Avaliação Da Aprendizagem
Avaliação Da Aprendizagem
Avaliação Da Aprendizagem
UNIDADE I
SOCIEDADE E EDUCAÇÃO:
UMA APROXIMAÇÃO
UNIDADE II
AVALIAÇÕES NACIONAIS
E INTERNACIONAIS
UNIDADE III
A AVALIAÇÃO E AS
NOVAS PROPOSTAS
PARA O ENSINO
avaliação da
aprendizagem
Professora Dra. Siderly do Carmo Dahle de Almeida
Professora Me. Priscilla Campiolo Manesco Paixão
Professor Dr. Renato Luis de Souza Dutra
Reitor
Wilson de Matos Silva
DIREÇÃO UNICESUMAR
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância: Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração Wilson
C397 de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente da Mantenedora
Avaliação da Aprendizagem / Priscilla Campiolo Manesco Paixão, Cláudio Ferdinandi.
Siderly do Carmo Dahle de Almeida, Renato Dutra.
Maringá - PR, 2012.
99 p. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
“Pós-graduação Núcleo Comum - EaD”.
1. Metodologia de ensino. 2. Ensino superior . 3. EaD. I. Título. Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho, Diretoria de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha, Direção
de Operações Chrystiano Mincoff, Direção de Mercado Hilton Pereira, Direção de Polos Próprios James Prestes,
CDD - 22 ed. 378 Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida, Direção de Relacionamento Alessandra Baron, Gerência de
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boas-vindas
Pró-Reitor de EaD
Willian Victor Kendrick
de Matos Silva
a importância da pós-graduação
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um
processo de transformação, pois quando investimos em nossa
formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e,
consequentemente, transformamos também a sociedade na qual
estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunida-
des e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível
de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no
mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este pro-
cesso, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos,
na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e en-
contram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no
processo educacional, complementando sua formação profis-
sional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando
conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inse-
ri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como
principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o con-
teúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação
pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e
construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os
diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar
lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente
Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista
às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se
que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra
disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu proces-
so de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade
e segurança sua trajetória acadêmica.
13 Docência e Avaliação
Quatro Momentos das
21
Práticas Avaliativas
23 Concepções de Avaliação
Avaliação: Reflexo da Epistemologia
26
do Professor
29 Avaliação e Currículo
33 Considerações Finais
02
AVALIAÇÕES NACIONAIS E
03
A AVALIAÇÃO E AS NOVAS
INTERNACIONAIS PROPOSTAS PARA O ENSINO
Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estu-
dará nesta unidade:
• Avaliação: buscando suas origens e definições
Objetivos de Aprendizagem • Avaliação: reflexo da epistemologia do professor
• Compreender a intrínseca ligação entre o pro-
cesso ensino e aprendizagem e avaliação. Além
da importância dessa última para a qualidade
educacional.
• Perceber que as atividades de ensino, especi-
ficamente a avaliação, são intencionalmente
organizadas e desenvolvidas e que cada uma se
justifica em função daquilo que se acredita ser
aprender e ensinar.
O processo de busca do conhecimento executa um movimen-
to próprio em que o saber e a vida precisam se integrar de
maneira harmoniosa. Não existe um saber isolado das condições
mesmas de sua produção. Assim, em educação, é necessário
compreender o papel fundante de todos os elementos envol-
vidos no processo. Nesse sentido, o saber passa a ser entendido
não como um dado estanque, que pode ser “apreendido”, mas
como algo que se constrói em parceria.
A própria história da humanidade revela esse processo contínuo
de construção e reconstrução histórico-cultural do conheci-
mento. Desde os primórdios da civilização, a fim de garantir
sua sobrevivência, o homem sentiu a premente necessida-
de de buscar e compartilhar conhecimentos: precisava contar
com um conjunto de atos, como a intuição, a experimentação,
a contemplação, a observação, as analogias, o raciocínio, para
assim resolver os problemas que iam surgindo. Necessitava
ainda buscar explicações para o mundo e seus fenômenos. O
conhecimento responde a uma necessidade humana de situ-
ar-se diante do mundo, a fim de transformá-lo em morada.
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DOCÊNCIA
E AVALIAÇÃO
O objetivo primeiro da ação docente deve forma como se sentiu motivado, ou ainda,
ser a construção do conhecimento, visando como enfatiza Gardner (1994), de acordo
ao pleno desenvolvimento de todas as po- com o seu tipo de inteligência.
tencialidades de cada indivíduo, sejam elas Percebe-se assim que, por mais que a
intelectuais, afetivas, sociais, criativas ou aula esteja maravilhosa e seja seguida por
morais. Isso só se tornará possível, a partir exercícios de fixação bem planejados, não
do momento em que se deixe para trás os há garantia de que todos os alunos efetiva-
modelos prontos, a cópia, a reprodução, a mente aprenderam a lição. A recepção por
transmissão pura do conhecimento, como parte dos alunos não é padronizada, mas a
se o professor fosse detentor desse conhe- forma como aplicamos a aula, geralmente,
cimento e o aluno, uma “tábula rasa”, sem é. É fácil imaginar o que significa para um
conhecimento prévio ou experiência. aluno ter que ficar sentado uma tarde toda
Cada aluno vivencia e participa da aula em uma sala de aula, quando ele possui
de forma diferente e isso depende, entre inteligência cinestésica, isto é, ele tem ha-
outras variantes, do que o aluno ouve, re- bilidade para resolver problemas e chegar
laciona com seu conhecimento prévio e ao conhecimento, utilizando seu corpo, por
compreende, de sua capacidade de concen- meio de movimentos ou de sua expressão
tração naquele momento, de seu humor, da corporal.
Avaliação da Aprendizagem
14
O
professor deve lembrar que não também sobre as que pretendemos enten-
sabe tudo e que, a cada dia, tem der, quando nos empenhamos para chegar
a oportunidade de estar apren- a um entendimento sobre elas. Assim, para
dendo também. Ao acreditar que é o único ele, “a ortodoxia é a morte do conhecimento”
detentor de todo o conhecimento, estrei- (1996, p. 55), pois o aumento do conhecimen-
ta e limita seu foco e, consequentemente, to depende exclusivamente da existência de
o de seus alunos. Assim, uma qualidade é discordância, que acaba por levar a discus-
essencial ao educador: a humildade em re- sões, a argumentações e a críticas mútuas
conhecer suas limitações e sua ignorância. que só podem enriquecer as partes envolvi-
Segundo Popper (1982, p. 57): das nesse processo. Popper (1996, p. 57), ao
formular o mito do contexto, que ele assim
Quanto mais aprendemos sobre o mundo, define: “A existência de uma discussão racional
quanto mais profundo nosso conhe-
e produtiva é impossível, a menos que os par-
cimento, mais específico, consciente e
ticipantes partilhem um contexto comum de
articulado será nosso conhecimento do
que ignoramos - o conhecimento da pressupostos básicos ou, pelo menos, tenham
nossa ignorância. Essa, de fato, é a princi- acordado em semelhante contexto em vista
pal fonte de nossa ignorância: o fato de da discussão”, defende uma tese contrária.
que nosso conhecimento só pode ser
Uma discussão entre pessoas que com-
finito, mas nossa ignorância deve neces-
partilham as mesmas opiniões tem poucas
sariamente ser infinita.
probabilidades de vir a ser proveitosa, ainda
Isso significa que não precisamos sentir-nos que possa ser agradável, enquanto uma dis-
culpados por não termos respostas para todos cussão entre contextos bastante díspares
os questionamentos. Todos nós nos aprofun- pode ser extremamente proveitosa, ainda
damos mais em determinado assunto e deste que, por vezes, possa ser muito difícil e, talvez,
detemos maior grau de compreensão. não tão agradável (POPPER, 1996, p. 57).
Ao apresentar um conteúdo, o professor Assim, uma discussão será tanto mais
não deve colocá-lo como pronto, acabado e proveitosa quanto mais capazes forem os par-
verdadeiro, mas sim propor questões e gerir ticipantes de aprender com ela, pois tendo
discussões que busquem respostas a essas suas opiniões abaladas, foram obrigados a
questões, ensinando ao aluno o quanto é es- pensar em respostas novas. A fecundidade,
sencial que ele saiba argumentar na defesa nesse processo, depende quase exclusi-
de suas posições e de suas ideias. vamente da lacuna entre as opiniões dos
Nesse aspecto, em “O mito do contex- participantes e, quanto maior ela for, mais
to”, Popper (1996) defende que aprendemos proveitosa terá sido a discussão e maior terá
muito sobre as nossas próprias opiniões e sido o conhecimento dela suscitado.
