Algebra
Algebra
Algebra
Rio Claro
2017
Nilton Cezar Ferreira
Rio Claro
2017
512.02 Ferreira, Nilton Cezar
F383p Uma proposta de ensino de álgebra abstrata moderna, com a utilização
da metodologia de ensino-aprendizagem-avaliação de matemática através
da resolução de problemas, e suas contribuições para a formação inicial de
professores de matemática / Nilton Cezar Ferreira. - Rio Claro, 2017
281 f. : il., figs., tabs., quadros, fots.
Comissão examinadora
Após mais de três anos nessa empreitada, com grande satisfação de ter
conseguido chegar até aqui, não poderia deixar de reconhecer que nada disso seria
possível se não fossem as inúmeras pessoas que, direta ou indiretamente,
estiveram comigo, me ajudando, me apoiando ou me incentivando. Mesmo com
receio de cometer alguma injustiça, eu não poderia deixar de agradecer:
À Deus por ter me dado força e me amparado, principalmente nos momentos mais
difíceis.
À minha banca de qualificação e defesa, Glen César Lemos, Henrique Lazzari, Rosa
Baroni e José Pedro Machado Ribeiro, pelas valiosas contribuições. E aos suplentes
Rosana Miskulin, Andresa Justulin, Edna Zuffi, por aceitarem fazer parte desse
processo.
À minha amada esposa, Edna, e meus queridos filhos, Natália e Gabriel, pelas
alegrias que sempre me proporcionaram e por terem suportado a minha ausência.
Aos meus amigos: Glen César Lemos, Luciano Duarte e Márcio Urel, pelo apoio e
companheirismo durante essa empreitada.
Aos meus professores que contribuíram muito com a minha formação. Em especial a
professora Rosana que sempre me apoiou, me incentivou, leu meu projeto e esteve
disponível para me ajudar.
“Os que se encantam com a prática sem a ciência
são como os timoneiros que entram no navio sem
timão nem bússola, nunca tendo certeza do seu
destino” (Leonardo da Vinci).
RESUMO
The main purpose of the present work was to investigate the contributions that
Modern Abstract Algebra (which the theories of Groups, Rings and Fields, among
others, are worked on), as a discipline in Degree courses in Mathematics in Brazil,
might give to initial Teacher Education in Mathematics. The present research has a
qualitative approach and it was grounded on the Methodological Model of Romberg-
Onuchic. In order to achieve that goal, we proposed a field research, developed in
2015, involving a class of fifth semester students of Degree in Mathematics at
Instituto Federal de Goiás (IFG). To that end, we elaborated and implemented a
teaching project with the purpose of enabling that group of students to build
satisfactory knowledge on Modern Abstract Algebra and showing the relationship of
its contents to the ones of Elementary Education. In order to build such knowledge,
we used the Methodology of Teaching-Learning-Evaluation in Mathematics through
Problem Solving, found in the field of Mathematics Education and consolidated by
several researches as effective in the process of Mathematics teaching, learning and
evaluation in several levels – Elementary, Middle and Higher Education. The
correlation between the contents of Modern Abstract Algebra and the ones of
Elementary Education came about through the proposition to that group of students
of extracurricular activities which were always discussed further in classroom by all
people involved in that process: students, researcher and teacher. There were also
two meetings with the only purpose of working, discussing and analysing this
association – Modern Abstract Algebra and Elementary Education. The evidence-
gathering was made through the researcher’s observation during the project
application, the materials produced by the students, the media (audio and video
recordings of the meetings) and a diagnostic evaluation focused on Teacher
Education, Algebra and Problem Solving. The results confirmed that Abstract
Algebra, if properly worked on, might bring significant contributions to Teacher
Education in Mathematics.
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 15
1.1 Os caminhos trilhados pelo pesquisador e suas motivações para a
pesquisa .................................................................................................................... 15
1.2 Explicitação da pesquisa ................................................................................ 16
1.3 A organização da tese ..................................................................................... 18
REFERÊNCIAS........................................................................................................ 242
APÊNDICE A – PLANO DE ENSINO DE ÁLGEBRA 2 .......................................... 247
APÊNDICE B – TERMO DE COMPROMISSO E RESPONSABILIDADE .............. 250
APÊNDICE C – RELAÇÃO DE EQUIVALÊNCIA ................................................... 252
APÊNDICE D – CONTEÚDOS DA SEGUNDA PARTE DO PROJETO ................ 254
APÊNDICE E – AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA ........................................................ 257
ANEXO I – RESPOSTAS DOS ALUNOS À AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA ........... 258
15
1 INTRODUÇÃO
novos rumos. Sem deixar de ser professor da Educação Básica, ingressei, como
professor convidado, para atuar em cursos de Graduação na Universidade Católica
de Goiás, atualmente PUC-Goiás. A partir daí, meu destino foi traçado e, com a
conclusão do meu Mestrado em 2001, também em matemática pela UFG, passei a
me dedicar, exclusivamente, à carreira docente em cursos de Graduação. Além da
PUC Goiás, fui professor, também, nas Faculdades Objetivo; Universo-Universidade
Salgado de Oliveira; UEG – Universidade Estadual de Goiás; e IFG-Instituto Federal
de Goiás, sendo que, nessa última instituição permaneço até os dias atuais.
Com perguntas do tipo: “Para que eu preciso estudar isso?”, feitas durante
minhas aulas de Cálculo nos cursos de Engenharia, surgiram minhas primeiras
inquietações por não saber responder esses tipos perguntas. Essas inquietações
não chegavam a me incomodar, pois eu não me sentia na obrigação de responder
perguntas desse tipo. Afinal, só um engenheiro poderia responder onde se usa
Cálculo Diferencial e Integral na prática profissional de um Engenheiro. Porém,
quando comecei a trabalhar nos cursos de Licenciatura em Matemática, percebi que
estudantes, que pretendiam ser professor, também faziam perguntas semelhantes.
Como, por exemplo: “Para que eu preciso aprender Integrais Triplas se vou ser
professor da Educação Básica?”, “Para que eu preciso estudar Espaços Vetoriais se
pretendo dar aulas no Ensino Fundamental?”, “O que tem a ver a Teoria de Grupos
com os conteúdos do Ensino Fundamental e Médio?”. Se um Engenheiro deveria
saber responder para que serve um curso de Cálculo na Engenharia, um professor
deveria saber para que servem os conteúdos que ele ensina na Licenciatura, para a
prática de um professor da Educação Básica. Essas inquietações de outrora
passaram a ser um incômodo constante. A busca de resposta para esses tipos de
questões me levou propor esta pesquisa.
1
O tradutor traduziu “middle school” por escola média, aos anos 6, 7 e 8 da escola norte americana,
correspondentes ao nosso Ensino Fundamental II.
19
2 METODOLOGIA DA PESQUISA
2
Romberg é matemático e educador matemático, professor da Universidade de Wisconsin, no National Center
for Research in Mathematical Sciences Education, Madison, USA.
22
3
GTERP - Grupo de Trabalho e Estudos em Resolução de Problemas, sob a coordenação da profa. Dra.
Lourdes de la Rosa Onuchic.
23
1. Fenômeno de
interesse
2. Modelo
preliminar
3. Relacionar com
ideias de outros
o
2 Bloco
6. Selecionar 7. Coletar
procedimentos de evidências
pesquisa
8. Interpretar
evidências
9. Relatar
Resultados
10. Antecipar as
ações dos outros
1. Fenômeno de
interesse
2. Modelo
preliminar
3. Relacionar com
ideias de outros
4. Modelo
Modificado o
2 Bloco
7. Selecionar 8. Coletar
procedimentos de evidências
pesquisa
9. Interpretar
evidências
10. Relatar
Resultados
11. Antecipar as
ações dos outros
A decisão sobre que métodos utilizar segue diretamente das questões que
se seleciona a partir da visão de mundo na qual as questões estão situadas;
do modelo preliminar que foi construído afim de explicar o “fenômeno de
interesse”; e da conjectura que se faz sobre a evidência necessária
(ROMBERG, 2007, p.102).
28
O primeiro passo, a coleta de evidências, deve ser bem cuidadoso, visto que,
no momento em que colocamos os procedimentos em ação, muitas evidências
poderão surgir, porém o pesquisador deve ter a habilidade em saber selecionar
apenas aquelas que são relevantes para sua pesquisa.
Aplicação do projeto P, em
sala de aula, fazendo uso da
Analisar os resultados obtidos Metodologia de Ensino-
na implementação do projeto Aprendizagem-Avaliação de
Matemática através da
Resolução de Problemas
Esse “Modelo preliminar” foi desenvolvido tendo como base meu Fenômeno
de Interesse – “A formação inicial do professor de matemática” e, como contexto da
pesquisa, o curso de Licenciatura em Matemática do IFG – Instituto Federal de
Goiás. Essa pesquisa se concretiza como uma pesquisa de campo, havendo assim
a necessidade de conhecer o perfil de cada personagem desse contexto. A questão
inicial que pretendia responder era: “De que forma podemos relacionar os conteúdos
das disciplinas, ministradas no curso de Licenciatura em Matemática do IFG, com os
conteúdos da Educação Básica, utilizando a Metodologia de Ensino-Aprendizagem-
Avaliação de Matemática através da Resolução de Problemas?” Esse Modelo
Preliminar aponta variáveis, que o pesquisador precisará levar em consideração
para obter êxito na pesquisa. As variáveis consideradas relevantes, denominadas
variáveis-chave, foram identificadas, na minha pesquisa, como: A Formação Inicial
de Professores de Matemática, Resolução de Problemas, e uma disciplina de
matemática, parte integrante do currículo do curso de Licenciatura em Matemática
do IFG. Escolhemos a disciplina Álgebra II4 por ser exclusiva do curso de
Licenciatura em Matemática e pelo fato de o pesquisador ter feito sua Dissertação
de Mestrado nessa área. Para cada uma das variáveis-chave criamos um capítulo
para relatar o que “os outros” disseram a esse respeito e, consequentemente,
contribuíram ou influenciaram de alguma forma nosso trabalho. Portanto os capítulos
3, 4 e 5 tratam, respectivamente, sobre três eixos: Formação Inicial de Professores
de Matemática, Álgebra Abstrata Moderna e Resolução de Problemas.
4
Ementa do curso de Álgebra II: Grupos, Subgrupos, Homomorfismo e Isomorfismo de Grupos,
Teorema de Cayley, Classes Laterais e o Teorema de Lagrange, Grupo Cíclico, Subgrupos Normais
e Grupo Quociente. Anéis, anéis comutativo e anéis com unidade. Subanéis. Homomorfismo e
Isomorfismo de anéis: propriedades elementares. Anéis de Integridade e Corpos.
33
5
Informações detalhadas sobre esse modelo podem ser obtidas em http://www2.dbd.puc-
rio.br/pergamum/tesesabertas/1112605_2013_cap_2.pdf
34
Nos anos 90, segundo Silva Júnior (2002, p.76-77), no contexto das reuniões
mundiais organizadas pela Unesco, desencadeou-se um processo de reformas
educacionais na América Latina e consequentemente no Brasil. As orientações para
a implantação dessas reformas fizeram-se através dos documentos políticos:
Declaração Mundial sobre a Educação para Todos, (UNESCO, 1990) e Declaração
de Nova Delhi, (UNESCO, 1993), sendo que:
Segundo Rabelo et. al (2009), no ano 2000, a era do novo milênio, o mundo
passou por um processo crescente de globalização dominado pelos campos
tecnológicos e científicos e as atenções se voltaram para o desenvolvimento social
baseado no crescimento econômico. No Brasil tem-se, como uma forte propaganda,
o slogan: “a sociedade da informação e do conhecimento”, que em breve se
transformou em “sociedade da comunicação”. No campo Educacional, as Nações
Unidas organizaram o encontro Marco de Ação de Dakar em 2000 para adiarem os
prazos estabelecidos para o cumprimento das metas colocadas de 1990 até o ano
2000, na Conferência Mundial sobre Educação para Todos, que norteou e definiu as
diretrizes das políticas educacionais em países considerados de capitalismo
periférico. As metas não cumpridas foram reduzidas e os prazos adiados até 2015.
Isso se refletiu em um número crescente de novas instituições na área de formação
de professores e, além disso, diversas políticas públicas vêm sendo elaboradas e
executadas nas últimas décadas. No Brasil, foram aprovados vários documentos na
área educacional e, entre eles, uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB nº 9394/96); os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) que visam
a apresentar, através de concepções chamadas interacionistas, conteúdos,
metodologias e formas de efetuar a avaliação do aprendizado dos alunos em todas
as disciplinas e séries da Educação Básica e uma proposta de diretrizes para a
formação inicial de professores da Educação Básica, em cursos de nível superior.
número de horas presume-se que não seja possível dar conta das exigências de
qualidade necessárias ao ensino. Com isso, foi elaborada uma resolução que institui
a obrigatoriedade de 400 horas para a prática de ensino, que diz ser “procedente
acrescentar ao tempo mínimo já estabelecido em lei (300 horas) mais um terço (1/3)
desta carga, perfazendo um total de 400 horas” (CNE/CP6 28/2001).
A resolução no 2 do CNE/CP, de 1o de julho de 2015, apresenta orientações
para garantir uma base curricular comum aos cursos de formação inicial de
professores. Essas orientações estabelecem para os cursos de Licenciatura, um
mínimo de 3200 (três mil e duzentas) horas de efetivo trabalho acadêmico, em
cursos com duração de, no mínimo, 8 (oito) semestre ou 4 (quatro) anos, sendo:
i) 400 (quatrocentas) horas de prática distribuída ao longo do processo
formativo;
ii) 400 (quatrocentas) horas de estágio supervisionado;
iii) pelo menos 2200 (duas mil e duzentas) horas dedicadas a atividades
formativas7.
iv) 200 (duzentas) horas em atividades teórico-práticas de aprofundamento
em áreas específicas de interesse dos estudantes (iniciação científica, iniciação à
docência, seminários, palestras, etc.).
Além dessas orientações, essa resolução apresenta um conjunto de
princípios, fundamentos e procedimentos a serem observados na organização
institucional e curricular de cada estabelecimento de ensino, e aplicam-se a todas as
etapas e modalidades da Educação Básica. Esse documento enfatiza a valorização
da prática durante os cursos de formação de professores e, numa nova visão da
prática que, segundo o documento, deverá estar presente desde o início do curso e
permanecer durante toda a formação e, ainda, deverá ser desenvolvida com ênfase
nos procedimentos de observação e reflexão, visando à atuação de forma
contextualizada, e à resolução de situações-problema.
As Diretrizes Curriculares para os cursos de Licenciatura em Matemática,
estabelecem que o professor egresso de um curso de Licenciatura deve ter uma
adequada preparação para sua carreira em que a matemática seja utilizada de
forma essencial, assim como para um processo contínuo de aprendizagem e, ainda,
6
Conselho Nacional de Educação/Conselho Pleno.
7
As atividades formativas estão definidas nos incisos I e II do artigo 12 desta resolução. Endereço
eletrônico: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=17719-res-
cne-cp-002-03072015&category_slug=julho-2015-pdf&Itemid=30192
37
uma formação pedagógica voltada para sua prática, que possibilite a vivência crítica
da realidade e uma formação geral complementar envolvendo outros campos do
conhecimento, necessários ao exercício do magistério. De acordo com as Diretrizes
Curriculares, os profissionais formados nos cursos de Licenciatura e, em especial,
na Licenciatura em Matemática, devem ter uma visão abrangente do papel social do
educador na sociedade; capacidade de compreender, criticar e utilizar novas ideias
e tecnologias; participar de programas de formação continuada e trabalhar em
equipes multidisciplinares.
[...] por isso, o estudo dos saberes profissionais não pode ser reduzido ao
estudo da cognição ou do pensamento dos professores (teacher’s thinking).
Os professores dispõem, evidentemente, de um sistema cognitivo, mas eles
não são somente sistemas cognitivos, coisa que é muitas vezes esquecida!
Um professor tem uma história de vida, é um ator social, tem emoções, um
corpo, poderes, uma personalidade, uma cultura, ou mesmo culturas, e
seus pensamentos e ações carregam as marcas dos contextos nos quais se
inserem (TARDIF, 2000, p. 15).
Vitti (1999) e Moysés (2014) nos dizem que parece não haver continuidade
entre o que se aprende na escola e o conhecimento que existe fora dela. Muitos
educadores trabalham de forma mecânica, através de atividades repetitivas,
deixando de estimular o raciocínio lógico matemático e a criatividade para solucionar
desafios. Nesta prática, o educador assume o papel de transmissor de
conhecimentos e o educando de receptor, sem o menor interesse e compreensão
naquilo que está aprendendo.
Rabelo e Lorenzato (1994) acreditam que para pensar numa mudança é
preciso antes de tudo ter coragem, é preciso ousar, criar e experimentar, é preciso
buscar uma mudança de paradigmas para testar e avaliar o potencial de nossos
alunos e vê-los sob uma perspectiva de competência, mas isso significa antes de
tudo um teste e a avaliação de nós mesmos enquanto profissionais.
Nesse sentido, Silva (2004) explica que muitos fatores interferem na
aprendizagem do aluno como, por exemplo, espaço físico, ambiente tranquilo,
criatividade, capacitação docente, predisposição a aprender, estímulos, metodologia
de ensino adequada, entre outros, e complementa afirmando que: para haver
aquisição de conhecimento, não existe um método de ensino que seja considerado
melhor, pois em determinados momentos um complementa o outro. O importante é
que uma boa aula de matemática requer planejamento criterioso e estratégias bem
definidas baseadas no conteúdo matemático a ser trabalhado, levando o aluno a
pensar, refletir, analisar e concluir, atingindo o objetivo proposto.
