Livro Unico
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Morfofuncionais do
Aparelho Locomotor
- Membros Inferiores e
Coluna Vertebral
Ciências Morfofuncionais
do Aparelho Locomotor
- Membros Inferiores e
Coluna Vertebral
Presidente
Rodrigo Galindo
Conselho Acadêmico
Ana Lucia Jankovic Barduchi
Camila Cardoso Rotella
Danielly Nunes Andrade Noé
Grasiele Aparecida Lourenço
Isabel Cristina Chagas Barbin
Lidiane Cristina Vivaldini Olo
Thatiane Cristina dos Santos de Carvalho Ribeiro
Revisão Técnica
Roberta de Melo Roiz
Editorial
Camila Cardoso Rotella (Diretora)
Lidiane Cristina Vivaldini Olo (Gerente)
Elmir Carvalho da Silva (Coordenador)
Letícia Bento Pieroni (Coordenadora)
Renata Jéssica Galdino (Coordenadora)
ISBN 978-85-522-1095-5
CDD 612
Thamiris Mantovani CRB-8/9491
2018
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Sumário
Estudo morfofuncional
da coluna cervical, coluna
torácica e coluna lombar
Convite ao estudo
Você já deve ter ouvido esta frase famosa: “existem dois
tipos de pessoas, as que têm dor na coluna e as que ainda vão
ter”.Pois bem, a dor nas costas e na coluna podem possuir
diversas causas, mas uma que se destaca está relacionada
com o cansaço muscular produzido pelo excesso de carga
e pela má postura observada nas atividades de vida diária das
pessoas. Por isso o conhecimento acerca das estruturas que
formam a coluna vertebral é de fundamental importância
no cotidiano do fisioterapeuta, uma vez que, dada a alta
prevalência de disfunções cinético-funcionais da coluna
vertebral, o profissional necessitará do conhecimento acerca
da análise cinesiológica e biomecânica da coluna.
Pesquise mais
Você sabia que a coluna vertebral pode apresentar alterações
de posicionamento, as quais podem se dar por exacerbação ou
modificação das curvaturas fisiológicas, bem como alteração do
alinhamento vertebral?
Reflita
O peso corporal do indivíduo em pé é transmitido da coluna vertebral
para os quadris e para os membros inferiores, entretanto, a maior parte
da carga continua concentrada anteriormente à coluna vertebral, carga
esta que acaba alinhada pelas curvaturas vertebrais. Por isso que, ao
sofrer uma sobrecarga acentuada, a coluna, para evitar uma inclinação
anterior do tronco, acentua a curvatura lombar, aproximando mais o
peso e o centro de gravidade ao eixo corporal.
Assimile
A coluna vertebral atua como uma haste flexível e resistente, que
permite mobilidade, protege a medula espinal, suporta a cabeça e
serve como ponto de fixação para as costelas, cíngulo dos membros
inferiores e músculos.
Exemplificando
Acidentes automobilísticos são frequentes e possuem como
característica a alta energia cinética gerada pela colisão.É comum jovens
terem como resultado da colisão, a fratura do processo odontóide,
que ocorre pelo movimento de flexão e extensão exagerada. Esse tipo
de fratura geralmente está associada a lesões neurológicas e pode ser
de alta gravidade e até mesmo fatal.
Pesquise mais
No artigo de Teixeira et al. (2017), você encontrará um estudo que
analisa e compara as fusões cervicais como possíveis tratamentos para
fraturas, por meio de um estudo biomecânico da coluna cervical com
patologia.Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/
article/pii/S0213131515000668>. Acesso em: 23 mar. 2018.
Descrição da situação-problema
Juliane, fisioterapeuta famosa pela sua expertise na reabilitação
pós-cirúrgica da coluna vertebral, estava com um caso de
intervenção cirúrgica para correção da escoliose de uma paciente
de 45 anos de idade, bancária e que já havia realizado tratamento
conservador sem o sucesso esperado.
Após a avaliação inicial, Juliane explicou à paciente como se
daria o processo reabilitativo e quais as diretrizes seriam seguidas
para que pudesse ter a sua condição da coluna normalizada. Para
isto, ela pontou de maneira bem específica a necessidade de se
estabelecer novamente as funções da coluna vertebral.
Como Juliane explicou para a paciente as funções e características
da coluna vertebral dentro do processo de reabilitação?
Resolução da situação-problema
A coluna vertebral é formada por vértebras sobrepostas separadas
pelos discos intervertebrais. Essas vértebras são formadas pelos corpos
vertebrais, que sustentam o peso, e pelos arcos vertebrais, que abrigam
e protegem a medula e as raízes dos nervos espinais. A partir do arco
vertebral estendem-se processos que servem de local de fixação e
alavanca para os músculos ou de movimentos diretos entre vértebras.
Todavia, os segmentos possuem particularidades importantes
como a presença dos forames transversários, nas vértebras cervicais,
e das fóveas costais, nas vértebras torácicas. Os discos intervertebrais
devem suportar cargas e fornecer a flexibilidade necessária para o
movimento entre as vértebras, porém, com o passar do tempo eles
tornam-se mais rígidos e mais resistentes à deformação. E, como
a escoliose é caracterizada por uma curvatura lateral anormal
acompanhada por rotação das vértebras, há necessidade de ajustar
o tônus dos músculos que atuam diretamente sobre a coluna,
principalmente a musculatura extensora da coluna, por meio de
técnicas que utilizem fortalecimento muscular, que trabalhem com
a propriocepção e com a correta ativação dos músculos posturais.
