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Pregação - A Expectativa

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A Expectativa, ou aquilo que esperamos é a esperança de conseguir ou de realizar algo.

Normalmente ela está


baseada em algum fato ou leitura que nós fazemos do mundo e das pessoas que nos cercam. Então ela pode ser
construída em algo concreto ou não, mas no nosso ponto de vista, é sempre algo concreto, porque na nossa
percepção, nós estamos sempre certos.

Outra coisa interessante sobre expectativa, é que não é apenas algo que criamos para nossa vida. O mais comum na
verdade, é que seja algo que desenvolvemos em relação aos outros que nos cercam: amigos, parentes, filhos... E o
quanto pode ser doloroso e limitante para todos os envolvidos.

Quero compartilhar com a igreja a história de uma família no começo da primeira aliança:

Gênesis. 32:24 a 31 ‫עק ב‬


24. Jacó, porém, ficou só; e lutou com ele um homem, até que a alva subiu. 25. E vendo este que não prevalecia
contra ele, tocou a juntura de sua coxa, e se deslocou a juntura da coxa de Jacó, lutando com ele. 26. E disse:
Deixa-me ir, porque já a alva subiu. Porém ele disse: Não te deixarei ir, se não me abençoares. 27. E disse-lhe:
Qual é o teu nome? E ele disse: Jacó. 28. Então disse: Não se chamará mais o teu nome Jacó, mas Israel; pois
como príncipe lutaste com Deus e com os homens, e prevaleceste. 29. E Jacó lhe perguntou, e disse: Dá-me,
peço-te, a saber o teu nome. E disse: Por que perguntas pelo meu nome? E abençoou-o ali. 30. E chamou Jacó o
nome daquele lugar Peniel, porque dizia: Tenho visto a Deus face a face, e a minha alma foi salva. 31. E saiu-lhe
o sol, quando passou a Peniel; e manquejava da sua coxa.

Eu gosto bastante de contextualizar a história na bíblia. Isso me ajuda a compreender melhor o texto. Tentar
entender algumas ações e comportamentos e, dessa forma, ser capaz de deduzir alguns sentimentos, seguindo as
pistas que encontramos no texto e buscando conhecer, pelo menos um pedacinho da cultura daquele tempo.

Então, pra começar, quero compartilhar com vocês um entendimento: o nome naquela cultura Hebraica recém-
criada e parte da Mesopotâmia que é de onde vêm a família de Jacó, (ou seja, Isaque, seu pai e Abraão seu avô) não
é só uma maneira de diferenciar as pessoas. O nome está mais relacionado à identidade como adjetivo do que como
substantivo próprio. Vou melhorar: o nome naquela cultura está muito mais próximo a algo que te identifica no seu
propósito, sua personalidade ou a expectativa gerada na sua vida, do que uma maneira de te diferenciar dos demais.
Para aqueles homens o nome tem um significado profundo, definidor.

Exemplo disso, quando Moisés tem seu encontro com Deus no deserto, uma pergunta que Moisés faz é como se
chama, como posso te apresentar, qual é sua característica? No que Deus não responde seu nome e sim EU SOU
QUEM SOU e isso não é pouco. Deus se revelava para Moisés como aquele que Era, a presença que não se pode
escapar, que está em todos os lugares. Que não foi dado a existir, mas sim Aquele que É!

Voltando para história de Gênesis, Isaque, filho da promessa feita a Abraão se casa com Rebeca e ela tem dificuldade
para engravidar. Isaque ora a Deus e Rebeca engravida. A gestação é difícil e Rebeca busca a Deus que responde em
GENESIS 25:23 – haviam duas nações no ventre dela, ou seja, duas crianças que dariam origem a dois povos
separados e o mais velho serviria ao mais novo, o que é uma subversão das práticas da época. Naquele tempo o
primogênito era o herdeiro e futuro líder da família e recebe toda ou a maior parte da herança, segundo alguns
historiadores, 2/3 de tudo, enquanto os demais irmãos dividem 1/3, ou seja: se o pai tem 3 bois, na divisão da
herança, o primogênito fica com dois bois e os demais irmãos fazem um churrasco pra dividir o terceiro boizinho.
Isso era levado tão a sério que no parto de gêmeos, caso algum bebê colocasse alguma mão ou pé para fora antes,
eles amarravam uma fitinha vermelha para não se perderem e conseguirem identificar o primeiro e Rebeca está
grávida de gêmeos. No parto nasce primeiro um bebê que parece uma bolinha de pelo ruivo e segurando no
calcanhar dele um menor e mais lisinho. Ao peludo chamaram Esaú e ao pelado Jacó. Esaú significa Coberto de Pelos
ou Peludo e Jacó significa Calcanhar ou Aquele que Agarrou no Calcanhar. Mas existe outro significado para Jacó - no
Hebraico não existiam vogais então a palavra calcanhar e enganar eram escritas da mesma forma, só tendo

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diferença na maneira como eram pronunciadas. Em português chamamos isso de homógrafos, palavras com
grafias iguais mas sons diferentes. Por exemplo: palavra olho:
1) Minha mulher tem olho azul (substantivo – globo ocular)
2) Eu olho pela janela procurando as crianças (olhar – verbo)
A gente nota uma pequena diferença na vocalização.
Isso para explicar porque não cabia, no meu raciocínio, que um pai e uma mãe pudessem dar ao filho o nome de
Enganador. O que existe aí na verdade é um trocadilho vocal e a maioria dos textos que vi a respeito não se atenta.
Na verdade, a partir desse entendimento, faz muito mais sentido o desenrolar do texto.

