Improcesso (Livro Digital)
Improcesso (Livro Digital)
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Ângela Maria Paiva Cruz
VICE-REITOR
José Daniel Diniz Melo
DIRETORIA ADMINISTRATIVA DA EDUFRN
Luis Passeggi (Diretor
Wilson Fernandes (Diretor Adjunto)
Judithe Albuquerque (Secretária)
CONSELHO EDITORIAL
Luis Passeggi (Presidente)
Ana Karla Pessoa Peixoto Bezerra
Anna Emanuella Nelson dos S. C. da Rocha
Anne Cristine da Silva Dantas
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Edna Maria Rangel de Sá
Eliane Marinho Soriano
Fábio Resende de Araújo
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Maria da Conceição F. B. S. Passeggi
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Paulo Roberto Medeiros de Azevedo
Regina Simon da Silva
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Tânia Maria de Araújo Lima
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EDITORAÇÃO
Kamyla Alvares (editora)
Alva Medeiros da Costa (supervisora editorial)
Natália Melão (colaboradora)
Suewellyn Cassimino (colaboradora)
REVISÃO
Wildson Confessor (Coordenador)
Marineide Furtado
DESIGN EDITORIAL
Michele Holanda (coordenadora)
Wilson Fernandes de Araújo Filho (capa e miolo)
FOTOS
Ariane Mendes
Janine Leal
Taynah Barros
Viviane Dantas
William John
Patrícia Leal
(Organizadora)
IMPROCESSO
Diálogos dramatúrgicos em improvisação
Coordenadoria de Processos Técnicos
Catalogação da Publicação na Fonte.UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede
CDD 793.3
RN/UF/BCZM 2017/02 CDU 793.3
Patrícia Leal
Sumário
Condensação-território-possibilidades-movências
Iniciamos o trabalho em roda, com breves explicações
da Profa. Dra. Patrícia Leal sobre a proposta de residência
IMPROCESSO: Diálogos dramatúrgicos em improvisação.
Um interesse bem específico dessa residência de três
dias, proposta por Patrícia, foi a pesquisa sobre a construção
de dramaturgias cênicas, em tempo real. Em poucas palavras,
Patrícia vem trabalhando a improvisação como cena e pesqui-
sando como as regras e organizações da cena podem emergir
do momento presente, no ato do improviso, pautadas pelo diá-
logo imediato com o ambiente, pessoas envolvidas, audiência,
contexto.
Como “provocadora convidada”, propus que fizéssemos
nossas primeiras apresentações pessoais através do movi-
mento, num aquecimento improvisado, no qual todos improvi-
sam e todos seguem uns aos outros, num jogo que tem a regra
inicial (seguir e ser seguido) apenas como ponto de partida
para que se estabeleça um sistema coletivo de improvisação,
com regras que emergem do próprio fazer, do diálogo entre os
participantes, de maneira des-hierarquizada.
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IMPROCESSO
Moldura passagem
As propostas dramatúrgicas se estabelecem, perecem ou
transformam-se pela interdependência entre movimento indi-
vidual e coletivo, entre escuta atenta e propositiva, entre coin-
cidências e contrapontos.
A dramaturgia se faz pelas contaminações que ganham
permanência, ainda que se dissolvam em seguida, fazendo
emergir novas propostas, num ciclo orgânico, em constante
diálogo e em constante mutação. Ela transforma-se pela alter-
nância de lideranças, pela mistura de movimentos vindos das
motivações pessoais e das motivações trazidas pelo outro, pelo
esgotamento de uma proposta.
Fazer a dramaturgia “funcionar” a partir do exercício
de improvisação de um grupo heterogêneo de pessoas que não
costumam trabalhar juntas exige a criação de alguns vocabu-
lários comuns.
Côncavo acesso
Conhecermo-nos pelos nossos jeitos de mover, parecia
ser a melhor maneira de começar, pela possibilidade de valo-
rizar e acessar aspectos das nossas vidas que se exibem pelo
corpo em movimento e se percebem pelos sentidos. Seria o
caminho inicial para a construção desse esboço de “vocabulá-
rio” compartilhado.
