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Inferno

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INFERNO

Inferno é uma palavra de origem latina (infernum), que significa: as profundezas, o mundo
inferior, lugares baixos. Popularmente falando, entende-se que o inferno é um lugar
habitado por demônios e onde os maus, após a morte, são castigados; um lugar
destinado ao suplício e aos sofrimento dos condenados; um lugar de desordem e de
confusão; sendo visto também como a casa do diabo, onde ele estabeleceu o seu trono.
Há quem entenda que todos os mortos, cristãos e ímpios vão para o inferno, onde
aguardam pelo julgamento final. Mas também há quem acredita que o inferno seja um
lugar destinado apenas para os ímpios, enquanto que os cristãos vão para um lugar de
descanso junto do Senhor. Outra ideia, mais verdadeira, é de que o inferno seja o lugar de
punição final, de tormento eterno, onde serão lançados Satanás, os seus anjos, os
demônios e todos aqueles que não creram. O termo “inferno” só passou a ser usado na
bíblia a partir do início do século V, na tradução da Vulgada, grego para o latim, por
Jerônimo de Estridão. Na verdade, na versão da Septuaginta grega, quatro palavras são
usadas para traduzir “inferno” na bíblia. No VT temos o “seol”; enquanto que no NT, temos
“hades” (semelhante a seol), tártaro e geena.

O abismo, ao que parece, é uma região no mar, ou abaixo dele, onde se encontra o
tártaro e o seol/hades. No tártaro estão presos alguns anjos rebeldes e alguns
demônios. Já no seol/hades estão as almas dos mortos, daqueles que morreram e não
foram resgatados em Cristo, por não ter crido nEle. O abismo e tudo que nele há, um dia
será destruído. No geena, uma outra região diferente do abismo, temos o lago de fogo,
que é a segunda morte, para onde vão, como julgamento final, todos que se rebelaram
contra Deus.

1) Abismo
Segundo o Greek and English Lexicon to the New Testament (Léxico Grego e Inglês do
Novo Testamento; Londres, 1845, p.2) de Parkhurst, o grego á·bys·sos significa “muito ou
extremamente profundo”. Segundo o Greek-English Lexicon (Léxico Grego-Inglês, Oxford,
1968, p.4) de Liddell e Scott, significa “insondável, ilimitado”. A Septuaginta grega usa a
palavra regularmente para traduzir o hebraico tehóhm (água de profundeza, profundo,
mar, águas, abismo), como em Gn 1:2; 7:11.
A respeito do significado básico, “insondável”, como característica do “abismo”, é
interessante observar a declaração da Encyclopædia of Religion and Ethics (Enciclopédia
de Religião e Ética, 1913, Vol.I, p.54) de Hastings, que, ao comentar Rm 10:6-7, diz: “A
impressão transmitida pela linguagem de Paulo é da amplidão de tal domínio, como de
um que tentaríamos explorar em vão.” Paulo contrasta a inacessibilidade do “céu” e do
“abismo” com a acessibilidade da justiça pela fé. O uso da palavra relacionada, bá·thos,
feito por Paulo em Rm 11:33, ilustra isto: “Ó profundidade [bá·thos] das riquezas, e da
sabedoria, e do conhecimento de Deus! Quão inescrutáveis são os seus julgamentos e
além de pesquisa são os seus caminhos!” (I Co 2:10; Ef 3:18-19). Assim, em harmonia
com Rm 10:6-7, o lugar representado pelo “abismo” evidentemente também subentende