Os cursos de formação de professores de matemática devem se preocupar
com uma boa formação de conteúdo dos professores da Educação Básica, porém,
atualmente, o papel do professor passou a ter múltiplas dimensões, como afirmam
os PCN (1998), que reproduzo aqui na sua inteireza:
uma aplicação da teoria”, e ainda, muito se fala ao acadêmico sobre “como deve ser
um professor, o que deve fazer, que conteúdos estudar e os métodos para os
ensinarem, mas pouco ou nada lhes é dito, por exemplo, acerca do controle e
disciplina dos alunos”. Esse autores ainda apontam às críticas feitas pelos
professores estagiários em relacionar a teoria à prática.
o
Observadas as finalidades e características definidas no art. 6 desta Lei,
são objetivos dos Institutos Federais: (…) ministrar em nível de educação
superior: (...) cursos de licenciatura, bem como programas especiais de
formação pedagógica, com vistas na formação de professores para a
educação básica, sobretudo nas áreas de ciências e matemática, e para a
educação profissional (BRASIL, 2008).
Objetivos:
• Formar um profissional apto a atuar na área acadêmica como professor e
Coordenador de Matemática ou em outras atividades que exijam raciocínio
lógico-matemático, funções para as quais existe uma grande demanda no
mercado.
• Contribuir com a formação de professores para a Educação Básica a partir
da construção de processos formativos fundamentados na estruturação de
um Currículo Integrado e nas Políticas de Inclusão.
• Formar professores capacitados para atividades de pesquisas no campo de
atuação, em laboratórios de ensino e, sobretudo, na produção de materiais
didáticos manipuláveis.
• Preparar profissionais que tenham domínio dos conteúdos em Matemática,
bem como conhecimento sobre técnicas, estratégias e metodologias
apropriadas ao processo de ensino-aprendizagem.
Perfil Profissional:
8
http://ifg.edu.br/matematica/index.php/licenciatura-em-matematica
49
Mercado de Trabalho:
9
Contratados por tempo indeterminado.
10
Informações obtidas no primeiro semestre de 2015.
50
*Disciplinas Optativas
1. Geometria Diferencial
2. Equações Diferenciais Parciais
3. Topologia Geral
4. Tópicos de Álgebra Linear
5. Tópicos de Álgebra
6. Inglês Instrumental
7. Tópicos Especiais para Laboratórios e Tecnologias
8. Tendências de Pesquisas em Educação Matemática
Fonte: http://www.ifg.edu.br/matematica/index.php/grade-curricular
53
11
Exame Nacional de Desempenho de Estudantes de acordo Portaria Normativa nº 40 de 12 de
dezembro de 2007.
54
4.1.1 As origens
“A palavra Álgebra – al jebr em árabe – foi usada primeiramente por
Mohammed de Kharizm13, que ensinava matemática em Bagdá [...]” (PINTER, 2013,
p. 3). A palavra “Álgebra” pode ser traduzida como “reunião” e, para Kharizm,
significava uma reunião de métodos para coletar os termos de uma equação, afim
de resolvê-la. A origem da palavra “álgebra” reflete claramente o contexto daquela
época, que era, principalmente, o de resolver equações. De fato, Omar Khayyam,
que era conhecido por seus brilhantes poemas da coleção Rybaiyat – mas que,
também, era um importante matemático da época (séculos XI e XII) – define
explicitamente a Álgebra como a ciência de resolver equações, e foi um dos
precursores dos métodos para resolver equação de terceiro grau, descobrindo um
método geométrico capaz de resolver alguns tipos dessas equações.
Na fala de Pinter (2013), no século XVI iniciou-se a era clássica da Álgebra,
cujo tema central era claramente resolução de equações, isto é, a Álgebra servia
como sinônimo de procedimentos usados para resolver uma equação. Métodos para
resolver equações polinomiais de primeiro e segundo grau já eram bastante
conhecidos e muitos matemáticos lutavam para descobrir métodos para resolver
equações polinomiais de graus maiores. E, ainda naquele século, conseguiram para
as equações de terceiro e quarto grau. Como já citamos, essas descobertas
começaram com o método geométrico de Khayyam (1048–1131) para resolver
alguns tipos de equações do terceiro grau. E, em 1535, Niccolò Fontana (1499–
1557), conhecido como Tartaglia, encontrou, não se sabe se por seus próprios
méritos ou por apropriação de informações de outros, uma maneira algébrica de
resolver equações de terceiro grau. Mais tarde, sucumbido pelo poder de persuasão
12
Diofanto de Alexandria. Matemático grego que viveu, aproximadamente, entre os séculos III e IV.
13
Abū ‘Abd Allāh Muhammad ibn Mūsā al-Khwārizmī, nasceu e viveu em Bagdad (780-850). Foi
matemático, astrônomo, astrólogo e geógrafo.
56
Nos anos que precederam 1576, via-se nas ruas de Roma um homem de
vestes estranhas, perambulando num passo irregular, às vezes gritando
para ninguém em particular e ignorado por todos. Ele já fora um dia
celebrado em toda a Europa por ter sido um famoso astrólogo, médico dos
nobres da corte e professor de medicina na Universidade de Pavia. Criara
invenções duradouras, entre elas um precursor do cadeado com código e
da junta universal, que é usada hoje nos automóveis. (MLODINOW, 2009,
p.18).
14
Niels Henrik Abel (1802-1829), matemático norueguês com importantes trabalhos na área da
álgebra.
58
15
A Álgebra a que Usiskin se refere, nesse artigo, é dedicada, na realidade, à Educação Básica, isto
é, Fundamental I e II, e Ensino Médio. Isso pode, ao leitor brasileiro, confundir os graus médios do
o o o
ensino americano: 6 , 7 e 8 anos, com o nosso Ensino Médio.
60
vez. Usiskin ainda fala das multifaces do conceito de variável e, que, por isso, a
redução da álgebra ao estudo das variáveis não responde a pergunta “O que é
álgebra da Educação Básica?”. Para justificar esta afirmação, ele apresentou cinco
equações, onde o produto de dois números é igual a um terceiro:
1. A = b⋅ h
2. 40 = 50x
3. senx = cos x ⋅tgx
( n), n ≠ 0
4. 1 = n ⋅ 1
5. y = kx
Muitos alunos acham que todas as variáveis são letras que representam
números. Contudo, os valores assumidos por uma variável nem sempre são
61
Diz esse autor, num compêndio de aplicações da aritmética, que ele e Max
Bell concluíram que é impossível estudar aritmética adequadamente sem lidar
implicitamente ou explicitamente com variáveis. O que é mais fácil, “O produto de
qualquer número por zero é zero” ou “Para todo n, n ⋅0 = 0? ”. A superioridade da
linguagem algébrica sobre a linguagem vernácula, nas descrições de relações
numéricas, deve-se à similaridade das duas sintaxes. A descrição algébrica
assemelha-se à descrição numérica; a vernácula não.
se pareça com a aritmética. (Não tem sentido perguntar o que acontece com o valor
1
de quando 2 se torna cada vez maior). Trata-se de um modelo fundamentalmente
2
algébrico.
Apesar de terem ocorrido várias mudanças nas leis que regiam o ensino
antes de 1930, nenhuma delas provocou mudanças relevantes com relação à
Álgebra. Porém, o conteúdo de Álgebra era, de certa forma, excluído dentre os
conteúdos trabalhados, por ser a última disciplina da grade curricular. Na tentativa
de resolver esse problema entrou em vigor o “Decreto n° 18.564, de 15 de janeiro de
1929” (MIORIM, 1998, p. 92). A inovação desse decreto, em relação à Álgebra, era
66
Nesse Parecer, que vigora até os dias atuais, a Álgebra é instituída, dentre
outras, como disciplinas obrigatórias aos curso de Licenciatura e Bacharelado em
Matemática. É importante observar que a Álgebra, e outras disciplinas, foram
introduzidas ao currículo mínimo dos cursos de Licenciatura em Matemática, com
um objetivo que não faz referência à formação de professores, ou seja, não elenca
nada mais que uma formação acadêmica de Álgebra para o professor, sem pensar
em quão útil isso seria para sua prática.
67
Bibliografia
LIMA, Elon Lajes. A Matemática do Ensino Médio, vol. 1 Rio de Janeiro: Sociedade
Brasileira de Matemática, 2003.
IEZZI, Gelson e MURAKAMI, Carlos. Fundamentos de Matemática Elementar, vol. 1.
São Paulo: Atual Editora, 2006.
IEZZI, G. et all. Fundamentos da Matemática Elementar. Logaritmos, volume 2, Atual
Editora, 2004.
IEZZI, G. et all. Fundamentos da Matemática Elementar. Trigonometria, volume 3,
Atual Editora, 2004.
4.4.4 Álgebra I
A Álgebra I é uma disciplina oferecida no quarto período. Nela é feita uma
introdução à Teoria de Números e uma preparação para o estudo das estruturas
algébricas que serão abordadas na Álgebra II.
Ementa:
Noções sobre demonstrações; aritmética dos inteiros; produto cartesiano; relações,
funções e operações.
Bibliografia:
69
4.4.5 Álgebra II
A Álgebra II é oferecida no quinto período e nela se estudam as estruturas
algébricas: grupos, anéis e corpos.
Ementa:
Grupos, Subgrupos, Homomorfismo e Isomorfismo de Grupos,Teorema de Cayley,
classes laterais e o teorema de Lagrange, Grupos Cíclicos, subgrupos Normais e
Grupos Quocientes. Anéis, anéis comutativos e anéis com unidade. Subanéis.
Homomorfismos e Isomorfismo de anéis: propriedades elementares. Anéis de
Integridade e Corpos.
Bibliografia
DOMINGUES, Hygino Hugueros; IEZZI, Gelson. Álgebra moderna. 2 ed. São Paulo:
Ed. Saraiva, 2003
BIRKHOFF, Garrett; MACLANE, Saunders. Álgebra moderna básica. 4 ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Dois S.A. 1980.
CLARK, Allan. Elements of abstract algebra. New York: Dover Publications, 1970.
FRALEIGH, John B. A first course in abstact algebra. USA: Addison-Wesley
publiching company, 1997.
GONÇALVES, Adilson. Introdução a algebra. Rio de Janeiro: IMPA, 1979.
Herstein, I. N. Tópics in álgebra. New York: Wiley, 1964.
LANG, Serge. Undergraduate álgebra. 2 ed. New Haven: Springer, 2001.
5 RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
16
The influence of improvement in one mental function upon the efficiency of the other function.
17
Connectionism theory.
73
Apesar do livro “How to solve it” ter sido lançado ainda no ano de 1945, a
RP enquanto pesquisa ganhou força nos Estados Unidos e, mais tarde, em
outros países do mundo, a partir do final da década de 1960, com pesquisas
importantes como as de Jeremy Kilpatrick que fez, em 1967, uma extensa
revisão da pesquisa existente sobre RP em Matemática” (MORAIS;
ONUCHIC, 2014, p. 24).
74
18
O livro “O Fracasso da Matemática Moderna” de Morris Kline, publicado pela editora Ibrasa em
1976, traz informações detalhadas desse movimento.
19
An Agenda for Action – recommendations for School Mathematics of the 1980s.
75
De acordo com Chi e Glaser (1992), resolver problemas é algo com que o ser
humano se habitua desde sua infância. As pessoas solucionam problemas,
apresentados pelo mundo, adquirindo e organizando as informações em estruturas
de conhecimentos sobre objetos, eventos e pessoas. Tais estruturas englobam
corpos de entendimento, modelos mentais, crenças e convicções que influenciam na
forma com que elas resolvem seus problemas.
Nesse sentido, o que Chi e Glaser (1992) chamaram de “a capacidade de
resolver problemas” estaria relacionada aos processos cognitivos e às organizações
mentais que uma pessoa desenvolveu. “A resolução de problemas é uma habilidade
cognitiva complexa que caracteriza uma das habilidades humanas mais inteligentes”
(CHI; GLASER, 1992, p. 249). Para esses autores, o aspecto principal de um
problema é que ele possui um estado inicial e tem algum objetivo (estado desejado).
Eles ainda chamam a atenção para a importância da representação de um problema
e dos aspectos elencados por essa representação. A representação precisa
incorporar aspectos essenciais do problema e a falta de um ou mais aspectos do
problema ou inserção de aspectos impróprios dificultam a resolução ou mesmo pode
impedir a obtenção de uma resposta. “A representação consiste essencialmente da
interpretação ou compreensão do problema por aquele que o soluciona” (CHI;
GLASER, 1992, p. 255).
Em tudo que foi dito, podemos perceber a importância não apenas dos
problemas, mas da resolução de problemas na formação do cidadão e,
consequentemente, a importância de se levar isso para o contexto escolar. É o que
apontam Stanic e Kilpatrick (1989):
2. Leitura individual - Entregar uma cópia do problema para cada aluno e solicitar
que seja feita sua leitura.
7. Plenária – Para esta etapa são convidados todos os alunos, a fim de discutirem
as diferentes resoluções registradas na lousa pelos colegas, para defenderem
seus pontos de vista e esclarecerem suas dúvidas. O professor se coloca como
guia e mediador das discussões, incentivando a participação ativa e efetiva de
todos os alunos. Este é um momento bastante rico para a aprendizagem.
20
A aula inaugural é um encontro anual promovido pelo Departamento de Educação Matemática da
Unesp-Rio Claro. Nesse evento, todos os alunos de doutorado, que completarem um ano no
programa, devem apresentar seu projeto de doutorado para apreciação.
86
Matriz
curricular
O Professor-Pesquisador no contexto
Negociação com o
professor-Colaborador
Aplicação do Projeto P
Aplicação do Projeto P
Conclusões
Fonte: Elaborada pelo autor
7 ESTRATÉGIAS E PROCEDIMENTOS
Procedimentos Auxiliares:
Os Encontros
1o Encontro:
No primeiro encontro, o Professor-Pesquisador fará uma apresentação geral
do trabalho a ser desenvolvido durante o semestre letivo, bem como o papel de cada
um dos integrantes nesse processo. Ainda, discorrerá sobre Resolução de
Problemas no contexto didático-pedagógico; apresentará a Metodologia de Ensino-
Aprendizagem-Avaliação de Matemática através da Resolução de Problemas,
mostrando suas potencialidades. Em seguida, será apresentado aos alunos o Termo
de Compromisso e Responsabilidade, para ser discutido e aprovado, com as
devidas modificações, caso as haja. Também, nesse encontro, será trabalhado o
primeiro problema (Atividade 1) para introduzir o conceito de Operação Binária e
mostrar, na prática, como será trabalhada a metodologia proposta.
Objetivos do Encontro
97
Atividade 1
Dois amigos, A e B, conversam sobre seus filhos. A dizia a B que tinha 3 filhas,
quando B perguntou a idade das mesmas. Sabendo A que B gostava de problemas
de aritmética, respondeu da seguinte forma: “O produto das idades das minhas filhas
é 36. A soma de suas idades é o número daquela casa ali em frente”. Depois de
algum tempo, B retrucou: “Mas isso não é suficiente para que eu possa resolver o
problema”. A pensou um pouco e respondeu: “Tem razão. Esqueci de dizer que a
mais velha toca piano”. Com base nesses dados, B resolveu o problema. Pergunta-
se: qual a idade das filhas de A?
Conteúdos Específicos
Operação de Adição e Multiplicação de Números Naturais.
Plenária
Cada grupo deverá colocar sua resolução na lousa e apresentar justificativas
para a sua solução. Em seguida, será feita a plenária – discussão do problema e do
método de resolução utilizado pelos grupos. O Professor-Pesquisador, juntamente
com o Professor-Colaborador, deverá levar os alunos a perceber que os conteúdos
usados na resolução - multiplicação e adição – possuem uma importante
propriedade – fechamento. Propriedade esta que caracteriza as operações binárias
nas Estruturas Algébricas.
Formalização
Como o objetivo específico do problema é relembrar e/ou fixar o conceito de
operação, estudado em Álgebra I, na formalização constará apenas a definição de
Operação Binária.
99
2o Encontro
O professor-Pesquisador iniciará esse encontro com uma apresentação sobre
Álgebra. Nessa apresentação o professor deverá comentar quando o termo
“Álgebra” começou a ser usado, qual seu significado nessa época, bem como as
mudanças que a Álgebra teve, desde quando ela era pensada apenas como um
conjunto de métodos para resolver equações até os dias atuais, dando ênfase,
principalmente, ao surgimento das Álgebras Modernas. Em seguida, será proposta a
Atividade 2 a ser trabalhada com MEAAMaRP.
Objetivos do Encontro:
• Levar os alunos a conhecer um pouco da história da Álgebra, as diversas
formas com que ela se apresenta em diversos contextos, desde o Ensino
Básico até o Superior;
• Introduzir o conceito de Grupo;
Atividade 2
Uma partícula percorre o segmento de reta AB, saindo do ponto A em direção a
B. Quando a partícula se encontra no ponto P=(x,y), o valor x (abscissa) representa
a posição horizontal dessa partícula, e y (ordenada) a altura dela, em relação a x.
P
y
Conteúdos Específicos
Segmento da reta, sistema de coordenadas, equação da reta;
( ) ( )
2 2
⇒ (7 − x) 2 + (12 − 2x) 2 = 12 2 − (x + 5) 2 + 4x2
( ) = (5 + 3x)
2
⇒ 2 (x + 5) 2 + 4x2 2
⇒ 25 + 30x + 9x2 = 2 ⎡⎣(x + 5) 2 + 4x 2 ⎤⎦
Plenária
Após cada grupo expor sua resolução, será feita uma discussão do problema
e das diferentes formas de resolução. Algumas perguntas serão pertinentes nesse
momento com o objetivo de se atentar para as propriedades das operações quando
se quer resolver equações. Perguntas como: “por que podemos passar um número
para o outro lado com operação inversa?” , “por que podemos escolher quais valores
somar primeiro?”, “O que o zero representa para a operação de adição e o 1 para a
multiplicação”. Essa discussão deve promover o entendimento das propriedades das
operações, destacando-se principalmente os elementos neutro, inversos e a
associativa.