Através do corpo em movimento, necessariamente, aces-
samos jeitos de pensar, formas de estar no mundo e intimi-
dades capazes de trazer qualidades de informação diferentes
das trazidas pelo “cartão de visita”, que revela apenas nossa
“ocupação”.
Para quem é possível jogar o bastão? Em quem é possível
tocar? Quem aguenta o risco de entregar-se à guia do outro de
olhos fechados? Quando é possível receber o peso do corpo do
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IMPROCESSO
Libido liberta
Nessa prática, a apropriação do material alheio, ao con-
trário de desfeita, é comportamento bem-vindo, é regra. A
cópia do movimento do outro é também estratégia de reco-
nhecimento de si e do outro.
Esse jeito de conhecer-aquecer o corpo gera conexão
entre todos.
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IMPROCESSO
Degustar retalhos
Foi interessante perceber como os disparadores iniciais
foram se diluindo e se transformando a partir do diálogo
mudo, instalado por outros sentidos que não o acordo verbal.
Instalados também pela e com a música, improvisada, soprada,
experimental, espaçosa, metálica, conflitante e sedutora.
Esse diálogo, atento às sutilezas de sentidos, na ausên-
cia de palavras, cheio de espaços para múltiplas possibilidades,
fez emergir de cada um de nós toda a disposição para aceitar
o outro, toda a generosidade para ceder, toda a coragem para
propor.
E nesses dias em que o movimento prevaleceu como
forma de conhecimento, reconhecimento e autoconhecimento,
não cabiam hierarquias institucionais, cabia apenas o alimento
do grupo para as potências de cada um.
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Um convite lisonjeiro e desafiador
Ariane Mendes
Começo, seguindo.
Me no
perdia
modelo e
fugia para meus
próprios movimentos,
na verdade variedade
do que eu seguia.
Não estipulei regra de tempo, nem de nada.
Deixei que os comandos chegassem até mim.
ATENÇÃO!!!
Atenção do movimento era
a falta de atenção da música.
Mas os sons agÚdos
invadem meus ouvidos.
E seus graaaves... Será a
“Sagração da Primavera...?!
Sons.
Ssons.
Sssons.
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Sssssssssssssssssssssons.
Sssssssssssoooonssssss.
Sõnsssssssssss.
SONS!
Improvisar
Antes: Depois
Medo Desafio
Timidez Aventura
Longe do cotidiano Conhecimento
Improvisar é mais do que movimentos aleatórios justapostos
para exibição visual. É agregação de conhecimento produzido por
meio corporal, por meio de si mesmo, e adquirido no momento de pro-
dução. É estar preparado para ouvir o outro. É dizer o que se precisa
dizer. É se calar quando seu assunto terminar. É saber que você não
é o único responsável pelo andamento das coisas. É saber que não
ser o único não desobriga sua responsabilidade. Enfim, improvisar é
aprender a viver.
Convívio dançante
Música contemporânea
Admiro os que guiaram
Aprender com colegas
Conhecer mais
Imagens geradoras de pensamentos, nas entrelinhas.
Parecia dança contemporânea, nas entrelinhas.
A liberdade nos foi concedida, nas entrelinhas.
E das entrelinhas surgiram ideias...
Bando de elos, ferro, ferramentas móveis, e até ferrugem.
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Expectativa – Palavras –
Sentidos – Processo – Criação
Anderson Pessoa
Expectativa
O que?
Por quê?
Qual a direção?
Qual o resultado?
Em que sentido estamos criando?
Em que se transforma nossa atuação?
Como somos percebidos e como percebemos?
Primeiro as perguntas.
Concreto?
Prefiro amorfo.
Linhas que se embaralham sem deixar que ninguém per-
ceba aonde se vai ou de onde se vem, assim como os corpos que
se movem e se entrelaçam.
Uma geleia viva...
de gente viva...
movimentando-se pelos sons...
Como se pudéssemos simplesmente manipulá-los...
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Processos de improvisação
Naira Ciotti
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O movimento
O moviment
O movimen
O movime
O movim
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Referências
CIOTTI, Naira. O híbrido professor-performer: uma prática. Dissertação
de mestrado Comunicação e Semiótica, PUC-SP, 1999.
