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BANCO DE QUESTÕES – PORTUGUÊS 12.

O ANO


Domínio: Escrita
Conteúdo: Leitura de imagem

Observa atentamente o cartoon a seguir apresentado e elabora uma leitura da imagem


relacionando-a com Camões, Pessoa e D. Sebastião.

CAMÕES, PESSOA E D. SEBASTIÃO, cartoon de JOÃO ABEL MANTA

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Domínio: Escrita
Conteúdo: Leitura de imagem
Elabora uma leitura do quadro de Júlio Pomar, relacionando-a com o poema «Fim» de
Mário de Sá Carneiro.

Fernando Pessoa encontra


D. Sebastião num caixão
sobre um burro ajaezado
à andaluza, pintura de
Júlio Pomar (1985)

FIM
Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos saltos e aos pinotes,
Façam estalar no ar chicotes
Chamem palhaços e acrobatas!

Que o meu caixão vá sobre um burro


Ajaezado à andaluza…
A um morto nada se recusa,
Eu quero por força ir de burro.
Mário de Sá-Carneiro

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Domínio: Escrita
Conteúdo: Texto de opinião
Após a leitura da entrevista, seleciona uma resposta, um excerto de resposta ou mesmo
só uma observação de Mário de Carvalho que te tenha interessado particularmente. A
propósito desse excerto escolhido, e apenas desse, elabora, por escrito, um texto de
opinião.

Tem com a literatura a mesma genial


relação que um pintor tem com as
suas telas. Leva mais de 20 livros
traduzidos em várias línguas e um
sem número de prémios. Falamos de
Mário de Carvalho, escritor maior da
literatura portuguesa.
Permita que relembre alguns
factos da sua vida. Foi preso pela
PIDE durante a instrução militar
em 1971 e submetido a sevícias e
privação do sono, acabando por
cumprir 14 meses de prisão nas
cadeias políticas de Caxias e Peniche. Saiu de Portugal ilegalmente em 1973, creio.
Seguiram-se outras e outras peripécias depois de regressar a Portugal. O seu
rasto dava uma história para um filme, Mário de Carvalho?
Sem dúvida, mas não escrito por mim. Porque tenho algum pudor em utilizar nas
minhas obras aspetos claramente autobiográficos. Há uma exceção no argumento de um
pequeno filme de José Barona, que se chama «Quem é Ricardo?» e que circula no
YouTube neste momento, em que se descreve o interrogatório na PIDE, precisamente
nos anos 70. Resulta da minha experiência pessoal mas não é o meu caso. Ou melhor, é o
meu caso mas transfigurado. De qualquer maneira, e ao que me dizem outras pessoas,
aquilo corresponde quase exatamente ao que eram os interrogatórios da PIDE naquela
altura, no final do Marcelismo.
De qualquer forma estou convencido de que, se não tivesse experienciado o que
experienciou, provavelmente não escreveria da forma profunda como o faz.
Mas isso acontece com todos nós. Porque a escrita de qualquer livro, de qualquer
abordagem ficcional, não pode deixar de ter em conta a vivência do autor. O autor
transporta-se todo para o seu livro. Nas impressões que colhe no dia a dia, nas
observações que faz, nas coisas que viveu, naquilo que os amigos viveram, nos livros
que leu, nos filmes que viu, nas peças de teatro a que assistiu. Toda essa grande

