresta, agricultura e pecuária. Entre as
vantagens desse sistema de integração pode-se citar: redução na ocorrência de erosão, melhor
39
produção pecuária e a redução no impacto ecológico causado por espécies exóticas, visto que
nesse sistema não são criadas barreiras entre áreas de vegetação nativa (EMBRAPA, 2008).
O Wood Frame, juntamente com os sistemas realizados com a madeira laminada colada
e madeira laminada cruzada, são alguns dos sistemas construtivos modernos que utilizam como
matéria prima a madeira.
De maneira simplificada, o sistema consiste em uma estrutura formada por perfis leves
de madeira, geralmente madeiras de florestas plantadas, utilizando como fechamento placas
delgadas de madeira (OSB) preenchidas com material isolante (lã de vidro ou lã de rocha),
podendo ser revestidas com os mais diferentes tipos de materiais e geralmente construídas sobre
fundações do tipo radier (GRECO,2016; BRÜGGEMANN, 2017).
No Brasil, houve experiência com esse método construtivo no início do século XXI, por
parte de iniciativas acadêmicas, porém, adota-se como marco do sistema Wood Frame no Brasil
o ano de 2010, ano da fundação da Comissão da Casa Inteligente, dentro da Federação das
indústrias do Paraná (FIEP), para abrigar uma comissão de empresas, pesquisadores e
fornecedores ligados ao sistema construtivo em Wood Frame (ABDI, 2015)
Ainda segundo ABDI (2015), por ser considerado um sistema construtivo inovador, no
Brasil, o Wood Frame precisou passar por uma série de avaliações, onde foi verificado o
atendimento às normas de desempenho para que o sistema pudesse ser aprovado no Brasil,
culminando assim, em 2011, no desenvolvimento da SiNAT n°005: diretriz que estabelece os
parâmetros para atendimento dos requisitos de desempenho de sistema construtivos inovadores.
40
8.1.1 Fundação
Por se tratar de uma estrutura leve, quando comparada com a alvenaria convencional, o
sistema em Wood Frame possibilita a redução no custo com fundações.
A figura 18 ilustra uma fundação do tipo radier utilizada no sistema Wood Frame.
Entende-se como radier a fundação do tipo rasa, formada por uma placa de concreto
armado que recebe todos os pilares de uma obra. Essa placa, geralmente com espessuras entre
12 e 15 cm, recebe armaduras positivas (parte inferior da placa) e negativas (parte superior da
41
placa) para que possam suportar e distribuir de maneira uniforme as cargas advindas da
estrutura ao solo (SLOMA, 2016).
Quando a solução adotada para fundação for o radier, é de suma importância a correta
locação das tubulações de água e esgoto, bem como demais instalações subterrâneas, visto que
estas serão concretadas junto ao elemento de fundação. A figura 19 mostra um radier pronto
para receber a concretagem, com as armaduras já posicionadas, bem como as tubulações
elétricas e hidrossanitárias corretamente posicionadas.
Uma alternativa a esse tipo de fundação, muito utilizada nos Estados Unidos da
América, é o uso de paredes estruturais denominadas “basement wall”, conforme ilustra a
figura 20.
42
Esse tipo de fundação, consiste em uma parede subterrânea, com função estrutural, que
recebe as cargas da estrutura e as transmitem ao solo, formando entre o piso da estrutura e o
solo um compartimento (com pelo menos 60 cm), servindo este para aumentar a temperatura
interna das residências, visto que o mesmo impede a ação dos efeitos térmicos do congelamento
do solo sobre o piso das edificações. Mesmo em países tropicais esse tipo de fundação pode
apresentar vantagens, pois possibilita a ventilação da estrutura, contribuindo para a redução da
temperatura no interior da edificação, bem como na redução da umidade na parte inferior da
estrutura (VASQUES; PIZZO, 2014).
8.1.2 Estrutura
Ecker e Martins (2014) trazem uma classificação mais ampla dos elementos que
compõem a estrutura, denominando-os: montantes, guias (superior e inferior), vergas, contra-
vergas e umbrais, conforme ilustra a figura 21.