Exemplificando
Uma alteração no desenvolvimento embrionário dos arcos vertebrais
pode gerar defeitos no tubo neural, promovendo desenvolvimento
anormal da medula espinal, de modo que os arcos neurais adjacentes
não se unem e essa modificação projeta as meninges para fora. Essa
anomalia é muito comum nas regiões torácica inferior, lombar ou
sacral, com comprometimento nas funções neurais.
Reflita
A função de sustentação da coluna lombar gera maior predisposição
de ocorrência de lesões compressivas nas vértebras e nos discos
intervertebrais, como por exemplo, a laceração ou a ruptura dos
tecidos conectivos do disco intervertebral, a famosa hérnia de disco.
A pergunta que surge é: a musculatura profunda da coluna lombar
poderia auxiliar na proteção dessas estruturas apesar das suas
características morfofuncionais?
Pesquise mais
No artigo de Klíssia Mirelli Cavalcanti Gouveia e Ericson Cavalcante
Gouveia, você encontrará uma revisão de literatura sobre a função
estabilizadora do músculo transverso abdominal na coluna lombar.
Assimile
Cinco vértebras lombares constituem a região lombar do dorso, com
a primeira vértebra lombar (L1) articulando-se com a última vértebra
torácica (T12) e com a última vértebra lombar (L5) articulando-se com
a primeira vértebra sacral (S1). A coluna lombar possui uma curvatura
secundária, denominada lordose lombar. De maneira geral, as vértebras
da coluna lombar sustentam o peso dos demais ossos do esqueleto
axial e dos membros superiores, bem como dos órgãos das cavidades
torácica e abdominal.
Avançando na prática
Fisioterapia na escola
Descrição da situação-problema
A Secretaria Municipal de Saúde observou uma alta demanda
pelos serviços de Fisioterapia gerada pelas crianças com dores
lombares. Frente a este desafio, designou um fisioterapeuta para
atuar na rede escolar everificar a prevalência de desvios posturais,
para assim poder realizar um papel preventivo. Neste contexto, o
fisioterapeuta foi até as escolas e analisou os desvios posturais da
coluna lombar. Quais informações ele utilizou para poder verificar
corretamente a prevalência e os possíveis fatores?
Resolução da situação-problema
A avaliação baseou-se na curvatura fisiológica da coluna
lombar, a lordose, caracterizada como uma curvatura côncava
posteriormente, tendo como modificações mais comuns a
retificação da coluna lombar (diminuição da curvatura fisiológica)
Pesquise mais
No texto de Gisela Rocha de Siqueira e Giselia Alves Pontes da Silva,
intitulado “Alterações posturais da coluna e instabilidade lombar no
indivíduo obeso: uma revisão de literatura”, foi feito um levantamento
bibliográfico sobre alterações posturais da coluna e o diagnóstico e
tratamento da instabilidade segmentar vertebral de indivíduos obesos.
Exemplificando
A velocidade do movimento corporal aumenta drasticamente as forças
de compressão e de cisalhamento sobre a coluna vertebral e eleva a
tensão nos músculos paravertebrais.
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
A execução da prática esportiva tem sido comumente associada
com lesões da coluna e alterações degenerativas deste segmento,
como no levantamento de peso, no futebol, na ginástica. Rodrigo,
atleta de final de semana, todos os sábados reunia-se com seus
amigos para uma partida de voleibol, mas com frequência se
lesionava e sentia sua coluna “travar”. Há alguns dias procurou
Fisioterapia para reduzir a frequência dessas dores na coluna
após as suas partidas de final de semana. Agora reflita, se a prática
esportiva é estimulada por fisioterapeutas do mundo todo, porque
ela é responsável por muitas lesões na coluna? Como a Fisioterapia
pode atuar?
Resolução da situação-problema
O indivíduo que realiza a prática esportiva, seja ela voleibol,
futebol ou handebol predispõe acoluna a uma carga mecânica
considerável, fator de risco para o desenvolvimento de lesões na
coluna e, consequentemente, de dores nesta região, mas não é
correto concluir que o esporte e a atividade física sejam as principais
causas de dor e lesões da coluna, todavia, a carga adicional que
estas atividades impõem sobre as estruturas biológicas da coluna
podem constituir um pré-requisito para o desenvolvimento de uma
cadeia lesional.
O fisioterapeuta do Rodrigo trabalhou a normalização da
força e a flexibilidade dos músculos da coluna e das cinturas
pélvica e escapular. Além disto, trabalhou com educação em
saúde, tendo em vista que o conhecimento da relação de carga
a) I, II e III apenas.
b) I, II e IV apenas.
c) I, III e IV apenas.
d) II, III e IV apenas.
e) I, II, III e IV.
Estudo morfofuncional
do quadril e das
articulações sacroilíacas
Convite ao estudo
As modificações no estilo de vida, oriundas da evolução
tecnológica e alterações nas demandas do mercado de
trabalho, culminaram em uma geração muito exposta ao
sedentarismo e seus efeitos. Estas atividades são capazes de
provocar mudanças nas estruturas corporais e, em algumas
vezes, podem até gerar lesões, sendo algumas muito
prevalentes como a escoliose, a obesidade, as modificações
biomecânicas na execução de atividades rotineiras,
desequilíbrios musculares, dores e inflamações.