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enciclopédia da vida e da cultura são convocados e são chamados para a feitura do livro.
Mas não apenas chamados, também estão a chamar, porque estão a apelar a que uma
enciclopédia do leitor venha encontrar-se e confrontar-se com esta. Eu posso motivar,
eu posso prosseguir, dissertando sobre este assunto, mas isto levaria a uma questão
muito curiosa e que é esta: porque é que acontece tantas vezes um leitor apenas
selecionar um ou outro aspeto – por vezes secundários – daquilo que nós escrevemos? E
porque é que por vezes o leitor vê coisas em que nós não reparámos quando estávamos
a escrever? A resposta é: porque fizemos despertar no leitor qualquer coisa que lá
estava.
Quando encontramos pela frente um leitor que não tem enciclopédia para convocar, que
não tem uma vivência pessoal que seja tocada, que não tem espessura cultural que
possa responder ao livro, este não cumpre a sua função e o autor sente-se frustrado.
Escreve romances, novelas e muitos contos, alguns deles adaptados ao teatro e ao
cinema. Encara os vários géneros literários da mesma forma?
Houve uma altura em que eu dizia que repousava de um género passando para outro.
Isto é, quando acabava um romance, por exemplo, e estava exausto, passava para outra
matéria. Quando vivia durante uns meses durante o Império Romano de Marco Aurélio,
por exemplo, apetecia-me saltar para a atualidade a seguir. Depois fazia uma incursão
pelo teatro e, quando estava farto de teatro, fazia uma incursão no cinema. E isso tem
acontecido na minha vida por duas razões. A primeira é porque sou curioso. Sou
naturalmente curioso, com aquela curiosidade, como dizia o Eça, que leva os homens à
Índia. Não é espreitar pelo buraco da fechadura, é a que leva os homens à Índia. E por
outro lado, os autores criam personagens: personagem A, personagem B. E as
personagens não são iguais, nem sequer têm linguagens semelhantes. São
contraditórias. Trabalhamos com Deus, trabalhamos com o Diabo, ou melhor,
trabalhamos com os anjos e com os demónios. Vamos buscar os anjos e os demónios
dentro de nós. De certo modo, isto é uma cisão de personalidade, uma certa
esquizofrenia, não é? Agora, se pensarmos nas diversas personalidades, eu costumo
dizer isto de forma mais amaciada. Nas várias faixas, nas várias pistas, nos vários
territórios, nós temos um pouco isto... A capacidade de se desmultiplicar, a capacidade
de se diversificar noutros. E esta multifacetagem que aparece nas minhas coisas tem um
pouco a ver com isso. O espírito curioso aliado a esta natural dispersão de pontos de
vista, de vozes e de percursos.
Numa entrevista que deu há tempos, disse: «A literatura foi-me entregue, tenho o
dever de a devolver sem estragos.» Na sua perspetiva, que outros autores tratam
bem a literatura portuguesa?
Eu não vou fazer agora uma enumeração de autores portugueses, mas há autores
portugueses neste momento, jovens, por quem eu tenho uma grande estima e uma
grande consideração. Se há alguma coisa que neste país tem brilho é uma literatura
secular. Porque o Fernão Lopes não é um escritor qualquer a nível europeu. Pode ser

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que seja traduzido ou não, isso não interessa porque não é a tradução que faz um
grande escritor. O Padre António Vieira é qualquer coisa de enorme. Enorme.
Gigantesco. O Pessoa. Não há muitos poetas como o Pessoa. E se calhar não há nenhum.
O Eça é um dos grandes autores europeus do século XIX. O New York Times ignora o Eça.
Aliás, é curioso, Portugal aparece sempre mencionado quando há crises económicas.
Mas as coisas interessantes e importantes de Portugal não existem. Isto para dizer que
não vou dizer que temos uma grande literatura, mas, para um pequeno país, nós temos
uma quantidade de autores notáveis, assinaláveis, que estabeleceram padrões. Neste
século estou a pensar no Saramago. E podia falar do Brandão... E podia começar a
desbobinar: Aquilino, Rodrigues Miguéis... Há grandes autores. E portanto, se podemos
exigir do leitor que responda a um autor, nós podemos exigir ao escritor que
corresponda à literatura, que esteja ao seu nível, à sua altura. Agora, quando caem
autores de paraquedas que nunca ouviram falar em Aquilino Ribeiro, têm dificuldade
em ler Aquilino, que acham que aquilo é difícil, que nunca passaram por uma Maria
Velho da Costa, nem sequer folheando e apercebendo-se do mundo magnífico de língua
e do tratamento de língua que está ali, o que é que nós podemos fazer? Não é aqui que
está o futuro da literatura.
Obrigado. Boa sorte para o seu livro, Mário de Carvalho.
Portal da Literatura, Mário de Carvalho //2012-09-14 (texto com supressões)
http://www.portaldaliteratura.com/entrevistas.php?id=39