As placas em OSB possuem, no sistema Wood Frame, dupla função: servir como
fechamento e atuar como um diafragma rígido para a estrutura (resistindo aos esforços de
cisalhamento provocados pelas cargas horizontais). A figura 22 ilustra o comportamento das
chapas de OSB sob ação de ventos.
De Acordo com Ecker e Martins (2014), a fixação entre elementos estruturais pode ser
realizada com uma série de dispositivos, entre estes pode-se destacar: mecanismos de encaixe,
pregos anelados, pregos do tipo ardox e parafusos. As dimensões sugeridas pelos códigos norte-
americanos encontram-se na tabela 8.
Segundo Dias (2005), as tensões que se desenvolvem nas extremidades das paredes
tendem a ser maiores, com isso, faz-se necessária a utilização de disposições construtivas que
melhorem a resistência das paredes nesses pontos. Para tal, os montantes mais solicitados
(montantes da extremidade) precisam ser reforçados, sendo este reforço possível por meio de
uma série de soluções, algumas delas ilustradas na figura 24.
Figura 24 - Diferentes soluções para extremidades das paredes: (a) hollow corner, (b)
California corner e (c) Tie.
Fonte: Thallon, 2000.
De acordo Com Dias (2005), existe uma concordância entre os códigos americanos,
Uniform Building code (UBC) e Internacional Residencial Code (IRC), no que tange às
recomendações acerca da fixação da estrutura nas fundações, sendo essas concordâncias:
8.1.3 Paredes
As paredes do sistema Wood Frame têm função portante, possuindo, além dos
elementos estruturais (montantes e travessas), diversas outras camadas, cada uma com uma
função específica. Algumas dessas camadas possuem coordenação modular de 1,20m x 2,40m,
contudo, as dimensões dos ambientes não ficam limitadas à essa modulação, visto que o corte
de peças para adequação de medidas não gera grande aumento nos custos. (BRÜGGEMANN,
2017).
O sistema em Wood Frame possibilita o uso de uma gama de opções para acabamento
(ECKER; MARTINS, 2014), entre essas opções pode-se citar:
49
8.1.4 Pisos
Conforme afirma Thallon (2008) o piso é a parte da edificação com a qual o usuário tem
o maior contato, realizando, sobre este, atividades como andar e dançar. Desta forma, as
imperfeiçoes nesse sistema são de fácil percepção ao usuário.
Ainda segundo Thallon (2008) o subsistema de pisos exerce ainda a função de resistir
às cargas horizontais de utilização, atuando ainda como diafragma na transferência das cargas
laterais (vento, terremotos e solo) às paredes, que resistem a esses esforços, transmitindo-os às
fundações.
Quando o tipo de fundação adotada for do tipo radier a execução do piso no primeiro
pavimento se dá seguindo as mesmas técnicas construtivas utilizadas na alvenaria convencional
(CAMPOS, 2015). Entretanto, caso a fundação adotada seja do tipo basement wall ou sapatas
corridas, bem como o piso dos pavimentos superiores, a utilização de um sistema de piso,
denominado piso aéreo (SOUZA, 2013), formado por vigas de madeira e chapas de OSB, torna-
se indispensável.
As vigas utilizadas para o sistema de piso podem ser de seção retangular, seção T, ou
seção I (SOUZA, 2013). As vigas em seção I são, do ponto de vista estrutural, mais
interessantes, pois resultam em estruturas de pisos mais leves, resistindo de maneira mais
eficiente às flexões impostas (CAMPOS, 2015; VELLOSO, 2010).
O espaçamento entre as vigas no sistema de piso depende dos vãos e cargas atuantes na
estrutura, geralmente adotando-se vigas com espaçamentos entre 200 e 600mm (VELLOSO,
2010).
As chapas de OSB ou compensado são pregadas sobre a ossatura formada pelas vigas,
constituindo a superfície do piso. A fixação se dá por meio de pregos ou parafusos, devendo
estes estarem espaçados à cerca de 150mm, nas bordas e 300mm, na região central da chapa
(CAMPOS, 2015). As chapas devem ser fixadas transversalmente ao sentido das vigas,
auxiliando no travamento da plataforma do piso (VELLOSO, 2010). O travamento das vigas
por meio de barrotes (bloqueadores) é sugerido por Santos (2010), pois contribui para o
aumento na rigidez do diafragma formado pela plataforma do piso.