Formalização
102
Atividade Extraclasse 1
Faça uma lista, com o maior número possível, de cada conteúdo que você já
estudou em toda sua vida acadêmica (primeiro e segundo graus e superior) que
você acredita ser uma Estrutura de Grupo.
3o Encontro
O Professor-Pesquisador iniciará o encontro pedindo para que cada aluno
coloque a solução, da sua atividade extraclasse 1, na lousa. Em seguida, deverá ser
feita uma discussão sobre cada solução apresentada, analisando e concluindo se
ela está, ou não, correta. Depois, o professor irá usar uma dinâmica de modo a levar
o aluno a perceber a importância da operação para que se tenha uma Estruturas de
Grupo.
Objetivos do Encontro
• Fixar o conceito de Grupo, apresentado no encontro passado;
• Levar o aluno a perceber a presença da estrutura de Grupo em conteúdos da
Educação Básica;
• Fazer com que o aluno aprenda a verificar se uma dada estrutura é um
Grupo;
103
4o Encontro
Nesse encontro será trabalhada a Atividade 3 com a MEAAMaRP.
Objetivos do Encontro:
• Fazer com que os alunos percebam que é possível definir operações em
conjuntos finitos;
• Introduzir os conceitos de Grupos Finitos, Tábuas de Operações e Ordem
de um Grupo;
Atividade 3
Joãozinho sonhou que havia um grupo de seres estranhos se comunicando
em um idioma que ele nunca tinha ouvido. Sempre que um dos seres pronunciava
duas palavras distintas, ou não, de um grupo de palavras, que ele identificou como:
pok, simb, climb, tend e memb, os outros respondiam, em coro, uma palavra desse
grupo. Ele observou que as respostam não eram aleatórias, isto é, se um par de
palavras se repetisse, a resposta também se repetia. De posse de um pedaço de
papel e uma caneta, ele construiu uma tabela onde se pode identificar a resposta
para cada par de palavras, como podemos ver a seguir:
Por exemplo, para saber a resposta dada ao par (tend, climb) basta olhar, na tabela,
a palavra que se encontra na mesma linha (horizontal) da palavra tend e mesma
coluna (vertical) da palavra climb. Logo, podemos escrever (tend, climb) = pok.
Observando a tabela, responda:
a) Para cada par de palavras (distintas ou não), retiradas das cinco palavras citadas,
tem-se uma resposta dentre as cinco palavras?
b) Qual a resposta para ((tend, climb),simb) ? e para (tend, (climb, simb))?
c) Existe alguma palavra que quando está em algum par, a resposta é sempre a
outra palavra desse par?
d) Para cada palavra dada, existe uma outra palavra que, ao formar par com ela,
tem-se como resposta a palavra pok? se existir, determine essa outra palavra para
cada uma das cinco palavras.
e) Qual é a palavra x, tal que ((x, climb), (x, tend)) = memb?
Fonte: Elaborada pelo autor
104
Conteúdos Específicos:
Operações definidas em conjuntos finitos e suas propriedades.
a) Sim. O fato da tabela estar completamente preenchida nos garante que qualquer
par de palavras está associada a uma palavra;
b) ((tend,climb), simb) = (pok, simb) = simb e (tend,(climb, simb)) = (tend, tend) = simb;
c) Sim. a palavra pok . De fato, (x, pok) = x , qualquer que seja a palavra x .
Analogamente, ( pok, x) = x , para qualquer palavra x dentre as palavras citadas.
d) Sim.
para pok temos a própria pok. De fato, (pok, pok) = pok ;
para simb temos memb. De fato, (simb, memb) = pok ;
para climb temos tend. De fato, (climb, tend) = pok ;
para tend temos climb. De fato, (tend, climb) = pok ;
para memb temos simb. De fato, (memb, simb) = pok ;
e) ( (x, climb), (x, tend) ) = memb. Observe que todas os pares cujo resultado dá
memb são:
( pok, memb) = memb
(simb, tend) = memb
(climb, climb) = memb
(tend, simb) = memb
(memb, pok) = memb.
Logo,
105
Em (1), x deve ser tend e simb ao mesmo tempo. Logo, não existe x.
Em (2), x deve ser memb e pok ao mesmo tempo. Logo, não existe x.
Em (3), x deve ser pok e memb ao mesmo tempo. Logo, não existe x.
Em (4), x deve ser simb e tend ao mesmo tempo. Logo, não existe x.
Em (5), x deve ser climb nos dois casos. Logo, a única possibilidade para x é
x = climb .
Plenária:
Após a exposição das possíveis soluções para o problema, deve ser feita uma
discussão, tendo como foco as operações definidas em um conjunto finito e, com
isso, perceber que o conjunto de palavras dadas no problema, juntamente com a
operação definida pela tabela, forma um grupo.
Formalização:
Seja (G,∗) um grupo. Se G é um conjunto finito, dizemos que (G,∗) é um grupo
finito e a quantidade de elementos de G é denominada ordem de G e denotada por
!G ou | G | .
106
Atividade Extraclasse 2
6 6
1) Considere o conjunto Z6 = {0,1,2,3,4,5} e defina, sobre Z6 , + e i como:
6
a + b = resto da divisão de a + b por 6 e
6
a i b = resto da divisão de a ⋅ b por 6 ,
onde + e ⋅ são as operações usuais de adição e multiplicação de números inteiros
respectivamente. Baseado nessas informações, mostre que:
6 6
a) + e i são operações binárias em Z6 e construa suas tábuas de operações;
6
b) (Z6 , + ) é um grupo;
6
c) (Z6 −{0}, i ) é um grupo;
5o Encontro
Neste encontro será trabalhada a Atividade Extraclasse 2. Os alunos deverão
expor suas resoluções para a questão 1 e, em seguida, deverá ser feita uma
discussão sobre as soluções apresentadas. Na questão 2, primeiramente os alunos
deverão mostrar os exemplos de Grupos que conseguiram encontrar e, após
discussão sobre esses exemplos, os professores, Pesquisador e Colaborador,
deverão apresentar novos exemplos.
Objetivos do Encontro
• Fixar o conceito de grupos finitos;
• Apresentar aos alunos os conjuntos Z n e as operações de adição e
6o Encontro
Neste encontro será trabalhada a Atividade 4. Durante sua resolução deverá
ser observado que a adição é uma operação binária no conjunto dos números pares
107
Objetivo do Encontro:
Introduzir o conceito de Subgrupo.
Atividade 4
João comprou um livro e reparou que ele tinha 200 páginas. Seu irmão mais novo
arrancou ao acaso 25 folhas e somou os números das 50 páginas. Explique porque
o resultado dessa soma não pode ser igual a 1998.
Atenção: Cada folha tem duas páginas. A primeira folha tem as páginas 1 e 2, a
segunda folha tem as páginas 3 e 4, e assim por diante.
o
Fonte: Revista Eureka N 4 – 1999, página 14.
Conteúdos Específicos:
Números inteiros, paridade e suas propriedades.
1) Primeiro raciocínio:
Cada folha contém duas páginas, cujas páginas são números consecutivos. Assim,
se uma página é par a outra página, da mesma folha, é ímpar. Logo, a soma das
páginas da mesma folha é ímpar. De fato, a soma de um número par com um
número ímpar é ímpar. Assim, a soma das páginas de duas folhas é par, pois, a
soma de dois ímpares é par. Logo, a soma das páginas de 24 folhas é par. Com
efeito, a soma de números pares é sempre par. Acrescentando à soma das páginas
das 24 folhas, que é um número par, a soma das páginas da última folha, que é um
número ímpar, obtemos um número ímpar, pois, soma de par com ímpar dá ímpar.
Portanto, a soma de todas as páginas não pode ser 1998, pois 1998 é par.
108
2) Segundo raciocínio
Observe que, cada folha tem uma página par e uma ímpar. Logo, em 25 folhas,
teremos 25 páginas pares e 25 páginas ímpares. Somando as 25 páginas pares
obteremos um número par. De fato, a soma de dois números pares é par. Somando
as 25 páginas ímpares teremos um número ímpar. Pois, a soma de uma quantidade
ímpar de números ímpares é ímpar. Logo, adicionando soma das páginas pares
(número par) com a soma das ímpares (número ímpar) teremos um número ímpar.
Portanto, o resultado não pode ser 1998, nem qualquer outro número par.
3) Prova formal
Em cada folha, teremos sempre um número par e um número ímpar, sendo um total
25 pares e 25 ímpares. Escrevemos os números pares e ímpares, respectivamente,
por: 2n1 , 2n2 , ..., 2n25 e 2n1 + 1, 2n2 + 1, ..., 2n25 + 1 tal que n1 ,n2 ,...,n25 ∈! .
A soma dos números de todas as páginas é:
2n1 + 2n2 + ...+ 2n25 + (2n1 + 1) + (2n2 + 1) + ...+ (2n25 + 1) =
Plenária:
Na Plenária, após a exposição das soluções de cada grupo, será promovida
uma discussão, sobre a adição usual dos Inteiros21 quando ela se restringe aos
pares e ímpares, para que os alunos percebam que o conjunto dos números pares é
um Grupo, dentro do Grupo dos Inteiros e, com isso, introduzir o conceito de
Subgrupo.
21
Quando escrevemos os (nos) Inteiros, Naturais, Pares, etc. (primeira letra maiúscula) estamos nos
referindo a: conjunto dos números inteiros, conjunto dos números naturais, conjunto dos números,
pares, etc.
109
Formalização:
Na formalização será apresentada a definição de subgrupo e um teorema que
apresentamos a seguir:
Definição: Seja (G,*) um Grupo e H um subconjunto, não vazio, de G. Se (H,*), H
com a mesma operação de G, for um Grupo, dizemos que H é um Subgrupo de G e
denotamos H ≤ G .
Atividade Extraclasse 3
1. Faça uma lista de todos os subgrupos dos grupos listados na atividade
extraclasse do segundo encontro.
7o Encontro
Neste encontro será trabalhada a Atividade Extraclasse 3. Essa atividade
deverá levar os alunos, novamente, a uma reflexão entre a relação da AAM com o
Ensino Básico. Será retomada a discussão feita no segundo encontro, porém, dessa
vez, para Subgrupo, evidenciando a presença dessa Estrutura nos Grupos já
apresentados e discutidos.
110
Objetivos do Encontro
• Revisar e fixar o conceito de grupo;
• Fixar o conceito de Subgrupo;
• Evidenciar os Subgrupos dos Grupos elencados da Educação Básica;
• Utilizar Teoremas para verificar se uma estrutura é um subgrupo;
8o Encontro
Neste encontro será trabalhada a Atividade 5. Essa atividade apresenta-se
como um exemplo de um Grupo não-abeliano. Os professores, Pesquisador e
Colaborador, visando evidenciar, em sala de aula, a existência de Grupos não-
abelianos, para que os alunos não passem a considerar a propriedade comutativa
inerente a todas as operações existentes, originando uma deficiência na sua
formação, apresentam essa atividade com o intuito de evitar essa deficiência.
Objetivo do Encontro:
Construir um exemplo de grupo não-comutativo e estudar algumas
características desses Grupos. Pretendemos também motivar os alunos a
pesquisarem e estudarem Grupos não-abelianos clássicos.
Atividade 5
Considere um triângulo equilátero de vértices A, B e C. Chame E1, E2 e E3 as retas
que passam pelas medianas desse triângulo, como é ilustrado pela figura a seguir.
Descreva todos os movimentos, no plano e no espaço, que se pode aplicar a esse
triângulo sem alterar a sua posição, isto é, desconsiderando A, B e C e as retas E1,
E2 e E3, visualmente o triângulo parece então inalterado.
A
E2 E3
O
B C
E1
Conteúdos Específicos:
Triângulo equilátero e suas propriedades; rotações planas e espaciais.
OA OC OB
B C A B C A
E3 E2 E2 E1 E1 E3
E E3 E2
O 1
0rad 2πO 4π
O
B C A rad B C rad A
3 3
Rotações no espaço: Fonte: Elaborada pelo autor
E 1 E3 E2
0rad 2π 4π
rad rad
3 3
Rotações
Rotações no
no espaço:
espaço: Fonte: Elaborada pelo autor
As rotações no espaço em torno de E1, E2, E3 são todas de π rad .
Rotações no espaço:
As rotações no espaço em 7torno
Figura de E1, Eno
– Rotações 2, E 3 são todas de π rad .
espaço
A C B
E2 E3 E1 E2 E3 E1
O O O
C B B A A C
E1 E3 E2
Em torno de E1 Em torno de E2 Em torno de E3
Plenária
Após a apresentação da solução do problema, por cada grupo de alunos,
Plenária
deverá ser feita uma discussão observando-se a possibilidade de construir um
Após a apresentação da solução do problema, por cada grupo de alunos,
conjunto formado por todos os movimentos de rotação, no plano e no espaço,
deverá ser feita uma discussão observando-se a possibilidade de construir um
descritos anteriormente, e de se definir uma operação como sendo a composição de
conjunto formado por todos os movimentos de rotação, no plano e no espaço,
dois desses movimentos. Em seguida, os professores deverão levar os alunos a
descritos anteriormente, e de se definir uma operação como sendo a composição de
perceber que esse conjunto com essa operação formam uma estrutura de Grupo,
dois desses movimentos. Em seguida, os professores deverão levar os alunos a
porém, essa operação não é comutativa.
Formalização:
113
perceber que esse conjunto com essa operação formam uma estrutura de Grupo,
porém, essa operação não é comutativa.
Formalização:
Sejam I, R 2π , R 4π e R1 , R2 e R3 as rotações do triângulo ABC no plano e no espaço,
3 3
Atividade Extraclasse 4
9o Encontro
Neste encontro será trabalhada a Atividade 6. Durante sua resolução deverá
ser introduzido o conceito de Classes de Equivalência. Serão também introduzidos
resultados importantes sobre Classes de Equivalência, sua relação com as Classes
Laterais e o conceito de Relação de Equivalência.
Objetivo do encontro:
Introduzir os conceitos de Classes de Equivalência, Relação de Equivalência
e observar a ligação desses conceitos com conteúdos da Educação Básica.
114
Atividade 6
Um programador de computadores decidiu elaborar um jogo. Nesse jogo, um de
seus objetos se encontrará fixado na origem de um sistema de coordenadas
cartesianas do plano, e esse objeto deverá apontar na direção de um ponto D
sempre que o usuário der um dado comando. O ponto para o qual esse objeto será
⎧(1,0), se n = 0
⎪
D(n) = (0,−1) = ⎨(0,−1) ⋅(0,−1) n−1 , se n ≥ 1
n
⎪−(0,−1) −n , se n < 0
⎩
sendo n um número inteiro determinado pela ação do usuário e, o produto "⋅" é
definido por (a,b) ⋅(c,d) = (ac − bd,ad + bc) e −(a, b) = (−a, − b) , para a, b, c, d ∈! .
De acordo com essas informações:
a) Determine o ponto D para n = 0,1,2,3,4 e o represente geometricamente;
b) Determine o ponto D(1687) ;
c) Responda: “para quantas direções distintas esse objeto do jogo poderá ser
apontado?”;
d) Separe, em conjuntos distintos, os valores de n cujo objeto aponte para a mesma
direção;
Conteúdos Específicos:
Adição e multiplicação de números inteiros, divisão inteira, par ordenado do
plano e sistema de coordenadas cartesianas no plano.
Representação geométrica:
y y y y
(0,1)
x x x x
(1,0) (-1,0)
(0,-1)
n = 0 n = 1 n = 2 n = 3
x
(1,0)
n = 4
b) Pelo item a) percebemos que D(0) = D(4). É fácil perceber também que essa
igualdade acontece para todos os múltiplos de 4. Ou seja,
D(0) = D(4) = D(8) = ... = D(4n), ∀n ∈! . Como o maior múltiplo de 4 menor que
1687 vale 1684, temos:
d) Observe que:
D(0) = D(4) = D(8) = ... = D(4k), ∀k ∈Z .
D(1) = D(5) = D(9) = ... = D(4k + 1), ∀k ∈Z
116
Plenária:
Durante a apresentação das soluções, por cada grupo, deverá ser discutido
cada item do problema, dando uma atenção especial ao item d), pois, a solução
desse item é uma divisão do Conjunto dos Números Inteiros em Classes de
Equivalência. Assim, os alunos poderão ver como se constitui uma classe de
equivalência, mesmo antes dela ser definida formalmente.
Formalização:
Definição 1: Seja R uma relação definida em um conjunto E. Dizemos que R é uma
Relação de Equivalência se as três condições a seguir forem satisfeitas:
i) (a,a) ∈R, ∀ a ∈R (reflexiva)
ii) (a,b) ∈R ⇒ (b,a) ∈R, ∀ a,b ∈R (simétrica)
iii) (a,b) ∈R e (b,c) ∈R ⇒ (a,c) ∈R, ∀ a,b,c ∈R (transitiva)
Obs.: uma Relação de Equivalência, em geral, é denotada por ~ e usualmente usa-
se a ~ b ao invés de (a,a) ∈~ .
Definição 2: Seja E um conjunto não vazio e ~ uma Relação de Equivalência em E.
Denominamos Classe de Equivalência de x ∈E ao conjunto x = {y ∈E : y ∼ x} .
Atividade Extraclasse 5
1) Procure, no Ensino Básico, exemplos de Relações de Equivalência e determine
as Classes de Equivalência definidas por essas relações;
2) Que relação existe entre uma classe lateral e uma Relação de Equivalência?
10o Encontro
Neste encontro será proposta a Atividade 7. Essa atividade é composta por
um problema que utiliza matrizes em criptografia, cuja resolução fará uso das
principais propriedades das operações de matrizes. Isso será usado para introduzir o
conceito de anéis.
Objetivo do encontro:
Introduzir os conceitos de Anel e de Domínio de Integridade.