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A avaliação da aprendizagem
escolar é, sem dúvida, um dos temas
mais polêmicos com relação ao ensino hoje
O antigo conceito de avaliação como simples considerando de onde o aluno partiu até
constatação do nível de aprendizagem do onde conseguiu chegar.
aluno vem sendo substituído por práticas A escola é um espaço social instituído
muito menos inibidoras e positivistas, como nas diferenças, onde deveriam ser ensina-
a verificação de atividades contínuas, tendo dos conteúdos que viabilizassem respostas às
em vista não apenas o resultado final, mas o necessidades práticas da vida e onde, princi-
processo como um todo. Essa visão processu- palmente, se buscasse uma formação humana
al é decorrente do modo de se compreender plena. Sob esse ponto de vista, Perrenoud
a educação em uma perspectiva integral: (2000, p. 14) defende que o preparo para a vida
não basta formar a mente do estudante, pois não propõe situações sob medida, nem se
a pessoa não é apenas racionalidade pura. podem prever as dificuldades, como acontece
Trata-se de formar todas as dimensões que a no contexto da escola. Assim, essa formação
humanizam e a preparam para viver em so- comporta variadas dimensões, entre elas, a
ciedade, de modo pleno. ética, a política, a social, enfim, tudo o que
A avaliação não é tão somente uma tem a ver com o desenvolvimento material
análise da análise. Avaliar não é buscar uma e espiritual do indivíduo e da sociedade.
via medíocre que unifique os contrários. A educação, para ser completa, deve inter-
Não é excluir, escolher um entre dois termos ferir sobre todas essas dimensões. A técnica,
alternativos, nem tampouco uma prática pu- o conhecimento e os saberes práticos são
nitiva. Não é uma ferramenta que indica o imprescindíveis para ajudar a humanidade
que o aluno não aprendeu ou estudou. Não a responder as demandas da vida pragmá-
basta querer fazer bem, não basta apostar tica, a gerar o conhecimento, a produzir e
que o outro chegará lá, ainda é preciso expandir as bases materiais. Nessa socieda-
agir com ele. Caminhar de mãos dadas de globalizada, não basta apenas aprender
durante todo o processo. Avaliar é verificar muitas coisas, é preciso aprender coisas di-
se o professor inferiu de forma significativa, ferentes e em um tempo curto.
Avaliação da Aprendizagem
16
palavras ‘avaliação’ ou ‘avaliar’ não existiam Ralph Tyler é considerado um dos principais
como tal, no latim ou grego (BARLOW, 2006). precursores da avaliação da aprendizagem
O que se sabe é que o termo ‘avaliar’ provém (LUCKESI, 2006; HOFFMANN, 2001; SAUL,
de dois outros termos latinos: o prefixo ‘a’ e 1998). Antes disso, a prática de provas e
o verbo ‘valere’, significando ‘dar preço a’ ou exames como forma de avaliação já existia.
‘dar valor a’ (LUCKESI, 2006). Entretanto, o Provavelmente, teve sua origem na escola
sentido de valor pode falsamente remeter a moderna, sistematizando-se nos séculos
quantificação ou mensuração. Barlow (2006) XVI e XVII, em que as pedagogias jesuíti-
observa que o verbo ‘valere’, no latim, não ca, comeniana e lassalista foram grandes
significa inicialmente valer, mas estar forte, expressões das experiências pedagógicas
superior, estar melhor. O autor argumenta e sistematizaram a avaliação com provas e
que, na língua latina, os valores não são exames (LUCKESI, 2006).
coisas, e sim formas de ser, enfocando mais Hoffmann (2001) ratifica a importância
o aspecto qualitativo do que quantitativo do de Tyler e destaca a grande influência dos
significado da palavra, o que para Luckesi estudiosos norte-americanos na teoria da
(2006) expressaria o sentido da palavra avaliação, que a partir dos anos 30 e 40 do
‘avaliar’ de ‘atribuir qualidade a’. século passado, intensificaram as pesquisas
na avaliação da aprendizagem. Tyler (1986)
A discussão sobre as dimensões de delineou um modelo de avaliação baseado
avaliar e da avaliação também são de-
em objetivos comportamentais e em me-
correntes de suas inúmeras aplicações
em diversos domínios de conhecimen- todologia de análise quantitativa. O autor
to nos quais a avaliação se aplica, tais assim definiu a avaliação:
Pós-Graduação | Unicesumar
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O
modelo de Tyler tem um enfoque Se analisada historicamente, sob diferen-
comportamentalista – por visar a tes ângulos e concepções, podemos perceber
mudanças no comportamento; que a avaliação da aprendizagem constitui-
positivista – por fundamentar-se nos re- -se em uma forma de debater os enfoques
sultados do que é testado; e tecnicista – por sobre a própria educação e seus horizontes
visar ao produto, ou seja, resultados por na sociedade vigente. Em conformidade com
meio dos objetivos alcançados (FERREIRA, as políticas educacionais, nos mais diversos
2002). Apesar de o modelo de Tyler ter re- contextos e realidades históricas, verifica-
cebido muitas críticas de diversos outros remos também as diferentes concepções
teóricos da avaliação, os modelos de sobre a avaliação. Podemos referenciar quatro
Entre os diversos autores que sucederam Tyler, Michael Scriven, no final dos anos 60,
desenvolveu uma série de ideias fundamentais na teoria de avaliação educacional. Scriven
e Stufflebam (1978) destacaram a diferença entre os objetivos e a função da avaliação e
também questionaram Tyler, propondo um modelo de avaliação sem objetivos. Sua prin-
cipal contribuição, no entanto, foi diferenciar o papel formativo e somativo da avaliação,
conceitos que influenciaram de maneira singular as pesquisas na área.
QUATRO MOMENTOS DAS
4 PRÁTICAS AVALIATIVAS
podemos referenciar quatro momentos das práticas avaliativas.
as práticas avaliativas
ainda coexistem em nossos
espaços e tempos educacionais
Tal acepção de avaliação caracteriza-se Mas, aqui nos cabe uma ressalva. Embora te-
como um processo de construção da nhamos nos detido nas quatro gerações, em
realidade em uma atribuição de senti- tempos distintos, sabemos que as práticas ava-
dos às situações, sendo influenciada por liativas ainda coexistem em nossos espaços
elementos contextuais diversos e pelos e tempos educacionais. E, portanto, fica evi-
valores dos vários intervenientes do pro- dente o grau de complexidade acerca das
cesso avaliativo. reflexões que aqui nos propomos a debater.
CONCEPÇÕES
DE AVALIAÇÃO
AVALIAÇÃO: REFLEXO DA
EPISTEMOLOGIA DO PROFESSOR
À
luz dos estudos realizados por prova, na qual se espera que os alunos repro-
pesquisadores, historiadores e duzam os conhecimentos que lhes foram
educadores, passemos a refletir repassados, o que é constatado para a atri-
sobre algumas concepções de conhecimento buição de uma nota ou um conceito. A nota é
e, consequentemente, sobre as práticas de utilizada como instrumento de pressão, para
avaliação que encontramos no decorrer das manter a disciplina em sala de aula e tentar
experiências humanas. motivar o aluno a estudar a fim de conseguir
Luckesi (2005, p. 04) enfatiza que “[...] a “passar de ano”.
questão central da prática da avaliação não Nessa perspectiva, percebemos que o
está nos instrumentos, mas sim na postura prazer de aprender desaparece, o aluno se
pedagógica e consequentemente na prática vê forçado a estudar para fazer a prova e,
da avaliação”. Nesse sentido, para modifi- em muitos casos, a memorizar as respos-
carmos nosso modo de agir, necessitamos tas consideradas corretas pelo professor.
cambiar nossas crenças e nossos modos de Ou seja, o foco da educação está em
agir na prática pedagógica, pois a avaliação aprovar ou reprovar o educando e não
é reflexo da aula e vice-versa. centrado no seu processo de construção
Ronca e Terzi afirmam que: do conhecimento.
A experiência nos mostra que essa
A prova é sempre reflexo da aula e vice- perspectiva da educação, que ainda tem
-versa. Tal relação íntima repousa no fato
acentuado ligações com o positivismo,
de que ambas são sempre espelho fiel da
segundo Mizukami (2006), tem causado
concepção que o professor tem da Ciência
de modo geral e da qual leciona, de modo enormes transtornos no sistema escolar.
particular e, logo depois, da concepção do Há docentes que ainda resistem a qual-
que vem a ser o Conhecimento e de como quer mudança em sua prática avaliativa,
se chega a ele (1991, p. 49).
principalmente, devido a seu uso como
Não pretendemos esgotar completamente instrumento de controle, de inculcação ide-
os significados das concepções de conhe- ológica e de discriminação social, o que,
cimento, mas tentar caracterizá-las em suas geralmente, não é percebido pelo profes-
diferentes manifestações, buscando apreen- sor, pois este apoia o autoritarismo escolar
der as implicações decorrentes para a ação e torna-se agente da dominação e discrimi-
pedagógica do professor, especificamente no nação social, conforme expõe Vasconcellos
processo avaliativo. Isso porque, ainda hoje, (1993), na medida em que realiza uma ava-
vemos que a avaliação é realizada ao final de liação autoritária, disciplinadora e punitiva
um processo, por meio da aplicação de uma (HOFFMANN, 1993).