51
Quando instalado em áreas molhadas o sistema de pisos deve possuir placas cimentícias
de 12mm instaladas sobre as chapas de OSB, sendo ainda necessária a impermeabilização por
meio de membrana acrílica impermeável (CAMPOS, 2015) ou manta de impermeabilização
(SINAT n° 005, 2017).
8.1.5 Instalações
A passagem das instalações (elétricas e hidráulicas) pode ser executada de forma que
fiquem totalmente ocultas na construção, utilizando-se para tal, os espaços disponíveis nas
paredes e/ou sob o piso, executando-se, quando necessários, rasgos nas vigas ou montantes para
passagem das tubulações (SLOMA, 2016).
52
Quanto ao tamanho e posição dos furos ou cortes para passagem de instalações, Cardoso
(2015) recomenda:
Furos e/ou cortes laterais em montantes estruturais não devem ser efetuados
no terço médio da altura do elemento vertical. A profundidade de cortes laterais não
deve exceder em 25% a largura do montante e furos devem ter dimensões inferiores
a 40% da largura do montante. Além disso, a extremidade de um furo deve estar
distanciada no mínimo 1,6 cm (5/8”) da face externa dos montantes. Quando
necessários furos de diâmetro maior, devem ser usados montantes duplos, dessa
forma, a dimensão do furo fica limitada em 60% da largura do montante (CARDOSO,
p. 47, 2015).
As instalações hidráulicas podem utilizar tubos comuns de PVC ou ainda tubos PEX,
sistema composto por tubos flexíveis de polietileno reticulado, que reduzem o número de
conexões necessária, gerando assim, maior agilidade no processo (CAMPOS, 2015).
Segundo Campos (2015), uma consideração necessária deve ser feita quanto às
tubulações de esgoto que, em função de suas dimensões, não podem ser passadas no interior
das paredes, sendo necessário, portanto, a utilização de shafts para a passagem dos mesmos.
Quando se opta pela produção dos painéis de forma industrializada, estes saem da
fábrica com todos as camadas necessárias executadas, incluindo as instalações, sendo
necessários apenas a montagem dos mesmo no canteiro de obras, bem como a execução dos
arremates finais e a pintura dos mesmos (ABDI, 2015).
De acordo com Souza (2013), chapas de OSB podem ser utilizadas para enrijecimento
(contraventamento) da estrutura da cobertura bem como servirem de base para fixação de telhas.
Segundo Velloso (2010), essas chapas devem ser fixadas com sua maior dimensão
perpendicular às treliças (assim como no sistema de pisos), devendo-se ainda obedecer ao
máximo espaçamento entre os pregos: 150mm no perímetro da chapa e 300mm no centro da
mesma.
Quanto ao tipo de telha utilizado, Campos (2015) e Velloso (2010) afirmam não haver
restrições, podendo-se utilizar os mais diversos tipos de telhas, tais como: telhas cerâmicas,
metálicas, fibrocimento, concreto ou ainda telhas do tipo shingles.
Segundo Campos (2015), os telhados com telhas do tipo shingle são executados
aplicando-se sobre as chapas de OSB (base) uma camada impermeabilizante (subcobertura),
55
sobre a qual aplicam-se a telhas single que são fixadas por meio de pregos ou grampos. A figura
33 ilustra as camadas do sistema de cobertura com telhas shingle.
O forro, no sistema em Wood Frame, pode ser realizado com PVC ou gesso acartonado,
podendo estes serem fixados no banzo inferior da treliça. Acima do forro é necessário a
utilização de isolantes termo acústicos (lã de vidro, lã de rocha, lã de PET, etc.) a fim de se
garantir o desempenho da edificação (BRÜGGEMANN, 2017).
8.1.7 Esquadrias
Um dos grandes desafios para tornar a construção civil uma atividade sustentável é a
redução na geração de resíduos, visto que o setor é um dos maiores geradores de resíduos
(BRÜGGEMAN, 2017), gerando aproximadamente 40% de todo o lixo produzido pela
população (KARPINSKI et. al., 2009). Segundo Karpinski et. al. (2009) a geração per capita
de RCD (Resíduos de construção e demolição) no Brasil é de aproximadamente 0,6kg/ hab./
dia. Desta forma, o Brasil deve gerar anualmente cerca de 45,66 milhões de toneladas de RCD,
considerando uma população de 208,5 milhões de habitantes (G1, 2018).