Fabiano Machado
estar ‘fora do alcance’ de todos, exceto de Deus ou do seu anjo designado, que tem a
“chave do abismo” (Ap 20:1). Um dos significados atribuídos à palavra á ·bys·sos no
Greek-English Lexicon (p.4) de Liddell e Scott é “o vazio infinito”.
A forma plural da palavra hebraica metsoh·láh (ou metsu·láh) é traduzida “grande
abismo” no Sl 88:6, e significa literalmente “abismos” ou “profundezas” (Zc 10:11).
Relaciona-se com tsu·láh, que significa “água de profundeza” (Is 44:27).
No princípio da criação, quando provavelmente só se via o mar, a Palavra nos diz que
havia trevas sobre a face do abismo (Gn 1:2; Pv 8:27). Na ocasião do dilúvio, lemos que
romperam-se todas as fontes do grande abismo (Gn 7:11; Pv 3:20; 8:28), as quais
fecharam-se mais tarde (Gn 8:2). Jó nos faz uma pergunta: “entraste nos mananciais do
mar ou percorreste o mais profundo do abismo? (Jó 38:16)”. Isaías também pergunta:
“Não és tu aquele que secou o mar, as águas do grande abismo? Aquele que fez o
caminho no fundo do mar, para que passassem os remidos? (Is 51:10)”; o qual esclarece
Davi ao dizer que Deus “repreendeu o mar Vermelho, e ele secou; e fê-los passar pelos
abismos, como por um deserto. (Sl 106:9)”. João, na sua visão do apocalipse, vê uma
besta que surge do abismo, que é a mesma que emerge do mar com dez chifres e sete
cabeças (Ap 11:7; 13:1). Logo, visto que a Palavra faz uma forte associação do mar com
o abismo (Sl 104:6), podemos pressupor que o abismo é o próprio mar ou se localiza no
mar. O mar pode ser uma espécie de cobertura, uma porta para o grande abismo.
Sabemos que no mar existem abismos colossais, onde o ser humano ainda não pode ir.
O próprio mar é como um abismo intransponível.

Entretanto, a Palavra ainda nos dá a entender que é possível a terra simplesmente se


abrir e as pessoas descerem vivas ao abismo (Nm 16:30,33; Sl 107:26; Pv 1:12).
Pessoas que desprezaram o Senhor. Se “desceram”, podemos concluir que o abismo fica
aqui na terra, em um lugar profundo (Jó 11:8; Sl 107:24) e inacessível. A cova e a
sepultura são vistos como portas do abismo (Sl 88:6,11; Ez 31:15).

O abismo é como uma prisão, de onde ninguém sai e nem se levanta (Sl 140:10).
Somente Deus pode resgatar alguém desse lugar (Am 9:2), onde Jesus, depois de pregar
por três dias aos espíritos em prisão (I Pe 3:19; Mt 12:40), foi levantado, resgatado e
ressuscitado (Sl 71:19-20; Rm 10:7). Visto que a Palavra diz que Cristo, nesta ocasião,
esteve no coração da terra, temos de concluir que o seol muito provavelmente fica no
centro da terra.

No abismo, ao que parece, há regiões, ou câmaras (Jó 38:16), lugares profundos (Jó
38:16; Sl 139:8) e tenebrosos para onde vão os mortos (Sl 88:6). O reino dos mortos fica
na parte mais profunda do abismo (Is 14:15), chamada de seol (hebraico) ou hades
(grego). Tanto o seol (Pv 27:20) quanto a morte (Jó 28:22) são personificados no
abismo, visto que nunca se fartam.

Sabemos que anjos foram lançados no tártaro (II Pe 2:4), ao que parece uma região
intermediária do abismo onde as forças espirituais do mal ficam presas, aguardando o
juízo. Quando Jesus estava para expulsar os demônios do gadareno, eles parecem
demonstrar um certo medo de serem enviados para o abismo (Lc 8:31).

Fabiano Machado
O abismo tem um rei, “uma estrela caída do céu”, um anjo caído, cujo nome é Abadom
(hebraico) ou Apoliom (grego) (Ap 9:11); o qual receberá uma chave para abrir o poço do
abismo, no toque da quinta trombeta (Ap 9:1); de onde sairão gafanhotos aterrorizantes
(Ap 9:7) e uma besta (Ap 17:8), a qual é o anticristo. No início do milênio, um outro anjo
(há quem entenda que seja o mesmo), o qual também tem a chave do abismo e uma
grande corrente, lançará Satanás no abismo, onde ficará preso por mil anos (Ap 20:1-3);
provavelmente no tártaro.

No final do milênio, tanto a morte, como o hades, e o próprio Satanás serão lançados no
lago de fogo (Ap 20:14). Entretanto, fica a dúvida sobre o que vai acontecer com o
abismo. No novo céu e na nova terra o mar não existirá mais (Ap 21:1). Não haverá
coberta para o abismo, de modo que o além (seol) ficará descoberto, desnudo (Jó 26:6;
Pv 15:11). Logo, podemos entender que, pelo fogo, Deus consumirá o grande abismo
(Am 7:4).