Avaliação da Aprendizagem
28
O professor sente-se acomodado a sua forma Para refletirmos sobre a prática educativa,
de ensinar, aprender e mesmo avaliar seu é necessário, a priori, o entendimento de
aluno, que dificilmente sairá de sua “zona de que o processo ensino-aprendizagem não
conforto”. Temos inúmeros relatos que cons- se limita apenas ao momento de planejar,
tatam tal afirmação. São exemplos de falas executar e avaliar. Isto é, quando o professor
de professores: “Por que mudar se sempre seleciona o conteúdo da disciplina que vai
ensinei assim e os alunos aprenderam?”. ensinar, quando decide pelo método e pelos
Para a pesquisadora em avaliação da PUC – procedimentos de ensino, quando enfrenta
SP, Mere Abramowicz: as dificuldades de aprendizagem dos seus
alunos, está pressupondo algumas questões
A avaliação constitui uma janela por onde epistemológicas1.
se vislumbra toda a educação. Quando in-
O processo de ensino-aprendizagem
dagamos a quem ela beneficia, a quem
está intimamente ligado à compreensão que
interessa, questionamos o ensino que pri-
vilegia. Quando você se pergunta como se tem da realidade social. Nesse sentido,
quer avaliar, desvela sua concepção de Mizukami (1996, p. 9.), em seu livro intitu-
escola, de conhecimento, de homem, de lado “Ensaios: as abordagens do processo”,
sociedade (2001, p.132).
afirma que as “[...] teorias epistemológicas
Dessa forma, podemos afirmar que a con- condicionam as concepções de mundo, de
cepção de avaliação está intimamente homem, de sociedade, de cultura, de edu-
ligada à concepção de conhecimento que, cação, de escola, de metodologia, de ensino
em última instância, determina o fazer pe- etc., que são os elementos básicos da forma-
dagógico do professor. ção do professor”.
1
O estudo da aquisição do Conhecimento ou a compreensão
do processo em que ele se dá no Ser Humano está inserido em
uma Ciência secular cujo nome é EPISTEMOLOGIA.
Prof. “X” discorda de praticar repensar sua atuação: A avaliação, como todas as
qualquer tipo de mudança “Falta pouco tempo para eu práticas realizadas na esco-
em sua prática pedagógica, me aposentar e agora querem la, reproduz as necessidades
afirmando: que eu mude a minha con- estabelecidas na própria so-
“Tenho meus modelos de cepção de ensinar, aprender e ciedade. Ela é uma prática
provas que aplico há anos e avaliar?”, “Não mudo mesmo. condicionada por aspectos
sempre deram certo”. E ponto final!”. políticos, econômicos, so-
Prof. “Y” considera seu pra- Muito se tem refletido sobre ciais, culturais, éticos, insti-
zo para aposentadoria e essas questões. Mas por que tucionais da e na escola.
considera desnecessário é tão difícil mudar?
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AVALIAÇÃO E CURRÍCULO
A concepção de currículo aqui abordada administrar as relações entre os diferentes,
deve considerar a cultura, o cotidiano e o não tolerando que a cultura dominante se
contexto social em que vivem os alunos. sobreponha às demais, principalmente se
Como base para a constituição de tal cur- estas ainda são marginalizadas. As histórias
rículo, comprova-se que os conteúdos e de vida, as ideias e os ideais de todos os en-
as avaliações não podem ser valorizados volvidos no processo ensino e aprendizagem
como um fim em si mesmos, assim como precisam ser levados em conta quando da
a intenção de produzir o conhecimento construção do currículo.
na escola deve estar intimamente relacio- Gimeno Sacristán (1998) salienta que
nado com a possibilidade de consentir a o conceito de currículo é bastante elás-
esses alunos uma maior compreensão da tico. Ele poderia ser caracterizado como
realidade em que estão inseridos. impreciso, porque, pode significar coisas
Faz-se imprescindível, portanto, valorizar distintas, “segundo o enfoque que o de-
a cultura e o contexto social de todos aqueles senvolva, mas a polissemia também indica
que coexistem no espaço escolar, quando da riqueza, neste caso porque, estando em
construção do currículo, pois apenas desse fase de elaboração conceitual, oferece pers-
modo se pode compreender a existência pectivas diferentes sobre a realidade do
de distintas culturas e a necessidade de se ensino” (SACRISTÁN, 1998, p. 126).
Avaliação da Aprendizagem
30
O
s autores Moreira e Silva (2006) Forquin (1993) salienta que é possível obser-
indicam que foi no início do século var que a noção de currículo foi evoluindo e
XX, nos Estados Unidos, que alguns se modificando segundo os padrões vigen-
educadores começaram a refletir sobre as tes na sociedade. Ele cita como exemplo que,
questões curriculares, iniciando os estudos nos anos 60 do século XX, com o predomínio
que configuraram o aparecimento desse da tendência “tecnicista” da educação, “a qual
novo campo, havendo uma grande inquie- privilegia a pesquisa de objetivos operacionais
tação com “os processos de racionalização, e avaliáveis e a execução de meios racionais
sistematização e controle da escola e do com vista a atendê-los” (FORQUIN, 1993, p. 23)
currículo” (MOREIRA; SILVA, 2006, p.9). O ob- e nas definições mais atuais, pode-se ressaltar
jetivo desses educadores era se ocuparem que o currículo incorpora uma dimensão mais
do planejamento das atividades pedagógi- dinâmica, ao se refletir sobre sua realização,
cas, buscando impedir que a conduta e até seu exercício, sendo transferida a percepção
mesmo o pensamento do educando se afas- de apenas projeto para a ideia de projeto e
tassem de metas e padrões preestabelecidos, seu desenvolvimento prático.
a fim de alcançar a eficácia no desenvolvimen- Por meio das disciplinas ofertadas pela
to do processo de ensino e aprendizagem. escola, pretende-se que ela possa dar conta
Para realizar tal tarefa, estabeleciam-se cri- do que os sujeitos devem saber, para que
térios, metodologias, avaliações e caminhos possam intervir e atuar no contexto em que
que permitissem total controle de todo o pro- vivem. Cabe aqui observar a comparação que
cesso, como se as escolas fossem empresas Apple (1989, p. 61) estabelece entre a escola
e, ao se definirem como tal, o cenário educa- e uma caixa preta. Ele aborda que economis-
cional se tornasse mais produtivo e eficiente. tas, sociólogos e historiadores veem a escola
Sacristán (1998) corrobora Moreira e como uma caixa preta em que se mede, por
Silva (2006), observando que o conceito meio das avaliações, a forma como os alunos
de currículo é relativamente recente, ao se entram na instituição (o que o autor chama
analisar o sentido que tem “em outros con- input) e como esses se comportam durante
textos culturais e pedagógicos nos quais o processo de escolarização, ou ainda, como
conta com uma maior tradição” (GIMENO saem dela e entram para o mundo do tra-
SACRISTÁN, 1998, p. 13). Para ele, o debate balho (output, para o autor).
sobre o que ensinar embasou-se na tradição Apple (1989) adverte ainda que o currícu-
anglo-saxã e o currículo foi compreendido, lo não é neutro e nem aleatório e que, para
ponderando os fins últimos e os conteú- se compreender as causas pelas quais de-
dos acerca do que ensinar, alargando-se, terminados conhecimentos fazem parte do
posteriormente, seu conceito. plano da escola e representam os interesses
Avaliação da Aprendizagem
32
considerações finais
Nesta unidade, verificamos que as escolhas por sua vez, influencia e sofre influências da
que fazemos acerca de qual conteúdo prio- realidade social, política e econômica do con-
rizar, qual método utilizar para desenvolver texto ao qual pertence.
as atividades de ensino e aprendizagem, Por acreditarmos que em conformidade
qual instrumento de avaliação utilizar, não com as relações existentes em uma socieda-
são neutras. Assim, sempre estão sendo de é que se objetiva um tipo de educação,
conduzidas por determinados valores, por isto é, por acreditarmos que as formas que
determinadas concepções epistemológi- a educação assume correspondem às ne-
cas que, traduzidas didaticamente, fazem cessidades e às possibilidades dos homens
avançar, retardar ou até impedir o processo em uma época, é que nos dispomos a re-
de construção do conhecimento. fletir com você, caro(a) aluno(a), o quanto a
Todavia, a concepção de avaliação está concepção de conhecimento, e por conse-
inserida em uma concepção que a determi- quência a prática avaliativa, corresponde às
na, isto é, na concepção de educação e esta, necessidades existentes no contexto social.
Avaliação da Aprendizagem
34
atividades de autoestudo
1. Brandão (1982) afirma que “A escola da vida deve estar presente na escola
institucional”. Partindo de tais considerações e do estudo desta primeira unidade,
elabore uma síntese sobre a afirmação. Lembre-se de posicionar-se
criticamente diante do assunto.
2. Procure, a partir da leitura desta primeira unidade, extrair a essência do que
foi discutido, explicitando a origem da palavra avaliação, seu histórico e o
contexto atual, no que diz respeito ao processo avaliativo. Dialogue com o
material disponível, produzindo um texto discursivo.
O professor Celso dos Santos Vasconcellos, em entrevista a Rev. Nova Escola, fala sobre intenciona-
lidade como palavra-chave da avaliação, analisando que de nada adianta mudar ferramentas, se o
professor continuar classificando os alunos em bons e maus. Ele inicia a entrevista, explicando seu
olhar sobre o que é avaliação, explicando que avaliar é localizar necessidades e se comprometer
com sua superação. Em qualquer situação de vida, a questão básica da avaliação é: o que eu estou
avaliando? No sentido escolar, ela só deve acontecer para haver intervenção no processo de ensino
e aprendizagem. Continue a leitura acessando o site: <http://revistaescola.abril.com.br/planejamen-
to-e-avaliacao/avaliacao/avaliar-crescer-424587.shtml>.