A disposição desses resíduos se dá, na maior parte das vezes, de maneira irregular
(KARPINSKI, 2009), o que, segundo Pinto (2000), deteriora o ambiente local, compromete a
paisagem, o tráfego e a drenagem urbana, além de gerar um ambiente propício à multiplicação
de vetores patogênicos, tais como ratos, baratas, moscas, vermes, bactérias e fungos.
Argamassa, 64%
Há uma certa divergência quanto aos percentuais de perdas nas obras de construção civil
no Brasil, alguns autores apontam perdas de mais de 30% enquanto outros afirmam não passar
de 0,2% (RODRIGUES, 2001). Ainda segundo Rodrigues (2001), pesquisas mais recentes
apontam para valores menores no desperdício de materiais, algo em torno de 8%, que, apesar
de não ser um número alarmante, pode reduzir em até 50% o lucro previsto para um
empreendimento.
Segundo ABDI (2015) e SILVA et. al. (2016) o sistema Wood Frame, por se tratar de
um sistema industrializado produzido com elevado controle tecnológico, é capaz de reduzir em
até 90% a quantidade de resíduos gerados, quando comparado com o sistema convencional.
De acordo com Karpinski et. al. (2009) dos 40% da energia mundial consumidos pela
construção civil, cerca de 80% são consumidos nas atividades de extração, beneficiamento e
transporte de materiais, sendo algumas dessas atividades geradoras de emissões de gases que
promovem o aquecimento global e poluição do ar.
A partir da tabela 9, observa-se que o uso do concreto consome, por metro cúbico, o
dobro da energia consumida pela madeira serrada e o aço consome cerca de 131 vezes mais
energia quando comparado com a madeira serrada. Desta forma, pode-se inferir acerca dos
benefícios do uso do sistema em Wood Frame na redução do consumo de energia.
Uma das formas de quantificar o impacto ambiental gerado por um material ou sistema
construtivo é a avaliação das emissões de dióxido de carbono (CO2) do mesmo, para tal é
utilizado um indicador denominado Potencial de Aquecimento Global (PAG), medido em Kg
CO2eq (quilograma de gás carbônico equivalente) (CAMPOS, 2015). A tabela 10 relaciona o
PAG dos sistemas construtivos em alvenaria e Wood Frame.
Através da análise dos valores de PAG, é possível verificar que a utilização do Wood
Frame poder reduzir em até 80% as emissões de dióxido de carbono, conforme afirma Campos
(2015). A redução do PAG no sistema Wood Frame se dá principalmente pelo valor do CO2
vinculado à madeira, visto que a mesma, durante o seu crescimento, absorve da atmosfera o
dióxido de carbono e o incorpora em sua estrutura (SILVA et. al., 2016).
Portanto, a partir da análise dos dados acima, o sistema em Wood Frame apresenta
menor emissão de CO2, oferecendo, assim, menor impacto ao meio ambiente, quando
comparado à alvenaria.
59
Para Torres (2010), o isolamento térmico de um edifício tem por objetivo evitar as trocas
de calor entre o ambiente interno e externo à uma edificação, para tal, duas são as principais
características necessárias ao sistema de vedação: possuir baixa condutividade térmica e possuir
alto calor específico.
8.2.5 Custo
Um dos aspectos que influem na adoção de um sistema construtivo é o seu custo final,
visto que o mesmo pode, em determinados casos, impossibilitar a construção de uma edificação,
conforme afirma Mattos (2006):
Entre os fatores que podem influenciar o custo de uma obra pode-se citar o custo com
materiais e o custo com a mão de obra.
Tanto a TCPO, como a SINAPI ainda não trazem em suas publicações os insumos e
custos para o sistema Wood Frame, o que dificulta a realização de um orçamento em regiões
onde não há empresas consolidadas na execução de obras nesse sistema. Desta forma, o presente
trabalho faz a estimativa dos custos utilizando como base trabalhos anteriores, que foram
elaborados a partir de orçamentos fornecidos por empresas consolidadas no ramo.