ELIAS, NORBERT (1994). Sociedade dos Indivíduos. Rio de Janeiro: Zahar.
FANTI/XING, Silvia (Org.) (2003) Corpo sotile: Uno sguardo
sulla nuova coreografia europea.Milano: Ubulibri.
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Menina dos olhos
Patrícia Leal
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Palavras-imagem
A partir de imagens, potências, surgem palavras:
curva . luz . fome . nó . luz . flores no chão . só o pé . calça
quadrada . que calor! . sem cabeça . encarnado . preso . cor-
rente . reto . Ós . caleidoscópio . pássaro . as asas são muito
fechadas . ângulo . pôr do sol . pipa . xícaras . etiqueta no
chão . redondo . chão . rio . áspero . conexão . degrau . sem
cor . lágrima . gota . vagina . apagado . nó . coxinha . espa-
lhado . gostoso . polvo . flor . lenço . ameba . líquido . bunda .
praia . vento . quadril . massa . multidão . marketing . comér-
cio . derramou . elétrico e orgânico . continentes . banho
. Brasil . sem cabeça . o copo nas mãos . pele . bebe . osso .
Dramaturgas palavras se organizam:
Elétrico e orgânico comércio lenço apagado vagina no
fluxo derramou. Bebe!
Solto amarelo. Xícaras. Etiqueta no chão, conexão polvo,
espalhado, espelhados continentes!
Gota, gostoso, lenço, líquido, quadril em flor encarnado.
Sol, girassol pendurado: Coluna quente. Fome: flores no
chão.
Em cena:
Xícaras. Amarelo. Girassóis. A coluna quente. Tenho
fome. As flores estão ao chão. Bebe!
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Anexo
O público já está sentado esperando a apresentação.
Sentamos também, com eles em espera. Em nossa residência
nos incomodamos muitas vezes com a falta de silêncio, de
escuta, de pausa, de espera. Sentimos uma necessidade maior
de tempo, de permanência, de percepção clara e consciente
antes de qualquer antecipação ou julgamento, tão onipotentes
em nosso tempo, contexto, sociedade.
Sentados lado a lado com o público, esperamos os
pequenos gestos primeiros, olhares, entrecruzar de pernas,
apoiar de cabeças e já uma dramaturgia em fluxo: esperar,
observar, perceber, palpar, dedilhar, propor quase do que é
invisível, que sorrateiramente se organiza e avoluma. Volume
que cresce aos poucos qual broto ecoa do sax cobre tão grave
que nem parece metal, mas quase um dos nossos pulmões
ecoando mais forte em expiração audível para quem se senta
ao meu lado, à minha frente e um pouco mais distante e
enquanto o timbre se adensa, os corpos já em sistema con-
vergem gestos, fluxos, diálogos iniciados quase em sussurro
pedindo licença para adentrar no espaço e encontrando ecos
em outros corpos intérpretes, ouvintes, espaços vazios cheios
de som, textura, imagem e cheiros. O anexo, um espaço a
mais, outro espaço, mas junto, parte de, mas outra parte,
palco, mas não italiano. Paredes, circulação livre de pessoas,
corredores, portas, vidro, pedra, cerâmica, metal, escada-
rias deliciosamente sofás assistindo, incluindo, interferindo,
interpretando, implementando sentidos aos gestos, movimen-
tos em suas volúpias espaciais. Músicos e bailarinos como um
corpo dançante e múltiplo em percepções táteis, olfativas,
visuais, sonoras. Degustamos-nos entre pessoas, espaços,
paredes, sax, flauta, pernas, um sopro de ar e um giro, um
riso de criança, conversas, olhares buscando, tecendo, com-
pletando sentidos propostos, sentidos nesse mesmo momento
em que são feitos. Qual bolo quentinho saindo do forno,
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Referências
AGAMBEN, G. O que é o contemporâneo? E outros ensaios. Chapecó, SC:
Argos, 2009.
CASCUDO, L. da C. História da alimentação no Brasil. V.1-2. Belo Horizonte:
Itatiaia; São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1983.