118
Atividade 7
U V W X Y Z
21 22 23 24 25 26
⎡ 2 1 −1 ⎤ ⎡ −4 −1 0 ⎤
⎢ ⎥ ⎢ ⎥
chaves: C = ⎢ 0 2 1 ⎥ e K = ⎢ 0 −5 −1 ⎥ ;
⎢⎣ −1 0 1 ⎥⎦ ⎢ 0 −1 2 ⎥
⎣ ⎦
Conteúdos Específicos:
Operações com matrizes e suas propriedades, determinante e matriz inversa;
⎡ 5 19 20 ⎤ ⎡ 2 1 −1 ⎤ ⎡ 7 20 19 ⎤
⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
Método da adição: Y = X + C = ⎢ 21 4 1 ⎥ + ⎢ 0 2 1 ⎥ = ⎢ 21 6 2 ⎥ .
⎢⎣ 14 20 5 ⎥⎦ ⎢⎣ −1 0 1 ⎥⎦ ⎢⎣ 13 20 6 ⎥⎦
Método da multiplicação:
⎡ 2 1 −1 ⎤ ⎡ 5 19 20 ⎤ ⎡ 17 22 36 ⎤
⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
Y = C ⋅ X = ⎢ 0 2 1 ⎥ ⋅ ⎢ 21 4 1 ⎥ = ⎢ 56 28 7 ⎥.
⎢ −1 0 1 ⎥ ⎢⎣ 14 20 5 ⎥⎦ ⎢⎣ 9 1 −15 ⎥
⎣ ⎦ ⎦
Logo, a mensagem cifrada é: 17 22 36 56 28 7 9 1 -15;
⎡ 2 1 −1 ⎤ ⎡ 5 19 20 ⎤ ⎡ −4 −1 0 ⎤
⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
Método afim: Y = C ⋅ X + K = ⎢ 0 2 1 ⎥ ⋅ ⎢ 21 4 1 ⎥ + ⎢ 0 −5 −1 ⎥ =
⎢ −1 0 1 ⎥ ⎢⎣ 14 20 5 ⎥⎦ ⎢⎣ 0 −1 2 ⎥⎦
⎣ ⎦
⎡ 17 22 36 ⎤ ⎡ −4 −1 0 ⎤ ⎡ 13 21 36 ⎤
⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
= ⎢ 56 28 7 ⎥ + ⎢ 0 −5 −1 ⎥ = ⎢ 56 23 6 ⎥ .
⎢ 9 1 −15 ⎥ ⎢ 0 −1 2 ⎥ ⎢ 9 0 −13 ⎥
⎣ ⎦ ⎣ ⎦ ⎣ ⎦
Logo, a mensagem cifrada é: 13 21 36 56 23 6 9 0 -13;
⎡ 17 29 9 ⎤ ⎡ 1 0 1 ⎤
−1 ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
b) Y = C ⋅ X ⇒ C ⋅Y = X , como Y = ⎢ 54 46 − 9 ⎥ e C = ⎢ −1 3 1 ⎥ , temos
⎢ 29 30 0 ⎥⎦ ⎢ 0 1 1 ⎥⎦
⎣ ⎣
⎡ 2 1 −3 ⎤ ⎡ 2 1 −3 ⎤ ⎡ 17 29 9 ⎤ ⎡ 1 14 9 ⎤
−1 ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
C = ⎢ 1 1 −2 ⎥ ⋅ Logo, X = ⎢ 1 1 −2 ⎥ ⋅ ⎢ 54 46 − 9 ⎥ = ⎢ 13 15 0 ⎥ ⋅
⎢ −1 −1 3 ⎥ ⎢ −1 −1 3 ⎥ ⎢ 29 30 0 ⎥⎦ ⎢ 16 15 0 ⎥
⎣ ⎦ ⎣ ⎦ ⎣ ⎣ ⎦
121
⎡ 1 0 1 ⎤
⎢ ⎥
c) Devemos determinar X tal que Y = C ⋅ X + K , onde C = ⎢ −1 3 1 ⎥,
⎢ 0 1 1 ⎥⎦
⎣
C−1 ⋅(C ⋅ X ) = C−1 ⋅(Y − K ) ⇒ (C−1 ⋅C) ⋅ X = C−1 ⋅(Y − K ) ⇒ I ⋅ X = C−1 ⋅(Y − K ) ⇒
⎡ 2 1 −3 ⎤ ⎡ 35 33 33 ⎤ ⎡ 16 18 15 ⎤
⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
= ⎢ 1 1 −2 ⎥ ⋅ ⎢ 21 12 60 ⎥ = ⎢ 6 5 19 ⎥ . Portanto, a mensagem é:
⎢ −1 −1 3 ⎥ ⎢⎣ 25 20 37 ⎥⎦ ⎢⎣ 19 15 18 ⎥⎦
⎣ ⎦
16 18 15 6 5 19 19 15 18 que corresponde a palavra: “PROFESSOR”.
Plenária:
Primeiramente, cada grupo deverá apresentar a solução para o problema e, em
seguida, deverão ser discutidas as operações com matrizes e suas propriedades.
Com isso, serão apresentados os conceitos de Anel e Domínio de Integridade.
Formalização:
Seja A um conjunto não vazio, “+” e “ ⋅ ” duas operações definidas em A.
Dizemos que (A,+, ⋅ ) é um anel, se as seguintes propriedades forem satisfeitas:
A1) a + (b + c) = (a + b) + c, ∀ a,b,c ∈ A ;
A2) ∃ 0 ∈ A|0 + a = a + 0 = a, ∀ a ∈ A; ;
A3) ∀ a ∈ A, ∃ − a ∈ A | a + (−a) = −a + a = 0
A4) a + b = b + a, ∀ a,b ∈ A ;
A5) a ⋅(b⋅ c) = (a ⋅ b) ⋅ c, ∀ a,b,c ∈ A ;
122
Atividade Extraclasse 6
Faça uma lista dos conteúdos da Educação Básica que você pode identificar como
um anel e verifique quais deles são domínios de integridade.
11o Encontro
Neste encontro será trabalhada a Atividade Extraclasse 6 com o objetivo de
verificar a presença do conceito de Anéis nos conteúdos da Educação Básica. Para
isso, os professores deverão iniciar o encontro pedindo para que cada aluno coloque
sua solução na lousa. Em seguida, deverá ser feita uma discussão sobre cada
solução apresentada, analisando e concluindo se ela está, ou não, correta. Depois,
os professores deverão propor novos exemplos de Anel e Domínio de Integridade
apoiados nos conteúdos da Educação Básica, como os Inteiros, os Polinômios e as
Matrizes. Outros conteúdos devem ser evidenciados, como Números Complexos,
Vetores, etc.
Objetivos do Encontro
• Levar o aluno a fixar os conceitos de Anel e Domínio de Integridade;
• Levar o aluno a perceber que a estrutura de Anel está presente no Ensino
Básico;
• Fazer o aluno perceber que as operações entre conteúdos que pertencem à
mesma estrutura possuem as mesmas propriedades;
123
12o Encontro
Neste encontro será proposto um problema cuja solução poderá ser
determinada através do inverso multiplicativo de um número racional. Isso deverá
ser usado para levantar uma discussão sobre inverso multiplicativo e mostrar que a
existência dele é o que caracteriza um corpo, ou seja, faz de um Domínio de
Integridade um Corpo.
Objetivo do Encontro:
Introduzir o conceito de Corpo, tendo como base o Corpo dos Racionais e
Reais.
Atividade 8
Um reservatório de água está com 15% da sua capacidade. Sabe-se que um dia
chuvoso produz em média, para o reservatório, uma quantidade equivalente a 2,05%
do volume que ele comporta. Sabe-se também que o consumo diário de água do
reservatório corresponde, em média, a 0,8% da sua capacidade. Em média, deverá
chover quantos dias consecutivos para encher completamente o reservatório?
Conteúdos Específicos:
Razão, porcentagem, frações e operações básicas com números racionais.
Plenária:
A discussão sobre a resolução do problema deverá levar ao “inverso
multiplicativo de números racionais”. Para isso, os professores deverão enfatizar a
necessidade do inverso multiplicativo durante a resolução da equação que
aparecerá na resolução do problema.
Formalização:
Definição: Seja ( K,+,⋅) um domínio de integridade, isto é, um Anel comutativo com
unidade e sem divisor de zeros. Dizemos que ( K,+,⋅) é um corpo se
13o Encontro
Neste encontro iremos propor um problema em que, durante sua resolução, o
aluno deverá perceber que o inverso multiplicativo também poderá aparecer para
todos os elementos não nulos de um conjunto, mesmo que esse conjunto seja finito.
E, consequentemente, que um Corpo pode ser finito.
Objetivo do Encontro:
Mostrar uma aplicação de Corpo e mostrar, também, que um corpo não
necessariamente, precisa ser infinito.
125
Atividade 9
Considere a correspondência entre as letras do nosso alfabeto e os números
naturais, dada por:
26
a + b = resto da divisão de a+b por 26
26
a ⋅ b = resto da divisão de a ⋅ b por 26
26
Um sistema de criptografia pode ser definido por y = c ⋅ x , onde c é uma chave
fixada de !26 , x é o número correspondente à letra a ser criptografada e y é o
número correspondente à letra criptografada. Por exemplo, escolhendo a chave
26
c = 7, podemos criptografar a letra “F” (Correspondente a 5) por y = 7 ⋅ 5 = 9
(9 corresponde a J). Logo, “F” é transformada em “J” por este sistema.
Conteúdos Específicos:
Operações de adição e multiplicação de números inteiros e divisão inteira.
126
a)
26
V → 21 ⇒ y = 3 ⋅ 21 = 11 → L
26
I → 8 ⇒ y = 3 ⋅ 8 = 24 → Y
26
E → 4 ⇒ y = 3 ⋅ 4 = 12 → M
Logo, a palavra criptografia é “LYLMZ”.
26 26 26 26 26 26 26 26 26 26
b) y = 3 ⋅ x ⇒ 3−1 ⋅ y = 3−1 ⋅ (3 ⋅ x) ⇒ 3−1 ⋅ y = (3−1 ⋅ 3) ⋅ x ⇒ 3−1 ⋅ y = 1 ⋅ x ⇒ x = 3−1 ⋅ y .
26
Observe que 3−1 é um número do conjunto {0,1,2,...,25} tal que 3−1 ⋅ 3 = 1 ⇒ 3−1 = 9 .
26
Portanto, x = 9 ⋅ y .
Analogamente,
26 26 26 26 26 26 26 26 26 26
y = c ⋅ x ⇒ c −1 ⋅ y = c −1 ⋅ (c ⋅ x) ⇒ c −1 ⋅ y = (c −1 ⋅ c) ⋅ x ⇒ c −1 ⋅ y = 1 ⋅ x ⇒ x = c −1 ⋅ y . Onde
26
−1
c −1 é um número do conjunto {0,1,2,...,25} , tal que, c ⋅ c = 1 .
pode ser feito construindo uma tábua de operações) quais elementos são invertíveis,
obtivemos: 1, 3, 5, 9, 11, 15, 17, 19, 21, 23 e 25.
26 26
d) (!26 ,+ , ⋅ ) não é um corpo, pois nem todos os seus elementos possuem inverso
26 26
multiplicativo, isso foi observado no item c). (!5 ,+ , ⋅ ) é um corpo pois é um domínio
de integridade, não tem divisores de zero e todos os seus elementos são invertíveis.
Plenária:
Durante a plenária, os alunos deverão perceber que a estrutura que constitui
a Atividade 9 possui todas as propriedades de um Corpo, isto é, é um Domínio de
127
Integridade onde todos os seus elementos possuem inverso multiplicativo. Com isso,
os alunos deverão constatar a existência de Corpos Finitos.
Formalização:
Definição: Um corpo ( K,+,⋅) é um Corpo Finito se K é um conjunto finito.
Encontros 14 e 15
Nestes dois encontros deverá ser feita uma relação entre conteúdos
estudados em AAM com os conteúdos da Educação Básica. Essa relação dar-se-á
pela observação da presença da AAM no Ensino Básico e pelo uso da AAM para
justificar propriedades da Educação Básica.
Para isso, os professores deverão apresentar uma lista de atividades a serem
trabalhadas nesses encontros. Essas atividades deverão ajudar o aluno a perceber
a relação entre AAM e os conteúdos da Educação Básica e, consequentemente, dar
condições de ele avaliar a necessidade, ou não, dessa disciplina na sua formação
profissional. Vale destacar que, nas atividades a serem trabalhadas, serão
apresentadas apenas algumas situações em que se pode usar a AAM no Ensino
Básico. Porém, não se pretende com isso esgotar todas as situações possíveis.
Pretende-se também estimular os alunos a procurarem situações, dentro da
matemática elementar, que possam ser justificadas, analisadas, criticadas e, até
mesmo, reformuladas, com base nos seus conhecimentos de matemática, em nível
superior.
Durante esses dois encontros os alunos deverão ter, também, a oportunidade
de apresentarem outras situações onde se possa fazer uso da AAM no Ensino
Básico. O material a ser trabalhado nesses dois encontros estão, na sua íntegra, no
Apêndice D.
16o Encontro
Nesse encontro será feita uma avaliação diagnóstica. Essa avaliação tem
como objetivos identificar: quais e como os principais conceitos estudados em AAM
são lembrados pelos alunos; como eles veem a AAM na sua formação profissional;
como eles veem a formação de professores e, em particular, a sua própria formação;
e como eles veem a Resolução de Problemas no contexto didático-pedagógico e,
em particular, a metodologia adotada. Para isso, em um primeiro momento, será
128
8.1.1 Os encontros
- A1, A2, ..., A9 denotará cada um dos alunos que participou do diálogo;
- Pp denota o Professor-Pesquisador;
- Pc denota o Professor-Colaborador;
- Usaremos a palavra “Alunos” quando nos referirmos à fala de mais de um aluno,
não necessariamente todos;
- Usaremos (...) para indicar que um diálogo continuou;
- Usaremos (...pausa) para nos referirmos a uma pausa no diálogo;
- Usaremos (...silêncio) para indicar que houve um instante de silêncio durante um
diálogo;
- A escrita entre parênteses não faz parte do diálogo, são apenas comentários
para ajudar o leitor a entender o diálogo.
1o Encontro
No primeiro encontro compareceram seis alunos dos nove matriculados. O
Professor-Pesquisador iniciou esse encontro com uma apresentação expositiva e
132
Contexto Histórico
Quadro 3 – Segundo slide da apresentação sobre Resolução de Problemas
• Na passagem do século XIX para o século XX vigorava a TDM – Teoria
da Disciplina Mental.
Essa teoria entendia a mente humana como uma coleção de faculdades
ou capacidades:
1) Percepção
2) Memória
3) Intuição ou Razão
4) Imaginação e Compreensão
Fonte: Onuchic et al (20014)
133
Contexto Histórico
Quadro 5 – Quarto slide da apresentação
sobre Resolução de Problemas
• Em 1930, Willian Brownell, através de suas pesquisas, apresentou
elementos fortes que contradiziam a teoria do Conexionismo. Ele defendia
a necessidade de compreensão, e apresentou uma nova teoria denominada
Teoria Significativa.
• Neste cenário a Resolução de Problemas ganhou forças e se desenvolveu
como teoria da aprendizagem, pelas mãos do matemático George Polya,
apresentada no livro: “A arte de resolver problemas” (How to solve it:a new
aspect of mathematical method).
• Polya acreditava que os professores precisavam ser bons resolvedores de
problemas e que fizessem de seus alunos também bons resolvedores de
problemas. E, apresentou 4 fases que julgou ser importante para todos os
bons resolvedores de problemas:
1) Compreender o problema;
2) Estabelecer um plano;
3) Executar o plano;
4) Examinar a solução obtida.
Além disso, Polya orientava os professores:
• Comece com algo que é familiar ou útil, ou desafiador. Que possua alguma
conexão com o mundo ao nosso redor.
• Não tenha medo de usar uma linguagem coloquial. Não coloque termos
técnicos antes que os estudantes possam ver necessidade para eles.
• Não entre muito cedo ou muito em detalhes pesados de uma
demonstração. Dê primeiro uma ideia geral ou apenas o germe intuitivo da
prova.
• De modo geral, se aprende por etapas. Primeiro um esboço do assunto,
para percebermos as conexões e interesses.
Atividade 1: Dois amigos, A e B, conversam sobre seus filhos. A dizia a B que tinha 3 filhas, quando
B perguntou a idade das mesmas. Sabendo A, que B gostava de problemas de aritmética, respondeu
da seguinte forma: “O produto das idades das minhas filhas é 36. A soma de suas idades é o número
daquela casa ali em frente”. Depois de algum tempo, B retrucou: “Mas isto não é suficiente para que
eu possa resolver o problema”. A pensou um pouco e respondeu: “Tem razão. Esqueci de dizer que a
mais velha toca piano”. Com base nesses dados, B resolveu o problema. Pergunta-se: qual a idade
das filhas de A?
Os alunos tentaram buscar uma resolução para o problema dado. Não sabiam
o que fazer. sentiam-se desconfortáveis, devido à falta de prática de se trabalhar de
forma colaborativa e, principalmente, cooperativa. Os professores, Pesquisador e
Colaborador, precisaram, por diversas vezes, intervir, ao perceberem que os alunos
procuravam se isolar, tentando resolver a atividade sozinhos, ou esperar que outro
colega do grupo o fizesse. Ou seja, não havia a preocupação de compartilhar suas
ideias com os colegas e o grupo. Os professores tentaram lhes dizer o que era
trabalhar em grupos. Que qualquer ideia que fosse levantada, deveria ser explorada
139
por todos, abrindo um caminho que pudesse levá-los a entender o que aqueles
números dados queriam dizer.