2 AVALIAÇÕES NACIONAIS E INTERNACIONAIS
Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará
nesta unidade:
• PISA - Programme for International Student
Assessment
Objetivos de Aprendizagem • A evolução do Brasil em pontos no PISA
• Discutir a importância da avalição educacional bra- • Sistema de Avaliação da Educação Básica - SAEB
sileira em seus diferentes níveis. • Avaliação Nacional do Rendimento Escolar – ANRESC/
• Discutir a importância da avaliação internacional e Prova Brasil
seu impacto sobre a organização e gestão da edu- • Avaliação Nacional da Alfabetização - ANA
cação nacional. • Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM
• Compreender como se organizam as avaliações na • Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior
educação básica e no ensino superior. (SINAES)
PISA, SAEB, IDEB, ENADE, ENEM, ANA, Prova e Provinha Brasil... A lista
de índices e de avaliações para a Educação, tanto nacionais quanto
internacionais, só aumentou nos últimos vinte anos. Nesta unidade,
vamos nos propor a analisar e explicar a importância dos exames
externos, enquanto referências sobre a real situação do processo
de ensino e aprendizagem.
A
OCDE – Organização para a uma visão geral sobre o quanto estão prepara-
Cooperação e o Desenvolvimento dos para outros desafios que se apresentarão
Econômico – desde 2000, coorde- em sua formação e, mais ainda, em relação a
na e desenvolve uma avaliação denominada sua preparação para o mundo do trabalho.
Programa Internacional de Avaliação de Sua quinta e mais recente edição foi em
Alunos ou Programme for International Student 2012, com os respectivos resultados divul-
Assessment – Pisa – realizada em larga escala, gados em dezembro de 2013. Seu principal
tanto em seus países-membros como em objetivo é disponibilizar, para acesso livre,
países com os quais tem vínculo de parce- uma base pública, apresentando dados in-
ria para esse fim. No Brasil, o programa é ternacionais, com informações a respeito de
coordenado pelo INEP – Instituto Nacional desempenho no processo de ensino e apren-
de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio dizagem, suscetíveis de serem analisadas a
Teixeira (leia mais em Leitura Complementar). começar de outras variáveis constituídas a
O objetivo central do programa é gerar indica- partir de pesquisa de campo na escola, com
dores que cooperem e subsidiem políticas para as famílias e mesmo com os alunos.
melhorar a qualidade da educação nos países Nesta edição, dos 65 países participantes,
envolvidos, aferindo se as escolas dos países o Brasil ocupou a 58ª posição. Claro que este
participantes, de fato, preparam seus alunos resultado está longe de ser satisfatório. Muito
para exercer sua cidadania na sociedade. pelo contrário, afinal, estamos muito mais
O PISA é considerado a avaliação para a perto dos últimos do que dos primeiros colo-
educação mais importante no mundo todo, cados. No entanto, a OCDE analisa que houve
comparando, a cada três anos, o desempenho uma sensível melhora em matemática, pois foi
dos países, tendo como base três critérios: a o país que mais evoluiu, levando esse critério
leitura, as ciências e a matemática. O ponto prin- em consideração, saltando de 356 para 391
cipal dos exames é exigir dos alunos que tragam pontos (infelizmente, mesmo assim, manten-
para a prática o que aprenderam na teoria, ao do 55º lugar em matemática especificamente),
longo dos seus anos de estudo, proporcionando no período entre os anos 2003 a 2012.
Essa 5ª edição do PISA, fundado em 1997, avaliou 510 mil alunos ao todo. No Brasil, foram 18
mil jovens de 15/16 anos, tanto de escolas particulares quanto públicas. Entre os estados, o
Distrito Federal, Espírito Santo e Santa Catarina tiveram posicionamentos de destaque nos três
critérios - Matemática, Leitura e Ciências. Devido à falta de professores, de escola e de regu-
laridade nas aulas, Alagoas e Maranhão ficaram nos dois últimos lugares nas três categorias.
Em relação às escolas, as federais destacaram-se, ficando no mesmo patamar de instituições
da França, da Inglaterra e dos Estados Unidos. Depois, vieram as particulares e, em terceiro,
as estaduais, mas foram estas as que mais incluíram alunos na última década.
Avaliação da Aprendizagem
40
A EVOLUÇÃO DO BRASIL
EM PONTOS NO PISA
Embora tenha ficado sempre abaixo da média das economias avaliadas pelo PISA,
o Brasil apresentou sensível evolução nos últimos 10 anos.
Com relação à evolução de desigualdades, pelas cinco edições do exame, é possível perceber como
tem sido a variância de desempenho dos alunos brasileiros nos últimos anos e se atentar para propor
melhorias na qualidade do ensino oferecido, de modo a diminuir tal desigualdade.
A forma como a avaliação é preparada permite examinar, além das disciplinas já citadas, a capacidade
dos estudantes em analisar, refletir, raciocinar, indo além do conhecimento escolar propriamente dito.
O universo avaliado por esse exame, lembrando que é aplicado a uma amostra da população, segue
rígidos critérios pré-definidos pela OCDE, elencando-se como elegíveis para o Pisa todos os estudantes
na faixa dos 15 anos de idade, tendo em vista que, com essa idade, já completaram a escolaridade
obrigatória, avaliando-se, portanto, os últimos dois anos do ensino fundamental, hoje 8º e 9º ano.
O PISA tem preocupação com outros pontos de interesse na educação que convergem para um mesmo
objetivo: a melhora na qualidade da educação básica. Trazem à reflexão assuntos de interesse para a
comunidade de modo geral, como:
• Importância da pré-escola para o desempenho do aluno.
• Novos olhares sobre a tríade repetência, rendimento escolar e dificuldade de aprendizagem.
• Como trabalhar com a indisciplina na escola?
• Estratégias de aprendizagem podem reduzir a diferença de desempenho entre os estudantes
mais e menos favorecidos?
• Meninos e meninas estão preparados para a era digital?
São textos curtos e de fácil leitura, fundamentados sempre nos dados obtidos nos resultados do PISA
e que geram reflexões no âmbito educacional. Tais textos estão disponibilizados no portal do INEP -
<http://portal.inep.gov.br/pisa-em-foco>.
Avaliação da Aprendizagem
42
SISTEMA DE AVALIAÇÃO DA
EDUCAÇÃO BÁSICA - SAEB
O Sistema de Avaliação da Educação Básica, Sua primeira aplicação ocorreu nos anos
conhecido como SAEB, tem seu início no de 1990, objetivando levantar os dados em
final da década de 80 e é considerado o âmbito nacional. Três anos depois, em 1993,
principal sistema de avaliação da Educação a segunda aplicação do SAEB tinha como
básica de nosso país (VELOSO, 2009). Criado objetivo avaliar três eixos: o rendimento dos
pelo Ministério da Educação e da Cultura, o alunos, o perfil e as práticas docentes, assim
objetivo desse sistema de avaliação, como como o perfil dos diretores e as formas de
o próprio nome indica, é avaliar a educação gestão escolar (INEP, 2001).
básica, em todos os níveis da educação na- A partir de 1995, o SAEB se estendeu
cional: educação infantil, ensino fundamental tanto às redes particulares de ensino, como
e médio. Inicialmente, esse sistema chama- ao ensino médio, além de incorporar instru-
va-se SAEP (Sistema Nacional da Educação mentos de levantamento de dados sobre as
Primária). Com as alterações na Constituição características socioeconômicas, culturais e
de 1988, tal sistema passa a chamar-se SAEB, hábitos de estudos dos alunos. Além disso, a
e a partir de 1992, fica a cargo do Instituto partir dessa data, as avaliações passaram a ser
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais definidas em séries específicas: 5º e 9º ano do
Anísio Teixeira, o INEP (BRASIL, 2008, p. 9). ensino fundamental e 3º ano do ensino médio.
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43
SAEB
Aneb (Avaliação Anresc/ Prova Brasil ANA (Avaliação
Nacional da (Avaliação Nacional do Nacional da
Educação Básica) Rendimento Escolar) Alfabetização)
N
esse sentido, ainda que os blocos de da Alfabetização.
conteúdo sejam os mesmos, o que
varia são os descritores especifica-
dos para cada série. Por exemplo, ainda que
o conteúdo Álgebra faça parte dos conteú-
dos destinados tanto ao ensino fundamental Philippe Perrenoud (1955) é um so-
quanto ao ensino médio, o que varia, nesse ciólogo suíço de referência tanto para
educadores quanto pesquisadores
conteúdo, são os descritores, que exigem ha- de áreas afins, devido às suas ideias
bilidades e competências mais complexas à sobre a profissionalização docente e
avaliação discente. Sua obra “10 novas
medida que o aluno avança de série. competências para ensinar” marca-se
De acordo com a OECD (2010), o SAEB como uma das mais difundidas em
nosso país, embora haja outras pro-
é uma subamostra da Prova Brasil. Ainda duções bastante significativas sobre
que tenha sido criada há quase vinte avaliação e formação docente, como
é o caso, por exemplo, da obra “Práti-
anos, esta subamostra cumpre sua função cas pedagógicas, profissão docente e
inicial de monitorar as tendências. Com formação” (Porto Editora).