Diálogo aberto
Olá, aluno! O tempo todo somos informados pelas mídias que
a prática de atividade física é sinônimo de saúde. Essa máxima está
bem estabelecida na sociedade como um todo e nela observamos
ampla oferta de serviços que nos permitem acessar práticas que
geram resultados positivos para o bem-estar físico, social e mental.
Entretanto, você já pode ter ouvido ou lido que a prática esportiva
tem um risco potencial para o desenvolvimento de lesões, isto se dá
principalmente naqueles esportes que trabalham com rotações ou
com ações explosivas, como a aceleração e desaceleração bruscas.
Este risco potencial atinge índices ainda maiores quando o indivíduo
que pratica alguma atividade física, a faz de maneira inadequada.
Quantas vezes vimos grandes atletas estarem lesionados pela
sobrecarga de partidas ou por terem realizado algum movimento
incorreto, não é mesmo? Você já pensou em quais lesões são as
mais comuns?
Dentre as lesões mais comuns nos praticantes de modalidades
esportivas estão as tendinites e os estiramentos musculares, mas há
grande destaque para a síndrome do impacto femoroacetabular, ou
do quadril, a qual afeta cerca de 10% da população, sendo a grande
maioria composta por atletas.
Como exemplo temos o caso do atleta de tênis Thiago e sua
lesão de síndrome do impacto do quadril.
Durante a partida de tênis, movimentos específicos ocorrem de
maneira repetitiva, como por exemplo, a rotação de tronco apoiada
nas pernas durante a execução do saque, ou durante a execução de
um movimento de forehand (ataque pela direita) ou de backhand
(ataque pela esquerda). Esses movimentos são capazes de lesionar
as estruturas anatômicas articulares do quadril, portanto, o
fisioterapeuta que prestará o atendimento para o Thiago, necessita
Fonte: <https://www.istockphoto.com/br/vetor/esquema-de-anatomia-da-pelve-gm903703718-249238997>.
Acesso em: 10 maio 2018.
Reflita
As cinturas pélvicas masculina e feminina possuem diferenças
estruturais importantes, o que capacita cada uma delas a desenvolver
funções distintas, como no caso da mulheres para a gestação, em que
as cinturas pélvicas modificam o posicionamento articular, tornando
o quadril apto para o momento do parto, pois a pelve feminina tem
formato cilíndrico, com abertura superior mais extensa e arredondada,
com acetábulo pequeno e incisuras isquiáticas maiores, os quais
formam um ângulo de quase 90° e incisuras isquiáticas menores que
se apresentam na forma da letra V invertida (Figura 2.4).
* o reto femoral, juntamente com os músculos vasto medial, vasto lateral e vasto intermédio, formam o músculo
quadríceps. O reto femoral, por ser músculo biarticular, atua na coxa e na perna, porém os outros atuam apenas
na perna e serão vistos na Unidade 3.
Fonte: adaptado de Gilroy (2017, p. 402).
Exemplificando
A gravidez, até o momento do parto, provoca mudanças estruturais
importantes no corpo da mulher, com isto, alguns problemas do
parto estão relacionados à estrutura da pelve da mãe. Por exemplo,
quanto maior a idade da mulher maior a chance do quadril apresentar
deterioração com lesões degenerativas (osteoartrite).
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
Uma senhora, com 90 anos de idade, deu entrada no setor de
emergência do hospital com queixa de não conseguir sustentar
o peso no membro inferior, associado à dor na coxa direita após
episódio de queda. Na inspeção, notou-se que o membro inferior
direito se apresentava em rotação externa. Na radiografia, constatou-
se a fratura do colo do fêmur.
Após realização do procedimento cirúrgico, foi encaminhada
para a Fisioterapia para iniciar o atendimento pós-operatório.
Resolução da situação-problema
O fisioterapeuta deve focar no fêmur e em seus acidentes ósseos,
entendendo a sua morfologia e sua dinâmica articular, para que
neste primeiro momento sejam preservadas as estruturas que foram
modificadas no procedimento cirúrgico, para que seja garantido o
início mais precoce da mobilidade e da função articular nos três
planos de movimentos (flexão, extensão, abdução, adução, rotação
interna ou medial, rotação externa ou lateral).
Além disto, conhecer a fundo as ações musculares para o
trabalho isométrico dos músculos flexores, extensores, abdutores,
adutores, rotadores internos e rotadores externos, é muito
importante a fim de evitar ou minimizar a atrofia proveniente desse
tipo de lesão e procedimento.
Por fim, é preciso garantir que o posicionamento articular seja
adequado tanto do ponto de vista funcional quanto do ponto de
vista vascular, evitando complicações comuns como a presença de
edema na região.
a) 1-1-2-2.
b) 2-2-1-1.
c) 1-2-2-1.
d) 1-2-1-2.
e) 2-1-2-1.
I – Músculo piriforme.
II – Músculo gêmeo superior.
III – Músculo glúteo máximo.
IV – Músculo reto femoral.
Assimile
O cíngulo do membro inferior é formado pelo sacro e por dois ossos
do quadril, tendo como funções a sustentação e transferência de peso.
Determina-se que o cíngulo está em posição anatômica quando a
espinha ilíaca anterossuperior direita e esquerda e a face anterior da
sínfise púbica situam-se no mesmo plano vertical.
