Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

Comentário Da Carta Enciclica Fides Et Ratio

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 4

Instituto de Filosofia e Teologia de Goias

Filosofia da Religião
Prof: José Reinaldo
Aluno: Lucas Carvalho Machado
Goiânia-GO Data: 04/12/2018

Carta Encíclica “Fides et Ratio”

A Carta Encíclica Fides et Ratio (Fé e Razão), foi escrita pelo Papa João Paulo II em
1998. São João Paulo II nasceu em 18 de maio de 1920, na cidade Wadovice na
Polônia, seu nome de batismo era KarolJózefWojtyla. João Paulo II foi eleito Papa
em 1978, ele foi o terceiro Papa que que mais ficou no Pontificado, 27 anos, ele
faleceu no dia 2 de abril de 2005.

Uma Carta Encíclica é uma espécie de carta circular que o Papa escreve e envia
para todos os Bispos católicos do mundo, sempre sobre determinado assunto
doutrinal e/ou disciplinar, a fim de que os bispos repassem esses ensinamentos a
todo o clero e o povo de Deus reunido.

Fides et Ratio é uma carta que fala sobre as relações entre a fé e razão, ela é
dividida em sete capítulos onde faz o caminhos desde as origens da fé e da razão,
onde é explicado o que é cada uma, sua importância e o porquê que elas não
podem ser separadas. Pois a fé e a razão se completam, dessa forma uma não
suprime a outra nem em conteúdo e nem em importância.

No primeiro capitulo vemos que a Igreja é consciente de ser a depositaria de uma


verdade que tem como origem o próprio Deus, e nisso consiste toda a reflexão feita
pela Igreja. Dessa forma essa reflexão não possui origem unicamente do
pensamento do homem, mas sim de uma acolhida da própria palavra de Deus.

Assim percebemos que existem duas formas de se adquirir conhecimento, pela


reflexão filosófica e pela verdade da revelação. Essas duas formas não se
confundem e nem se anulam. O princípio da reflexão filosófica é conhecer pela
razão natural, ou seja através da reflexão feita do homem a partir das suas próprias
experiências com o mundo, assim a filosofia e as ciências se situam na ordem da
razão natural. Já na fé, conhecemos através da fé divina, numa aproximação e
confiança em Deus, dessa forma somos iluminados e guiados pelo Espirito Santo,
reconhecendo na mensagem da salvação a plenitude da graça e da verdade que
Deus quis revelar na história de forma definitiva pelo seu filho.

Dessa forma, fica claro que o conhecimento da verdade através da Revelação de


Deus, não é fruto de um pensamento puramente racional. Essa verdade nos é dada
de forma gratuita, e devemos acolhe-la de com amor. Assim o estudo do fim ultimo
do homem é objetivo da filosofia e da teologia.

No segundo capitulo é mostrado que nas Sagradas Escrituras, podemos perceber


além da fé do povo israelita, o tesouro das civilizações e culturas de já não existem.
Nesses textos bíblicos também se vê a grande unidade entre o conhecimento da fé
da razão.

Tudo que existe no mundo e os acontecimentos históricos e culturais, conquistas e


derrotas das nações, são observados, analisados e julgados pela razão, porém a fé
não fica alheia a todo esse processo. Em todos esses acontecimentos se vê a mão
de Deus. Dessa forma é praticamente impossível participar e conhecer todos esses
fatos sem professar a fé no Deus que age sobre esse povo.

Dessa forma podemos dizer que a razão mostra aos homens e o faz conhecer seus
caminhos, porém é a fé que o motiva chegar até o fim, superando os obstáculos. Por
isso não podemos separar a fé e a razão.

Existem três leis fundamentais para a razão, para do melhor modo possível
manifestar sua natureza. A primeira é que o conhecimento do homem é caminho
que não tem descanso; O segundo é que não se pode percorrer esse caminho com
orgulho, pensando que tudo é fruto de sua própria conquista; E o terceiro é que o
homem deve ter “temor de Deus”. A quebra de qualquer dessas regras, torna o
homem insensato, criador de falsas verdades, chegando a afirmar a não existência
de Deus.

No terceiro capítulo Paulo aponta o desejo de nostalgia, a necessidade do homem


de sentir falta de Deus. E um caminho que o homem pode percorrer é o uso da
razão para superar os imprevistos da vida e a falta de Deus.

Em todo a historia do homem, ele desenvolveu alguns meios para superar os fatos
da vida e o desejo de Deus. Esses meios foram: a literatura, a música, a pintura, a
escultura, a arquitetura e outras formas para canalizar essa ânsia. Porém foi a
filosofia, de forma particular que conseguiu melhor suprir esse desejo do homem.