DAMÁSIO, A. E o cérebro criou o homem. São Paulo: Cia das Letras, 2011.
______ . O sentimento de si: o corpo, a emoção e a neurobiologia da
Consciência. Portugal: Fórum da Ciência, 2008.
IZQUIERDO, I. A arte de esquecer: Cérebro, memória e esquecimento.
Rio de Janeiro: Vieira & Lent, 2004.
LAUNAY, I. Laban ou a experiência da dança. In: SOTER, S. (Org.0 ).
Lições de Dança 1. Rio de Janeiro: Faculdade da Cidade, 1998.
Leal, P. Amargo perfurme: a dança pelos sentimentos. São Paulo:
Annablume, 2012.
Lévi-Strauss, C. O cru e o cozido. São Paulo: Cosac & Naify, 2004.
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Experimentar (-se)
improcesso de dança
Marcilio de Souza Vieira
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Referâncias
MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da percepção. Tradução de Carlos
Alberto Ribeiro de Moura. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
______. O olho e o espírito. Tradução de Paulo Neves e Maria Ermantina
Galvão Gomes Pereira. São Paulo: Cosac & Naify, 2004.
______. O visível e o invisível. Tradução de José Artur Gianotti e Armando
Mora d’Oliveira. São Paulo: Perspectiva, 2007.
PAVIS, Patrice. Análise dos espetáculos. São Paulo: Perspectiva, 2005.
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O sensível do corpo em uma
experiência de improvisação
Larissa Kelly de Oliveira Marques Tibúrcio
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Referências
MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da percepção. São Paulo: Martins
Fontes, 1994.
______ . A prosa do mundo. Tradução: Paulo Neves. São Paulo:
Cosac &Naify, 2002.
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Diálogos dramatúrgicos
em improvisação
Residência dialógico-performática
Residente: Renato de Oliveira Rocha
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representativo para mim. Realmente, aconteceu uma escuta
entre nós e houve a necessidade da presença de um junto
ao outro. Tivemos uma conversa sem o uso de palavras.
Não me senti à vontade para a realização da apresen-
tação no auditório da Escola de Música da UFRN. Tive um
bloqueio, me senti como se estivesse em um espetáculo de
uma companhia de dança, com toda aquela responsabilidade,
no momento da apresentação de uma coreografia. O motivo
foi perceber que eu estava em um palco no formato ita-
liano e isso me traz toda a memória de estar me
apresentando, sendo necessário ficar em
prontidão e preparado, mas meu
corpo não se encontrava
pronto para esse
acontecimento.
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Referências
TRIGO, C. Disponível em: http://www.youtube.com/
watch?v=AJFpjcxiVzs – Deslimites – Conexões Criativas.
Conexões criativas entre abordagens somáticas e criação autoral em dança:
acesso à intimidade de um corpo que se constrói é a pesquisa cria-
tiva, reciclagem e poesia In: Wosniak, C. e Marinho, N. O avesso do
avesso do corpo. Seminários de Dança. Joinville: Nova Letra, 2011.
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Encontro
Leila Araújo
Sala 1
Departamento de Artes
UFRN
Segunda-feira
Nove horas da manhã
No espaço comumente habitado no meu cotidiano como
aluna da graduação em Dança1 e como artista da Gaya Dança
Contemporânea2, reencontro e resignifico o território vivido
no contato com músicos, bailarinos, professores e colegas, pes-
soas sedentas por vivenciar a arte da dança como uma pos-
sibilidade autoral de criação dramatúrgica pela improvisação
na residência dialógico-performática, IMPROCESSO: diálogos
dramatúrgicos em improvisação, coordenada por Patrícia Leal
e Clara Trigo.
No primeiro momento, a apresentação.
Uma escuta do corpo alheio para a elaboração do pró-
prio gesto, impregnado e influenciado pelas corporeidades
presentes.