Reflita
Outros músculos (o eretor da espinha, o reto abdominal e os
oblíquos interno e externo, transverso do abdome, elevador do ânus,
diafragma, grande dorsal, bíceps femoral, adutores do quadril e fáscia
toracodorsal) também atuam de maneira indireta sobre a articulação
sacroilíaca pelos movimentos que geram no tronco, como a flexão e
extensão do tronco e que, assim como os multífidos, que se ligam à
lâmina profunda da fáscia toracodorsal e passam sobre os ligamentos
sacroilíacos para se unirem ao ligamento sacrotuberal, auxiliando na
estabilidade pélvica e lombar.
Exemplificando
Ao passar de decúbito dorsal para posição ortostática observamos
o sacro na posição de nutação, a qual aumenta durante os estágios
iniciais da flexão do tronco para frente.
Avançando na prática
Luxação Sacroilíaca
Descrição da situação-problema
Joaquim sofreu um trauma na cintura pélvica, na região
lombossacral, o que acabou culminando com a luxação da
articulação sacroilíaca. Após dar entrada no hospital, foi realizada
fixação com barras de titânio e parafusos pediculares, para fixação
da fratura e estabilização da articulação.
Após alta hospitalar, Joaquim deu entrada na clínica de fisioterapia
do ambulatório municipal. Na avaliação fisioterapêutica, a equipe
discutiu a necessidade de avaliar as características morfofuncionais
e se elas estavam presentes. Quais características devem ser
priorizadas neste tipo de avaliação? Este questionamento foi a base
da discussão da equipe.
Resolução da situação-problema
As luxações da articulação sacroilíaca são raras e graves,
geralmente associada a traumas de alta energia, por isso há
necessidade de tratamento cirúrgico para as fraturas instáveis
da pelve, com vistas a garantir reabilitação precoce e retorno às
atividades de vida diárias.
A fixação busca aumentar a interface entre as faces auriculares
do sacro e do ilíaco, todavia, a pouca cobertura muscular deixa
proeminente o material do implante. É importante verificar se a
estabilidade vertical está preservada, ou seja, se não há deslocamento
a) A-A-B.
b) A-B-A.
c) B-A-A.
d) B-B-A.
e) B-A-B.
Pesquise mais
Recomendo a leitura do artigo de Renata Noce Kirkwood e
colaboradores que aborda a análise biomecânica das articulações do
quadril e do joelho durante a marcha em idosos.
Assimile
O membro inferior sofre grandes forças pelos contatos repetidos entre
o pé e o solo, enquanto tem que sustentar a massa do tronco e dos
membros superiores. Como a conexão entre o tronco e os membros
inferiores se dá pelo cíngulo do membro inferior, este segmento
deve ser sempre considerado ao se analisar os movimentos e as
contribuições musculares nos movimentos dos membros inferiores.
Ou seja, o movimento em qualquer parte do membro inferior, pelve ou
tronco, influencia cada aspecto do membro inferior.
Exemplificando
O uso de muleta ou bengala auxiliam a distribuição de carga sobre os
membros durante o ciclo de marcha, aliviando a carga sobre o quadril
lesionado, mas aumentando o estresse sobre o quadril oposto.
Exemplificando
A função de sustentação do peso corporal ocorre na junção
lombossacral (L5-S1), dividida de cada lado nas articulações sacroilíacas,
na direção do acetábulo e da articulação coxofemoral, sendo assim
transmitida para os membros inferiores (Figura 2.21). Esta função tende
o sacro a se deslocar para frente no movimento de nutação, limitado
pela tensão dos ligamentos sacrais. Com isto, os ilíacos tendem a
projetar-se para trás no movimento de retroversão da pelve, limitado
pela tensão dos ligamentos anteriores do quadril.
Reflita
As principais forças que atuam durante a posição estática sobre o
quadril são:
Reflita
As disfunções da articulação sacroilíaca aparecem como fonte de dor
e disfunção da coluna lombar em até 40% dos casos. As disfunções
desta articulação são caracterizadas por um aumento ou redução
do movimento, ou pela presença de algum desvio do movimento,
pois quando a articulação fica impedida de realizar seus movimentos
normais, um ciclo vicioso de disfunção se inicia, e como consequência
temos hipomobilidade, dor e espasmo muscular. Isto ocorre pela
interdependência das articulações pélvicas e que a presença de lesão
em qualquer uma delas irá resultar em tensões anormais da coluna,
embora a articulação sacroilíaca seja uma fonte primária de dor, tendo
em vista a inflamação da articulação.
Marcha claudicante
Descrição da situação-problema
A clínica-escola de Fisioterapia da faculdade recebeu o caso
do Sr. Joaquim, idoso aposentado, que procurou os serviços de
Fisioterapia reclamando de dores na coluna e no quadril. Durante
a avaliação foi encontrada modificação da marcha, caracterizada
pelo deslocamento do tronco lateralmente para a esquerda
toda vez que a carga era aplicada no membro inferior esquerdo.
Também foi apresentada queda da pelve em direção ao quadril
esquerdo, por fraqueza da musculatura abdutora do quadril,
conhecido como sinal de Tredelenburg. A equipe de Fisioterapia,
ao realizar a devolutiva da avaliação, precisava explicar os possíveis
efeitos que esta modificação biomecânica pode provocar.
Vamos auxiliar os estagiários nesta demanda?