O texto deixa bem claro em GENESIS 25:28 que Isaque tinha preferência por Esaú, por ser mais forte, caçador,
homem do campo. Enquanto a mãe Rebeca amava mais a Jacó que era recatado e do lar. Então as crianças crescem
sendo acolhidas pelo pai no caso de Esaú ou pela mãe no caso de Jacó. Talvez aqui tenhamos a principal raiz do
problema: uma família disfuncional cria preferências por um ou outro filho e gera expectativas que não serão
atendidas.

Irmãos, a expectativa é algo natural, não podemos impedir os outros a criarem expectativas a nosso respeito, pais,
cônjuges, amigos. O problema é quando construímos nossa identidade com base nessas expectativas. Para atender a
expectativa dos outros e às vezes nossas mesmo, acabamos criando máscaras e elas se transformam em correntes
que nos aprisionam, que nos limitam.

Isaque estava disposto a passar por cima da vontade de Deus – a expectativa do pai é que Esaú fosse o líder. Isaque
queria que sua vontade prevalecesse.
Rebeca estava disposta a passar por cima da verdade e da moral – A expectativa da mãe é que Jacó fosse o líder.
Saibam aqui, o erro da mãe não é menor que o erro do pai só porque está alinhada com a revelação de Deus.
Quando Rebeca está disposta a enganar o esposo para privilegiar um filho, ela não está fazendo a vontade de Deus,
ela está satisfazendo seu desejo. Deus não tem parte na mentira de Rebeca. Praticamente toda a bíblia é construída
de meios, de processos. A cura, a santificação, a revelação, o milagre é sempre o processo pelo qual nós passamos.
Deus não dispensa um processo e os fins não justificam os meios.

Nessa sopa de lentilhas crescem os filhos. Não era de se espantar que tudo desembocasse em mentira, juras de
morte e separação.

Esaú era colérico, intempestivo. Agia primeiro pensava depois. Jacó provavelmente era fleumático, mais pacífico,
lento e pensava para agir. Temperamentos opostos. Certo dia Esaú voltava do campo e não tinha conseguido nada!
Tinha andado dias e nada. Voltava então para casa, faminto, se arrastando. Encontra Jacó cozinhando um guisado de
lentilhas vermelhas. Esaú implora por um prato, Jacó enxerga uma oportunidade e compra a primogenitura de Esaú
por uma prato de comida como pagamento. Jacó seguia o raciocínio da mãe, onde os fins justificam os meios.

O tempo passa. Os problemas não são resolvidos. Esaú toma por esposa duas mulheres hititas, um povoado vizinho,
algo que deixou Isaque e Rebeca profundamente amargurados, pois trouxe para dentro de casa uma série de
costumes e cultos pagãos. Mas assim era Esaú, seguia a sua unicamente sua vontade própria, aprendeu com Isaque,
seu pai.

Com a idade de Isaque avançando, ele fica praticamente cego e sente que está na hora de passar o bastão à diante.
Chama Esaú e pede um mimo, um gesto de carinho. Pede que Esaú vá até o campo cace, volte e prepare uma
comida, talvez o prato preferido vindo pela mão do filho preferido.

Acontece que Rebeca escuta a conversa, corre na frente e arquiteta um plano junto com Jacó para enganar o pai,
aproveitando sua deficiência. Jacó tem dúvidas, mas cede à vontade da mãe. O plano dá certo, eles pegam dois
cabritos do próprio rebanho e Rebeca cozinha do jeitinho que Isaque gosta e disfarça Jacó com as roupas de Esaú.
Quando Jacó já disfarçado entra na tenda do pai, Isaque pergunta: quem és tu? Qual seu nome? E Jacó mente! Esaú
meu pai, teu primogênito. Isaque desconfia, pede que o filho se aproxime, sente o cheiro, passa a mão nas roupas e
se rende. Foi enganado. Ali ele come e bebe e abençoa o filho com a benção que recebeu de seu pai Abraão. Assim
que Jacó recebe a benção, deixa a tenda e em seguida chega seu irmão com outro prato para o pai. Lendo a bíblia da
impressão que eles quase se esbarram...
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Quando Esaú oferece o prato para o pai, é descoberta a mentira. Esaú fica histérico. A palavra de Deus nos conta que
ele fica aos berros e na mesma hora ele e o pai percebem o plano de Jacó, agora mais que nunca o enganador. Esaú
faz juras de morte ao irmão e o lar daquela família problemática é desfeito. Rebeca convence Isaque a mandar Jacó
fugido para a terra de seus parentes, seu irmão Labão em Harã. Serão mais de 700 km de distância que separarão
mãe e filho preferido, mas antes a distância que a morte. Rebeca não volta a ver seu filho Jacó.