Os custos, tanto de materiais como de mão de obra podem sofrer variações expressivas
em função de aspectos locais, como disponibilidade de mão de obra, equipamentos e materiais.
Em geral as regiões sul e sudeste do país, dada sua grande produção de madeira de
reflorestamento, tendem a apresentar as maiores vantagens na implementação do sistema em
Wood Frame, porém, mesmo nessas regiões o custo do material (principalmente na
superestrutura e fechamento) tende a ser maior. A tabela 12 traz os custos apresentados por
alguns autores:
61
A partir da tabela 12, observa-se que o custo no sistema Wood Frame é em média 25,8%
menor que a alvenaria convencional. Essa redução no custo se dá principalmente na
infraestrutura (por ser um sistema leve) e no custo com mão de obra, pois, por se tratar de um
sistema industrializado, o Wood Frame pode reduzir em até 75% o prazo de execução
(VASQUES; PIZZO, 2014).
8.2.6 Resistência
Fonte: NBR 7190 (1997), NBR 6118 (2014) e NBR 8800 (2008).
Conforme a tabela 13, pode-se observar que, apesar de possuir uma resistência
ligeiramente abaixo do concreto, a madeira apresenta uma excelente relação entre a resistência
e a densidade, chegando à aproximadamente 5,8 no caso do Eucalyptus Punctata, valor maior
até mesmo que o aço, material amplamente conhecido por ser um material “leve” (quando se
leva em consideração a resistência em função do peso).
Essa propriedade da madeira (possuir boa resistência e ser leve) é de suma importância
no dimensionamento estrutural, visto que, em função desta, as estruturas em madeira podem
resistir a cargas de utilização maiores que uma seção de concreto de mesma dimensão, pois
possuirá menor peso próprio.
8.2.7 Durabilidade
Além do ataque biológico, citado por Almeida (2012), Reinprecht (2016) aborda os
mecanismos abióticos que podem alterar as propriedades físicas, químicas e mecânicas da
madeira, sendo eles: radiação ultravioleta, altas temperaturas, ação do fogo, reações químicas e
umidade.
63
Segundo Reinprecht (2016), a proteção contra a deterioração da madeira pode ser feita
segundo duas metodologias distintas: proteção estrutural e proteção química. Ainda segundo
Reinprecht (2016), a proteção estrutural pode ser alcançada de duas formas, a primeira consiste
na utilização de espécies de madeira com adequada resistência natural à deterioração. A
segunda consiste na adoção de projetos adequadamente desenvolvidos com vista à proteção da
estrutura, prevendo-se detalhes construtivos que reduzam a suscetibilidade à deterioração.
Sendo:
9 MATERIAIS E MÉTODOS
Este questionário tinha por objetivo a avaliação da adoção de sistemas construtivos por
tais profissionais, com ênfase no Wood Frame, avaliando-se ainda as medidas que poderiam
aumentar a utilização desse sistema construtivo na cidade.
65
10 RESULTADO E DISCUSSÕES
A primeira questão tinha por objetivo levantar a área de atuação dos profissionais, para
tal foi elaborada uma questão de múltipla escolha com as opções: projeto arquitetônico, projeto
estrutural, projetos complementares, construção e consultoria. A figura 36 traz os resultados
obtidos.
Consultoria 18
Construção 15
Projetos Complementares 23
Projeto Estrutural 19
Projeto Arquitetônico 21
0 5 10 15 20 25
A partir da figura 36, a maior parte dos entrevistados atuam na elaboração de projetos
complementares (74,2%) e projeto arquitetônico (67,7%), apenas 48,4% dos profissionais
entrevistados realizam a construção das edificações.
A segunda questão apresentada aos profissionais tinha por objetivo avaliar o tipo de
projeto mais comum (residencial unifamiliar, residencial multifamiliar, comercial ou
institucional). Com base nas respostas foi possível verificar que o tipo de projeto mais comum
aos profissionais são as residências unifamiliares (80,6%) e o menos comum construções
institucionais, sendo o projeto mais comum apenas à 3,2% dos profissionais.
