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Resenha "O Que Precisa Saber Um Professor de História?" Flavia Caimi

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Resenha do texto “O que precisa saber um professor de história?

Rio de Janeiro

2019

CAIMI, F. E. O que precisa saber um professor de história? ; WHAT A HISTORY


TEACHER NEEDS TO KNOW? [s. l.], 2016. Disponível em:
<http://search.ebscohost.com/login.aspx?direct=true&db=edsbas&AN=edsbas.C4F20C
37&lang=pt-br&site=eds-live&scope=site>. Acesso em: 1 out. 2019.

Flavia Caimi afirma que o que um professor de História precisa saber depende de muitas
variáveis, como as demandas sociais em cada época, os preceitos disseminados pelas
políticas educacionais públicas, os diferentes contextos escolares e afins. De certo modo,
o objetivo deste estudo é problematizar algumas das demandas essenciais apresentadas
no trabalho do professor de História no contexto brasileiro. Há uma crise no ensino
escolar brasileiro. Um dos motivos para a decadência da educação no país é a falta de
apelo das propostas do sistema escolar perante os jovens. Comumente a educação
tradicional exercida a décadas é vista pela juventude como composta de conteúdos
obsoletos e atividades irrelevantes.
Neste texto Caimi aborda as expectativas coletivas a respeito de consensos básicos sobre
o que e como se entende que deva ser a disciplina História na escola. A autora ressalta
que apesar de abordar diversas questões em seu artigo, não possui intenção de
rigorosamente responde-las, apenas debater sobre estas problemáticas. Caimi ressalta que
o conhecimento histórico possui relevância na atualidade, pois confere inteligibilidade e
justificativa ao tempo presente. Tendo papel imprescindível durante a formação escolar,
a história conta com o professor como mediador decisivo nos processos de aprendizagem.
Devido as transformações sociais vivenciadas nas últimas décadas, as exigências feitas
aos docentes têm aumentado. Atualmente é cobrado que os professores exerçam sua
função com maior autonomia, disposição e competência. Os professores são
indiretamente avaliados através dos resultados obtidos por seus alunos em índices
controlados por mecanismos públicos de avaliação em larga escala. Hoje em dia ensinar
não é o bastante.
Segundo Caimi, as reformas educativas implementadas no Brasil na década de 1990 e
2000 implementam demandas específicas aos professores de História. Um exemplo
destes novos temas é a incorporação de novos conteúdos no currículo escolar, temas estes
que ganharam destaque com a renovação historiografia. Os novos temas e metodologias
que deveriam ser incrementadas no ensino de história ainda não se concretizaram por
completo no âmbito prático. Dentre os motivos que afastam as teorias da pratica, se
destacam a redução da carga horaria da disciplina de história em conjunto a maior
complexidade das aulas. Caimi afirma que, apesar de todas as razoes, os docentes só
mudam suas práticas pedagógicas quando percebem que os resultados serão positivos e
efetivos.
Caimi defende que, para dar conta das exigências que emergem dos atuais contextos
social e escolar, o saber histórico não é o suficiente para ensinar história. Neste raciocínio,
a autora destaca três aspectos necessários na carreira de professor de história: os saberes
a ensinar; os saberes para ensinar; os saberes do aprender. Os “saberes a ensinar” é tudo
que está relacionado ao saber histórico. Já os “saberes para ensinar” se refere a tudo que
engloba a docência, o currículo e a cultura escolar. Por fim, os “saberes do aprender”
abordam questões do aluno, da cognição, do pensamento histórico e entre outros.
Os “saberes a ensinar” são fundamentais, pois o professor de História precisa dominar o
conteúdo para poder ensina-lo. O saber histórico é conteúdo que possibilita ao docente
selecionar conceitos e informação histórica cientificamente fundamentada. As decisões
de um professor de História sobre como selecionar e transmitir a matéria reflete a sua
concepção de História.
Segundo Caimi, dominar o saber histórico não é o suficiente para ser um professor eficaz.
Justamente pois, passar conhecimento é simples, difícil é fazer o outro aprender. No caso,
a dificuldade da docência está em criar condições para que o outro individuo possa
articular-se intelectualmente, de modo que comece a pensar por conta própria. Neste
sentido, os “saberes para ensinar” se referem a tarefa de transmitir conhecimento pautado
em saberes pedagógicos, de modo a transformar os conhecimentos científicos em
conhecimentos válidos socialmente. O professor é o mediador entre o currículo e os
alunos, ele tem a tarefa de ensinar através da decodificação da cultura atual. Apesar de
ser o docente quem interpreta o currículo, suas decisões estão situadas em um contexto
institucional, formulado tanto dentro da comunidade escolar como fora.
A maior questão pedagógica do ensino de História é transmitir os saberes de modo a
estimular a mobilização intelectual do aluno. Segundo Caimi, a essência da história
escolar é desenvolver nos alunos a capacidade de pensar historicamente. Todavia, para
provocar a mobilização intelectual dos estudantes é necessário utilizar os “saberes do
aprender”, pois é preciso conhecer os alunos para saber como estimula-los. É necessário
introduzir o conteúdo deixando explicito que ele foi formulado através de metodologias
cientificas em um processo de construção intelectual, para que o discente entenda que
este conteúdo é passível de alterações e reflexões.
O conhecimento histórico está intrinsecamente relacionado à composição de narrativas
acerca das experiências sociais presentes no tempo. As narrativas são uma das mais uteis
ferramentas de transmissão de saber histórico. Todavia, é preciso tomar cuidado para não
privilegiar uma narrativa ou simplificar o conteúdo, para não recair em problemáticas já
abordadas, como a ausência de mobilização intelectual do discente.
Segundo Caimi, alguns indivíduos creem que basta o saber histórico para ensinar de
forma eficaz, recaindo na crença do “conteúdo sem forma”. Já outros acreditam que as
ferramentas pedagógicas são o suficiente para se ensinar, perpetuando a “forma sem
conteúdo”. Caimi ressalta que para ensinar ao aluno de forma que ele se mobilize
intelectualmente, é necessária uma junção do saber histórico com as ferramentas
pedagógicas. Em relação ao currículo escolar, é essencial ressaltar que ele é resultado do
contexto social e politico de determinada sociedade e tempo. Deste modo, as disciplinas
e conteúdos presentes no currículo possuem implicitamente objetivos que determinada
sociedade acha necessário para as próximas gerações.

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