Resolução da situação-problema
A estabilidade da cintura pélvica durante a marcha é fornecida
pelas estruturas passivas (cápsula articular, lábio acetabular e
ligamentos) com auxílio de estruturas ativas. Este deslocamento
lateral é estabilizado ativamente pelo músculo glúteo médio.
A realização da marcha com este padrão pode provocar lesões
degenerativas dos tecidos moles e ósseos, além de adaptações de
segmentos acima (coluna vertebral) e abaixo (joelho, tornozelo e
pé), como por exemplo, a escoliose (desvio lateral da coluna) e a
osteoartrite (doença articular degenerativa, que, neste caso, pode
afetar tanto a articulação do quadril como a sacroilíaca, tendo em
vista as mudanças biomecânicas) devido à distribuição assimétrica
do peso corporal.
Estudo morfofuncional
do joelho, tornozelo e pé
Convite ao estudo
O alto índice de acidentes de trânsito, com suas
consequências em setores cruciais da sociedade como o da
saúde e o da economia, fez com que fosse instituído o “maio
amarelo”, uma campanha internacional de mobilização civil e
de agentes públicos.
O Brasil tem números alarmantes neste âmbito, com
38.561 mortes provocadas por acidentes automobilísticos só
no ano de 2015, sendo, assim, o quinto país com mais mortes
em todo o mundo.
Apresentaremos nesta unidade de ensino o caso do sr.
Dorival, que sofreu um acidente de carro, ao viajar com a sua
família para o litoral, onde iam passar as festas de fim de ano.
Durante a viagem, uma forte chuva ocorreu no trecho da
estrada por que ele passava com a sua família e o carro veio a
aquaplanar e chocar-se contra um barranco.
Infelizmente, Dorival teve múltiplas fraturas neste acidente,
as quais acometeram os ossos da perna e, consequentemente,
as articulações do joelho, tornozelo e pé. Após os primeiros
socorros serem realizados, Dorival foi encaminhado para um
hospital de referência da região, para que ele fosse submetido
a procedimentos cirúrgicos de fixação óssea.
Após os procedimentos fisioterapêuticos iniciais,
realizados na hospitalização do pós-operatório, o tratamento
fisioterapêutico ambulatorial iniciou-se em uma clínica da
cidade. Durante a avaliação, o fisioterapeuta solicitou as
radiografias realizadas antes e após o procedimento cirúrgico
para que ele pudesse analisar quais estruturas foram afetadas
e, com isso, complementar sua avaliação clínica.
Para que o fisioterapeuta pudesse tirar conclusões corretas
sobre quais estruturas foram afetadas, ele deveria possuir
conhecimento acurado sobre a morfologia dos segmentos
afetados e saber quais os procedimentos deveriam e poderiam
ser realizados.
Seção 3.1
Joelho: articulações e músculos
Diálogo aberto
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram o
problema epidemiológico atrelado aos acidentes automobilísticos
no mundo, sendo que o Brasil possui papel de destaque negativo
ao estar na quarta colocação em número de mortes nas Américas e
por apresentar cerca de 400 mil pessoas com algum tipo de sequela
todo ano. O custo desta epidemia é elevado para a sociedade
brasileira: aproximadamente 56 bilhões de reais, dinheiro que
poderia ser aplicado em setores estratégicos da sociedade como
educação e saúde.
Neste cenário, temos o caso do Dorival, que viajava com sua
família, quando, durante o percurso para o litoral, enfrentou chuva
torrencial, o que fez seu carro aquaplanar e chocar-se em um
barranco. Ao ser socorrido, foram constatadas múltiplas fraturas
nos ossos da perna, as quais comprometeram as articulações do
joelho, tornozelo e pé. Dorival foi encaminhado para o hospital
de referência da região, a fim de que fosse realizada cirurgia para
fixação óssea.
Iniciou a fisioterapia já no hospital, no pós-operatório, e,
imediatamente após alta hospitalar, foi encaminhado para
atendimento em clínica. Durante a avaliação, o fisioterapeuta
solicitou as radiografias realizadas antes e após o procedimento
cirúrgico para que pudesse analisar quais estruturas foram afetadas
e, com isso, complementar sua avaliação clínica.
O fisioterapeuta iniciou a avaliação dos exames de imagem que
focam na articulação do joelho, sempre confrontando-os com a
morfologia do segmento. Essa análise envolvia uma série de reflexões
como a análise das estruturas musculoesqueléticas que compõem a
articulação do joelho, a análise do padrão de movimentos do joelho
e como essas informações serão utilizadas para a avaliação clínica
e elaboração do programa de tratamento. Quais características
morfofuncionais devem ser consideradas nesta análise?
Pesquise mais
Recomendo a leitura do artigo de Victor Marques de Oliveira e
colaboradores sobre a relação entre a espessura do ligamento cruzado
anterior, os dados antropométricos e as medidas anatômicas do joelho.
OLIVEIRA, V. M. et al. Estudo da relação entre a espessura do ligamento
cruzado anterior, os dados antropométricos e as medidas anatômicas
Assimile
A articulação do joelho é formada pela relação do fêmur com a
tíbia e com a patela, sendo que as duas articulações estão contidas
em uma cápsula articular comum e suas cavidades articulares
comunicam-se. A fíbula não faz parte da articulação do joelho.