Para finalizar, vamos analisar a parábola do “Rico e do Lázaro” (Lc 16:19-31). “Havia um
homem rico que se vestia de púrpura e de linho fino e vivia no luxo todos os dias. Diante
do seu portão fora deixado um mendigo chamado Lázaro, coberto de chagas; este
ansiava comer o que caía da mesa do rico. Até os cães vinham lamber suas feridas.
Chegou o dia em que o mendigo morreu, e os anjos o levaram para junto de Abraão
(junto ao seio de Abraão). O rico também morreu e foi sepultado. No Hades, onde estava
sendo atormentado, ele olhou para cima e viu Abraão de longe, com Lázaro ao seu lado.
Então, chamou-o: “Pai Abraão, tem misericórdia de mim e manda que Lázaro molhe a
ponta do dedo na água e refresque a minha língua, porque estou sofrendo muito neste
fogo”. Mas Abraão respondeu: “Filho, lembre-se de que durante a sua vida você recebeu
coisas boas, enquanto que Lázaro recebeu coisas más. Agora, porém, ele está sendo
consolado aqui e você está em sofrimento. E além disso, entre vocês e nós há um
grande abismo, de forma que os que desejam passar do nosso lado para o seu, ou do
seu lado para o nosso, não conseguem”. Ele respondeu: “Então eu te suplico, pai: manda
Lázaro ir à casa de meu pai, pois tenho cinco irmãos. Deixa que ele os avise, a fim de
que eles não venham também para este lugar de tormento”. Abraão respondeu: “Eles têm
Moisés e os Profetas; que os ouçam”. “Não, pai Abraão”, disse ele, “mas se alguém
dentre os mortos fosse até eles, eles se arrependeriam.” “Abraão respondeu: “Se não
ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão convencer, ainda que ressuscite
alguém dentre os mortos””. Embora provavelmente seja um exemplo ilustrativo, podemos
pressupor que a figura nos traga alguma realidade. Podemos ver que a parábola faz uma
diferenciação entre o hades e o lugar em que o mendigo se encontrava junto de Abraão.
Para o hades, um lugar de tormento, sofrimento e calor, foi apenas o rico, o qual não se
compadeceu dos necessitados e não ouviu a lei e os profetas. Naturalmente que Lázaro
não está no hades, logo, não está também no abismo, ou no fundo dele (do outro lado).
Lázaro se encontra em um lugar que se parece com a ideia que temos do paraíso. Fica
claro que Lázaro não estava sofrendo e nem com sede. Além do mais, o rico, no hades,
podia ver, numa região acima dele, Lázaro e Abraão; de modo que podia calcular o
tamanho do seu erro. Ambos estavam separados por um grande abismo, o qual servia
como uma barreira intransponível entre os dois mundo. Muitos não reconhecem essa
parábola como sendo literal, mas acreditam que Jesus usou um mito judaico para explicar

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que haverá consequências para quem tem uma vida ímpia e para quem tem uma vida
justa. Quando, por ocasião da crucificação, um dos ladrões creu, Jesus lhe disse: “hoje
mesmo estarás comigo no paraíso” (Lc 23:41-43). Logo, ao que parece, o ímpio vai para
o hades (ou seol), enquanto que o cristão vai para o paraíso.