A partir do conhecido e do desconhecido
Improvisação
Movo o corpo pelo desejo de ser
Expressão em gesto
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Mexo
Bulo
Percepções em alerta
Atravessamentos
Individualidades coletivizadas
Mestiçar de corpos
Movimentos em fluxo
O estado coletivo de atenção foi estabelecido rapidamente
no grupo e o contato gerado para a apresentação pessoal se
deu na produção original do gesto. O estímulo musical3, tam-
bém improvisado, foi incorporando e influenciando a impro-
visação na medida em que tocava e era tocada. Transformação
recíproca e constante.
No período da tarde, o segundo momento.
Uma sala convencional de aula. Estranhamento. Confusão.
A produção do gesto se daria de outra forma! Imagens diversas
foram expostas e apreciadas para a geração de uma coleção de
palavras. Sentidos diferenciados emergem das pessoas presen-
tes. Vivência de reconstrução de perspectivas. Novos olhares.
Experiência sensível. Movimentos sutis no ato do diálogo com
a imagem. Leitura das palavras ditas por todos. Associações
de palavras. Ligações. Frases. Produção de múltiplos sentidos.
Improvisação.
Veja. Sinta. Minhas criações na impregnação de mim e
deles:
Gira olhos gigantes!
Raios do conjunto pastoril
Dentista solto na ilusão .
O quadrado de Hitcock
Divinos pássaros presos
Calor quente do sol rígido
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Referências
Curso de Licenciatura Plena em Dança da UFRN.
A Gaya Dança Contemporânea nasceu em 1990 como um projeto de exten-
são do Departamento de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, sob a coordenação do Prof. Dr. Edson Claro.
O ambiente sonoro foi construído pelo Grupo de improvisação livre da
Escola de Música da UFRN, coordenado pelo professor Anderson Pessoa.
O poema “Uma Didática da Invenção”, de Manoel de Barros, pode ser lido
na sua obra “O livro das Ignorãças”.
O vídeo Deslimites conexões criativas, tem direção e edição de Clara F.
Trigo e Rodrigo Luna e pode ser visualizado no site
http://www.youtube.com/watch?v=AJFpjcxiVzs.
A criação em dança por meio da percepção dos sentidos do olfato e paladar
foi uma pesquisa desenvolvida por Patrícia Leal em sua tese de doutorado,
defendida no Instituto de Artes, da Universidade Estadual de Campinas, no
ano de 2009, intitulada “Amargo Perfume: a dança pelos sentidos”.
O termo “querência” foi elaborado por Patrícia Leal e é bastante utilizado
em suas comunicações verbais.
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Free Improvisation
Music and dance
Christine Bogiages
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Improvisação Livre
Música e dança
Christine Bogiages1
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Eu queria assistir, para tocar e ouvir. Em determinado ponto,
enquanto eu cantava, uma dançarina veio até mim e começou a
fazer movimentos sobre a minha barriga que me fizeram lem-
brar o arco de um violoncelo. Isso foi emocionante. Eu come-
cei a cantar como se eu fosse seu violoncelo e ela estava me
tocando. Então, ela começou a dirigir o meu canto com a mão,
ou melhor, eu comecei a cantar pelos movimentos de sua mão
em mim, mas eu senti que era isso que ela queria – dirigir o
meu canto. Gostei muito dessa interação. Havia também alguns
momentos cantando com Heather (como ela cantou), que eu
realmente gostei, e cantantando com Anderson tocando.
A improvisação terminou com todos sentados nos sofás
novamente, da mesma forma que começou.
Quando terminou a atividade, o grupo sentou-se no chão
e convidou o público a vir sentar-se. Perguntas foram feitas
por alguns membros da platéia, e qualquer um do grupo podia
responder. Como foi o processo por trás dos movimentos, o que
era a ideia por trás da música, realmente foi tudo improvisado...
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Primeiro dia
Ana Cláudia Viana
Manhã
Cheguei!!!!
Vi músicos. “Ôpa... música ao vivo!!!!”, pensei.
Lá pelas tantas, descobri que o Anderson fala de ambiente
sonoro. Gosto da abrangência do termo. Preenche o espaço.
Um chão conhecido, numa experiência nova para mim.
Sinto uma recordação no ar... Mas, vou dançar com pessoas
que conheci hoje, e com pessoas que conheço faz muito tempo,
coisa de uns quinze anos.