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Domínio: Escrita
Conteúdo: Apreciação crítica de imagem
«A lição de Salazar» – cartaz de propaganda política
Na representação do século XX, o romance de Saramago, O Ano da Morte de Ricardo Reis,
permite reconhecer a hábil utilização da propaganda pelos regimes autoritários, quer na
reprodução de discursos de Hitler e de Salazar, quer nas múltiplas referências à
utilização, por parte do poder, de todos os meios ao seu dispor, não só os jornais e a
rádio, mas também o teatro, o cinema, a literatura.
Elabora uma leitura crítica da imagem, relacionando-a com a referida obra de José
Saramago.

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Domínio: Escrita
Conteúdo: Apreciação crítica de imagem

Observa atentamente o quadro e, num texto devidamente estruturado, redige uma


apreciação crítica, incluindo os elementos seguintes:
 Composição;
 Cor / luz;
 Título;
 Relação com o romance Memorial do Convento.

Ilha com gaivotas, de Rogério Ribeiro

O PINTOR

Rogério Ribeiro (1930-2008)


Nasceu em Estremoz e viveu em França e Itália, tendo, no final dos anos 60, trabalhado
na criação do Museu Calouste Gulbenkian. Professor na ESBAL a partir de 1970, esteve
ligado à organização de diversas exposições e projetos museológicos de grande relevo,
nomeadamente a direção da Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea, em
Almada.
O quadro Ilha com Gaivotas fez parte da exposição Ícaro, realizada em Lisboa, no ano
2000.

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Domínio: Escrita
Conteúdo: Apreciação crítica de imagem
O quadro apresentado abaixo representa uma leitura da obra Memorial do Convento de
José Saramago. Propõe-se a sua apreciação crítica, tendo em conta:
 os planos e a sua composição (1.º plano triangular, 2.º plano retangular);
 a identidade e a expressão das figuras retratadas;
 a cor;
 a luz;
 a dimensão crítica e satírica.

Pintura de José Santa-Bárbara do ciclo «Vontades», uma leitura do Memorial do Convento, 2002.

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O PINTOR

José Santa-Bárbara (n. 1936)


A sua vasta atividade tem-se repartido entre o design (gráfico, industrial, de interiores,
de mobiliário), a medalhística, a escultura e a pintura. Responsável pelo Gabinete de
Design da CP durante largos anos, é da sua autoria o logotipo da empresa, para a qual
conquistou o primeiro prémio internacional atribuído a uma empresa portuguesa. Da
sua autoria, também, as capas de discos importantes na nossa história musical,
sobretudo de José Afonso.
Como pintor, tem realizado exposições individuais em todo o país e participado em
exposições coletivas no país e no estrangeiro.
Em 2012, no 2.º aniversário da morte de José Saramago, as janelas da fundação
expuseram enormes reproduções das pinturas do ciclo «Vontades».

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SOLUÇÕES

① Conteúdo: Leitura de imagem


Este desenho de João Abel Manta mostra-nos um trio nosso conhecido – Camões, Pessoa e D. Sebastião,
num encontro insólito na Brasileira do Chiado, um dos cafés frequentados por Pessoa.
Pessoa, sentado à mesa do café, está, como sempre, absorto na sua escrita. Já Camões parece um tanto
enfastiado e sai, com os manuscritos debaixo do braço. Os seus olhares não se cruzam, não sabemos se
estiveram juntos. De facto, as expressões dos dois poetas são elementos a analisar, mas o que torna mais
interessante o desenho é a imagem-cadáver de D. Sebastião que, como uma sombra ou um fantasma, está
posicionado atrás de Pessoa, na sua imediatamente reconhecível armadura. O rei é o verdadeiro «cadáver
adiado», e são também cadáveres quase todos os figurantes da cena.
É isto que confere ao cartoon de Abel Manta uma dimensão crítica, talvez ao excesso de Sebastianismo do
país, e também uma dimensão satírica, por mostrar que, afinal, o mito iniciado literariamente n’ Os
Lusíadas e consubstanciado na Mensagem é, ao fim e ao cabo, um cadáver.