As intervenções dos professores foram fundamentais para o sucesso dessa
atividade. A princípio, nenhum aluno conseguia ‘sair do lugar’. Essas intervenções,
que se deram por meio de perguntas, levavam os alunos a refletir sobre elementos
simples, porém fundamentais para o processo. Perguntas como: “você conhece três
números cujo produto dê 36?”. “Será que há muitas ternas de números cujo produto
é 36?”. “Seria possível fazer uma lista de todos as ternas de números cujo produto é
36?”. Ao responderem essas perguntas, os alunos puderam ser conduzidos ao
processo da resolução do problema proposto. Um fator importante de se destacar é
que eles queriam sempre compartilhar suas ideias com os professores e não com os
colegas do grupo, fazendo perguntas do tipo “professor, o que estou fazendo está
certo?”. O professor inquirido sempre procurava responder com outra pergunta,
como, por exemplo, “o que os seus colegas de grupo pensam sobre essa sua
ideia?”.
Apesar de algumas dificuldades, os dois grupos conseguiram resolver
corretamente o problema. Após os questionamentos, pelos professores, a respeito
do primeiro dado do problema, os alunos conseguiram usar corretamente o segundo
e o terceiro dado. Isto é, fizeram a soma de todas as ternas de números inteiros e
positivos cujo produto era 36. E finalmente, conseguiram perceber que, o fato do
amigo B dizer que não seria possível resolver o problema apenas com os dois
primeiros dados, se dava exatamente pela soma das ternas ser treze. Em seguida,
um representante de cada grupo colocou sua resolução na lousa e explicou como
seu grupo procedeu para chegar à solução do problema.
140
Como B não pôde resolver o problema apenas com os dois primeiros dados,
concluímos que a soma das idades das filhas de A só poderia ser 13, pois, para
qualquer outro resultado o problema já estaria resolvido. O último dado do problema
“a mais velha toca piano” serviu para descartar a possibilidade 1, 6 e 6, pois, nessa
situação teríamos duas mais velhas. Portanto, o resultado é 2, 2 e 9.
A1: Professor eu, sinceramente, não consegui entender por que o número
da casa em frente é 13?
Pp: Olhe para todas as possíveis soluções na lousa. Se o número da casa
em frente fosse 38, quais seriam as idades das filhas de A?
A1: 1, 1 e 36
Pp: Você teria alguma dúvida quanto a isso?
A1: Não.
Pp: E, se o número fosse 21?
A1: 1, 2 e 18?
Pp: Alguma dúvida quanto a essa resposta?
A1: Não.
Pp: E, se o número da casa fosse 13?
A1: Poderia ser 2, 2 e 9.
Pc: E porque não poderia ser 1, 6 e 6?
A1: É isso que não sei.
Pp: Será que não foi por isso que B disse não poder dar ainda a resposta?
Pc: Qual é o último dado do problema?
A1: A mais velha toca piano?
Pp: Sim, e tem a mais velha em 1, 6 e 6?
A1: Têm duas mais velhas.
Pc: Mas, você percebe que a afirmação foi feita no singular, ou seja, o
enunciado do problema fala de uma única mais velha.
A1: Ah, agora sim, entendi!
141
36 36 36
• Se xy = 1 , então, x = 1 e y = 1 . Logo, z = = = = 36 e k = 1+ 1+ 36 = 38 .
xy 1⋅1 1
Observe que a solução da equação, para este caso, é exatamente a que
aparece na primeira linha, numérica, apresentada no Quadro 10.
36 36 36
o mesmo). Logo, z = = = = 18 e k = 1+ 2 + 18 = 21 . Observe que a
xy 1⋅ 2 2
solução da equação, para este caso, é exatamente a que aparece na
segunda linha, numérica, apresentada no Quadro 10.
36 36 36
• Se xy = 3 , então, x = 1 e y = 3 . Logo, z = = = = 12 e k = 1+ 3+ 12 = 16 .
xy 1⋅3 3
Observe que a solução da equação, para este caso, é exatamente a que
aparece na terceira linha, numérica, apresentada no Quadro 10.
• Se xy = 4 , então, x = 1 e y = 4 ou x = 2 e y = 2 .
36 36 36
- Para x = 1 e y = 4 , temos: z = = = = 9 e k = 1+ 4 + 9 = 14 .
xy 1⋅ 4 4
Observe que a solução da equação, para este caso, é exatamente a
que aparece na quarta linha, numérica, apresentada no Quadro 10.
36 36 36
- Para x = 2 e y = 2 , temos: z = = = = 9 e k = 2 + 2 + 9 = 13 .
xy 2 ⋅ 2 4
Observe que a solução da equação, para este caso, é exatamente a
que aparece na sexta linha, numérica, apresentada no Quadro 10.
• Se xy = 6 , então, x = 1 e y = 6 ou x = 2 e y = 3 .
36 36 36
- Para x = 1 e y = 6 , temos: z = = = = 6 e k = 1+ 6 + 6 = 13 .
xy 1⋅6 6
Observe que a solução da equação, para este caso, é exatamente a
que aparece na quinta linha, numérica, apresentada no Quadro 10.
36 36 36
- Para x = 2 e y = 3 , temos: z = = = = 6 e k = 2 + 3 + 6 = 11 .
xy 2 ⋅3 6
Observe que a solução da equação, para este caso, é exatamente a
que aparece na sétima linha, numérica, apresentada no Quadro 10.
144
36 36 36
- Para x = 3 e y = 3 , temos: z = = = = 4 e k = 3+ 3+ 4 = 10 .
xy 3⋅3 9
Observe que a solução da equação, para este caso, é exatamente a
que aparece na oitava linha, numérica, apresentada no Quadro 10.
Os casos em que xy = 12 , xy = 18 e xy = 36 não produzem novas soluções,
apenas soluções já encontradas.
Observe que essa forma de resolver o problema, equacionando-o, apenas
produziu as mesmas oito possibilidades, listadas no Quadro 10, de forma
sistemática. A partir dessas oito possibilidades, só podemos chegar à solução do
problema proposto por meio da interpretação correta do último dado do problema “a
mais velha toca piano”. Porém, apesar dessa maneira ser mais trabalhosa, ela
proporciona ao professor condições de envolver mais conceitos matemáticos e,
portanto, produzir mais aprendizagem.
Definição: Seja E um conjunto não vazio, denominamos operação binária em E a qualquer função
definida de E × E → E . Ou seja, qualquer regra que associe cada par (x, y) de E × E a um único
elemento de E.
2o Encontro
Neste encontro faltaram dois alunos. Ressaltemos também a ausência do
Professor-Colaborador, que teria viajado para apresentar um trabalho no XI SNHM-
Seminário Nacional de História da Matemática, em Natal-RN.
O Professor-Pesquisador começou tecendo um breve comentário sobre o
encontro anterior, enfatizando o que fora abordado, reexplicando a metodologia
trabalhada, com o objetivo de inteirar os alunos que não haviam participado do
encontro anterior e sanar dúvidas que ainda houvessem. Em seguida, propôs a
Atividade 2, que apresentamos a seguir, e que foi trabalhada, seguindo o mesmo
roteiro da atividade desenvolvida no encontro anterior.
Atividade 2: Uma partícula percorre o segmento de reta AB, saindo do ponto A em direção a B.
Quando a partícula se encontra num ponto P=(x,y), o valor x (abscissa) representa a posição
horizontal dessa partícula, e y (ordenada) altura dela, em relação a x.
P
y
Sendo A=(-5,0) e B=(7,12), determine o deslocamento horizontal dessa partícula, quando sua
altura for o dobro da sua posição horizontal.
Fonte: Elaborada pelo autor
No entendimento do problema
2x − 0 = 1⋅(x + 5) (1)
2x = x + 5 (2)
−x + 2x = −x + (x + 5) (3)
−x + 2x = (−x + x) + 5 (4)
x = 0+5 (5)
x=5 (6)
Definição: Seja G um conjunto não vazio e * uma operação em G. Se forem válidas as três
condições: i), ii) e iii), a seguir, então (G,*) é denominado Grupo.
i) (a ∗ b) ∗ c = a ∗(b∗ c), ∀a,b,c ∈G; (associativa)
ii) ∃ e ∈G| a ∗ e = e ∗ a, ∀a ∈G; (existência de elemento neutro)
iii) ∀a ∈G, ∃ a' ∈G | a ∗ a' = a'∗ a = e; (existência desimétrico)
Atividade Extraclasse 1
Faça uma lista, com o maior número possível, de conteúdos que você já estudou em toda sua vida
acadêmica (primeiro e segundo graus, ou superior) e que acredita ser uma estrutura de grupo.
3o Encontro
No terceiro encontro compareceram todos os alunos. Os professores,
Pesquisador e Colaborador, aproveitaram a presença de todos para discutir e
assinar o Termo de Compromisso (apêndice B). Em seguida, o Professor-
Pesquisador pediu aos alunos que colocassem, na lousa, suas resoluções da
Atividade Extraclasse 1, para que fossem discutidas. Dos nove alunos, apenas cinco
haviam feito essa atividade. Então, os professores reforçaram a necessidade de
150
mais compromisso por parte dos alunos, para o sucesso da aprendizagem nessa
disciplina.
A Atividade Extraclasse 1, pedia que se buscasse, nos conteúdos da
Educação Básica (fundamental e médio) ou superior, estruturas que pudessem ser
identificadas como um grupo.
Após a apresentação das resoluções da Atividade Extraclasse 1, feitas por
alguns alunos, cada aluno, que havia feito a atividade, explicava por que a estrutura
apresentada por ele se constituía um grupo. Logo após, promoveu-se uma
discussão sobre questões relevantes a cada caso. Como, por exemplo, qual era a
operação da estrutura apresentada e como verificar a existência das propriedades
dessas operações que caracterizavam essa estrutura como um grupo e o que
aconteceria se fosse mudada a operação. Isso foi feito para o aluno perceber que o
que caracteriza um grupo é a operação e não o conjunto.
Vale ressaltar que um outro objetivo, também importante, era o de levar o
aluno a perceber a presença da estrutura de grupo na Educação Básica e mostrar
que, ao tratar esses conteúdos como uma estrutura algébrica, se pode correlacionar
tal conteúdo com outro de mesma estrutura algébrica, e fazer uso de propriedades
comuns de sua operação quando for necessário. Porém, os professores,
Pesquisador e Colaborador, perceberam que esse momento serviu fortemente para
fixar o conceito de grupo que, para muitos alunos, ainda não estava claro. Para
entendermos melhor, apresentamos o diálogo, a seguir:
Pp: Dos grupos que vocês encontraram na Educação Básica, quais deles
vocês consideram o mais simples?
Alunos: O grupo dos Naturais?
Pp: Um conjunto sozinho forma um grupo?
Alunos: Não.
Pp: Para se ter um grupo precisamos de que, então?
Alunos: Conjunto e operação.
Pp: Com qual operação os Naturais forma um grupo?
Alunos: Adição.
Pp: Quais propriedades a operação adição precisam assumir para que o
conjunto dos Naturais se constitua um grupo?
Alunos: Elemento neutro, simétrico e... associativa.
Pp: Qual seria o elemento neutro da operação adição nos Naturais?
Alunos: O zero.
Pp: Todo número natural possui um simétrico, ou seja, um inverso aditivo
que também seja natural?
(... silêncio)
A8: Não professor. O dois, por exemplo, não tem, pois, seria o menos dois,
que não é natural.
Pp: Que conclusão vocês tiram disso?
A1: Ih... os Naturais não formam grupo?
A4: Os Inteiros é! Não é professor?
151
A1: Então, em todos os outros conjuntos tem que tirar o zero, também, para
ser grupo, com a operação de multiplicação...
(...)
4o Encontro
Neste encontro estavam presentes seis alunos. O Professor-Pesquisador fez
uma apresentação expositiva e dialogada sobre álgebra. Apresentou um breve
histórico sobre a origem da álgebra; falou sobre as suas diferentes abordagens e
suas aplicações, enfatizando as estruturas algébricas.
Durante a apresentação do primeiro slide, o Professor-Pesquisador comentou
sobre quando a palavra Álgebra começou a ser usada e o que ela representava.
Como podemos ver no slide mostrado no Quadro 11:
As origens
A palavra álgebra – al jebr em árabe – foi usada primeiramente por Mohammed Kharizm,
que ensinava matemática em Bagdá. A palavra “álgebra” pode ser traduzida como “reunião” e,
para Kharizm, descreve a reunião de métodos para coletar os termos de uma equação, afim de
resolvê-la. A origem da palavra “álgebra” reflete claramente o contexto daquela época, que era,
principalmente, o de resolver equações. De fato, Omar Khayyam, que era conhecido por seus
brilhantes poemas da coleção Rybaiyat – mas que também era um importante matemático da
época – define explicitamente a álgebra como a ciência de resolver equações e, foi um dos
precursores dos métodos para resolver equação de terceiro grau, descobrindo um método
geométrico capaz de resolver alguns tipos dessas equações.
Fonte: Adaptado de Pinter (2013)
153
O que é álgebra?
Definir álgebra não é algo muito fácil. Pois, ela possui diversas concepções e essas concepções estão
ligadas ao contexto em que está inserida. As principais pesquisas nessa área apontam para 4 concepções:
• A álgebra como aritmética generalizada;
• A álgebra como um estudo de procedimentos para resolver certos tipos de problemas;
• A Álgebra como um Estudo de Relações entre Grandezas;
• A Álgebra como um Estudo das Estruturas;
Fonte: Adaptado de Usiskin (1995)
As Estruturas Algébricas
Quadro 12 – Terceiro slide da apresentação sobre Álgebra
Com o surgimento de novas álgebras, muitos matemáticos se atentaram para as novas vertentes que o
egrégio tema da matemática tomava. Passava a ser inconcebível aceitar a álgebra meramente como uma
ciência de resolver equações. “Ela tinha que ser vista como uma ampla área da matemática capaz de revelar
princípios gerais que se aplicassem a todas as áreas do conhecimento e a todas as álgebras possíveis”
(PINTER, 2013, p. 10).
Algumas questões, então, foram levantadas. O que todas as álgebras têm em comum? Qual é a
característica comum que elas compartilham e que nos permite chamá-la todas de “álgebra”? De um modo
geral, cada álgebra consiste de um conjunto cujos elementos podem ser qualquer coisa (números, matrizes,
funções, pessoas, etc.) e uma operação binária definida nesse conjunto. Uma operação binária é
simplesmente uma forma em que a combinação de quaisquer dois elementos de um conjunto produz um
único elemento do mesmo conjunto.
Assim, somos levados a um novo e moderno campo de estudos – as estruturas algébricas. Portanto, uma
estrutura algébrica pode ser entendida como um conjunto arbitrário, com uma ou mais operações definidas
nele. E a álgebra, então, pode ser definida como o estudo das estruturas algébricas.
Fonte: Pinter (2013)
154
Por exemplo, para saber a resposta dada ao par (tend, climb) basta olhar, na tabela, a palavra que
se encontra na mesma linha (horizontal) da palavra tend e mesma coluna (vertical) da palavra climb.
Logo, podemos escrever (tend, climb) = pok.
Observando a tabela, responda:
a) Para cada par de palavras (distintas ou não), retiradas das cinco palavras citadas, tem-se uma
resposta dentre as cinco palavras?
b) Qual a resposta para ((tend, climb),simb) ? e para (tend, (climb, simb))?
c) Existe alguma palavra que quando está em algum par, a resposta é sempre a outra palavra desse
par?
d) Para cada palavra dada, existe uma outra palavra que, ao formar par com ela, tem-se como
resposta a palavra pok? se existir, determine essa outra palavra para cada uma das cinco palavras.
e) Qual é a palavra x, tal que ((x, climb), (x, tend)) = memb?
O objetivo desse encontro foi mostrar aos alunos que uma estrutura de grupo
pode ser finita, isto é, é possível estabelecer uma operação binária em um conjunto
finito, de forma que essa operação possua as propriedades que caracterizam um
grupo. A experiência, tanto do Professor-Pesquisador como do Professor-
Colaborador, no ensino de álgebra, tem mostrado a dificuldade que os alunos têm
para conceber a ideia de operações em conjuntos finitos e, consequentemente,
entender estruturas finitas. Por esse motivo, os professores acharam necessário um
encontro especificamente para dar ênfase aos grupos finitos. Além disso, é mais
fácil entender, explorar e justificar conceitos e conteúdos definidos em conjuntos
155
6
a + b = resto da divisão de a + b por 6 e
6
a i b = resto da divisão de a ⋅ b por 6 ,
onde + e ⋅ são as operações usuais de adição e multiplicação de números inteiros,
respectivamente. Baseado nessas informações, mostre que:
6 6
a) + e i são operações binárias em Z6 e construa suas tábuas de operações;
6
b) (Z6 , + ) é um grupo;
6
c) (Z6 −{0}, i ) é um grupo;
Apesar desses alunos já terem tido contato com conjuntos desse tipo
( Z n , n ∈! −{0} ), em Álgebra I, a dificuldade com a notação ainda era visível. O
5o Encontro
Neste encontro, compareceram oito alunos. A aula foi trabalhada
exclusivamente com a Atividade Extraclasse 2. Os alunos alegaram que tiveram
muitas dificuldades para resolver essa atividade sozinhos. Assim, os professores
decidiram dar um tempo para que, em grupo, eles pudessem resolver a questão 1,
dessa atividade, em sala de aula. Primeiramente, discutiu-se o entendimento do
enunciado do problema e, só depois, os alunos deram início à sua resolução. Os
professores, agindo como mediadores, incentivaram, mais uma vez, o trabalho
cooperativo e colaborativo.
A aluna A8, mais interessada na resolução desse problema, conseguiu
envolver seu grupo na busca de compreender o que era pedido nele.
Depois do entendimento do problema, os alunos não tiveram muitas
dificuldades nessa atividade. A princípio ficaram um pouco confusos com algumas
notações, mas durante a resolução do item a), aparentemente as dúvidas foram
sanadas e todos os grupos resolveram parcialmente o problema. Em seguida,
colocaram suas soluções na lousa e promoveu-se uma discussão sobre a solução
do problema e outras dúvidas que surgiram naquele momento. Logo em seguida, os
professores mostraram uma aplicação desse grupo e de grupos semelhantes.