AVALIAÇÃO NACIONAL DA
EDUCAÇÃO BÁSICA – ANEB
A Avaliação Nacional da Educação Básica, da educação ofertada nas diferentes regiões
conhecida como ANEB, foi implementa- brasileiras. Como é realizada por amos-
da ao Sistema de Avaliação da Educação tragem, em cada ciclo de avaliações, são
Básica em 1995 e avalia, por amostragem, avaliados em média 300.000 alunos de 7.000
alunos da rede pública (federal, estadual e escolas em todo o país. Um fato importante
municipal) e privada, matriculados nos 5º sobre essa avaliação é que ela não divulga
e 9º anos do Ensino Fundamental, assim os resultados individuais das regiões e/ou
como o 3º ano do Ensino Médio, em disci- escolas avaliadas, mas busca, no conjunto
plinas específicas de Língua Portuguesa e de resultados, avaliar os dados objetivos,
Matemática. Como se dá por amostragem, refletindo de modo geral a educação bra-
segue os critérios estatísticos de no mínimo sileira (BRASIL, 2007).
10 alunos por turma avaliada. Desse modo, essa avaliação se destina aos
gestores federais, estaduais e municipais da
Os resultados da ANEB permitem aos ges- educação, pois possibilitam a reflexão sobre
tores federais e estaduais de educação
a eficiência das redes de ensino, ao ensina-
terem indicações sobre em que campos
rem as disciplinas avaliadas.
devem investir mais recursos para obter
melhores resultados. A depender das variá- Além desses dados, a ANEB avalia
veis incluídas nos questionários contextuais também as condições pessoais, familiares,
e da natureza de determinadas políticas, a perfil do professor e do diretor da escola,
ANEB pode propiciar o monitoramento da
assim como a infraestrutura das escolas
eficiência de políticas e de investimentos
em que a avaliação foi realizada, buscan-
feitos na educação (BRASIL, 2007, p. 16).
do com isso, verificar a relação existente
Nesse sentido, seu principal objetivo é entre esses fatores e o desempenho dos
avaliar a qualidade, equidade e eficiência alunos (BRASIL, 2007).
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47
AVALIAÇÃO NACIONAL DO
RENDIMENTO ESCOLAR –
ANRESC / PROVA BRASIL
Gestores, educadores e a sociedade bra-
Conhecida popularmente como Prova Brasil, sileira têm consolidada a compreensão
a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar de que um grande desafio da educação –
trata-se de uma avaliação realizada em larga direito individual e coletivo – é contribuir
escala, com alunos dos 5º e 9º anos do Ensino para a formação de um ser humano capaz
de exercer os outros direitos, de modo a
Fundamental. Destinada especificamente à
potencializá-lo como cidadão pleno, um
rede pública da educação, ela abrange as indivíduo que participe ativamente das de-
escolas das redes municipais, estaduais e cisões pertinentes à sua vida, considerando,
federal de ensino, em turmas que possuem, portanto, que a educação transcende o
no mínimo, 20 alunos matriculados, nas séries espaço e o tempo escolares. A reflexão e
a compreensão coletiva sobre os objeti-
avaliadas. Em 2011, foram inclusas, nessa ava-
vos do ensino de Ciências da Natureza e
liação, as escolas rurais que têm, no mínimo, de Ciências Humanas é requisito para a
20 alunos matriculados, nas séries a serem construção de um sistema de avaliação que
avaliadas. dialogue com a realidade das práticas es-
O objetivo da Prova Brasil é avaliar a colares desse ensino (BRASIL, 2013, p. 20).
qualidade do ensino público ofertado pelo A inserção dessa disciplina na Prova Brasil
sistema de educação brasileiro e, para isso, ainda passa por discussões, mas corrobora
se utiliza tanto de testes padronizados para que possamos pensar a Educação Básica
quanto de questionários socioeconômi- e a qualidade do ensino ali ofertado.
cos. As avaliações na área de ensino e A avaliação nas áreas de Língua Portuguesa
aprendizagem contemplam as discipli- e Matemática são divididas em 22 questões
nas de Língua Portuguesa e Matemática. para cada área, de tal modo que, na primeira
Em 2013, em caráter experimental, foi in- disciplina, o foco é a leitura, e em Matemática, o
cluída a disciplina de Ciências. De acordo foco está na resolução de problemas. As ques-
com o documento Inclusão de Ciências tões dispostas partem da Matriz de Referência
no SAEB, a inclusão dessa disciplina se faz elaborada pelo SAEB, elencando os principais
necessária na medida em que: descritores para cada conteúdo avaliado.
Avaliação da Aprendizagem
48
A
lém das avaliações destinadas aos Uma segunda diferença diz respeito à di-
alunos, professores e diretores também vulgação dos dados: como já afirmamos, os
respondem a questionários, os quais dados obtidos pelo Saeb são divulgados por
buscam coletar dados demográficos, além do Estado, ao passo que a Prova Brasil divulga
perfil profissional e das condições de trabalho. os dados por escola e, individualmente, haja
Diferente da Avaliação Nacional da vista que o foco dessas avaliações é a escola
Educação Básica, a qual não divulga os e não o aluno, em particular.
dados individuais das escolas e cidades Em síntese, os principais objetivos da Prova
avaliadas, os dados obtidos na Prova Brasil Brasil são:
são divulgados, permitindo, com isso,
acompanhar o desempenho das escolas Contribuir para a melhoria da qualidade de
ensino, redução de desigualdades e demo-
envolvidas nessa avaliação.
cratização da gestão do ensino público;
Nos quintos e nonos anos do Ensino
Fundamental, o SAEB e a Prova Brasil são apli- Buscar o desenvolvimento de uma cultura
cados simultaneamente, a cada dois anos, avaliativa que estimule o controle social
utilizando-se das mesmas questões. De acordo sobre os processos e resultados de ensino
com a OECD, “[...] os resultados são desmem- (BRASIL, 2008, p. 8).
brados pelo INEP: uma parte (apenas a amostra Devido à amplitude da Prova Brasil, é pos-
SAEB) é utilizada para o acompanhamento das sível, por meio dos dados por ela obtidos,
tendências ao longo do tempo” (2010, p. 151). elencar as médias de desempenho para cada
Em síntese, as principais diferenças entre a região brasileira, assim como de seus respec-
Prova Brasil e o SAEB são elencadas pela OECD tivos municípios e escolas, refletindo, assim,
(2010). Uma primeira diferença se apresenta sobre o desempenho e as práticas pedagó-
na amplitude dessas avaliações: enquanto a gicas praticadas.
Prova Brasil avalia apenas o 5º e 9º anos do No quadro a seguir, elencamos as prin-
Ensino Fundamental, o SAEB avalia o último cipais semelhanças e diferenças entre a
ano do Ensino Médio e as escolas particulares. ANRESC e a ANEB:
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49
ANRESC ANEB
(PROVA BR ASIL)
A prova avalia as habilidades A prova avalia a Língua
em Língua Portugesa, com Portugesa, com foco na
foco na leitura ) e em leitura) e em Matemática,
Matemática, com foco na com foco na resolução de
resolução de problemas. problemas.
AVALIAÇÃO NACIONAL DA
ALFABETIZAÇÃO - ANA
ação importante para a atenção voltada à al- Os instrumentos utilizados nessa avaliação
fabetização prevista do Pacto Nacional pela são além dos próprios testes de desem-
Alfabetização na Idade Certa, conhecido penho nas áreas já explicitadas acima,
como PNAIC (INEP, 2013). questionários com professores e gesto-
A ANA avalia os níveis de alfabetização e res, os quais buscam verificar as condições
letramento em Língua Portuguesa e alfabeti- de ensino, infraestrutura e gestão.
zação Matemática. Para além da aplicação do
teste de desempenho nessas áreas, a Avaliação
Nacional da Alfabetização propõe-se a ser um
instrumento de análise das condições de es-
colaridade dos alunos avaliados. Realizada
Ficou interessado em saber sobre o
anualmente, tem como principais objetivos: Pacto Nacional pela Alfabetização na
Idade Certa? Acesse: <http://pacto.
Avaliar o nível de alfabetização dos edu- mec.gov.br/o-pacto>.
O sítio apresenta diversos documen-
candos no 3º ano do ensino fundamental. tos, inclusive os materiais destinados
aos professores para serem utilizados
Produzir indicadores sobre as condições na alfabetização de seus alunos.
de oferta de ensino.