Cada articulação possui ligamentos colaterais tibial e fibular,
tensionados na posição de extensão da perna, estabilizando a
articulação no plano frontal. Os ligamentos cruzados mantêm as
faces articulares do fêmur e da tíbia em contato e estabilizam a
articulação no plano sagital. Os músculos anteriores e posteriores
da coxa podem ser classificados como extensores e flexores do
joelho, respectivamente.
Reflita
Na Fisioterapia fazemos uso de muitos exercícios para o fortalecimento
de músculos que cruzam a articulação do joelho, os quais podem
ser realizados em cadeia cinética aberta (segmento distal livre) ou
em cadeia cinética fechada (segmento distal fixo e com suporte
considerável de resistência externa). A escolha é realizada a depender
da necessidade do paciente/cliente, por isto é importante refletir sobre
os objetivos traçados no momento da avaliação.
Exemplificando
A avaliação postural pode ser feita por um método denominado
fotogrametria computadorizada. Na articulação do joelho é comum a
avaliação da flexão e extensão do joelho e do ângulo Q.
Avançando na prática
Aplicação dos conhecimentos morfofuncionais do joelho na
fisioterapia aquática para idosos
Descrição da situação-problema
Um grupo de idosos frequentava uma clínica de fisioterapia que
possuía serviço especializado de atendimento no ambiente aquático,
pois visava atuar sobre as alterações fisiológicas do envelhecimento
Resolução da situação-problema
Quando o idoso apresenta capacidade funcional inadequada,
passa a ter dificuldades muitas vezes relacionadas ao enfraquecimento
na musculatura dos membros inferiores. Atenção deve ser dada
para a musculatura flexora e extensora do joelho, uma vez que o
declínio da força desses grupos musculares reduz a capacidade de
proteção da articulação. Além disto, a elasticidade e a estabilidade
dos músculos, tendões e ligamentos se deterioram, impactando na
estabilidade, força e mobilidade do segmento.
Fonte: ENADE (2013, p. 11). Disponível em: <https://bit.ly/2v176us>. Acesso em: 24 maio 2018.
I – Côndilos femorais.
II – Côndilos tibiais.
III – Tálus.
IV – Colo do fêmur.
Pesquise mais
Você também pode ver os movimentos do tornozelo e do pé nos
vídeos linkados abaixo:
Assimile
O tornozelo e o pé desempenham dupla função, recebendo o
peso corporal e permitindo mobilidade, o que requer resistência e
flexibilidade das suas diversas estruturas (ossos, articulações, ligamentos
e músculos). Estas articulações devem aliar plasticidade e potência para
executar funções essenciais como a caminhada e a corrida.
Flexor longo Face posterior da Falange distal Flexão das Nervo tibial (SI
dos dedos. tíbia. dos dedos II, III, falanges. – SIII).
IV e V. Flexão plantar,
supinação e
adução do pé.
Sóleo Face posterior da Face posterior Flexão plantar Nervo tibial (LV
tíbia e da fíbula. do calcâneo. com tendência – SII).
à inversão.
Gastrocnêmio Parte distal do Face posterior Flexão plantar Nervo tibial (SI
fêmur. do calcâneo. com tendência – SII).
à inversão.
Flexão do joelho.
Exemplificando
Ao assumir a posição ortostática, o peso corporal é distribuído por igual
entre calcâneo e as extremidades distais dos metatarsos, entretanto, na
flexão dorsal do pé, todo o peso corporal é transmitido para o calcâneo
e, na flexão plantar, o peso é transmitido para os metatarsos e falanges.
Avançando na prática
Fratura do Tarso
Descrição da situação-problema
Kaká, com 17 anos de idade, atleta de futebol profissional,
apresenta-se ao serviço médico de seu clube com tumefação e dor
intensa no tarso. Ele relata que durante o treino pulou para cabecear
e aterrissou no pé do zagueiro adversário, “torcendo” o tornozelo.
Resolução da situação-problema
A maioria das lesões ocorrem com o pé na flexão plantar, posição
menos estável do tarso. Enquanto que a inversão e a eversão forçada
exercem estresse nos ligamentos da articulação talocrural e podem
provocar fraturas nos maléolos e no tálus.
Como as entorses representam cerca de 40% das lesões
esportivas, e, ao retornar do salto, o tornozelo está em flexão plantar
para permitir contato inicial com o antepé, posição mais instável,
a lesão nas estruturas articulares torna-se iminente. Normalmente
o estresse na flexão plantar provoca inversão do pé e aumenta o
estresse nos ligamentos laterais do tarso. Além disto, é importante
verificar a integridade dos músculos flexores plantares (músculos
fibular curto, fibular longo, flexor longo dos dedos, tibial posterior,
sóleo e gastrocnêmio).
Ainda, fraturas unimaleolares representam cerca de 70%
das fraturas do tarso e a maioria delas no maléolo lateral, o que
diminui a estabilidade do tálus e a inversão forçada pode provocar
o deslocamento do tálus medialmente e, consequentemente, a
fratura do maléolo medial.
a) Ligamento tibiocalcaneo.
b) Ligamento tibionavicular.
c) Ligamento tibiotalar posterior.
d) Ligamento calcaneofibular.
e) Ligamento tibiotalar anterior.
a) 1A-2B-3C.
b) 1B-2C-3A.
c) 1C-2A-3B.
d) 1C-2B-3A.
e) 1B-2A-3C.