Essa vontade de conhecer é algo próprio do homem, mas o objeto desse conhecer é
a verdade. O homem é o único ser capaz de saber das coisas e como elas são. O
homem busca sempre a verdade, e quando a descobre, acolhe. No entanto se ele
descobre algo que é falso, quase que imediatamente rejeita.

A princípio a única coisa que o homem realmente sabe, e de fato é uma verdade, é a
sua morte corporal. A partir dessa verdade, o homem busca outras verdades para
dar sentido a sua vida. Pois a principio a vida não possui sentido. Daí se pode
perceber a importância da fé, esperar algo após a vida, e esse algo é que da sentido
a vida terrena.

No quarto capítulo se percebe que os cristãos desde a sua origem possui um


contato com as correntes filosóficas. Os cristãos em seus discursos não poderiam
apenas fazer uso da fé, ou seja citar Moises e os profetas, mas eles tinham que
fazer uso do conhecimento natural. Mas eles tiveram alguns problemas porque o
conhecimento natural se tornou idolatria, então de forma prudente os apóstolos
começaram a fazer ligação entre os seus discursos e os pensamentos filosóficos.
Com isso tiveram o trabalho de purifica a concepção de Deus doas formas
mitológicas do tempo. E assim com o crescimento do cristianismo, os padres que
ensinavam a doutrina cristã, tiveram que saber lidar com esses obstáculos.

No século XII surgiu o grande apóstolo da verdade, que foi Santo Tomás de Aquino.
Ele teve lugar especial em seu tempo por causa do seu conteúdo doutrinal e
também pelo diálogo entre os pensamentos árabes e hebreus. Ele foi responsável
de colocar em harmonia a fé a razão. Ele afirmava que tanto o conhecimento da
razão e o conhecimento da fé, ambos vem de Deus, por isso elas não podem se
contradizerem. Santo Tomás também reconheceu que o objeto da filosofia, a
natureza, contribui para a compreensão da revelação divina. Assim a fé a razão não
se contradizem, mas antes se completam.

No capitulo quinto, é demonstrado que a Igreja não propõem uma filosofia própria e
de forma alguma toma partido de uma filosofia para denegrir outras. Mesmo quando
a filosofia se mistura com a teologia, ela procede de acordo com seus métodos e
regras, e isso para continuar voltada para verdade. A filosofia é orientada para a
verdade, segundo a sua natureza, e se ela não faz bom uso disso, se torna uma
filosofia falha.

No pensamento filosófico, várias vezes no decorrer da história, houve erros. Porém


não compete ao Magistério intervir nos erros filosóficos, mas cabe ao Magistério
reagir e esclarecer essas falhas. A intervenção do magistério não possui como
finalidade suprimir ou diminuir os pensamentos, mas antes visa encorajar, suscitar e
promover o pensamento filosófico.

No capitulo sexto, o São João Paulo II, explica como está organizada a teologia, ela
é uma ciência da fé, sob um duplo sentido metodológico, esses dois sentidos são: “a
escuta da fé” e a “compreensão da fé”. Na “escuta da fé” se recolhe o conteúdo da
Revelação da forma que está na Sagrada Escritura, Sagrada Tradição e no
Magistério. E pela “compreensão da fé” a teologia tenta responder as exigências
através da reflexão.

No sétimo e último capítulo, é demonstrado os vários elementos filosóficos acerca


do homem e do mundo. Com isso o homem confuso busca um sentido para a sua
existência no mundo, e a miscelânea teorias acabam por colocar o homem no
abismo da descrença. Com isso é função da filosofia ajudar o homem a encontrar as
respostas e sentido para a vida.

Já para a teologia, fica a interrogação sobre a verdade das entrelinhas das sagradas
escrituras, os significados e os dados históricos. A compreensão da verdade e mais
importante que a interpretação, mas fazendo uso da filosofia. Aos teólogos também
cabem fazer uma reflexão filosófica dentro da catequese.

Com essa Carta Encíclica, São João Paulo II, nos mostra o quão importante é o uso
da fé e da razão dentro da Igreja. Nos é mostrado que uma separação ou uma
disputa entre elas é algo absurdo, pois ambas são necessárias e se completam.
Dessa mesma forma a grande relação entre a filosofia e teologia, embora a filosofia
seja mais antiga que a teologia, ela se tornou um instrumento muito importante e
indispensável para o desenvolvimento da teologia.

Você também pode gostar