A bíblia não conta que Jacó tenha deixado a terra dos pais com bens. Isaque era um homem extremamente rico e,
pelo texto a impressão que temos é que Jacó levou consigo somente o que necessitava para sua viagem deixando
para trás sua herança. Inclusive quando encontra com Raquel, seu grande amor, já está nas terras de seu tio e
propõe trabalhar sete anos pela mão dela. Se tivesse em posse de bens, pagaria o dote dela. Então qual é a
recompensa por ter enganado o pai? Acredito que a recompensa era afeto, aceitação, amor... Jacó ansiava por obter
uma posição no coração do pai, lugar que sempre foi de Esaú, mesmo com todas as burradas que ele cometeu, o pai
nunca colocou em xeque a posição de Esaú como mais querido. Jacó era deixado para trás. Jacó queria ser amado,
queria atenção do pai de um jeito ou de outro.

A história continua com Jacó sendo enganado por seu sogro de forma semelhante ao que enganou seu pai, mas a
benção estava sobre ele e mesmo assim ele prosperou e passaram 20 anos. Ajuntou 2 esposas, 2 servas, 11 filhos,
pastores, cabras, bois, camelos... A vida de Jacó em Harã dá uma pregação, mas quero me adiantar um pouco até o
momento da volta, quando Deus fala a Jacó que retorne para as terras de seus pais. Jacó sai fugido das terras de seu
sogro que o persegue, mas Deus, em sonho, adverte a Labão, sogro de Jacó e determina que o deixe ir. Então Jacó
chega ao vale de Jaboque. Jaboque era um rio que vinha do leste da Mesopotâmia e desaguava no rio Jordão. O vale
de Jaboque ou vau era um ponto onde a travessia poderia ser feita por uma caravana, que era como viajava a família
de Jacó de volta para casa.

Jacó fica sabendo que Esaú vem em sua direção com 400 homens. Em sua imaginação Esaú vem para cumprir a
promessa que fizera antes de sua fuga 20 anos antes. Então Jacó divide sua caravana e envia presentes na frente
para tentar aplacar a fúria de seu irmão. Manda logo atrás, em uma caravana a parte, também sua família, para
tentar comover de vez o coração de Esaú. Até o ponto de ficar sozinho ao cair da noite e aqui voltamos ao texto que
lemos no início.

Quando Jacó ficou só, começou a lutar com ele um homem. Temos aqui uma Teofania, a personificação de Deus e
era necessário que Jacó estivesse só. Que ele reconhecesse seu para O Anjo, o nome: Jacó, na verdade agora ele
estava dizendo: sou enganador. 20 anos antes, seu pai havia feito a mesma pergunta, mas a resposta era outra.
Mentira. Também não cabia mais transferir a culpa. Talvez o nosso primeiro reflexo seja sempre esse: culpar o outro.
Jacó não fala: foi tudo idéia da minha mãe. Ele assume a culpa. Havia uma escolha a ser feita e ele a fez. Atendeu a
expectativa de sua mãe sim, mas, principalmente, serviu seus próprios interesses e então Jacó escolheu mentir,
enganar. Mas agora não cabiam mais máscaras. Não! Agora Jacó admite. Agora diante de Deus, Jacó confessa seus
pecados.

A partir daquele momento, Jacó que conhecia Deus através de seus pais e avós, o Deus de seus antepassados tem
uma experiência real. Nós podemos nascer em berço cristão, passar a vida inteira dentro de um templo e nunca nos
tornarmos igreja, nos tornarmos o templo do Espírito Santo. Jacó teve um encontro face a face (Tenho visto a Deus
face a face, e a minha alma foi salva) agora aquele era também o seu Deus. O Deus de Abraão, de Isaque e Jacó. O
vale do Jaboque agora se chamava Peniel e Jacó agora era Israel. Seu nome havia sido mudado. Deus mudou a
identidade dele, mudou o propósito. Você nunca sairá de um encontro com Deus da maneira que entrou. Deus não
luta contra Jacó, Deus luta com Jacó. E esta é a única forma de prevalecer numa luta com Deus, quando confessamos
nossos erros.

Rebeca tinha a expectativa que seu filho preferido fosse o líder da tribo. Deus não tem expectativa, ele tem um
sonho para nossa vida. O sonho de Deus para Jacó era ser pai de nações, para que através de sua linhagem fossem
benditas todas as famílias da terra. Não importa o quão grande sejam nossas expectativas, o sonho de Deus para nós
é infinitamente maior! Ele tem também o mais profundo conhecimento a nosso respeito. Coisas que nós mesmos
não nos damos conta e que acabam moldando nossos sentimentos e pensamentos e, por consequência, nossas

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atitudes. E nos conhecendo, Deus traçou um plano pra quem O deseja, que é sair da prisão das expectativas, da
imobilidade das correntes e te conduzir através do Espírito Santo à imagem de Cristo. Amém!

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