Na Figura 11 é apresentada a resolução desse problema feita por um dos
grupos:
158
Pp: (apontando para a resolução na lousa, ilustrada aqui pela Figura 11) O
que significam esse asterisco e esse triângulo ( Δ )?
A8 : As operações.
Pp: São esses os nomes das operações que são apresentados no
enunciado do problema?
A8: Não.
Pp: E quais são?
6 6
A 8: + e i
Pp: Por que vocês mudaram o nome das operações?
A8: É o costume. Toda operação nova o professor usa asterisco ou
triângulo.
Alunos: No livro usa asterisco e triângulo também.
(...)
159
6o Encontro
O objetivo deste encontro foi o de introduzir o conceito de subgrupo. Para isso
foi trabalhada a Atividade 4 de forma que, durante sua resolução, os alunos
pudessem perceber que a operação adição de inteiros é fechada nos Pares e,
consequentemente, possuía a propriedade associativa – herdada da associatividade
dos inteiros – pois todo número par é inteiro. Além disso, os Pares possuem
elemento neutro da adição. Ainda, se considerarmos também os pares negativos,
cada número par possui um simétrico aditivo. Essas propriedades caracterizam o
conjunto dos números pares como um grupo aditivo, contido grupo dos Inteiros e,
160
Atividade 4: João comprou um livro e reparou que ele tinha 200 páginas. Seu irmão mais novo
arrancou ao acaso 25 folhas e somou os números das 50 páginas. Explique porque o resultado dessa
soma não pode ser igual a 1998.
Atenção: Cada folha tem duas páginas. A primeira folha tem as páginas 1 e 2, a segunda folha tem as
páginas 3 e 4, e assim por diante.
o
Fonte: Revista Eureka N 4 – 1999, página 14.
Formaram-se três grupos. Dois deles com três integrantes e um com dois. O
enunciado do problema pareceu claro para todos os alunos, porém, eles não sabiam
por onde começar sua resolução. Um dos grupos decidiu simular uma situação,
considerando que as páginas fossem: 1, 2, ..., 50. O objetivo, desse grupo, era o de
tentar provar que a soma dessas páginas era sempre maior que 1998. Montaram
uma P.A. (progressão aritmética) de razão 1, e obtiveram a soma 1275. Isso
mostrava que a soma de 50 páginas poderia ser inferior a 1998. O Professor-
Pesquisador sugeriu que se fizesse a mesma coisa, considerando as últimas
páginas: 176, 177,... ,200. Eles fizeram a soma dessas páginas e encontraram 8775.
Com isso, perceberam que, a princípio, a soma de 50 páginas aleatórias poderia ser
qualquer valor entre 1275 e 8775. Então, seria preciso procurar um outro caminho
para resolver o problema.
O Professor-Pesquisador, ao perceber que os alunos não conseguiam tomar
uma direção que os conduzisse à solução do problema, interveio, como mediador, e
começou a fazer perguntas com o propósito de levar os alunos a refletir e identificar
dados ocultos no problema. Para entendermos melhor a ação do Professor-
Pesquisador e o comportamento dos alunos diante disso, apresentaremos uma
parte desse diálogo:
Pp: Então temos um grupo dentro de outro grupo, com a mesma operação.
Isto é, o grupo dos Pares está dentro do grupo dos Inteiros, ambos com a
adição. Sabe como chamaremos o grupo dos Pares?
A2: Subgrupo.
Pp: Exatamente. Toda vez que um subconjunto se constituir um grupo com a
mesma operação do grupo maior, ele será chamado subgrupo desse grupo.
(...)
Definição: Seja (G,*) um grupo e H um subconjunto não vazio de G. Dizemos que H é um subgrupo
A2: Zero.
Pp: Zero está no conjunto?
A2: Não. Então não é fechado.
Pp: Então, se todo elemento do subconjunto possui um inverso no
subconjunto, o que podemos concluir?
A8: O neutro tem que estar nele. Deixa eu ver se entendi... para eu provar
que é subgrupo eu não preciso provar a propriedade associativa e nem que
tem elemento neutro?
Pp: Exatamente. O que você vai precisar provar?
A2: Só a existência do simétrico.
Pp: Mais nada?
A8: Tem que provar o fechamento também, não é? tem que provar que é
fechado e que todo elemento tem simétrico.
Pp: Isso mesmo. E isso é um teorema cuja demonstração, basicamente, já
fizemos. A associativa é herdada do grupo, o simétrico a gente precisa
verificar e o neutro decorre da existência do simétrico e do fechamento.
Teorema 1: Seja (G,*) um grupo e H um subconjunto não vazio de G. H ≤ G se, e somente se, forem
válidas as seguintes condições:
i) a,b ∈H ⇒ a * b ∈H ; (fechamento)
Demonstração:
Observe que se H ≤ G então, pela própria definição de subgrupo, valem i) e ii). Precisamos mostrar
que se valem i) e ii) então H ≤ G .
a) Como * é associativa em G e H ⊂ G temos que * é associativa em H (hereditariedade);
b) Se a ∈H , pela hipótese ii), a' ∈H . Logo, pela hipótese i), a * a' ∈H ⇒ e ∈H ;
Portanto, por valer a), b) e a hipótese ii) temos H ≤ G ■
Atividade Extraclasse 3
1. Faça uma lista de todos os subgrupos dos grupos listados na atividade extraclasse do segundo
encontro.
4. Mostre que as duas condições i) e ii) do Teorema 1, podem ser trocadas pela condição única:
"a,b ∈H ⇒ a * b' ∈H "
7o Encontro
Neste encontro foi trabalhada a Atividade Extraclasse 3. Essa atividade foi
distribuída em duas partes: A primeira parte composta pela questão 1, que buscava
relacionar o conceito de subgrupo com conteúdos da Educação Básica; e, a
segunda parte, pelas questões 2, 3 e 4, que tinham por objetivo introduzir novos
resultados envolvendo subgrupos, fixar os conceitos estudados e trabalhar o
processo de demonstração, muito importante no curso de Álgebra Abstrata e em
outras áreas da Matemática.
Todos os alunos compareceram a esse encontro. O Professor-Pesquisador,
pediu que os alunos entregassem a Atividade Extraclasse 3 e que, depois de
recebida pelo professor, fossem colocadas na lousa. Em seguida, os professores
promoveram uma discussão sobre essas soluções apresentadas. Primeiramente foi
pedido que o aluno identificasse e comentasse os subgrupos dos Inteiros. Alguns
alunos apontaram os Naturais como um desses subgrupos, mas os próprios
colegas, levaram esses alunos a perceber a falta do simétrico aditivo, nos Naturais.
O conjunto dos números pares foi lembrado pelos alunos como um subconjunto dos
Inteiros e os professores lhes chamaram a atenção sobre a existência dos
subgrupos triviais (o próprio grupo ou o grupo formado apenas pelo elemento
neutro), não apenas nos Inteiros, mas em todos os grupos. Em seguida, passou-se
para os números racionais, primeiro com a adição e, depois, com a multiplicação.
Por ultimo, discutiu-se o subgrupo dos números reais, porém, sem formalismo ou
muito aprofundamento. Nessa etapa, destacamos alguns diálogos, apresentados a
seguir:
166
Pp: Não. Pois esse elemento que imaginamos seria elemento neutro só de
H.
A2: Mas o elemento neutro de G seria elemento neutro de H também, não
seria?
Pp: Se ele não estivesse em H, não.
A2: Ah, entendi!... Mas tem como isso acontecer?
Pp: Não. Mas precisamos provar.
A1: Nossa, professor. Toda essa discussão sobre a possibilidade de um
elemento em que acontecesse tudo isso e que na verdade nem existe?
Pp: Isso mesmo. Mas só teremos certeza que essa possibilidade não existe
se a gente provar.
8o Encontro
Neste encontro compareceram sete alunos. O objetivo deste encontro foi
definir grupo abeliano. Para isso foi trabalhada a Atividade 5. Essa atividade
apresentou um exemplo de um grupo não-abeliano levando os alunos a perceber
171
Atividade 5
Considere um triângulo equilátero de vértices A, B e C. Chame E1, E2 e E3 as retas que passam pelas
medianas desse triângulo, como é ilustrado pela figura a seguir. Descreva todos os movimentos, no
plano e no espaço, que se pode aplicar a esse triângulo sem alterar a sua posição, isto é,
desconsiderando A, B e C e as retas E1, E2 e E3, visualmente o triângulo parece então inalterado.
A
E2 E3
O
B C
E1
SΔ = {I, R 2π , R 4π , R1 , R2 , R3}
3 3
173
⎪ 3
⎪
onde: ⎨ R4π = Rotação de 2400 emtorno do ponto O
⎪ 3
⎪ R é Rotação emtorno de E
⎪ 1 1
⎪ R2 é Rotação emtorno de E2
⎪
⎪⎩ R3 é Rotaçãoemtorno de E3 .
V V V R2 π V V R4 π V
I
3 3
A A A A A A
B B B B B B
C C C C C C
V V V V V V
R2 R3
A R1 A A A
A A
B B B B B B
C C C C C C
grupo G é abeliano.
Atividade Extraclasse 4
9o Encontro
Neste encontro compareceram cinco alunos. Ressaltemos que, devido aos
alunos não terem a aula seguinte nesse dia, este encontro teve uma maior duração.
Primeiramente foi trabalhada a Atividade Extraclasse 4. Nenhum aluno havia feito
essa atividade alegando ter dificuldade em resolvê-la ou por falta de tempo.
Novamente os professores, Pesquisador e Colaborador, cobraram mais
compromisso por parte dos alunos. Assim, o Professor-Pesquisador pediu que um
dos alunos escrevesse, na lousa, a tábua de operações de SΔ desenvolvida no
encontro anterior e apresentado neste texto pela Tabela 11.
O Professor-Pesquisador pediu que um dos alunos fosse à lousa e, com a
ajuda de todos, começasse a determinar os subgrupos de SΔ . O processo de
Atividade 6
Um programador de computadores decidiu elaborar um jogo. Nesse jogo, um de seus objetos se
encontrará fixado na origem de um sistema de coordenadas cartesianas do plano, e esse objeto
deverá apontar, na direção de um ponto D, sempre que o usuário der um dado comando. O ponto
para o qual esse objeto será apontado é calculado por D(n) = (0,−1) n , onde:
⎧(1,0), se n = 0
⎪
D(n) = (0,−1) = ⎨(0,−1) ⋅(0,−1) n−1 , se n ≥ 1
n
⎪−(0,−1) −n , se n < 0
⎩
sendo n um número inteiro determinado pela ação do usuário e, o produto "⋅" é definido por
(a,b) ⋅(c,d) = (ac − bd,ad + bc) e −(a, b) = (−a, − b) , para a, b, c, d ∈! .
De acordo com essas informações:
a) Determine o ponto D para n = 0,1,2,3,4 e o represente geometricamente;
b) Determine o ponto D(1687) ;
c) Responda: “para quantas direções distintas esse objeto do jogo poderá ser apontado?”;
d) Separe, em conjuntos distintos, os valores de n cujo objeto aponte para a mesma direção;
A1: Professor, eu não vou precisar fazer essas contas 1687 vezes, vou?
Pp: Quais as soluções você encontrou no item a)?
A1: (1,0), (0,-1), (-1,0), (0,1), (1,0).
Pp: O que você pode dizer das respostas para n=0 e n=4?
A1: São iguais.
Pp: Que resposta você acha que daria para n=8?
A4: O mesmo de n=0 e n=4?
A2: Então, é só fazer de oito em oito, não é?
A4: Se for assim, é melhor já ir direto ao múltiplo de 4 mais perto de 1687.
A1: Ah, mas como eu acho esse valor?
A4: Podemos testar... 1687 não é múltiplo de 4, pois é impar.
(...pausa)
A4: Achei! professor. É 1684, não é?
Pp: E agora? Como você vai chegar à solução, a partir disso?
vale (1, 0) . Agora, é só fazer a partir desse valor
1684
A4: Eu sei que (0,−1)
até chegar em 1687, não é?
A1: Não precisa nem fazer mais cálculos. De cabeça, dá pra ver que é (0, 1)
.
(...)
{...,−8,−4, 0, 4, 8,...}
180
{...,−11,−7,−3, 1, 5, 9,...}
{...,−10,−6,−2,2,6,10,...}
{...,−9,−5,−1,3,7,11,...}
Definição: Seja E um conjunto não vazio e E1, E2, ..., En subconjuntos não vazios de E. Dizemos que
P(E) = { E1, E2, ..., En} é uma partição de E, se forem válidas as seguintes condições:
i) E1 ∪ E2 ∪ ...∪ En = E ;
A relação R , definida por aRb ⇔ a e b deixam o mesmo resto quando divididos por 4, é uma
relação de equivalência em ! ?
iii) se aRb e bRc são verdadeiras então a e b deixam o mesmo resto quando divididos por 4 e
b e c também deixam o mesmo resto quando divididos por 4. Então, a e c deixam o mesmo resto
quando divididos por 4. Logo, aRc é verdade.
Como são válidas i), ii) e iii) R é uma relação de equivalência em ! .
181
0 4 4 4 8 4 12 4 ... 1 4 5 4 9 4 13 4 ...
0 0 0 1 0 2 0 3 1 0 1 1 1 2 1 3
2 4 6 4 10 4 14 4 ... 3 4 7 4 11 4 15 4 ...
2 0 2 1 2 2 2 3 3 0 3 1 3 2 3 3
como solução do item d), são uma partição do conjunto dos números inteiros,
Z = {...,−2,−1, 0, 1, 2,...} , pois, são dois a dois disjuntos e a união dá todo Z .
Atividade Extraclasse 5
1) Procure, na Educação Básica, exemplos de relações de equivalência e determine as classes de
equivalência definidas por essas relações;
2) Que relação existe entre uma classe lateral e uma relação de equivalência.
10o Encontro
Neste encontro compareceram todos os alunos. Formaram-se três grupos
com três alunos cada.
O encontro teve início com a Atividade Extraclasse 5, deixada no último
encontro. Dessa atividade, os alunos conseguiram resolver apenas a questão 1).
Eles colocaram sua resolução na lousa e, em seguida, iniciou-se uma discussão a
respeito dos exemplos apresentados como solução dessa atividade. Durante a
discussão, novos exemplos foram sugeridos e discutidos. Apresentamos, a seguir,
algumas soluções apresentadas pelos alunos:
⇒ b ~ a (simétrica)
185
−1 −1 −1 −1
iii) a ~ b e b ~ c ⇒ a ⋅ b−1 ∈H e b⋅ c−1 ∈H , logo, (a ⋅ b ) ⋅(b⋅ c ) ∈H ⇒ a ⋅(b ⋅(b⋅ c )) ∈H ⇒
⇔ x ⋅(a−1 ⋅ a) = h ⋅ a ⇔ x = h ⋅ a ⇔ x ∈Ha .
Portanto, a = Ha . ■
−1
De modo análogo, considerando a relação de equivalência a ~ b ⇔ a ⋅ b ∈H , podemos provar
que a = aH .
Atividade 7 .............
Uma maneira de se criptografar uma mensagem é através de operações com matrizes. Vamos
associar cada letra do nosso alfabeto a um número, segundo a correspondência a seguir:
A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
U V W X Y Z
21 22 23 24 25 26
Podemos formar matrizes numéricas correspondentes a uma determinada mensagem. Por exemplo,
suponha que a nossa mensagem seja “PUXA VIDA”. A matriz X correspondente a essa mensagem é
e ;
A2: Professor não tenho nenhuma ideia de como resolver esse item b.
Pp: O que você entendeu sobre esse item? Entendeu os dados e o que o
problema pede?
A2: Eu não sei o que fazer com esses números.
Pp: Você perguntou a seus colegas de grupo se eles entenderam?
A2: Eles também não entenderam.
Pp: No início do enunciado há um exemplo de como criptografar uma
mensagem. Vocês leram e entenderam esse exemplo?
A2: Mas lá é dada a mensagem para criptografar e, nesse item aqui, esses
números é o texto criptografado.
Pp: Que método de criptografia foi usado?
A2: O multiplicativo.
Pp: Como criptografar com esse método?
A2: Tá aqui, Y é C vezes X.
Pp: O que são: Y, C e X?
A2: Não entendi.
A4: Matrizes?...
A2: Ah sim. São matrizes.
Pp: Dessas matrizes, Y, C e X, quais foram dadas no anunciado?
A2: Só a matriz C.
Pp: Com os números dados no enunciado você não poderia montar a matriz
X ou a matriz Y?
A2: Acho que sim.
Pp: Qual seria a matriz que você poderia montar com esses valores?
A4: Eu acho que é a matriz Y.
Pp: Então tentem fazer isso.
( ...)
A2: Professor, veja se o que a gente fez está certo.
Pp: O que vocês fizeram?
A2: Escrevemos a matriz Y, a matriz C, só falta a X.
Pp: O que é a matriz X?
A4; A matriz mensagem inicial.
188
11o Encontro
Neste encontro compareceram todos os alunos e mantiveram os mesmos
grupos do encontro passado. Os alunos deram continuidade à resolução da
Atividade 7.
O entendimento e a leitura do problema já haviam sidos trabalhados, pelos
alunos, no encontro anterior. Então, eles foram diretos para a resolução dos itens c)
e d). Esses dois itens focavam basicamente as principais propriedades da adição e
da multiplicação de matrizes, necessárias para a caracterização de um anel e,
consequentemente, daria subsídios ao Professor-Pesquisador para introduzir esse
conceito novo.
Após a resolução dos itens c) e d), cada grupo colocou sua resolução na
lousa e, em seguida, foi feita a Plenária. Durante a Plenária, um representante de
cada grupo explicou sua resolução. Como todos os grupos resolveram os itens da
mesma forma, não houve dificuldade para se chegar a um consenso. Logo, em
seguida, os professores, Pesquisador e Colaborador, questionaram os grupos que
não tiveram o cuidado de expressar corretamente, na escrita, as propriedades das
operações que foram utilizadas durante a resolução das questões. A Figura 17
189
Pp: (apontando para a resolução, apresentada aqui pela Figura 17) O que
temos no primeiro membro dessa equação?