2) SEOL/HADES
Seol é um termo hebraico, enquanto hades é um termo grego; ambos, com o mesmo
significado, que muitas vezes é traduzido por “inferno”. Costuma-se associar seol/hades
com sepultura, cova, túmulo e lugar dos mortos. Entretanto a Palavra nos mostra que
essa expressão é muito mais do que um simples caixão debaixo da terra.
Como vimos, o seol/hades fica na parte mais profunda do abismo (Is 14:15). A parábola
do “rico e do mendigo” nos mostra que o seol/hades fica na parte de baixo (Lc 19:23),
comparado ao seio de Abraão. Ao que tudo indica o seol/hades fica em algum lugar
profundo na terra (Dt 32:22; Jó 11:8; Pv 9:18; 15:24; Am 9:2). Jonas, quando engolido por
um grande peixe, faz uma analogia do lugar escuro e profundo no qual se encontrava,
com o ventre do seol/hades (Jn 2:2). Não podemos esquecer que o seol/hades, ou fica
abaixo do abismo, ou fica na região mais profunda do abismo (Is 14:15).
A expressão “dormir no seol/hades” ou “fazer a cama no seol” (Sl 139:8), representa
passar dessa vida para a morte; significa ser colocado em uma sepultura. A sepultura,
assim como a cova (Sl 30:3; Pv 1:12; Is 38:18; Ez 31:16), nos dão a ideia de uma porta
(Pv 15:11; Jó 17:16) ou boca (Sl 141:7; Is 38:10) para a entrada no seol/hades. Visto que
o seol/hades é um lugar que está abaixo, em algum lugar na terra, quando morremos,
podemos dizer que descemos ao seol/hades (Gn 37:35; 42:38; 44:29,31; Nm 16:30; I Sm
2:6; Jó 21:13; Ez 31:15-17; 32:27).
Embora a Palavra use a expressão “descer vivo ao seol/hades”, ao ser engolido pela
terra (Sl 55:15; Nm 16:32); provavelmente, é uma mera figura de linguagem para dizer
que a pessoa ainda estava viva antes de desaparecer da face da terra. Talvez possamos
usar a mesma expressão para a queda de um avião no mar, o qual não foi encontrado. O
fato de ninguém ter visto ela morta, não significa que ela não morreu. Não há como entrar
no seol/hades sem passar pela morte. A morte anda ao nosso derredor, como um pastor
que procura uma “ovelha” morta para levar ao seu “aprisco” (Sl 49:14). Embora alguns
façam um pacto com o seol/hades e a morte (Is 28:15,18), e pensem estar tento alguma
vantagem, na verdade, ninguém pode enganar a morte. Há um tempo determinado para
morrer (Ec 3:1).
Quando laços de morte nos cercam (II Sm 22:6; Sl 16:10; 86:13; 116:3), somente Deus
pode nos livrar (Sl 30:3). O seol/hades é um lugar poderoso (Sl 49:15; 89:48; Os 13:14),
escuro (Jó 17:13), cruel (Ct 8:6) e sujo; para onde vai a nossa alma (Sl 16:10; 30:3).
Embora o nosso corpo seja consumido na terra, a nossa alma irá para as profundezas do
seol/hades (Sl 86:13; Pv 23:14). Todos passarão pelo seol/hades. Lá não há obra, nem
projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma (Ec 9:10); é um lugar onde todos
emudecem (Sl 31:17).
Ainda que pareça desesperador, os justos, entretanto, não permanecem no seol/hades.
Eles são remidos e resgatados por Deus (Sl 49:15; Os 13:14). No caso de Jesus, nem
mesmo o seu corpo viu a corrupção, ou seja, não foi consumido pelos vermes da terra (Sl