Assimile
O joelho é a maior e mais complexa articulação do corpo, sendo,
basicamente, uma articulação de dobradiça, sempre sujeita a estresse
considerável e distensão, isso devido às funções de sustentação
de peso e de locomoção que executa, o que ocorre graças a um
compartimento muscular fortíssimo, aliado a uma estrutura ligamentar
extremamente resistente.
Assimile
O tornozelo e o pé formam um complexo articular com muitos
ossos e ligamentos que evidenciam sua complexidade, cujas funções
basicamente passam pela sustentação de peso e propulsão, dependentes
do funcionamento e desenvolvimento adequado de seus músculos.
Pesquise mais
Recomendo, nesta seção, a leitura do artigo de Gustavo Leporace e
colaboradores, o qual aborda o sinergismo do joelho durante a marcha
um ano após a reconstrução do ligamento cruzado anterior.
Descrição da situação-problema
Um grupo de alunos iniciou um projeto de extensão com
bailarinos de um projeto social, com objetivo de contribuir com a
performance e a prevenção de lesões. Para isso, o foco do projeto
de extensão foi trabalhar com os principais fatores biomecânicos
relacionados à postura em praticantes de ballet clássico.
A primeira atividade foi focada na biomecânica do joelho, tornozelo
e pé. Vamos auxiliar o grupo de alunos com as informações necessárias?
Resolução da situação-problema
Os desalinhamentos mais comuns no ballet clássico são a
hiperlordose lombar, em virtude da anteversão pélvica e do deslocamento
posterior do centro de gravidade, bem como a hiperextensão dos
joelhos, decorrente da posição de ponta. Além disto, apresentam
deslocamento anteroposterior em fase de oscilação do tornozelo e do
joelho, relacionado a treinos intensos e prolongados. Existem também
tendências de apresentar tornozelos valgos e pronados.
Por outro lado, o ballet desenvolve controle de estabilidade
postural por uma distribuição de controle específico, principalmente
na articulação do tornozelo por meio de um melhor controle
neuromuscular e sensibilidade proprioceptiva.
Em resumo, o grande esforço muscular pelas diferentes ações
musculares e diferentes forças atuantes podem indicar sobrecarga
mecânica no aparelho locomotor e interferir de forma direta sobre
a estrutura e função do joelho, tornozelo e pé.
Estudo da análise da
marcha humana
Convite ao estudo
O ato de caminhar, tão comum nas atividades executadas
no dia a dia, muitas vezes tem sua execução acontecendo de
forma automática e sem atenção; por isso, diversas condições
podem impactar os gestos que geram o ato de deambular e
podem ocasionar diversos problemas para a sociedade.
Exemplificando
Édson Arantes do Nascimento, ex-jogador de futebol, machucou seu
tornozelo e ficou incapaz de andar sobre ele. A entorse de segundo
grau foi tratada de maneira conservadora (gesso por duas semanas e,
posteriormente tala por quatro semanas). Ao retirar a imobilização não era
capaz de caminhar normalmente e sua marcha apresentava deficiências
na amplitude de movimento e força, por isso fazia uso de dispositivo
auxiliar até que pudesse caminhar normalmente. O seu tratamento
fisioterapêutico estava, portanto, nesta fase focado em treinar a marcha
para que pudesse realizar novamente todas as fases adequadamente.
Assimile
As fases de apoio e balanço compõem as duas fases do ciclo da
marcha. A fase de apoio pode ser dividida em cinco períodos:
3. Apoio médio.
2. Balanço médio.
Pesquise mais
Indico a leitura do artigo de Elaine Cristina Lopes Guimarães e
colaboradores, no periódico Fisioterapia em Movimento, o qual trata da
repetibilidade das variáveis espaço-temporais da marcha em indivíduos
saudáveis. Neste artigo eles analisaram as variáveis comprimento do
ciclo, comprimento do passo, velocidade da marcha e cadência por
meio de recursos tecnológicos.
Avançando na prática
Amputação de membro inferior
Descrição da situação-problema
Um paciente com amputação no membro inferior foi
detectado pela equipe de busca ativa da Unidade Básica de Saúde
e encaminhado para avaliação fisioterapêutica da unidade por
apresentar dificuldades para se locomover.
A equipe de saúde se reuniu e traçou os pontos estratégicos
das ações que seriam realizadas com este paciente. A fisioterapia
determinou que trabalharia com uma avaliação diagnóstica e
também com educação em saúde.
A avaliação fisioterapêutica, dentre todos os sinais e condições
que foram analisadas, verificou também como o paciente realizava
a marcha. Para determinar as deficiências deste paciente na marcha,
o fisioterapeuta deveria utilizar como parâmetro quais elementos?
Resolução da situação-problema
O fisioterapeuta deve considerar a marcha humana como uma
sequência repetitiva de movimentos dos membros inferiores, a
qual mobiliza o corpo para a frente e mantém a estabilidade no
apoio contra o solo, ou seja, um membro inferior atua como um
suporte móvel enquanto o outro avança no ar, isso ocorre de forma
repetitiva e cíclica.
O ciclo da marcha, composto pela sequência simples do apoio
e avanço de um único membro, é compreendido entre o primeiro
contato do pé com o solo até o próximo contato desse mesmo pé
com o solo, passando pelas fases de apoio e balanço.
Por isso, o fisioterapeuta deve almejar neste paciente:
→ Estabilidade na fase de apoio.