Não me sinto presa, estou à vontade e vou... como é do
meu feitio, acostumando-me de mansinho.
A proposta inicial me ajuda na conexão com o grupo,
depois escolho com quem estou na dança, logo em seguida
também proponho, apresento-me sem falas, por outros gestos
e conexões.
[Pausa: Agora, estou com fome. Vou levantar; guardar o
escrito e comer].
[Volto à escrita]
Estive com a música por uma conexão distraída, na
grande maioria do tempo. Como se ela entrasse pela minha
nuca, abrindo caminhos mais reptilianos, acho eu. É um tipo
de presença que se nota pela ausência, pelo cessar. Entretanto,
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Sigamos!!!!
SEGUNDO DIA
À Tarde
Chegamos!!!
Mormaço do começo da tarde. Nem sempre fácil.
Começamos. Clara propõe jogos de convivência. Sinto-me
em casa. Fui ampliando a percepção, olhares, atenção focada
para o outro. Aos poucos, vou reconhecendo o meu jeito de
jogar, de receber, e como os outros recebem o bastão. O jeito
de cada um. Uns demoram mais com o bastão, outros menos.
De repente, as mãos passam pelos ombros, algumas tor-
ções e contatos mais aproximados. Procuro ombros e espaços
vazios para passar. Começo a realizar torções e vai ficando
cada vez mais torcido, mais próximo, mais rápido também.
Novamente, os olhos em todos os lugares são ativados...
Vamos à ovelha negra. Alguém faz contraponto a um
padrão estabelecido. Acho que tivemos certa dificuldade em
dar tempo à percepção do padrão. Rsrsrsrsrsrs... Todo mundo
desejava ser ovelha negra; ao mesmo tempo, interagir com
alguém. Não sei em que ponto os pares, trios e quartetos foram
sendo formados, mas deles partimos para o encontro com pos-
sibilidades de interação no contexto de cada grupo.
Nesse momento, havia uma conexão com o todo, mesmo
que os grupos tivessem, ao meu sentir, pequenas histórias
dentro de cada um. O Todo ficou íntegro, como se as pequenas
histórias de cada grupo tivessem um elo com as demais, um
fio condutor não falado, construído pelas diversas dinâmicas
anteriores de convivência.
Foi como se houvesse uma conexão a partir dos conteú-
dos simbólicos de cada corpo.
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TERCEIRO DIA
Manhã
Estava bem!!!! Cheguei cedo, com tranquilidade.
Na sala, iniciamos os trabalhos com Patrícia, facilitando
outra vivência a partir do cheiro.
Dançar a partir do olfato foi uma experiência nova para
mim. De imediato, as dinâmicas me remeteram à percepção do
meu gosto pelos cheiros, óleos aromáticos, perfumes, incensos e
ervas, mas também, de como me permito pouco a experiências
olfativas. Percebi que poderia vivê-las com maior intensidade.
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O que é AIKIDÔ?
Aikido - ྜẼ㐨
“É uma arte marcial criada no Japão após a 2ª grande guerra,
pelo mestre Morihei Ueshiba (1883-1969). O conceito funda-
mental desta arte marcial consiste no princípio da harmonia,
seja entre seus praticantes, seja entre estes e o universo que
os rodeia”.
Fábio Sampaio Pupo Nogueira. (praticante / Academia
Central- São Paulo).
Referências
UESHIBA, Kisshomaru. O espírito do Aikidô. São Paulo: Cultrix, 2004.
GLEASON, William. Aikidô e o poder das palavras: os songs sagrados do
kototama. São Paulo: Pensamento.
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Dança, cena e outras
faces da existência
Karenine de Oliveira Porpino
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Referências
MERLEAU-PONTY, Maurice. A Fenomenologia da percepção. Trad. Carlos
Alberto Ribeiro de Moura. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1994.
HERRIGUEL, Augen. A arte cavalheiresca do arqueiro zen. São Paulo:
Pensamento, 1975.
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Este livro foi projetado pela equipe
editorial da Editora da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte. Foi
impresso em [mês] de [ano].