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16:10; At 2:27; 13:35). Cristo triunfou sobre a morte (I Co 15:55; Is 25:8; Os 13:14) e sobre
todo principado e potestade por meio da obra da cruz (Cl 2:15). Em Cristo, o filho do Deus
vivo, somos edificados e passamos a ter poder para derrubar as portas do seol/hades (Mt
16:17-18).
O nosso Deus nos faz conhecer o caminho da vida (Sl 16:11) para nos livrar do caminho
do seol/hades (Pv 5:5; 7:27). Deus é poderoso para nos livrar dos grilões da morte (Sl
68:20). O mesmo, não deve acontecer com os ímpios, os quais irão para o seol/hades (Sl
9:17) e lá ficarão. O seol/hades, um lugar de sequidão (Lc 16:24), é um lugar destinado
aos que viveram no pecado (Jó 24:19).
3) SEOL/HADES NA MITOLOGIA
O seol/hades é como um ser insaciável, que nunca se farta (Pv 27:20; 30:16; Is 5:14; Hb
2:5). Na mitologia grega, as profundezas correspondiam ao reino de Hades, para onde
iam os mortos. Daí ser comum encontrar-se a referência de que Hades era deus dos
Infernos. O uso do plural, infernos indica mais o caráter de submundo e mundo das
profundezas do que o caráter de lugar de condenação, em geral dado pelo singular,
inferno. Distinguindo o lugar dos mortos - o Hades - a mitologia grega também concebeu
um lugar de condenação ou de prisão, o Tártaro.
Hades, deus do mundo subterrâneo da mitologia grega (ou Plutão, na mitologia romana),
filho de Cronos e Réia, irmão de Zeus, Héstia, Demeter, Hera e Poseidon. Era casado
com Perséfone (Cora para os romanos), que raptou do mundo superior, para ter como sua
rainha. Este mito ficou muito conhecido como o rapto de Cora . Ele a traiu duas vezes,
uma quando teve um caso com a ninfa do Cócito e também quando se apaixonou por
Leuce, filha do Oceano.
Hades dominava o reino dos mortos, um lugar onde só imperava a tristeza. Conseguiu
esse domínio através de uma luta contra os titãs, que Poseidon, Zeus e ele venceram.
Assim Poseidon ficou com o domínio dos mares, Zeus ficou com o céu e a Terra e Hades
com o domínio das profundezas.
Era um deus quieto e seu eu nome quase nunca era pronunciado, pois tinham medo, para
isso usavam outros nomes como o de Plutão. Um deus muito temido, pois no seu mundo
sempre havia espaço para as almas. Seu mundo era dividido em duas partes: o Érebo
onde as almas ficavam para ser julgadas para receber seus castigos ou então suas
recompensas; e também a parte do Tártaro que era a mais profunda região onde os titãs
ficavam aprisionados. Hades era presidente do tribunal, era ele que dava a sentença dos
julgamentos.
Além das sombras e almas encontradas em seus domínios, era também cuidadosamente
vigiado pelo Cérbero que era seu cão de três cabeças e cauda de Dragão. Era conhecido
como hospitaleiro, pois nos seus domínios sempre tinha lugar para mais uma alma. O
deus quase nunca deixava seus domínios para se preocupar com assuntos do mundo
superior, fez isso duas vezes quando foi raptar sua esposa e a outra quando foi para o
Olimpo se curar de uma ferida feita por Heracles.
Hades tinha o poder de restituir a vida de um homem, mas fez isso poucas vezes e
muitas delas a pedido de sua esposa. Também conhecido como o Invisível, pois com a

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ajuda do seu capacete que o protege de todos os olhares. Este capacete também foi
usado por outros heróis como Atena e Perseu. Um ponto de vista sobre a ideia mitológica
é de que, na verdade, Hades não é o deus da morte e sim o da pós-morte; ele comanda
as almas depois que as pessoas morrem.
4) TÁRTARO
Esta palavra ocorre uma só vez nas Escrituras inspiradas, em II Pe 2:4. O apóstolo
escreve: “Deus não se refreou de punir os anjos que pecaram, mas, lançando-os no
Tártaro, entregou-os a covas de profunda escuridão, reservando-os para o julgamento.”
Este lugar não é para seres humanos, mas para anjos caídos; possivelmente os mesmos
“filhos de Deus” que pecaram em Gênesis 6:1-4. O tártaro não é um lugar onde almas
humanas são lançadas após a morte, mas onde parte dos anjos rebeldes estão
atualmente, em prisão, e não soltos como os demais estão.
Há um texto paralelo em Jd 6: “E os anjos que não conservaram a sua posição original,
mas abandonaram a sua própria moradia correta, ele reservou com laços sempiternos,
em profunda escuridão, para o julgamento do grande dia.” Mostrando quando foi que tais
anjos “abandonaram a sua própria moradia correta”, Pedro menciona os “espíritos em
prisão, os quais outrora tinham sido desobedientes, quando a paciência de Deus
esperava nos dias de Noé, enquanto se construía a arca” (I Pe 3:19-20). Isto liga
diretamente o assunto ao relato em Gn 6:1-4 a respeito dos “filhos do verdadeiro Deus”
que abandonaram a sua morada celestial para coabitar com mulheres em tempos pré-
diluvianos e produziram filhos por meio delas, sendo tais descendentes chamados de
nefilins. Os anjos que “não conservaram a sua posição original” podem ser os anjos
caídos que se rebelaram contra Deus junto com Satanás.
A palavra “Tártaro” também é empregada nas mitologias pagãs pré-cristãs. Na Ilíada, de
Homero, representa-se este mitológico Tártaro como prisão subterrânea ‘tão abaixo do
Hades quanto a terra é do céu’. Nele eram aprisionados os deuses inferiores, Cronos e
outros espíritos titãs. É digno de nota que o mitológico Tártaro não era apresentado como
lugar para seres humanos, mas sim para criaturas sobre-humanas. Portanto, há uma
similaridade neste sentido, uma vez que o Tártaro bíblico obviamente não é para a
detenção de almas humanas, mas apenas para iníquos espíritos sobre-humanos que são
rebeldes contra Deus.
O Tártaro provavelmente é um lugar dentro do abismo, acima do seol/hades. Na
mitologia grega o Hades é dividido em Érebreo (prisão das almas) e Tártaro (prisão dos
titãs). Como já vimos, provavelmente será no Tártaro que Satanás será aprisionado por
mil anos (Ap 20:1-3). Por fim, tudo será lançado no lago de fogo (Ap 20:14).
5) GEENA
A palavra "geena" é de origem hebraica; vem de "vale" e "Hinom". "É o Vale de Hinom,
onde o fogo queimava sem cessar". O Vale de Hinom era um lugar perto de Jerusalém,
onde Acaz iniciou a adoração aos deuses do sol e do fogo, Baal e Moloque. Os judeus
sob o domínio do ímpio Manassés, ofereciam seus filhos como ofertas queimadas nesta
adoração idólatra (Jr 7:31). O vale era, na verdade, o lugar da adoração idólatra de
Moloque, o deus do fogo (“Acaz... queimou incenso no vale do filho de Hinom, e queimou
seus filhos no fogo” (II Cr 28:3; 33:6; Jr 7:31; 32:35). O rei Josias estabeleceu o vale de