→ Liberação do pé na fase de balanço.
a) Fase de apoio.
b) Fase de balanço.
c) Fase oscilante.
d) Fase de Tredelenburg.
e) Fase de equilíbrio.
Pesquise mais
Nesta seção, recomendo a leitura do artigo de Richard Wagner Züge
e Elisangela Ferretti Manffra que trata dos efeitos de uma intervenção
cinesioterapêutica e eletroterapêutica na cinemática da marcha de
indivíduos hemiparéticos e que apresenta as alterações encontradas
no padrão da marcha.
Reflita
Para cada uma das variáveis estudadas nesta seção, padrões normais
de referência têm sido aceitos e utilizados tanto na prática clínica
como na realização de pesquisas. Todavia, esses padrões apresentam
diferenças observadas em indivíduos considerados normais, sendo
os mais comuns a evolução da marcha em relação à velocidade da
caminhada, o que permite refletir sobre a ausência de um padrão
universalmente válido.
Assimile
Se pensarmos em estabelecer um racional mais sintetizado, podemos
ter outra forma de analisar a marcha, agrupando os segmentos. Como
o toque do calcanhar sinalizando na fase de apoio: o tornozelo em
posição neutra, inicia a flexão do joelho; o quadril em leve flexão de
cerca de 25°; em seguida chega ao apoio completo do pé à 15° de
flexão plantar do tornozelo, 20° de flexão do joelho e o quadril vai
para extensão; passando, para o apoio médio com leve dorsiflexão do
tornozelo, joelho e quadril em extensão que ficam quase paralelos ao
Avançando na prática
Avaliação cinemática da marcha de jovens atletas de futebol
Descrição da situação-problema
Joaquim, fisioterapeuta recém-formado, foi contratado por uma
escolinha de futebol que trabalha com crianças e adolescentes com
objetivo de formar atletas para a equipe profissional.
Como estava no início da temporada, Joaquim pôde participar da
bateria de testes e exames que os jovens atletas executavam. Entre
os testes estava a avaliação da marcha, cujo objetivo era identificar
os padrões da marcha de crianças e adolescentes saudáveis,
considerando a idade, o índice de massa corporal e a dominância.
Resolução da situação-problema
Os padrões angulares da marcha modificam-se de acordo com
a idade das crianças e dos adolescentes, índice de massa corporal
e dominância pedal. No tocante à angulação dos movimentos,
destaca-se o fato do quadril do membro inferior dominante
apresentar maior amplitude de movimento, tanto na fase de apoio
(apoio médio) quanto na fase de balanço (balanço final). O índice
de massa corporal apresenta maior angulação em indivíduos com
sobrepeso na fase de balanço inicial.
Assimile
De maneira resumida podemos determinar que a atividade muscular
no ciclo da marcha é realizada na (vide Figura 4.8):
Exemplificando
O conhecimento acerca dos aspectos cinéticos da marcha humana
possibilitam o desenvolvimento de programas terapêuticos focados na
melhora funcional dos indivíduos, como no tratamento de portadores
da doença de Parkinson, cujo risco de quedas é acentuado, e como
naqueles com esclerose múltipla, por exemplo.
Reflita
E por que as cargas aumentam com o peso corporal e a velocidade da
marcha? Isto ocorre pela terceira lei de Newton, uma vez que a força
de reação vertical do solo aplicada sobre o pé é seguida por um pico
de impacto inicial e por um pico propulsivo.
Reflita
Os parâmetros cinéticos da marcha se modificam conforme seu
padrão se altera, o que é comum quando verificamos entre pessoas
obesas e eutróficas, entre o ato de caminhar carregando um peso
Pesquise mais
Para fecharmos bem a nossa unidade, recomendo a leitura do artigo
de Ana Maria Forti Barela e Marcos Duarte, que trata da utilização
de plataforma de força para aquisição de dados cinéticos durante a
marcha humana.
Descrição da situação-problema
Yoshi, atleta de final de semana, sofreu uma lesão após uma
prática esportiva que acarretou na lesão do ligamento cruzado
anterior. Dessa forma, foi submetido à reconstrução do ligamento
cruzado e, durante o processo reabilitativo, apresentou problemas
relacionados à marcha.
Seu fisioterapeuta foi buscar na literatura quais eram as evidências
acerca das modificações dos padrões cinéticos da marcha em
indivíduos que fizeram reconstrução do ligamento cruzado anterior.
Após suas buscas, discutiu com um colega os principais achados.
Vamos auxiliar nesta discussão? Quais parâmetros cinéticos
podem influenciar na alteração do padrão da marcha em indivíduos
que fizeram a reconstrução do ligamento cruzado anterior?
Resolução da situação-problema
A lesão do ligamento cruzado anterior produz assimetrias nas
estruturas musculoesqueléticas que promovem modificações nos
padrões cinéticos, mesmo após a reconstrução, esse desequilíbrio
continua evidente.
Neste contexto é importante frisar que os indivíduos possuem
tendência natural de gerar forças maiores no lado dominante,
principalmente, para velocidades superiores ou para velocidades
muito lentas, como uma forma de “proteger” o membro lesionado.
Esses desequilíbrios afetam as ações musculares tanto na fase
de balanço como na fase de apoio e acabam por afetar também as
forças de reação do solo, fatos que modificam as cargas impostas às
articulações do quadril, tibiofemoral e patelofemoral, principalmente.