Alunos: y.
Pp: E no segundo membro?
Alunos: C vezes x.
Pp: Os dois membros foram multiplicados por qual valor?
Alunos: Por c inverso.
Pp: Do jeito que está escrito, no segundo membro, c inverso está
multiplicando x vezes c ou apenas c?
(...silêncio)
190
12o Encontro
Neste encontro compareceram oito alunos. Primeiramente, foi trabalhada a
Atividade Extraclasse 6, proposta no encontro anterior. A pedido do Professor-
Pesquisador, os alunos colocaram suas resoluções na lousa e fizeram
argumentações orais sobre os exemplos apresentados. Em seguida, professores e
alunos escolheram alguns dos exemplos apresentados para se fazer uma
verificação formal, com o propósito de verificar se as Estruturas apresentadas eram,
ou não, Anel e Domínio de Integridade. A Figura 20, a seguir, mostra uma resolução
apresentada por um dos alunos.
Note que na resolução apresentada por esse aluno, na Figura 20, não foi feita
nenhuma referência às operações de matrizes ao afirmar que as Matrizes eram um
Anel. E, ainda, a única propriedade mencionada foi a comutativa da multiplicação,
referindo-se apenas à não comutatividade do produto de matrizes. Um outro fator
importante que precisamos destacar é a falta de uso de notações algébricas
adequadas. Como esse erro foi frequente nas atividades apresentadas pelos alunos,
os professores utilizaram parte deste encontro para discutir questões dessa
193
Atividade 8
Um reservatório, de água está com 15% da sua capacidade. Sabe-se que um dia chuvoso produz,
em média, para o reservatório, uma quantidade equivalente a 2,05% do volume que ele comporta.
Sabe-se também que o consumo diário de água do reservatório corresponde, em média, a 0,8% da
sua capacidade. Em média, deverá chover quantos dias consecutivos para encher completamente o
reservatório?
O objetivo desta atividade era discutir uma nova propriedade para operação
de multiplicação: “a existência de inverso multiplicativo” e, consequentemente,
introduzir o conceito de corpo.
Para isso, formaram-se dois grupos com três alunos e um com dois. Foi feita
uma leitura individual e, depois uma leitura em grupo.
194
Essa questão, levantada pelo aluno A7, poderia ter sido melhor explorada pelo
Professor-Pesquisador. Ele poderia, ao invés de sugerir que os alunos fizessem um
cálculo particular, deixar os próprios alunos buscarem estratégias para resolver essa
questão. Porém, devido ao pouco tempo e focado no objetivo, o Professor-
Pesquisador preferiu não prolongar muito esse assunto.
Após a resolução do problema, um representante de cada grupo colocou na
lousa sua resolução. As Figuras 21 e 22, a seguir, mostram a resolução da Atividade
8 por dois grupos, que denominaremos A e B:
195
bem interessante. Construíram uma função que retornava o volume V, para x dias
de chuva. E, quando considerou o volume igual a 100%, pôde resolver o problema
simplesmente, determinando o valor de x ao resolver uma equação do primeiro grau.
Na Plenária, os professores chamaram a atenção para a necessidade de se
escrever com clareza todo o processo de resolução. E, principalmente, não omitir as
unidades de medida envolvidas.
O Professor-Pesquisador retomou o problema e propôs a seguinte solução:
é 0,8% de V por dia. Logo, o reservatório enche por dia: 2,05% V – 0,8% V = 1,25% V .
dia dia dia
1,25 V 125 V 1 V
Como, 1,25% V = = = , o volume de água do reservatório
dia 100 dia 10000 dia 80 dia
1 V
aumentará .
80 dia
Se n é o número de dias necessários para encher o reservatório e sabendo-se que faltam
1 V 1 V 100 1 100 1
85% para enchê-lo, temos: n⋅ = 85% de V ⇒ n ⋅ = V ⇒ n⋅ ⋅ =1
80 dia 80 dia 85 80 85 dia
1
n⋅ = 1 dia . Logo, o número de dias, n , para encher o reservatório é o inverso multiplicativo de 1 ,
68 68
isto é, n = 68 dias.
−1
Definição: Um domínio de integridade (K,+, ⋅) é denominado um corpo se ∀ a ∈K −{0}, ∃a ∈K tal
que a ⋅ a −1 = 1 .
197
13o Encontro
O objetivo deste encontro foi o de apresentar um exemplo de corpo finito, ou
seja, o de mostrar aos alunos que estruturas mais completas também podem estar
restritas a conjuntos com poucos elementos. Para isso foi trabalhada a atividade 9.
Essa atividade utiliza uma aplicação matemática – criptografia – para mostrar a
necessidade do inverso multiplicativo em uma estrutura matemática. Uns dos
benefícios de se trabalhar com corpos finitos é o de poder entender melhor as
propriedades de um corpo, pois é possível analisar em detalhes todas as
possibilidades para suas operações.
Essa atividade é composta por três questões a serem resolvidas. Itens a), b) e
c). O objetivo do item a) foi o de familiarizar os alunos com o problema, ou seja,
levar os alunos a entender como efetuar as operações definidas no enunciado. O
item b) objetivava discutir inverso da operação multiplicação apresentada no
problema. Isto é, levar os alunos a perceber que nem sempre uma operação admite
inverso para todos os elementos do conjunto em que ela está definida. O propósito
do item c) foi o de discutir as propriedades das duas operações apresentadas e, com
isso, introduzir o conceito de Corpo Finito.
Neste encontro compareceram todos os alunos. Formaram-se três grupos
com três alunos cada e, em seguida, foi feita uma leitura individual e, logo após, uma
leitura, no grupo, da Atividade 9. Como as operações definidas nessa atividade já
eram familiares aos alunos, não houve muita dificuldade para entender o problema.
O item a) foi resolvido por todos os grupos de forma natural e rapidamente. Os itens
198
26
a + b = resto da divisão de a+b por 26
26
a ⋅ b = resto da divisão de a ⋅ b por 26
26
Um sistema de criptografia pode ser definido por y = c ⋅ x , onde c é uma chave
fixada de !26 , x é o número correspondente à letra a ser criptografada e y é o
número correspondente à letra criptografada. Exemplo, escolhendo a chave c = 7 ,
26
podemos criptografar a letra “F” (correspondente a 5) por y = 7 ⋅ 5 = 9 (9 corresponde
a J). Logo, “F” é transformada em “J” por este sistema.
26
Pp: Essa função dada no problema y = 3 ⋅ x serve pra que?
A1: Eu coloco um valor para x e encontro y
Pp: Quais valores você coloca para x?
A1: O número que eu quero que a função criptografe.
Pp: O que é y?
A1: O valor criptografado.
Pp: Se você conhecesse o valor y e quisesse determinar x, como você
faria?
A1: não tenho a mínima ideia.
Pp: Assim como você tem uma função, em que, colocando o valor para x
determina y, não seria possível ter uma função onde se você colocasse y
encontraria x?
A1: Acho que sim.
Pp: Se essa função existir, ela serviria para que?
A1: Para descriptografar?
Pp: Exatamente. Costumamos chamar essa função de “função de
decifração”
(...)
O item a) foi resolvido por todos os grupos sem nenhuma dificuldade. O que
dificultava a resolução do itens b) e c) era a falta de conhecimento sobre função
inversa. Como essa dificuldade era unânime e o tempo era pouco, o Professor-
Pesquisador decidiu fazer uma breve apresentação expositiva sobre o conceito de
função inversa. Essa apresentação se restringiu apenas aos conteúdos que os
alunos precisariam para resolver o problema proposto. Após sanarem suas dúvidas
em como determinar uma função inversa, os itens b) e c) foram parcialmente
resolvidos.
As Figuras 23 e 24 mostram a resolução dos itens a) e b) de um dos grupos.
Figura 24 –22
Figura Resolução do item
– Resolução b) b)
do item
Fonte:
Fonte: Dados
Dados da pesquisa
da pesquisa
O primeiro membro dessa igualdade é par (o dobro de um inteiro) e o segundo é ímpar, pois,
26
26q + 1 = 2(13q) + 1 . Logo, não existe 2 −1
na operação ⋅ . Consequentemente, para c = 2 , a função
26
y = 2 ⋅ x não possui inverso.
14o Encontro
Neste, e no encontro seguinte, foi trabalhado um material intitulado:
“Números Inteiros: um domínio de integridade”, elaborado pelo Professor-
Pesquisador. Esse material encontra-se, na sua íntegra, no apêndice D. Faremos
aqui uma descrição desse material, explicando sua composição e os objetivos de
cada parte que o compõe. Ele começa apresentando a definição de um Domínio de
Integridade, com o objetivo de revisar esse conceito visto em encontros anteriores.
Logo depois, temos a Proposição 1, composta por seis afirmações importantes no
contexto da AAM e necessárias para a resolução de três exercícios, que aparecem
logo em seguida. Esses exercícios, além de servir para fixar conceitos estudados,
têm o propósito de fazer uma ligação entre alguns conteúdos da Álgebra Abstrata
Moderna com conteúdos da Educação Básica. Mais especificamente, a Proposição
1, juntamente com as propriedades de um Domínio de Integridade, são utilizadas,
nesses exercícios, para justificar as regras das operações com sinais, trabalhadas
por professores da Educação Básica. Essas regras são apresentadas aos alunos do
Ensino Fundamental, em geral, sem justificativas e, às vezes, o próprio professor
que as ensina não sabe justificá-las. A forma com que foi trabalhada a justificativa
dessas regras, utilizando AAM, nem sempre poderia ser trabalhada com alunos da
Educação Básica. Porém, se o professor souber justificar aquilo que ele ensina, ele
terá maiores condições de desenvolver estratégias para trabalhar, de forma mais
consistente os conteúdos e, consequentemente, produzir maior aprendizagem.
Após os três primeiros exercícios, vem a Definição 2. Vale ressaltar que
essa definição é, em geral, trazida, nos livros de Teoria dos Números, ou mesmo
nos de Álgebra Moderna, como um Teorema. Porém, como não temos o propósito
de demonstrar esse resultado, preferimos apresentá-lo como uma Definição.
204
acréscimo de 9, nas anteriores, estabelece que o anel não possui divisor de zero.
Quadro 14 – Propriedades de um domínio de integridade
v. −(−a) = a
vi. (−a) ⋅(−b) = a ⋅ b
Pp: Agora que resolvemos o item i), tentem resolver o item ii).
A1: Não tenho a mínima ideia do que fazer.
Pp: O que significa −(1⋅ a) ?
A1: O simétrico?
Pp: Simétrico de quem?
A1: De a?
A2: Simétrico de 1 vezes a. Não é professor?
Pp: Exatamente. O que significa o simétrico de um elemento?
A8: O valor que somado com o elemento dá o neutro.
Pp: Somado com qual elemento? e quem é o neutro?
A1: O neutro não é o zero?
A8: Significa que −(1⋅ a) é o elemento que somado com (1⋅ a) dá zero. Não
é isso?
Pp: Isso mesmo.
A1: E aí professor?
Pp: Quantos simétricos um elemento possui?
Alunos: O simétrico é único.
Pp: Então, qualquer elemento que for igual ao simétrico tem que fazer o
mesmo que o simétrico faz, não é?
A4: Não entendi.
Pp: (O Professor-Pesquisador escreveu na lousa e perguntou) quanto dá
−(1⋅ a) + (1⋅ a) ?
Alunos: zero.
Pp: Se −(1⋅ a) = (−1) ⋅ a então o que podemos dizer de (−1) ⋅ a + (1⋅ a) ?
A1: Tem que dar zero também?
Pp: Por que?
A8: Porque (−1) ⋅ a também será simétrico de (1⋅ a) .
Pp: Então o que precisamos provar?
A8: (−1) ⋅ a + 1⋅ a = 0 .
(...)
207
Quadro 15 – Exercício 2
d) −5 + 2 = −3 e) 3⋅(−2) = −6 f) −3⋅(−2) = 6
Fonte: Retirado de um material didático elaborado pelo autor (Apêndice D)
Pp: É importante que vocês entendam o que querem justificar. Observe que
o enunciado da questão pede para que se discuta e justifique.
A1: Como assim?
Pp: O que significa -2 , -3 e -5?
A1: Menos uma vez dois, menos uma vez três... não é isso?
Pp: Isso é um dos resultados que provamos na Proposição 1. Porém -2, -3 e
-5, na Álgebra, possui outro significado...
A8: O oposto de 2, 3 e 5, é isso?
Pp: Isso mesmo. Que quer dizer que -2 somado com...
Alunos: 2 dá zero!
Pp: Exatamente, o elemento neutro da adição.
(...)
A1: É estranho justificar essas coisas. Parece que estamos usando as
mesmas coisas que queremos justificar. Isso é muito confuso, mesma hora
que podemos usar o que sabemos já não podemos usar mais.
Pp: O que queremos justificar são as regras das operações de adição e
multiplicação dos inteiros. Então, devemos partir do princípio que sabemos
somar e multiplicar números naturais, mas não sabemos somar e multiplicar
números inteiros. Usaremos a Proposição 1 e as propriedades das
operações, para conseguir fazer adição e multiplicação de números inteiros.
A4: Então, no caso aqui, −2 − 3 = −5 , eu parto de que não sei somar −2 − 3 ?
Pp: Exatamente.
A4: Aí é só trocar (−2) por (−1) ⋅ 2 e (−3) por (−1) ⋅3 e depois é só usar a
distributiva, não é assim, professor?
Pp: Isso mesmo.
A1: Ah, e 2+3 nós sabemos somar porque são naturais.
Pp: Isso mesmo.
A1: Agora entendi.
Por falta de tempo, o exercício 3 não foi resolvido, ficando como atividade
extraclasse .
15o Encontro
Este encontro foi uma continuação do encontro anterior. Neste encontro foi
apresentada e discutida a Definição 2 e trabalhados os exercícios 4 a 6. O objetivo
de se trabalhar essa definição foi o de chamar a atenção de resultados equivalentes
para as mesmas estruturas algébricas. Em particular, olhar os Inteiros e os
Polinômios como mesma estrutura algébrica e, consequentemente, perceber que
eles gozam de propriedades comuns. Vale ressaltar que, todas as estruturas
elencadas nesse encontro são estruturas presentes nos conteúdos de Educação
Básica. Com isso, novamente estamos mostrando relações entre AAM com
conteúdos do Ensino Básico e, o mais importante, incentivando os estudantes a
buscarem relações entre o conhecimento adquirido em sua formação, com sua
futura prática docente.
Neste encontro, como ocorreu no encontro anterior, compareceram todos os
estudantes. O encontro se iniciou com uma leitura individual da Definição 2. O
209
4) Qual seria uma definição de divisão de polinômios, equivalente à divisão inteira de números
inteiros?
5) Qual a relação algébrica existente entre os inteiros e os polinômios? discuta suas potencialidades.
A2: Professor,
Fonte: Retirado o que quer
de um material dizer relação
elaborado algébrica,
pelo autor aqui na
(Apêndice D)questão 5?
Pp: Os Inteiros, com as operações de adição e multiplicação, formam que
estrutura algébrica?
AA4:
2: Professor,
Grupo? o que quer dizer relação algébrica, aqui na questão 5?
PPp:
p: Os UmInteiros,
grupo écom as operações
composto por quantasde operações?
adição e multiplicação, formam que
estrutura
A4: Achoalgébrica?
que só uma.
APp:
4: Grupo?
Então, os Inteiros com as duas operações: adição e multiplicação,
Pseria...
p: Um grupo é composto por quantas operações?
AA4:
4: Acho que só
Um anel, nãouma.
é?
PPp:
p : Então,
Anel comutativo?... com
os Inteiros as duas unidade?...
tem elemento operações:possui
adição e multiplicação,
divisor de zero?
seria...
A8: Um domínio de integridade, professor.
AA4:
4: Um anel,
Ah... sim. não
Umé?domínio de integridade.
PPp:
p: Anel
E oscomutativo?...
Polinômios, com tem aselemento unidade?...
operações possui
usuais de divisor
adição de zero? de
e multiplicação
Apolinômios,
8: Um domínio quede integridade,
estrutura é? professor.
AA4:
4: Ah... sim. Um
A mesma dosdomínio
Inteiros,deé integridade.
isso?
PPp:
p: EVamos
os Polinômios,
testar as com as operações usuais de adição e multiplicação de
propriedades.
polinômios,
(...) que estrutura é?
AA4:
4 : A mesma
Ah! então dos Inteiros,algébrica
a relação é isso? dos Polinômios com os Inteiros é porque
Posp: Vamos
dois sãotestar as propriedades.
domínio de integridade? é isso?
(...)
Pp: Sim. Eles formam uma mesma estrutura algébrica. Que vantagens
Apodemos
4: Ah! então tiraradisso?
relação algébrica dos Polinômios com os Inteiros é porque
osA4: dois sãoprofessor,
Ah... domínio de nãointegridade?
sei. é isso?
PA3:
p: Sim.A gente
Eles podeformam fazerumadefinições
mesma equivalentes, igual fizemos
estrutura algébrica. à divisão
Que vantagens
inteira. Étirar
podemos isso? disso?
APp: Sim.
4: Ah... Desde que
professor, não essas
sei. definições dependam apenas das operações
Adefinidas
3 : A gentena estrutura.
pode fazer definições equivalentes, igual fizemos à divisão
A1: Então,
inteira. É isso? a gente pode fazer as mesmas coisas nos Polinômios que
Pfazemos nos Inteiros?
p: Sim. Desde que essas definições dependam apenas das operações
Pp: Essas
definidas namesmas
estrutura. coisas a que você se refere têm que estar relacionadas
com as propriedades algébricas. Por exemplo, temos uma relação de ordem
nos Inteiros e não temos nos Polinômios. Isto é, um número inteiro pode ser
maior ou menor que outro, mas, essa comparação não está definida nos
Polinômios. A relação de ordem não depende das propriedades algébricas.