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51
O
Exame Nacional do Ensino Médio – dezembro de 2009, com um registro de mais
ENEM – é uma prova com questões de 2,5 milhões de discentes no Brasil.
de múltipla escolha e de cunho A inscrição para o exame é responsabi-
facultativo proposta exclusivamente a estu- lidade do INEP e só pode ser realizada pela
dantes que estão frequentando o último ano internet. Os estudantes de instituições públi-
do ensino médio. Concebida em 1998, é o cas e os oriundos de famílias de menor poder
INEP o órgão responsável por sua organiza- aquisitivo são dispensados de arcar com taxa
ção e sua execução. A princípio, o exame tinha de matrícula. Para requerer tal dispensa de
por objetivo ser um “vestibular único nacio- pagamento, os candidatos devem fazê-la no
nal”. Todavia, somente algumas instituições momento de inscrição no ENEM. Os estu-
universitárias se colocaram à disposição para dantes que frequentam o ensino médio em
realizá-lo, não havendo confiança no processo. instituições particulares de ensino devem
Até o ano de 2003, o exame era aplicado pagar a taxa de matrícula não reembolsá-
anualmente a uma população aproximada vel em caso de desistência. As inscrições são
de 1,5 milhão de alunos em todo o país. No antecipadamente realizadas e, com isso, um
ano de 2004, com a criação do Programa grande número de candidatos acaba deixan-
Universidade para Todos - ProUni, programa do de realizar a prova. Só no ano de 2009, o
que se destinava a oferecer bolsas de estudo INEP indicou uma taxa de absenteísmo de
aos alunos que obtivessem bons resultados 37,7% e, particularmente em São Paulo, as
no ENEM, o número de alunos começou a ausências foram de 46,9%1.
aumentar, quase dobrando na edição de 1
Dados do Inep. Disponível em: <www.inep.gov.br>. Acesso em: 07
abr. 2014.
Avaliação da Aprendizagem
52
A
principal diferença entre a avaliação à seleção dos estudantes. Já as instituições
realizada no vestibular e a realizada privadas, por receberem incentivos fiscais,
no ENEM é o formato das provas. No colocam-se mais abertas a tal proposição.
vestibular, são elencadas além das questões O acesso às universidades públicas (fe-
de múltipla escolha, questões dissertativas, derais e estaduais) acaba ficando restrito a
nem sempre fundamentadas nos conteúdos alunos de classes sociais mais abastadas, por
curriculares propostos nas escolas, requeren- terem o privilégio de poder fazer um ensino
do ainda emprego de conceitos, busca de médio de melhor qualidade, por terem
resposta a problemas e interpretação crítica. aulas de reforço, e por não precisarem, em
Por se tratar de questões de múltipla geral, trabalhar e estudar ao mesmo tempo.
escolha, o ENEM é mais rapidamente corri- Preocupado com isso, o governo buscou criar
gido, pois, para isso, utiliza-se das tecnologias medidas para poder atender as classes mais
de informação e comunicação. carentes que realizam seus estudos em insti-
No ano de 2009, o governo tinha por tuições públicas e que têm menos condições
escopo transformar o ENEM em um vestibu- de competir pelas vagas, principalmente, as
lar unificado nacional, porém, nem todas as de cursos muito concorridos. Tais medidas
instituições foram de parecer favorável a essa preveem o incentivo do ProUni para que os
mudança. Muitas instituições públicas não alunos estudem com bolsas de estudo nas
querem perder sua autonomia em relação instituições privadas.
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53
SINAES
SISTEMA NACIONAL DE
AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR
Avaliação da Aprendizagem
54
ENADE PROVÃO
O ENADE é aplicado periodicamente a cada É um processo de avaliação Era um exame de verificação do
três anos. Assim, cursos que foram avaliados da trajetória da área ao rendimento.
longo do tempo
em 2004, foram reavaliados em 2007. Como
Avalia os conhecimentos Avaliava o curso com base no
se dá por amostragem, não são avaliados dos alunos, iniciantes e pressuposto de que o desem-
concluintes do curso. penho dos alunos e uma prova
todos os cursos trienalmente, mas seguem as são iguais à qualidade do curso.
disposições dadas por Portarias Normativas É realizado por amostra- Era obrigatório a todos os alunos.
que estabelecem quais os cursos que reali- gem.
Cada área é avaliada de Era aplicado apenas aos conclu-
zarão os testes2. três em três anos. intes do curso.
Tal exame é composto por quatro ins- Gera informações quali- Atribuía conceitos que não
ficadas que vão além dos permitiam definir um padrão de
trumentos de avaliação: os testes realizados conteúdos específicos da qualidade para os cursos.
pelos alunos, os questionários acerca da área profissionalizante.
percepção dos alunos sobre o teste, os ques-
tionários socioeconômicos e educacionais A extinção do Provão e a implantação do
dos alunos, além de um questionário espe- ENADE possibilitaram uma ampliação nas
cífico para o coordenador do curso avaliado. discussões sobre a qualidade ofertada pelas
De acordo com Valle, Leite e Andrade instituições de ensino superior brasileiras. A
(2009, p. 292), algumas diferenças, porém, discussão sobre a qualidade, que perpassa
no que diz respeito ao ENADE e ao Provão, a educação básica e o ensino superior, por
são visíveis: meio de avaliações, deve promover o debate
2
Em 2013, por exemplo, os cursos avaliados foram Agronomia, sobre os resultados obtidos e a reorganização
Biomedicina. Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia,
Fonoaudiologia, Medicina, Medicina Veterinária, Nutrição, Odontologia, das estratégias, encaminhamentos e gestão
Serviço Social e Zootecnia, além dos cursos técnicos em Agronegócio,
Gestão Hospitalar, Gestão Ambiental e Radiologia. a serem adotados.
Avaliação da Aprendizagem
56
considerações finais
As questões referentes às avaliações externas avaliar e estabelecer a natureza, as pecu-
da aprendizagem, nos vários níveis educa- liaridades e características necessárias aos
cionais, realizadas a partir do final do século processos que envolvem a educação.
passado, assim como a análise das várias pro- Com a leitura desta unidade, esperamos
postas nacionais, apontam que a discussão que tenha ficado clara a mensagem de que
sobre a qualidade da educação deve ir além a qualidade dos processos educativos é con-
dos resultados de aprendizagem medidos sequência da melhoria das metodologias e
por meio de testes nos sistemas de avalia- técnicas pedagógicas, e que isto se torna pos-
ção em larga escala. sível a partir do momento em que o professor
Por outro lado, não se devem desconside- se coloca à disposição para buscar aprimorar
rar as condições educacionais e os resultados seu conhecimento e sua qualificação.
de exames que indicam que há sim proble- É preciso, ainda, ver as avaliações exter-
mas no processo de ensino e aprendizagem nas não apenas como meros instrumentos de
desde a educação básica. regulação, mas, principalmente, considerar a
O debate e a pesquisa sobre a qualida- possibilidade de que venham agregar valor
de da educação provocam o mapeamento ao processo como um todo, proporcionan-
de distintos tópicos essenciais para habilitar, do melhora nos níveis até então atingidos.
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57
O ProUni
O Programa Universidade para Todos - Prouni - tem como finalidade a concessão de bolsas de estudo
integrais e parciais em cursos de graduação e sequenciais de formação específica, em instituições
de ensino superior privadas. Criado pelo Governo Federal em 2004 e institucionalizado pela Lei nº
11.096, em 13 de janeiro de 2005, oferece, em contrapartida, isenção de tributos àquelas instituições
que aderem ao Programa.
Dirigido aos estudantes egressos do ensino médio da rede pública ou da rede particular na condição
de bolsistas integrais, com renda familiar per capita máxima de três salários mínimos, o Prouni conta
com um sistema de seleção informatizado e impessoal, que confere transparência e segurança ao
processo. Os candidatos são selecionados pelas notas obtidas no Exame Nacional do Ensino Médio
- Enem - conjugando-se, desse modo, inclusão à qualidade e mérito dos estudantes com melhores
desempenhos acadêmicos.
O Programa possui também ações conjuntas de incentivo à permanência dos estudantes nas insti-
tuições, como a Bolsa Permanência, os convênios de estágio MEC/CAIXA e MEC/FEBRABAN e ainda
o Fundo de Financiamento Estudantil - Fies, que possibilita ao bolsista parcial financiar até 100% da
mensalidade não coberta pela bolsa do programa.
O Prouni já atendeu, desde sua criação até o processo seletivo do segundo semestre de 2013, mais
de 1,2 milhão de estudantes, sendo 69% com bolsas integrais.
O Programa Universidade para Todos, somado ao Fies, ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu), ao
Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), à
Universidade Aberta do Brasil (UAB) e à expansão da rede federal de educação profissional e tec-
nológica ampliam significativamente o número de vagas na educação superior, contribuindo para
um maior acesso dos jovens à educação superior.
Conheça o Inep
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) é uma autarquia federal
vinculada ao Ministério da Educação (MEC), cuja missão é promover estudos, pesquisas e avaliações
sobre o Sistema Educacional Brasileiro com o objetivo de subsidiar a formulação e implementação
de políticas públicas para a área educacional a partir de parâmetros de qualidade e equidade, bem
como produzir informações claras e confiáveis aos gestores, pesquisadores, educadores e público
em geral.
Para gerar seus dados e estudos educacionais o Inep realiza levantamentos estatísticos e avaliativos
em todos os níveis e modalidades de ensino, leia mais em: <http://portal.inep.gov.br/conheca-o-in-
ep>. Acesso em: 25 mar. 2014.