66
Residencial
Unifamiliar
80.6%
Quanto ao tipo de sistema construtivo mais utilizado, objeto da terceira questão, a maior
parte dos entrevistados diz ser o sistema em alvenaria convencional, apenas um profissional
relatou ter como sistema construtivo mais utilizado a alvenaria estrutural, as demais opções de
sistema construtivos (Estruturas de concreto pré-moldadas, Estruturas metálicas, light steel
frame e Wood Frame) não foram citadas como sistema construtivo mais usual por nenhum dos
profissionais entrevistados, evidenciando a baixa utilização de sistemas construtivos
industrializados em Tangará da Serra.
Alvenaria Convencional
Alvenaria
Convencional Alvenaria Estrutural
96.8%
Estruturas Metálicas 20
Alvenaria Estrutural 12
Alvenaria Convencional 28
0 5 10 15 20 25 30
A sétima questão tinha por objetivo avaliar quantos dos profissionais já haviam
realizado algum projeto ou executado alguma obra em Wood Frame, dos entrevistados, apenas
um relatou já ter realizado alguma obra em Wood Frame, os demais participantes responderam
negativamente à pergunta.
68
As perguntas oito a onze foram respondidas apenas por aqueles que respondessem
afirmativamente à sétima questão. Essas questões objetivavam obter informações sobre o
número de edificações executadas pelos profissionais no sistema Wood Frame, as
características que determinaram a adoção do Wood Frame, se houve algum receio por parte
dos clientes e, caso tenham havido, quais foram esses receios e se, ao final da obra, o usuário
recebeu informações sobre a manutenção, reforma e ampliação da edificação.
Houve apenas um entrevistado que relatou já ter realizado obra ou projeto em Wood
Frame. Segundo o mesmo foram realizadas menos que cinco edificações nesse sistema. O
entrevistado não respondeu à questão de número 9 que perguntava sobre as características que
foram determinantes na escolha do sistema. Quando questionado se houveram receios quanto
ao sistema Wood Frame o participante respondeu afirmativamente, assinalando esses receios
como durabilidade da estrutura e outros. Ainda segundo o participante, o usuário, ao final da
obra, recebeu informações quanto aos procedimentos de manutenção, reforma e ampliação da
edificação no sistema Wood Frame.
Outros 5
0 5 10 15 20 25
Conforme a figura 40 o fator que, na opinião dos entrevistados, mais influi na baixa
difusão do sistema na região é a falta de mão de obra especializada (citada por 74,19% dos
entrevistados). A baixa aceitação por parte dos consumidores aparece em segunda colocação,
sendo citada por 64,52% dos questionados e em terceiro lugar a falta de fornecedores de
produtos relacionados ao sistema (48,39%). O alto custo dos materiais utilizados e outros
fatores foram citados apenas por 16,13% dos questionados.
A décima quinta questão tinha por objetivo saber se os profissionais acreditavam que o
sistema em Wood Frame precisava ser melhor difundido, e quais medidas seriam interessantes,
na opinião dos entrevistados, para que essa difusão ocorresse. Dos 31 entrevistados, 30
responderam à essa questão. A figura 41 seguir traz os resultados à essa questão.
0 5 10 15 20 25 30
Conforme a figura 41, 86,67% dos entrevistados que responderam à décima quinta
questão acreditam que a divulgação do sistema ao público leigo é uma medida interessante para
difundir o sistema em Wood Frame. 53,33% citam minicursos e palestra sobre o sistema com
uma medida para difundir o sistema. A criação de um curso de pós-graduação, implementação
70
de incentivos financeiros e criação de uma linha de crédito específica para esse sistema
construtivo, aparecem com uma quantidade menor de votos, 36,67%, 33,33% e 23,33%,
respectivamente.
11 CONCLUSÕES
Com base na pesquisa bibliográfica, foi possível verificar que a madeira apresenta,
quando comparada ao concreto, melhor resistência (aos esforços de tração e compressão),
menor peso específico e melhor comportamento em situações de incêndio, sendo ainda um
material renovável e que auxilia na redução do CO2 contido na atmosfera.
Contudo, apesar das vantagens, a maior parte da madeira utilizada na construção civil
tem aplicação de forma temporária, principalmente em sistemas de cimbramento e formas. De
forma permanente, a madeira é utilizada na construção civil principalmente em estruturas de
cobertura e como esquadrias.
aspectos econômicos, aproveitando desta forma, o grande potencial florestal brasileiro, pais
com a segunda maior área de florestas do mundo.