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hinom como um lugar de lixo e abominação (II Reis 23:10). Esta adoração cruel foi
finalmente abolida e Josias tornou o lugar um receptáculo de carcaças de animais e
corpos de malfeitores (criminosos), nos quais os vermes se reproduziram continuamente.
Um fogo perpétuo era mantido para consumir a matéria apodrecida. O lugar ainda existia
no tempo de Cristo e o Salvador o usou para ilustrar as condições do inferno, "O inferno
de fogo", ao se referir a este vale. Logo, se tem uma uma palavra que pode ser traduzida
por inferno, é a palavra geena.
Jesus usou esse termo várias vezes. Ele se referiu ao inferno como o "inferno de fogo",
no qual tanto "o corpo quanto a alma" serão lançados. Ele disse que lá "o fogo nunca se
apaga" e onde "o homem não morre". Jesus falou do inferno como um lugar de castigo
futuro. Ele falou de “ser lançado na geena” (Mt 5:29-30; 18:8-9; Mc 9:45, 47; Lc 12:5), “o
inferno de fogo” (Mt 5:22); “destruir o corpo e a alma no inferno” (Mt 10:28), “a
condenação do inferno” (Mt 23:33), “fazer dele um filho do inferno”, ou seja, um digno de
sua punição (Mt 23:15). É usado em outras partes do NT somente em Tg 3:6: “A língua é
incendiada pelo geena”. O NT ensina claramente que o castigo do inferno é eterno (Mc
9:47-48, Mt 25:46; Ap 14:11). Cristo não avisou sobre o inferno só para fazer medo aos
homens. Ele fez isto porque o inferno é real!

O livro do Apocalipse dá ao termo geena o nome de “lago de fogo” (Ap 19:20; 20:10, 14,
15 21:8). Além disso, uma vez que Apocalipse iguala o lago de fogo com a “segunda
morte” (Ap 20:14), este, aparentemente, também é um sinônimo para descrever geena.
Em mais uma confirmação da identidade destes termos no Apocalipse com geena, pode-
se notar que os homens incrédulos nela estão associados (20:15; 21:8), assim como o
próprio Satanás (20:10). É também o lugar eterno de condenação (20:10b).

A natureza espiritual do inferno, segundo alguns livros apócrifos, é corroborada pelo fato
de que ela foi colocada no terceiro céu (Ascensão de Isaías 4:14; II Enoque 40:12; 41:2).

ABISMO PARAÍSO

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Fabiano Machado

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