A1: Não podemos dizer que um polinômio é maior que outro se o grau for
maior?
211
A1: Então, a gente pode fazer as mesmas coisas nos Polinômios que
fazemos nos Inteiros?
Pp: Essas mesmas coisas a que você se refere têm que estar relacionadas
com as propriedades algébricas. Por exemplo, temos uma relação de ordem
nos Inteiros e não temos nos Polinômios. Isto é, um número inteiro pode ser
maior ou menor que outro, mas, essa comparação não está definida nos
Polinômios. A relação de ordem não depende das propriedades algébricas.
A1: Não podemos dizer que um polinômio é maior que outro se o grau for
maior?
Pp: Quantos polinômios de grau três existem?
A1: Ah... infinitos.
Pp: Todos os infinitos polinômios de grau três são iguais?
A1: Claro que não. 215
Pp: Se a gente definisse que um polinômio seria maior que outro se ele
tivesse grau maior do que esse outro, para dois polinômios serem iguais
não bastaria ter mesmo grau?
AP1:p:Sim.
Se a gente definisse que um polinômio seria maior que outro se ele
Ptivesse grau maior do que esse outro, para dois polinômios serem iguais
p: Então todos os polinômios de grau três deveriam ser iguais.
A8: Então, as ter
não bastaria mesmo grau? de Inteiros e Polinômios serem uma mesma
potencialidades
A : Sim.
estrutura
1 algébrica seria a de poder fazer os mesmos cálculos nos
Pp: Então todos
Polinômios os polinômios
que fazemos de grau três deveriam ser iguais.
nos Inteiros?
A : Então, as potencialidades
Pp: Se esses cálculos dependerem
8 de Inteiros
apenas edasPolinômios serem
propriedades uma mesma
algébricas.
Aestrutura
4 : Mas o algébrica
que são as seria a
propriedadesde poder fazer
algébricas? os mesmos cálculos nos
APolinômios
1 : São que
aquelas fazemos nos
propriedades Inteiros?
das operações: associativa, comutativa,
Pp: Se esses
elemento cálculos
neutro..., nãodependerem
é professor?apenas das propriedades algébricas.
A : Mas o
Pp:4 Isso mesmo.que são as propriedades algébricas?
A : São aquelas propriedades
A4: Quer dizer que se eu estiver resolvendo
1 das operações:
algumaassociativa, comutativa,
coisa nos Polinômios e
elemento neutro..., não é professor?
não souber, posso fazer nos Inteiros?
AP1:p:SóIsso
semesmo.
estiver usando as propriedades algébricas.
A : Quer dizer que se algébricas
Pp: As propriedades
4 eu estiver resolvendo
são as mesmasalguma embora
coisa nosasPolinômios
formas dee
não souber,
aplicação posso
sejam fazer nos Inteiros?
diferentes.
A1: Só se tiver usando as propriedades algébricas.
(...)
Pp: As propriedades algébricas são as mesmas embora as formas de
aplicação são diferentes.
No Exercício 6,(...)
primeiramente o Professor-Pesquisador perguntou se algum
aluno sabia fazer a 6,
No Exercício demonstração dao afirmação
primeiramente apresentada perguntou
Professor-Pesquisador nesse exercício.
se algumA
aluna
alunoAsabia
8 respondeu
fazer aque sim e fez essa
demonstração demonstração
da afirmação na lousa.
apresentada Apresentamos
nesse a
exercício. A
seguir
aluna oA8enunciado
respondeu desse exercício
que sim juntamente
e fez essa com a na
demonstração resolução feita por essa
lousa. Apresentamos a
aluna.
seguir o enunciado desse exercício juntamente com a resolução feita por essa
aluna.
Quadro 18 – Exercício 6
16o Encontro
Neste encontro foi feita uma avaliação diagnóstica. Essa avaliação abordou
três temas: Formação de Professores, Álgebra e Resolução de Problemas. O
objetivo desta avaliação foi o de obter informações sobre o que esses temas
representam para os alunos, isto é, como esses alunos veem sua formação
profissional, o que eles apontariam como pontos positivos e quais seriam os
desafios na Formação de Professores de Matemática no IFG. Sobre Álgebra,
queríamos investigar, primeiramente, que conteúdos ficaram vivos na mente dos
alunos, logo após o término do curso de Álgebra II, e que foram trabalhados com a
Metodologia de Ensino-Aprendizagem-Avaliação de Matemática através de
Resolução de Problemas. Além disso, pretendíamos verificar se esses alunos
acreditavam que a AAM pode trazer contribuições significativas para sua formação.
E ainda, inquirir se o curso de AAM deveria mudar e, em caso afirmativo, o que
deveria mudar. Sobre Resolução de Problemas, gostaríamos de evidenciar, do
213
22
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência
214
fazer algo completo para nós irmos para sala de aula e aplicar da maneira
que deveria ser. Porque eu acho que não existe um jeito, porque isso vai
ser desenvolvido individualmente.
A2: O que A7 falou eu acho que pode ser um dos motivos da evasão.
Porque, nitidamente, existe um conflito do que a gente trás aqui para o
curso de Licenciatura. Na Licenciatura o professor deveria focar mais nas
questões pertinentes da Licenciatura e se alguém quisesse fazer um
mestrado deveria aprofundar depois nos conteúdos de matemática. Mas
para o nosso exercício da profissão, lá no Ensino Básico, nós não
precisamos ter esse conhecimento rebuscado da matemática não. Nós,
precisamos sim, e isso eu vejo nítido, de metodologia de ensino. Se na
nossa grade isso já é muito superficial, por exemplo, o “Geogebra” a gente
vê só algumas partes, coisa desse tipo devia ser uma disciplina.
“Tecnologia” da matemática deveria ter mais, porque é isso que vai fazer a
gente ser um bom professor.
A1: Eu não sei porque não usar as “Práticas Profissionais” para trabalhar
novas metodologias? Por que não usar as “Práticas Profissionais” para
trabalhar uma metodologia nova como essa que a gente usou em Álgebra?
A3: A Álgebra para mim é tipo... eu sempre tive dificuldade na matéria de
álgebra, como Álgebra Linear, Álgebra I e até na Álgebra II. Só que eu acho
que são conteúdos difíceis, mas, quando a gente estuda igual estudamos
Álgebra II, vendo o porquê, a gente tá estudando cada conteúdo, a gente vê
a importância e fica mais interessado em aprender e se esforça mais,
porque você vê que é importante para quando você for ser professor. Sobre
a formação de professores eu acho que tem que ter matérias para dar base
para a gente atuar no Ensino Básico, mas, também tem que ter disciplinas
mais puxadas para aquele aluno que quer fazer um mestrado. Sobre a
metodologia de ensino, a gente consegue perceber o professor que tem
uma formação em Educação só pelo jeito dele dar aula. Essa metodologia
de resolução de problemas, usada na Álgebra II, confesso que, no início,
achei que não ia ser legal. Mas, logo na primeira aula, quando introduziu o
conceito de operação, achei muito interessante, pois, eu já tinha estudado
operação em Álgebra I, mas não ficou, agora quando fala sobre operação
eu lembro da aula do problema das idades e lembro o que é operação. Mas,
acho que para dar certo, os problemas têm que ser interessantes e acho
que não é fácil elaborar problemas que se encaixem. O professor precisa ter
muita experiência com isso.
Aluno:____________________________________________________________
Quadro 19 – Avaliação Diagnóstica
1) Faça uma lista de todos os conteúdos de álgebra abstrata que você consegue
se lembrar e, relate tudo que você sabe sobre eles.
2) Destaque os pontos positivos e os pontos negativos da disciplina de álgebra,
que você cursou este semestre. Se pudesse mudar alguma coisa, o que você
mudaria?
3) Sobre os conteúdos estudados em álgebra II, você considera algum deles
desnecessários para sua formação como professor do ensino básico? se sim,
quais?
4) Você considera o curso de álgebra II importante para a sua formação como
professor do ensino básico? se sim, quais as contribuições que esse curso poderá
dar à sua formação?
5) Faça um comentário sobre à Metodologia de Ensino-Aprendizagem-Avaliação
de Matemática através da Resolução de Problemas, destacando o que você
considera mais relevante e evidencie os prós e os contra dessa metodologia.
6) Você utilizaria a Metodologia de Ensino-Aprendizagem-Avaliação de
Matemática através da Resolução de Problemas na sua prática docente? por que?
7) Disserte sobre outros pontos que você considerar importantes, relacionados à
disciplina de álgebra II, na formação de professores.
Fonte: Elaborada pelo autor
A Figura 32, apresenta uma metáfora para a construção de uma nova ideia. Ela
representa uma pequena seção que compõe o nosso sistema cognitivo.
desabafos dos alunos durante o 16º encontro e apresentadas neste capítulo, com
certeza levarão esses estudantes a refletir também sobre suas atitudes durante sua
carreira docente, mesmo porque, alguns deles já atuam como professores da
Educação Básica ou participam do PIBID e, durante o debate promovido no último
encontro, buscavam comparar sua prática com a de seus professores.
Ainda em relação à prática, chamamos a atenção sobre como trabalhamos a
AAM, buscando sempre relacionar seus conteúdos com os da Educação Básica, ou
seja, uma relação teoria e prática, dentro das orientações da LDB (Lei de Diretrizes
e Bases nº 9.394) e do CNE/CP (2015), também apresentadas no Capítulo 3.
Buscamos não dissociar a teoria da prática, ou seja, não “entupir” os alunos com
teorias de AAM para depois relacionar essas teorias com a futura prática desses
alunos. Como pode ser observado, a partir do segundo encontro, buscávamos, ao
término da introdução de um conceito de AAM, deixar uma Atividade Extraclasse
que seria discutida em aulas posteriores. Essa atividade, além de desempenhar o
papel de relacionar uma nova teoria apresentada com a prática do futuro professor,
servia também como uma atividade de fixação do conteúdo novo introduzido. Dessa
forma, os alunos se sentiam motivados a trabalhar de forma efetiva essa atividade,
consequentemente aperfeiçoando seu conhecimento sobre esse novo conteúdo.
Porém, foi notória a dificuldade que os estudantes tiveram para promover e, até
mesmo, entender essa associação entre um conceito da Matemática Superior com
os da Educação Básica, como já apontavam Sousa e Fernandes (2004):
Apesar da disciplina Álgebra II, na forma como foi trabalhada, ter trazido
grandes contribuições para os alunos no âmbito de uma postura profissional, como
acabamos de apresentar, acreditamos que as maiores contribuições da AAM, para
essa turma, foram dadas nas formações matemática e didática do aluno. Quando o
Professor-Pesquisador buscava relacionar um conteúdo de AAM com conteúdos da
Educação Básica, ou incentivar e proporcionar situações para que os estudantes
buscassem sempre essa relação, ele levava os alunos a perceber a importância
dessa disciplina para sua formação e que cada conceito, que eles iam aprendendo,
230
não serviria apenas para garantir sua aprovação nessa disciplina, mas os ajudaria a
melhorar sua compreensão sobre algum conteúdo da Educação Básica. Ou seja, os
conteúdos da Álgebra Abstrata serviam para justificar conteúdos elementares, como
as definições e propriedades das operações dos números inteiros, a importância do
zero e do um para as operações numéricas e a relação existente entre estruturas
como matrizes e polinômios, dentre outros.
Outro fator, que vale a pena destacar, foi a grande motivação dos alunos ao
conhecerem algumas das aplicações dessa Álgebra em coisas importantes do
mundo real, como ocultação de informação (criptografia) e transmissão de
informações (teorias de códigos). Pois,
23
Destacado (negritado) por nós.
231
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Assim, não temos dúvidas de que a nossa pesquisa atende o primeiro método
de avaliação apontado por Thomas A. Romberg.
Durante o processo de implementação do nosso projeto de ensino,
identificamos, dentre outras coisas, um crescimento significativo do envolvimento e,
consequentemente, da aprendizagem dos alunos. Isso pode ser observado durante
o processo de avaliação presente na Metodologia de Ensino-Aprendizagem-
Avaliação de Matemática através da Resolução de Problemas, nas atividades
desenvolvidas por eles, nos diálogos ocorridos nesse processo (parcialmente
relatados neste trabalho) e nos próprios depoimentos dos alunos. Inclusive, isso foi
bem observado no depoimento apresentado a seguir:
por todo processo de construção do projeto, criação, implementação e seu uso. Isso
torna nossa pesquisa esclarecedora, cumprindo assim, a última exigência do
processo de avaliação, apontado por Romberg.
REFERÊNCIAS
BOLDRINI, J. L. et al. Álgebra Linear. 3a ed. São Paulo: Harbra, 1980. 411p.
UNESCO. Declaração de Nova Delhi sobre Educação para Todos. Nova Delhi:
Unesco, 1993. Disponível em:
<http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001393/139393por.pdf>. Acesso em: 17
out. 2014.
Ministério da Educação
Instituto Federal de Goiás
Campus Goiânia
Departamento de Áreas Acadêmicas 2
Plano de Ensino da Disciplina
Álgebra 2
Caracterização
Pré-requisitos
Álgebra I
Ementa
Grupos e seus subgrupos, homomorfismos e isomorfismo de grupos, teorema de Cayley,
classes laterais e o teorema de Lagrange, subgrupos normais e grupos quocientes. Anéis, anéis
comutativos e anéis com unidade. Subanéis. Homomorfismos e isomorfismo de anéis. Anéis de
Integridade e Corpos.
Objetivos
Estudar tópicos de álgebra abstrata concernentes às teorias de grupos, anéis e corpos, com a
intenção de desenvolver o censo crítico dos alunos neste vasto e profícuo ramo do conhecimento
matemático, permitindo-lhes por exemplo, classificar objetos algébricos por suas características
bem mais que por sua aparência.
Descrição do conteúdo
Data Estratégias
Objetivos Conteúdo Nº aulas
de Ensino
248
06
Grupos – Definição e exemplos MRP
06
Subgrupos – Definição e exemplos MRP
Teorema de Lagrange 04 MT
04
Homorfismos e isomorfismos MT
Teorema de Cayley 2 MT
Subgrupos normais 4 MT
Grupos quocientes 4 MT
Teorema de Cauchy 2 MT
1ª Prova 2
Metodologia
Para o alcance dos objetivos propostos serão empregados os seguintes procedimentos didáticos:
aulas expositivas dialogadas com e sem o auxílio de softwares matemáticos; estudos dirigidos
individuais e em grupo. Pesquisas históricas bibliográficas sobre os temas estudados e exibição de
vídeos que estendam e mostrem aplicações dos conceitos estudados.
Recursos Didáticos
Quadro negro, giz, livro didático, softwares matemáticos e Datashow.
Bibliografia
249
Básica:
− Domingues, Hygino H. , Iezzi,G. Álgebra Moderna, 4ª ed. Reform. , São Paulo: Atual, 2003.
− Gonçalves, Adilson. Introdução à Álgebra. Rio de Janeiro: IMPA, 1979.
Complementar:
− Herstein, I. N. Topics in Algebra. New York: Wiley, 1964.
− Rotman, J. J. Advanced Modern Algebra, Prentice Hall, Upper Saddle River, NJ, 2002.
Avaliação
DADOS DE APROVAÇÃO
Assinatura
Professor Coordenação
Data de aprovação
250
Quantidade de Alunos: 9
Quantidade de Aulas Prevista: 32
Quantidade de Encontros: 16
Normas:
• A pesquisa não deverá interferir no currículo da disciplina, bem como no
cumprimento do mesmo;
• O professor da disciplina (Professor-Colaborador) passará o direito e a
responsabilidade da aula para o Professor-Pesquisador, durante os 16 encontros
definidos e acordados por eles. Os demais encontros serão de responsabilidade
do professor da disciplina;
• O Professor-Pesquisador poderá assumir o papel de professor da disciplina, em
outro momentos, além dos citados anteriormente, quando for necessário e estiver
de comum acordo com o professor da disciplina;
• O Professor-Pesquisador poderá filmar e fotografar as aulas, quando achar
necessário. As mídias serão usadas exclusivamente para coleta, análise e
fundamentação dos dados da pesquisa. Nenhuma mídia será divulgada,
preservando a identidade e a integridade dos participantes e, ficará de posse do
pesquisador por um prazo máximo de cinco anos, logo após serão destruídas, de
acordo com o que reza em alguns dos principais códigos de ética e conduta,
destinados a este feito;
251
Ciente das normas aqui estabelecidas, e de pleno acordo com elas, firma-se
o referido compromisso.
Goiânia, ___ de março de 2015.
____________________________ ____________________________
Professor-Pesquisador Professor da disciplina (Álgebra II)
____________________________ __________________________
Aluno(a): Aluno(a):
____________________________ __________________________
Aluno(a): Aluno(a):
____________________________ __________________________
Aluno(a): Aluno(a):
____________________________ __________________________
Aluno(a): Aluno(a):
____________________________
Aluno(a):
252
Relação de Equivalência
Definição 1: Sejam A e B dois conjuntos não vazios. Denominamos produto
cartesiano de A por B, o conjunto A × B = {(x, y) | x ∈ A e y ∈B} .
Exemplo 1:
Para A = {a, x,1} e B = {3,−1} temos: A × B = {(a,3),(a,−1),(x,3),(x,−1),(1,3),(1,−1)}}
q ∈! .
3 = {...,−9,−5,−1, 3, 7, 11} .
254
Exercícios:
4) Qual seria uma definição de divisão de polinômios, equivalente a divisão
inteira dos inteiros?
5) Qual a relação algébrica existente entre os inteiros e os polinômios? discuta
suas potencialidades.
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
1) Faça uma lista de todos os conteúdos de álgebra abstrata que você consegue se
lembrar e, relate tudo que você sabe sobre eles.