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59
relato de
caso
O Programa Excelência na Educação Básica da Unicesumar, criado em 2013, tem como objetivo geral
“oferecer propostas que visem melhorar a qualidade da educação básica oferecida pelo sistema pú-
blico de ensino, promovendo a qualidade de vida dos municípios envolvidos”. Entre seus objetivos
específicos destacam-se:
• Analisar as políticas públicas que se dedicam aos anos iniciais do ensino fundamental – 1º ao
5º ano (ESCOLA).
• Investigar como é realizada a gestão das escolas envolvidas (GESTOR).
• Averiguar qual é a formação do professor que atua nos anos iniciais em escolas públicas e as
metodologias utilizadas no processo de ensino e aprendizagem (PROFESSOR).
• Diagnosticar e quantificar tanto a entrada de alunos com oito anos de idade, em média, e seus
níveis de alfabetização e noções em matemática, quanto o comportamento desses alunos no 5º
ano, buscando estabelecer um parâmetro de comparação de seu desempenho, no sistema público
de ensino, ofertado pelas escolas municipais de Maringá e Setentrião Paranaense (ALUNO).
• Aferir se e como ocorre a participação de pais ou responsáveis na educação escolar de seus
filhos (COMUNIDADE).
• Propor a participação da sociedade organizada, de modo que esta possa contribuir efetivamente
com a educação básica (SOCIEDADE ORGANIZADA).
Aplicou, neste mesmo ano, em trinta municípios da região noroeste do Paraná, em todos os 5º anos
do Ensino Fundamental, uma avaliação similar à Prova Brasil. Os resultados, ranqueados por mu-
nicípios, escolas e turmas avaliadas, mostraram que a média geral de todos os alunos avaliados, nas
disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática foram de 4,8 pontos, em que a média de corte é 6,0.
Essa avaliação deu origem a um Programa de Intervenções, ofertado por essa instituição, a fim de
melhorar os níveis de aprendizagem e oferecer subsídios necessários à melhora dos resultados aos
professores dessa série suporte.
3 A AVALIAÇÃO E AS NOVAS PROPOSTAS PARA
O ENSINO
Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará
nesta unidade:
• A avaliação que propomos sob um enfoque inovador
• Caracterizando essas novas propostas de avaliação
Objetivos de Aprendizagem • Funções da avaliação: diagnóstica, formativa e
• Identificar e caracterizar os diferentes tipos de avalia- somativa
ção do processo ensino-aprendizagem que podem • Avaliação, acompanhamento e análise de resultados
ser aplicados no Ensino Básico.
• Reconhecer a importância da avaliação enquanto
instrumento de acompanhamento do processo en-
sino-aprendizagem, bem como análise de resultados.
• Adquirir a capacidade de reconhecer, por meio das
atividades pedagógicas, a concepção de ensino-
-aprendizagem que orientará o fazer pedagógico
do docente do Ensino Básico.
Na discussão desenvolvida na unidade II, verificamos como ocorrem
as avaliações externas e qual é a importância delas no contexto con-
temporâneo. Isso nos leva a ver que as instituições de ensino não
têm conseguido garantir a apropriação significativa, crítica, criativa
e duradoura, por parte do conjunto dos educandos, do conheci-
mento fundamental acumulado pela humanidade, de tal forma
que possa servir como instrumento de construção da cidadania e
de transformação da realidade.
É
Se, então, tratarmos de qualidade do
consenso que o conhecimento científico ensino, o termo poderá ser interpretado
é o centro da atividade em uma insti- diferentemente: na concepção de avalia-
tuição de ensino, seja ela da Educação ção classificatória, a qualidade se refere
Básica ou mesmo do Ensino Superior. a padrões preestabelecidos, em bases
comparativas: critérios de promoção, ga-
Problematizá-lo, discutir sua utilidade e sua
baritos de respostas às tarefas, padrões de
constituição é a melhor forma de fazer com comportamento ideal. (...)
que os alunos cons- contrariamente, qualidade,
truam seu próprio ATÉ QUE PONTO A ESCOLA numa perspectiva media-
conhecimento. Porém, PARECE HOJE ALCANÇAR dora da avaliação significa
desenvolvimento máximo
uma questão emblemá- UM ENSINO DE QUALI- possível, um permanente
tica com relação a essa DADE NO SENTIDO DE “vir a ser”, sem limites pre-
perspectiva inovado- DESENVOLVER AS POTEN- estabelecidos, embora com
ra do conhecimento e CIALIDADES DE CADA objetivos claramente deli-
da própria avaliação diz EDUCANDO? neados, desencadeadores
da ação educativa.
respeito à qualidade do
ensino ofertada pelas Nas novas concep-
instituições de Ensino de nosso país. ções de aprendizagem, a ação pedagógica,
ao preocupar-se com a construção racio-
Muitos fatores dificultam a superação da nal de novas estruturas conceituais, prioriza,
prática tradicional já tão criticada, mas
primeiramente, a análise racional da estru-
dentre muitos, desponta sobremanei-
tura do assunto a ser ensinado. Em seguida,
ra a crença dos educadores de todos os
graus de ensino na manutenção da ação prioriza uma análise lógica de conteúdos or-
avaliativa classificatória como garantia ganizados já existentes na mente do aluno,
de um ensino de qualidade que resguar- que sejam relevantes para a aprendizagem
de um saber competente dos alunos
do assunto. Visto sob esse ângulo, os co-
(HOFFMANN, 2003, p. 13).
nhecimentos previamente adquiridos são
Precisamos refletir sobre tal afirmação: fundamentais para a compreensão e inter-
até que ponto a escola parece hoje alcan- nalização de novos significados de palavras,
çar um ensino de qualidade no sentido de de conceitos, de proposições, pois servem
desenvolver as potencialidades de cada edu- de ancoragem às novas ideias em um rela-
cando? O sucesso de alguns representa de cionamento não arbitrário.
fato sua formação, no sentido de um indiví- Pode-se dizer que ocorre uma aprendi-
duo ser capaz de resolver os problemas que zagem significativa quando um indivíduo
a vida cotidiana lhe impõe? consegue relacionar uma nova informação
Ainda nas palavras de Hoffmann (2003, a algum aspecto relevante, já existente em
p. 29 -30), sua estrutura de conhecimento.
Avaliação da Aprendizagem
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PROPOSTAS DE AVALIAÇÃO
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A
tualmente, busca-se cada vez mais
a qualidade no ensino por meio de
uma perspectiva inovadora de ava-
liação, como vimos anteriormente. Vimos, ao
longo das unidades, que alguns fatores difi-
cultam a modificação da prática tradicional,
visto que o novo, por vezes, provoca senti-
mentos de rejeição, por medo e insegurança.
Segundo Antunes (2004, p. 52), “(...) mudar é
preciso, ainda que permanecer seja sempre
mais fácil, avaliar plenamente é imprescin-
dível, ainda que medir seja extremamente
confortável”.
O
Avaliação da Aprendizagem
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TEXTO I
FUNÇÕES DA AVALIAÇÃO:
DIAGNÓSTICA, FORMATIVA E SOMATIVA
A avaliação diagnóstica inicial tem como A segunda forma de avaliar pode ser de-
objetivo fundamental analisar a situação
nominada formativa e tem como principal
de cada aluno antes de iniciar um determi-
objetivo detectar problemas de ensino-
nado processo de ensino-aprendizagem,
para tomar consciência (professores e -aprendizagem. Por meio dela, o professor
alunos) dos pontos de partida e, assim enfatiza os resultados da aprendizagem e
poder adaptar tal processo às necessidades estabelece um comparativo entre os diferen-
detectadas. Em conseqüência, as ativida-
tes resultados obtidos pelo mesmo aluno, o
des iniciais de todo processo de ensino
processo de aprendizagem que permitiu a
deveriam ter, entre outras coisas, um com-
ponente de avaliação inicial (SANMARTÍ, obtenção dos resultados e as causas dos fra-
2009, p. 31). cassos na aprendizagem.
Em outras palavras, a avaliação diagnós-
tica é aquela realizada no início de um curso, A avaliação mais importante para os re-
sultados de aprendizagem é a realizada
para verificar os pré-requisitos necessários
ao longo do processo de aprendizagem.
de cada aluno, se eles possuem ou não co- A qualidade de um processo de ensino
nhecimentos e habilidades imprescindíveis depende, em boa parte, de se conseguir
para as novas aprendizagens. Ela subsidia o ajudar os alunos a superarem os obstácu-
planejamento e a organização de sequên- los em espaços de tempo pequenos no
momento em que são detectados. Além
cias de ações e permite estabelecer o nível
disso, o fundamental para aprender é que
de necessidades iniciais para a realização de o próprio aluno seja capaz de detectar suas
um projeto adequado. dificuldades, compreendê-las e autorregu-
lá-las (SANMARTÍ, 2009, p. 33).