② Conteúdo: Leitura de imagem


Para entendermos esta pintura do grande artista contemporâneo Júlio Pomar, temos de decifrar o título
que, à primeira vista, nos parece bizarro.
Comecemos, pois, por associar o título à imagem. Fernando Pessoa, imediatamente reconhecível à
esquerda, na sua gabardina cinzenta (como em tantas fotografias que dele chegaram até nós), caminha
ensimesmado, mas deita um olhar de alguma surpresa àquele com quem se cruza: um burro, de olhar
assustado, aflito, fantasmático, que carrega um caixão com um cadáver.
Regressando ao título, sabemos que o morto é D. Sebastião. Afinal, o Encoberto não regressa montado
num cavalo branco, mas num pobre e assustado burro «ajaezado à andaluza». Para compreendermos este
detalhe devemos recorrer ao célebre poema de Mário de Sá-Carneiro, o grande amigo de Pessoa, que
pediu «Que o meu caixão vá sobre um burro / Ajaezado à andaluza». No mesmo poema, Sá-Carneiro diz
«Quando eu morrer batam em latas, / Rompam aos saltos e aos pinotes, / Façam estalar no ar chicotes, /
Chamem palhaços e acrobatas!» que é exatamente o cenário do quadro: atrás do burro, à direita, palhaços
dão saltos e batem em latas. Significa, então, que o pintor estabelece alguma associação entre Sá-Carneiro,
o maior amigo de Pessoa, precocemente morto por suicídio e D. Sebastião. Pela fuga à realidade? Pelo
sonho? Pela megalomania? Pela melancolia? Pela loucura autodestrutiva?
Ou quer o pintor apenas brincar um pouco com os mitos de Pessoa, os mitos dos portugueses? É que,
vendo bem, o funeral que o poeta pediu e a atmosfera que rodeia o cadáver de D. Sebastião é mais
carnavalesca do que trágica, ambiente sublinhado pelas cores festivas e pelo movimento das figuras, onde
contrasta a figura cinzenta e retilínea de Pessoa.
O Sebastianismo reduzido a um carnaval? Ou a ironia trágica que tantas vezes apreciamos? De facto, não
nos adianta esperar por D. Sebastião.

③ Conteúdo: Texto de opinião


Resposta pessoal.

④ Conteúdo: Apreciação crítica de imagem


A imagem faz parte de um conjunto de cartazes através dos quais o regime de Estado Novo tentou criar e
defender uma imagem construída do país, intenção, de resto, assumida como pedagógica, no título «A
Lição de Salazar», completado pelo dístico «Deus, Pátria, Família: a trilogia da Educação Nacional». A cena
é familiar, idílica, todo o ambiente é comovedor: o pai que chega a casa, sorridente depois de um dia de
trabalho, a mulher-dona de casa que o aguarda um pouco curvada, obediente, os filhos cheios de vigor e
alegria, vestindo o rapaz a farda da Mocidade Portuguesa. O ambiente é idílico, mas é falso. A verdade é
que, no país rural de Salazar, as famílias dos camponeses viviam uma vida de miséria e as crianças, rotas e

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descalças, tinham muitas vezes de pedir um pedaço de pão, de porta em porta.

⑤ Conteúdo: Apreciação crítica de imagem


Resposta pessoal.

⑥ Conteúdo: Apreciação crítica de imagem


Resposta pessoal.

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