Quanto ao custo, apesar dos materiais utilizados serem relativamente mais caros, o custo
final é em média 25,8% menor que o observado em obras correntes de alvenaria, fato
relacionado à dois fatores principais: redução no custo com fundações (visto que o sistema é
composto por uma estrutura leve em madeira) e redução no custo com mão de obra, pois nesse
sistema o prazo de execução da obra é em torno de quatro vezes menor que o prazo necessário
para uma residência convencional em alvenaria.
No que tange à durabilidade do sistema construtivo, conclui-se que a mesma pode ser
equiparada à do sistema convencional em alvenaria, desde que a madeira seja adequadamente
tratada (com o uso de preservativos e atendimento aos valores mínimos de retenção dos
mesmos), e que sejam adotados detalhes construtivos que dificultem a ação dos mecanismos de
deterioração da madeira, principalmente a ação de organismos xilófagos e ação da umidade,
principais mecanismos de deterioração da madeira.
Uma das principais vantagens do Wood Frame, quando comparada à outras soluções
construtivas em madeira, é a utilização de madeira advinda de florestas plantadas. Florestas que
propiciam o fornecimento de uma madeira com custos menos elevados e auxiliam na
preservação das áreas de floresta nativa, áreas que sofrem grande pressão florestal dada a
procura, por parte do mercado consumidor, de um número muito restrito de espécies
consagradas no meio técnico por suas propriedades mecânicas e de resistência ao ataque de
organismos xilófagos. Essa pressão tende a elevar o preço da madeira de origem nativa, o que
por sua vez estimula a extração ilegal e de forma exploratória da madeira, que gera grandes
impactos ambientais, como os observados na Amazônia atualmente.
72
Contudo, apesar dos benefícios que as florestas plantadas podem oferecer, a plantação
de espécies exóticas em larga escala, principalmente o pinus, pode gerar grandes impactos
ecológicos, pois dado o seu rápido crescimento, essas árvores podem suprimir outras espécies
nativas que servem como habitat para um grande número de espécies animais. Os impactos são
ainda maiores quando são criadas barreiras que impedem o corredor ecológico entre áreas com
vegetação nativa.
Apesar das vantagens apresentadas pelo Wood Frame, a sua utilização no Brasil ainda
é incipiente, fato que pode ser relacionado ao desconhecimento das vantagens apresentadas pelo
sistema e pela baixa ofertada de mão de obra especializada nesse tipo de construção.
Para que o sistema em Wood Frame tenha uma maior representatividade na construção
civil local são necessárias ações que atuem principalmente na divulgação do sistema construtivo
ao público leigo (seja ele consumidor ou mesmo profissionais da área da construção civil que
não possuem conhecimento das características e vantagens do Wood Frame). Essa divulgação
pode ser alcançada com a realização de showrooms em eventos relacionados ao mercado da
construção civil, para apresentação do sistema e comprovação, por parte dos consumidores, do
bom desempenho apresentado pelo Wood Frame. Além da divulgação do sistema ao público
73
leigo é necessário capacitar mão de obra para a realização de obras em Wood Frame, essa
capacitação pode ser realizada por meio de minicursos, bem como palestras e workshops.
Desta forma conclui-se que o sistema em Wood Frame precisa percorrer um longo
caminho até sua aplicação em larga escala nas habitações brasileiras, sendo necessário a quebra
de barreiras culturais e profissionais que limitam a popularização do sistema, bem como a
criação de normas brasileiras que sejam capazes de fornecer parâmetros para o
dimensionamento de estruturas em Wood Frame. Entretanto, iniciativas como a criação da
diretriz Sinat n° 005 e emissão do documento de avalição técnica DATec n° 020, que
possibilitaram o financiamento de obras residenciais em Wood Frame, demonstram que os
primeiros passos rumo à popularização do sistema foram dados, sendo necessário a partir de
agora um esforço conjunto entre empresas e instituições de ensino para que o sistema seja
melhor difundido, iniciando-se essa difusão principalmente no meio acadêmico, capacitando os
estudante (futuros profissionais) para realização de projetos em Wood Frame.
74
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APÊNDICE A – Questionário
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