Com isso, queremos dizer que a primei- Nesse sentido, a avaliação formativa é re-
ra coisa a ser feita, para que a avaliação
alizada no decorrer do ano letivo, com intuito
sirva para a democratização de ensino,
de verificar se os alunos estão atingindo os
é modificar a sua utilização de classifica-
tória para diagnóstica. Ou seja, avaliação objetivos de aprendizagem previstos. Esse
deverá ser assumida como instrumento tipo de avaliação é basicamente orientador,
de compreensão do estágio de aprendi- pois encaminha tanto o estudo do aluno
zagem do aluno, tendo em vista tomar
quanto os procedimentos do professor.
decisões suficientes e satisfatórias para
Fornece dados para uma tomada de decisão,
que ele possa avançar no seu processo
que pode ser no sentido de criar condições
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• Tem como objetivo permitir ao Nesse sentido, Esteban (1997, p. 53) en-
professor compreender como o fatiza que:
acadêmico elabora e constrói seu
próprio conhecimento. avaliar significa deixar de fazer julgamen-
to sobre a aprendizagem do aluno, para
• Pode ser feita com base em vários
constituir um momento capaz de expres-
instrumentos, conforme as aulas sar os conhecimentos que os alunos já
foram dadas. têm estruturados, o processo cognitivo
• Não pode ser registrada que realizou para alcançar tais conheci-
quantitativamente, com notas ou mentos, o que o aluno ainda não sabe, o
que pode vir a saber, as suas possibilida-
mesmo conceitos, somente em forma
des de aprendizagem e suas necessidades
de relatório e anotações que definirão para que a superação sempre transitória,
estratégias posteriores. do não saber, possa ocorrer.
• Não tem o controle como finalidade.
O que importa é o significado do A avaliação formativa fornece informa-
desempenho, não o sucesso ou o ções que possibilitam uma adaptação do
fracasso. ensino às diferenças individuais na apren-
• Prevê que os acadêmicos têm dizagem. É importante ressaltar que essa
ritmos e processos de aprendizagem adaptação dever ser feita antes que seja
diferentes. Por isso, está ligada tarde demais. Após a avaliação formativa,
aos ciclos, que permitem tornar a que possibilita um ensino eficaz e aprendi-
progressão da aprendizagem mais zagens efetivas, temos a avaliação somativa
fluida. que, geralmente, ocorre no final de um pro-
• Levanta a necessidade de cesso de aprendizagem.
investigação do conhecimento prévio Essa avaliação somativa objetiva reali-
do estudante, para o planejamento zar um diagnóstico do aluno no final de um
do trabalho como um todo. período, seja no final de uma unidade, de
• É favorecida pela diversificação de um bimestre, de um ano letivo... O principal
formas de agrupamento dos alunos, aspecto enfatizado nesse tipo de avaliação
que atendem a objetivos da atividade é o resultado da aprendizagem baseada nos
e dos próprios estudantes. objetivos. Consiste em classificar os alunos de
acordo com o nível de aproveitamento pre-
viamente estabelecido, geralmente, tendo
em vista sua promoção de uma série para
outra ou de um grau para outro.
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AVA L I
AÇÃO ACOMPANHAMENTO E
ANÁLISE DOS RESULTADOS
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Depois, esse professor poderá realizar ati- Verificamos, assim, que a avaliação deve
vidades de retomada desse tipo de avaliação, servir para verbalizar pontos de vista, con-
em que os acadêmicos terão a oportunidade trastá-los e acordar novas formas de falar e
de reverem, refletirem e obterem conhe- de fazer. “É o meio para conseguir a aproxi-
cimentos por meio do erro. Para que esse mação progressiva das representações que
processo atinja seus objetivos, é preciso aquele que aprende e aquele que ensina têm
mudar a cultura da instituição escolar do sobre os conteúdos” (SANMARTÍ, 2009, p. 42).
“toma lá da cá”. Defendemos a ideia de que somente
Concordamos com Sanmartí (2009, p. aqueles que cometeram os erros podem cor-
41), ao afirmar que, “se algo deve mudar na rigi-los, ou seja, o professor apenas detecta
escola é o status do erro (...). Se não houvesse os erros dos acadêmicos durante a realiza-
erros para superar, não haveria possibilida- ção da avaliação. Cabe, então, aos próprios
des para aprender”. alunos corrigi-los por meio de estratégias
E prossegue, apresentadas pelo docente.
considerações finais
Podemos dizer que, no Brasil, hoje, o contexto aprendizagem desse aluno. Se a avaliação
da educação e da avaliação da aprendizagem demonstrou que o educando não aprendeu,
escolar está em processo de transição. Na o professor deve procurar novos caminhos
tentativa de superação de um modelo edu- para trabalhar o mesmo conteúdo com esse
cacional conservador, permeado por uma acadêmico, de forma que obtenha sucesso
prática de avaliação de enquadramento do e atinja o seu objetivo, qual seja o aprendi-
indivíduo, para a efetiva consolidação de um zado. Então, a avaliação estará cumprindo
modelo de educação, voltado para o cres- seu papel, ela será um instrumento subsidi-
cimento do indivíduo, enquanto sujeito de ário, necessário, que apontará ao professor
sua aprendizagem, não mais como objeto, os caminhos necessários a uma aprendiza-
e uma prática de avaliação de diagnósti- gem efetiva.
co, do desempenho do aluno, voltada para A avaliação da aprendizagem sobre esse
a promoção da qualidade do ensino e da novo olhar é definida por vários termos.
aprendizagem. Luckesi (2005) coloca como avaliação diag-
No entanto, essa mudança não acontece- nóstica, Hoffmann (1993) como avaliação
rá de um dia para o outro, pois muitos fatores mediadora e outros tantos como avaliação
dificultam a superação da prática tradicional. formativa. Cada autor criou um termo para
O sistema educacional, pais, alunos e a so- denominar esse tipo de avaliação, porém,
ciedade com toda a sua complexidade estão seu sentido é o mesmo, de trabalhar para o
interessados na promoção dos estudantes, crescimento do aluno e a tomada de cons-
nos índices de aprovação ou reprovação. ciência que ajuda a refletir sobre o processo.
Dessa maneira, a avaliação, apesar dos es- Quando falamos de avaliação, não
forços para mudança, polariza o ensino. estamos falando de um fato pontual ou de
Em síntese, ainda hoje, a avaliação é re- um ato singular, mas de um conjunto de
alizada, na maioria das vezes, para classificar fases que se condicionam mutuamente.
os alunos em aprovados e reprovados. No Esse conjunto de fases forma um proces-
entanto, a nossa prática avaliativa não deve ser so e atua integrado. Por sua vez, a avaliação
apenas uma prática de verificação, em que se não é, ou pelo menos não deveria ser, algo
constata o sucesso ou fracasso dos educandos. separado do processo ensino-aprendizagem,
A prática avaliativa que se espera de um ela é parte do processo e exerce um papel
educador realmente comprometido com específico em relação ao conjunto de com-
o crescimento do aluno deve embasar-se ponentes que integram o ensino como um
em um princípio político interessado na todo (ZABALA, 1998).
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conclusão
Escrever sobre avaliação até que é uma tarefa a pós-modernidade e ter uma ideia precisa
fácil. Difícil mesmo é, na vigência da prática do que mudou, para então ser atualizado em
docente, tornar viáveis as sugestões apre- nossa prática educacional.
sentadas como a fórmula encontrada para A prova é, certamente, o reflexo da epis-
tornar realmente eficaz o processo ensino- temologia do professor e esta é decisiva para
-aprendizagem, sempre uma via de duas suas escolhas que envolvem a práxis pedagó-
mãos, envolvendo professor e aluno. gica. A avaliação tradicional é insistentemente
O primeiro passo, para o educador inte- atacada pelos adeptos da transformação
ressado na efetiva melhoria desse espinhoso social visada na educação democrática e in-
processo, é, sem dúvida, ampliar seu leque clusiva. Porém, não só no âmbito legal como
de leituras. no cotidiano, muitas de suas práticas conti-
É recomendável também partir do nuam inalteradas.
contexto geral, para então chegar ao que Algumas funções da prova operatória
se pretende quanto ao encaminhamento já estão bem definidas a nosso ver. Vão do
da consciência crítica de nossos alunos. diagnóstico à formação do educando e sua
Essa consciência, considerada a ideal, somatória de competências por serem adqui-
envolveria também os passos da leitura e, ridas. Para alguns, é condenável tal princípio,
superiormente, das operações mentais de mas outros consideram a correção da prova
análise e síntese. e o próprio “erro” como um momento privi-
A educação pós-moderna pressupõe legiado da aprendizagem.
conhecimentos que extrapolam o âmbito A avaliação do processo ensino-aprendiza-
específico das disciplinas. O contexto, o leque gem, hoje, transcendeu ao âmbito da sala de
amplo de possibilidades, inclui também os aula e se apresenta na forma da lei, estabeleci-
chamados conhecimentos gerais e a habili- da pela política governamental cada vez mais
dade de compreender as entrelinhas, qual interessada em uma educação de qualidade.
seja o discurso que está implícito no texto. Acreditamos que o problema maior – e
Para tudo isso e mais o incremento às final – é que tudo passa pelo crivo do capital
ideias que levam à inventividade tão almeja- que governos e instituições têm à sua dispo-
da pelos governos como plano educacional, sição, para viabilizar tais projetos feitos no
é necessário entender as exigências da edu- papel e que incluem melhorias reais, entre
cação na pós-modernidade. Em uma cadeia elas, a valorização do trabalho profissional
contínua, é preciso começar do que significa do docente.
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